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Um estudo sugere que a proteção da CoronaVac, vacina contra a covid-19, é menor entre pessoas infectadas pelo HIV, vírus causador da aids. Diante disso, a orientação para vacinação tem que ser mantida, inclusive com prioridade para doses de reforço nesse grupo. No entanto, o estudo não analisou como se comportam as outras vacinas que vêm sendo usadas no Brasil. 

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) compararam a proteção da CoronaVac em pessoas infectadas pelo HIV e naquelas não infectadas. O estudo mostrou que, depois de receber a CoronaVac, uma pessoa sem o HIV tem 3,21 mais chances de desenvolver anticorpos contra a covid-19 do que uma não infectada por esse vírus.  “Significa que a resposta à vacina é um pouco pior entre pessoas que vivem com o HIV. Ela [a vacina] é muito importante, mas a potência dela para gerar resposta é inferior em pessoas que vivem com HIV, em comparação àquelas que não têm HIV”, disse uma das autoras do estudo, a professora da Faculdade de Medicina da USP Vivian Avelino-Silva. 

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Apesar de níveis de proteção menores, isso não quer dizer que pessoas com HIV devam deixar de se vacinar. De acordo com a professora, a menor proteção reforça que esse é um grupo prioritário e que pode precisar de maior reforço no esquema vacinal.  “É o tipo de situação que justamente esclarece para nós que, se tiver alguém para priorizar, seriam as pessoas com HIV. Isso sugere que talvez as pessoas que vivem com HIV precisem de mais reforços, mais precoces ou em maior número, em relação às pessoas que não têm HIV”, disse Vivian. 

O número de células de defesa do organismo, chamadas de CD4, pode ajudar a explicar a dificuldade na produção de defesas contra o novo coronavírus. Pessoas com HIV, mas com maior número de células de defesa, têm o dobro de chances (2,26 vezes mais) de desenvolver os anticorpos que pessoas em estágios mais avançados da infecção pelo HIV. 

O estudo foi publicado como preprint, que é uma espécie de esboço em que o trabalho permanece aberto para receber a contribuição de outros cientistas antes da publicação definitiva.   Procurado pela Agência Brasil, o Instituto Butantan informou que dois estudos científicos publicados por pesquisadores do Brasil e da China evidenciaram que a CoronaVac “é segura e capaz de gerar níveis elevados de proteção contra o SARS-CoV-2 em pessoas infectadas pelo vírus HIV, causador da AIDS”. Um desses estudo é o da FMUSP, citado acima. 

“Quatro semanas após a segunda dose da vacina, a porcentagem de participantes com positividade para anticorpos neutralizantes SC e NAb foi alta tanto para o grupo com HIV quanto no grupo controle. Nenhuma reação adversa séria foi relatada durante o estudo, seja entre pessoas com HIV ou nos participantes não imunossuprimidos”, diz o informe do instituto. 

O Butantan acrescenta, no informe, que os pesquisadores encontraram diferenças nos parâmetros de imunogenicidade entre as pessoas com HIV, sendo que o grupo com o sistema imunológico mais enfraquecido teve imunogenicidade mais baixa contra o vírus da covid-19 quando comparados àqueles com contagem maior de células de defesa, após a aplicação de duas doses da vacina. “Uma abordagem possível é usar uma dose de vacina de reforço ou mesmo administrar títulos de antígeno mais altos por dose de vacina”, divulgou o instituto sobre a conclusão dos pesquisadores.

O Instituto Butantan recebeu nesta sexta-feira (15) a autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar, em humanos, testes complementares do soro anti-Covid, fabricado pela instituição. Ao contrário da vacina, que é uma forma de prevenção, o soro auxilia no tratamento de pessoas já infectadas pela doença. Com a autorização de hoje, o Butantan conta com as permissões necessárias para a realização de todas as etapas dos testes clínicos do soro. 

Os exames serão realizados no Hospital do Rim e no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), ambos localizados na cidade de São Paulo. Os voluntários participantes são adultos com mais de 30 anos e com diagnóstico de infecção por covid-19 confirmado por PCR, no máximo, nos cinco dias anteriores. O soro é intravenoso, ou seja, é inserido na veia em uma única aplicação. O paciente fica no hospital por um dia e recebe o medicamento.

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Os ensaios serão feitos em duas fases e três etapas. Na fase 1, o estudo vai envolver 30 pessoas transplantadas de rim, pacientes do Hospital do Rim (etapa A); e 30 pacientes oncológicos do Hospital das Clínicas, com câncer de órgão sólido (etapa B). Na fase 2, participarão 558 pessoas, entre transplantados de órgãos sólidos e pacientes oncológicos, todos fazendo terapia imunossupressora (etapa C).

“O foco do soro anti-Covid nos imunossuprimidos é uma contribuição do Butantan para fornecer tratamento a um público numeroso que tem dificuldades na sua imunização e, em muitos casos, não pode tomar vacina. Além disso, são pessoas bastante afetadas pela Covid-19, com uma taxa de mortalidade que pode ser superior a 65%”, destacou o instituto em nota.

 

 

A CPI da Pandemia aprovou nesta quarta-feira (16) a retirada do sigilo de parte dos documentos encaminhados à comissão como "sigilosos" pelos órgãos de origem. O objetivo da medida é facilitar a análise das informações pelos senadores.

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A reclassificação dos documentos, requerida pelo relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB-AL), já havia sido aprovada; na reunião desta quinta foi aprovada uma proposta de reclassificação, feita após análise dos documentos pela Consultoria Legislativa e pela secretaria da comissão. Da lista constam documentos enviados pelos ministério da Saúde e das Relações Exteriores, pela Fiocruz e por empresas privadas. Eles foram considerados de interesse público, sem justificativa para o sigilo.

No início da reunião da CPI desta quarta-feira, os senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Ciro Nogueira (PP-PI) manifestaram receio de que haja vazamento à imprensa de documentos cujo sigilo é garantido por lei. Marcos Rogério pediu "cautela" à CPI e sugeriu que a comissão notificasse os órgãos que enviaram os documentos, para que estes verificassem a necessidade de manter ou não o sigilo. O presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), considerou inviável a proposta:

“Se mandarmos de volta para eles dizerem [se o sigilo deve ser mantido], nós vamos terminar a CPI e não vamos ter essa resposta”.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) elogiou o trabalho "exaustivo" da consultoria e da secretaria da CPI, na análise dos documentos, e tranquilizou a comissão em relação ao critério de reclassificação:

“De quase 1 terabyte de documentos que constam no âmbito da comissão, em mais de dois terços não ocorrerá desclassificação, porque se trata de fato de sigilo [por lei], como por exemplo inquéritos no âmbito do Ministério Público, federal e estaduais”.

Alessandro Vieira (Cidadania-SE) ressaltou que o objetivo da reclassificação é facilitar o trabalho de análise pelas assessorias:

“Não se pode afastar o sigilo se o documento envolve segredo de Estado ou risco para a segurança nacional. Quanto aos demais, esta CPI tem poder para tomar esta decisão sem problema nenhum. O acesso restrito entrava o trabalho da nossa equipe, porque é feito com uma senha só”, explicou.

*Da Agência Senado

 

Uma em cada quatro cidades brasileiras consultadas tem pessoas com covid-19 em estado grave esperando por um leito de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) aponta 768 cidades nessa situação – o equivalente a 24,2% das 3,1 mil prefeituras que responderam o estudo.

Entre os ouvidos, 2.350 contaram não ter filas de espera de pacientes infectados pelo novo coronavírus esperando por um leito de UTI. Há ainda 51 municípios que não responderam a essa questão, o correspondente a 1,6%.

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As informações são da nova edição do Observatório Covid-19 da CNM. O levantamento ouviu mais de 50% dos municípios de todo o país.

Kit intubação

Segundo a pesquisa, 1.207 municípios relataram o risco de desabastecimento de medicamentos usados para intubar pacientes que evoluíram para condições graves em função da covid-19, o chamado “kit intubação”. O número equivale a 38,1% das autoridades locais entrevistadas. Além disso, 7% não responderam e outros 54,9% não relataram o problema.

Oxigênio

O risco de faltar oxigênio foi apontado por 589 prefeituras, o equivalente a 18,7%. Na comparação com a semana anterior, quando o índice foi de 23,4%, houve queda no risco de desabastecimento.

Entre as prefeituras consultadas, 107 não responderam sobre este tema (3,4%), e outras 2.473 afirmaram não estar passando por essa situação (78%).

Vacinas

De acordo com o levantamento, 3.059 cidades ouvidas relataram ter recebido vacinas. O número compreende 96,2% da amostra investigada pela equipe da Confederação Nacional dos Municípios.

Entre os participantes do estudo, 1.139 responderam ter recebido vacinas pelo menos uma vez na última semana, o correspondente a 37,4%. Outros 1.788 municípios receberam imunizantes pelo menos duas vezes na semana anterior, o que representa 58,6% da amostra investigada.

Medidas de restrição

O estudo da CNM avaliou também a implantação de medidas de distanciamento para combater a circulação do vírus. Entre os ouvidos, 819 disseram ter implementado o fechamento de atividades não essenciais, o equivalente a 25,8%. Há ainda 2.308 prefeituras que não optaram pelo lockdown (72,8%).

Já o toque de recolher foi implantado por 2.379 cidades (75,1). Em 764 municípios (24,1%), a medida não foi adotada.

A restrição de atividades aos finais de semana foi colocada em prática por 2.531 prefeituras (79,9%). Outros 596 municípios não fizeram uso deste recurso (18,8%).

Aulas

A paralisação das aulas presenciais ocorreu em 2.761 cidades, 87,1% das prefeituras consultadas. Em 378 municípios, não houve suspensão das atividades educacionais, o equivalente a 11,9% dos participantes do levantamento.

 

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, testou positivo para a covid-19 nesta terça-feira (16), informou a assessoria da pasta. Segundo a nota, Salles "apresentou leve febre, mas passa bem", e deverá manter isolamento em casa, conforme orientação médica.

Salles é o 15º ministro do governo federal a ser infectado pela covid-19. O presidente Jair Bolsonaro e o vice-presidente Hamilton Mourão também já tiveram a infecção.

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A prorrogação do auxílio emergencial deve ocupar o centro dos debates do Congresso Nacional nas próximas semanas. Enquanto senadores e deputados federais negociam com o Poder Executivo a inclusão do programa de forma definitiva no Orçamento Geral da União de 2021, uma série de projetos de lei “correm por fora” para tentar assegurar a extensão do benefício pago aos brasileiros mais vulneráveis durante a pandemia de covid-19. Após destinar R$ 330 bilhões a 68 milhões de pessoas desde abril de 2020, o programa perdeu vigência em janeiro e não foi renovado pelo Poder Executivo.

O Senado e a Câmara analisam 14 proposições que pretendem prolongar o auxílio emergencial. São quatro matérias apresentadas por senadores e dez por deputados federais, que sugerem valores e prazos diferentes para a liberação do benefício. O mais recente deles é o Projeto de Lei (PL) 22/2021, do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O texto prevê o pagamento de R$ 600 durante quatro meses, com um impacto orçamentário estimado em R$ 138,4 bilhões no período.

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Randolfe sugere que parte do valor — R$ 104,4 bilhões — seja coberto com uma redução de 30% em todos os incentivos tributários, financeiros e creditícios concedidos pelo Poder Executivo. “É evidente que, dada a situação atual de permanência da pandemia e da crise econômica, as famílias não podem ser abandonadas à própria sorte. O Estado brasileiro tem o dever de ampliar a proteção social e garantir a subsistência dessas famílias, evitando, assim, que milhões de brasileiros sejam empurrados para a miséria”, argumenta.

O PL 5.584/2020, projeto de lei do senador Jaques Wagner (PT-BA), recomenda a prorrogação do auxílio de R$ 600 por três meses. De acordo com o texto, o prazo poderia ser estendido por ato do Poder Executivo dependendo da evolução da pandemia e da vacinação contra o novo coronavírus. Para pagar a conta do benefício, Wagner defende a tributação em 15% sobre lucros e dividendos a partir de 2021. Segundo ele, a medida incrementaria a arrecadação da União em mais R$ 50 bilhões por ano.

Os senadores Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Esperidião Amin (PP-SC) são autores do PL 5.495/2020, projeto de lei que estende o auxílio emergencial até 31 de março. Eles defendem o pagamento de R$ 300 a todos os que foram beneficiários do programa até janeiro, independentemente do número de parcelas recebidas. “A aprovação do auxílio emergencial foi um passo correto e essencial para darmos uma primeira resposta à crise que a pandemia acarreta. Mas, para combatermos os prejuízos econômicos que se estendem, faz-se necessário prorrogar o prazo inicialmente previsto. Não podemos cogitar de subitamente retirar das famílias a renda que até aqui garantimos”, afirmam na justificativa do projeto.

O Projeto de Decreto Legislativo (PDL) 1/2021, do senador Weverton (PDT-MA), também pretende retomar o benefício. Para isso, o parlamentar defende a prorrogação até 30 de junho de 2021 do estado de calamidade pública provocado pela pandemia. De acordo com o Decreto Legislativo 6, de 2020, esse prazo acabou no dia 31 de dezembro de 2020.

Para Weverton, com a extensão do estado de calamidade, seria possível voltar a pagar o auxílio. “O alívio temporário e excepcionalíssimo das exigências de austeridade e responsabilidade fiscal em momento de emergência permitirá a renovação de medidas que se revelaram efetivas na mitigação dos desdobramentos econômico-sociais da pandemia. Em especial, o auxílio emergencial em valor digno”, pontua.

Projetos na Câmara

Quase todos os projetos de lei em tramitação na Câmara alteram a norma que criou o auxílio emergencial (Lei 13.982, de 2020). Das dez matérias apresentadas por deputados federais, cinco preveem a extensão do benefício até dezembro de 2021. São os PLs 24/2021, 72/2021, 121/2021, 130/2021 e 202/2021, apresentados, respectivamente, pelos deputados Delegado Pablo (PSL-AM), Léo Moraes (Podemos-RO), Boca Aberta (Pros-PR), Altineu Côrtes (PL-RJ) e Sidney Leite (PSD-AM).

Os valores dos pagamentos variam de R$ 300 a R$ 600. “Existe um custo fiscal elevado nessa ajuda na pandemia, mas ela é necessária para a crise que atravessamos. Não estender o benefício pode ser um desastre social para a população mais carente. Com o auxílio prolongado até o fim do ano, quase metade do seu custo total (45%) seria coberta pela elevação da arrecadação de impostos gerada pelo aumento da atividade econômica”, justifica o deputado Boca Aberta.

Os PLs 5.514/2020 e 58/2021, dos deputados Fábio Henrique (PDT-SE) e Wilson Santiago (PTB-PB), determinam o pagamento de R$ 600 até junho. “Nas periferias do Brasil, sobretudo nas regiões mais pobres, a situação é extremamente preocupante, quando não alarmante! A maioria das pessoas vive da economia informal com dinheiro que recebem no dia a dia de suas atividades. São diaristas, comerciantes, pequenos agricultores, artesãos, marceneiros, motoristas de aplicativos. De uma hora para outra, perderam suas rendas e, desde 1º de janeiro, deixaram de receber o auxílio emergencial”, explica Wilson Santiago.

Outros dois projetos da Câmara estendem o programa até abril: o PL 5.650/2020, do deputado Chiquinho Brazão (Avante-RJ), e o PL 29/2021, do deputado José Guimarães (PT-CE). Em ambos, o benefício é fixado em R$ 600. “O fim do auxílio foi em 31 de dezembro, mas os efeitos na saúde pública e na economia vão continuar. As famílias brasileiras ainda precisam de ajuda do Poder Público para continuar sustentando seus lares”, afirma Brazão.

O PL 26/2021, do deputado Carlos Veras (PT-PE), não estabelece um prazo fixo para o fim do auxílio emergencial. Ele prevê o pagamento de R$ 600 mensais “até que se obtenha cobertura vacinal contra a covid-19 em percentual igual ou superior a 70% da população adulta brasileira”. Segundo o parlamentar, “não há mais como usar argumentos fiscais para ir contra o auxílio emergencial, quando até mesmo economistas renomados no mercado já se posicionaram em defesa da renovação da medida e mostraram que há espaço para o pagamento”.

Benefício no Orçamento

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) deve ser instalada na próxima terça-feira (9). O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, classifica a prorrogação do auxílio emergencial como uma das prioridades do Congresso. Na quinta-feira (4), ele se reuniu com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tentar costurar a inclusão do benefício no Projeto da Lei Orçamentária Anual (PLN 28/2020).

"A pandemia continua. Vim externar uma preocupação em relação à assistência social, a um socorro urgente para ajudar a camada mais vulnerável da população. Senti do ministro toda a boa vontade para encontrar uma solução. Obviamente faremos isso com cautela e prudência, mas temos que ter a sensibilidade humana", afirmou Pacheco.

Guedes condiciona a prorrogação do benefício à aprovação de “um novo marco fiscal”. O ministro defende, por exemplo, a aprovação de três propostas de emenda à Constituição (PECs) que aguardam votação no Senado: a PEC Emergencial (186/2019), a PEC dos Fundos Públicos (187/2019) e a PEC do Pacto Federativo (188/2019).

"É muito importante que seja dentro de um quadro de recuperação das finanças. É possível, temos como orçamentar isso, desde que seja dentro de um novo marco fiscal, robusto o suficiente para enfrentar eventuais desequilíbrios. Agora nós temos protocolo. Se o Congresso aciona o estado de emergência ou calamidade, temos condições de reagir rapidamente à crise", declarou Guedes.

*Da Agência Senado

 

O protagonismo político das mulheres ganhou uma nova página nesta sexta-feira (1), quando foram empossadas 657 prefeitas no Brasil. O percentual de mulheres eleitas prefeitas chegou a 13% em 2020, uma marca ainda tímida, porém importante na luta das mulheres para galgar espaços de poder no meio que é predominantemente masculino. O número de 658 das cidades que elegeu uma mulher sofreu uma redução com a morte da prefeita eleita de Santo Antônio das Missões (RS), Izalda Maria Barros Boccacio, de 72 anos, que morreu em decorrência da Covid-19.

Entre as capitais, Palmas, no Tocantins, terá uma mulher no comando do executivo municipal por mais quatro anos, Cinthia Ribeiro (PSDB). A tucana foi a primeira mulher a ocupar a cadeira na cidade, após o prefeito Carlos Amastha abdicar do cargo, em 2018, para disputar o governo estadual. Mas esta foi a primeira vez que ela disputou as eleições como cabeça de chapa.

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Em seu discurso de posse, a prefeita afirmou que pretende estar mais próxima das pessoas, nos sindicatos e nas associações. “Eu já me apresentei como a prefeita de todos os palmenses e provei isso na prática, governando para todos. Agora quero lhes apresentar a Capital de todos os tocantinenses. A cidade que vai inspirar as demais para um novo modelo de desenvolvimento, assim como idealizou Siqueira Campos, que optou por construir uma capital à margem direita do Rio Tocantins, para que ela pudesse irradiar progresso para todo o Estado.”

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Ainda sobre as mudanças que pretende promover na sua atuação frente ao executivo, ela destacou  os desafios que a pandemia impõe. “Não será apenas um ano novo. Será um mundo novo. Uma cidade totalmente nova, remodelada por uma pandemia de proporções bíblicas, que ainda insiste em nos tirar do rumo e embaçar o nosso foco. Uma cidade nova, que vai nos exigir um novo modelo de gestão, diferente de tudo que já conhecíamos. Por isso, será primordial que estejamos prontos e atentos para ouvir este novo cidadão, que está emergindo desta crise comportamental, com novos hábitos, novas preocupações, novas demandas e novas prioridades”, frisou.

Cinthia também enfatizou o protagonismo político feminino na Câmara Municipal de Palmas, que conta com quatro vereadoras e elegeu pela primeira vez uma mulher como presidente a vereadora de primeiro mandato, Jonad Valcari (Podemos).

Em Pernambuco, outra tucana tomou posse de sua reeleição, Raquel Lyra, que se emocionou ao rememorar a trajetória política de sua família na prefeitura da Cidade. Diante de seu pai, o ex-governador de Pernambuco e ex-prefeito de Caruaru por dois mandatos, João Lyra, ela enfatizou que se sente feliz, honrada e motivada por ocupar o cargo. “Eu sou muito grata e honrada em poder liderar essa cidade por mais quatro anos, em poder ser instrumento de esperança para nossa gente. E vou honrar, mais uma vez, o nosso compromisso de chegar com mais qualidade de vida para os que mais precisam, com mais moradia, oportunidades, calçamento, saneamento, lazer, turismo", discursou na cerimônia.

Sobre os tempos de pandemia, ela falou do desafio de manter as crianças na escola. “Esse trabalho que tem começo, meio, mas não tem fim, será ainda mais desafiador. Em tempo de pandemia, temos que evitar que aumente o índice de evasão escolar. Estudos mostram que 28% dos jovens brasileiros, de 15 a 29 anos, pensam em deixar os estudos quando as escolas reabrirem, segundo pesquisa do Conselho Nacional de Juventude”.

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Em outro município pernambucano, Camaragibe, a médica Nadegi Queiroz tomou posse para administrar a cidade por quatro anos com a promessa de governar para os que mais precisam. ¨Hoje fui honrada com um mandato de prefeita da minha cidade; é um dia que eu nunca vou esquecer! Serei eternamente grata pela confiança depositada em mim pelos camaragibenses. Vamos - eu e Delio Júnior- governar para todos, com prioridade para os que mais precisam. A cidade terá uma prefeita comprometida, que trabalhará dia e noite para melhorar a vida do nosso povo! Contem comigo e vamos ao trabalho!”, escreveu em uma publicação no Instagram.

Já a cidade de Uberaba, em Minas Gerais, empossou pela primeira vez uma mulher no executivo municipal. Elisa Araújo (Solidariedade) lembrou que a eleição foi o acontecimento mais desafiador de sua vida.

“Encontrei em mim, uma mulher que nem eu sabia que existia. A força foi encontrada no dia a dia, no encontro com as pessoas que depositaram a esperança delas em mim. Agradeço, agora como prefeita, todo esse apoio”, destacou. A nova prefeita também se comprometeu a atuar com ética, transparência, diálogo e disse que colocará o “coração” nas ações que promoverá. “Somos servidores do povo”, cravou.

Desafios 

Apesar do simbolismo que carrega a posse das prefeitas eleitas este ano, o cientista político Pedro Soares avalia que a crise da pandemia está entre as problemáticas que as mulheres terão que encaram nesta gestão. No entanto, ele lembra também que o grande desafio para estas mulheres está no campo simbólico, enfrentar o “machismo” estrutural, uma vez que, elas estão ocupando um espaço que historicamente, majoritariamente é formado por homens. Neste sentido, o estudioso frisa que, apesar de terem sido eleitas para comandar o mais alto posto municipal, elas terão uma equipe composta, em sua maioria, por homens. Soares pontua que ter uma mulher no comando faz os homens se sentirem “intimidados” e “incomodados”. Ele explica que o “mandonismo”, advindo da primeira república se aplica ao sentimento masculino em relação às mulheres nos espaços de poder. “As mulheres agora ocupam esse espaço de mandona. Não estou me referindo a essa semelhança colonial, mas a esse aspecto de ser quem manda mesmo", pontua.

Essas vitórias são históricas, ainda que seja em número pequeno, “há cem anos a mulher não podia nem votar no Brasil e hoje você tem uma mulher sendo prefeita, sendo vereadora, uma mulher sendo vice-governadora. Então, aos poucos, dentro de núcleo que tem um significado, um conjunto de características coloniais muito fortes, que são os países América Latina e o Brasil se inclui nesse grupo, a conquista feminina foi muito difícil. Foi necessário, na verdade, um conjunto de narrativas históricas, de eventos históricos acontecendo pelo mundo, para que esses eventos pudessem influenciar nessas vitórias”.

Soares assevera que também há um significado extremamente feminista, “porque reflete na luta da mulher, mesmo que a mulher não se observe como feminista, reflete a luta e as conquistas dela, dentro de um perfil político, ou seja, é a mulher tentando sair de uma seara do significado do outro. Porque a política, dentro do círculo político, sempre observada como o outro, assim como o indígena, assim como o negro, como os integrantes da comunidade LGBTQI+. No entanto, é que a mulher de maneira, não quantitativa, mas de maneira simbólica, ela é considerada dentro do perfil político como minoria. Aí dentro desse critério, a gente faz uma leitura de que a partir do momento em que ela avança e a cada eleição a gente percebe que esse número aumenta, da participação de mulheres na política, a gente percebe que ela vai se desvencilhando desse quesito de ser entendida como o outro e isso tem um perfil de luta feminista e feminina”.

 

Joseph Varon, um médico que trata pacientes com o novo coronavírus em um hospital do Texas, estava trabalhando em seu 252º dia consecutivo quando viu um idoso perturbado na unidade de terapia intensiva (UTI) da covid-19.

O abraço reconfortante de Varon ao homem de cabelos brancos no Dia de Ação de Graças foi capturado por um fotógrafo para a Getty Images e viralizou em todo o mundo.

Varon, chefe de equipe do United Memorial Medical Center em Houston, disse à CNN que estava entrando na UTI para covid quando viu o paciente "fora da cama e tentando sair do quarto".

"E ele está chorando", disse Varon. "Então, chego perto dele e (pergunto): 'Por que você está chorando?'"

"E o homem disse: 'Quero ficar com minha esposa'. Então eu apenas o seguro e o abraço", disse Varon. "Eu estava sentindo muita pena dele. Eu estava me sentindo muito triste, assim como ele."

"De repente, ele se sentiu melhor e parou de chorar", contou Varon à CNN nesta segunda-feira, que ele disse ter sido seu 256º dia consecutivo de trabalho.

"Não sei por que não desmoronei", disse o médico. "Minhas enfermeiras choram no meio do dia".

Varon disse que o isolamento na unidade de covid é difícil para muitos pacientes, principalmente os idosos.

"Você pode imaginar", disse ele. "Você está dentro de uma sala onde as pessoas chegam em trajes espaciais".

"Quando você é idoso é mais difícil porque você está sozinho", disse ele. "Alguns choram. Alguns tentam fugir", disse ele. "Na verdade, tivemos alguém que tentou escapar por uma janela outro dia".

Varon disse que o idoso da foto está "muito melhor". "Esperamos que antes do final da semana ele consiga sair do hospital", disse ele.

Varon também trouxe uma mensagem para as pessoas que não estão tomando precauções em meio à pandemia.

"As pessoas estão em bares, restaurantes, shoppings", disse o médico. "É uma loucura. As pessoas não ouvem e aí vão para a minha UTI".

"O que as pessoas precisam saber é que não quero ter que abraçá-las. Elas precisam fazer as coisas básicas - manter distanciamento social, usar máscaras, lavar as mãos e evitar ir a lugares onde há muitas pessoas", disse ele.

"Se as pessoas fizessem isso, profissionais de saúde como eu poderiam descansar", concluiu.

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