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Durante reunião da Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília, foi confirmada a decisão sobre a nova vazão do Rio São Francisco. De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), o escoamento do rio nos reservatórios de Sobradinho, na Bahia, e Xingó, entre Alagoas e Sergipe, será reduzida para 700 metros cúbicos por segundo (m³/s), a partir de 0h do dia 3. 

A justificativa - divulgada nessa segunda (19) - é o argumento de que somente dessa maneira seria possível garantir que o bem pudesse ser utilizado das diversas formas possíveis. A partir disso, o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) realizou análise dos possíveis impactos que a vazão poderá provocar ao ecossistema. Com o resultado da pesquisa, foi autorizada a redução do escoamento. 

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No entanto, algumas condições foram estabelecidas pelo Ibama à Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) – órgão responsável pela administração dos reservatórios. Uma das questões impostas é a realização de estudo de monitoramento das águas antes da diminuição da vazão.

A Marinha tem autoridade para permitir ou não a redução do escoamento da água, mas, por já ter verificado novos bancos de areia no curso do rio, deu o aval para que a vazão deixasse de ser 750 m³/s para 700. Desde 2013, a vazão do Rio São Francisco tem caído e saiu do nível de 1.300 m³/s para o atual. Além disso, a CBHSF aponta para a previsão de redução das chuvas para as próximas semanas. 

 

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) aprovou hoje (15) o novo Plano de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco durante a 30ª reunião plenária do grupo, em Belo Horizonte. O documento, que tem validade por dez anos, estima em R$30 bilhões os investimentos necessários para sua revitalização e apresenta uma série de informações e apontamentos para a gestão da bacia.

O plano é constituído de seis eixos e 22 metas de ação. Segundo o presidente do CBHSF, Arivaldo Miranda, o documento traz uma plataforma de ação e um caderno de investimentos, mas sua implementação depende da ação conjunta entre governo federal, estados, municípios, empresas e a sociedade civil. “O comitê aponta o que deve ser feito, mas não tem recursos. Se o plano não for observado pelo Poder Público e pela sociedade em geral, ele não vai para frente”, alertou.

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Lidar com a seca é uma das principais preocupações levantadas pelo comitê. “A situação é crítica. Estamos no quarto e podendo ir para o quinto ano de estiagem. Dentro do novo cenário climático, precisamos de um documento que nos oriente, por exemplo, a definir uma meta de vazão de entrega de cada afluente e de cada estado ao rio”, destacou Miranda.

De acordo com o novo plano, a estiagem é um dos fatores que leva à necessidade de diversificação da matriz energética, para reduzir a demanda sobre o rio. “O São Francisco não pode mais ter essa vocação hegemônica para geração de energia elétrica. Seja porque, numa era de extremos climáticos, a estiagem deixa os reservatórios numa situação bastante crítica, seja porque ele tem que atender de forma crescente a outros usos como irrigação, navegação, turismo e pesca. E ainda tem a missão de garantir o abastecimento humano não só pro norte de Minas Gerais, como também para todo o Nordeste, onde ele representa nada menos que 70% de disponibilidade hídrica da região”, comparou o presidente do CBHSF.

O documento aponta que o Rio São Francisco pode continuar gerando energia, mas dentro de uma lógica que não prejudique seus demais usos. O plano propõe a incorporação de outras matrizes, sobretudo de energia mais limpa, como eólica e solar. Para Arivaldo Miranda, isso é possível. “Uma prova é que investimentos em energia eólica realizados em menos de cinco anos ajudaram o São Francisco a enfrentar a crise de estiagem. Nos momentos mais graves, a energia eólica atendeu a 30% da demanda do Nordeste.”

Outro meta proposta pelo plano é o lançamento de esgoto zero no Rio São Francisco. Para isso, é necessário investir em saneamento básico, tratamento e destinação adequada de resíduos sólidos. O comitê fez ainda um apelo para que os biomas do Cerrado e da Caatinga sejam reconhecidos pelo Congresso Nacional como patrimônio nacional, assim como já ocorreu com a Mata Atlântica e a Floresta Amazônica. O reconhecimento poderia ajudar na preservação do meio ambiente da bacia.

Embora o novo plano tenha validade até 2025, a estimativa de R$30 bilhões em investimentos não se restringe a esse período. Trata-se do investimento necessário para toda a revitalização, considerando as condições atuais da bacia, um processo que pode levar 10, 20 ou 30 anos, e que precisa contar com recursos dos três níveis do Poder Público e também da iniciativa privada. O valor envolve obras e ações de gestão. O documento enfatiza a necessidade de monitoramento constante, com estações hidrometeorológicas em funcionamento, pesquisas sobre a qualidade da água e sistemas de outorga confiáveis.

A criação de comitês de bacias hidrográficas foi determinada pela Lei 9433/1997, a mesma que estabelece as diretrizes para a elaboração dos planos de recursos hídricos de longo prazo. O primeiro e único plano para a bacia do São Francisco existente até então era de 2004. “Era um bom plano, feito por técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA), embora tenha sido elaborado de maneira apressada, pois era pré-requisito para se aprovar as obras da transposição do Rio São Francisco. Por isso, ele ficou um pouco aquém dos desafios”, avaliou Miranda. Segundo ele, o novo plano é mais consistente, por ter contado com audiências públicas que mobilizaram mais de 4 mil pessoas, com representantes dos vários setores envolvidos, como pesca, agricultura, mineração e energia.

Ministro

O ministro da Integração Nacional, Helder Barbalho, particoipou da reunião do comitê e disse que a revitalização do Rio São Francisco é uma das prioridades do atual governo. “Faremos investimentos em saneamento e abastecimento nas cidades que compõem a bacia. E também precisamos garantir iniciativas de médio e longo prazo para melhorar a qualidade da água do Rio São Francisco”, anunciou.

No mês passado, o presidente da República, Michel Temer, assinou decreto lançando o Programa de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que foi chamado dePlano Novo Chico. Trata-se de uma atualização do Projeto de Conservação e Revitalização do Rio São Francisco, de junho de 2001. A previsão é de que sejam investidos, até 2026, cerca deR$7 bilhões em ações conjuntas de diversas pastas e órgãos do poder público federal, sobretudo os ministérios da Integração Nacional e do Meio Ambiente.

O presidente do CBHSF destacou que o relançamento do programa de revitalização pelo governo federal atende uma reivindicação do comitê. “Em três meses, mesmo na sua interinidade, o presidente Michel Temer demonstrou sua prioridade em relação ao Rio São Francisco”, comemorou. Segundo ele, a última vez que uma reunião do comitê contou com a presença de representantes do CBHSF recebeu o então vice-presidente José de Alencar e os ministros Marina Silva, do Meio Ambiente, e Ciro Gomes, da Integração Nacional.

Transposição

Segundo o ministro Helder Barbalho, o governo irá concluir ainda este ano a construção do Eixo Leste da transposição do Rio São Francisco, que vai até o município de Monteiro (PB). Apenas obras complementares serão entregues no ano que vem. “Por enquanto, demos início à funcionalidade de trechos conclusos para testes. A efetiva passagem de água do eixo leste irá ocorrer até dezembro”, anunciou.

Já a continuidade da construção do Eixo Norte dependerá de uma nova licitação, cujo edital será lançado nos próximos dias. Isso porque a empreiteira Mendes Júnior, que era responsável pelo empreendimento, sinalizou que não tem mais condições de cumprir o contrato. Esta etapa da obra só deve ser concluída em 2017.

A vazão atual, de 800 metros cúbicos por segundo (m³/s) a partir do reservatório de Sobradinho (BA), deverá ser mantido, pelo menos, até o final de março. Esse foi o saldo de mais uma reunião realizada pela Agência Nacional de Águas (ANA) em Brasília (DF) nessa segunda-feira (25) e transmitida por teleconferência para os estados integrantes da bacia.

Durante a reunião, houve a informação, por parte dos técnicos da Companhia Hidroelétrica do São Francisco (Chesf), de que os últimos dias de chuva, registrados na bacia do Rio São Francisco, resultaram em uma precipitação de 120 milímetros (mm) acima da média histórica. Com isso, a previsão é de que o nível do reservatório de Sobradinho atinja o patamar de 4,8% e o de Três Marias (MG) chegue a 21%.

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Conforme o estudo, o nível do reservatório mineiro poderá chegar a 28% enquanto o de Sobradinho deverá atingir até 8% no final de janeiro, ainda com perspectiva de alterações. Apesar dos números positivos, o setor elétrico alega que “não há motivo para alterar a defluência” dos reservatórios. Haverá nova reunião de avaliação dos impactos provocados pelas restrições de vazão na segunda-feira da próxima semana, 1º de fevereiro.

OUTORGAS

A demanda apresentada pelo presidente do CBHSF, Anivaldo Miranda, sobre as outorgas concedidas pela ANA para captação na bacia do São Francisco também foi discutida na reunião. O superintendente de Regulação de Outorgas da ANA, Patrick Thadeu Thomas, explicou que a montante de Três Marias a retirada outorgada é de 58,1 m³/s, sendo a indústria a principal usuária, e a jusante, entre Três Marias e Sobradinho, de 106,2 m³/s, com a predominância de retirada outorgada para atender à irrigação.

Entre Três Marias e Sobradinho, a relação entre disponibilidade e demanda de água por trecho, levando-se em conta uma vazão defluente de 150m³/s e uma demanda de 37m³/s, representa cerca de 25% da disponibilidade. Já a jusante de Sobradinho – segundo o representante da ANA – essa disponibilidade, considerando a vazão defluente de 800m³/s e uma demanda total de 66m³/s, é de apenas 8,3%. Em outras palavras, o representante da agência federal tentou demonstrar que o problema do rio não está na defluência praticada. “Há água suficiente para garantir os usos múltiplos”, garantiu ele. Segundo Patrick Thomas, o problema está na variação de nível do rio.

Anivaldo Miranda, depois de relembrar que o levantamento das outorgas foi demandado tendo em vista que a Chesf e ANA chegaram a falar de hipotéticos cenários dramáticos de vazões de até 500m³/s a jusante de Sobradinho, o que justificava a demanda do Comitê, chamou a atenção para a ausência, no levantamento, de uma avaliação, ainda que aproximada, das vazões não outorgadas e retiradas clandestinas na calha principal e afluentes. Alertou também para a ausência de uma análise que levasse em conta não somente a relação de quantidades de água, mas também a relação entre quantidade e qualidade mínima requerida para as águas da bacia, principalmente em situações críticas extremas. 

No final da reunião, o presidente da ANA, Vicente Andreu, declarou que a hipótese de uma vazão de 500m³/s só foi aventada enquanto parâmetro para a consecução, pelo Ministério da Integração, de obras complementares de captação definitivas para todas as situações críticas. Andreu assegurou não haver ainda nenhum estudo para estabelecer uma vazão nesse patamar, como chegou a ser ventilado em reunião anterior. 

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) é um órgão colegiado, integrado pelo poder público, sociedade civil e empresas usuárias de água, que tem por finalidade realizar a gestão descentralizada e participativa dos recursos hídricos da bacia, na perspectiva de proteger os seus mananciais e contribuir para o seu desenvolvimento sustentável. A diversidade de representações e interesses torna o CBHSF uma das mais importantes experiências de gestão colegiada envolvendo Estado e sociedade no Brasil.

Com informações de assessoria

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