Tópicos | carnaval 2021

Em 23 de novembro, três dias antes de a Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciar uma nova variante do coronavírus ao planeta — a ômicron —, o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) apresentou requerimento para discutir a viabilidade da realização de eventos como o Carnaval de 2022. Na abertura da sessão de debate temático solicitada por Nelsinho, promovida nesta quinta-feira (9), ele ressaltou que a sua preocupação, quando apresentou o requerimento, está ainda mais evidente agora. Tanto ele quanto outros participantes do debate alertaram para os riscos desses eventos para o controle da pandemia. 

O senador reconheceu que eventos como réveillon e Carnaval ajudam a alavancar a economia do país e disse que não pretende frustrar a programação de nenhum lugar. Ele apresentou dados positivos sobre a vacinação e a queda no número de mortes por covid-19, mas observou que há questionamentos sobre a segurança de festas com aglomerações, o que poderia colocar em risco o controle da pandemia obtido até agora. Na visão do parlamentar, o Senado não poderia deixar de discutir o assunto, devido à urgência e à importância da situação.   

##RECOMENDA##

"Não estou aqui para colocar água no chope de ninguém, de cidade nenhuma que tem, no Carnaval, o principal mecanismo para impulsionar o turismo. Mas estou aqui com uma responsabilidade sobre os ombros, de passar para a sociedade brasileira o que significa uma situação dessa natureza. Amanhã ou depois, ninguém vai poder falar que a gente se omitiu, ou seja, é uma situação que carece realmente de um debate".   

Incertezas

O pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Hermano Castro ponderou que descuidos referentes ao réveillon podem comprometer o controle sobre o vírus obtido pelo Brasil por meio da vacinação. Ele mencionou a incerteza referente à realização de um Carnaval seguro, especialmente pelo número de turistas que o evento atrai, de todas as partes do mundo. Castro citou o aumento do número de infectados pela variante ômicron e ressaltou que os estudos a respeito dos impactos dessa variante sobre pessoas já imunizadas ainda podem demorar semanas para mostrar seus resultados.   

"A gente está entre 100 e 200 casos de mortes diárias, o que ainda é um número significativo, a meu ver. Estamos reduzindo e melhorando muito, vários estados e municípios já com zero mortes e poucos casos, e isso é importante. Essa entrada da nova variante no mundo tem a ver com a desigualdade da distribuição de vacinas no planeta. Então, como a gente vai tratar de eventos que atraem turistas do mundo inteiro? É um risco para todos", alertou. 

 Risco de descontrole

Secretário de Saúde do Espírito Santo e vice-presidente da Região Sudeste do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Nésio Fernandes de Medeiros Junior avaliou que, sem a aplicação das duas doses da vacina contra a covid-19 (ou da dose única, quando for o caso) em toda a população e sem a realização da testagem em massa, todas as pessoas ficam expostas a uma situação de alto risco. Para Nésio, essa realidade, aliada à promoção de grandes eventos, pode provocar descontrole da pandemia. Além disso, ele afirmou que o problema não está relacionado apenas ao Carnaval, mas a todas as aglomerações geradas em eventos durante todo o ciclo do verão que se aproxima. Ele elogiou o Senado por discutir o tema e defendeu que os parlamentares elaborem uma legislação robusta sobre o assunto. 

Ao tratar dos possíveis riscos da ômicron, Nésio disse que talvez seja necessário "repensar e atualizar a estratégia de enfrentamento" da pandemia.  — Será necessário reposicionar medidas de distanciamento social mais amplas e restritivas, associadas às vacinas. O Brasil vive um contexto de risco, em que o esforço institucional do Sistema Único de Saúde [SUS], em todos os seus comandos federais, estaduais e municipais, precisa focar na adoção imediata do passaporte vacinal, tanto para entrar no país quanto em restaurantes, bares, hotéis e transporte coletivo — declarou ele. 

 Controle da entrada

O governador do Piauí e presidente do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste, Wellington Dias, disse que tem defendido a necessidade de se seguir as recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e de todos os comitês científicos, de modo a garantir um controle da entrada do vírus a partir das fronteiras brasileiras, em aeroportos, portos e rodovias. Wellington defendeu a observância de medidas como a apresentação do comprovante da vacina e a exigência de testagem prévia para a participação de pessoas em grandes eventos.   

"A gente tem eventos já realizados, eventos-teste, que demonstraram que, seguindo as regras, não houve problema maior de transmissibilidade, nem depois. Há cobrança do passaporte da vacina como um requisito, e isso foi um resultado importante. Quanto ao Carnaval, também teremos regras bem mais rígidas. Se tivermos as condições de vacinação, um controle nas entradas de fronteira, principalmente com esse olhar das novas variantes, nós poderemos ter aí um momento novo, de mais flexibilização".   

“Preconceito desproporcional”

Presidente da Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape), Doreni Caramori Júnior defendeu a retomada das atividades. Segundo ele, os indicadores sobre casos, internações e mortes por covid-19 apresentam números positivos que possibilitam a realização das aglomerações. Doreni declarou que eventos como o Carnaval são apenas atividades sociais e não têm influência sobre a variação das condições epidemiológicas. 

 Doreni citou como exemplo o Rodeio de Jaguariúna, realizado nessa cidade do estado de São Paulo entre o fim de novembro e começo de dezembro. Ele disse que o evento tem “proporções infinitamente maiores do que a maioria dos festejos de réveillon e de Carnaval” e não provocou aumento de casos de coronavírus. 

 "Não acho justo uma sessão de debates como esta versar apenas sobre o Carnaval, apenas sobre o setor de eventos. Isso seria um preconceito desproporcional. Precisamos debater a retomada de todas as aglomerações que não conseguem obedecer a protocolos sanitários. Que a gente mantenha a coerência para não penalizar ainda mais um setor que já vem altamente penalizado", protestou.   

Pandemia não acabou

Para o diretor da Sociedade Brasileira de Infectologia, Antonio Bandeira, apesar de o Brasil ter aplicado vacina em 65% da população, e esse número estar crescendo, ainda é preciso refletir sobre os cuidados com a pandemia. Ele afirmou que a crise sanitária ainda não acabou e que aglomerações em massa ainda não podem ser permitidas. O especialista sugeriu, por exemplo, a promoção de eventos carnavalescos menores e segmentados, e pediu que a população tome a vacina contra a covid-19 e continue usando máscaras.   

"A pandemia não acabou, está certo? A gente está vivenciando um momento excelente e tem que aproveitar isso. Usar a criatividade, porque há muita gente criativa no Brasil para pensar o Carnaval. Quem vai sinalizar para a população que [promover] o Carnaval está tudo bem, está liberado total? O que a gente vai esperar, depois, dessa população? Qual é a sinalização que essa população vai ter de nós? Nós somos responsáveis por gerenciar a ciência e os dados da ciência para o bem dessa população".   

Desaceleração da vacina

Segundo Nelsinho Trad, o Brasil vive o melhor momento em quase dois anos de pandemia. No início de dezembro, disse ele, a cobertura vacinal já havia alcançado mais de 135 milhões de pessoas, completamente imunizadas com a segunda dose ou com a dose única da vacina, o que corresponde a mais de 63% da população. O parlamentar observou que esse êxito, aliado a indicadores de diminuição da mortalidade e das internações, sugere a possibilidade de retomada das atividades de caráter social e coletivo, cujas restrições já vêm sendo flexibilizadas em boa parte do país. Mas Nelsinho ponderou que o ritmo de aplicação da primeira dose está em desaceleração no país. E isso compromete a meta de 75% da população com o esquema vacinal completo, “condição estabelecida pelos especialistas para que se possa considerar a pandemia controlada”, advertiu o senador. 

*Da Agência Senado

Os primeiros meses do ano, atravessados sob fortes restrições impostas pela pandemia, que impediu até a realização do Carnaval, foram marcados no setor da Cultura por um intenso debate sobre a realidade atual, com o início da construção de um plano de ações possíveis e necessárias, neste período, a exemplo do Auxílio Municipal Emergencial, o AME – Carnaval do Recife. 

Cumprindo uma programação de encontros com coletivos culturais, sendo nesta primeira etapa boa parte ligada ao ciclo carnavalesco, a Secretaria de Cultura (Secult) e a Fundação de Cultura do Recife fizeram do Chama Cultura um momento de abertura de diálogo com o segmento, realizando mais de 30 reuniões até agora. Como um dos resultados das discussões em andamento, ainda no início de fevereiro, foi lançado o AME Carnaval do Recife - Auxílio Municipal Emergencial, voltado para a cadeia produtiva do ciclo, suspenso neste ano.

##RECOMENDA##

As inscrições foram encerradas na última terça-feira (16), com praticamente 100% das agremiações e mais de 90% das atrações solicitando habilitação. Nos próximos dias, a Prefeitura do Recife publica, no Diário Oficial, a relação dos habilitados aptos ao recebimento do auxílio. O pagamento está programado para ter início ainda neste mês de março. Haverá, como previsto na chamada pública, um período para eventual recurso. Ao todo, cerca de 1.000 agremiações e atrações integram o cadastro da ação, que foi projeto de lei aprovado por unanimidade na Câmara Municipal, transformado em Lei. O investimento da Prefeitura, com apoio da Ambev, é da ordem de R$ 4 milhões.

Enquanto realiza os pagamentos do AME, a Cultura avança na consulta à Procuradoria Geral do Município - PGM  no que diz respeito ao calendário do Sistema de Incentivo à Cultura - SIC. Em função de recomendação expressa dos órgãos fiscalizadores (TCE/MPCO), encaminhada ao conjunto da administração municipal, com restrição ao pagamento de eventos, atividades festivas, entre outras do gênero, por conta da pandemia, o que atinge fortemente o conjunto de projetos aprovados, em outubro do ano passado, no edital 2019/2020 da prefeitura, a PGM emitiu parecer condicionando a efetivação de um cronograma à consulta que está realizando junto ao TCE.

 Isso tem reflexo também no edital 2020/2021, cujas inscrições foram encerradas em janeiro deste ano. Assim, a Secult, que monitora diariamente este tema, está orientando todos os proponentes a manterem seus projetos no aguardo deste indicativo, sobre o procedimento que assegure garantias jurídicas para as partes: a administração municipal e os produtores culturais. 

Neste período, estão sendo pactuadas medidas internas, como a inclusão dos projetos do Mecenato do SIC na Plataforma Quero Impactar, ampliando suas perspectivas de futura captação junto à iniciativa privada. Também se trabalha com a Secretaria Municipal de Finanças os detalhes da habilitação formal destes projetos. Durante o Chama Cultura, a secretaria recebeu sugestões para o próprio edital do SIC, com vistas a eventuais ajustes e aperfeiçoamentos, para a edição 2021/2022, o que se encontra em fase de análise pela Gerência do Sistema, criada neste ano.

A Secretaria de Cultura também vem adotando as primeiras providências para realização da eleição do Conselho Municipal de Política Cultural - CMPC, que deve ser renovado, após a suspensão temporária deste processo em 2020, já em função da pandemia. Considerando o estado de calamidade vigente (prorrogado até setembro), pelas mesmas razões, o que já impactou no calendário antes programado do SIC, estão sendo avaliadas alternativas legais para que se possa avançar, uma vez que, entre todas as fundamentais atribuições do CMPC, uma delas está diretamente relacionada às ações do SIC, na validação de projetos inscritos.

Uma vez definido o formato possível para pagamentos dos projetos já aprovados no SIC, um calendário foi pactuado com o Núcleo de Gestão, na programação financeira da prefeitura, para que o primeiro edital (2019/2020) seja quitado em até 90 dias, após o início do cronograma, entrando-se em sequência no edital 2020/2021, assim que esteja concluída a análise de projetos, considerando para isso a decisão da Procuradoria Municipal, que permita a retomada oficial do processo, nos termos que venham a ser acordados. 

Outra agenda relativa a pagamentos, também pautada por Secult e Fundação de Cultura, refere-se aos cachês pendentes de ciclos culturais já realizados. A negociação junto ao Núcleo de Gestão, mesmo com os impactos financeiros da quarentena, é de que o calendário seja iniciado ainda em março, junto à programação de pagamentos do AME, reforçando no período o apoio à cadeia produtiva da Cultura.

A segunda etapa do Chama Cultura será iniciada logo após o período de quarentena, decretado pelo Governo do Estado. Outra ação programada é um trabalho voltado à revitalização de equipamentos culturais, hoje fechados por força do decreto governamental, buscando preparar os espaços para o momento da retomada gradual, assim que possível, sempre obedecendo aos protocolos firmados pelas autoridades sanitárias. Entre os equipamentos que devem receber os cuidados do MOVE Cultura - Movimento de Valorização dos Equipamentos Culturais, estão a Casa do Carnaval, no Pátio de São Pedro, que voltaria a abrir suas portas ao público com exposição e acervo para pesquisa, e a Escola de Frevo, que completou 25 anos neste mês.

No tocante à Lei Aldir Blanc, outra pauta presente na agenda do segmento cultural, houve uma prorrogação local do prazo para prestação de contas, mas o Governo Federal não tem sinalizado com a possibilidade de extensão do prazo final. É importante que todos os contemplados apresentem suas contrapartidas, conforme previsto em edital, para que sejam formalmente concluídos os processos de prestação de contas de quem recebeu o benefício.

“A situação crítica hoje enfrentada, com o agravamento da pandemia e a decretação da quarentena, tem muitos reflexos sobre todos os setores, a Cultura com particular impacto, desde o final do Carnaval 2020. Por isso o calendário de pagamento do AME Carnaval está mantido, assim como está sendo programado um cronograma para quitação de cachês em atraso, em que pesem as dificuldades financeiras que decorrem deste quadro atual. O objetivo da Prefeitura do Recife é fazer estas iniciativas funcionarem como um apoio à cadeia produtiva da Cultura, tão atingida por esta crise que ainda ameaça vidas e impõe drásticas restrições à atividade cultural, item básico para qualquer sociedade, uma marca identitária da cidade do Recife, além de ofício e meio de vida para milhares de recifenses”, declarou o secretário de Cultura Ricardo Mello.

*Via Assessoria de Imprensa

A falta do Carnaval no ano de 2021 causou sentimentos conflitantes entre os brasileiros. Por um lado, a ciência da gravidade da pandemia do novo coronavírus e da necessidade de conter o avanço dos números de infecção, conformou aqueles que esperam ansiosos pela maior festa do país. Por outro, a saudade de botar o bloco na rua fez o ciclo passar envolto em lágrimas e melancolia. 

Já outra parte significativa da população acrescentou ao mix de sentimentos a preocupação. Os trabalhadores da cadeia produtiva do carnaval se viram sem ter como gerar a renda de um ano inteiro e a busca por ajuda foi inevitável. No Recife, o anúncio de um auxílio emergencial - o AME Carnaval do Recife -, feito no início do mês de fevereiro pelo prefeito João Campos (PSB), surgiu como bálsamo para essa classe de profissionais. No entanto, dificuldades enfrentadas para o acesso ao benefício e disparidades entre os valores oferecidos transformou o alívio em tormento.

##RECOMENDA##

Integrantes de agremiações carnavalescas da capital pernambucana, que preferiram não se identificar,  procuraram o LeiaJá para relatar suas dificuldades. Segundo eles, a comunicação com a Prefeitura do Recife (PCR) tem sido bastante difícil e aqueles que estão encontrando dificuldades em fazer seu cadastro na plataforma do AME acabam ficando sem respostas. Além de e-mails e telefonemas que não são respondidos, atendentes que se dispõem a falar com os trabalhadores para sanar suas dúvidas não o fazem a contento. “A gente tem que recorrer ao suporte técnico que não funciona bem. Tem grupos que quando conseguem falar, o cara faz: ‘leia o edital’. Mas se o número é pra dar ajuda às pessoas que não estão conseguindo, pra que o cara atende e manda ler o edital?”.

O problema é maior em grupos que são liderados por idosos. “Existe uma dificuldade com agremiações que não têm muita experiência com computador e tudo é feito pela internet. E eles não permitem que as associações representem as agremiações sabendo que muitas delas são lideradas por senhores que não tem familiaridade com internet”. Além disso, uma aparente desorganização no sistema de inscrições está preocupando os grupos quanto ao recebimento do benefício: “O representante de um grupo não estava conseguindo se inscrever, mandou e-mail, ligou, foi até à Prefeitura para pegar informação e descobriu que o grupo já estava inscrito, sendo que o responsável era ele”. 

Outros critérios do edital como o veto do benefício à agremiações que tenham como representante alguém com vínculo empregatício com entidades da administração pública ou empresas privadas, e ainda, os que definem o valor a ser recebido têm intrigado a classe. “Aqueles que participaram do concurso (oficial do Carnaval da cidade) receberão 50% da subvenção, os que não participaram e só fizeram alguma apresentação vão receber o valor baseado no último cachê recebido, então alguns grupos receberão valores bem inferiores e outros valores maiores. É como se fosse: ‘olhe, a gente pelo menos tá fazendo alguma coisa, aceite do jeito que está’”. 

O AME foi anunciado no início de fevereiro como uma medida emergencial para minimizar os impactos financeiros, causados pela não realização do Carnaval em 2021, entre os trabalhadores da folia. O plano é destinado à agremiações e artistas, sediados na capital pernambucana, que se apresentaram no ciclo carnavalesco de 2020 e visa o repasse de cerca de R$ 4 milhões para cerca de 160 agremiações e 900 atrações artísticas. 

Em resposta ao LeiaJá, confira o que diz a gestão:

Durante todo o período de inscrições, está funcionando um atendimento presencial no térreo do prédio sede da Prefeitura do Recife, para pessoas com deficiência ou que não puderem realizar a solicitação pelo site. Apesar do agravamento da pandemia em todo o país, que exigiu dos poderes públicos medidas de controle sanitário mais severas, entre elas o rodízio de servidores e a restrição do acesso ao público à sede da Prefeitura do Recife, implementadas esta semana, o atendimento presencial para as inscrições do AME foi preservado, devido à importância e urgência do serviço prestado.

Em respeito aos protocolos sanitários, o acesso do público é limitado e precisa ser agendado pelos telefones: (81) 3355-8582 e (81) 3355-9013, também disponíveis, de segunda a sexta, das 9h às 17h, para esclarecimento de dúvidas. A Prefeitura do Recife disponibiliza ainda o e-mail para prestar informações. O cadastro deve ser feito por um representante de cada atração/agremiação que se apresentou no Carnaval 2020. No caso das agremiações carnavalescas que, obrigatoriamente, farão sua inscrição através do próprio CNPJ, o seu representante será, automaticamente, o seu responsável legal.

Uma mesma atração/agremiação não pode ter dois representantes, assim como um mesmo CNPJ ou CPF não poderá ser informado para representar mais de uma agremiação/atração. Em caso de duplicidade ou desencontro de informações, as agremiações/artistas envolvidos são contactados para esclarecimentos.

Criado pela Prefeitura do Recife para amparar os trabalhadores e trabalhadoras da cadeia criativa do Carnaval e da cultura, uma das mais impactadas pela pandemia e pela necessidade de suspensão de eventos e aglomerações, o Auxílio Municipal Emergencial (AME) - Carnaval do Recife equivale a 50% do valor máximo unitário de cachê, para atrações artísticas, ou de subvenção, para agremiações, tendo por base o Carnaval 2020, respeitando o teto de R$ 10 mil para cada beneficiado.

O cálculo para definição do valor do auxílio para cada agremiação/atração beneficiada é feito a partir do valor unitário de subvenção ou de cachê recebidos no Carnaval do ano passado. Para atrações, será considerado o maior valor de cachê recebido, desde que não ultrapasse o teto máximo estabelecido, de R$ 10 mil. Já o auxílio pago às agremiações será calculado a partir do valor da subvenção recebida no Carnaval 2020.

No início de março de 2020, o Brasil começou a embarcar em incertezas e questionamentos assim que a pandemia do novo coronavírus explodiu. Muitas perguntas a respeito da doença causaram espanto entre os brasileiros, principalmente pelo impacto que ela poderia causar no dia a dia.

Como forma de conter o avanço da Covid-19, diversas áreas passaram a sofrer consequências ocasionadas pelo isolamento social, inclusive a parte do entretenimento. Devido às regras estabelecidas pelos governantes estaduais, os eventos tiveram que ser suspensos.

##RECOMENDA##

As festas carnavalescas, por exemplo, tiveram que ser canceladas, só que sem previsão de retorno. Por causa disso, o povo que curte cair na folia vai ter que guardar as fantasias deste ano. Nomes de grande importância do cenário cultural pernambucano, como Almério, Bia Villa-Chan, Josildo Sá, Marília Parente, Almir Rouche, Sérgio Andrade e Gustavo Travassos, também terão que aguardar mais um pouco a emoção de estar no palco.

Em parceria com o LeiaJá, os músicos confortaram por meio de mensagens os foliões que ficaram 'órfãos' do Carnaval 2021.

Veja:

O Carnaval é uma das maiores manifestações populares da cultura brasileira. Durante uma semana, foliões e folionas ganham as ruas, para brincar e extravasar uma alegria dificilmente vista em outros períodos do ano. Mas, para que toda essa festa aconteça, milhares de trabalhadores colocam a mão na massa, nos meses que antecedem a data, promovendo o aquecimento da economia dos municípios e a geração de postos de trabalho, diretos ou indiretos. 

Em 2021, o agravamento da pandemia do novo coronavírus forçou o cancelamento da festa em território nacional para a tristeza dos brincantes e preocupação desses profissionais que dependem do Carnaval para seu próprio sustento. Nesta reportagem especial, o LeiaJá conversou com alguns trabalhadores da folia sobre o prejuízo que um ano de parada em seus ofícios ocasionou. 

##RECOMENDA##

[@#video#@]

O maracatu é uma manifestação cultural ‘barulhenta’. Os tambores das nações tradicionais ‘cantam’ alto e há quem diga que o peso desse som é de “uma tonelada”. No Carnaval do Recife, um dos eventos mais emblemáticos de sua programação reúne diversas nações de maracatu na segunda-feira carnavalesca: a Noite dos Tambores Silenciosos, realizada no Pátio do Terço. É quando todos tocam juntos e, pontualmente, às 00h, cessam os batuques para homenagear os ancestrais e reverenciar a cultura negra.

LeiaJá também

##RECOMENDA##

--> Noite dos Tambores Silenciosos: legado de uma mulher negra

--> Na pandemia, caboclos trocam o cravo pela máscara

Na última segunda (15), dia em que seria realizada, a Noite dos Tambores não aconteceu, em virtude da suspensão do Carnaval. Sem poder ir às ruas, algumas nações de maracatu usaram as redes sociais para marcar o momento e engrossar o coro pela importância de se proteger da pandemia do novo coronavírus. Os vídeos foram publicados no perfil oficial da Associação de Maracatus de Pernambuco (Amanpe). 

Nas postagens, os maracatuzeiros falaram sobre o momento de pesar pela falta do Carnaval mas, também, da esperança de retornar às ruas assim que possível. Também foram homenageadas as famílias que perderam entes por conta da Covid-19. “Hoje, nossos tambores não irão rufar e sim, pela primeira vez na história, os tambores sagrados silenciaram literalmente. A Amanpe e todas as nações de maracatu de Pernambuco prestam homenagem às famílias de milhares de vítimas dessa triste pandemia. E de uma forma diferente vem saudar todos maracatuzeiros espalhados pelo mundo. Nunca é tarde lembrar, fiquem em casa, se cuidem, usem máscara, tomem vacina. Em 2022, vamos rufar nossos tambores e celebrar a vida em homenagem aos que se foram”. 

[@#podcast#@]

Rufar solitário

A Nação do Maracatu Porto Rico decidiu marcar o momento de outra forma. Alguns integrantes foram até o Pátio do Terço e realizaram uma cerimônia simbólica à porta da Igreja de Nossa Senhora do Terço. Eles cantaram, tocaram e fizeram um minuto de silêncio quando o relógio bateu as 12 horas. O momento foi transmitido ao vivo pelo Instagram. "Estamos aqui batendo uma foto na frente da igreja onde toda a cerimônia é feita, onde tudo é pedido, principalmente o bem, a paz, a saúde nesse momento tão difícil para todos nós. Não só a Naçao do Porto Rico está sentindo, em lágrimas, em choro, essa emoção vem de todos que fazem nação de maracatu”, disse um dos integrantes. 

[@#video#@]

 

A segunda-feira de Carnaval guarda espaço para um dos eventos mais tradicionais da folia recifense: a Noite dos Tambores Silenciosos. É quando diversas nações de maracatu de baque virado se encontram no Pátio do Terço, localizado no Bairro de São José, região central da cidade, para uma celebração que mistura os batuques profanos aos toques sagrados da religião de matriz africana. O momento homenageia a ancestralidade negra e funciona também como uma prece às suas divindades para que o Carnaval seja de alegria e de paz.

LeiaJá também

##RECOMENDA##

--> Maracatu nação, um brinquedo que se brinca com fé

--> Maracatu de baque virado, o brinquedo que carrega o peso da ancestralidade

Mundialmente famosa, a Noite dos Tambores Silenciosos atrai turistas de toda a parte além dos brincantes de maracatu do Recife. A festa foi idealizada na década de 1960, por uma mulher, Maria de Lourdes Silva, mais conhecida como  Badia. Neta de escravos, ela foi moradora do Pátio do Terço até o fim de sua vida e partiu dela a ideia de lembrar os negros escravizados - muitos que passaram por aquele lugar na rota do comércio escravagista -, que morreram sem conhecer o Carnaval. 

A ideia de Badia ganhou corpo com a ajuda de dois homens, o jornalista Paulo Viana, e o advogado Edvaldo Ramos. A princípio, o evento era encenado pelo grupo de teatro Equipe, no chão, à porta da Igreja do Terço, e não tinha o caráter religioso que possui hoje. Mas com o crescimento da festa e o forte potencial turístico visto nela, sua dinâmica foi mudando ao longo dos anos. “Foi criando curiosidade e um pouco de interesse porque onde rola dinheiro você sabe que as coisas se expandem. Tanto é que teve um ano que a prefeitura botou arquibancadas no Pátio e ficou estreito para os maracatus se apresentarem. Mas, também, só foi esse ano porque eles viram que nem deu lucro e nem deu certo mesmo”, relembra Maria Lúcia Soares dos Santos, filha de criação de Badia. 

Dona Lúcia mantém viva a memória da mãe. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Atualmente, Dona Maria Lúcia, de 72 anos, continua morando na casa que foi da mãe, dando continuidade ao seu legado. A herança vem de longe. Badia também foi criada, naquele mesmo endereço, por outras duas mulheres negras, conhecidas como Tias do Axé: “duas irmãs a qual a mãe veio da África fugida no porão de um navio”. Elas não tiveram filhos e acabaram assumindo a criação de Badia após a partida de sua mãe biológica: “Quando a mãe de Badia morreu, Sinhá assumiu Badia e Iaiá ficou como tia e fizeram uma outra família”. Todas elas sobreviviam lavando roupa e jogando búzios, aliás, a casa também tinha espaço para a adoração de orixás uma vez por ano apenas, no mês de outubro.

Badia também costurava e era responsável por vestir grande parte das agremiações carnavalescas do Bairro de São José. “Todo ano nascia uma e de todas elas, ela foi madrinha”, diz Lúcia. Sua dedicação e apreço pela folia momesca, inclusive, lhe rendeu o título de Dama do Carnaval, e ela chegou a ser a homenageada do Carnaval do Recife em 1985. Além de ter idealizado a Noite dos Tambores Silenciosos, Badia também teve participação na fundação do Galo da Madrugada e fundou a troça Coroas de São José, na qual desfilava nas quintas-feiras pré-carnavalescas a bordo de um jipe. Hoje, nas tais quintas, o Pátio do Terço recebe o Baile Perfumado, prévia criada em sua homenagem.

O apreço de Badia pelo Carnaval ficou perpetuado em toda a família. No período, Dona Lúcia costuma receber em sua casa turistas que buscam conhecer melhor a história de sua mãe e também os brincantes que precisam de apoio. “A casa aqui é aberta o Carnaval todo. Todos os maracatus entram aqui pra ir no banheiro, trocar a roupa. Abro a porta de muita boa vontade, se der pra dar um lanche eu dou, e tô aqui. Quando a prefeitura precisa de mim estou presente, não cobro nada, mas também não ganho nada”.

A casa de Badia, construída por escravos, é tombada pelo IPHAN. Foto Arthur Souza/LeiaJàImagens

A filha de Badia lamenta o descaso e o esquecimento com os quais a história de sua mãe é tratada. A casa em que mora com o marido e o filho, Leandro Soares, é a única a servir, ainda, como residência no Pátio, tomado pelo comércio. Tombado em 2014 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio imaterial brasileiro, o imóvel - construído por escravos - precisa de reparos específicos tanto por sua estrutura muito antiga quanto pelo tombamento que impede que os proprietários mexam nela. 

Segundo Lúcia, o telhado acometido por uma praga de cupins precisa ser restaurado mas ela não consegue ajuda nem autorização necessárias para trocá-lo. “Tenho três ofícios pedindo socorro à prefeitura. Quando eu comecei a ‘bulir’ na casa veio um cidadão que tem interesse na (compra da) casa e me denunciou que estava modificando a casa,  aí veio a Fundarpe. Eu fui lá na Fundarpe, mostrei os ofícios e nada. Se eu não tenho conhecimento e não sei falar, eu não tava aqui não, tava embaixo do viaduto. Desde que Badia morreu em 1991 que peço socorro e nunca fui socorrida”.

Para manter a casa, Lúcia e a família tocam um restaurante, que funciona de segunda a sábado vendendo almoço comercial. Leandro complementa a renda vendendo galeto. Sem ajuda externa, os três se esforçam tanto para sustentar o imóvel em pé quanto para manter viva a memória de Badia. “O espaço é rico, essa casa foi a primeira casa construída em Pernambuco, ela tem mais de 200 anos. Só que o tempo foi passando e a cultura foi enriquecendo, mas ainda não está no nível que a gente espera. Deve ser o desinteresse, falta de cultura”, lamenta Leandro.

Memória de Badia

Dona Lúcia e o filho Leandro mantém a casa com a renda do restaurante. Foto Arthur Souza/LeiaJáImagens

A herdeira de Badia ainda sonha em transformar a casa da Dama do Carnaval em um ponto de referência da cultura negra em Pernambuco. Entre os projetos, estão a abertura de um memorial, um espaço cultural e de formação, com cursos de culinária e cabelo afro, e um restaurante afro. Leandro diz que todos os planos estão “no papel mas não tem o interesse de autoridades, de chegar junto com patrocínio”.

Já Lúcia, segue confiando em sua fé nos orixás e no esforço da sua família para concretizar os sonhos. “Tudo que eu sei hoje em dia eu aprendi com ela. As lembranças, muitas estão nessa casa, eu tô aqui lutando pra sobreviver, zelar pela casa e pelo nome dela e das velhas (Sinhá e Iaiá) também que partiram. Antes de morrer eu quero deixar aqui um restaurante afro, pra ficar uma lembrança firme dela e da família dela”.

[@#video#@]

Os ponteiros marcam meio-dia. O sol, escaldante como de costume nos fevereiros de Salvador, faz brilhar o mar do Porto, vizinho do Farol, ambos no bairro Barra. "Carnavalizou", ironiza a baiana de acarajé Rosilene Brandão, 35 anos, enquanto arma o tabuleiro no intermédio entre os pontos turísticos, neste domingo de carnaval (14). "Brincadeira, mas a verdade é que estamos com um sentimento muito grande, o ano aqui só começa depois de fevereiro", diz, já em tom de tristeza.

Neste ano, os circuitos Dodô (Barra/Ondina), reduto de camarotes e emissoras de TV, Osmar (Centro) e Batatinha (Pelourinho) não viram e nem vão ver a cara dos trios elétricos - e de uma multidão atrás deles - por determinação das gestões estadual e municipal. A pandemia de Covid-19 torna impossível, até imaginar, dois milhões de foliões nas ruas. O que é comum, em Salvador, por dia de festa.

##RECOMENDA##

Baiana de acarajé há 30 anos, Rosilene costuma trabalhar no circuito Osmar, onde chega a vender 800 acarajés e abarás por dia. Hoje, decidiu ir à Barra pela proximidade das praias que, embora teoricamente fechadas, receberam uma grande quantidade de visitantes.

Rosilene até estranha a pouca movimentação para a época, mas argumenta que, por mais que deixe de ganhar o triplo do que ganha nos demais meses do ano, não há clima ou condições sanitárias para uma folia segura. Cita ainda as milhares de vidas perdidas para a doença em todo o País.

"É tão surreal perceber que estamos aqui, no carnaval, e não temos um terço de pessoas circulando, não temos clima, só calor mesmo. Muita gente que trabalha nesse período não vai poder contar com isso e é muito triste. Muito estranho viver isso em tantos anos de trabalho", afirma.

Àquela altura em 2020, no domingo de carnaval, os trios já estariam em fileiras para iniciar o quarto dia oficial da folia baiana. Também havia cerca de 4,5 mil ambulantes posicionados para trabalhar nos circuitos. Ao todo, 16,5 milhões de pessoas circularam pela cidade ao longo dos sete dias, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP-BA) informou à época.

Agora, o que se vê de movimento na extensão que vai do Morro do Cristo ao Farol (etapa inicial dos desfiles) se resume à circulação de ciclistas, banhistas e, nos bares das imediações, grupos de no máximo oito pessoas por mesa. Na Avenida Anita Garibaldi, um dos principais acessos ao circuito Dodô, a circulação dos carros nem de longe lembra os longos engarrafamentos costumeiros do carnaval.

Sem carnaval, Salvador tem prejuízo

O cancelamento do evento, que reflete na vida de comerciantes formais e informais, também chega à receita de Salvador. Segundo afirmou o prefeito Bruno Reis (DEM), na sexta-feira (12), a cidade deixa de arrecadar cerca de R$ 15 milhões só em Imposto Sobre Serviços (ISS).

A avalanche socioeconômica é uma realidade também para o ramo da hotelaria. De acordo com Roberto Duran, presidente da Salvador Destination, organização responsável por captar eventos e promover a capital como destino, há apenas cerca de 60% de ocupação nos hotéis, o que recai na quantidade de empregos gerados.

"Era algo já esperado no cenário em que estamos há quase um ano. Sem dúvida alguma, são danos muito grandes e que já são sentidos por todas as áreas do turismo. A ocupação é 50% inferior, considerando o ano passado, isso reflete em emprego e renda, claro. As pessoas até estão vindo, mas muito mais para destinos de praia, como Praia do Forte, no Litoral Norte, já que não tem carnaval".

Dono de um restaurante no circuito Dodô, Antônio Farias, de 50 anos, explica que costuma limitar a entrada de pessoas durante a folia mas, ainda assim, consegue lucrar o dobro dos outros meses em função da rotatividade. "Infelizmente, foi uma medida necessária. Não posso negar, porém, que há um prejuízo grande para a gente. Eu, inclusive, nem sequer me recuperei dos sete meses em que passamos fechados no início da pandemia", afirma, sem citar valores.

Gestora de eventos, Mariana Soares, 27, veste o amor pela folia. Com o abadá do Camaleão, um dos blocos mais tradicionais de Salvador, diz que "vive o carnaval". Isso porque além de gostar muito da festa, ela trabalha comercializando abadás de blocos e camarotes. "A gente fica muito triste, hoje seria um dia que estaríamos já preparando para a concentração do bloco. Mas, infelizmente, sabemos que foi necessário", comenta ela, que já garantiu participação em 2022.

Marido de Mariana, o analista de sistemas Wesley Luso, 35, compartilha do mesmo pensamento. "A gente vive disso, mas é aguardar e curtir o próximo ano, não havia qualquer condições de realizar um evento desse porte agora, as condições sanitárias não permitem", reforça ele, também vestido a caráter.

Já para o vendedor de cocos Leonardo Santos, 29, haveria condições para a realização do evento. "Os bares têm gente do mesmo jeito. A gente perde muito sem isso, quem trabalha perde muito. Mas não tem o que fazer, o jeito é aceitar".

Santos trabalha nos circuitos há cinco anos, em alguns dias vende coco; em outros, cerveja. Segundo ele, até a movimentação de turistas é "muito menor". Reforça que a festa tinha que acontecer, mesmo informado de que ainda não há vacina para todos.

Foliã assídua, a psicóloga Laura Marques, 25, tirou o dia para correr. "Queria que fosse atrás do trio, mas tudo bem. Importante é nossa saúde".

Acompanhada de duas amigas, ela comenta a realização das lives de artistas que comandam o evento, como Cláudia Leitte, Ivete Sangalo e Léo Santana, que se apresentaram pela internet, neste fim de semana. "Não fosse isso, estaríamos até agora presos em 2020. Óbvio, está longe de ser a mesma coisa, mas pelo menos dá pra poder virar a página", pondera Luana.

Nada de sair correndo atrás do trio do ídolo, Márcio Vitor, ou de "dar a louca" na pipoca do BaianaSystem. Também não vai rolar ponto de encontro com os amigos no Morro do Gato, em Ondina, ou a preparação para o famigerado arrastão, na Quarta-feira de Cinzas. "Que a gente possa, ano que vem, ter de volta nossa festa linda, que faz a gente esquecer de todos problemas."

Neste domingo (14), Nazaré da Mata, cidade a 60 Km do Recife (PE), conhecida como a Capital do Maracatu Rural, amanheceu silenciosa. Assim como nas demais localidades com forte tradição carnavalesca, o vazio das ruas era o retrato de 2021: o ano em que a pandemia do novo coronavírus nos 'roubou' o Carnaval.

Tal silêncio, no entanto, foi quebrado momentaneamente por um caboclo solitário que, devidamente caracterizado, deu um pequeno passeio pela cidade para manter viva a tradição. Assim como ele, alguns outros brincantes da manifestação, em cidades como Araçoiaba e Condado, vestiram suas fantasias para marcar a data e manterem viva sua tradição. 

##RECOMENDA##

LeiaJá também

--> Maracatu de baque solto: a brincadeira mais misteriosa do Carnaval

Em Nazaré, a iniciativa foi de Anderson Miguel, mestre de apito do Maracatu Águia Misteriosa e um dos mais importantes mestres da nova geração do baque solto. Para marcar o Carnaval 2021, o mestre deixou a bengala de lado, vestiu-se de caboclo e saiu para um passeio solitário pela cidade. "Sozinho, sem aglomerar; o caboclo, ele é um herói. Eu fico sem meu Carnaval não, podem me prender", disse.

O 'mestre-caboclo' fazia referência à proibição expressa do Governo do Estado à qualquer manifestação carnavalesca, em virtude da pandemia. Representantes do Ministério Público chegaram a visitar a sede do Águia Misteriosa para orientar sobre as restrições que, caso descumpridas, resultariam em multa ao maracatu.

De máscara e sozinho, Mestre Anderson fez um pequeno percurso para deixar marcado o Carnaval 2021. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Antes da saída de Anderson, o estandarte da agremiação foi posto do lado de fora da sede, como forma de marcar o momento. Para o presidente do Águia Misteriosa, Vicente Manoel da Silva, a dor de passar um ano sem Carnaval - o primeiro em 50 dedicados à festa -, mal podia ser colocada em palavras: "É muito difícil", limitou-se a dizer.

A preparação para o passeio foi cuidadosa, com direito a banho de limpeza, para proteger contra más energias, uma tradição do brinquedo. O banho foi preparado por Dona Maria Célia, filha do fundador da agremiação, Seu Zé Rufino, e esposa de Vicente. Ela se dedica ao maracatu desde os 10 anos de idade e nunca tinha visto um Carnaval como esse. Emocionada, ela chorou ao ver Anderson fazer as primeiras manobras, já na rua.

Dona Célia registrou a saída de Anderson e chorou, emocionada. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

No seu trajeto solitário, o caboclo percorreu cerca de 1,6 km. A passagem de Anderson, que precisou trocar o cravo que se leva na boca, segundo a tradição da manifestação, pela máscara de proteção, chamou a atenção dos moradores que acenavam das janelas e portões das casas. O passeio terminou em frente à catedral da cidade, localizada na Praça Papa João XXIII, onde ele fez seus últimos movimentos.

De volta à sede do Águia, Seu Vicente o recebeu com os olhos marejados e um sorriso de alento no rosto. "Um (caboclo) conta por todos, né?", disse em tom de comemoração. Para Anderson, a sensação foi de ter cumprido uma missão: "Nazaré da Mata é a terra do maracatu, não é um vírus que vai parar nossa tradição. Foi tudo muito certinho, seguindo os protocolos; eu posso dizer que eu brinquei o Carnaval, com a esperança de dias melhores".

Na praça, o caboclo higienizou as mãos com álcool. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

LeiaJá também

--> Maracatu rural é tradição secular que transborda brasilidade

[@#podcast#@]

#CabocloNaRua

Assim como o mestre Anderson, outros folgazões do maracatu rural, como são chamados os brincantes, fizeram questão de deixar marcado o Carnaval de 2021. Espalhados pelas cidades de Nazaré, Araçoiaba,Condado e também na Região Metropolitana do Recife, os caboclos vestiram suas indumentárias e registraram a resistência de sua tradição. Paramentados com a máscara de proteção, eles compartilharam pela internet as imagens de suas evoluções acompanhadas pela hashtag #CabocloNaRua. 

[@#video#@]

Apesar da suspensão do Carnaval 2021 e das restrições impostas pela pandemia do novo coronavírus, houve quem deu um jeitinho de carnavalizar, neste domingo (14). Em Nazaré da Mata, cidade localizada a cerca de 62 km do Recife (PE), o Boi Maguary 'pegou carona' em um carro para dar um pequeno desfile pela cidade.

Com quase 30 anos de história, o Maguary nunca tinha ficado um Carnaval sequer sem ir para a rua. Para que este não fosse o primeiro, Seu Bejú do Boi, fundador da agremiação, improvisou uma espécie de cortejo. Ele colocou o boi em cima de um carro para dar uma volta pela cidade em um desfile simbólico.

##RECOMENDA##

A ideia de Seu Bejú, era levar um pouquinho de alegria aos moradores sem colocar ninguém em risco. "Eu não posso brincar o Carnaval, mas tô dando ao povo, sem sair com batucada, nem com aglomeração de gente", disse em entrevista ao LeiaJá. 

[@#video#@]

Imagens: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O Boi Maguary vai repetir o pequeno desfile, sem música ou companhia dos foliões, todos os dias até o final do Carnaval com a esperança de que no próximo ano a brincadeira possa ser completa. "A gente fica meio triste, mas é melhor viver do que morrer por causa de Carnaval", diz Seu Bejú.

Essa sexta (12) amanheceu nublada no Recife e em Olinda. Parece que até o Sol acordou triste no dia em que seria aberto, oficialmente, o Carnaval 2021. As cidades-irmãs, que ostentam dois dos Carnavais mais badalados do país, passaram a data incólume e o vazio de alguns de seus polos tradicionais da festa refletiu a falta dela ete ano.

O Carnaval 2021 foi suspenso pelo Governo de Pernambuco devido ao agravamento da pandemia do novo coronavírus no Estado. Para coibir a possível aglomeração de pessoas nos dias em que seria realizada a festa, o governador Paulo Cãmara proibiu, através de decretos, o funcionamento de bares e restaurantes nos sítios históricos do Recife e de Olinda e, até as lives que seriam promovidas por agremiações pernambucanas foram vetadas. Os esforços visam preservar a saúde coletiva e contribuir com a dminuição dos números de casos de Covid-19 em solo pernambucano.

##RECOMENDA##

[@#galeria#@]

 

 

Pode parecer roteiro de filme de ficção, mas não é: em 2021, não teremos Carnaval no Brasil. Não da maneira como conhecemos, pelo menos. O agravamento da pandemia do novo coronavírus faz com que a maior festa popular do país fosse cancelada por questões de saúde coletiva. O mais seguro continua sendo ficar em casa, longe de aglomerações e do risco do contágio, sendo assim, vestir a fantasia e cair na folia pulando atrás de troça está terminantemente descartado. 

No entanto, ao invés de lamentar, talvez o melhor mesmo seja ressignificar esse período do ano e se adaptar às atuais necessidades. Vários blocos, agremiações e artistas pensaram nisso e se prepararam para levar o Carnaval para a internet. A gente te ajuda a montar sua programação carnavalesca 'indoor' com uma lista das lives que acontecem entre esta quinta (11) e a próxima quarta (17).

##RECOMENDA##

LeiaJá também

--> Bares de Olinda e Recife não poderão funcionar até segunda

--> Para proibir Carnaval, PE terá policiamento ostensivo

--> Pernambuco não terá feriado de Carnaval, anuncia Governo

QUINTA - 11/02

Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu

Instagram e Facebook

17h

SEXTA - 12/02

e-Carnaval, com Preta Gil, Péricles, Bell Marques e Jota Quest

Youtube e e nos canais 500 e Like da Claro TV

18h

Sarajane e Buk Jones - Live Vamos Abrir a Roda

YouTube

19h

Davi Moraes, Gilsons, Luedji Luna e outros artistas - Live Moraes Canta Moreira

YouTube

19h

Daniela Mercury - Carnaval Virtual da Rainha

YouTube

20h30

Cheiro de Amor - Live Cheiro no Brasil

YouTube

20h30

SÁBADO - 13/02

Galo da Madrugada - #GaloNaMinhaCasa

YouTube

09h

Homem da Meia-Noite

Instagram, YouTube, televisão aberta

23h

Maracatu Nação Camaleão

YouTube

16h

Bloco Berço Elétrico

YouTube

14h

Chiclete com Banana - Live do Voa Voa

YouTube

16h

Sarajane e Mirela Bastos - Live Vamos Abrir a Roda

 YouTube

19h

#CamaroteBrahmaEmCasa, com Zeca Pagodinho e a dupla Zé Neto e Cristiano

YouTube

20h

Harmonia do Samba, Parangolé e Léo Santana

 YouTube

21h

DOMINGO - 14/02

Festival RecBeat

YouTube

15h

Maracatu Nação Encanto do Pina - Carnaval da Resistência

YouTube

17h

Baianeiros

YouTube

13h

CamaroteBrahmaEmCasa, com Os Barões da Pisadinha e a dupla Matheus e Kauan

YouTube

14h

Bell Marques

YouTube

16h

Bloco da Preta, com Preta Gil

YouTube

16h

Psirico - Muquilive (As Muquiranas)

YouTube

17h

 



 

O Governo de Pernambuco anunciou na tarde desta quinta-feira (28), em coletiva de imprensa no Palácio do Campo das Princesas, no Recife, o cancelamento do feriado do Carnaval 2021 em virtude da Covid-19. De acordo com o secretário de Turismo do Estado, Rodrigo Novaes, a segunda e terça-feira do período festivo serão dias normais nos órgãos públicos e não mais pontos facultativos.

“No mês de dezembro, o comitê de enfrentamento à Covid-19 entendeu por suspender o Carnaval de 2021, por razões óvias. Carnaval é realizado com aglomerações. A segunda e terça, que eram pontos facultativos, não acontecerão mais. O funcionário público trabalhará normalmente”, declarou o secretário de Turismo. Os pontos facultativos estam previstos de 13 a 17 de fevereiro.

##RECOMENDA##

Um dos objetivos da decisão é combater o risco de aglomerações no Estado. "Tudo no sentido de evitar aglomerações nas praias, nos ambientes públicos, no comércio, para que a gente tenha um período de tranquilidade. O mês de fevereiro é desafiador e é muito importante que no período que se aproxima de carnaval, as famílias mantenham todos os cuidados", argumentou Novaes.

No mais recente boletim, a Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) divulgou 1.494 novos casos da Covid-19, além de 28 mortes nas últimas horas. Com o levantamento, o Estado passa a ter quase 257 mil registros do novo coronavírus, bem como o quantitativo de óbitos pela doença é superior a 10 mil.

A pandemia do novo coronavírus continua pegando muita gente de surpresa. Devido ao avanço da doença, prefeitos de cidades brasileiras suspenderam dos calendários algumas celebrações de datas importantes. Entre as comemorações deste ano está proibida a realização de eventos carnavalescos. Mas para matar a saudade da festa, Claudia Leitte e Ivete Sangalo irão agitar os verdadeiros foliões de forma virtual.

No dia 13 de fevereiro, que teoricamente seria sábado de Carnaval, as musas da axé music irão se juntar para fazer um show especial. A live de Claudia e Ivete promete agitar os fãs através de um repertório bem animado, assim como ambas fazem quando encaram a festa baiana no comando do trio elétrico.

##RECOMENDA##

"A gente entende que é necessário que ele [o Carnaval) não aconteça, mas encontramos uma maneira de fazer com que a gente não esqueça essa data", explicou Ivete, em conversa com Claudia Leitte no Instagram, na noite dessa segunda-feira (11). O anúncio do projeto das cantoras não teve horário e tempo de duração divulgados.

Nesta terça (12), o presidente do bloco Homem da Meia-Noite, Luiz Adolpho, anunciou, através de uma coletiva de imprensa online, o tema e os homenageados da agremiação para o Carnaval de 2021. Em respeito às normas de segurança referentes à pandemia do novo coronavírus, o calunga não ganhará as ruas de Olinda este ano, fazendo uma saída simbólica transmitida pela internet, no dia 13 de fevereiro. Sob o tema Faltam 365 Dias, a celebração vai focar no 90º aniversário do boneco gigante, em 2022.

O anúncio de que o calunga não desfilaria em 2021 foi feito desde dezembro do último ano. “Todas as ações projetadas para 2021 foram realizadas com respeito à vida, nossa prioridade sempre será vidas”, disse Luiz Adolpho. Sendo assim, no dia 13 de fevereiro,  sábado de Carnaval, dia do tradicional desfile da agremiação, será realizado um evento online, com transmissão pelas redes sociais do bloco, a partir das 23h. 

##RECOMENDA##

Para garantir a segurança dos envolvidos, a saída simbólica do calunga será em uma espaço do Shopping Patteo de Olinda, com uma equipe de cerca de 60 pessoas. Adolpho frisou que todos passarão por testes para o coronavírus e trabalharão sob os protocolos de segurança referentes à pandemia. A celebração online, segundo o presidente, tem como objetivo “levar alegria e esperança para todos os pernambucanos''.

Homenageados

Em 2021, o Homem da Meia-Noite homenageia três artistas pernambucanos. São eles os cantores Ed Carlos e Silvério Pessoa, além da sambista Karynna Spinelly.  “Eles abraçaram a ideia com todo carinho, com todo o respeito pelo Homem da Meia-Noite. Nosso carinho, nosso respeito, nosso abraço virtual a esses três grandes artistas e três grandes seres humanos”, disse Luiz Adolpho. 

Figurino

Todos os anos, a roupa com a qual o calunga vai brincar o Carnaval é um dos destaques do desfile. Em 2021, a responsável pelo figurino do gigante será a estilista Carol Frexeira, da gripe Menina dos Olhos. 

Além disso, a camisa do ano da agremiação também traz, em sua padronagem, a contagem regressiva para o aniversário de 90 anos do boneco gigante. As peças já estão disponíveis para os foliões, com vendas na sede do bloco e, também, pela internet. 


 

Nessa quinta-feira (17), o Governo de Pernambuco anunciou a suspensão do Carnaval 2021. A decisão tem a ver com os altos índices de infeccção do coronavírus no Estado e da falta de uma vacina, de acordo com André Longo, secretário de Saúde. Longo garantiu que seria inviável manter a realização das festividades carnavalescas, "que mobiliza multidões e é, pela sua natureza, um momento de encontro e aglomeração que, por vezes, reúne milhões de pessoas".

Após o anúncio, as reações na internet foram imediatas. Diversas pessoas ficaram tristes, mas rapidamente concordaram com o adiamento das celebrações de Momo, inclusive músicos que chegam a agitar o público do Galo da Madrugada no sábado de Zé Pereira. Procurados pelo LeiaJá, cantores como André Rio, Bia Villa-Chan e Romero Ferro opinaram sobre a não realização do Carnaval de Pernambuco no ano que vem.

##RECOMENDA##

André Rio

É com muita tristeza no coração que recebo a notícia que o Carnaval de Pernambuco está suspenso, mas a pandemia, infelizmente, se agravou nos últimos dias e, a perspectiva que assim seja em janeiro, então, a gente tem que ter essa lucidez que é impossível um carnaval nas ruas, do jeito que estamos acostumados, com a pandemia sem vacina. A gente precisa da vacina para que a gente possa voltar a alegrar a nossa alma foliã, a estar nas ruas, eu como cantor, levando alegria, felicidade para os olhares de todos.

Entretanto, tem um aspecto muito importante que precisamos atentar que são os profissionais, muitos pais e mães de família, que dependem desse carnaval, que trabalham, que esperam o ano inteiro, como diz a música "Pra chegar fevereiro" e o frevo, ser um sustento muito forte para o resto do ano. A gente tem que pensar nessas pessoas. Os nossos governantes têm que ter um olhar solidário para esses mais de 30 mil profissionais que trabalham e dependem do carnaval.

É uma notícia que a gente recebe com muita tristeza, por conta da pandemia, e que agora temos que pensar nos músicos, nos cantores, nos maestros, nos passistas, nos produtores e técnicos de uma forma geral, toda a classe artística e as pessoas trabalham no carnaval - que são muitas. Vamos torcer para que isso passe logo para poder alegrar todo pernambucano e o turista.

Bia Villa-Chan

Não foi à toa que lancei para este histórico carnaval o clipe de "Sonhos Roubados". Quantos sonhos foram arrancados de nós em 2020? O momento demanda cuidados e precauções. Vejo como inevitável o adiamento do carnaval frente à maior crise sanitária dos últimos tempos. O coração fica apertado, imaginando que não conseguiremos celebrar esta festa tão importante, mas ao mesmo tempo aliviada.

Para mim, seria difícil celebrá-lo parcialmente, uma festa tão intensa e ao mesmo tempo tão significativa, motivo de orgulho para nós pernambucanos, momento de exaltação máxima da nossa rica cultura. Contudo, rogo por políticas públicas que olhem pelos profissionais que dependem do ciclo, músicos, artistas, equipe técnica e autônomos.

É momento de traçar alternativas para diminuir o esmagamento financeiro do setor. Vamos continuar nos cuidando e respeitando as orientações das autoridades em saúde. Em breve, estaremos juntos para erguer nossas esperanças num intenso carnaval, como falo em "Sonhos Roubados".

Romero Ferro

Atitude coerente e responsável diante da situação de pandemia que vivemos. Por outro lado é preciso que o governo e as prefeituras se unam e tragam ações e alternativas para os artistas e produtores. A cadeia produtiva da música e da cultura precisam ser socorridas. Fomos os primeiros a parar e nem tão cedo retornaremos com nossas atividades.

Junto com o cancelamento do carnaval, é preciso que venha um planejamento e propostas de ações on-line pra toda a classe artística, principalmente os grupos de cultura popular, as agremiações e os profissionais de backstage. São milhares de famílias que dependem dessa renda pra viver!.

O Governo de Pernambuco anunciou, na tarde desta quinta-feira (17), a suspensão do Carnaval 2021. O comunicado foi feito pelo secretário de Saúde do Estado, André Longo. O motivo, segundo ele, é o aumento de casos de Covid-19.

Em coletiva de imprensa no Palácio do Campo das Princesas, sede do Governo do Estado, no Recife, Longo detalhou números do aumento de casos graves respiratórios. "Na análise de mais uma semana epidemiológica, observamos novo crescimento nos casos de Síndrome Respitatória Aguda Grave, configurando agora quatro semanas seguidas de alta. Com 720 casos de Síndrome Respitatória Aguda Grave, um aumento de 2,5% em relação à semana epidemiológica 49 e de 9,8% em 15 dias, voltamos a patamares vistos no começo de setembro e início de outubro. Diante desses dados e pelo fato de que até meados de fevereiro não teremos a maior parte da população vacinada, o Carnaval de 2021 está suspenso em Pernambuco", declarou André Longo.

##RECOMENDA##

"Esta não é uma decisão fácil, é com pesar que anunciamos. Carnaval representa mais que uma festa para o povo pernambucano. Mas, no atual contexto de pandemia, não há possibilidade de realização de um acontecimento desse porte, que mobiliza multidões e é, pela sua natureza, um momento de encontro e aglomeração que, por vezes, reúne milhões de pessoas", acrescentou o secretário.

Longo demonstrou preocupação com as solicitações de leitos na central de regulação. O Estado notou que permanece uma tendência de alta, com um aumento em torno de 1%. Mais uma vez, o secretário fez um apelo para que a população siga os protocolos de segurança contra o novo coronavírus, como o uso da máscara, manutenção do distanciamento social e uso de álcool em gel.

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) informou, nesta quinta-feira, que 1.646 novos casos de Covid-19 foram confirmados no Estado. Desses, 59 são considerados graves. Com o balanço de hoje, Pernambuco totaliza mais de 203 mil diagnósticos da doença e 9.361 mortes por Covid-19.

Nesta quarta-feira (9), a direção do Homem da Meia-Noite informou que a tradição do desfile não irá às ruas de Olinda no Carnaval 2021. De acordo com o professor Luiz Adolpho, presidente da agremiação, as incertezas ocasionadas pela pandemia do novo coronavírus fizeram com que o Calunga mais famoso de Pernambuco apenas mate a saudade dos foliões só pela internet.

Adolpho afirmou que o Homem da Meia-Noite poderá ser visto através da realização de uma live: "É uma decisão difícil e importante, mas acreditamos que a melhor que poderíamos tomar. [...] Temos uma esperança muito grande, que em 2022 estaremos juntos ao lado desse povo apaixonado, desse povo que nunca deixou de estar ao lado do nosso gigante".

##RECOMENDA##

Também foi dito no comunicado que a partir da próxima sexta-feira (12) a organização irá vender camisas do desfile, como forma simbólica das pessoas se aproximarem do Calunga. Luiz Adolpho garantiu que no dia 12 de janeiro do ano que vem, outros detalhes da agremiação serão anunciados em uma coletiva de imprensa. Em 2022, o Homem da Meia-Noite completa 90 anos de resistência nas ladeiras históricas de Olinda.

Veja o anúncio:

[@#video#@]

No dia seguinte à decisão das eleições municipais, no segundo turno, em 18 capitais brasileiras, alguns dos prefeitos recém-eleitos já começaram a definir suas primeiras ações à frente de suas prefeituras. Yves Ribeiro (MDB), prefeito eleito na cidade de Paulista,  Região Metropolitana do Recife, é um desses e, inclusive, já anunciou uma de suas primeiras decisões para 2021: não será realizado o Carnaval do próximo ano na sua cidade. 

Na manhã desta segunda (30), Yves falou sobre o tema durante entrevista à TV Globo Nordeste. Ele foi categórico ao afirmar que não haverá Carnaval em Paulista, no ano de 2021, por conta dos riscos que a pandemia do coronavírus ainda impõem à toda população. “Carnaval não vai dar para fazer, porque eu acho que foi um erro ter feito (em 2020). Quando nenhuma autoridade teve coragem de dizer, eu estou dizendo: não vou fazer Carnaval. Não se pode fazer Carnaval sem vacina (contra Covid-19), é perigoso”. 

##RECOMENDA##

Outra cidade que já decretou a não realização do Carnaval em 2021 foi Salvador, na Bahia. Na última sexta (27), o prefeito soteropolitano, ACM Neto (DEM), confirmou o cancelamento da festa através das redes sociais."É OFICIAL: Em função da pandemia do coronavírus, NÃO HAVERÁ CARNAVAL DE SALVADOR EM FEVEREIRO. A nova data vai depender da ampla disponibilização da vacina. O calendário da festa será discutido no momento certo”. 

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), assinou um decreto, publicado na manhã desta quarta (18), cancelando o Carnaval na capital federal em 2021. A medida é mais uma no enfrentamento ao novo coronavírus. Assim como a folia de Momo, as festividades de Réveillon de 2020 também foram canceladas. 

Em Brasília, e em todo o Distrito Federal, está proibida a realização de eventos com público superior a 100 pessoas desde o início do mês de março. Neste novo decreto, de número  nº 41.482, ficam proibidostambém o Réveillon deste ano e o Carnaval de 2021. Estão liberadas, no entanto, atividades coletivas culturais em estacionamentos, desde que o público permaneça dentro de veículos e mantenham distância de dois metros entre cada carro estacionado.

##RECOMENDA##

A realização do Carnaval, uma das maiores manifestações populares do Brasil, em 2021 segue dividindo opiniões em todo o país. No Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia, a festa deve ser adiada para o mês de julho. Já no Recife e em Olinda, não há ainda previsão para o ciclo carnavalesco do próximo ano. O único consenso, entre gestores no território nacional, é de que a festa só poderá ocorrer mediante a chegada da vacina e devida imunização da população. 

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando