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O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para flexibilizar regras de impedimento de juízes e liberar magistrados para julgar casos em que as partes sejam clientes de escritórios de cônjuges, parceiros e parentes. Até a noite de ontem o placar estava em 6 a 3 no plenário virtual. A decisão beneficia os próprios ministros do STF. Gilmar Mendes, Cristiano Zanin, Dias Toffoli e Alexandre de Moraes são casados com advogadas. Já os ministros Luís Roberto Barroso, Luiz Fux e Edson Fachin, por exemplo, são pais de advogados.

A restrição foi criada na reforma do Código de Processo Civil para garantir a imparcialidade nos julgamentos e valia inclusive para processos patrocinados por outras bancas de advogados. Isso quer dizer que, se o cliente tivesse alguma causa no escritório do parente do juiz, o magistrado estaria impedido de julgar qualquer ação dele.

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O ministro Gilmar Mendes, decano do STF, apresentou o voto predominante. Ele defendeu que a restrição à atuação dos magistrados viola os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade.

O argumento é que não dá para exigir que os juízes conheçam a carteira de clientes dos escritórios de seus parentes. "O fato é que a lei simplesmente previu a causa de impedimento, sem dar ao juiz o poder ou os meios para pesquisar a carteira de clientes do escritório de seu familiar", criticou.

O julgamento estava em curso no plenário virtual do STF. Nesta modalidade, não há debate, reunião dos ministros ou transmissão pela TV Justiça. Os votos são registrados em uma plataforma online. A votação termina na segunda.

'INTEGRIDADE'

O economista Bruno Brandão, diretor executivo da Transparência Internacional - Brasil, classificou como "lamentável" a decisão do STF. Na avaliação do especialista, a regra de impedimento contribuía para "aprimorar a integridade" da Justiça. "A decisão produz uma percepção na sociedade ainda pior por ter sido tomada por juízes cujas esposas e filhos advogados são sócios de escritórios diretamente afetados."

Brandão discorda do argumento de que os juízes não têm instrumentos para controlar se estão julgando causas de clientes de parentes. "O argumento de que a medida é inexequível é altamente questionável, considerando as possibilidades atuais dos processos digitais. Empresas privadas fazem, há anos, esse tipo de checagem de vínculos societários, de maneira automatizada, para detectar riscos de compliance."

O Código de Processo Civil determina que os magistrados devem se declarar impedidos para o julgamento dos clientes das bancas de seus maridos, esposas e parentes de até terceiro grau. A regra de impedimento se aplica mesmo para processos que estiverem a cargo de outros escritórios, ou seja, o juiz não podia analisar nenhuma ação de quem tivesse contratado serviços de advocacia com bancas de seus familiares.

ASSOCIAÇÃO

A ação em julgamento no STF é movida pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). A entidade de classe afirma que os juízes precisariam exigir dos parentes uma lista diária da relação de seus clientes e poderiam ser penalizados por "informações que estão com terceiros".

"O dispositivo ora impugnado se presta apenas para enxovalhar alguns magistrados, pois quando há o interesse de atingi-los ou maculá-los, certamente para constrangê-lo em razão de já ter proferido decisão(ões) contrária(s) aos seus eventuais detratores, esses se prestam a fazer pesquisas extra-autos para obter a informação necessária a apontar o impedimento que o magistrado desconhece", argumentou a AMB ao dar entrada no processo em 2018.

Ao votar para derrubar a regra, Gilmar também argumentou que, na prática, a restrição é "inviável", por causa da rotatividade entre os escritórios de advocacia. "Sociedades de advogados são formadas, desmembradas e dissolvidas. Advogados empregados são contratados e demitidos", afirmou. "Para observar a regra de impedimento, não basta verificar o nome do advogado constante da atuação. É indispensável verificar as peças do processo, checando o papel timbrado no qual são veiculadas as petições."

O voto afirma ainda que a distribuição dos processos é aleatória e que o impedimento deve ser "excepcional". "O trabalho do juiz é julgar. Aceitar que as partes usem a recusa como meio para manchar a reputação do julgador é diminuir não só a pessoa do juiz, mas a imagem do Poder Judiciário", acrescentou.

O decano foi acompanhado por Cristiano Zanin, Luiz Fux, Dias Toffoli, Kassio Nunes Marques e Alexandre de Moraes.

Em seu voto, Zanin afirmou que o controle das partes do processo é "praticamente impossível" e que a regra poderia prejudicar parentes de magistrados. "Tanto os clientes quanto os advogados não são obrigados a permanecer no mesmo escritório. É a regra da iniciativa privada. Os vínculos se alteram tanto entre os advogados e os escritórios como entre os escritórios e os seus clientes", defendeu.

O ministro Edson Fachin, relator do processo, votou para manter a regra de impedimento. Ele defendeu que ela foi criada para "garantir um julgamento justo e imparcial". "Ainda que em alguns casos possa ser difícil identificar a lista de clientes do escritório de advocacia, a regra prevista no Código de Processo Civil está longe de ser de impossível cumprimento", rebateu. Ele foi seguido por Rosa Weber e Luís Roberto Barroso.

CÓDIGO

Base da mudança de entendimento, a reforma do Código de Processo Civil (CPC) ocorreu em 2015. O rascunho que deu origem ao novo CPC foi elaborado por uma comissão de juristas que concluiu os trabalhos cerca de cinco anos antes. O coordenador da equipe está hoje no STF e participa do julgamento em curso: o ministro Luiz Fux, que agora votou contra o impedimento.

Quando começou a trabalhar na reforma, Fux era ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele entregou pessoalmente o anteprojeto da reforma no Senado, onde o texto começou a ser votado. A versão original do projeto não previa a regra de impedimento que hoje vigora no texto. A norma proposta pela comissão coordenada por Fux era mais modesta: os juízes só não poderiam despachar em ações patrocinadas por escritórios de seus familiares, mesmo que os parentes não estivessem diretamente envolvidos no caso.

O texto ganhou uma versão ainda mais restritiva a partir de um substitutivo. O artigo 144 passou a prever que o juiz não pode atuar em processos "em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório". Regra agora flexibilizada.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) deve concluir até o fim de outubro a avaliação detalhada do apagão ocorrido na terça-feira (15) que deixou consumidores de 25 Estados e do Distrito Federal sem luz. Embora já tenha indicado que o ponto de partida foi uma atuação incorreta no sistema de proteção de uma linha de transmissão no Ceará operada pela Chesf, subsidiária da Eletrobras, a instituição afirma que isso, de forma isolada, não seria suficiente para gerar tamanho impacto no sistema.

Enquanto segue nas análises, o ONS tem operado o sistema em condições "mais conservadoras", disse a instituição. O objetivo é "garantir a segurança do atendimento conforme previsto nos Procedimentos de Rede". Entre as medidas tomadas estão a redução no carregamento das linhas de transmissão e a postergação de manutenções programadas, explicou o ONS, em nota divulgada na noite desta quinta-feira (17).

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O Relatório de Análise de Perturbação (RAP), a ser concluído em até 45 dias úteis, conforme previsto em normativo da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), deverá conter uma avaliação detalhada da ocorrência, da causa raiz, sequência de eventos, desempenho das proteções, dentre outras informações. Também deve incluir recomendações e providências.

Na próxima sexta-feira (25) está agendada a primeira reunião com a participação do Ministério de Minas e Energia (MME), da Aneel e dos agentes de geração, transmissão e distribuição para avaliar as informações consolidadas enviadas pelos envolvidos na ocorrência, dando início à elaboração do documento. Uma segunda reunião está previamente marcada para 1º de setembro.

O ONS informou ter publicado também nesta quinta-feira um documento técnico e inicial com informações consolidadas, denominado Informe Preliminar de Interrupção de Energia no Sistema Interligado Nacional (IPIE), que servirá de base para o diagnóstico final. O documento reitera informações divulgadas na quarta-feira, 16, quando o ONS apontou como ponto de partida do apagão a linha em 500 kV Quixadá-Fortaleza II, mas indicou que o desligamento dessa linha "refletiu desproporcionalmente em equipamentos adjacentes e ocasionou oscilações elétricas (tensão e frequência) no sistema das regiões Norte e Nordeste".

Com isso, houve o acionamento de mecanismos automáticos de proteção sistêmicas, como as Proteções de Perda de Sincronismo (PPS) e o Esquema Regional de Alívio de Carga (ERAC), visando a conter e minimizar a propagação da perturbação no Sistema Interligado Nacional (SIN). O acionamento do PPS resultou na "abertura controlada" de linhas que compõem as interligações Norte-Nordeste, Nordeste-Sudeste e Norte-Sul, o que resultou na separação do SIN em três áreas elétricas distintas. O termo "abertura" é utilizado quando uma linha de transmissão sai de operação. Já o ERAC determina cortes controlados de carga, que foram realizados em parte dos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste e Sul.

Toda a sucessão de fatos levou à interrupção de cerca de 19 mil megawatts (MW) de cargas do SIN, ou 27% dos 73 mil MW que estavam sendo atendidos por volta das 8h30, quando a ocorrência começou.

Na análise inicial, o ONS reiterou que o sistema atuou conforme esperado, evitando um evento ainda maior.

Segundo o ONS, a recomposição das cargas foi iniciada em todas as regiões nos primeiros minutos após a ocorrência. A primeira região a ser normalizada foi a Sul, pouco depois das 9h. Meia hora depois, as cargas das regiões Sudeste/Centro-Oeste foram restabelecidas. Por volta das 13h30 todo o sistema de operação sob coordenação do ONS estava restaurado, e às 14h49 todas as cargas interrompidas estavam normalizadas pelas distribuidoras.

A morte por alergia a alimentos é um evento considerado muito raro. Segundo a Organização Mundial de Alergia ocorrem, por ano, no máximo 0,32 casos por milhão de pessoas. Mas foi o que aconteceu com o influenciador digital Brendo Yan, de 27 anos, do Rio Grande do Norte, que apresentou uma forte reação alérgica depois de comer um bolinho de camarão e acabou morrendo na última quarta-feira, 26.

A alergia alimentar é uma resposta exacerbada do organismo a determinadas proteínas presentes em alguns alimentos que são reconhecidas erroneamente como agressoras pelo sistema imunológico e, por conta disso, atacadas. Os sintomas podem ser leves, como reações cutâneas, e gastrointestinais, até outros mais graves, como reações nas vias aéreas e cardiovasculares.

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A reação mais grave e potencialmente letal é a anafilaxia, com comprometimento do sistema cardiocirculatório, hipotensão e choque. Em questão de minutos a pessoa pode morrer se não for imediatamente tratada com adrenalina. Foi o que aconteceu com Brendo Yan. Ele chegou a ser socorrido e ficou quatro dias internado, mas, mesmo assim, não resistiu.

"Esses desfechos fatais são raros e nos deixa muito triste até porque são preveníveis em pelo menos dois estágios", afirmou a médica Ana Paula Moschione Castro, alergista e imunologista da USP e diretora da Clinica Croce. "O primeiro deles, para quem sabe que tem alergia, é evitar a ingestão do alimento. Mas sabemos que, às vezes, ele pode estar escondido em alguma preparação ou sob uma rotulagem inadequada. O segundo é, uma vez iniciada a reação, reconhecer a gravidade e tomar as medidas para reduzir o risco de morte."

A principal medida, segundo a especialista, é tomar uma injeção de adrenalina o mais rapidamente possível. Em pelo menos um terço dos países do mundo os pacientes têm o direito de carregar consigo uma adrenalina autoinjetável para ser usada nessas circunstâncias. No Brasil, isso não é permitido. Portanto, a única medida possível é se encaminhar ao hospital mais próximo para tomar a adrenalina.

"Nesses casos, quando há o acometimento de dois sistemas ao mesmo tempo, como o cutâneo e o respiratório, não adianta tomar antialérgico", alerta a especialista. "É preciso ir para o pronto-socorro mais próximo para receber a adrenalina."

No Brasil, não há estatísticas oficiais, mas a prevalência de pessoas alérgicas a alimentos se assemelha à internacional, segundo especialistas. Até os 2 anos de idade, cerca de 8% das crianças têm algum tipo de alergia alimentar, geralmente a leite, ovos e trigo. Esse tipo de alergia, em muitos casos, é reversível conforme a criança envelhece. Entre os adultos, a prevalência é de 2%. Neste caso, os principais vilões são os frutos do mar, com destaque para o camarão, os peixes, o amendoim e as castanhas em geral.

"Mas qualquer pessoa, em qualquer momento da vida, está sujeita a ter uma reação alérgica. Pode ter comido camarão a vida toda sem problemas e, um dia, apresentar alergia", alertou o especialista Alex Lacerda, do Departamento Científico de Anafilaxia da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). "Nas pessoas que já sabem que têm alergia, erros comuns são achar que se comer só um pouquinho não terá reação ou que se tomar um antialérgico antes não terá reação. A medicação antes não previne a anafilaxia."

A Advocacia-Geral de União (AGU) anunciou, nesta segunda-feira (13), a desistência de cerca de 20 mil processos trabalhistas que tramitam no Tribunal Superior do Trabalho (TST), com o objetivo de “reduzir a litigiosidade”. O acordo de cooperação técnica estava em negociação desde fevereiro. À época, o procurador-geral da União, Marcelo Eugênio de Almeida, e a procuradora nacional da União de Trabalho e Emprego, Mônica Casartelli que a redução do número de processos em que a União é parte será melhor para o interesse público. 

As ações são de trabalhadores contratados por empresas terceirizadas que prestam serviços para a União, como recepção, vigilância e limpeza. As causas são, em maioria, de valores baixos, entre um e dois salários-mínimos. Os casos judicializados envolvem a falta de pagamento dos últimos salários e verbas rescisórias. 

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A União tem responsabilidade subsidiária dos encargos trabalhistas em casos de terceirização, se a empresa não bancar os recursos ao funcionário. Com o acordo assinado, a AGU deixará de recorrer nos processos em que é acionada na Justiça e também vai propor conciliação com os trabalhadores. 

O acordo foi assinado na sede do TST. Participaram da cerimônia o advogado-geral da União, Jorge Messias, o ministro do Trabalho e Emprego Luiz Marinho, o presidente do TST, Lelio Bentes Corrêa, o vice-presidente da Corte, Aloysio Corrêa da Veiga, o procurador-geral da União, Marcelo Eugenio Feitosa Almeida e a Procuradora Nacional da União de Trabalho e Emprego, Monica de Oliveira Casartelli. 

Para Messias, o acordo é “histórico e simbólico” e representa uma nova forma de a AGU agir, buscando reduzir a litigiosidade. 

“A responsabilidade subsidiária da administração pública por contrato de terceirização inadimplido tem flagrante impacto social, já que o volume de processos nas instâncias ordinárias, os trabalhadores terceirizados que laboraram em favor da União, recepção, vigilância, copeiragem, limpeza, nos mais diversos órgãos, essas pessoas estão sem receber a contraprestação pelo trabalho prestado há muitos anos”, declarou. 

 

Os três ataques de tubarão em um período de aproximadamente 15 dias, no Grande Recife, voltaram a acender o alerta sobre os motivos de os acidentes desse tipo serem tão comuns em Pernambuco. Em todo o Estado, foram 77 incidentes com esses animais, desde 1992, quando começaram os registros oficiais. Os especialistas em biologia marinha são unânimes em afirmar que "não há uma causa única" e sim "um conjunto de fatores" que tornam a região mais propensa a essas ocorrências.

De acordo com a pesquisadora Mariana Azevedo, coordenadora do Núcleo de Pesquisa Fábio Hazin, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), entre os fatores apontados como "principais" estão: a topografia do litoral pernambucano, com canal profundo perto da costa e antes dos recifes de coral, o que facilita a passagem dos tubarões quando a maré sobe; a escassez de comida, provocada, em grande parte, pela degradação ambiental que atinge os canais para onde os tubarões são atraídos; a construção e ampliação de complexos portuários na região e o crescimento dos índices de esgoto lançados clandestinamente no mar.

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Ainda segundo com informações do Comitê Estadual de Monitoramento de Incidentes com Tubarões e outros especialistas consultados pela reportagem, a falta de respeito de banhistas e surfistas à sinalização e às orientações dos bombeiros sobre a proibição de práticas esportivas, mergulho e banho nos trechos considerados "críticos" também propicia a ocorrência de ataques.

"A falta de educação ambiental é um fator importante nessa questão e não pode ser deixada de lado. É evidente que é preciso reforçar as medidas de proteção, investir na ampliação e manutenção da sinalização e retomar urgentemente os estudos e pesquisas sobre os tubarões, que estão parados há anos. Mas não podemos deixar de enfatizar que a grande maioria dos ataques acontece em áreas sabidamente críticas, onde já foram registrados ataques, onde em boa parte há sinalização e alerta constante feito por profissionais do Corpo de Bombeiros", afirma o professor de Biologia Andrey Freire, que tem um canal no YouTube onde compartilha dados, pesquisas e informações sobre tubarões.

Como explicar, continua ele, a insistência de pessoas em entrar no mar, minutos após o ataque da última segunda-feira, "fazendo com que os bombeiros literalmente tivessem que tirar um banhista à força de dentro da água?" "É preciso investimento do Estado na educação ambiental. A praia é um dos lazeres preferidos da população. Afinal, é de graça e refresca no calor imenso típico de nossa região. Mas é preciso aproveitar o mar com consciência."

Trechos críticos

No litoral de Pernambuco, desde o município de Olinda até o Cabo de Santo Agostinho, há 36 quilômetros considerados de risco aos ataques de tubarões. De acordo com a pesquisadora Mariana Azevedo, a topografia da região, especialmente no trecho entre a Praia do Pina, na zona sul do Recife, e a Praia do Paiva, no Cabo, favorece a presença dos tubarões na costa, perto da faixa de areia.

"Existe um canal profundo que fica perto da costa onde os banhistas tomam banho e praticam atividades como o surf, mergulho e outras atividades. Ele fica antes dos recifes de coral. Quando a maré sobe, esses animais conseguem passar por cima dos recifes e acabam ficando presos numa posição confortável para estar indo atrás de alimento e aí os ataques acabam acontecendo", afirmou.

Foi exatamente nestas condições que aconteceram os três últimos ataques, em Olinda, ao surfista André Luiz Gomes da Silva, e em Piedade, onde foram feridos um adolescente de 14 anos, que perdeu a perna; e a jovem Kaylane Timóteo Freitas, que perdeu parte do braço esquerdo e teve ferimentos nas pernas e na barriga.

Ainda segundo a especialista, a frequência de ataques de tubarão também tem relação com a construção de empreendimentos de grande porte na região costeira de Pernambuco e com a degradação ambiental local, principalmente aterro de áreas de mangue e poluição. "Os tubarões saem do mar aberto e se aproximem da costa por busca por alimento. Além disso, tubarões costumam ter sua atenção atraída pelo reflexo de dejetos atirados no mar, como sacolas e garrafas plásticas. Ao avistarem esses objetos, eles costumam ir atrás e, muitas vezes, chegam próximo da região com banhistas."

Cuidados

Entre os cuidados apontados pelos especialistas que devem ser adotados por banhistas, surfistas e demais frequentadores do litoral pernambucano estão:

- Obedecer rigidamente às orientações de não entra no mar nos pontos em que o banho de mar e outras atividades aquáticas são proibidas

- Evitar entrar no mar em áreas de mar aberto, especialmente no período de maré alta

- Redobrar a atenção ao amanhecer e ao cair da tarde

- Evitar o banho, mergulho e outras atividades na foz dos rios, em áreas profundas e/ou turvas

- Evitar entrar no mar se estiver sozinho

- Não entrar no mar se estiver com qualquer tipo de sangramento ou alcoolizado

- Evitar o uso de objetos brilhantes dentro da água e sempre recolher todo o lixo produzido durante sua estadia na praia.

Desde que os registros de ataques foram iniciados, em 1992, foram contabilizados 77 casos. Deste total 26 vítimas morreram e 51 sobreviveram com sequelas ou amputações. Dos casos, 67 ataques ocorreram em cidades da região metropolitana e outros 10, no Arquipélago de Fernando de Noronha.

O Ministério da Saúde indica que, pelo menos, dois milhões de brasileiros convivam com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Cerca de 3% a 5% das crianças em todo o mundo já foram diagnosticadas com o transtorno, que é genético e não tem cura. Durante a pandemia, o debate acerca dos transtornos mentais e síndromes foi acalorado, já que as tensões sociais e econômicas têm grande impacto na saúde mental da população e um “boom” de novos diagnósticos surgiu. 

Nas redes sociais, o burnout (nome mais popular da Síndrome do Esgotamento Profissional) foi o centro de muitos relatos de fadiga, desatenção, ansiedade e sintomas de cunho psicossomático no geral. Esses mesmos sintomas, também associados à depressão, transtorno borderline, entre outros, são parte da rotina de vários dos pacientes com TDAH. A confusão entre os sinais é comum e muitas pessoas não têm ciência de que esses transtornos dialogam dentro de cada sistema e podem, inclusive, serem os provocadores uns dos outros. 

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Na maioria dos casos, o TDAH é melhor tratado com uma combinação de terapia comportamental e medicação. Para crianças em idade pré-escolar (4-5 anos de idade) com TDAH, a terapia comportamental, particularmente o treinamento para os pais, é recomendada como a primeira linha de tratamento antes que a medicação seja tentada. 

O que funciona melhor pode depender da criança e da família. Bons planos de tratamento incluirão monitoramento próximo, acompanhamentos e mudanças, se necessário, ao longo do caminho. Reconhecer o problema e se permitir ser ajudado, porém, é o primeiro grande passo. 

“Busque ajuda. Não é nada demais, você não tem culpa. Nasceu desta forma e a gente sabe que é genético. Buscar ajuda não é ser diminuído, pelo contrário, é mostrar que você é uma pessoa bem-informada e que conhece seu sistema e as mudanças de comportamento. Sempre que preciso, busque um profissional especializado, que tenha as ferramentas e o conhecimento necessários para lhe ajudar nesse momento. O ser humano não é engessado e nem uma ciência exata”, é o que diz o neuropsicólogo Carol Costa, entrevistado pelo LeiaJá. 

Confira a entrevista completa 

— Carol Costa Júnior, neuropsicólogo e coordenador do setor de psicologia do Sistema Hapvida em Pernambuco

LeiaJá: O que é ou o que causa o TDAH? Há mais de um tipo desse transtorno? 

CC: O TDAH é o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e é genético, as pessoas já nascem com ele. O que as pesquisas indicam é que é genético. Ele provoca alterações físicas e estruturais no cérebro. Sabe-se, de forma muito recente, que o córtex pré-frontal de pessoas que têm o TDAH é um pouco menor do que o tamanho normal. Essa área é responsável pelo sistema inibitório, personalidade, ação, tomada de decisões.  

É um transtorno que afeta a vida da pessoa como um todo. As crianças são mais agitadas que o normal, que não param de falar, se movimentam e falam o tempo todo. Também causa transtornos funcionais sociais, porque muitas vezes só eles falam e têm a vez, e isso para o grande grupo é complicado, pois gera uma estigmatização [das pessoas com TDAH]. 

Temos o TDAH em crianças com predominância do TDA - o déficit de atenção; crianças desatentas, que não conseguem focar e se distraem com facilidade. E tem também as com foco em hiperatividade, as crianças mais agitadas. Os níveis são leve, moderado e severo. Também temos o Transtorno Hipercinético, que se encaixa na condição do TDAH. São formas diferenciadas de apresentação do transtorno. 

LeiaJá: Especialmente durante a pandemia, surgiram muitos relatos e “memes” de pessoas se perguntando: “tenho TDAH, burnout ou depressão?”, e as discussões apontaram para a similaridade entre os sinais de cada um. Essa impressão é verídica? 

CC: Em alguns momentos, os transtornos se fundem. Muitas vezes um é comorbidade do outro. Por exemplo, o espectro autista (TEA), muitas vezes, tem o TDAH como comorbidade. O TDAH pode até se fundir com a depressão. Por quê? Essa criança, ao longo da vida, ela é muito agitada, fala muito e conforme cresce e tem contato com os pares, percebe que as pessoas começam a se afastar dela. Como jovem, passa a ter depressão. Muita gente diz que o TDAH some, mas não é verdade, a pessoa que começa a controlá-lo para não ser banida do convívio social. Muitos também desenvolvem a depressão e a ansiedade por não conseguirem manter o foco, por terem baixo rendimento escolar, embora sejam os mais inteligentes. Tudo isso [os sintomas] é muito próximo. Essas pessoas também têm dificuldade de fixar informações, são muito esquecidas, têm dificuldade de socialização, o que pode se confundir com a ansiedade e com o burnout. 

LeiaJá: Como diferenciar transtornos cujos traços comportamentais e sintomas são parecidos? 

CC: Por isso é necessária uma equipe multidisciplinar. Profissionais especializados para intervir e identificar com segurança e ética onde esse indivíduo está inserido. Para isto, existem algumas escalas de avaliação, testes e questionários, pelos quais conseguimos perceber. Não são transtornos que se percebem através de exames ou de imagens. Todo o diagnóstico é comportamental e observacional-clínico. Logo, são entrevistas com os pais, entrevistas com o paciente e observações do paciente em determinadas situações. Assim, a equipe multidisciplinar chega ao diagnóstico. Em alguns casos, será preciso a intervenção medicamentosa. Há casos de TDAH que precisam, para que as terapias aconteçam, do tratamento medicamentoso, feito com psicofármacos para que a pessoa foque, fique mais atenta, e possa ter uma vida mais funcional. 

LeiaJá: Quem pode fazer o diagnóstico do TDAH? 

CC: O diagnóstico é feito pela equipe multidisciplinar. São parte dessa equipe terapeutas, neurologistas, psiquiatras infantis, neuropediatras, psicólogos, neuropsicólogos, psicopedagogos, professores, médicos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, psicopedagogos, neuroeducadores. Todos esses estão aptos a identificar o indivíduo com o TDAH. O tratamento é através de sessões terapêuticas que trabalham foco, atenção e memória, também com auxílio do tratamento medicamentoso. 

LeiaJá: Qual o grupo (idade, gênero) mais afetado pelo TDAH? 

CC: O TDAH se percebe na infância, geralmente na idade escolar. A prevalência maior é em meninos, mas aí existe uma discussão: será que a prevalência do TDAH é mesmo maior em meninos ou a menina sente um peso social de se manter mais comedida, mais recatada, culturalmente falando? Isso já é base de algumas pesquisas, mas estatisticamente, a prevalência maior é em meninos; os transtornos no geral, as neuropatologias, surgem mais em meninos. Na fase da alfabetização o transtorno costuma ficar mais evidente, por conta da desatenção. O TDAH segue ao longo da vida; não tem cura, mas tem tratamento. 

LeiaJá: O TDAH ainda é um transtorno desconhecido e/ou negligenciado? 

CC: Antigamente tínhamos o menino "danado", agitado, o "burro da sala", a criança que não aprende nada. Esse era o TDAH da época. Isso mudou através da expansão da neurociência comportamental e da psicologia, que ganharam força analisando padrões de comportamento e buscando evidências. Temos uma metodologia para isso. Hoje há um entendimento do que é essa desatenção. Não existe mais o menino burro, mas o que precisa de uma metodologia adaptada. Temos aí os Planos Educacionais Individuais (PEIs), profissionais voltados ao atendimento dessa demanda. É uma dificuldade no aprendizado, mas não é limitante. Cada vez mais as pessoas estão buscando informações e hoje conseguimos ter uma visão um pouco maior. 

 

Um estudo britânico que questiona a eficácia dos antidepressivos químicos provocou um debate intenso na comunidade científica, onde não há um consenso claro sobre as origens da doença.

"Nosso estudo (...) questiona a ideia por trás do uso de antidepressivos", afirmaram no fim de julho os psiquiatras Joanna Moncrieff e Mark Horowitz no site The Conversation, após a publicação da pesquisa na revista Molecular Psychiatry.

O estudo aborda a questão da serotonina, uma molécula essencial para a transmissão de emoções ao cérebro.

A hipótese, em vigor nas últimas décadas e que serviu para uma vasta literatura científica, pressupõe que uma pessoa que não produz serotonina suficiente precisa de um suporte químico.

A nova pesquisa, baseada em uma compilação de publicações prévias e por isto mais sólido que um trabalho isolado, conclui que o vínculo entre um déficit de serotonina e a presença da depressão não é determinante.

A apresentação do estudo, feita por Joanna Moncrieff, uma psiquiatra conhecida pelo ceticismo a respeito das explicações biológicas para a depressão, provocou críticas.

"Globalmente, concordo com as conclusões dos autores, mas não compartilho suas certezas tão inflexíveis”, comentou o psiquiatra britânico Phil Cowen na Science Media Center.

"Nenhum profissional da saúde mental ousaria afirmar que um problema tão complexo como a depressão surge de um único neurotransmissor", disse Cowen.

Alguns críticos ressaltam que a nova compilação dos psiquiatras não mede diretamente o nível de serotonina, e sim a presença indireta.

Moncrieff, que é uma crítica ferrenha da indústria farmacêutica, afirma que a comunidade psiquiátrica continua dominada pela teoria da serotonina.

"Há psiquiatras famosos que começam a duvidar do vínculo entre depressão e déficit de serotonina, mas ninguém se preocupou em alertar o público", ironiza em seu blog.

- Confronto de modelos -

Para o psiquiatra suíço Michel Hofmann, os autores do novo estudo que um passo além da pesquisa. Ao questionar a ligação entre a serotonina e a depressão, eles sugerem que os antidepressivos não devem ser utilizados.

"É um estudo sério (...) mas não acredito que seja um artigo que tenha impacto a curto prazo sobre a prescrição de antidepressivos", disse o especialista à AFP.

Moncrieff explica, no entanto, que não aconselha a interrupção abrupta dos antidepressivos.

Hofmann, assim como outros psiquiatras, recorda que estes medicamentos demonstraram eficácia no momento de aliviar a depressão, independente da origem da doença.

"Os mecanismos dos medicamentos utilizados no tratamento da depressão são geralmente múltiplos e, na maioria dos casos, não sabemos de forma precisa o que faz com que um tratamento seja eficaz", explica.

O debate a respeito da serotonina ilustra o mistério a respeito de uma doença complexa, uma das mais importantes por seu impacto nas sociedades ocidentais.

"Continuamos no campo das hipóteses, continuamos investigando e confrontando os modelos", conclui Hofmann.

O Brasil registrou queda de 60,4% na média móvel de mortes por Covid-19 desde o pico nas ocorrências causadas pela variante Ômicron. O recuo foi de uma média de 895,36 óbitos em 18 de fevereiro deste ano para média de 354,3 na última segunda-feira (21) segundo o mais recente boletim epidemiológico do Ministério da Saúde. A Covid-19 deixou também de liderar o ranking de mortes por doenças no País. Com a queda de óbitos em março, o coronavírus passou a ocupar a terceira posição em letalidade, atrás do enfarte e do Acidente Vascular Cerebral (AVC).

Conforme dados do Portal de Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil, na semana de 16 a 22 de março, os AVCs causaram 843 mortes no país, o dobro dos registros de óbitos por Covid-19, que ficaram em 421.

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As mortes pelo vírus também foram superadas pelos 782 óbitos causados pelos enfartes. Desde a semana de 16 a 22 de janeiro, quando foram contabilizados 1.976 óbitos, a Covid-19 vinha liderando o ranking de mortes. Na época, o Brasil vivia o ápice da terceira onda, causada pela forte circulação da variante Ômicron e pelos efeitos das festas do fim de ano. O pico foi de 30 de janeiro a 5 de fevereiro, quando 6.641 morreram de Covid-19.

No acumulado deste mês de março, até o dia 22, a Covid-19 também aparece em terceiro lugar, com 3.549 registros oficiais de óbitos, atrás do AVC, com 4.453, e do infarto (4.157 mortes). Desde abril de 2020, esta é a segunda vez que a Covid-19 sai do topo do ranking de fatalidade por doença. A anterior foi no período de 17 de outubro de 2021 até 15 de janeiro deste ano.

Os dados foram computados tendo como base na data do óbito constante no registro em cartório, por isso os números podem ser diferentes daqueles apurados pelo consórcio de veículos de comunicação, do qual o Estadão faz parte, e pelo apontado nos boletins do Ministério da Saúde.

Os dados do Ministério indicam que houve queda de 77,7% na média móvel de casos desde o dia 5 de fevereiro, quando a pandemia atingiu a máxima histórica de casos, registrando média de 183 mil. Conforme a pasta, a queda se deve principalmente à ampla campanha de vacinação contra a Covid-19, que fez o imunizante chegar a 91,38% da população acima de 12 anos com a primeira dose, e 85,35% desse mesmo público com a segunda aplicação ou dose única.

"O Ministério orienta que os brasileiros tomem a dose de reforço. Pesquisa da Universidade de Oxford indica que isso aumenta em até 100 vezes a imunidade contra a doença", disse.

té o momento, segundo a pasta, 41% do público tomou o reforço. Levantamento da Secretaria de Enfrentamento à Pandemia da Covid-19 (Secovid) do Ministério da Saúde aponta que 59,4 milhões de brasileiros estão prontos para receber a dose de reforço, contudo, ainda não voltaram aos postos de vacinação. A mesma pesquisa indica que a complementação do esquema vacinal está pendente para 17,6 milhões de pessoas, que só receberam a primeira dose.

É cedo para decretar fim da pandemia, diz especialista

A infectologista Raquel Stucchi atribuiu a melhora significativa nos índices de disseminação da Covid-19 ao avanço da vacinação, mas disse que ainda é cedo para decretar o fim da pandemia. "São os efeitos principalmente da terceira dose para todos acima de 18 anos e quarta dose para os idosos, além do período de término da variante Ômicron original (BA.1). Precisamos aguardar para ver se a Ômicron BA.2 aumentará a circulação aqui como aconteceu na Europa. A expectativa é que essa variante possa ser responsável por uma nova onda de casos, por isso temos de aguardar", disse.

Ela lembrou que as coberturas vacinais, não só no Brasil, como no mundo todo, não dão uma boa margem de segurança quanto às novas variantes. "Além disso, estamos com dificuldade, em muitos locais, com a vacinação em crianças e com a adesão dos menores de 50 anos à terceira dose. Isso faz com que a gente possa manter a circulação de novas variantes", disse.

Segundo ela, é preciso fomentar a vacinação das crianças, a terceira dose de todos de 18 anos ou mais, e a quarta dose, ou a primeira dose de 2022, para todos os idosos do País, a fim de evitar que a BA.2 comece a predominar. "Também é necessário incorporarmos ao SUS (Sistema Único de Saúde) algumas medicações já aprovadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) que permitem uma diminuição do risco de evolução de formas graves da Covid-19 para aquelas populações que sabidamente respondem mal à vacina, que são os idosos e os imunodeprimidos", afirmou.

Um painel de especialistas contratado pela mineradora Vale informou que a barragem I da mina do Córrego do Feijão, em Brumadinho, Minas Gerais, rompeu quando os rejeitos sofreram uma súbita e rápida perda de resistência, fenômeno conhecido como "liquefação estática", conforme relatório sobre as causas do rompimento divulgado na manhã desta quinta-feira (12).

De acordo com os especialistas, o rompimento ocorreu devido a deformações da estrutura da barragem. Eles apontaram ainda uma redução de resistência em determinadas áreas da estrutura devido à infiltração das chuvas fortes que haviam caído na região nos dias anteriores à tragédia.

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"A barragem era essencialmente muito íngreme e muito úmida, e o material retido pela barragem era fofo, saturado, e muito pesado e de comportamento muito frágil", destacou Peter Robertson, que liderou o painel de especialistas contratado pela mineradora, em vídeo sobre as conclusões do relatório.

A Barragem I da mina do Córrego do Feijão se rompeu no dia 25 de janeiro. O acidente matou mais de 250 pessoas.

O relatório dos especialistas, composto por 88 páginas, foi contratado pela área jurídica da Vale em fevereiro para relatar as causas técnicas que causaram o rompimento da barragem. O painel é formado por quatro especialistas, liderados por Robertson.

A Vale ressaltou que o painel de especialistas não avaliou responsabilidades da empresa nem de pessoas envolvidas no acidente. As conclusões dos especialistas, destacou a mineradora, são exclusivas dos integrantes do painel.

Além disso, o Conselho de Administração montou um comitê para investigar, em paralelo, as causas do acidente, cujo relatório ainda será divulgado.

Transtorno de ansiedade faz vítimas em várias regiões do país. Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

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A ansiedade é um sentimento natural, parte do repertório de emoções do ser humano e na dose certa, tende a ser proveitosa por garantir até os dias atuais a sobrevivência da humanidade justamente por ativar o medo quando uma pessoa está em situação de alerta. Uma pessoa ansiosa pode estar doente quando o sentimento se torna um transtorno e causa limitações à vida dela. 

Pensamentos negativos constantes, fobia social, sensação de medo sem motivo real e preocupação em excesso com o futuro são algumas das características que podem indicar um distúrbio de ansiedade.  No corpo humano, a ansiedade é uma sensação decorrente da excessiva excitação do Sistema Nervoso Central consequente à interpretação de uma situação de perigo. É gerada uma descarga de um neurotransmissor chamado Noradrenalina, que é produzido nas suprarrenais, lócus cerúleos e núcleo amigdalóide.

Seja nos ambientes de trabalho, em conversas com os amigos, nos programas de televisão e até no cinema, o assunto se tornou constante nos últimos anos, principalmente entre os brasileiros. O país conhecido mundo afora pela alegria, samba no pé e bom futebol agora também é o mais ansioso do mundo. 

Um relatório divulgado em fevereiro de 2017 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre depressão e distúrbios de ansiedade colocou o Brasil em primeiro lugar entre as nações com maior percentual de pessoas com algum tipo de transtorno de ansiedade. De acordo com o levantamento, 9,3% da população sofre com a doença, cerca de 18 milhões de brasileiros. A porcentagem fica bem à frente de outras nações: nas Américas, quem chega mais perto do Brasil é o Paraguai, com uma taxa de 7,6%. Na Europa, a dianteira fica com Noruega (7,4%) e Holanda (6,4%).

Ranking dos dez países mais ansiosos do mundo:

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Fonte: Global Burden of Disease Study, 2015 - OMS (Organização Mundial da Saúde)

Ansiedade e medo são sentimentos normais que fazem parte de um mesmo espectro e surgem para que o ser humano se proteja de situações arriscadas com danos físicos e psíquicos. É o que destaca o psiquiatra Amaury Cantilino, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “O organismo produz esse sentimento para você se esquivar dos danos e se preocupar com algo que vai acontecer no futuro. É normal e essencial para a nossa sobrevivência. No entanto, se esse mecanismo que o nosso corpo tem para nos proteger funciona excessivamente, passa a ser prejudicial porque a pessoa ao invés de ser ajudada pela ‘ansiedade’ passa a ser atrapalhada”, explica o pesquisador. 

Cantilino chamou atenção para a condição patológica do sentimento. “A ansiedade pode atrapalhar o acometido de diversas formas. Ela provoca um sofrimento significativo, faz com que a pessoa se esquive de situações que ela deveria enfrentar. Os desafios parecem muito maiores do que a nossa capacidade de resolução porque a gente se imagina menor e amplia o tamanho dos problemas. A cabeça da pessoa ansiosa está constantemente diante de desafios insuperáveis e isso transforma o mundo em algo assustador”, complementa. 

Amaury indicou que não há um fator isolado para explicar a alta taxa de transtornos de ansiedade entre os brasileiros. Foto: Júlio Gomes/LeiaJáImagens

Ainda de acordo com a OMS, os transtornos de ansiedade atingem um total de 264 milhões de indivíduos no mundo, uma média de 3,6%. O que leva o Brasil a ter uma média de casos tão alta nos últimos anos ainda é uma discussão em andamento. Amaury indicou que não há um fator isolado para explicar a alta taxa de transtornos de ansiedade entre os brasileiros, mas os fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e o estilo de vida acelerado no país são possíveis causas desencadeadoras. 

Na análise do psiquiatra, a sociedade vive conectada em excesso em seus celulares e as pessoas estão sempre ‘plugadas’ para não perderem a informação. “Conflitos interpessoais são um dos grandes geradores da ansiedade. Seja no trabalho pela cobrança ou na família por uma série de inquietudes. Hoje, o excesso de demanda as quais as pessoas se submetem e a carga de tarefas muitas vezes são maiores do que a capacidade dela de aguentar. Não é que o ser humano não possa dar conta, ele até pode, mas não durante tanto tempo”, aponta Amaury.

Na visão de Nadège Herdy, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo, a ansiedade já pode ser considerada como o mal do século. "A velocidade com que temos acesso à informação hoje e com que somos cobrados gera estresse, pressão, favorecendo a manifestação da ansiedade. Aliado a isso, nos grandes centros a população acaba se impondo a um número exagerado de demandas, pessoas ‘multitarefas’, que precisam dar conta de vários trabalhos, do trânsito, ter tempo com filhos. Situações estressantes seriam a desigualdade social, pobreza, desemprego, violência, além da preocupação financeira. Elas podem gerar tensão favorecendo a manifestação do transtorno", descreve a médica.

Cada transtorno de ansiedade tem sintomas e um tratamento diferente. São diversos distúrbios e elencamos os principais:

Fobias Específicas:  São medos irracionais e específicos de determinado objeto, animal, atividade ou situação. A fobia não apresenta necessariamente uma lógica para seu desenvolvimento. Geralmente é algo que não apresenta perigo real. São comuns a claustrofobia, aracnofobia, agorafobia (medo de ficar sozinho em lugares públicos), acrofobia (medo de altura) e outros.

Fobia Social: Este distúrbio causa extremo desconforto e pavor em situações sociais, como ambiente novos, festas, apresentações em público, reuniões, entre outras. O indivíduo sente mal estar, palpitações, suor excessivo, agitação do corpo, náuseas e medo.

Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): Esse transtorno ocorre quando a ansiedade persiste por muito tempo e interfere nas atividades do dia a dia. O principal sintoma é preocupação excessiva, constante apreensão, tensão muscular e dificuldade para relaxar. 

Síndrome do Pânico: Este é um transtorno de ansiedade no qual ocorrem crises inesperadas de desespero e medo intenso de que algo ruim aconteça, mesmo que não haja motivo algum para isso. A possibilidade de acontecer os ataques de pânico provoca perda de controle e medo de enlouquecer ou ter um ataque do coração. Quem sofre do Transtorno de Pânico sofre crises de medo agudo de modo recorrente e inesperado. O organismo quando vai se preparar para a luta ou fuga, o coração acelera, a musculatura fica mais tensa e a pessoa vai precisar acumular oxigênio para lidar com a situação. Algumas pessoas podem ter esse tipo de reação sem nenhum risco iminente ou fator específico. 

Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): Este é um distúrbio psiquiátrico de ansiedade. O indivíduo apresenta crises recorrentes de pensamentos obsessivos, intrusivos e comportamentos compulsivos e bastante repetitivos, como lavar as mães a cada uma hora, por exemplo. Alguns portadores dessa desordem acham que, se não agirem assim, algo terrível pode acontecer.



A psiquiatra Nadège Herdy destacou também que a incidência da ansiedade aumentou nos últimos anos e é um problema que impacta as pessoas de todas as idades, em especial adultos e jovens. Para ela, o aumento da prevalência de transtornos de ansiedade tem relação "provavelmente" com a velocidade em que recebemos informação e somos cobrados a oferecer informação. "A internet trouxe conhecimento e isso não tem volta nem deve ter, também trouxe benefícios imensuráveis, porém é uma fonte de pressão e estresse se pensarmos na velocidade, na possibilidade de nos comunicarmos com muitas pessoas ao mesmo tempo na quantidade de afazeres que acabamos acumulando", detalha. 

A pesquisadora alertou sobre possíveis diagnósticos em pessoas predispostas a ter ansiedade. "A ansiedade tem etiologia multifatorial, portanto pessoas geneticamente vulneráveis a desenvolver transtornos ansiosos, se expostas a situações estressantes ou traumas, poderão evoluir com quadro clínico de ansiedade. Por isso a importância de se falar mais sobre isso e, quem sabe, possibilitar que as pessoas elaborem maneiras de conviver com a velocidade de informação de forma mais saudável", diz a estudiosa. 

Não há, no Brasil, pesquisas empíricas especializadas em mapear as origens das ansiedades no país. Sabe-se, no entanto, que a saúde mental dos brasileiros não está nada bem. Um levantamento do 'Datafolha' divulgado em setembro de 2018 mostrou que 78% dos entrevistados estão desanimados com o país, 68% sentem raiva quando pensam no Brasil e 59% têm mais medo do futuro do que esperança. 

O médico psquiatra Amaury Cantilino, com 25 anos de carreira, percebeu a crescente demanda de pacientes em seu consultório. Ele exemplifica que as pessoas estão à procura do tratamento porque agora têm mais acesso à informação. "Antes, as pessoas tinham esses transtornos e viviam as suas realidades sem se tratar. Hoje, a sociedade não quer limitações e por isso busca as melhorias. Acredito que os diagnósticos aumentaram pela realidade turbulenta da atualidade, mas não dá para comparar com o passado porque pouco se falava sobre o assunto", indicou.

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“Isso é frescura. É coisa de gente sem serviço. Vai lavar uma louça que passa", são frases comumente utilizadas para se referir a pessoas diagnosticadas com doenças mentais.

 No mundo existem cerca de 700 milhões de pessoas com transtornos mentais, diz a OMS. Ao mesmo tempo em que os casos de ansiedade crescem nacionalmente, o preconceito contra os padecentes de transtornos e deficiências mentais não cessam.

 Em 2018, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) lançou uma campanha contra a 'psicofobia' para alertar as pessoas sobre o preconceito com o assunto. A resistência em procurar ajuda em saúde mental pode ser explicada, em parte, pelo preconceito contra as pessoas que têm transtornos. A psicofobia carrega uma herança de séculos de discriminação contra os doentes mentais ao longo da história.

Reportagem integra o especial “Ansiedade”. Produzido pelo LeiaJá, o trabalho jornalístico detalha como a doença afeta pessoas de todo o mundo, bem como mostra as formas de tratamento. Confira as demais matérias:

1 - 'Minha mente é um turbilhão de pensamentos irrefreáveis'

3 - Dependência tecnológica: ansiedade pode ser gatilho

4 - Depressão e ansiedade podem andar juntas

5 - Muito além do divã: tratamento clínico pode ser integrado

O Brasil é o país com a maior taxa de transtornos de ansiedade do mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Segundo estimativas da organização, 9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade, principalmente os jovens. Sintomas como dificuldade de concentração, problemas no sono e preocupação excessiva são marcantes em pessoas ansiosas. 

De acordo com a psicóloga Cynthia Vasconcelos, as causas da ansiedade podem ser diversas. “Na atualidade, devido ao dinamismo da rotina cotidiana, é comum as pessoas ficarem ansiosas, porém, para que se configure transtorno de ansiedade, existe uma série de sintomas que devem ser levados em consideração como a frequência, a quantidade e o contexto”, explicou.

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A psicóloga ressaltou que é importante atentar para as mudanças de comportamentos. “Podemos tomar como exemplo a insônia. Quando nosso sono é alterado por algo que, a priori não tenha explicação, devemos ficar atentos. Pode ser um alerta do organismo que algo não anda bem”, alertou. 

O estudante de direito Bruno Moraes contou que sofre de ansiedade desde a infância. “Eu sou muito ansioso desde criança. Meu sobrepeso, que tenho até hoje, é causado principalmente por conta da minha ansiedade. Outra consequência da ansiedade é o meu défice de atenção. Na época do colégio, já no ensino médio, cheguei a fazer acompanhamento psicológico. Foi quando me senti melhor. Mas isso foi só naquela época e até hoje sigo tendo crises de ansiedade”, explicou. 

Bruno, hoje com 20 anos de idade e no quarto período do curso de direito, recorre a medicamentos naturais para amenizar a sua ansiedade. “Eu sou ansioso com tudo, mas principalmente quando chega a época de prova. Não consigo pensar em outra coisa, sinto falta de ar, as minhas mãos ficam suando, tenho crises de choro. Hoje quando estou em crise tomo calmantes naturais que me ajudam, porém, alguns já me atrapalharam por darem muito sono”, explicou. 

Segundo a psicóloga Jane Cavalcanti, o processo educacional e as relações familiares se constituem como fonte de ansiedade. “As cobranças, as expectativas dos pais em relação aos filhos, a escolha da carreira num momento em que se está em conflito no processo de aceitação do próprio corpo e de si mesmo, a competitividade do mercado, tudo influencia para que os jovens sejam alvo fácil dos transtornos de ansiedade”, pontuou. 

A administradora e social media, Thays Sampaio, 24 anos, afirmou que desde que estava no colégio sofre de ansiedade. Para ela, apresentar trabalhos, por exemplo, sempre foi um martírio. Além disso, Thays contou que sua ansiedade é considerada fator agravante nos sintomas da rosácea, doença crônica que possui. “Dependendo da situação a ansiedade reflete no meu corpo, como suor excessivo nas mãos e a piora da minha rosácea, doença crônica que causa vermelhidão e ardência no rosto. Fora a insônia. Quando tenho algo que considero muito importante para fazer não durmo nada bem na noite anterior ou até nas noites anteriores”, afirmou. 

“As principais coisas que me deixam ansiosa são as situações em que eu dependo de algum tipo de aprovação. Como provas, entrevistas, reuniões, apresentações e eventos. Na verdade a lista é grande”, pontuou. A administradora disse que isso já é tão comum na vida dela que nunca pensou em procurar ajuda médica. 

Já com a eventóloga Tania Lima, 34 anos, os sintomas causados por ansiedade sobressaíram de forma mais intensa. Embora se considere uma pessoa naturalmente ansiosa, em alguns momentos da sua vida, chegou a passar por crises depressivas. Foi através de ajuda psicológica que Tania melhorou a aprendeu a lidar com a ansiedade. 

“Aos 27 anos eu me divorciei e passei a morar sozinha, minha companhia no apartamento era apenas o meu gato. Nessa fase eu também estava desempregada, o que causou em mim muita aflição. Eu me sentia sozinha, entediada, tinha insônia. Então resolvi fazer terapia com um psicólogo e comecei a sair daquela crise”,  explicou. Outros sintomas como dor de estômago, sudorese e, as vezes, pânico, também foram causados pela ansiedade no dia a dia da eventóloga. 

Como podemos prevenir?

A psicologia pressupõe que muitos problemas de ansiedade estão relacionados à forma como pensamos. O autoconhecimento é fundamental para a prevenção da ansiedade. “Mudando os nossos pensamentos, podemos mudar como nos sentimos e nosso comportamento . Pensar de forma positiva pode nos ajudar a se sentir melhor. Como mente e corpo se influenciam mutuamente, é necessário prestarmos atenção ao nosso corpo, a forma como estamos respirando, o que sentimos. Aprender técnicas de respiração, de relaxamento, praticar exercícios para descarregar as tensões, são formas saudáveis de lidar com a ansiedade”, afirmou Jane Cavalcanti.

Basta haver chuvas um pouco mais intensas que os moradores do Recife e Região Metropolitana (RMR) se deparam com ruas e avenidas alagadas, além dos deslizamentos de barreiras. Dificuldade de mobilidade pelas ruas da capital pernambucana e famílias obrigadas a sair de casa por causa das enchentes são cenas recorrentes.

O cenário, que já se tornou comum para a população, não é causado apenas por questões meteorológicas, trata-se também de uma combinação de fatores: ocupação desordenada, acúmulo de lixo e entulho, além da falta de planejamento urbano. “Temos muitas ruas impermeabilizadas que impedem a água de penetrar no solo, e um sistema de escoamento e saneamento básico ineficientes que dificultam o escoamento de água. Além disso, o fato de Recife está na linha do mar também influencia, pois as marés altas às vezes combinam com as chuvas e agravam ainda mais as enchentes”, explica a geóloga Nayara Mesquita. 

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Para a geóloga, o principal agravante para os transtornos causados pelas chuvas está na falta de conscientização da população e políticas públicas não tão eficazes. “O acúmulo de lixo nas redes de escoamento de água, a ocupação indevida da população em áreas aterradas de manguezais e nas planícies de inundação do rio são um dos principais causadores de alagamentos”, afirma. 

Moradora do bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife, Luisa Pereira afirma que toda vez que chove sua rua alaga. “Basta chover por algumas horas seguidas que fica tudo alagado. É um problema porque, além de dificultar o trânsito, ficamos sujeitos a queda de árvores, falta de energia. São problemas que já se tornaram comuns em dias de chuva aqui em Recife”, conta. 

Quanto aos deslizamentos de barreiras, Nayara explica que o problema está diretamente ligado à ocupação indevida dos locais junto à formação das encostas na RMR. “As barreiras são constituídas por sedimentos da Formação Barreiras a qual intercala areias grossas, finas e argila, que são suscetíveis a erosão. As fortes chuvas podem acarretar na perda de coesão do solo, com a água encharcando e aumentando o peso nas encostas. Esse peso é ainda maior quando considerado o peso adicional das casas e das grandes árvores no topo dos taludes”, explica. 

De acordo com a geóloga, a manutenção do ângulo das encostas, a instalação de um sistema eficiente de drenagem planejada, a construção de muros de contenção de arrimo ou outras obras de engenharia, além da colaboração da população local, são fatores fundamentais para que a cidade se adeque aos sistemas geológicos naturais e recorrentes que acontecem na cidade. 

Ações preventivas

De acordo com a Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb), desde 2013, a Prefeitura do Recife realiza um trabalho de levantamento, planejamento e atuação em pontos críticos de alagamento. Até o momento, foram feitas ações em 49 pontos graves de alagamento, com um investimento total de quase R$ 14,8 milhões.  

A Emlurb explicou que são ações de intervenção em vias com baixo dimensionamento de captação na rede de drenagem ou obstrução nas tubulações existentes. Além dessas intervenções, há outras ações de melhorias como obras de manutenção, contemplando os serviços de limpeza, construção de elementos de drenagem (poços de visitas, caixas coletoras, sarjetas) e substituição de tubulações em alguns casos.

Dentro dessas ações preventivas, há a limpeza dos canais que cortam a capital. De dezembro do ano passado até agora, a PCR afirma ter limpado 45 locais e removido quase 26,6 mil toneladas de resíduos. Contudo, é preciso que a população colabore com a limpeza e a manutenção pública, respeitando, por exemplo, os horários da coleta e não jogando lixo e objetos domésticos que dificultam o funcionamento da rede de drenagem.

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A servidora pública Solange Sampaio mora nas proximidades do canal do bairro do Arruda, Zona Norte do Recife e afirma que já viu até sofá jogado no canal. “É absurdo as coisas que jogam naquele canal. Já vi várias vezes os próprios moradores jogando lixo lá. Há a limpeza de forma até regular, mas as pessoas não respeitam. Eu já vi sofá jogado na água. É inadmissível”, ressalta. 

Previsões de chuvas

Um outro ponto que vem chamando atenção nos últimos anos são as previsões de chuvas realizadas pela Agência Pernambucana de Águas e Climas (APAC). Por mais que haja um trabalho de previsão dos meteorologistas, se tornou “comum” chover mais do que o esperado para determinado mês.  

Meteorologista da APAC, Roberto Pereira explica que o trabalho feito para medir a quantidade de chuva nos municípios tem que ter pelo menos 30 anos de medidas diárias de chuva, e que dessa série temporal de dados é extraída uma média mensal. Essa é a estatística que o órgão usa como base para um determinado mês.  

“É importante saber que o regime pluviométrico não só de Pernambuco, mas como de todo o Nordeste é irregular, quanto ao volume de chuva, tanto considerando espaço, ou seja, de uma lugar para outro, como no tempo, de um mês para o outro. Sendo assim, é normal ocorrer valores que são diferentes aos das estatísticas,  e comum falar que o valor observado em um determinado intervalo de tempo esteja com uma variação em torno do esperado”, detalha Pereira.

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A Samsung Electronics divulgou nota na madrugada desta segunda-feira (23) informando que as explosões e incêndios registrados com o Galaxy Note 7 foram causados pelas baterias.

"A nossa investigação, assim como as outras realizadas por três organizações industriais independentes, concluíram que as baterias são a origem dos incidentes no Note 7. Todavia, nós definimos aos produtores os requisitos que elas deveriam ter e assumimos a responsabilidade do insucesso", emitiu a empresa em nota assinada pelo chefe da divisão de smartphones, Koh Dong-jin.

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Ainda de acordo com a empresa, os problemas foram causados pelo design e produção das baterias. Os cerca de 700 especialistas, engenheiros e pesquisadores analisaram réplicas do incidente em mais de 200 mil equipamentos e 30 mil baterias.

A Samsung garantiu que esses novos testes, além de descobrir as falhas, permitiram que esses erros não ocorram mais no futuro. Ainda no comunicado, a empresa sul-coreana informou que os danos causados pelo recolhimento de mais de 2,5 milhões de aparelhos do mercado ficou em US$ 5,3 milhões e agora a marca tentar recuperar a confiança de seus clientes.

Os aparelhos Galaxy Note 7 tiveram uma série de incidentes relatados durante todo o ano passado, com explosões de equipamentos e incêndios enquanto eles estavam ligados. Por precaução, as autoridades norte-americanas chegaram a proibir que esse equipamento fosse levado por passageiros em voos comerciais.

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A Itália buscava entender nesta quarta-feira (13) o acidente ferroviário que deixou ao menos 25 mortos na véspera, na região de Puglia (sul), enquanto a identificação das vítimas prosseguia. Trata-se de um dos piores acidentes ferroviários já registrados na região de Puglia, entre as mais turísticas da Itália e muito visitada durante os meses de verão (boreal).

As razões desta colisão frontal entre dois trens continuava sendo um mistério nesta quarta-feira (13). Vários responsáveis da polícia e da empresa ferroviária que opera neste trecho que conecta Bari a Barletta se limitaram a dizer que "um destes trens não deveria estar nesta via única" no momento do acidente.

O trecho entre Corato, situado no meio do caminho entre estas duas cidades do sul da Itália, e Andria, a uma dezena de quilômetros em direção a Barletta, é uma via única. Os chefes das duas estações devem entrar em acordo por telefone para deixar um trem passar em uma direção ou em outra.

O chefe do governo italiano, Matteo Renzi, prometeu nesta terça-feira que as causas da tragédia serão esclarecidas. "Não vamos parar até que as causas do acidente sejam esclarecidas", disse Renzi. O presidente, Sergio Mattarella, denunciou um "acidente inadmissível" e exigiu que as responsabilidades sejam estabelecidas com exatidão.

"Colocamos a disposição das autoridades judiciais todos os registros das comunicações entre as estações. Temos toda a informação, agora deve ser analisada", disse Massimo Nitti, diretor-geral da Ferrotramvia em um canal local.

Muitos jovens entre as vítimas

"Contabilizamos 25 mortos e duas pessoas cujos cadáveres não foram encontrados. Também há 50 feridos", disse nesta quarta-feira à AFP a defesa civil de Bari. "Não podemos excluir que existam mais pessoas entre os escombros. É um trabalho muito lento", disse Luca Cari, porta-voz dos bombeiros.

As equipes de resgate trabalharam a noite toda para buscar sobreviventes entre os ferros retorcidos do trem. Enquanto isso, os familiares das vítimas começaram a identificar os corpos de seus parentes no hospital de Bari.

"Há muitos jovens entre as vítimas, tentamos nos colocar no lugar das pessoas que tentam saber se seus familiares estão entre as vítimas. Também não é fácil para nós", disse à imprensa Maria Storelli, uma das psicólogas que fornece apoio às famílias das vítimas.

"Há tempo para tudo. Agora é hora de chorar, de estar perto da família", disse Renzi na noite de terça-feira depois de visitar o lugar do acidente. O ministro dos Transportes, Graziano Delrio, se apresentará nesta quarta-feira ante o Senado e a Câmara dos Deputados para informar sobre a tragédia.

O último acidente de trem na Itália ocorreu em novembro de 2012, quando um trem regional na Calábria (sul) se chocou contra um veículo que transportava trabalhadores romenos, matando seis pessoas. Em julho de 2013, 38 pessoas morreram quando um ônibus caiu em um barranco.

Um novo estudo científico descartou a existência de vínculos entre o autismo e a vacina contra sarampo, caxumba e rubéola (MMR), mesmo entre crianças de alto risco - de acordo com uma pesquisa norte-americana publicada nesta terça-feira.

Os resultados publicados no Journal of the American Medical Association (JAMA) baseiam-se em um estudo feito com cerca de 95 mil jovens.

Todos aqueles no estudo tinham irmãos mais velhos. Algumas das crianças mais velhas tinham autismo e outras, não.

Já que o autismo pode ocorrer em famílias, os pesquisadores decidiram examinar se as vacinas poderiam tornar autismo ainda mais provável em crianças que tinham irmãos com autismo.

Eles descobriram que as vacinas não tinham influência no risco de se desenvolver autismo, com ou sem um irmão na família diagnosticado com o problema.

"De acordo com estudos em outras populações, não observamos relação entre a vacina MMR e o aumento do risco entre as crianças", explicou o estudo, feito por Anjali Jain, médico em Falls Church, Virgínia.

"Nós também não encontramos nenhuma evidência de que o recebimento de uma ou duas doses da vacina MMR está associado a um risco aumentado de autismo entre as crianças que tinham irmãos mais velhos com o distúrbio", prosseguiu.

O autismo está em ascensão, e afeta uma em cada 68 crianças nos Estados Unidos, mas suas causas ainda são pouco compreendidas.

Rumores sobre a relação entre vacinas e autismo começaram a se espalhar após a publicação, em 1998, de um artigo de Andrew Wakefield que pretendia encontrar uma ligação entre a vacina MMR e o autismo em 12 crianças.

Mais tarde, o artigo foi considerado fraudulento e foi recolhido pela revista que o publicou. A Grã-Bretanha também retirou a licença médica de Andrew Wakefield.

Mas as preocupações sobre a segurança da vacina, principalmente na era da Internet, têm se mostrado difícil de dominar.

"Apesar de um volume substancial de pesquisas ao longo dos últimos 15 anos não ter encontrado nenhuma relação entre a vacina MMR e o autismo, pais e outras pessoas continuam a fazer essa associação", argumentou o estudo.

"Pesquisas de pais que têm filhos com autismo sugerem que muitos acreditam que a vacina MMR foi um fator contribuinte", concluiu.

As crianças que têm um irmão mais velho com autismo são menos propensas a se vacinar, segundo o estudo.

A taxa de vacinação contra sarampo para as crianças com irmãos não afetados foi de 92 por cento até os cinco anos de idade.

Em contraste, as taxas de vacinação MMR para crianças com irmãos mais velhos com autismo foi de 86 por cento aos cinco anos de idade.

Um editorial acompanhando o artigo escrito por Bryan King, médico da Universidade de Washington e do Hospital Infantil de Seattle, afirma que os dados são claros.

"A única conclusão que se pode tirar do estudo é que não há nenhum sinal que sugira uma relação entre a vacina MMR e o desenvolvimento de autismo em crianças com ou sem um irmão que tem autismo", escreveu King.

"No seu conjunto, algumas dezenas de estudos demonstraram que a idade de manifestação do autismo não difere entre as crianças vacinadas e não vacinadas, assim como a gravidade ou o desenvolvimento do autismo não diferem entre as crianças vacinadas e as não vacinadas e, agora, o risco de recorrência de autismo nas famílias não difere entre as crianças vacinadas e as não vacinadas", prosseguiu.

O advogado Antônio Campos, irmão do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), contestou as informações divulgadas pela reportagem do jornal O Estado de São Paulo, nesta sexta-feira (16), quanto as causas do acidente que vitimou o então presidenciável e mais seis pessoas. Antônio classificou, em nota, como "prematura" a informação de que a tragédia teria sido consequência de uma sucessão de falhas do piloto Marcos Martins. 

No texto, o advogado aponta que as investigações não dependem apenas dos laudos da Aeronáutica e do Centro de Prevenção de Acidentes Aéreos (Cenipa) e diz que o procurador Thiago Nobre se comprometeu em divulgar a conclusão dos inquéritos em fevereiro. Segundo Antônio, apenas a partir daí é que a família do ex-governador deverá se posicionar quanto às causas do acidente. 

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Veja o texto na íntegra:

Com referência a matéria publicada no Jornal O Estado de São Paulo, nesta sexta-feira, 16/01/2015, sobre as causas do acidente aéreo que vitimou Eduardo Campos, estando habilitado nos autos como familiar da vítima e advogado, tenho a registrar o seguinte:

1- É estranho que se tenha acesso às investigações da Aeronáutica e se divulgue conclusões antes da divulgação pelo órgão competente.

2- Os laudos da Aeronáutica e do Cenipa (Centro de Prevenção de Acidentes Aéreos) tratam de possibilidades quanto a causa de acidentes e não são conclusivos, conforme é a técnica de tais laudos, primando eles por recomendações quanto a procedimentos de prevenção de acidentes aéreos. O Cenipa não está fazendo todas as perícias do caso e não pode ter uma visão global do acidente.

3- Na data de ontem, 15/01/2015, tive uma audiência com o Procurador da República Thiago Nobre, na cidade de Santos, que prometeu a conclusão, possivelmente, do inquérito policial e civil para fevereiro/2015, pois ainda aguarda a conclusão de perícias e estas poderão ainda não ser definitivas sobre o caso, podendo ter provas complementares. Ele é o Procurador responsável pelo caso, tendo na Polícia Federal o Delegado Rubens Maleiner como a autoridade policial responsável pelo inquérito policial, que ainda não o concluiu.

4- Após a divulgação oficial das conclusões das investigações da Aeronáutica, bem como a conclusão dos inquéritos civil e criminal em curso, iremos nos pronunciar sobre as causas do acidente. Até lá, é prematura a conclusão noticiada, até porque está pendente de conclusão relevantes perícias.

Antônio Campos

Advogado

OAB/PE 12.310

Quando há apagões, a primeira causa levantada por autoridades federais tem relação com fenômenos atmosféricos, mas a julgar pelo caso da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), que mostra o "sufoco" de técnicos em fevereiro do ano passado, há amplo espaço para a ocorrência de falhas humanas.

Nos relatórios, os técnicos da Aneel condenam as manifestações precipitadas de autoridades. Segundo eles, as primeiras respostas tendem a ser desmentidas pelas investigações. "Qualquer análise que se faça a posteriori provavelmente levará à identificação de determinadas medidas diversas daquelas que foram adotadas no momento da ocorrência."

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Contudo, há demora nas apurações. No caso do Nordeste, a primeira providência só foi tomada duas semanas depois do blecaute.

Falha sistêmica

Horas depois de o problema ter sido resolvido, começaram as divergências. A Chesf foi à Justiça questionando a isenção do Operador Nacional do Sistema (ONS). Na avaliação da concessionária, a causa do apagão não estava no uso de equipamentos antigos, cuja substituição foi determinada pela Aneel, mas seria resultado de uma "falha sistêmica".

"A ocorrência do dia 4 de fevereiro de 2011 é resultado de uma soma de eventos, e não apenas de um evento isolado, caracterizando o que podemos chamar de falha sistêmica", afirmou a Chesf ao Judiciário.

A hipótese não deixa de fazer sentido quando se põem na balança todos os erros e falhas que deixaram 46 milhões de pessoas sem energia na madrugada de 4 de fevereiro de 2011. A placa eletrônica que apresentou defeito era antiga e não deveria mais estar ali. Em 2006, a Aneel incluiu o componente na lista de substituições do Plano de Modernização das Instalações de Interesse Sistêmico (PMIS). A troca não ocorreu.

Problema

Quando veio o apagão, técnicos da Chesf e do ONS arregaçaram as mangas para corrigir o problema. Mas não havia um plano de ação para esse tipo de emergência. O defeito se alastrou e derrubou toda a rede do Nordeste. Equipamentos que não funcionavam, porque estavam sem uso há muitos anos, retardaram a solução. A manutenção do maquinário e o investimento em novas tecnologias não é apenas bom senso: está prevista no contrato de concessão. O descumprimento da obrigação deu à Aneel a base jurídica para aplicar a multa.

Para se ter ideia da importância desses recursos, o governo federal repassou mais de R$ 20 bilhões às concessionárias de energia nos últimos meses, como indenização pelos supostos investimentos que elas fizeram há anos. Somente depois de indenizar as empresas é que foi possível reduzir a conta de luz, como prometeu a presidente Dilma Rousseff em setembro. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Diálogos inéditos entre operadores do sistema elétrico revelam o despreparo das subestações e dos centros de controle para enfrentar interrupções no fornecimento. As transcrições constam dos relatórios da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema (ONS), obtidos pelo jornal O Estado de S.Paulo por meio da Lei de Acesso à Informação e publicados.

Elas mostram o "sufoco" dos técnicos durante o apagão de fevereiro do ano passado, que deixou oito Estados do Nordeste sem luz por horas. À época, o governo Dilma Rousseff atribuiu o apagão a um defeito ocorrido em uma placa eletrônica.

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Nos minutos seguintes ao blecaute, os técnicos batiam cabeça. Faltou energia para abrir um portão e assim conseguir religar alguns equipamentos. Foi preciso quebrar a fechadura, atrasando a solução.

A subestação desconhecia como proceder e foi preciso ir atrás do manual de instruções em cima da hora. "É porque a gente tem que pegar o guia aqui porque não tem como acessar, aí estamos pegando o guia do normativo aqui e vamos fazer com ele", completa.

Quando o abastecimento de todo o Nordeste dependia apenas da abertura de uma chave, como previa o guia de operações, os técnicos envolvidos discutiam se, em vez de abrir como previa o rito normal, não era melhor fechar essa mesma chave. "Tá dependendo tudo, tem risco até de inundação na usina IV, tem que fechar", respondeu o Centro de Operações.

‘Funciona não’

Duas horas depois de iniciado o apagão, o Centro Regional de Operações (Crop) da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) questionou o técnico da subestação de Sobradinho se lá havia um equipamento chamado mesa de sincronismo. "Funciona não... Vou chamar um rapaz para ver se liga ela, muitos anos sem ligar, viu, chamo você depois", foi a resposta.

O relatório da Aneel lista as irregularidades. Além do portão travado, aparelhos fora de operação, disjuntores fechados, discrepâncias no sistema de supervisão e controle e dificuldade de acesso aos procedimentos operacionais para a recomposição da instalação.

A placa que apresentou defeito dando origem ao apagão deveria ter sido substituída quatro anos antes, informam os relatórios. Responsável pela fiscalização das concessionárias, a Aneel não verificou se o equipamento fora efetivamente trocado. Tampouco sabia que duas usinas não tinham a máquina para religamento automático, para casos como aquele. Ao final, coube à agência reguladora pôr no papel o relato de uma sucessão de problemas facilmente evitáveis. Os erros renderam à Chesf uma multa de R$ 32 milhões.

Proteção

Segundo os documentos liberados pela Aneel, a "perturbação" no Sistema Interligado Nacional começou às 0h08 do dia 4 de fevereiro de 2011, quando o sistema de proteção desligou automaticamente a linha de transmissão (LT) entre as subestações de Luiz Gonzaga e Sobradinho. O caso teria se encerrado aí, "caso a falha descrita não fosse acompanhada de procedimentos inadequados de operação das equipes de tempo real da Chesf."

Mesmo depois de tomar as medidas necessárias e religar a linha de transmissão, a energia não voltou. Segundo a Aneel, as equipes "disponibilizaram a LT 500 kV Luiz Gonzaga-Sobradinho, sem no entanto retirar o bloqueio da linha, impossibilitando a reintegração da linha à operação, atrasando o restabelecimento do sistema". As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

O incêndio de grandes proporções que atingiu a favela Moinho, em Santa Cecília, na região central de São Paulo, deixou ao menos uma pessoa morta, afirmou o Corpo de Bombeiros. Moradores da comunidade dizem que a vítima estava envolvida em um tumulto que causou as chamas. Os bombeiros iniciaram o trabalho de rescaldo por volta das 8h30 desta segunda-feira.

Segundo o bombeiros, os moradores da comunidade disseram que as chamas tiveram início com uma discussão entre usuários de droga. A Polícia Civil afirmou que uma investigação deve acontecer no 77º Distrito Policial (Santa Cecília), delegacia da região, acompanhada pelo Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap).

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A Defesa Civil estima que 80 barracos foram consumidos pelas chamas e 300 pessoas afetadas. Os engenheiros do órgão devem avaliar o Viaduto Orlando Murgel para concluir quanto tempo a via continuará interditada.

Moradora a mais de cinco anos da comunidade, Gislaine dos Santos salvou uma televisão e o aparelho de micro-ondas. Ela disse que saiu para levar seus dois filhos, um menino de quatro anos e uma menina de dois, até uma creche da região e quando voltou para casa o incêndio já consumia parte da favela. "Acordei o meu marido e saímos correndo só com as roupas do corpo. Ele conseguiu pegar a TV e o micro-ondas, mas foi só isso, todo o resto está queimado. Perdemos um guarda-roupas novo e também a beliche das crianças que ainda nem pagamos", lamentou. "E ainda temos que ficar de olho no pouco que conseguimos salvar porque é fácil de alguém roubar", disse.

A intensidade do fogo exigiu o bloqueio do Viaduto Orlando Murgel, conexão entre a Avenida Rio Branco e a Avenida Rudge. A CET não soube precisar o número de vias, mas todas as ruas do entorno da comunidade tem o tráfego de veículos bloqueado, segundo a companhia. A alça da Marginal do Tietê para a Ponte da Casa Verde também tem bloqueio com o objetivo de manter o fluxo na Avenida Rudge.

A ocorrência também interferiu na circulação dos transportes públicos. A SPTrans informou que 17 linhas de ônibus tem o percurso alterado para desviar da região de risco. Duas linhas da CPTM foram interrompidas: os trens da Linha 8-Diamante tiveram circulação interrompida entre as estações Júlio Prestes e Barra Funda. Já a linha 7-Rubi parou na Estação Barra Funda, onde é possível fazer transferência para o metrô. A assessoria de imprensa do Metrô informou que no horário de pico, todos os trens estarão em circulação para atender o aumento de demanda. O incêndio, segundo eles, não interfere na circulação do Metrô.

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