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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto serão julgados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a partir desta quinta-feira (22). A Ação de Investigação Judicial Eleitoral (Aije) pede a inelegibilidade dos então candidatos à Presidência e Vice-Presidência da República, respectivamente, nas eleições de 2022. Para entender como o acontecimento pode influenciar no cenário político brasileiro, o LeiaJá conversou com cientistas políticos, que explicaram alguns detalhes acerca das possíveis consequências do resultado das sessões.

Cenário pouco otimista

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O cientista político Vanuccio Pimentel explica, a princípio, que as sessões do julgamento são para analisar e decidir o que será feito com os réus. “Ou seja, os argumentos da defesa e do Ministério Público Eleitoral já foram apresentados. O que vai ocorrer agora é exatamente a análise do mérito de tudo isso. Então, provavelmente, a defesa dele já entregou toda a tese de defesa para o julgamento. O próprio Bolsonaro falou que tinha expectativas negativas em relação ao processo”, elucida Pimentel.

De acordo com o professor e cientista político, Augusto Teixeira, a perspectiva da situação não se apresenta favorável ao ex-presidente, tendo em vista o relatório apresentado pelo ministro Benedito Gonçalves sobre o caso, porém ele pondera sobre o destino de Braga Neto.

“Desde junho o relatório feito pelo ministro Benedito Gonçalves sobre o caso já aponta pela inelegibilidade do ex-presidente Bolsonaro mas com a não culpabilidade do vice-presidente Braga Neto. Isso de certa forma permite fazer com que a corte, de um lado, tenha uma sentença completamente desfavorável para o ex-presidente Bolsonaro, deixando-o inelegível por cerca de oito anos, mas preservando, por outro lado, um potencial sucessor do bolsonarismo na figura de Braga Neto”, analisa Teixeira.

Ministro Benedito Gonçalves, relator do julgamento. Foto: Antonio Augusto/TSE

Perspectiva do futuro da direita

Ao analisar o possível desdobramento da não culpabilidade de Braga Neto, surgem questões acerca do quadro que pode ser desenhado para as eleições de 2026. “Supondo que ele possa ser considerado inelegível, isso muda muito o cenário porque quem seria agora a pessoa que conseguiria, eleitoralmente, substituir Bolsonaro? Ele até pode continuar como liderança, como cabo eleitoral. Mas ele não poderia se candidatar. E aí quem seria esse substituto ou substituta?”, aponta Vanuccio Pimentel. 

Ainda sobre a presença e força política, Pimentel afirma que o poder de fala do ex-presidente pode se tornar cada vez menor, já que ele não usufrui mais do foro privilegiado do qual aproveitou nos últimos 30 anos.

“Ele tem tido uma postura muito cautelosa em falar em público. Então como é que ele mobilizaria esse eleitorado mais radical dele se ele não pode, ou pelo menos, ele não se sente seguro de falar tudo que ele falava antes, por exemplo? Então aquela base mais radical que era mobilizada pela fala radical do presidente não vai encontrar mais esse Bolsonaro disponível. Porque a partir de agora qualquer coisa que ele fale ele vai responder na justiça comum”, complementa.

Walter Braga Neto também será julgado. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Tentativa de defesa

O julgamento dos ex-candidatos se sustenta a partir da denúncia montada pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), por prática de abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, durante reunião do presidente Jair Bolsonaro com embaixadores estrangeiros, no Palácio da Alvorada, em 18 de julho de 2022. “Na ocasião, Bolsonaro teve um discurso contrário à questão do sistema eleitoral no Brasil, em particular sobre a urna eletrônica, atacando também a Justiça Eleitoral e certos ministros do Supremo, em particular. Somado a essa situação pesa contra o ex-presidente Bolsonaro o fato de que ele teria utilizado o seu cargo como presidente e suas prerrogativas para realizar essa conduta indevida”, explica Augusto Teixeira.

A defesa de Bolsonaro alega que ele estaria fazendo usufruto de suas liberdades, além da reunião com os embaixadores constar na agenda oficial do então presidente. Segundo os autos do TSE, a defesa afirma que a acusação usou da má-fé de determinados setores da imprensa, levando a cobertura da reunião a tratar “uma proposta de aprimoramento do processo democrático como se se tratasse de ataque direto à democracia”.

Augusto Teixeira rebate a argumentação, apontando três fatores.

“Primeiro porque ele já havia sido potencialmente informado sobre os riscos e potencial ilegalidade dessa ação;

Segundo porque o próprio presidente utilizava de forma muito clara uma estratégia de esticar a corda e em particular no seu tensionamento para com a justiça inclusive a Justiça Eleitoral;

Terceiro porque a ação do presidente de forma muito clara colocava não apenas um questionamento sobre a credibilidade e a legitimidade do nosso sistema eleitoral, como amplificava esse potencial descrédito internacionalmente com a visita oficial e a participação oficial de diversos embaixadores. Ou seja, era um comunicado para a comunidade internacional de que as eleições do Brasil não eram críveis ou limpas, o que de certa forma é algo que um presidente do exercício de seu cargo não poderia fazer.”

Ministros do TSE. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Símbolo de perseguição política

Na análise política do que pode acontecer após o resultado do julgamento, Teixeira ainda analisa que a declaração de Bolsonaro de sentir que está “em maus lençóis”, e sua potencial inelegibilidade decretada podem ser ferramentas utilizadas a seu favor para aumentar e fortalecer seu número de apoiadores.

“Sem a chance de concorrer a cargo eletivo, o ex-presidente Bolsonaro tem apenas a sua capacidade simbólica como elemento de aglutinação de um movimento político ao seu redor, mas sem necessariamente recursos de poder materiais como cargos, dinheiro entre outras coisas. Por outro lado, a sua potencial condenação reforça a narrativa bolsonarista de perseguição da justiça e de anti-sistema ao mostrar que a justiça estaria em conluio com a sua oposição à época, agora o governo PT e outros partidos, para retirá-lo do páreo”, finaliza.

Ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE. Foto: TSE

Confira o passo a passo do julgamento de Bolsonaro e Braga Neto no TSE:

1) O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, deverá iniciar o julgamento com a leitura do relatório da Aije. O relatório contém o resumo da tramitação da ação na Corte, informando as diligências solicitadas, os depoimentos tomados, bem como as perícias e as providências requeridas pelo relator na etapa de instrução processual.

2) O presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes, concederá a palavra, da tribuna, aos advogados de acusação e aos de defesa das partes envolvidas na ação, nessa ordem. A sustentação oral de cada uma das partes é de 15 minutos.

3) Em seguida, será dada pelo presidente a palavra ao representante do Ministério Público Eleitoral (MP Eleitoral) para que emita o parecer do órgão sobre a ação.

4) Finalizadas essas etapas, o ministro Benedito Gonçalves apresentará o seu voto na ação.

5) Na sequência, votam os ministros Raul Araújo, Floriano de Azevedo Marques, André Ramos Tavares, a vice-presidente do TSE, ministra Cármen Lúcia, o ministro Nunes Marques e, por último, o presidente do Tribunal, ministro Alexandre de Moraes.

Existe um dito comum no Brasil de que a maioria das coisas, principalmente nas frentes burocráticas, passam a funcionar plenamente apenas após o carnaval. Mas a “regra” tem se mostrado um ponto fora da curva, no âmbito das propostas de Projetos de Lei na Câmara dos Deputados. Até esta quinta-feira (16) foram protocolados 524 projetos de lei, desde o dia 2 de fevereiro, que marca o início da sessão legislativa do ano. Dentre os estados que mais se destacam na lista, Pernambuco figura a sexta posição, com 30 projetos já em tramitação.

Dos 25 parlamentares que representam o estado, nove já enviaram projetos como autores ou coautores. Os que mais assinam propostas são Lula da Fonte (PP/PE), Maria Arraes (SOLIDARI-PE) e Mendonça Filho (UNIÃO-PE), cada um com seis projetos enviados. Fernando Rodolfo (PL-PE) segue a lista, com cinco propostas assinadas até o momento. Clarissa Tércio (PP-PE) e Guilherme Uchoa (PSB-PE) apresentaram cada um dois projetos, enquanto Felipe Carreras (PSB-PE), Renildo Calheiros (PCdoB-PE) e Pedro Campos (PSB-PE) encabeçam um texto, sendo o último coautor do projeto com Gervásio Maia (PSB-PB).

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Para entender um pouco mais sobre os projetos de lei encabeçados pelos deputados eleitos, o LeiaJá conversou com cientistas políticos, que explicaram a relevância das propostas para o cenário político, a nível estadual e nacional.

Abrangência do debate nas pautas

De acordo com o cientista político Elton Gomes, a expressão dos deputados federais por Pernambuco se equipara facilmente ao debate nacional, mas não deixa de ser marcante ainda a pouca participação. Em sua análise, ele também afirma que as propostas são condizentes, em sua maioria, à experiência que cada um possui. “Fazendo contraponto com os mais experientes, como Mendonça Filho, e os mais novos, recém-eleitos, como Maria Arraes, que querem ‘mostrar proatividade’”, observa o profissional.

De maneira geral, as propostas levantadas até então pelos parlamentares são vistas como uma prática bastante conhecida na política: a abertura do foco das pautas, saindo das necessidades estritas do estado e atendendo demandas a nível nacional. É o que diz Victor Tavares, doutorando em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Indo de encontro à crença popular dos brasileiros de que ‘o governo não governa para eles, mas sim pensando em interesses próprios que divergem das demandas da sociedade’, as pesquisas mais recentes e as evidências empíricas mostram que o legislativo brasileiro não apresenta uma conduta predominantemente particularista.”, avalia Tavares.

No entanto, Gomes observa que um posicionamento mais abrangente, abrindo o debate para o nível nacional é uma prática que deve ser feita com cuidado, tendo em vista que esse não é o papel cabido unicamente aos deputados. “Quem é eleito com projeto nacional é presidente da República. Deputados e senadores são [cargos] puramente paroquiais, eles devem defender seus públicos, suas bases. Quem vai propor grandes projetos nacionais é o Executivo”, explica.

Ele ainda analisa que, das propostas enviadas, a maioria é sobre questões econômicas e tributárias. “Apesar de algumas estarem voltadas a setores da sociedade, como a PL 391/2023 e a 479/2023, de autoria de Fernando Rodolfo (Partido Liberal), voltadas para advogados e agentes comunitários de saúde, bem como agentes de combate às endemias. Outros projetos visam beneficiar uma camada maior da população brasileira, como os apresentados por Mendonça Filho (UNIÃO), que abordam a proibição da concessão de crédito consignado contratado com base em retenção de parcela de benefícios oriundos de programas federais de transferência de renda [PL 34/2023] e a metodologia para o cálculo do salário mínimo [PL 33/2023].”, observa.

Destaques das análises

Em se tratando de alguns projetos que mais se destacam nas análises, Elton Gomes pontuou alguns posicionamentos que podem render um aprofundamento no futuro, como o do deputado Lula da Fonte. Segundo o cientista político, há uma "miscelânea" de propostas vindas do parlamentar, como a da redução de impostos sobre gastos com saúde veterinária.

Ele também nota a pouca profundidade de algumas pautas, como a de Felipe Carreras em propor a obrigação de reparar danos resultantes de prática de crimes contra o Estado Democrático de Direito. De acordo com Gomes, é uma “tentativa de hiper especificar algo que a jurisdição brasileira já prevê”.

Na visão de Victor Tavares, é possível compreender a previsibilidade de alguns projetos com base no perfil de seus autores. Os dois exemplos que ele dá são de Mendonça Filho, ex-ministro da educação no governo Michel Temer em 2019, e levantou propostas voltadas para o Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar, o reajuste das bolsas de estudos ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar. Outro exemplo é o da deputada Clarissa Tércio, “uma parlamentar que invadiu um centro de saúde para impedir um aborto legal, de fazer uma proposição de lei que altera o Código Civil para incluir disposição acerca dos direitos do nascituro (PL 359/2023)”, complementa.

Confira abaixo a lista completa dos projetos de lei protocolados até agora pelos deputados por Pernambuco:

Clarissa Tércio - PP/PE

PL 358/2023 - Ementa: Dispõe sobre a proibição de o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) financiar e conceder crédito ou financiar projetos a governos estrangeiros que estejam ou tenham sido inadimplentes.

PL 359/2023 - Ementa: Altera o Código Civil, para incluir disposição acerca dos direitos do nascituro.

Felipe Carreras - PSB/PE

PL 265/2023 - Ementa: Institui a obrigação de reparar danos resultantes de prática de crimes contra o Estado Democrático de Direito.

Fernando Rodolfo - PL/PE

PL 391/2023 - Ementa: Altera a Lei nº 14.113, de 25 de dezembro de 2020, para estabelecer que os juros moratórios incidentes sobre o valor dos precatórios devidos pela União à título de complementação das verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef) poderão ser utilizados para quitação de honorários de advogados, devendo o saldo remanescente necessariamente ser repassado aos profissionais do magistério, inclusive aposentados e pensionistas, na forma de abono.

PL 528/2023 - Ementa: Acresce o inciso IV ao parágrafo 2º do art. 13 da Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, o inciso IX ao art. 12 da Lei nº 9.250, de 26 de dezembro de 1995, e modifica o art. 22 da Lei nº 9.532, de 10 de dezembro de 1997, para permitir a dedução de Imposto de Renda de pessoas físicas e jurídicas que efetuarem doações aos órgãos de segurança pública previstos no art. 144 da Constituição Federal, diretamente ou por intermédio de Fundo de Segurança Pública, nacional, estadual ou municipal; às instituições públicas de saúde, diretamente ou por intermédio de Fundo de Saúde, nacional, estadual ou municipal; bem como às instituições públicas de educação, diretamente ou por intermédio do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), de Fundo Estadual ou de Fundo Municipal de Educação.

PL 479/2023 - Ementa: Acresce o parágrafo 6º ao art. 9º-D da Lei nº 11.350, de 5 de outubro de 2006, para estabelecer que, em cada exercício financeiro, deverá o Poder Executivo Municipal ratear, no mínimo, pelo valor do piso da categoria, a assistência financeira complementar prestada pela União, na forma de gratificação não remuneratória, entre os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e os Agentes de Combate às Endemias (CE).

PL 326/2023 - Ementa: Acresce os parágrafos 5º e 6º ao art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB), para prever que as instituições públicas de educação superior deverão oferecer vagas, na modalidade ensino à distância (EAD), para todos os cursos em que houver oferta de vagas presenciais

PL 439/2023 - Ementa: Acresce os parágrafos 5º e 6º ao art. 80 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB), para prever que as instituições públicas de educação superior deverão oferecer vagas, na modalidade ensino à distância (EAD), para todos os cursos em que houver oferta de vagas presenciais.

Guilherme Uchoa - PSB/PE

PL 272/2023 - Ementa: Altera a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000, para dispor sobre a acessibilidade de pessoas com deficiência visual em relação à garantia e ampliação da utilização da linguagem em braile, nos casos em que especifica.

PL 292/2023 - Ementa: Institui a Campanha "Fevereiro Laranja" em todo o Território Nacional, visando a conscientização para o diagnóstico precoce e tratamento da leucemia, ressaltando a importância da doação de medula óssea.

Lula da Fonte - PP/PE

PL 245/2023 - Ementa: Altera a legislação do IRPF para permitir a dedução da contribuição patronal paga à Previdência Social pelo empregador doméstico.

PL 236/2023 - Ementa: Cria o direito de preferência na celebração de parcerias entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, para as entidades cujas atividades sejam destinadas às pessoas com deficiência.

PL 428/2023 - Ementa: Estabelece a correção dos valores da subvenção econômica em operações de financiamento para a aquisição, por pessoa natural, de bens e serviços de tecnologia assistiva destinados a pessoas com deficiência.

PL 246/2023 - Ementa: Altera a legislação do IRPF para permitir a dedução das despesas com médicos, clínicas e hospitais veterinários.

PL 244/2023 - Ementa: Institui o Fundo Nacional destinado a financiar e apoiar pesquisas e ações destinadas às pessoas com deficiência.

PL 232/2023 - Ementa: Prevê a possibilidade de qualificação como Organização Social ou Organização da Sociedade Civil de Interesse Público das entidades cujas atividades sejam destinadas à defesa dos direitos dos animais.

Maria Arraes - SOLIDARI/PE

PL 26/2023 - Ementa: Institui o dia 08 de janeiro como Dia Nacional da Resistência da Democracia no Brasil.

PL 400/2023 - Ementa: Estabelece obrigatoriedade de atuação de Cirurgião-Dentista habilitado em Odontologia Hospitalar em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) das unidades de saúde públicas vinculadas ao Sistema Único de Saúde – SUS e privadas.

PL 14/2023 - Ementa: Cria o Protocolo de Apoio às Pessoas Vítimas de Violência Sexual em Eventos e Estabelecimentos Comerciais.

PL 25/2023 - Ementa: Altera a Lei nº 13.445, de 24 de maio de 2017, para determinar o impedimento de ingresso em território nacional de estrangeiros que publicamente atentem contra a democracia no Brasil.

PL 442/2023 - Ementa: Dispõe acerca do caráter permanente de Laudo Médico Pericial que atesta deficiências ou transtornos físicos, mentais ou intelectuais de caráter irreversível.

PL 553/2023 - Ementa: Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher e dá outras providências, a fim de estabelecer a possibilidade de monitoração eletrônica do agressor e de utilização de sistema de alerta pela ofendida nas ocorrências de violência doméstica e familiar contra a mulher.

Mendonça Filho - UNIÃO/PE

PL 240/2023 - Ementa: Altera a Lei nº 10.880, de 9 de junho de 2004, para corrigir os valores repassados no âmbito do Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar – PNATE e prever o seu reajuste anual.

PL 238/2023 - Ementa: Altera a Lei nº 8.405, de 9 de janeiro de 1992, para corrigir os valores das bolsas de estudos ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e prever o seu reajuste anual.

PL 239/2023 - Ementa: Altera a Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009, para corrigir os valores per capita repassados no âmbito do Programa Nacional de Alimentação Escolar – PNAE e prever o seu reajuste anual.

PL 34/2023 - Ementa: Veda a concessão de crédito consignado contratado com base em retenção de parcela de benefícios oriundos de programas federais de transferência de renda.

PL 33/2023 - Ementa: Estabelece a metodologia de cálculo do salário mínimo a vigorar em 2023.

PL 226/2023 - Ementa: Altera as Leis n os 11.482, de 31 de maio de 2007, para dispor sobre os valores da tabela mensal do Imposto sobre a Renda da Pessoa Física, 7.713, de 22 de dezembro de 1988 e 9.250, de 26 de dezembro de 1995.

Gervásio Maia - PSB/PB, Pedro Campos - PSB/PE

PL 492/2023 - Ementa: Dispõe sobre o confisco e a destinação de bens utilizados nos crimes contra o Estado Democrático de Direito e dá outras providências.

Renildo Calheiros - PCdoB/PE

PL 498/2023 - Ementa: Autoriza o Poder Executivo Federal a criar o Memorial da Democracia 08 de janeiro, e dá outras providências.

O fim do Governo Bolsonaro tem sido marcado por manifestações silenciosas e uma sequência de omissões diante do próprio eleitorado. Desde a derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas urnas, em outubro, bolsonaristas da ala mais radical têm fechado rodovias, promovido vandalismo e acampado em frente aos quartéis ao redor do país. O clima de descontentamento e histeria tem alimentado a narrativa de que houve fraude nas Eleições 2022, informação que já foi desmentida pelas próprias Forças Armadas. 

Chama atenção que a comunicação do atual governo, que sempre foi ativa nas redes sociais e assídua, ao menos ao dialogar diretamente com a bolha apoiadora, optou por reduzir as mensagens públicas. Até mesmo os filhos do mandatário — Carlos, Eduardo e Flávio — reduziram os embates nas redes. Em saídas recentes, Bolsonaro e a esposa, a primeira-dama Michelle, têm falado pouco e até mesmo chorado em público. 

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Enquanto o presidente deixava uma mensagem de Natal no Twitter no último fim de semana, a Polícia Militar do Distrito Federal investigava a participação de um militante bolsonarista em uma tentativa de atentado na capital federal. As equipes desarticularam uma bomba próxima ao aeroporto da cidade e, ao investigar os envolvidos, apurou-se que o autor se tratava de um apoiador de Bolsonaro, favorável ao golpe militar e com um arsenal em casa. O caso foi apenas mais uma das ameaças antidemocráticas não abordadas pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI). 

Para a cientista política Luciana Santana, a omissão é uma forma de se reafirmar enquanto líder político dentro da própria bolha, que enxerga Bolsonaro como uma vítima do sistema e da corrupção, e como um candidato injustiçado.

“Teremos quatro anos muito difíceis porque o bolsonarismo continuará insistente e questionando o governo eleito, independentemente de qualquer coisa, e dificilmente veremos uma liderança bolsonarista, ou o próprio Bolsonaro, se posicionando contra, porque é uma forma dele se manter ainda aceso enquanto liderança no país. Ele quer ter protagonismo nos próximos quatro anos, porque quer voltar ao poder de alguma maneira”, esclareceu a especialista. A entrevista pode ser conferida na íntegra abaixo. 

— Luciana Santana, doutora em Ciência Política e professora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal)

LeiaJá: De que forma a postura conivente do presidente deve alimentar a narrativa das pessoas nas ruas? 

LS: O presidente opta por não fazer qualquer manifestação porque ele é conivente com elas. Se ele é conivente, é porque efetivamente está de acordo e, indiretamente, acaba incentivando esses comportamentos. Se a gente pode esperar que ainda aconteça algo ainda no início do próximo governo, acredito que será a presença de atos e manifestações. Vale lembrar que, a partir do dia 1º, depois da posse de Lula, há uma mudança no comando das Forças Armadas. Então, há uma tendência natural que as Forças Armadas tenham outro tipo de comportamento e comecem a dispersar as manifestações e, consequentemente, esses tipos de comportamento. 

LeiaJá: O governo eleito terá condições de dobrar o bolsonarismo a partir de 2023? 

LS: Uma desarticulação completa do bolsonarismo radical, consolidado, dificilmente vai acontecer. Não é nem o bolsonarismo que votou em Bolsonaro nas urnas, os 57 milhões de eleitores na íntegra, mas sim o bolsonarista raiz, que é uma parcela muito pequena, mas radical. O eleitor geral já entendeu que a eleição passou, que o outro governo foi eleito e que a vida segue. Ele pode até votar em alguma figura aliada até 2026, mas ao menos entende que o resultado está dado. O bolsonarismo ideológico deve seguir articulado e retroalimentado pelas redes sociais, mas creio que não ficarão mais nos quartéis. Assim como o trumpismo, nos Estados Unidos, o bolsonarismo permanecerá. 

LeiaJá: O GSI não se manifestou até agora. A postura não é anticonstitucional? 

LS: Os agentes à frente do GSI podem ser responsabilizados, desde que a Procuradoria-Geral da República abra um inquérito para investigar as omissões. Muita coisa vai acontecer no início do próximo governo, algumas ações para revogar medidas, mas mais no sentido de buscar responsabilização de vários atos, que deveriam ser tomados em termos de Estado e que simplesmente incorporaram uma veia de Governo, de forma ideológica. 

Algumas coisas Lula vai emplacar, outras não, porque ele precisa construir uma base junto ao Congresso Nacional e é preciso reconhecer que há uma composição desfavorável ao governo eleito. Ele vai precisar ter cautela e ver o que é possível fazer sem comprometer a governabilidade, então dificilmente deve acontecer um "revogaço" de uma vez. É uma oposição que Lula não teve até hoje; muito ideológica e que vai tentar atrapalhar a vida dele, especialmente no Senado. 

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- - ‘Segurança da posse será reavaliada após bomba em Brasília’ 

- ‘75% são contra atos antidemocráticos de bolsonaristas’ 

 

Uma das datas mais tradicionais e emblemáticas da história do Brasil, o 7 de Setembro, este ano, marca os 200 anos desde que o país rompeu os laços com Portugal e passou a abandonar a condição de colônia. A façanha histórica é relatada no hino nacional brasileiro, está alinhada aos valores das Forças Armadas e é rememorada, anualmente, nos desfiles organizados em todo o país. 

Sempre importante e comemorado, o 7S, como tem sido apelidado nos últimos anos, também foi incorporado por movimentos políticos, para reforçar ideais relacionados ao patriotismo, nacionalismo e conservadorismo. Essa movimentação foi intensificada após a posse do presidente Jair Bolsonaro (PL), em 2018, e a data cívica acabou por se tornar um símbolo bolsonarista, visto em campanhas políticas e em manifestações partidárias. 

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Sem dúvida, o Dia da Independência é, em 2022, uma demonstração de presença e força, pois serve como um atestado em tempo real da polarização política que marca o Brasil. Nesta quarta-feira (7), o chefe do Executivo participa de um desfile do Bicentenário da Independência em Brasília, no Distrito Federal, enquanto sua militância organiza manifestações nacionalmente. 

As pautas se repetem: rejeição ao Partido dos Trabalhadores e ao “comunismo”, ofensas ao Supremo Tribunal Federal e críticas à imprensa. Nos anos anteriores, o caráter antidemocrático desses atos chamou atenção até mesmo internacionalmente. 

LeiaJá também: primeiras horas do 7 de Setembro em 2022 

- - > ‘Bolsonaro cita 1964 e 2016 em fala de 'bem contra o mal'’ 

- - ‘Funcionário do Planalto distribui bandeiras do Brasil’ 

- - ‘Bolsonaro volta a falar em liberdade e convocar para atos’  

Heranças do Brasil Colônia 

Além da perspectiva política, que domina o discurso da Independência na atualidade, o contexto histórico tem um papel fundamental para o posicionamento do Brasil, hoje, enquanto potência mundial. Em desenvolvimento, o país é considerado emergente e mesmo após 200 anos de independência, não conseguiu se recuperar das diversas feridas socioeconômicas provocadas ainda durante a exploração europeia. 

Apesar de ser industrializado e capitalista, o Brasil sofre com uma desigualdade social acentuada, além de um histórico de crises econômicas consecutivas e uma dívida externa alta. Exportador de alguns dos principais commodities no mundo — como minérios e soja —, o Brasil é reconhecido como polo industrial, mas possui uma fragilidade econômica maior do que as grandes potências, como os Estados Unidos e a China. Assim, é visto como uma economia dependente e periférica. 

O baixo investimento em educação, pesquisa e tecnologia também evidencia a dependência tecnológica brasileira, que acaba por atrair mais serviços do setor privado estrangeiro, sem garantia de oferta permanente ou a longo prazo. O LeiaJá convidou um cientista político para elucidar algumas das dúvidas acerca dos significados de independência para o país. Confira a entrevista abaixo. 

— Victor Tavares Barbosa, mestre e doutorando em Ciência Política na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

LeiaJá: A independência surgiu para  romper com os laços da colonização, frente a uma ameaça de recolonização. Esse discurso hoje é bastante aproveitado como metáfora base para diversos políticos. Qual a relação entre a independência e a soberania nacional? Como tem sido utilizado, por exemplo, pelo atual governo? 

VTB: No cenário político, os conceitos de independência e soberania nacional quase sempre são cooptados como elementos de distinção entre “nós” e “eles”. Bolsonaro, enquanto um populista, recorre a esse discurso nacionalista como uma estratégia de mobilização popular contra quem ele considera ser os “inimigos do povo ou inimigos da nação”, no caso, a esquerda. Essa instrumentalização dos signos nacionalistas não é algo novo no Brasil nem no restante do mundo, mas aqui Bolsonaro se coloca enquanto o “defensor da pátria” mais para angariar votos e apoiadores do que realmente como um plano de defesa da soberania e dos interesses nacionais.  

LeiaJá: Como as partes políticas têm lidado com o discurso de permanência ou retorno ao poder? 

VTB: A permanência da direita ou o retorno da esquerda ao governo será uma confirmação do tipo de projeto nacional que a maioria dos brasileiros quer para o país. Enquanto a permanência da direita remonta a um Brasil moralmente conservador e economicamente neoliberal, o retorno da esquerda aponta a uma percepção de que as políticas neoliberais não conseguiram atender às demandas de crescimento econômico e eliminação das desigualdades sociais. E as partes políticas têm lidado exatamente dessa forma e buscado perguntar ao eleitor “qual Brasil você quer?”.

LeiaJá: Quais aspectos da colonização na política hoje? O Brasil é independente de forma econômica e cultural?  

VTB: Na perspectiva de autores decoloniais, como Aníbal Quijano e Walter Mignolo, a colonização não se encerrou com a independência dos países colonizados, mas permaneceu ativa através do sistema de poder vigente. E vai se expressar na política de diferentes maneiras, do micro ao macro, atravessando as clivagens sociais de raça, classe e gênero. Por exemplo, a criação da ideia de raça, que é colonial, naturalizava os colonizados não-brancos como inferiores aos colonizadores para legitimar a subordinação, ainda tem seus reflexos na sociedade e política nacional. Enquanto a representatividade de negros na política continua baixa, essa população é a maioria quando o assunto é pobreza, violência policial, encarceramento em massa – que por sua vez, também são aspectos políticos.  

E a posição do Brasil dentro do sistema capitalista mundial, antes mesmo da nossa formação enquanto Estado, sempre foi dependente. Não é possível visualizar a independência econômica de um país exportador de produtos primários e importador de produtos industrializados. No que tange à cultura, o Brasil também está inserido em um sistema globalizado de trocas constantes, mas desiguais. As produções culturais estrangeiras chegam aqui com muito mais facilidade. São consumidas, absorvidas e ressignificadas pela nossa população. O caminho inverso parece ser muito mais difícil.   

4. O que esperar das manifestações do 7 de Setembro este ano? Qual o tom? 

VTB: Esse 7 de setembro será emblemático. Não só por marcar os 200 anos da independência do Brasil, mas pelo contexto: acontece à beira das eleições. Bolsonaro deve aproveitar a oportunidade para reforçar seu discurso nacionalista, atacar Lula e os Partido dos Trabalhadores, mas evitar investidas contra às demais instituições da República. Os outros candidatos provavelmente se manterão afastados. O próprio PT sinalizou que não convocará atos para o dia, justamente para evitar qualquer confronto com bolsonaristas. 

 

Desgastado politicamente e com a crise instaurada entre os Poderes, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode sair mais forte - ou não - após os atos deste 7 de setembro. Para a cientista política Priscila Lapa, Bolsonaro, que já se comporta como se estivesse em campanha eleitoral, deve reforçar o seu palanque nas manifestações infladas por ele.

A especialista aponta que o que deve ser visto nesta terça-feira (07) é um discurso contrário às instituições que o presidente insiste em afirmar que estão com o funcionamento inadequado, principalmente contra o Supremo Tribunal Federal. Os atos pelo Brasil estão sendo considerados como ações organizadas pelo Estado, na pessoa do chefe do Executivo, que foi se propagando e tem sido potencializado pelas redes sociais.

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“Isso torna o momento espantoso e as pessoas estão receosas, justamente porque a preocupação não é se o movimento vai ser grande ou descambar para a violência, a grande preocupação é a utilização dos recursos institucionais para que isso aconteça. Como já está acontecendo com clima de intimidação, de que as instituições podem ter o seu papel deturpado durante esse processo, principalmente o que o presidente espera caso exista radicalização”, aponta Priscila. 

Mesmo que o número de pessoas nas ruas, a favor do governo, não seja o esperado por Jair Bolsonaro e seus aliados, a cientista acredita que ele não vai recuar em seus discursos e ataques - que vem fazendo desde que foi eleito e tomou posse em 2019. “Nada fará Bolsonaro recuar da sua estratégia, porque é uma estratégia de sobrevivência política dele, que não tem uma agenda para discutir com a sociedade. O que ele tem é um enfrentamento ideológico, que fez Bolsonaro ser o que ele é”, diz.

7 de setembro e o palanque eleitoral

Falta pouco mais de um ano para as eleições de 2022, mas com a popularidade em queda e todas as últimas pesquisas mostrando que ele pode perder para o ex-presidente Lula (PT), o presidente Jair Bolsonaro tem andado pelo país e feito motociatas como se já estivesse na corrida eleitoral. 

No dia 28 de agosto, no 1º Encontro Fraternal de Líderes Evangélicos de Goiás, o presidente afirmou que tem três alternativas para o seu futuro: "estar preso, morto ou obter a "vitória" em 2022. "Pode ter certeza que a primeira alternativa não existe. Estou fazendo a coisa certa e não devo nada a ninguém. Sempre onde o povo esteve, eu estive", afirmou.

“Ele já não se comportava e acredito que a partir de amanhã ele não se comportará de forma nenhuma como chefe de Estado, ele se comporta como presidente em campanha, em cima de um palanque. Isso é muito preocupante porque a gente tem mais de um ano para a eleição. Qual o país que aguenta ficar mais de um ano com o seu principal líder fazendo campanha eleitoral e enxergando eleição em tudo? “, indaga Priscila.

A cientista ressalta que o presidente deve ganhar fôlego nesta terça (07) e afastar ainda mais a hipótese do processo de impeachment por conta do apoio popular, possibilitando também que Bolsonaro ganhe mais força - mesmo desgastado politicamente.

Chamado de Auxílio Brasil, o novo Bolsa Família do governo de Jair Bolsonaro (sem partido) pode ajudar a limpar a imagem do presidente e impulsionar a sua popularidade na camada mais pobre do país. Além disso, esse "novo" programa social só deve ser votado pela Câmara dos Deputados no final deste ano ou no início de 2022, o que pode auxiliar Bolsonaro a angariar votos para a sua reeleição.

Esta "limpeza" na imagem do presidente e possível aumento de sua popularidade são previsíveis, tendo em vista que políticas assistencialistas tendem a trazer um bom retorno eleitoral. O exemplo foi quando o auxílio emergencial começou a ser pago no Brasil, que aliviou - bem mais no início - os problemas econômicos de boa parte dos brasileiros. 

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Em dezembro do ano passado, por coincidência ou não, os pagamentos do auxílio emergencial ajudaram para que a popularidade do presidente Jair Bolsonaro batesse recorde positivo. Na época, 37% das pessoas reconheciam o governo como ótimo ou bom. A avaliação negativa (ruim/péssimo) registrou uma expressiva queda, chegando a 32%, índice mais baixo desde que o Bolsonaro assumiu o poder.

O cientista político Elton Gomes avalia que Bolsonaro age, primeiro, na tentativa de reduzir o cenário da crise econômica e da dificuldade de acesso aos recursos básicos, como alimentação. No Brasil, por exemplo, segundo levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), 19 milhões de pessoas passaram fome na pandemia.

A segunda reflexão levantada pelo especialista é que a remodelagem do Bolsa Família é uma tentativa do governo federal, que passa por um momento difícil, desgastado e com acusações de corrupção, para conseguir uma recuperação da imagem do presidente.

"Essa medida de aumento e nova roupagem do programa visa reabilitar a imagem do presidente da República e ganhar pontos com as camadas menos favorecidas, que estão na base da pirâmide social brasileira, para poder potencializar as suas chances de reeleição em 2022".

Elton aponta que nem a esquerda deve se opor ao Auxílio Brasil. "O centrão fisiológico, a esquerda liderada pelo lulopetismo e a direita bolsonarista têm um entendimento de que esse projeto tem que passar, porque traz uma medida muito popular. O ideal é que essa medida seja aprovada mais proximamente ao período eleitoral. Neste período, os parlamentares devem votar outras reformas, como a tributária e a administrativa, mas logo em seguida a pauta (do novo Bolsa Família) já é dada como certa", detalha.

O cientista político lembra que Bolsonaro não é o primeiro a enxergar na transferência de renda uma oportunidade de se manter no poder e melhorar a sua imagem perante o eleitorado. Ele salienta que em 2006, o Bolsa Família foi essencial para que o então presidente Lula (PT) fosse reeleito. 

O mesmo aconteceu em 2014, quando a então presidente Dilma Rousseff (PT), já sofrendo indícios de acusações de corrupção na Operação Lava Jato, aumentou um pouco o valor das transferências de renda, trazendo um resultado positivo na reeleição. 

"No entanto, lembre-se que Bolsonaro é um ator político que fez sua carreira pela via do confronto, e não pela concertação política. Mesmo que ele consiga melhorar parte de sua imagem com o eleitorado mais pobre, é bem provável que até a eleição, Bolsonaro continue se envolvendo em polêmicas, gestando crises e embates com outros poderes porque ele sabe que isso é importante para o seu eleitorado orgânico, aqueles 25% ou 30% de bolsonaristas raiz”, assevera o especialista.

Medida Provisória e valor

A medida provisória que reformula o programa Bolsa Família foi entregue por Bolsonaro ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), no dia nove de agosto. O Auxílio Brasil deve ampliar o valor, que só deve ser definido em setembro, e o número de beneficiários.

Na época, o presidente afirmou que o tem atuado com responsabilidade e preocupação social. “São propostas para dar transparência e responsabilidade aos gastos, incluindo aí o viés social do nosso governo. Sabemos que a pandemia trouxe uma inflação para alimentos para o mundo inteiro e não podemos deixar desassistidos os mais vulneráveis”, disse.

O presidente Jair Bolsonaro prometeu um aumento de, no mínimo, 50% no valor médio do Bolsa Família, que atualmente é de R$ 189, poderia ir para R$ 283,50.

O ex-ministro da Cultura, Francisco Correa Weffort, morreu nesse domingo (1º), aos 84 anos, após um infarto do miocárdio, segundo informações confirmadas hoje (2) pela Casa de Saúde São José, no Rio de Janeiro. Cientista político e professor universitário, Weffort ocupou a pasta durante os dois mandatos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), de 1995 e 2002.

Antes de integrar o governo FHC, Weffort participou da fundação do Partido dos Trabalhadores (PT), em 1980, e foi secretário-geral do partido na década de 1980. O cientista político também participou da mobilização para a realização de eleições diretas para presidente da República, em 1984.

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O ex-ministro nasceu em Quatá, em São Paulo, em 17 de maio de 1937, e se formou em ciências sociais na Universidade de São Paulo (USP), onde começou a lecionar em 1961.

Weffort também foi professor visitante da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), já nos anos 2000, e, ao longo de sua carreira, também atuou em universidades no exterior.

Fora do país, seu currículo inclui o Instituto Latino-Americano de Planificação Econômica e Social (Ilpes), no Chile; a Universidade de La Plata, na Argentina, e as universidades americanas de Woodrow Wilson Center e no Helen Kellogg Institute, da Universidade de Notre Dame.

Especializado na área militar, o cientista político e professor aposentado da Unicamp Eliezer Rizzo de Oliveira vê se desenhar "um cenário de crise" na movimentação política das Forças Armadas em relação ao voto eletrônico nas eleições de 2022.

O exemplo é o da invasão do Capitólio por apoiadores de Donald Trump, inconformados com a vitória de Joe Biden, em janeiro - com peculiaridades brasileiras que aponta. Como a possível ação de "setores da sociedade armados e mobilizáveis", que, diante de uma derrota de Jair Bolsonaro, produzam um "cenário de extrema violência". "O protagonismo militar está em pleno ato."

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Segundo ele, ocorreu em 2018 uma conexão de interesses entre uma espécie de partido militar "de extração verde-oliva" e a candidatura de Bolsonaro ao Planalto. A seguir, trechos da entrevista.

Como o sr. analisa o episódio de ameaça às eleições de 2022 enviada pelo ministro da Defesa, Braga Netto, ao presidente da Câmara, Arthur Lira?

O episódio é nebuloso, já que o general Braga Netto o desmentiu e Lira não o teria confirmado, tampouco desmentido. No entanto, o deputado se inscreve entre as diversas personalidades que vieram a público para defender as eleições. Algumas criticaram duramente o general Braga Netto, com toda razão. E este também se manifestou: não teria formulado ameaça militar, não costuma mandar recados, mas falar diretamente com as autoridades políticas e - aqui o principal - ele se alinha ao voto impresso, que é o sonho autoritário de Bolsonaro. O ministro age como se fosse membro de um diretório nacional partidário. Sim, no caso, do partido verde-oliva que governa com Bolsonaro.

O voto eletrônico é realmente uma preocupação entre militares ou é uma chave que usam para interferir na política?

Imagino que haja militares a favor e contra o voto eletrônico. Mas não poderia dizer se eles associam suas posições às de seus comandantes militares. Bolsonaro, sim, tornou o voto impresso uma questão de condição para preservar a democracia: "sem voto impresso não haverá eleição". Como, se a eleição é determinação constitucional? Vai colocar tanques nas ruas? Os comandantes cumprirão tal ordem inconstitucional? Espero que não, que cumpram a Constituição. Os governadores cruzarão os braços? Desenha-se mais um cenário de crise, a exemplo da invasão do Capitólio por trumpistas. Se agregarmos setores da sociedade armados e mobilizáveis, chegamos a um cenário de extrema violência que sugere golpe militar para controlar o caos social.

O que explica que as Forças Armadas, que foram as "grandes mudas" da política brasileira, de 1985 a 2018, voltem a querer ter o velho protagonismo?

As Forças Armadas foram valorizadas, de certo modo, e conviveram com o processo de reparação das vítimas da violência repressiva da ditadura militar: Lei e Comissão de Pessoas Presas e Desaparecidas e Comissão da Anistia. O presidente Fernando Henrique Cardoso criou o Ministério da Defesa, contrariamente à vontade dos altos comandos militares. Mas estes se resignaram e não confrontaram o presidente. Foram adotados importantes documentos de Defesa Nacional - Política Nacional de Defesa, Estratégia Nacional de Defesa e Livro Branco de Defesa Nacional - com a participação das Forças e relativa participação de políticos e acadêmicos.

O que aconteceu, então?

O ponto de virada, a meu ver, foi a combinação de crise política dos governos de Lula - corrupção - e Dilma - Comissão Nacional da Verdade. A CNV decorreu de um pacto não formalizado, mas efetivo, entre o

governo Lula e os comandantes. Assim, a CNV devia investigar os crimes contra os direitos humanos cometidos pelo Estado e também por pessoas e grupos políticos da luta armada, sem restrições. A CNV cumpriu parcialmente sua finalidade legal, pois investigou exclusivamente os delitos contra os direitos humanos cometidos por agentes públicos ou em conexão com eles. E não respeitou a anistia, embora tenha suavizado posições no relatório final.

E quais as consequências?

Em suma, o militarismo latente entre militares, da ativa e da reserva, sobretudo de clubes e associações, e civis veio à tona. Generais da reserva ameaçaram com o protagonismo militar, eufemismo de intervenção militar. Ocorreu então uma conexão de interesses entre uma espécie de partido militar de extração verde-oliva e a iniciativa do deputado Jair Bolsonaro para ser candidato à Presidência. Ele se notabilizara pela agressiva atuação parlamentar como defensor dos interesses profissionais dos militares, ainda que confrontando regulamentos e gerando desconforto às instituições castrenses. Tratava-se agora de enfrentar o "socialismo", de impedir o retorno das esquerdas ao poder. Leia-se, de impedir Lula de ser candidato, daí a ameaça de intervenção militar do general Villas Bôas, em abril de 2018. Eleito Bolsonaro, uma das bandeiras deste governo civil com administração e domínio militares é precisamente impedir o retorno das esquerdas. E, se um candidato de esquerda, Lula ou outro, vier a ser eleito, será impedido por ação militar? Estaremos diante de um golpe de estilo clássico?

Esse movimento é iniciativa da liderança militar ou há um amplo consenso na tropa sobre a retomada do protagonismo político?

Comandantes de diversos níveis tornaram-se líderes políticos, os da reserva com toda liberdade. Assim, há sinais claros de uma intensa militância nos quartéis na direção do que apontei. Há generais que se incomodam com tal situação, pois identificam nela um perigo para o profissionalismo e o preparo militar para a defesa nacional. Porém, dada a situação atual, interessa a Bolsonaro a politização do meio militar, que lhe fornece uma base numerosa de eleitores.

O que explica tal processo?

A formação intelectual e profissional dos militares é fundada em valores conservadores no Brasil. Mas não necessariamente antidemocráticos. Bolsonaro levou os militares ao governo como prometera. Para preservá-los, compra-os com vantagens previdenciárias, recursos para a Defesa, acúmulo de vencimentos acima dos limites constitucionais, cargos e flexibilização absurda da permanência de militares em cargos civis. Quem participa desta militarização da administração tem motivo financeiro para se empenhar pela reeleição de Bolsonaro. Os quadros militares, tal como os quadros sindicais de Lula e Dilma ou intelectuais de FHC, exercem o poder de Estado. Ganham com isso, mas poderão perder. O desastre do Ministério da Saúde sob direção do general da ativa (Eduardo) Pazuello é evidência da militarização da administração, em confronto com a convicção no meio militar de que militares são administradores mais competentes do que civis. Até que aparece um esquema corruptor para desmentir.

Trata-se de um anacronismo, um desejo de volta ao passado de prestígio e força dos militares, ou vontade de mudar o futuro das Forças Armadas, transformando os militares novamente em atores políticos?

Uma capa superior das Forças Armadas, do Exército com todo destaque, é formada por atores políticos. Mas em outros níveis também. Alguns são intelectuais que elaboram interpretações sobre o passado, o presente e o futuro, defendendo o direito das Forças Armadas à intervenção militar, ainda que sem base legal.

Há um projeto de Brasil aí?

Identifico um projeto de Estado danoso: antissocial; autoritário; ultraliberal; promotor do armamento da população como uma espécie de segurança pública privada; negacionista da ciência e da educação pública; controlador do pensamento científico; confrontador da institucionalidade democrática, dos poderes da República, do voto, das eleições. Em Fascismo Eterno, Umberto Eco sugere que tais atitudes e perspectivas são "nebulosas fascistas", um namoro com o autoritarismo.

Quais poderão ser as consequências para as Forças de um eventual retorno do protagonismo militar na política?

O protagonismo militar está em pleno ato. A consequência inevitável é a politização dos mais diversos meios e instituições militares. Para contê-la, poderá ocorrer um acirramento da disciplina e do controle político nos quartéis.

E para o País?

Não bastaria afirmar que esta situação faz mal ao Brasil e representa um risco gravíssimo à democracia. Devemos ir além. Os candidatos à eleição presidencial de 2022 precisam firmar posição sobre o que pretendem fazer com as Forças Armadas, os militares, os policiais, a defesa nacional e a segurança pública. Não bastam palavras soltas ao ar. É fundamental a apresentação de programas com planos, métodos, metas. A saída da presente militarização da administração federal não será uma tarefa dos militares, mas dos políticos previdentes e com a participação necessária das Forças Armadas institucionais. Pois elas existem e cumprem suas funções no dia a dia. Em tempo, é fundamental que candidatos progressistas reafirmem a Lei da Anistia. Ignorá-la tem sido um erro das esquerdas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo que evitem comentar sobre as articulações para disputa do Governo de Pernambuco, os partidos já começam a se movimentar de olho na eleição de 2022. Após o bom desempenho municipal do PSB e sua frente popular, cabe aos concorrentes correr atrás do prejuízo e se tornar competitivos em dois anos, diante da máquina pública. A convite do LeiaJá, o cientista político Caio Souza analisou o cenário.

Reprodução/LeiaJáImagens

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A ida do ex-prefeito do Recife, Geraldo Julio, para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado mostra a intenção do PSB em expandir sua capacidade de diálogo no interior. “É o nome mais ‘preparado’ do PSB para ocupar um cargo de Executivo a nível estadual, até por já ter feito parte como secretário de Eduardo Campos”, considera Caio. Além do marketing em cima dos poucos feitos de João Campos na capital, a sigla lhe deu uma pasta que não trará prejuízos políticos, visto que não carrega o peso social da Saúde, Educação e Segurança, por exemplo.

A forte base formada com PDT, MDB, PP, PSD, PCdoB, PV, PROS, Avante, Rede, Republicanos e Solidariedade dão favoritismo a Geraldo, em uma sinalização política "tradicional, sem criar grandes adversários". “O PSB tem aprendido que o eleitorado mudou e não está tão aberto a extremos", avalia o especialista.

Divulgação/Jonas Santos

Do Sertão vem o principal concorrente do PSB. Reeleito com o maior desempenho do Norte e Nordeste, o prefeito de Petrolina, Miguel Coelho (MDB), é caracterizado por Caio como "uma figura jovial no cenário político, embora não faça parte de um grupo novo, tem o potencial de trazer uma briga interessante”. Apoiado em grande parte do interior e cercado por um grupo que trafega entre correntes ideológicas, ele ainda tem o pai - o líder do Governo Bolsonaro no Senado - Fernando Bezerra Coelho (MDB) como principal cabo eleitoral. “O embate vai ser grande pelo fato de ser contra a máquina do estado, que tem toda força econômica”, acrescenta.

A falta de visibilidade na Região Metropolitana pode dificultar sua eleição, no entanto, a surpresa pode vir de uma aliança com o prefeito de Jaboatão dos Guararapes, Anderson Ferreira (PL), entende o cientista.  

Reprodução/LeiaJáImagens

Já Anderson, apesar de reeleito, saiu fragilizado do pleito de 2020 por apoiar o PT no segundo turno. “Anderson se vinculando à Marília nesse processo, mostra que ele facilmente abdica de suas bandeiras, que deram sustentação em grande parte às eleições dele, pela busca do poder”, conclui, ao comentar sobre a desconfiança do eleitorado religioso. Com pouca penetração em cidades vizinhas, o prefeito é um dos representantes da Família Ferreira, grupo político conhecido pelo sucesso através do viés cristão, que investe pesado em meios de comunicação e, inclusive, expandiu-se em figuras como o casal Collins e os Tércio. “É um político que se juntou a um lado que seu viés religioso não gosta. Vão usar isso em 2022 contra ele”, comentou o cientista político.

O movimento de 'centralização' compreendido como uma remediação a polarização, reavivou partidos que estavam apagados em parte do país. Embora não tenham protagonismo na história recente de Pernambuco, nomes como o ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM) e os representantes do PSDB, a prefeita de Caruaru Raquel Lyra e o deputado federal Bruno Araújo, podem surgir como candidatos da direita. Também em tom liberal, o deputado Daniel Coelho (Cidadania) também pode participar da disputa pelo governo do estado.

Reprodução/LeiaJáImagens

Do outro lado, o PT ainda luta contra o alto grau de rejeição e depende da continuidade de Marília Arraes no partido. "Ela é o único nome em Pernambuco que o PT tem, o que não quer dizer que ela tenha chance”, descreve Cario, que complementa, “o nome dela vende muito no interior e no Sertão”.

Bem como em 2018, a candidatura majoritária da sigla em Pernambuco depende das alianças nacionais para a disputa presidencial. Tal postura pode dar margem para o crescimento de outras legendas de esquerda, como o PSOL, que segue com a ampliação de bases e comemora vitórias históricas na Câmara Municipal do Recife e na Alepe, com a eleição da chapa Juntas.

Reprodução/LeiaJáImagens

Como azarão emerge o prefeito de Olinda, Lupércio (Solidariedade). Na verdade, o professor nem era contado entre os principais concorrentes até afirmar que está pronto para se tornar governador. Na visão do especialista, o comportamento é uma reconhecida manobra com a finalidade de assumir um cargo de deputado. “Eles se jogam em um cargo bem superior para tentar chamar os holofotes, como se ele pudesse sondar o potencial eleitoral dele”, descreve.

Para Caio, mesmo sem força para eleger a esposa, Lupércio tem potencial para assumir o posto federal, visto que Olinda já alçou ex-prefeitos ao Congresso.

Uma importante figura do cenário intelectual parisiense, o cientista político Olivier Duhamel, é acusado de abusar de um enteado no livro "La Familia Grande", escrito por uma enteada que denuncia a complacência da elite intelectual francesa.

Neste livro, que chegará às livrarias da França na quinta-feira (7), Camille Kouchner, filha do fundador da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) e ex-ministro das Relações Exteriores Bernard Kouchner, acusa seu padrasto, o conhecido cientista político Olivier Duhamel, de agredir sexualmente seu irmão gêmeo quando era adolescente.

Os fatos teriam ocorrido no final dos anos 1980, em meio ao silêncio de "La Familia Grande" - título do livro e apelido deste grupo de amigos, intelectuais e artistas de esquerda, fascinados pela revolução cubana, do qual faziam parte Duhamel e sua esposa Evelyne Pisier, que foi amante de Fidel Castro nos anos 1960.

Antes da publicação do livro, do qual alguns trechos foram divulgados na imprensa francesa no início da semana, Duhamel, de 70 anos, renunciou ao seu cargo como presidente da Fundação Nacional de Ciências Políticas e abandonou sua participação habitual em programas de rádio e televisão.

A Justiça abriu uma investigação por "estupros e agressões sexuais".

Camille Kouchner, hoje com 45 anos, manteve o silêncio por muitos anos, a pedido de seu irmão, mas pouco a pouco o rompeu com alguns membros da família. Sua mãe, Evelyne Pisier - irmã da atriz Marie-France Pisier - soube do ocorrido, mas nunca deixou o marido.

"Muito rapidamente, o microcosmos das pessoas no poder, Saint-Germain-des-Prés, ficou ciente. Muitos sabiam e a maioria deles agiu como se nada tivesse acontecido", escreve Kouchner.

Este caso relembra o do escritor francês Gabriel Matzneff, investigado por pedofilia depois que uma de suas vítimas, Vanessa Springora, descreveu a relação que teve com ele quando era apenas uma adolescente e o controle que ele exercia sobre ela no livro "Le consentement".

Os especialistas enfatizam que a violência sexual afeta todas as classes sociais e estimam que quase um em cada dez pessoas já foi vítima de abusos dentro da própria família.

"Seja qual for a classe social, os mecanismos são os mesmos: abuso de confiança, chantagem emocional, poder dos adultos sobre a criança. E o silêncio. É o selo do incesto, é uma parte constituinte dele", explica à AFP a especialista em violência sexual Alice Debauche.

"As pessoas preferem não saber, porque reconhecer a realidade do incesto é aceitar que parte do mundo de alguém se desmorona. Você começa a aceitar que há vítimas. Mas é difícil reconhecer que há abusadores", acrescenta.

Nitidamente fragmentada em Pernambuco, a esquerda conseguiu eleger o prefeito do Recife, João Campos (PSB), neste domingo (29), mas sofrerá as consequências da disputa. O resultado definiu o racha ideológico, já exposto durante a campanha. Antes aliado, o PT perdeu seu protagonismo em todos os recortes, o que lhe impôs o papel de oposição à atual gestão.

Embora as pesquisas dividissem as intenções de voto em 50%, a cientista política Priscila Lapa entende que o resultado no Recife não surpreendeu, visto que o PT acumulou derrotas nas capitais do país. "Isso não foi surpresa, sabe? Ele já vinha nesse movimento de perda de estrutura política e de capital eleitoral desde 2016, passou pela derrota em 2018 e agora ele sequer conseguiu ter candidatos competitivos nos grandes centros urbanos", afirmou, ao apontar que a legenda impôs concorrência apenas em Pernambuco e no Espírito Santo.  

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Na visão da especialista, o enfraquecimento ainda é reflexo dos desgastantes casos de corrupção e da tentativa de se reafirmar sem coligações. Tal condição permitiu que partidos "menos radicais" da ala ideológica, como o PDT, PDB e PSOL, adotassem o discurso antipetista. "O PT perdeu uma conexão com a agenda da sociedade e o voto da classe C. Ele trabalhou políticas de inclusão no processo produtivo, nas universidades e achou que para sempre haveria uma fidelidade desse eleitor", analisou.

Para o cientista político Arthur Leandro, "a campanha de 2020 no Recife pode ter gerado sequelas que inviabilizam a renovação da chapa PT/PSB, que reelegeu Paulo Câmara em 2018". Dessa forma, a 'oficialização' do racha foi evidenciada, por isso ele espera que o PT entregue os cargos dentro do Governo do Estado, visto que a própria candidata Marília Arraes indicou uma nova oposição em Pernambuco.

Considerado o principal reduto da esquerda no Nordeste, a vitória no Recife representa uma sobrevida ao candidato vencedor. "O PSB dependia totalmente da eleição de João Campos no Recife para tentar não ser rebaixado à 'terceira divisão da política nacional'. Digamos que era o jogo do rebaixamento para o PSB", comparou o especialista.

Implodido no cenário local e nacional, o PT catalisou o sentimento de revolta e cansaço do eleitorado. Neste cenário, as urnas favoreceram aos candidatos do Centrão, composto por partidos sem grande inclinação ideológica, "indicando que a tradicional divisão em esquerda e direita tem se mostrado insuficiente para explicar a dinâmica eleitoral do Brasil", assegurou o cientista político.

Frente ao sucesso da aliança PDT/PSB /PCdoB, Leandro indica que possivelmente haverá mais de uma candidatura da esquerda nas eleições presidenciais de 2022. Ele aponta que, embora derrotado, Guilherme Boulos (PSOL) conseguiu mobilizar o eleitorado de São Paulo e ganhou visibilidade como porta-voz contra o bolsonarismo. Por isso, "existe a possibilidade do PSOL ser uma alternativa competitiva nas eleições", complementou.

Eleição se disputa voto a voto, mas um bom palanque, com o apoio do maior número de partidos possíveis, pode ser um ponto a mais na largada da corrida eleitoral. Em Jaboatão dos Guararapes, Região Metropolitana do Recife, o atual prefeito Anderson Ferreira (PL), que disputará a reeleição, já conta com 14 partidos aliados: PSC, DEM, PSDB, PTB, PSD, Solidariedade, PSL, PV, PMN, Cidadania, Patriota, Podemos, Avante - além do próprio PL, claro. 

A falta de união entre os partidos que fazem oposição, que não definiram um nome único para disputar contra o atual prefeito, pode acabar firmando a reeleição de Anderson. Segundo o cientista político e professor do Colégio Damas, Elton Gomes, “as candidaturas de oposição até agora não mostraram vitalidade e talvez não sejam viáveis eleitoralmente". "O que se tem é uma espécie de referendo para chancelar, ou não, a reeleição do governante (municipal)”, complementa.

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No início de agosto, Silvio Costa (Republicanos) - que tentava junto com o ex-deputado Neco (PP) unir um bloco de oposição para enfrentar o atual prefeito da cidade - decidiu retirar a sua pré-candidatura. Com isso, os 11 partidos que estavam em conversa com o republicano publicaram uma carta pedindo por unidade. No entanto, na própria carta, eles assumiram que haverá mais do que uma candidatura contra o atual prefeito de Jaboatão dos Guararapes 

Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens/Arquivo

Silvio Costa, que é ex-deputado federal, antes de tirar o seu nome da disputa, tentou convencer os outros partidos para que o apoiasse e assim, ele, como principal candidato da oposição, pudesse ter mais força contra Anderson. Mas parece que PRTB, PSB, PTC, DC, PCdoB, AVANTE, MDB, PMB, PDT, PT e Republicanos não entraram em um consenso. Sendo assim, Silvio confirmou que dessa vez não daria para ele. Por meio de nota pública, o ex-deputado confirmou que conversou com os pré-candidatos de Jaboatão e ponderou que deveriam construir a unidade já no primeiro turno. 

Na ocasião, Silvio defendeu que os partidos de oposição deveriam esquecer os projetos pessoais e partidários isolados e escolher o nome que reunisse “as melhores condições políticas” para representar as bandeiras da oposição. “Infelizmente, não foi possível fazer essa construção política. Uns concordaram com a tese, outros disseram que seriam candidatos de todo jeito. Em função dessa impossibilidade de unidade decidi abrir mão de minha pré-candidatura a prefeito, porém, vou continuar dialogando com todos os pré-candidatos que desejem construir uma Jaboatão mais inclusiva e justa", salientou.

Segundo Elton Gomes, com a forma como está sendo desenhada a corrida eleitoral em Jaboatão, se perde a oportunidade de debater ideias mais sensíveis, do ponto de vista da administração pública. “A tendência quando se tem uma candidatura assim, com um candidato com mais vantagens, já largando na posição de quase vitória, é que se aumente a lógica do personalismo da vida pública, pela qual você não tem uma plataforma de ideias, propostas de administração pública, mas sim uma plataforma predominantemente baseada no carisma pessoal do governante”, reforça.

Os 14 partidos que já fazem aliança com Anderson Ferreira representam, na visão do professor, uma expectativa de poder bastante considerada pelos partidos e, também, aos que tentarão se eleger, ou reeleger, vereadores da cidade. “As forças políticas fazem um cálculo, e nessa equação de elementos de poder eles chegam à conclusão que são altas as chances do prefeito se reeleger. Como consequência disso, eles procuram estar na estrutura do arco das alianças que dá sustentação para o prefeito, visando benefícios futuros como cargos e verbas na nova administração que se inicia em 2021”, finaliza.

Pesquisador e especialista em financiamento de campanha, o cientista político Bruno Pinheiro Wanderley Reis, diretor da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma, em entrevista ao Estadão, que a ausência de uma reforma política no País reproduz malefícios. Para ele, a "regulação do financiamento de campanha é ainda problemática no Brasil e isso produz efeitos no sistema político, que é muito capturável por interesses específicos". Reis também defende a manutenção do calendário eleitoral - se manifestando contra eventual prorrogação de mandatos - e disse que o sistema político está desmanchando de 2013 para cá. Leia os principais trechos da entrevista:

Esse momento de crise entre as instituições no Brasil resulta de reformas políticas malfeitas no passado?

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Penso que resulta principalmente de uma reforma que a gente não soube fazer. O Congresso Nacional, em especial a Câmara dos Deputados, pautou insistentemente, mas nem a sociedade civil nem a mídia ou a ciência política acadêmica não acharam que era o caso. Os malefícios foram se reproduzindo. A regulação do financiamento de campanha é ainda problemática no Brasil e isso produz efeitos no sistema político, que é muito capturável por interesses específicos. Tudo que a Lava Jato expôs são consequências dedutíveis do marco regulatório existente. Empregou-se um remédio judicial para um problema regulatório.

Qual problema?

A peculiaridade do Brasil é ter um teto que incide sobre o doador que é um porcentual de sua renda. No Brasil as pessoas podem doar proporcionalmente ao dinheiro que já tem. Quem é mais rico pode doar mais e quem é menos rico pode doar menos. Isso valia para pessoa jurídica até 2014. Em 2015 parou de valer, mas continuou para pessoa física. É 10% da renda bruta declarada na eleição anterior. Se cada um de nós pode doar até 10% do que ganha, o candidato vai bater na porta de quem pode doar muito dinheiro. O sistema empurra ele a pedir muito dinheiro para pouca gente. Isso produziu uma enorme concentração inédita da oferta de dinheiro. Do outro lado, o sistema eleitoral com lista aberta, candidaturas individuais em distritos com dezenas de cadeiras produziu competição entre centenas candidatos. Do outro lado desse mercado, a demanda por dinheiro é muito fragmentada. Quem tem poder de mercado nesse jogo é doador. O candidato dança conforme a música ditada por quem vai doar.

Qual seria o melhor sistema de financiamento?

Isso é um problema no mundo todo. Longe de ser algo trivial, é o calcanhar de aquiles da democracia. Desigualdades econômicas são uma fonte de assimetria de poder. Campanhas custam dinheiro e precisam ser financiadas. A questão é ver qual o modelo em que o poder econômico não tem livre passe. Qualquer coisa que concentra a demanda e dispersa a fonte é bem-vinda. A lista pré-ordenada partidária teria melhorado muito o ambiente. Em vez de 1000 carinhas disputando financiamento individual para si e tendo que aceitar os termos de doadores poderosos, seriam meia dúzia de partidos importantes pensando em que porta iriam bater. De outro lado, colocar teto nominais.

Qual a sua posição sobre o financiamento público de campanha, o fundo eleitoral?

Não há casos de financiamento público exclusivo. É sempre um mix. A função do financiamento público é prover um colchão básico em que todo a princípio tem acesso. Se um país resolve ser democrático, ele gasta parte de seu orçamento para promover eleições e criar condições mínimas para quem quer tentar entrar no jogo. Mas é saudável que haja um mercado privado de financiamento. O que aconteceu no Brasil recente quando criou-se o Fundo Partidário, que foi multiplicado várias vezes para bilhões de reais, foi o sistema político criando um seguro contra o virtual estrangulamento do fluxo de doações a partir da Lava Jato e das decisões regulatórias do Supremo. Primeiro baniu-se a doação por pessoa física, e depois o Supremo aceitou como prova uma doação legal feita para o senador Valdir Raupp (MDB-RO). Assim você inviabiliza o mercado legal idôneo de financiamento de campanha.

Como o fim das coligações proporcionais muda o financiamento?

Muda pouco no financiamento, mas é um passo na direção certa. Ele aponta para uma redução gradativa do número de partidos. A possibilidade de coligação é um fator a mais que aumentava o número de partidos.

O senhor defende que o calendário eleitoral das eleições municipais deste ano seja alterado ou mantido?

A manutenção na medida do possível. Estamos submetidos a uma emergência sanitária. É muito grave mexer o calendário eleitoral. O Brasil está em uma situação horrível. O sistema político está em decomposição de 2013 para cá. Está desmanchando a olhos vistos. Basta ver a história patética do combate à pandemia e a catástrofe humanitária que estamos produzindo. Tem uma coisa que não foi suspensa de 2014 para cá, que foi o calendário eleitoral. Se a gente começa a barganhar ou discutir politicamente o calendário eleitoral em função de conveniências, melou. O último prego da parede seria arrancado e ficaríamos inteiramente à deriva. Isso tem que ser considerado sagrado e intocável.

Como o que no sistema político está desmanchando?

O sistema partidário e de controle político. O que aconteceu de 2014 para cá é que, ao expor os bastidores viciados do financiamento de campanha, mais que induzir correção institucional, o que a Lava Jato produziu foi a desorganização completa do sistema e o salve-se quem puder. O sistema eleitoral flutuou na direção do predador, para o últimos dos políticos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

No podcast dessa sexta-feira(13), o cientista político Adriano Oliveira fala sobre o coronavírus, que, segundo ele, na análise política representa o Cisne negro. Olivera questiona ainda se o sistema de saúde brasileiro terá condições de aguentar as consequências do coronavírus. Que, segundo ele, veio para interferir fortemente no desempenho da economia.

O cientista político questiona também se o presidente Jair Bolsonaro será uma grande liderança para conduzir o país e a população, com o objetivo de amenizar e superar o coronavírus. Destaca também a expectativa sobre o que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, irá propor para que a economia brasileira venha a se recuperar.

O podcast de Adriano Oliveira tem duas edições, nas segundas e nas sextas-feiras. Além disso, também é apresentado em formato de vídeo, toda terça-feira, a partir das 15h, na fanpage do LeiaJá.

 

Depois de várias especulações de como seria o discurso do ex-presidente Lula no seu primeiro contato com a população ao sair da prisão, observa-se que, como sempre fez nas suas entrevistas enquanto esteve preso - apontando que a sua prisão foi “armada” por parte dos setor público-, em seu primeiro discurso solto o petista retomou essa fala acusando as "partes podres" da Receita Federal, do Ministério Público, da Polícia Federal, entre outros. De acordo com o cientista político Juliano Domingues, agora não existe mais aquele “lulinha paz e amor de 2002”, referindo-se à mudança de comportamento adotada pelo Lula na tentativa de ganhar a presidência na época.

Na tarde desta sexta-feira (8), Lula foi recepcionado por uma multidão de apoiadores que se concentraram em frente a sede da Polícia Federal de Curitiba, no Paraná. Para Domingues, ficou aparente que o discurso do ex-presidente foi um discurso mais duro e de queixa, como era esperado, em relação às instituições do Ministério Público e parte do judiciário. Ainda segundo aponta o especialista, dessa vez Lula buscou ter cuidado e não generalizar no momento que falava das instituições.

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“Há uma indicação de qual deve ser a estratégia discursiva que é de se colocar como alguém capaz de fazer com que o Brasil retome o rumo da geração de emprego e crescimento. É se colocar também como alguém que pode ser esse catalisador da esperança da população num futuro melhor”, salienta Juliano.

Considerado o líder da oposição e da esquerda no Brasil, acredita-se que, por conta da forte dependência da figura do Lula, agora a oposição consiga mais força. O cientista político aponta que o ex-presidente "ainda é uma das principais lideranças do Brasil e da América Latina".

“A forma como ele se posicionou agora e a capacidade que ele tem de representar, talvez, uma parcela não tão grande quanto se pode imaginar, mas ele ainda é um símbolo importante da esquerda e centro-esquerda”, pontua Domingues.

A liberdade do ex-presidente acontece depois que, por 6 votos a 5, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a prisão só pode acontecer depois que todas as instâncias sejam esgotadas. A decisão da soltura é do juiz Danilo Pereira Júnior, magistrado da 12ª Vara Federal de Curitiba.

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<p>Nesta segunda-feira (22), o cientista político Adriano Oliveira fala em seu podcast ​ sobre a importância da Lava-Jato, Ministério Público, Poder Judiciário e o The Intercept Brasil enquanto instituições, e de que forma as decisões são tomadas, através de quais influências, apontando sempre para um objetivo final.&nbsp;</p><p>O analista, além de condenar as estratégias adotadas por Moro durante a condução do processo da investigação, cita ainda a discrepância na postura do Poder Judiciário com relação à um processo envolvendo o PT, representado na figura do ex-presidente Lula, em que Deltan Dallagnol, Procurador de Justiça, é agressivo e contundente. Enquanto em outro processo, em diálogos divulgados pelo The Intercept, Deltan surge com a tentativa de amenizar o caso Queiroz, que envolve a família do atual presidente, Jair Bolsonaro.&nbsp;</p><p>O programa Descomplicando a política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 19h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.&nbsp;</p><p>Confira mais uma análise a seguir:&nbsp;</p><p>
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Nesta segunda-feira (17), o cientista político Adriano Oliveira destaca em seu podcast alguns temas. Entre eles, a crítica do ministro Paulo Guedes em relação ao relatório da reforma da previdência que, segundo o ministro, não foi feita nenhuma alteração, já que privilégios aos servidores públicos foram mantidos.  Segundo o cientista, o ministro Paulo Guedes precisa compreender que o governo Bolsonaro não tem uma base parlamentar, logo, o que foi aprovado, foi uma consequência de uma má articulação da política de governo.

O cientista político ressalta ainda que o ministro Paulo Guedes mostra desequilíbrio na área política, que o mesmo precisa entender também que o Estado é formado por várias categorias e não apenas pela dos militares.

Outro ponto destacado por Adriano Oliveira, são as demissões. Ele informa que qualquer governo apresenta demissões, porém, a guerra ideológica e a influência dos filhos do Presidente Jair Bolsonaro prejudicam o governo atual e a agenda do País.

O programa Descomplicando a política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 19h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras.

Confira mais uma análise a seguir:

Nesta sexta-feira (03), o cientista político Adriano Oliveira fala em seu podcast sobre derrota do ministro da justiça Sérgio Moro. O analista afirma que para ele, este fracasso já era esperado, onde o mesmo, já escreveu artigos sobre o assunto. Adriano traz seus pontos de vistas sobre Moro e o presidente Jair Bolsonaro na política brasileira. 

O cientista explica toda a situação da derrota do ministro da justiça, que aconteceu nesta quinta-feira (09), trazendo os motivos pelos quais, os políticos reagiram fortemente a Sérgio Moro. Oliveira afirma que os políticos reagiram por temor e por causa de uma atitude soberana realizada por Moro e o presidente do partido (PSL), atitude esta, que Adriano traz com detalhes em seu podcast. O analista também declara que Bolsonaro vem acumulando derrotas frequentes no parlamento, por não saber dialogar e negociar. 

No podcast Adriano aborda todo ambiente da política, onde há uma necessidade de negociar, conversar, cooperar e ceder. O analista traz esses, entre outros assuntos em seu podcast.

O programa Descomplicando a política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 19h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras. 

Confira mais uma análise a seguir:

Nesta segunda-feira (06), o cientista político, Adriano Oliveira, fala em seu podcast sobre diversos temas, entre eles, a ausência do presidente Bolsonaro no Nordeste, sobretudo no período eleitoral. De acordo com o cientista político, o Nordeste brasileiro é o quartel general do Lulismo, na ocasião, ele explica o que deve ser feito para conquistar o eleitorado nordestino.

O programa Descomplicando a política é exibido na fanpage do LeiaJá, em vídeo, toda terça-feira, a partir das 19h. Além disso, também é apresentado em duas edições no formato de podcast, as segundas e sextas-feiras. 

Confira mais uma análise a seguir:

Com a economia do país se recuperando de uma recessão, o número alto de desempregados e a crescente violência que atinge diversos Estados, a expectativa dos brasileiros é que os planos de governo apresentados nas eleições deste ano sejam colocados em prática a partir de janeiro de 2019, quando o novo presidente toma posse. Registrando 41% das intenções de votos, de acordo com a última pesquisa Ibope, o candidato à Presidência da República, Fernando Haddad (PT), está em segundo lugar na disputa e seu programa, que conta com 61 páginas, prevê a atuação em cinco eixos centrais que trazem propostas que vão desde a retomada da economia até ações de sustentabilidade.

Passeando por diversos campos, os principais pontos do plano de Haddad garantem que, se eleito, ele irá promover a retomada de empregos, através do projeto “Meu emprego novo” - reativando obras paralisadas da Petrobras e do Minha Casa, Minha Vida; além do aumento do poder de compra do cidadão, com a ampliação do crédito - a partir de uma reforma bancária, da isenção do Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos e do Dívida Zero.

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Já no âmbito da segurança pública, o plano aponta que o eventual governo de Haddad vai transferir para a Polícia Federal o combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado, hoje de responsabilidade dos Estados, e criar um plano para reduzir os homicídios. Quando o assunto é saúde, o documento diz que a intenção é criar uma rede de clínicas de especialidades médicas e implantar o prontuário eletrônico em todo país. E na educação, o destaque é para os convênios para ampliar o número de creches e escolas de tempo integral.

Como qualquer outro político petista, Haddad também prega no documento a ampliação dos programas sociais, a igualdade de gênero e o direito de segmentos da população como indígenas, negros, deficientes e quilombolas. Ou seja, o plano de governo do ex-prefeito de São Paulo tem uma lista ampla de ações e de como elas devem ser implantadas em caso de vitória.

Uma peculiaridade do programa de governo dele, contudo, chama a atenção. Na ótica de especialistas, as propostas são um misto do legado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e no próprio texto de abertura do documento, inclusive, há o registro de que sim, o plano “honra o legado de Lula e condensa suas ideias”.  

Na avaliação do cientista político e pesquisador do Observatório do Poder, Arthur Leandro, mesmo esse reflexo sendo da extração de iniciativas do auge da gestão de Lula, falta a identidade do próprio candidato na proposta. “O programa sinaliza para uma mistura de coisas que foram feitas no segundo governo Lula, e deram certo, e de coisas que fatidicamente deram errado no governo Dilma. Existe pouco de inovação. Existe pouco de Haddad no programa de governo dele. Essa é uma dificuldade do PT que, de maneira geral, não acreditou que o candidato seria Haddad”, considerou o especialista. “O plano de governo de Haddad é pouco conhecido como uma referência original e mais conhecido como um legado”, completou.

Dificuldades

Analisando os passos que devem ser adotados pelo presidenciável petista, Leandro alertou para dificuldades que podem ser encontradas, a partir do cenário de crise do país, com a ampliação dos gastos públicos com o investimento em obras públicas e da concessão do crédito para que possa aumentar o consumo e a circulação de riqueza no país.

“Essa fórmula era mais convincente na transição do primeiro para o segundo governo Lula, quando o Brasil tinha uma situação fiscal favorável, então havia a possibilidade de utilizar esse tipo de recurso. Hoje em dia o Brasil tem uma situação de crise fiscal, as empresas brasileiras estão com, problemas de credibilidade, o crédito internacional dessas empresas está com problemas e como a situação atual do país e é de crise e desconforto, então qualquer governo que venha assumir o país , ainda vai precisar encaminhar e emplacar medidas que são impopulares”, observou.

O cientista político citou como exemplo a reforma da Previdência, que Fernando Haddad já adiantou a pretensão de fazer um sistema único de Previdência com a convergência entre o regime geral de aposentadoria e o de servidores públicos.

“A previdência pública exige providências imediatas. Nós temos que sentar com governadores e prefeitos que estão hoje em situação de penúria e resolver o problema da previdência pública. Os chamados regimes próprios de previdência. Uma segunda etapa, você tem que convergir o regime geral que é a previdência, do INSS, com a previdência pública para ter um sistema de previdência única no país cortando todos os privilégios. (...) Tem que acabar com os privilégios, fazer um sistema único de previdência, começando por uma reforma dos sistemas próprios”, disse o candidato, em entrevista recente à Rádio CBN.

Pontos positivos

Por outro lado, Arthur Leandro apontou como questões positivas e deficitárias no plano de governo do candidato Jair Bolsonaro (PSL), adversário do petista na disputa, o foco em questões ligadas a assistência social e a manutenção dos direitos humanos.

“[No programa] existe uma preocupação clara com projetos sociais, como historicamente é parte da marca do PT; bem como as chamadas políticas identitárias, população indígena, quilombola, LGBT, questão da violência contra a mulher. O plano de governo do PT é detalhado acerca disso, uma coisa que o plano de Bolsonaro não tem”, salientou.

O pesquisador também pontuou que o molde das privatizações pregada pelo governo do presidente Michel Temer (MDB) é refutada no plano de Haddad, que diz pretender ouvir a população sobre o assunto. “A ideia de que é necessário ampliar a discussão com a sociedade sobre as privatizações, é parte do plano de governo, o que reflete a ideia de que sendo contrário, a instância de orientar e guiar o processo de privatização vai no sentido de não permitir”, ponderou Arthur Leandro.

O cientista político disse ainda que o grau de das propostas de Haddad é claro, ao contrário do que prevê o programa de governo de Jair Bolsonaro. “Uma das vantagens do plano de Haddad é o grau de detalhamento, a agenda de governo do PT fica bem esquematizada, você consegue entender quais os pontos que seriam prioritários no governo do PT. O de Bolsonaro é esquemático, ele anuncia os problemas, mas não diz como fazer. No de Haddad você consegue inferir que parte das ações vão acontecer da forma que o PT historicamente tem agido”, destacou.

Confira aqui no programa de governo completo de Fernando Haddad.

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