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Um time de cientistas chineses conseguiu clonar um macaco rhesus chamado Retro, de dois anos de idade e com boa saúde, aprimorando a técnica que permitiu o nascimento da ovelha Dolly em 1996, revelou um estudo publicado nesta terça-feira (16).

Primatas são muito difíceis de clonar, então os cientistas enfrentaram anos de fracassos antes de obter sucesso. Agora, esperam que o procedimento, que utiliza a placenta, possa permitir a criação de macacos rhesus idênticos para estudos médicos.

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Desde a clonagem de Dolly, em 1996, mais de 20 tipos de mamíferos - cães, gatos, porcos, bovinos - foram criados com a técnica de Transferência Nuclear de Células Somáticas (SCNT).

Porém, só mais de duas décadas depois os cientistas conseguiram clonar o primeiro primata. Um casal de macacos-caranguejeiros geneticamente idênticos, chamados Hua Hua e Zhong Zhong, nasceu por meio do método SCNT em 2018 no Instituto de Neurociências da Academia Chinesa de Ciências em Xangai, dirigido por Qiang Sun, autor principal do estudo publicado na Nature Communications.

Foi um avanço científico, ainda que menos de 2% dos macacos-caranguejeiros tenham nascido vivos. Todas as tentativas anteriores de clonar macacos rhesus, espécie que deu nome ao sistema de grupos sanguíneos (fator RH), haviam falhado.

- Clonagem humana “seria muito difícil” -

A equipe do instituto chinês investigou as causas desse fracasso e identificou o motivo principal: as placentas que fornecem os nutrientes necessários para o crescimento dos embriões clonados apresentavam anomalias em comparação com as placentas provenientes da fertilização in vitro de macacos não clonados.

Os pesquisadores substituíram então as células da futura placenta, chamadas trofoblasto, por células de um embrião saudável e não clonado.

Essa técnica "melhorou consideravelmente a taxa de sucesso da clonagem por meio da SCNT" e resultou no nascimento de um macaco rhesus clonado batizado como Retro, que agora tem dois anos, disse Qiang Sun à AFP.

O problema é que apenas um dos 113 embriões sobreviveu, ou seja, a taxa de sucesso é inferior a 1%, destacou Lluis Montoliu, do Centro Nacional de Biotecnologia da Espanha, que não participou das pesquisas.

Se o ser humano for clonado um dia, um grande temor no campo da pesquisa, seria necessário antes conseguir clonar outras espécies de primatas, apontou este cientista no Science Media Centre (SMC).

A baixa taxa de êxito dessas pesquisas "confirma que não apenas a clonagem de humanos é inútil e discutível, mas se fosse tentada, seria muito difícil e eticamente injustificada", comentou Montoliu.

Uma opinião compartilhada por Qiang Sun, que considera a clonagem de um ser humano algo "inaceitável" em qualquer circunstância.

A técnica de clonagem reprodutiva por meio do método SCNT consiste em produzir uma cópia genética de um animal, substituindo o núcleo de um óvulo não fecundado por uma célula do corpo do animal doador, formando um embrião que pode ser transferido para o útero de uma fêmea para gestação.

Um macaco rhesus chamado Tetra já havia sido clonado em 1999 com outra técnica, usando a divisão de embriões. Esse procedimento é mais simples, mas só pode produzir quatro clones simultaneamente.

Os cientistas, portanto, se concentraram na SCNT em parte porque permite criar muito mais clones, com o objetivo de reproduzir macacos geneticamente idênticos para estudar algumas doenças e testar medicamentos.

Os tremores de terra e o risco de colapso que colocaram Maceió em estado de emergência têm ligação com a atividade de extração de sal-gema, utilizado para produzir soda cáustica e policloreto de vinila (PVC), localizado a mais de mil metros de profundidade. A extração foi interrompida pela Braskem há cinco anos, mas isso não impediu que a movimentação do solo continuasse. Pesquisadores, porém, dizem alertar sobre riscos na área pelo menos desde 2010.

Pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) afirmam que apontavam para riscos de afundamentos em Maceió há mais de uma década. "Um estudo publicado na revista científica Geophysical Journal International mostrou que a exploração do sal-gema pela Braskem estava provocando aumento do nível do lençol freático na região. Esse aumento de pressão poderia causar o afundamento do solo", diz texto divulgado nesta semana no site da UFAL, citando publicação cientifica de 2010.

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"Em 2011, outro estudo, publicado na revista científica Engineering Geology, chegou à mesma conclusão. Os pesquisadores estimaram que o afundamento poderia atingir até 1,5 metro em algumas áreas da cidade", acrescenta o texto. A Defesa Civil de Maceió disse na noite desta quinta-feira (30) que o desabamento pode ocorrer a qualquer momento.

A Braskem, por sua vez, afirma em nota que a extração de sal-gema em Maceió "sempre foi acompanhada utilizando a melhor técnica disponível, fiscalizada pelos órgãos públicos competentes e com todas as licenças necessárias para sua operação". A empresa também declarou que não havia indícios de problemas relacionados à mineração até cinco anos atrás.

"Antes de 2018, não existiam indicativos de trincas ou rachaduras sobre as quais houvesse suspeita de relação com a atividade de extração de sal. De acordo com os estudos técnicos realizados nos últimos quatro anos, conduzidos por diversos especialistas nacionais e internacionais das diferentes áreas das Geociências, foi evidenciado que a subsidência é complexa", diz a Braskem.

"Ao tomar ciência em 2019 de que a subsidência estava acontecendo na região, a companhia interrompeu definitivamente a extração de sal-gema nessa região e iniciou as ações para mitigação de riscos e reparações", acrescenta a companhia.

Geóloga morava em área desocupada após tremores de terra

Sobre os sismos que têm sido detectados nos últimos dias, a geóloga Regla Toujaguez, professora dos cursos de Engenharia e Ciências Agrárias da UFAL, diz que eles são esperados na atual situação. "Na extração, trabalha liquofazendo muito o sistema. Injeta água no sistema e lubrifica muito lá embaixo", explica. "Tirou o sal e ficam muitas cavidades. Essas cavidades são preenchidas com fluido. A mineração parou, mas eles precisam manter o sistema e fazer monitoramento diário", afirma.

A própria professora da UFAL foi diretamente afetada pelo caso. Ela morava no bairro Pinheiro, um dos que precisaram ser desocupados. "Nosso prédio teve problema, muitas casas tinham rachaduras. Como os vizinhos sabiam que eu era geóloga, a todo momento vinham bater na minha porta para perguntar se era seguro", conta Regla. Todos eles foram removidos, a partir de 2018, e indenizados pela Braskem.

O geólogo Francisco Dourado, professor de Geologia da Universidade do Estado do Rio (UERJ) e coordenador do Centro de Pesquisas e Estudos sobre Desastres da instituição, explica que os colapsos ocorrem se há perda da auto sustentação de uma estrutura. "Quando falamos de cavernas, minas subterrâneas ou qualquer cavidade subterrânea, os colapsos causam a subsidência (afundamento) da camada acima dessa cavidade."

Dourado diz que esse tipo de incidente não é raro. "Algumas regiões do planeta sofrem muito com esse problema. O Alabama (nos EUA) sofre com subsidências naturais, assim como Rio e São Paulo sofrem com os deslizamentos e as inundações. Os colapsos causados pelo homem geralmente estão associados a minerações, mas há outras causas, como as construções de túneis para o sistema de transporte", cita.

Ele lembra os casos da escavação para a Linha-4 do metrô do Rio, que causou problemas em edificações na Gávea, na zona sul carioca, e da construção de um túnel na duplicação da Estrada Rio-Juiz de Fora, que provocou rachaduras em alguns imóveis.

Na avaliação do professor, colapsos provocados por intervenção humana - como em Maceió - "certamente" resultam de problemas no projeto. Ele ressalta, contudo, que isso não necessariamente significa que tenha havido erros na concepção.

"A natureza é heterogênea. No meio natural, podem surgir descontinuidades que, por mais detalhada que seja a prospecção, podem passar sem serem observadas. Nesses casos, aplica-se o princípio da imprevisibilidade da natureza", pondera Dourado.

Áreas precisam ser monitoradas por anos, mas poderão ser reaproveitadas

As áreas onde ocorreram evacuações e tiveram construções demolidas pela prefeitura de Maceió não estão condenadas para sempre. Elas poderão ser reocupadas, mas isso dependerá de monitoramento constante, avaliação de custo e interesse público.

"Depende da intensidade do problema e do mapeamento da extensão", considera Dourado, da UERJ. "Diferentes soluções podem ser adotadas, e isso vai condicionar as medidas de mitigação e seus custos. A partir daí, se estabelece a relação custo-benefício", afirma.

"Se os custos (financeiros, políticos e sociais) ultrapassarem os benefícios, opta-se por proibir o uso da área, mas isso não significa que a área não será utilizada. Se o custo for menor que os benefícios, executam-se as obras e a área pode ser novamente ocupada. Às vezes por um novo tipo de ocupação, como uma área de lazer ou comercial", exemplifica.

Regla Toujaguez, da Federal de Alagoas, ressalta que o monitoramento das condições do solo precisa ser diário e se estender por ao menos cinco anos após a constatação que ele está estabilizado. A partir daí, o espaço pode ser reurbanizado.

"As áreas foram compradas pela empresa, que poderá fazer uso dela. Há quem diga até que possam virar condomínios. Mas será que as pessoas vão esquecer do que aconteceu tão rápido assim?", questiona a professora.

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O museu interativo Espaço Ciência promove a 29ª edição do Ciência Jovem, em que estudantes da educação infantil, médio e técnico apresentam projetos científicos. O evento é gratuito acontece nos dias 22 e 24 de novembro, das 9h às 16h, na Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (ETEPAM), no bairro da Encruzilhada, Recife.

Cerca de 260 trabalhos desenvolvidos pelos alunos serão apresentados. A feira conta com a participação de jovens de 17 estados do Brasil e também do exterior, de países como o México, Paraguai, Espanha e Porto Rico. Pernambuco lidera com maior número de projetos, com 191 inscrições, seguido de Alagoas, Bahia, Ceará e Amapá.

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Os candidatos receberão, também, premiações entregues em seis diferentes categorias: Iniciação à Pesquisa, Divulgação Científica, Incentivo à Pesquisa, Desenvolvimento Tecnológico, Educação Científica e Francis Dupuis (projetos internacionais). Além da premiação, os projetos com maiores pontuações terão credenciais para participar de outros eventos nacionais e internacionais.

“A Ciência Jovem, além de funcionar como ambiente fomentador de iniciativas científicas, tem como principal objetivo tornar a ciência mais acessível para sociedade, promovendo a democratização do saber e estimulando o interesse pela pesquisa e descobertas científicas”, afirma a coordenadora do evento, Vitoria Pessoa.

"Gonkoken nanoi", uma espécie de dinossauro herbívoro da qual não havia registros no hemisfério sul, foi encontrado na Patagônia chilena, epicentro de importantes descobertas paleontológicas nos últimos anos, anunciaram pesquisadores nesta sexta-feira (16).

Com até quatro metros de comprimento, uma tonelada de peso e um bico semelhante ao de um pato, essa espécie habitou, há 72 milhões de anos, o vale de Las Chinas próximo a Cerro Guido, no extremo sul do Chile, onde outras quatro espécies de dinossauros foram encontradas.

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Os fósseis foram descobertos em 2013 e, posteriormente, os cientistas conseguiram classificá-lo, uma descoberta que apresentaram nesta sexta-feira.

"Eram dinossauros de aparência esbelta, que podiam adotar facilmente tanto uma postura bípede como quadrúpede para alcançar a vegetação tanto no alto como ao nível do solo", descreve Alexander Vargas, diretor da Rede Paleontológica da Universidade do Chile e um dos autores do estudo publicado nesta sexta-feira pela revista Science Advances e apresentado em Santiago.

Esse tipo de réptil também tinha grandes bicos achatados na extremidade, semelhantes aos de um pato, mas com bordas mais cortantes e numerosos dentes com os quais podiam moer, triturar e cortar praticamente qualquer material de origem vegetal, inclusive madeira.

Também possuíam um comportamento sociável e cuidavam de seus filhotes, acrescenta Vargas.

- Descoberta surpreendente -

Os fósseis foram encontrados em uma das encostas do vale do rio de Las Chinas, nas proximidades do parque nacional Torres del Paine, aproximadamente 3.000 km ao sul de Santiago.

Sua descoberta nesse local revela que a Patagônia chilena foi um refúgio para espécies muito antigas de "hadrossauros" - dinossauros herbívoros -, que haviam migrado para o hemisfério sul muito antes de espécies mais avançadas e, inclusive, podem ter chegado à Antártida.

A presença dessas espécies em terras austrais tão distantes é surprendente para os cientistas: "Todas as possibilidades para entender como os seus ancestrais chegaram aqui envolvem grandes distâncias e barreiras marinhas que bloquearam a passagem da maioria das espécies terrestres", afirma Vargas.

O "Gonkoken nanoi" é a primeiro exemplar de uma éspecie deste tipo encontrado no hemisfério sul. Além disso, trata-se da quinta espécie descoberta no Chile depois que o "Chilesaurus diegosuarezi", o "Atacamatitan chilensis", do "Arackar licanantay" e o "Stegouros elengassen" foram identificados nessa mesma região.

A denominação Gonkoken tem sua origem na língua dos Tehuelches do sul, o povo originário que habitou essa região até o final do século XIX e significa "parecido com um pato silvestre ou cisne".

O termo "nanoi" é utilizado em reconhecimento a um antigo trabalhador do rancho de Las Chinas que ajudou na pesquisa, apelidado de "Nano".

A existência de planetas com mais de um sol pode ser comum na ficção, a exemplo de Tatooine em Star Wars, mas na vida real, nem tanto. Apesar disso, uma pesquisa recente revelou a descoberta do BEBOP-1c, um exoplaneta rodeado por dois sóis.

Encontrado fora do nosso Sistema Solar, BEBOP-1c é um gigante gasoso com cerca de 65 vezes a massa da Terra e que leva aproximadamente 215 dias para completar uma viagem ao redor de seus sóis.

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A descoberta é de grande importância, pois torna o BEBOP-1c o primeiro planeta circumbinário, que gira em torno de ambas as estrelas, detectado apenas com a técnica de “velocidade radial”, como explica o principal autor do estudo Matthew Standing, astrofísico da Open University, na Inglaterra:

“Até agora, planetas circumbinários foram descobertos em trânsito pelos telescópios espaciais Kepler e TESS, que custaram centenas de milhões de dólares. Esta nova descoberta é poderosa porque mostra que ‘você não precisa de telescópios espaciais caros para detectar esses planetas’. Em vez disso, eles também podem ser descobertos usando a técnica de velocidade radial, a partir de telescópios terrestres com planejamento cuidadoso e seleção de alvos.”

Segundo o pesquisador, as pesquisas sobre o BEBOP-1c continuarão, com o objetivo de confirmar o tamanho do exoplaneta.

 

 

Quando um amendoim é jogado em um copo de cerveja, essa leguminosa cai para o fundo, mas em seguida sobe novamente e inicia uma "dança" que tem intrigado os cientistas mais persistentes.

Esse grande mistério foi solucionado graças ao empenho de um cientista brasileiro que estava de passagem por Buenos Aires para aprender espanhol.

E seu estudo, publicado nesta terça-feira (13), pode ter implicações para certas extrações minerais ou para o comportamento do magma terrestre.

O pesquisador brasileiro Luiz Pereira, autor principal do estudo, explicou à AFP que ficou surpreso ao descobrir que os garçons em Buenos Aires colocavam amendoins na cerveja.

Os amendoins pesam mais que o líquido que os envolve, então naturalmente caem para o fundo. Mas logo em seguida eles voltam a subir e começam a oscilar, um fenômeno que pode durar até que a cerveja perca o gás.

Esse fenômeno se explica porque o amendoim atrai e retém pequenas bolhas de dióxido de carbono que gaseifica a cerveja.

Essas bolhinhas provocam a subida do amendoim. Ao entrar em contato com o ar, elas estouram e o processo se repete.

"As bolhas se formam melhor ao redor do amendoim do que nas paredes do copo", explicou Pereira, pesquisador da Universidade Ludwig Maximilian, em Munique, Alemanha.

Sua equipe de físicos internacionais (com especialistas da Alemanha, Reino Unido e França) descobriu que quanto maior o ângulo entre a superfície do amendoim e a bolha, mais rapidamente esta se forma.

Mas a chave está em não deixar a bolha ficar muito grande, no máximo cerca de 1,3 mm.

Conforme a experiência avança, desde que o cliente não beba a cerveja ou coma os amendoins, pode-se observar que o processo se repete enquanto a gaseificação perdurar.

Um processo semelhante ocorre, de acordo com o estudo publicado na revista Open Science da Royal Society, quando ar é injetado para separar e capturar o ferro do mineral que o retém.

"O ferro se prende mais facilmente às bolhas, enquanto os outros minerais caem para o fundo", explica o texto.

E o mesmo acontece com a magnetita, que consegue subir para as camadas superiores do magma da crosta terrestre, mesmo sendo mais denso.

Devido ao ângulo de contato com as bolhas de gás, acreditam os pesquisadores, o mineral "recai" e sobe novamente.

Pereira explicou que em prol da ciência, os cientistas continuarão "experimentando com as características de diferentes amendoins e cervejas".

A Secretaria de Desenvolvimento Profissional e Empreendedorismo (Sedepe) e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação lançaram edital que visa ampliar o acesso das pesquisadoras e cientistas mulheres ao mercado de trabalho.

O projeto "Pernambucanas Inovadoras" é voltado para mulheres que pretendem construir novos negócios (através da criação de startups) e apresentar seus projetos. Serão escolhidas, ao todo, dez propostas que receberão um auxílio de R$ 100 mil para o desenvolvimento do projeto.

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De acordo com a Sedepe, o recurso é disponibilizado através da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia de Pernambuco (Facepe) por meio do Fundo Inovar, gerido pela Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE) da Sedepe.

"O trabalho nos dá acesso à dignidade. Não apenas o trabalho formal, de carteira assinada, mas também aos empreendedores e empreendedoras, que atuam com economia solidária, economia criativa, ao pensarmos o trabalho de forma transversa", apontou Amanda Aires, secretária da SEDEPE, em sua fala no evento.

A Agência Brasil publicou um estudo feito pela Organização dos Estados Ibero-americanos (OEI) com artigos científicos publicados no Brasil entre 2014 e 2017. Ao todo, foram divulgados 53,3 mil artigos em que 72% deles foram assinados por mulheres, seja como autora ou co-autora, sendo a maior porcentagem entre os países íbero-americanos.

A pesquisa visa entender as desigualdades de gênero na produção científica ibero-americana. Depois do Brasil estão a Argentina, Guatemala e Portugal com participação de mulheres em 67%, 66% e 64% dos artigos publicados, respectivamente. Entre os países com menos de 48% de participação feminina nos artigos estão El Salvador, Nicarágua e Chile.

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“O Brasil está melhor do que o restante dos países. Acho que é algo que não podemos nos dar por satisfeitos porque temos desafios, mas indica que o Brasil caminha na direção positiva de mais oportunidades, de igualdade de gênero entre homens e mulheres”, afirma o diretor da OEI no Brasil, Raphael Callou.

O destaque entre as pesquisas está na área. O Brasil tem o maior número de artigos publicados por mulheres na área da medicina, são 56% dos publicados entre 2014 e 2017. Com menor número estão as engenharias, com apenas 32% de trabalhos femininos.

O estudo utilizou dados da Web of Science (web da ciência), o banco de dados que reúne mais trabalhos de todo o mundo.

Em um estudo publicado na revista científica ACS Nano, nesta quarta-feira (12), pesquisadores da Universidade da Califórnia (UCLA) demonstram o desenvolvimento de nanopartículas que podem prevenir crises de alergia a amendoim. Essa alergia é uma condição que afeta as pessoas com sintomas que incluem coceiras, inchaço, dor abdominal, vômitos, congestão nasal e pode causar até um choque fatal.  

Ao usar a tecnologia de RNA mensageiro (mRNA), a mesma usada em algumas vacinas contra covid-19, os cientistas desenvolveram uma nanopartícula que envia o mRNA para células específicas no fígado. Ao chegar no destino final, as células são treinadas a tolerar as proteínas do amendoim e, assim, reduzir os sintomas da alergia.

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Conforme o estudo explica, os imunologistas da UCLA escolheram o fígado por conta da capacidade do órgão de receber diferentes substâncias e pelas células apresentadoras de antígenos, responsáveis por treinar o sistema imunológico a tolerar proteínas estranhas; nesse caso, o amendoim.

Em testes realizados com ratos de laboratórios, as nanopartículas conseguiram reverter a alergia a amendoim, e, em alguns casos, até prevenir o desenvolvimento da condição. Os pesquisadores observaram que os camundongos tratados produziram sintomas mais leves que aqueles não tratados.  

Além de acreditar que o método possa ajudar no tratamento de outras alergias e distúrbios autoimunes, a equipe está estudando a possibilidade de a nanopartícula ser usada para diabetes tipo 1. De qualquer forma, antes de liberar um tratamento com as nanopartículas, os cientistas ainda precisam se aprofundar na pesquisa para entender mais sobre o uso em humanos.

“Até onde podemos descobrir, o mRNA nunca foi usado para uma doença alérgica. Mostramos que nossa plataforma pode funcionar para acalmar as alergias e acreditamos que pode fazer o mesmo em alimentos e medicamentos, bem como em condições autoimunes”, pontuou o professor de medicina da UCLA e um dos autores do estudo, André Nel, em comunicado.  

Médicos e especialistas afirmam que vacinas contra o câncer e demais doenças poderão começar a ser desenvolvidas a partir de 2030. Segundo Paul Burton, diretor médico da farmacêutica Moderna, o desenvolvimento de vacinas foi acelerado graças ao sucesso que muitas empresas tiveram com a vacina contra Covid-19 nos últimos anos. Estudos mostram ainda que o avanço de cerca de 15 anos de trabalho foi feito nos últimos 12 a 18 meses.

De acordo com Burton, o desenvolvimento dos imunizantes pode ser feito em cerca de cinco anos. “Teremos essa vacina e ela será altamente eficaz e salvará muitas centenas de milhares, senão milhões de vidas. Acho que seremos capazes de oferecer vacinas personalizadas contra o câncer contra vários tipos diferentes de tumores para pessoas em todo o mundo”, declarou ao portal The Guardian.

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O médico explica que a criação dessas vacinas será feita com o uso da tecnologia baseada em m-RNA, que foi largamente estudado para o desenvolvimento das vacinas contra Covid-19. “Acho que teremos terapias baseadas em m-RNA para doenças raras que antes não eram medicamentosas e acho que daqui a 10 anos estaremos nos aproximando de um mundo onde você realmente pode identificar a causa genética de uma doença e, com relativa simplicidade, alterar e reparar, usando a tecnologia baseada em m-RNA”, afirmou Burton.

No entanto, a preocupação mais recorrente entre os especialistas é o fato de que, para continuar o desenvolvimento nas pesquisas, será preciso grande aporte de investimento financeiro. Sem o capital suficiente, todas as pesquisas realizadas nos últimos três anos teria sido um desperdício, alertam o médicos.

No ano 2000, os Estados Unidos registraram um caso de autismo a cada 150 crianças observadas. Em 2020, houve um salto nos registros: um caso do transtorno a cada 36 crianças. As estatísticas são do órgão de saúde Centers of Disease Control and Prevention (CDC), que divulgou os dados atualizados na semana passada - já que eles sempre são anunciados pelo menos três anos após a coleta.  

No Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, comemorado anualmente no dia 2 de abril, cientistas que estudam o espectro detalharam que as principais hipóteses do aumento dos casos são: maior acesso da população aos serviços de diagnóstico; formação de profissionais capazes de detectar o transtorno; ampliação da conscientização do que é autismo e possíveis fatores ambientais que colaboram para a maior frequência de TEA.

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Apesar de não existirem estatísticas referentes à população brasileira, é possível usar os números do CDC como uma referência do que está ocorrendo aqui no país. “São números que podem ser extrapolados para o mundo inteiro”, garantiu o pesquisador na área de genética na Universidade da Califórnia (EUA), Alysson Muotri. 

ORIGENS DIVERSAS

O autismo tem causas genéticas e ambientais. Em geral, ele é poligênico, ou seja, mais de um gene afetado. “A lista de genes alterados que podem levar ao autismo tem crescido muito nos últimos anos. Saem trabalhos quase semanalmente sobre isso. Mas acho que estamos chegando perto de um platô: são cerca de mil”, explicou Muotri.

O transtorno pode ter origem hereditária, de mutação nova e de mutação por causa dos gametas. Os sinais são: não estabelece contato visual, não olha quando é chamado pelo nome, não gosta do toque, anda na ponta dos pés, tem seletividade alimentar, gestos repetitivos, entre outros. Apresentar um ou mais desses comportamentos não significa que a criança tenha autismo, mas levanta a necessidade de os pais procurarem o pediatra.  

A avaliação é multidisciplinar, a partir de uma sequência de consultas e observações clínicas com diferentes profissionais na área de saúde. É recomendado iniciar o tratamento o quanto antes. O tratamento comprovado cientificamente é a terapia cognitiva-comportamental (ABA), que busca dar ao indivíduo as habilidades necessárias para que ele seja mais independente. No entanto, há pacientes que respondem melhor a esses estímulos do que outros.

De acordo com um estudo feito no ano passado do Hospital Moinhos de Vento (Porto Alegre – RS), o autismo em meninos é quatro vezes mais frequente do que em meninas. Contudo, não há uma resposta única para explicar o porquê dos casos de autismo aumentaram nas últimas duas décadas.  

Cientistas apresentaram, nesta terça-feira (28), em Amsterdã, uma almôndega de carne cultivada em laboratório de um mamute lanoso, uma espécie extinta, e afirmaram que esta "viagem" ao passado abre caminho para os alimentos do futuro.

A iguaria da empresa australiana de carne cultivada Vow foi exibida sob uma cúpula de vidro no museu de ciências NEMO, na capital holandesa.

Mas esta carne de paquiderme ainda não está pronta para ser consumida: a proteína com milhares de anos ainda deve passar por testes de segurança antes de poder ser consumida pelos seres humanos da atualidade.

"Escolhemos a carne de mamute lanoso porque é um símbolo de perda, extinto pelas mudanças climáticas anteriores", disse à AFP Tim Noakesmith, cofundador da Vow.

"Enfrentamos um destino similar se não fizermos as coisas de forma distinta, como mudar as práticas da agricultura em larga escala e nossa forma de comer", acrescentou.

Cultivada durante várias semanas, a almôndega foi criada por cientistas que haviam identificado anteriormente a sequência de DNA da mioglobina do mamute, a proteína que dá o sabor à carne.

Com algumas lacunas, a sequência de DNA foi completada com os genes do elefante africano, o parente vivo mais próximo desse paquiderme ancestral, e introduzida em células de cordeiro com ajuda de uma descarga elétrica.

"Não vou comê-la ainda porque não vemos esta proteína há 4.000 anos", declarou Ernst Wolvetang, do Instituto Australiano de Bioengenharia da Universidade de Queensland, que colaborou com a Vow.

"Contudo, depois dos testes de segurança, estarei realmente curioso para ver com o que ela se parece", acrescentou.

O consumo mundial de carne quase dobrou desde o início dos anos 1960, segundo números da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

De acordo com essa entidade, a pecuária representa 14,5% das emissões mundiais de gases do efeito estufa causadas pelo homem.

Com a previsão de que esse consumo ainda aumente 70% até 2050, os cientistas buscam alternativas como a carne vegetal ou a cultivada em laboratório.

Com sede em Sydney, a empresa Vow não quer impedir as pessoas de comer carne, mas "oferecer algo melhor", afirmou Noakesmith, que se define como "um vegetariano frustrado".

"Escolhemos fazer uma almôndega de carne de mamute para atrair a atenção de que o futuro da alimentação pode ser melhor e mais sustentável", concluiu.

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Cientistas encontraram uma cepa de gonorreia (causada por uma bactéria) extremamente resistente a antibióticos na Áustria. E agora, em novo comunicado, o Department of Public Health anunciou uma descoberta semelhante nos Estados Unidos: uma cepa mais resistente da bactéria, que vem causando o que chamam de “supergonorreia”. Dois casos foram relatados.  

De acordo com o comunicado, a bactéria adquiriu uma potente resistência a medicamentos e mostrou respostas reduzidas a cinco antibióticos diferentes, mas ambos os casos foram finalmente tratados com sucesso com uma injeção de alta dose do principal antibiótico atualmente recomendado para tratar a gonorreia – ceftriaxona.

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USO DE PRESERVATIVO

A recomendação do Departament of Public Health é que as pessoas sexualmente ativas sejam regularmente testadas para infecções sexualmente transmissíveis e considerem a redução do número de parceiros sexuais e o uso de preservativo. O alerta da instituição é de que não haja nenhuma conexão direta entre dois indivíduos, o que sugere a existência de mais casos, ainda não detectados. Considerando que esse aumento de casos também já foi notado em outros países, os especialistas estão preocupados.  

Essa infecção é tratada com dois antibióticos, mas os médicos estão encontrando um número crescente de casos em que a bactéria desenvolveu algum nível de resistência a essas drogas. Um estudo publicado na revista científica Nature Communication apontou uma das causas da resistência: uma espécie de “armadura” feita de proteínas. Ela conta com aberturas muito estreitas que impedem a entrada de antibióticos na célula. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention, a gonorreia pode infectar órgãos genitais, reto e garganta, e é mais comum entre jovens de 15 a 24 anos.

Para diminuir as chances de contrair, é importante estar atento aos sintomas como sensação de dor ou queimação ao urinar, aumento do corrimento vaginal, testículos doloridos ou inchados.

 

Zé Colmeia, Paddington e Ursinho Pooh são ursos que reinam na Terra, mas em Marte eles têm concorrência. O sorridente rosto de um urso apareceu como se tivesse sido esculpido na superfície do planeta diante da câmera do Orbitador de Reconhecimento de Marte (MRO, na sigla em inglês).

Os cientistas responsáveis pelo Experimento Científico de Captação de Imagens de Alta Resolução (HiRISE, na sigla em inglês) processaram as imagens da poderosa câmera que orbita Marte desde 2006 e publicaram a foto que registra o que parece ser o rosto de um ursinho de pelúcia.

"Um urso em Marte?", perguntou a conta do experimento no Twitter, seguida pela explicação.

"Há uma colina com uma estrutura que desabou em forma de V (o focinho), duas crateras (os olhos) e uma fratura em forma de círculo (a cabeça)", esclareceram os cientistas da Universidade de Arizona, responsável pelo sistema.

Cada uma das características na face de dois quilômetros de circunferência tem uma explicação que oferece pistas sobre o quão ativa é a superfície do nosso planeta mais próximo.

"O padrão de fratura circular pode ser devido ao assentamento de depósitos sobre uma cratera de impacto enterrada", disseram os cientistas. "Talvez o nariz seja uma abertura vulcânica ou de lama e o depósito possa ser lava ou fluxos de lama?".

O HiRISE, um dos instrumentos a bordo do MRO, tira fotos superdetalhadas do planeta vermelho e ajuda a mapear a superfície para possíveis missões futuras, sejam com humanos ou robôs.

Durante a última década, a equipe registrou imagens de avalanches em pleno andamento e descobriu fluxos escuros que poderiam ser algum tipo de líquido.

Também encontraram redemoinhos se movendo pela superfície de Marte, bem como uma marca que para muitos parecia o logotipo da frota estelar de "Star Trek".

Uma equipe científica internacional anunciou que conseguiu, pela primeira vez, usar um laser para redirecionar raios, em uma montanha suíça.

Os raios atmosféricos atingem o solo terrestre entre 40 e 120 vezes por segundo. Todos os anos, eles matam mais de 4.000 pessoas e causam prejuízos econômicos de bilhões de dólares.

A principal proteção até agora tem sido o para-raios, uma simples barra de metal pontiaguda inventada pelo cientista americano Benjamin Franklin, em 1749.

Formada por especialistas de seis instituições diferentes, a equipe trabalha há anos em uma alternativa.

Sua proposta, publicada na revista Nature Photonics, é lançar incessantemente um impulso em forma de laser para "guiar" o raio, em vez de apenas atraí-lo, como faz a barra de metal.

"Queríamos oferecer a primeira demonstração de que um laser pode influenciar os raios e que é mais fácil guiá-los", explicou à AFP Aurélien Houard, físico do Laboratório de Óptica Aplicada da Escola Politécnica de Paris.

Houard é o principal autor de um projeto desenvolvido por duas décadas com Jean-Pierre Wolf, do grupo de Física Aplicada da Universidade de Genebra, e outros colaboradores.

O raio é uma descarga de eletricidade estática acumulada entre duas nuvens durante uma tempestade, ou entre essas nuvens e a Terra, enquanto o laser é uma emissão induzida de radiação para gerar um halo de luz.

Ao emitir o laser para o céu, a equipe de Houard e Wolf consegue criar um plasma (ar carregado de íons e elétrons) que é parcialmente condutor e que "se torna, assim, um caminho preferencial para o raio", acrescenta Houard.

Os cientistas tentaram um teste experimental em 2004 no Novo México, que falhou devido a erros no laser e porque era difícil calcular onde o raio cairia.

Encontraram a solução a 2.500 metros de altitude, no topo da montanha Santis, no nordeste da Suíça. Nesse local, existe uma torre de telecomunicações com 124 metros de altura que recebe cerca de 100 raios todos os anos.

Os cientistas construíram, durante dois anos, um laser potente dentro de um telescópio. Por suas características, o instrumento consegue concentrar a intensidade do feixe de luz em poucos centímetros.

No verão de 2021, eles conseguiram atrair e guiar raios a mais de 50 metros, um experimento bem-sucedido que foi repetido três vezes. O objetivo de longo prazo é provocar e conduzir essa poderosa faísca elétrica e, com isso, proteger instalações estratégicas, como aeroportos.

Cientistas encontraram vestígios de quatro tipos de dinossauros, entre eles um 'megaraptor', em uma região inóspita da Patagônia chilena que, há cerca de uma década, se transformou em uma importante jazida de fósseis, informaram os pesquisadores nesta quarta-feira (11).

Após recolherem fósseis em Cerro Guido, no vale de Las Chinas, perto da fronteira com a Argentina (cerca de 2.800 km ao sul de Santiago), em 2021, os cientistas analisaram os restos em laboratório e conseguiram constatar que pertenciam a dinossauros que não haviam sido identificados antes no local.

"É sempre super excitante, em termos científicos, encontrar algo que não havia sido descoberto e nem descrito antes no vale de Las Chinas, onde estamos começando a nos acostumar com novas descobertas de fósseis", explicou à AFP, Marcelo Leppe, diretor do Instituto Antártico Chileno (Inach), que faz parte da equipe que fez a descoberta.

De acordo com a pesquisa, as descobertas representam o registro fóssil mais ao sul deste tipo de dinossauro fora da Antártica.

Em dezembro de 2021, paleontólogos chilenos apresentaram os restos de um Stegouros elengassen, um dinossauro enigmático cuja cauda em forma de clava intrigou os cientistas, encontrado nesta mesma área da Patagônia chilena.

A nova descoberta foi realizada pelo Inach, em colaboração com pesquisadores da Universidade do Chile e da Universidade do Texas (Estados Unidos), que conseguiram identificar restos de quatro tipos de dinossauros, entre eles dentes e partes ósseas pós-cranianas de um megaraptor pertencente à família dos terópodes.

Estes dinossauros carnívoros tinham garras de raptores, pequenos dentes para rasgar e grandes extremidades superiores, que, de acordo com a pesquisa, os colocaria no topo da cadeia alimentar desta região que habitaram há entre 66 e 75 milhões de anos, ao final do Período Cretáceo.

"Uma das características que nos permitiu identificar com grande confiança que pertencem ao ramo dos megaraptors é, antes de mais nada, que os dentes estão muito curvados para a parte posterior", assinalou Jared Amudeo, pesquisador da Rede Paleontológica da Universidade do Chile, em um comunicado difundido pela instituição.

Também foram identificados dois espécimes da subfamília Unenlagiinae, parentes próximos dos velociraptors, que têm um "caráter evolutivo nebuloso, que nos indicaria que se trata de uma espécie nova de unenlagia, ou talvez de um representante de outro clado [ramo] diferente", assinalou Amudeo.

Também foram encontrados fósseis de duas linhagens de aves: uma Enantiornithe, o grupo de aves mais diverso e abundante da Era Mesozoica; e Ornithurinae, um grupo diretamente aparentado com as aves atuais.

O trabalho dos cientistas foi compilado em um estudo publicado em dezembro na prestigiada revista Journal of South American Earth Sciences.

Estudar para se tornar cientista e ter aulas perto do Sirius, acelerador de partículas e a maior obra brasileira para pesquisa. Parece história de cinema ou de livro, mas é realidade para quem ingressa na Ilum, faculdade gratuita em Campinas (SP) vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, mantida por um repasse anual de cerca de R$ 8 milhões do Ministério da Educação.

Inaugurada em 2021, a escola promete abordagem inovadora, com foco em pesquisa e contato direto com laboratórios e equipamentos de ponta. O bacharelado em Ciências e Tecnologia tem três anos: os dois primeiros são de aulas teóricas e práticas, mas no segundo semestre os alunos já podem fazer pesquisas. Há classes avançadas de Física, Biologia, Química e Matemática, em um modelo interdisciplinar. Já o terceiro ano é para desenvolver projetos no Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM). "Só há outros três laboratórios no nível do Sirius no mundo e nenhum deles tem uma faculdade de graduação ligada a ele", diz Adalberto Fazzio, diretor da Ilum e membro da Academia Brasileira de Ciências. "A escola é ímpar no mundo." A Ilum está com inscrições abertas até hoje. Oferece moradia, notebook, vale-refeição e vale-alimentação ao aluno, além de aulas de inglês gratuitas a interessados.

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ALUNOS

A proposta chamou a atenção da estudante Isadora Marcondes, de 20 anos, da primeira turma da Ilum, que começou em março. "Não tinha nada do currículo que eu não gostaria de fazer." A metodologia é de que o estudante seja "protagonista do conhecimento": aulas expositivas são pequenos seminários, com debate e resolução de problemas pelos próprios alunos, que devem estudar previamente o tema. "Estudei a vida toda no método tradicional, com provas. Aqui o ensino é mais individualizado, exigindo mais do que só prestar atenção às aulas. Foi um choque de realidade", diz.

A primeira turma reúne 40 alunos - obrigatoriamente, metade deve ter cursado o ensino médio na rede pública. Foram 943 inscritos, concorrência de quase 24 por vaga. Na sala de Isadora há mais 18 mulheres - participação feminina mais alta do que a realidade das universidades e centros de pesquisa do País, sobretudo em cargos mais altos. Fazzio diz que não há reserva de vagas por gênero. Há alunos de 11 Estados, de todas as regiões do País.

João Carâmes veio de Ananindeua (PA). Ele se mudou para estudar Física em uma universidade federal até que foi informado sobre a escola do CNPEM por uma professora. "Quando soube da oportunidade da Ilum, considerando a estrutura e a grade curricular, já vi que era algo diferente", afirma. Na carta em que enviou durante o processo seletivo, escreveu o que gostaria de aprender e a forma como queria ter aprendido. "Funcionou pra mim, mas não existe fórmula pronta", afirma. Apesar da rotina puxada, ele garante que dá tempo para se divertir: costuma sair nos fins de semana, jogar videogames e ler livros. "Qualquer universidade é difícil. A nossa não seria diferente."

Carâmes e Isadora moram em flats cujo aluguel é pago pela Ilum. Um ônibus gratuito leva os estudantes ao câmpus. A parte da manhã é dedicada a aulas teóricas. Depois do almoço, oferecido gratuitamente, os estudantes têm aulas práticas. A ida ao CNPEM começa no 1º semestre, ao menos uma vez por semana, quando os alunos podem acompanhar as pesquisas que já estão em andamento.

PROCESSO SELETIVO. Para se inscrever, o aluno deve submeter, no site oficial (https://ilum.cnpem.br/), uma redação, dizendo os motivos pelos quais deseja estudar na Ilum. Depois, em fevereiro, o interessado apresenta a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A junção das duas notas funciona como a primeira fase do processo seletivo, em que 200 alunos são aprovados. Medalhas de participações em olimpíadas do conhecimento ou concursos similares acrescentam pontos aos candidatos.

Na segunda fase, os jovens passam por entrevista. Não há limite de idade para participar da seleção. "Não é só responder questões. A gente avalia a criatividade, a capacidade de resolver conflitos, de dialogar, de interagir", afirma Fazzio.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cientistas de um estudo coletivo na Europa reviveram vários vírus antigos que foram bloqueados profundamente no permafrost - camada do subsolo da crosta terrestre que está permanentemente congelada - da Sibéria, desde a Idade do Gelo. Embora a pesquisa pareça arriscada, a equipe acredita que é uma ameaça que vale a pena investigar, diante dos perigos crescentes do degelo do permafrost e das mudanças climáticas. 

Em um novo artigo, que ainda não foi revisado por pares, os pesquisadores explicam como identificaram e reviveram 13 vírus pertencentes a cinco classes diferentes de amostras coletadas no gelado extremo leste da Rússia. O texto foi publicado na plataforma pré-prints BioRxiv. Entre a coleta, eles conseguiram reviver um vírus de uma amostra de permafrost com cerca de 48.500 anos. 

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Eles também reviveram três novos vírus de uma amostra de 27 mil anos com fezes de mamute congelado e um pedaço de permafrost com uma grande quantidade de lã de mamute. Este trio foi chamado de mamute Pithovirus, mamute Pandoravirus e mamute Megavirus. 

Outros dois novos vírus foram isolados do conteúdo estomacal congelado de um lobo siberiano (Canis lupus), denominados Pacmanvirus lupus e Pandoravirus lupus. Esses tipos infectam amebas, bolhas unicelulares que vivem no solo e na água, mas experimentos indicaram que os vírus ainda têm potencial para serem patógenos infecciosos. A equipe introduziu os vírus em uma cultura de amebas vivas, mostrando que elas ainda eram capazes de invadir uma célula e se replicar. 

O projeto vem de uma equipe de pesquisadores da Universidade Aix-Marseille, na França, que ressuscitou um vírus de 30.000 anos encontrado no permafrost da Sibéria em 2014. Com o último grupo desses seres, incluindo um que data de 48.500 anos atrás, os pesquisadores possivelmente reviveram um mais mais antigo ainda. 

“48.500 anos é um recorde mundial”, disse Jean-Michel Claverie, um dos autores do artigo e professor de genômica e bioinformática na Escola de Medicina da Universidade Aix-Marseille, à New Scientist. 

No artigo, os pesquisadores explicam que mais trabalhos precisam se concentrar nos vírus que infectam eucariontes, observando que “poucos estudos foram publicados sobre esse assunto”. Eles explicam que o aumento das temperaturas devido às mudanças climáticas provavelmente despertará muitas ameaças microbianas, incluindo vírus patogênicos, do passado antigo. 

“Como infelizmente bem documentado por pandemias recentes (e em andamento), cada novo vírus, mesmo relacionado a famílias conhecidas, quase sempre requer o desenvolvimento de respostas médicas altamente específicas, como novos antivirais ou vacinas”, escrevem os autores do estudo. 

 

Hoje (24) é comemorado o Dia Mundial da Ciência. Alguns cientistas, além de terem sido geniais, também possuíam histórias de vida cheias de dedicação e superação. Não é à toa que várias dessas trajetórias já foram contadas através de filmes e alguns até receberam indicações ao Oscar.A equipe do LeiaJá relembra cinco atores que interpretaram nas telonas os cientistas famosos. 

O Jogo da Imitação (2014) - Benedict Cumberbatch deu vida ao matemático Alan Turing (1912-1954). Em 1939, a recém-criada agência de inteligência britânica MI6 recruta Alan Turing, um aluno da Universidade de Cambridge, para entender códigos nazistas, incluindo o “Enigma”, que os criptógrafos acreditavam ser inquebrável. A equipe de Turing analisa as mensagens de “Enigma”, enquanto ele constrói uma máquina para decifrá-las. Após desvendar as codificações, Turing se torna um herói. Porém, em 1952, autoridades revelam sua homossexualidade e a vida dele vira um pesadelo. Disponível na Netflix, Amazon Prime Video, HBO Max, YouTube, Apple TV e Google Play.  

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 Teoria de Tudo (2014) - Eddie Redmayne deu vida ao cientista Stephen Hawking (1942-2018). O ator precisou treinar para poder reproduzir alguns movimentos corporais do físico teórico, que sofria de esclerose. Ele também ficou incrivelmente parecido com o cientista quando mais novo. O filme expõe como o astrofísico fez descobertas relevantes para o mundo da ciência, inclusive relacionadas com o tempo. Também retrata seu romance com Jane Wilde, uma estudante de Cambridge que viria a se tornar sua esposa. Aos 21 anos de idade, Hawking descobriu que sofria de uma doença motora degenerativa, mas isso não o impediu de se tornar um dos maiores cientistas da atualidade. Disponível na Amazon Prime Video, Globoplay, Star +, YouTube, Apple TV e Google Play.  

Marie Curie (2016) - Karolina Gruszka interpretou a física e química Marie Curie (1867-1934). Traduzido do inglês - Marie Curie: The Courage of Knowledge, é um filme de drama coproduzido internacionalmente, dirigido por Marie Noelle. Foi exibido na seção Contemporary World Cinema no Festival Internacional de Cinema de Toronto de 2016. Fez sua estreia nos Estados Unidos no Festival de Cinema Judaico de Nova Iorque em 2017. Retrata sobre o reconhecimento, conquista e trajetória dela na ciência. Disponível no YouTube.  

Uma Mente Brilhante (2001) - Russel Crowe interpretou o matemático John Forbes Nash (1928-2015) no longa drama-biográfico. Ele é reconhecido como gênio da matemática aos 21 anos de idade. Cedo, casa-se com uma bela mulher, mas logo começa a dar sinais de esquizofrenia e conta como aprendeu a conviver com essa condição, usando as adversidades a seu favor. Após anos de luta contra a doença, ele acaba ganhando o prêmio Nobel. Disponível na Amazon Prime Video, YouTube, Apple TV e Google Play.  

Estrelas Além do Tempo (2016) - Taraji P. Henson foi Katherine Johnson (1918-2020) no filme. Sua caracterização ficou muito semelhante. No auge da corrida espacial travada entre os Estados Unidos e Rússia durante a Guerra Fria, uma equipe de cientistas da NASA, formada exclusivamente por mulheres afro-americanas, provou ser o elemento crucial que faltava na equação para a vitória dos Estados Unidos, liderando uma das maiores operações tecnológicas registradas na história americana e se tornando verdadeiras heroínas da nação. Disponível no Disney +. 

 

 

Apesar de alguns contratempos, as vacinas nasais contra a Covid-19 continuam sendo uma pista válida para os cientistas, que esperam alcançar com esse método uma proteção mais eficaz do que com uma injeção clássica.

Uma vacina desse tipo, administrada mediante um aerossol, ou gotas (como um soro fisiológico), tem um interesse teórico: ao atuar diretamente sobre as vias respiratórias, em particular as mucosas, impede de forma mais eficaz a entrada no corpo da infecção.

As vacinas atuais são muito eficazes contra as formas graves da doença, mas não conseguem impedir os contágios.

Em alguns países, essas vacinas nasais estão se tornando realidade. Duas delas acabam de ser aprovadas, na China e na Índia.

Mas essas autorizações foram outorgadas sem que os ensaios clínicos tenham demonstrado uma maior eficácia dessas vacinas contra o contágio.

Recentemente, no Reino Unido, pesquisadores da Universidade de Oxford que estudavam a possibilidade de administrar por via nasal a vacina da AstraZeneca anunciaram, no início do mês, o fracasso de um primeiro ensaio clínico.

Publicados na revista eBioMedicine, os resultados mostraram que as 30 pessoas que receberam a vacina nasal desenvolveram uma resposta imunológica inferior em comparação com a vacina clássica injetável.

Os cientistas insistem, porém, em que a pista merece ser explorada.

- Vacinas vivas atenuadas -

"Não devemos nos desencorajar" com esses resultados, diz o virologista Connor Bamford, da Universidade Queen's, de Belfast.

Embora os resultados iniciais sejam ruins, afirma esse especialista, representam a base para avançar, uma vez verificado o que não funcionou.

As vacinas nasais que já circulam - contra gripe, ou poliomielite - são "vivas", lembra o especialista, ou seja, usam uma versão atenuada do vírus para estimular o sistema imunológico.

Em vez disso, a vacina da AstraZeneca - desenvolvida com a Universidade de Oxford - funciona por meio de um "vetor viral", um vírus inofensivo diferente do coronavírus que carrega uma parte de seu RNA.

Os pesquisadores de Oxford evocam outra hipótese para o fracasso de seu fármaco: seu spray não penetra suficientemente no corpo, e sua eficácia melhoraria muito se atingisse os pulmões.

"É possível que esta vacina nasal seja simplesmente engolida e destruída no estômago, o que poderia ser evitado se atingisse diretamente os pulmões", explicou o pesquisador Sandy Douglas, que liderou os testes, em um comunicado.

Há um sinal positivo: não foram detectados efeitos colaterais graves, nem durante esse ensaio, nem após testes com as vacinas nasais chinesa e indiana.

Os promotores dessas vacinas nasais não estão apenas enfrentando desafios científicos. Em muitos países, especialmente os desenvolvidos, os lotes de vacinas não utilizados estão se acumulando.

É por isso que o projeto da empresa francesa de biotecnologia TheraVectys, em aliança com o Instituto Pasteur, lançado em 2020, não foi além de um teste em animais.

"Não despertamos o interesse de órgãos públicos, nem de grandes empresas farmacêuticas, para iniciar a fase de ensaios clínicos com humanos", explicou à AFP Pierre Charneau, diretor científico.

O interesse das vacinas nasais é interromper os contágios em massa, explica Martin Moore, diretor científico da empresa americana de biotecnologia Meissa.

"A única maneira de controlar este vírus é quebrar sua cadeia de transmissão (...). Com uma vacina nasal podemos conseguir isso", disse ele à AFP.

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