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A praça do Marco Zero é um dos pontos mais visitados da capital pernambucana, sendo um dos pontos turísticos mais importantes do Recife. Ela recebe turistas e moradores com frequência, devido aos museus, ruas e restaurantes ao redor que  trazem um ar acolhedor e chamam a atenção pela história e cultura da cidade.

Além da popularidade pelo lazer, a praça se transformou em um local de mudança, expectativas e oportunidades, onde fotógrafos amadores da Comunidade do Pilar e redondezas se transformaram nos “Paparazzis do Marco Zero”, como eles mesmos se denominam.

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São mais de 50 trabalhadores, apenas na comunidade do Pilar, que ganham a vida fazendo fotos de turistas no Recife Antigo. Muitos são jovens sem formação ou treinamento da área de fotografia, além de não contarem com padronização e identificação do grupo. Entretanto, essa realidade vem mudando após iniciativas de uma das moradoras da comunidade e fotógrafa, Adriana Santos.

Comunidade do Pilar e geração de renda

Líder da Comunidade do Pilar, Ana Cláudia, luta todos os dias por um futuro digno 

A líder da Comunidade do Pilar, Ana Cláudia Miguel, ressalta a importância da inclusão dos profissionais do local para o Recife, em especial os jovens que, por muitas vezes, se veem sem alternativas para crescer e se desenvolver. 

“A questão dos fotógrafos é uma profissão para esses jovens que estão ociosos dentro da comunidade, sem muito o que fazer. Alguns conseguiram passar pelo Projeto Formar e tiveram essa formação de fotografia, filmagens, dentre outras na área de tecnologia, mas outros não tiveram essa oportunidade, então os mais jovens acabaram aprendendo um pouco com o pessoal que tinha um pouco mais de conhecimento e viram como a própria comunidade é 90% se mantendo da ilha, sendo trabalhos informais. Os fotógrafos tiveram essa pegada para conseguir uma sobrevivência, onde na comunidade a sobrevivência dos pais era ambulante, vender comida e bebida”, explica.

Paparazzis do Pilar

Romário Pereira, de 28 anos, trabalha com fotografia há cerca de 11. Com na captura de imagens que encontrou uma forma para sustentar sua esposa e filhos. O fotógrafo relata uma história de superação, marcada pelo preconceito e pela dificuldade, mas sem perder a esperança de dias melhores e a sua evolução como profissional. Ele trabalha sozinho, o que garante a ele uma melhor flexibilidade com horários e 100% dos lucros.

A fotógrafa amadora, Priscila Lourenço mora na comunidade do Pilar desde que nasceu e trabalha na área há cerca de seis anos. Foi com a fotografia que ela encontrou uma oportunidade de conquistar os seus sonhos. “Eu sustento a minha mãe e a minha filha com a fotografia e a minha casa eu construí da fotografia. Para mim é ótimo porque eu sempre vi rendimento nisso”, explica.

Priscila construiu a sua casa e sustenta a sua família através da fotografia 

Fotógrafo desde os 16 anos, João Vitor Pinheiro, 22, também trabalhou como ambulante nas ruas do Recife, mas foi só depois de conhecer a fotografia turística que sua vida mudou. “A fotografia mudou a minha vida, eu consigo ter um ganho maior e quando eu vendia água não tenha um bom retorno. Na fotografia eu consigo pagar meu aluguel, sustentar minha família e viver feliz”, disse João Vitor.

“Eu comecei trabalhando para os outros, ganhando R$ 30 por dia. Lembro que comecei a juntar dinheiro, comprei minha primeira câmera, depois a impressora e os materiais. Agora eu tenho minha própria equipe, junto com minha esposa; e assim conseguimos alimentar nossos três filhos. Hoje, com movimento bom, tiro R$ 400 por dia”, relatou João Vitor.

Capacitação

Em maio deste ano, o prefeito João Campos (PSB) abriu vagas para um curso de capacitação para fotógrafos. A iniciativa começou após uma visita do prefeito à comunidade, onde conheceu a fotógrafa Adriana Santos, que aproveitou a oportunidade para pedir um curso aos jovens locais.

Foi pensando nas dificuldades e preconceitos que Adriana fez esse pedido. Com solicitação, mais de 50 jovens da comunidade do Pilar puderam aprender mais sobre os conceitos básicos da fotografia.

O treinamento começou em 3 de maio de 2022, em parceria com a Prefeitura do Recife, por meio do Gabinete do Centro do Recife, que coordena o Programa Recentro, em articulação com as Secretarias de Turismo e Lazer (SeturL), de Governo e Participação Social (SEGOV) e de Trabalho e Qualificação Profissional (STQP), com o Centro Universitário Brasileiro (Unibra).

Além da qualificação do grupo, outro passo importante foi a inscrição no edital de Incubação de Negócios do Porto Social. O Programa Recentro construiu a candidatura do grupo, dando suporte na estruturação das apresentações orais dos projetos inscritos. A iniciativa, inscrita como “Coletivo de Fotógrafos do Marco Zero” foi apresentada pela líder do grupo, Adriana Santos. O resultado foi revelado no último dia 6 de abril e o grupo ficou entre as 50 iniciativas selecionadas, concorrendo com mais de 100 projetos inscritos. O grupo receberá oito meses de consultorias, mentorias, palestras e treinamentos direcionados para a organização técnica e profissional, além de orientações para a formalização do grupo.

“Eu tinha ido comprar algumas coisas aqui na comunidade no horário do almoço e acabei que encontrei com ele [João Campos] e resolvi dar um abraço em admiração. Naquele abraço, eu senti que era hora de solicitar alguma coisa, de algo que estávamos precisando e a gente estava nesse impasse porque já tinham tentado adotar essa praça. Eu pedi qualificação e ele atendeu na mesma hora e isso foi a peça-chave”, conta Adriana.

Em um encontro aleatório, Adriana mudou o caminho de muitos fotógrafos do Pilar 

Adriana conta que essa visibilidade para os fotógrafos traz consequência positivas para a comunidade e para o turismo no Recife. “A visibilidade é boa, principalmente por ser algo bom e não ruim. O que esperamos de uma comunidade é que a gente só tenha notícia ruim e agora saber que tem trabalhadores, que trabalham diretamente com o turismo da cidade do Recife estavam apagados e que agora eles estão sendo vistos, que eles serão qualificados, que eles vão ser incluídos nas coisas, eu acho que é a melhor parte” conta Adriana.

O prefeito João Campos parabenizou a fotógrafa pela iniciativa e garantiu a oportunidade para os jovens. “Quero agradecer à Adriana, por ter tido essa iniciativa. Tem uns 40, 30 dias que eu fui fazer uma visita na obra do Pilar, nas escavações arqueológicas, e você vinha passando de bicicleta. A gente começou a conversar e foi muito bonito ter tido esse encontro e ter tido a capacidade de escutar você pedindo para o coletivo uma oportunidade para melhorar o trabalho, para seguir com dignidade e sustentar a família. De imediato, passamos o pedido e conseguimos em tempo recorde transformar esse desejo em realidade. Esse momento daqui sintetiza tudo que a gente espera que possa ser multiplicado na cidade. O principal cartão postal está sendo fotografado por vocês diariamente, o Marco Zero. Vocês fazem o acolhimento ao turista”, declarou.

“O mais difícil de tudo a gente tem, que é uma gente trabalhadora e aguerrida que não desiste. Pode vir crise, pode vir pandemia, pode vir dificuldade, que vocês não vão, nem devem abrir mão de ter o trabalho, de ter a renda e de poder construir uma vida com muita dignidade. A parte que cabe a gente da Prefeitura, é poder potencializar isso e estamos fazendo com ações como essa de hoje”, acrescentou Campos.

Os fotógrafos também terão acesso ao Credpop, à plataforma GO Recife, mentorias e formação com a Unibra.

Preconceito

A exclusão e preconceito faz parte do cotidiano da maioria dos fotógrafos do Marco Zero, muitas vezes devido à falta de equipamentos e recursos para o trabalho. As empresas privadas de turismo do Recife muitas vezes trabalham com seus próprios fotógrafos, o que ocasiona uma 'disputa' em quem o turista irá escolher para tirar suas fotos. 

Adriana explica como os julgamentos das empresas de turismo particulares acabam afetando as vendas dos fotógrafos. “As empresas de turismo chegam nos ônibus e algumas já chegam com seus fotógrafos, mas eu acho que a gente tem que deixar os turistas bem à vontade, porque elas trazem os fotógrafos e elas querem que o turista feche com aquele fotógrafo um pacote caríssimo e a gente faz o nosso trabalho sem compromisso nenhum, a gente faz foto se divertindo. Por eles verem isso como uma competição, não sei se à altura, eles acabam que dificultando o nosso trabalho, dizendo que não podem levar nossa foto, que não enviamos o arquivo digital, apesar que enviamos na hora e que não é de qualidade”, explica.

“Acontece preconceito com o fotógrafo do Marco Zero, porque, aos olhos das empresas, não somos profissionais e que não é bacana fazer foto conosco, porque infelizmente não somos profissionais aos olhos deles”, conta João Vitor.

Os fotógrafos também relatam situações desagradáveis com os próprios turistas. Romário conta que teve experiências em que as pessoas escondiam os objetos pessoais, bolsas e não aceitavam a ajuda que os jovens ofereciam, com receio de serem assaltados.

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Pesquisadoras da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) encontraram, em estudo feito no parque arqueológico da comunidade do Pilar, no Recife, um esqueleto de um bebê, que pode ter falecido entre entre os séculos XVI e XVII, assim como outros esqueletos já encontrados no local. As evidências apontam que, na época, o local era um cemitério militar.  

A criança, que apresenta indícios de ter falecido entre os quatro e seis meses de vida, também traz outro diferencial: foi o único esqueleto encontrado em um caixão. Além de estar em bom estado de preservação, o achado inclui a estrutura de ferro que servia como base do caixão e cravos utilizados na sua confecção.

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A atual área de estudo está sendo escavada desde o dia 10 de fevereiro e já resultou na descoberta de mais de dez esqueletos.

“Aqui, provavelmente, seria um cemitério natural, onde membros da comunidade eram enterrados. O fato de termos esqueletos sobrepostos e com diferentes sexos e idades indica isso”, explicou a bioarqueóloga da Universidade Federal do Piauí, Claudia Cunha, que faz parte da equipe do Núcleo de Ensinos e Pesquisas Arqueológicas da UFRPE.

A professora destacou a importância dos achados.

“Esse cemitério é uma biblioteca que começou com o início da cidade e onde as informações estão escritas nos ossos. Os esqueletos explicam como eram as pessoas: peso, doenças, alimentação, expectativa média de vida. Com a análise minuciosa de todos eles, podemos reconstruir a história de um povo".

Depois de limpos, os achados são enviados para o Núcleo de Ensinos e Pesquisas da UFRPE. Lá passam por uma série de estudos e começam a integrar uma biblioteca de informações sobre as pessoas que viveram no Recife. Além disso, pequenas amostras seguem para os Estados Unidos para testes de datação com carbono, por exemplo. Claudia Cunha lembrou que as escavações ainda devem render muitas surpresas.

“Nesse novo trecho, só chegamos aos 90 centímetros abaixo do nível do mar. Quanto mais nos aprofundarmos mais achados teremos”.

Mais novidades

A equipe que realiza os estudos no Pilar também divulgou o resultado dos testes de datação das primeiras ossadas encontradas na comunidade, que apontam que os mais de 120 indivíduos encontrados na quadra, 55 faleceram entre o final do século XVI e início do XVII, período da ocupação holandesa.

“A maioria era composta de homens com idades entre 17 e 30 anos. Alguns apresentavam indícios de violência, como tiro de mosquete. Essas evidências apontam para a ideia de que essa primeira área escavada possa ter sido um cemitério militar”, detalhou Cunha. 

Parque arqueológico

Com o início das construções de um conjunto habitacional dedicado à moradia popular na comunidade do Pilar, passaram a ser descobertas verdadeiras relíquias que, após análises minuciosas da UFRPE, alçaram a descoberta ao posto de um dos maiores achados arqueológicos urbanos do país. Com a medida, a Prefeitura do Recife estuda transformar o local em um parque arqueológico, onde a população e turistas possam reconectar-se ao passado de olho no futuro da cidade.

Agora, a gestão municipal está formando um grupo de estudos que inclui o Instituto Pelópidas Silveira, a URB e a secretaria de Infraestrutura para definir quais serão os próximos passos. A ideia é preservar o material e a área e construir novas alternativas para a execução dos habitacionais planejados, conciliando a preservação do patrimônio histórico com necessidade de criação de moradias.

Foi publicada no Diário Oficial da União desta segunda-feira (10) uma Portaria que declara o interesse do serviço público sobre dois imóveis do Recife para fins de regularização fundiária em favor de 192 famílias que vivem na Comunidade do Pilar, localizada na região central da capital pernambucana. 

Um dos imóveis, situado à Rua do Brum nº 46, tem no Bairro do Recife, tem  1.863,25m² e está situado em área de marinha. O outro está localizado na Rua Bernardo Vieira de Melo, Bairro do Recife, também em terreno de marinha, e ocupa uma área de 1.863,25m². 

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De acordo com a Portaria nº 18.133, a Superintendência do Patrimônio da União no Estado de Pernambuco dará conhecimento da decisão à Prefeitura Municipal do Recife acompanhado dos respectivos memoriais descritivos das áreas às quais ela se refere. A medida já está em vigor. 

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O Porto Digital anunciou nesta terça-feira (14), uma parceria com empresas de telecomunicações e tecnologia para manter uma rede fibra óptica na Comunidade do Pilar, no bairro do Recife. A intenção da ação, batizada de Pilar Conectado, é ajudar crianças e jovens a continuarem seus estudos de forma remota, prática que vem se tornando necessária em tempos de distanciamento social,necessário desde a chegada do novo coronavírus. Além disso, proeto quer melhorar a qualidade de vida dos demais moradores da região.

A rede, que já está em fase de testes, conta com 13 pontos de Wi-Fi espalhados pelo Pilar. Eles podem ser expandidos para 17, dependendo da demanda popular e oferecem velocidade de download e upload de até 150 MB, divididos entre os usuários. "São todos pontos de acesso. Eles têm como função principal pegar o sinal físico do cabo e replicar para os equipamentos. Como um roteador em casa, mas sendo um equipamento de maior porte", explica Júlio Gil Filho, da Elcoma Vagalume - uma das parceiras do projeto.

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Foram investidos cerca de R$ 130 mil para a implementação da ação, entre equipamentos e manutenção da rede, em um primeiro momento. "Esses equipamentos conseguem dar conta de até 300 ou 400 pessoas, mas na prática atende 100 pessoas com conforto. Mapeamos que podem existir algumas regiões de sombra e podemos expandir em mais quatro pontos, totalizando 17, sem nenhum custo extra. Estamos monitorando, acompanhado para se houver necessidade fazermos essa escalada", afirma Gil filho.

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De acordo com o parque tecnológico, ao todo são 600 celulares e 100 laptops utilizados por 300 famílias da comunidade. A previsão é que a rede atenda cerca de 875 pessoas na área, que engloba quatro prédios do conjunto habitacional, além de barracos ao redor da Igreja do Pilar, Rua de São Jorge e Rua do Ocidente. Segundo dados do Porto Digital, durante os testes, já foram contabilizadas cerca de 100 pessoas usando a rede simultaneamente, por dia, sem atingir 50% capacidade de navegação.

Além do Porto Digital, outras empresas como Elcoma Vagalume, Avantia, UmTelecom e Lemos Telecom, com apoio do Softex Recife, CESAR e Instituto Qualidade no Ensino, apoiam o projeto. A iniciativa ainda prevê ações educativas sobre prevenção e cuidados durante a pandemia.

Uma oportunidade de utilizar as facilidades apresentadas pelos meios digitais como forma de fazer a mudança acontecer em lugares reais. Esse é o objetivo da Makeathon Comunidades, projeto resultado da parceria entre a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) e o Fab Lab Recife que pretende encontrar soluções práticas e inovadoras para a população que habita a Comunidade do Pilar, no Bairro do Recife. A maratona, que acontece no Fab Lab Recife do Paço Alfândega, tem abertura oficial no dia 30 de novembro e vai até 2 de dezembro, dia em que os protótipos serão apresentados e as equipes vencedoras divulgadas. Os participantes concorrem a 30 mil reais em prêmios.

A makeathon é uma maratona colaborativa que utiliza a fabricação digital para a rápida materialização de artefatos que minimizem ou solucionem problemas urbanos, sobretudo em comunidades em condições de vulnerabilidade social. Projetos já desenvolvidos em Pernambuco por meio da metodologia maker incluem o Parkletric, um parklet com pontos de carregamento USB e wifi gratuita que uniu arte, tecnologia, funcionalidade e estética na Praça do Arsenal; e o Pedeluz, uma luminária fotovoltaica sensitiva criada para prover uma maior sensação de segurança para as pessoas nas calçadas.

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A maratona no Recife será dividida em etapas. Primeiro, os organizadores do Fab Lab Recife estarão presentes na Comunidade do Pilar apresentando a ação, realizando uma roda de diálogo sobre cultura maker e também uma dinâmica para identificação das principais questões locais. Nessa atividade, serão selecionados os 10 participantes da comunidade que deverão integrar as equipes do projeto. De 19 a 21 de novembro, estarão abertas as inscrições no site do evento. As vagas serão divididas entre cidadãs (seleção por sorteio) e técnicas (seleção por currículo). No dia 23, será divulgado o resultado com a composição de 10 equipes formadas por cinco pessoas cada.

O Fab Lab Recife vai disponibilizar toda sua estrutura, sua equipe de gurus técnicos multidisciplinares, e convidar profissionais do mercado local para mentoria das equipes. Os projetos serão avaliados com notas de 0 a 10 de acordo com os seguintes critérios: impacto social, qualidade e visibilidade e, por fim, criatividade e inovação. A equipe vencedora receberá a premiação em vale compras, equivalentes a R$ 15 mil reais (R$ 3 mil por participante), além da oportunidade de desenvolver o artefato vencedor em escala real no Fab Lab Recife, instalá-lo na comunidade e monitorá-lo por até 3 semanas. A segunda colocada receberá a premiação no equivalente a R$ 10 mil reais também em vale compras (R$ 2 mil por participante); e a terceira colocada, R$ 5 mil (R$ 1 mil por pessoa).

A Empresa de Urbanização do Recife (URB) está prometendo a entrega dos 108 apartamentos dos blocos B e D do Habitacional do Pilar, no Recife Antigo, para a segunda semana de setembro. A data é também uma resposta ao Ministério Público Federal (MPF) que, na segunda-feira (15), anunciou ter enviado uma recomendação à URB solicitando a entrega dos apartamentos até o dia 30 de setembro.

As obras do Programa de Requalificação Urbana e Social da Comunidade do Pilar foram iniciadas em 2010 e seguem sem ser concluídas. De acordo com a URB, a obra está em reta final, com a pintura de fachadas e instalação da rede de iluminação pública das ruas internas do conjunto. Ainda esta semana está previsto o sorteio das unidades habitacionais de acordo com os critérios acordados entre prefeitura e comunidade, diz a empresa.

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Financiado com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o projeto prevê a construção de um conjunto habitacional com 588 apartamentos populares, escola, creche, posto de saúde, mercado público comunitário, praça e pavimentação de três ruas principais, além da iluminação pública da comunidade. Apesar do prazo de conclusão estar previsto inicialmente para 2012, o MPF recebeu uma representação em 2015 na qual constava que apenas 10% do projeto estava finalizado.

Ao MPF, representantes da URB afirmaram que o atraso ocorreu, entre outros fatores, devido à rescisão de contrato com a antiga construtora e à realização de nova licitação. Além de recomendar à URB a entrega das 108 unidades restantes, o MPF também requer que a empresa aterre área da quadra 55 do conjunto habitacional, que foi um compromisso firmado com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para a proteção do patrimônio arqueológico da área. Caso as providências não sejam adotadas, o ministério público poderá tomar medidas judiciais. 

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--> Obras paradas e indignação na comunidade do Pilar

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Moradores da comunidade do Pilar, localizada no Bairro do Recife, na área central, realizaram um protesto na manhã desta terça-feira (28) em frente à sede da Prefeitura do Recife (PCR), na Avenida Cais do Apolo, no centro. Os manifestantes reclamam que há 15 dias não chega água no local.

O grupo fechou o sentido centro da Avenida Cais do Apolo, colocando fogo em entulhos. O protesto durou cerca de uma hora, sendo concluído por volta das 10h20 quando representantes da PCR se comprometeram a enviar dois carros para abastecer a comunidade.

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A secretaria de Governo e Participação Social do Recife agendou, para as 15h desta terça-feira, uma reunião com cinco representantes da comunidade do Pilar que pagam as contas da Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa). “Eles vão mostrar a proposta deles. Se não for boa, hoje às 16h ou amanhã às 7h30 a gente faz protesto de novo”, adianta a dona de casa Vanessa dos Santos.

Muitos moradores do local não costumam pagar a conta de água e eles temem que a escassez esteja relacionada. “Mas quem paga em dia não pode ficar sem água”, reclamam os moradores. A doméstica Ivonete dos Santos diz que costumava pagar as contas, pois estava classificada como baixa renda e os valores vinham próximos de R$ 6. “Depois de um tempo as contas começaram a vim com preço alto. Fui à Compesa e disseram que eu gastei acima do permitido da tarifa social, mas nas minhas contas mostra que não passou. Mandaram eu voltar em novembro”, lembra a doméstica.

Muitas pessoas ligaram para a Compesa nesse período de quinze dias. Alguns disseram que a resposta da companhia foi de que a água chegaria. Mas até esta manhã não chegou. Alguns moradores ainda ficaram frustrados quando a Compesa teria dito que o sistema estava normalizado.

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Tanto Vanessa quanto Ivonete já moram nos habitacionais. Mas a comunidade ainda está repleta de moradores em pequenas moradias improvisadas, à espera da conclusão das obras atrasadas, que já foram motivo de protestos em outra oportunidade. A dona de casa Cristiane dos Santos mora em um pequeno barraco do local e está tendo que improvisar. “Dei banho no [filho] menor e agora vou usar a mesma água para dar banho no outro”, diz ela, que ainda está esperando um terceiro filho. Em um canto da casa, as roupas já se acumulam em uma pilha.

Reparo - Através de nota, a Compesa informou que a falta de água se deu devido a um vazamento na rede de água de 400 milímetros de diâmetro que passa no Cais do Apolo. No dia 19 de outubro, uma equipe realizou o conserto da rede, no trecho em frente ao Banco do Brasil, mas o problema persistiu. De acordo com a companhia, novas pesquisas foram feitas na rede e, só na madrugada desta terça-feira, técnicos conseguiram identificar um vazamento oculto na mesma tubulação, mas no trecho em frente ao prédio da Polícia Federal, que estava fazendo a água escorrer pelo sistema de drenagem interno.

Ainda na nota, a Compesa esclareceu que uma equipe já está sendo mobilizada para realizar o reparo da tubulação ainda esta noite. A previsão é que o abastecimento volte ao normal logo após a conclusão do conserto. 

Enquanto as alternativas de lazer no Bairro do Recife são priorizadas pela Prefeitura (ciclofaixa aos domingos, transformação da Avenida Rio Branco em via exclusiva de passeio), a realidade de pessoas que residem no bairro continua em segundo plano. Após realizarem protesto em frente à sede da Prefeitura, em fevereiro, moradores da comunidade do Pilar seguem à espera de soluções. 

Iniciada no ano de 2010, a construção do conjunto habitacional do local ainda não foi concluída. A reportagem do Portal LeiaJá visitou a comunidade, nesta terça-feira (1°), e constatou: não há um operário em atividade e as obras estão completamente paradas. Entulhos, telhas empilhadas e o mato crescido reforçam o cenário de abandono no terreno. Segundo os moradores, nenhum trabalhador aparece na construção há muito tempo. 

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“Depois do protesto, entregaram uma parte deste segundo bloco e pronto, mais nada. Muitas pessoas que tiveram seus barracos destruídos ainda não foram alojadas e nem receberam auxílio-moradia. Só fica um vigia aí na obra, mas tudo parado, cheio de bicho, um perigo para as crianças”, disse a moradora Clementina Feliciano ao afirmar que parentes já encontraram escorpiões dentro dos apartamentos já entregues, por conta do terreno abandonado.  

Outro morador, Tony Silva, que já está em um dos apartamentos prontos, afirmou que outras pessoas, de outras comunidades, estão sendo levadas para o Pilar para serem acomodados no habitacional que nunca termina. “Estamos todos revoltados. Não é porque eu já estou com meu apartamento que estou satisfeito. Cadê o colégio, a upinha, a academia que prometeram e até agora nada também?”, indaga Tony. 

No projeto da Prefeitura, além do conjunto habitacional, ainda são previstos para a comunidade a construção de uma escola municipal, Unidade de Saúde da Família, mercado público, praças, espaços para atividades artístico-culturais, quadra poliesportiva, entre outras ações que tinham a promessa de “transformar a região num grande atrativo turístico”.

A culpa é de quem? De acordo com a Prefeitura, as construtoras responsáveis pela obra desistiram de continuar no local, porque estariam tendo prejuízos por causa da demora devido a uma pesquisa do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). No local, foram descobertos vários esqueletos humanos e um grupo de arqueólogos do Instituto acredita que ali existia um cemitério, aproximadamente do século 16. 

Com a desistência das construtoras, uma nova licitação precisará ser aberta pela Prefeitura para a contratação de novas empresas. A Empresa de Urbanização do Recife (URB) informou que dentro de três meses as obras serão retomadas. Segundo a URB, 84 apartamentos foram entregues, de um total de 588, divididos em 17 blocos. Ainda em abril, a Empresa garante o lançamento da licitação de conclusão de três blocos com 36 unidades cada, além da escola e do posto de saúde.

Espera - A pavimentação das ruas e a construção de uma praça serão licitadas de forma separada, ainda no primeiro semestre. Apesar do prazo, a moradora Severina Santana, de 84 anos, não se conforma com a demora. “Há um ano estou morando aqui no Habitacional e é assim, com essa catinga e esse lixo todo”, aponta ao se referir ao esgoto a céu aberto na porta de casa. 

Na Rua Bernardo Vieira de Melo, o morador Claudemir Nascimento abordou a equipe de reportagem. Ele estava no espaço onde, antes, era o seu barraco, demolido há mais de um ano. Atualmente, mora com conhecidos por não ter sido ainda alojado nos blocos, e exige do poder público. “Sempre estou nas reuniões com a Prefeitura e não adianta de nada. A pior coisa é você não estar na sua casa. Por isso a gente espera por uma solução”. 

O Recife Antigo de Coração celebra um ano de criação neste domingo (30) com uma novidade. Na ocasião, será lançado o Moda na Rua, que passa a integrar as ações do projeto com desfiles, lojas e até aulas de como se portar na passarela. A programação vai das 16h às 22h, na Rua Domingos José Martins, que fica entre as ruas do Bom Jesus e da Guia, no Bairro do Recife.

O primeiro desfile do Moda na Rua terá 20 meninas das comunidades do Pilar e de Brasília Teimosa como manequins. Elas foram escolhidas através de seleção feita por profissionais da área e serão orientadas sobre questões de passarela e etiqueta na Faculdade Senac. Todo mês será realizada uma nova seleção em uma comunidade diferente do Recife. 

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As peças dos desfiles serão de marcas convidadas, mesclando grifes consagradas com novos criadores. Nesta primeira edição, as 20 meninas usarão Refazenda, Pinna, Calma Monga, Fenda, Noemy Rendas, Malakoff, Fernando Viana Pisantes e Rejane Trindade. A trilha sonora fica a cargo do projeto Som na Rural, de Roger de Renor.

O desfile começa às 16h30, mas as atividades já começam às 16h. Na abertura, terá o momento Moda Mirim, no qual as crianças presentes poderão aprender como desfilar na passarela. Haverá também o Figurando, no qual artistas do cenário pernambucano mostrarão suas experiências com a moda. Neste domingo (30), a participação será da atriz Rayana Carvalho e do estilista Eduardo Ferreira.

O Moda na Rua também será composto por stands-lojas, com as seguintes marcas na primeira edição: Fridas, Leandro Barros, Karina Leão, Fag, Maria Ribeiro, Fernando Viana Pisantes, Marina Morena, Desmantelo, Manufatura, Gigolé Acessórios, Desalinho Estamparia, Long’Falls, Pinna, Neto Criações e Rejane Trindade. Haverá também um espaço para receber doações de roupas que serão destinadas a instituição social Iasc. 

Mais de 20 esqueletos encontrados até o dia 22 deste mês serão estudados pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). De acordo com a instituição de ensino, os ossos foram encontrados na comunicade do Pilar, no Bairro do Recife, área central da cidade, e fazem parte de um provável cemitério do século XVI ou XVII, descoberto durante o acompanhamento arqueológico realizado no âmbito do Projeto de Requalificação Urbanística do Habitacional do Pilar.

A Fundação Seridó, organização não governamental que possui parceria com a UFPE, é responsável pela descoberta. Os esqueletos estão sendo removidos do espaço de maneira cuidadosa, e mandados para a universidade pernambucana.

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Segundo a UFPE, os pesquisadores se surpreenderam com a descoberta, tendo em vista que não existiam registros historiográficos que indicassem a existência do cemitério. Os esqueletos estavam encobertos em uma área da fundação de casas construídas no século XVII. O trabalho deve continuar, pois novas descobertas estão sendo feitas e não há previsão para o fim da atividade.

Em entrevista dada a assessoria de comunicação da UFPE, o professor da instituição de ensino e um dos integrantes do projeto, Sérgio Monteiro explicou que existem indícios que levam a conclusão que os esqueletos são de origem europeia.  “Na observação de campo, os esqueletos não apresentam características indígenas ou de ancestralidade africana, por exemplo. Eles possuem dentes com características de europeus e são todos jovens e masculinos. Parece que pertencem a uma instituição militar colonial”, explica Monteiro. Veja AQUI as fotos das escavações.







Moradores da comunidade do Pilar recebem nesta quinta-feira (09), uma feira de serviços que conta com atividades recreativas, corte de cabelo, vacinação e emissão de documentos. As atividades serão realizadas das 10h às 16h, no galpão da empresa OGMO Recife que fica na Avenida Alfredo Lisboa, s/n, no bairro do Recife. A feira é promovida pela Rede Pilar em parceria com a Prefeitura do Recife. 

Durante a feira, o Instituto de Assistência Social e Cidadania (Iasc) irá analisar o perfil dos moradores da comunidade aptos a serem inseridos no Bolsa Família, às 15h. A Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã irá oferecer aos cidadãos o serviço de emissão da primeira via do CPF. Para isso, os interessados menores de 18 anos devem levar RG ou Certidão de Nascimento e um comprovante de residência. Para os maiores de 18 anos, a documentação é a mesma, acrescentando apenas o Título de Eleitor.

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Duas equipes da Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb) promove a oficina “Reaproveitando com Arte”, das 14h às 16h, apresentando uma exposição com o material construído pelas palestrantes. O objetivo é conscientizar a população sobre a reutilização desse material, transformando garrafas de plástico em brinquedos, enfeites e utensílios domésticos.

As crianças também poderão participar da feira através de atividades de esporte e lazer, passando pela ginástica, oficinas de circo e jogos esportivos.

Programação da Feira de Serviços do Pilar:

10h-10h30 | abertura do evento – Ginástica do Geraldão (atividades recreativas e esportivas)

11h-11h30 | Contação de estórias da Comunidade do Pilar (Iasc).

11h30-12h | Palestra sobre educação e saúde (NASF e PSF)

13h-13h30 | Apresentação do Geraldão: recreação com atividades de circo.

14h-14h30 | Apresentação do CRAS e da Celpe (Orientações sobre Tarifa Social)

15h-15h30 | Apresentação do Teatro do Escola Nossa Senhora do Pilar.

16h | Encerramento: Tambores do Pilar

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