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Madleen Sabagh, grávida de sete meses, chora no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada, a morte de seu marido, uma das últimas vítimas da violência entre Israel e os palestinos, e teme que isso se transmita como uma maldição para seus filhos.

Sentada perto de uma janela com vista para o superlotado campo de refugiados, a mulher explica que parou de comer após a morte de Mohamed, de 30 anos, em uma operação das forças israelenses no início de novembro.

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"Meu marido foi morto sem motivo", diz à AFP. Mas "o que nos preocupa agora não é o que aconteceu, mas o que vai acontecer", afirma, acrescentando que os soldados israelenses "têm como alvo os homens jovens".

O casal tinha três filhos, mais o que está a caminho. "Como mãe, me preocupo com a segurança deles", explica a viúva de 24 anos. "Agora sou a mãe e o pai deles", acrescenta.

Centenas de palestinos - combatentes, meros transeuntes e menores - morreram este ano em operações israelenses, dezenas deles em Jenin, considerada há muito tempo um foco da "resistência" palestina.

A violência eclodiu na Cisjordânia, ocupada por Israel desde 1967 e bastião do movimento Fatah do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, após o ataque sangrento do movimento islamista Hamas em 7 de outubro em Israel, que respondeu com uma ofensiva poderosa em Gaza.

Os Sabagh são uma das muitas famílias que perderam entes queridos. "Isso não é vida: os mártires têm sorte, porque são os vivos que estão realmente mortos", diz Eman Sabagh, mãe de Mohamed, que assegura que seu filho não tinha "nada a ver" com a "resistência".

- 'As crianças gritam' -

No início dos anos 2000, o campo de Jenin foi um dos focos da segunda Intifada, a "revolta" contra a ocupação israelense.

Em 2002, o Exército israelense sitiou este assentamento por mais de um mês. Nos confrontos, 52 palestinos e 23 soldados israelenses morreram, e centenas de casas foram destruídas.

Fotos de jovens palestinos vítimas das forças israelenses cobrem as paredes, perfuradas por balas.

Os filhos de Sabagh brincam, sem reagir aos tiros de honra disparados durante o funeral de um jovem de 21 anos, morto em um recente ataque israelense.

Vários moradores de Jenin dizem à AFP que a violência tem impacto em toda a sociedade, especialmente na saúde mental dos habitantes.

"A maioria das crianças não consegue dormir à noite, e suas mães também ficam acordadas. As crianças gritam quando as sirenes tocam", explica Majd Abu Salameh, funcionária de um centro para mulheres.

"Quase todos os 'mártires' eram frequentemente o único sustento da família", diz. "Ao percorrer o campo de refugiados, você só vê crianças" e "idosos".

- Uma cama vazia -

Israel ocupa a Cisjordânia há 56 anos, e o processo de paz israelense-palestino está há anos em um impasse.

Às vezes, aqueles que se levantam contra as forças israelenses são apenas adolescentes, como Yamen Jarar, de 16 anos, morto em 3 de novembro. Ao lado de sua cama vazia, há dezenas de fotos dele.

"Enquanto outros sonham em viajar, por exemplo, ele sempre quis se tornar um mártir", explica sua mãe, Jihan Jarar. "Quando alguém está profundamente ligado à sua terra, não se pode detê-lo", acrescenta.

Enquanto um de seus irmãos olha as fotos com os olhos marejados, sua mãe diz que não quer "outro mártir" entre seus descendentes.

As dificuldades econômicas, que tornam praticamente inacessíveis o custo das mensalidades escolares, e a dor da família repercutem nas crianças.

"Quando não há escola nem nada para fazer, o que os jovens podem fazer?", pergunta Samiha Zued, avó de Yamen Jarar.

Pouco depois da entrevista da família com a AFP, as sirenes tocaram em Jenin, alertando que as forças israelenses estavam se aproximando. Tiros e explosões, juntamente com o zumbido constante de drones militares, são uma constante durante a noite.

No dia seguinte, três homens são enterrados. O Exército israelense afirma ter matado cinco.

Madleen Sabagh afirma que "sempre terá medo". "Não sabemos o que pode acontecer com nossos filhos".

Antes do início da COP28 em Dubai, o presidente da conferência climática da ONU, Sultan Al Jaber, dos Emirados, rejeitou nesta quarta-feira (29) querer usar a sua posição para promover os projetos petrolíferos do seu país no exterior, segundo os documentos revelados nesta semana.

Al Jaber, altamente criticado durante meses por ONGs e parlamentares ocidentais pelo seu duplo papel como chefe da COP28 e da companhia petrolífera nacional Adnoc, defende uma linha que descreve como realista e diz que quer ser uma ponte entre o Golfo e os países que exigem a saída rápida do petróleo.

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Mas os inúmeros documentos revelados na segunda-feira pelo grupo de investigação Center for Climate Reporting e pela BBC lançam dúvidas.

Os documentos, transmitidos por um "denunciante", são relatórios destinados a Sultan Al Jaber em que aparecem questões a serem abordadas com representantes de governos estrangeiros em reuniões que tratavam da COP.

Esses relatórios continham menções às duas empresas que dirige, a Adnoc e a empresa de energias renováveis Masdar, e foram utilizados em reuniões com cerca de 30 países.

Nos relatórios, foi mencionada a presença da Adnoc e da Masdar no país em questão e o seu potencial comercial, como no caso de um projeto de fornecimento de diesel e querosene da Adnoc no Quênia ou de um projeto petroquímico da Adnoc no Brasil.

"Essas acusações são falsas, incorretas, imprecisas", afirmou Sultan Al Jaber em Dubai, em resposta aos jornalistas durante um evento na sede da COP28, às vésperas da sua inauguração.

"Vocês acham que os Emirados Árabes Unidos ou eu precisamos da COP ou da presidência da COP para estabelecer acordos ou relações comerciais?", perguntou ele.

"Nunca, nunca vi essas formulações, nunca as usei", disse. "Às vezes me dizem que tenho que falar com os Estados e as empresas de petróleo e gás para pressioná-los, e às vezes me dizem que não posso fazê-lo", acrescentou, nas suas primeiras declarações públicas sobre o assunto.

- Tempestade na COP -

A presidência da COP28 não questionou a autenticidade dos documentos, que representam um grave golpe para a imagem de Al Jaber.

Durante duas semanas, negociadores de quase 200 países debaterão, em público e em particular, em Dubai, se devem mencionar explicitamente o petróleo e o gás nas decisões oficiais, algo que nenhuma COP conseguiu até agora.

Al Jaber foi pego "com as mãos na massa", disse a ex-chefe da ONU para o Clima, Christiana Figueres, na rede social X (antigo Twitter), comparando as revelações ao escândalo do diesel que atingiu a Volkswagen em 2015.

Vários senadores dos Estados Unidos, liderados pelo democrata Sheldon Whitehouse, que há meses denunciam a influência dos lobistas na COP, consideraram que estas revelações questionam "a integridade de toda a conferência".

O climatologista americano Michael Mann pediu a renúncia imediata de Al Jaber ou um boicote à COP28.

As ONGs, muito envolvidas na COP, não chegaram tão longe e, após meses de trabalho, aguardam decisões históricas sobre assistência financeira aos países vulneráveis.

A diretora da Climate Action Network, Tasneem Essop, que representa centenas de organizações, apenas lembrou por enquanto a "profunda responsabilidade" dos países organizadores da COP e a sua obrigação de "integridade, não contaminada por parcialidade ou vantagem nacional ou pessoal".

O aplicativo de vídeos TikTok anunciou que derrubou mais de 500 mil vídeos e interrompeu cerca de oito mil transmissões ao vivo relacionadas ao conflito entre Israel e o grupo islamita palestino Hamas.

Desde 7 de outubro "suprimimos mais de 500.000 vídeos e interrompemos cerca de 8.000 transmissões ao vivo na região afetada, devido a violação de nossas regras", declarou a empresa em seu site no domingo (15).

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A medida foi uma resposta à advertência recebida pela União Europeia na semana passada, que pedia para que a rede social combatesse os conteúdos ilegais.

Desde agosto, a União Europeia conta com um novo regulamento mais rigoroso que tem o objetivo de combater "os conteúdos ilegais" ou a "desinformação" nas plataformas e redes sociais.

O TikTok garantiu, por sua vez, que reforçou suas equipes de moderadores para combater este cenário e proteger os jovens, que representam a maior parte dos usuários.

"À empresa corresponde uma obrigação especial de protegê-los dos conteúdos violentos (...) que parecem circular amplamente em sua plataforma sem um dispositivo de segurança particular", escreveu o comissário europeu para a Economia Digital, Thierry Breton, em uma carta ao diretor-executivo do aplicativo chinês, Shou Zi Chew.

Breton também fez advertências semelhantes à Meta, X (ex-Twitter) e YouTube.

O TikTok afirmou que imediatamente mobilizou "importantes recursos para aplicar nossas políticas contra a violência", incluindo "um centro de comando que reúne membros essenciais de nossa equipe global de 40.000 profissionais de segurança", detalhou.

"Também atualizamos nosso sistema de detecção automatizada pró-ativa em tempo real à medida que identificamos novas ameaças", para "detectar e eliminar automaticamente os conteúdos violentos", acrescentou a rede social, que "incorporou mais moderadores que falam árabe e hebraico".

O aplicativo ainda reforçou que trabalha em conjunto com outras instituições, incluindo a AFP, para realizar a verificação de notícias em mais de 50 idiomas.

"Se a verificação dos fatos for inconclusiva, classificamos o conteúdo como não verificado, não o permitimos em fluxos 'Para você' e incentivamos aos usuários que o reconsiderem antes de compartilhá-lo", acrescentou.

O TikTok também restringiu o uso de transmissões ao vivo e determinadas hashtags.

Doze civis morreram neste domingo em bombardeios entre militares e paramilitares, que se enfrentam, agora, em outra cidade da região de Darfur, oeste do Sudão.

"O primeiro balanço provisório é de 12 civis mortos em Nyala", informou à AFP um médico local, que não quis ser identificado. "Mas sabemos que pessoas morreram ou ficaram feridas antes de que pudessem chegar ao hospital, porque a violência dos combates impede os deslocamentos", ressaltou.

A guerra entre o Exército, comandado pelo general Abdel Fattah al-Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FSR), do general Mohamed Hamdan Daglo, deixou mais de 2.800 mortos desde abril, segundo a ONG Acled, além de mais de 2,5 milhões de deslocados e refugiados, segundo a ONU.

O Exército aumentou seus ataques aéreos contra Cartum. Já as FSR intensificaram o fogo de artilharia contra bases militares e da polícia.

Uma fonte paramilitar informou hoje que "tomaram o controle do quartel-general da polícia no sul de Cartum e de todo o equipamento que ali estava".

Uma localidade russa na fronteira com a Ucrânia foi alvo neste domingo (4) de uma nova incursão de combatentes pró-Kiev, que foram expulsos de acordo com Moscou, que prosseguiu ao mesmo tempo com a campanha de ataques aéreos no país vizinho.

O governador da região russa de Belgorod, alvo nos últimos dias de bombardeios ucranianos, relatou "combates" neste domingo na localidade de Novaya Tavolzhanka, próxima da fronteira.

"Um grupo de sabotadores apareceu e está acontecendo um combate neste momento em Novaya Tavolzhanka", disse o governador Viacheslav Gladkov em seu canal no Telegram. "Espero que todos sejam destruídos", acrescentou.

O exército da Rússia afirmou pouco depois que impediu, com a ajuda da artilharia, a entrada de um grupo de "terroristas" ucranianos em Belgorod.

"As unidades que vigiam a fronteira estatal do distrito militar oeste e a unidade de fronteira do Serviço Federal de Segurança descobriram uma tentativa - de um grupo de sabotagem de terroristas ucranianos - de cruzar o rio perto da localidade de Novaya Tavolzhanka", afirma um comunicado militar.

O grupo foi "atingido pela artilharia. O inimigo se dispersou e recuou", acrescenta a nota.

O governador também afirmou que os agressores, que identificou como combatentes russos que lutam ao lado de Kiev, tomaram prisioneiros e apresentaram uma proposta de troca.

A nova incursão das forças pró-Ucrânia em território russo aconteceu poucas horas depois de um ataque aéreo contra a região central da Ucrânia.

Um ataque na noite de sábado matou uma menina de dois anos e deixou 22 pessoas feridas na cidade de Dnipro. Outro bombardeio, na manhã de domingo, atingiu uma base aérea.

O exército da Rússia confirmou ataques noturnos contra bases aéreas militares ucranianas e destacou que os bombardeios atingiram "postos de comando, estações de radar e equipamentos", mas não revelou a localização dos alvos.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, culpou a Rússia pelo ataque em Dnipro e afirmou que vítimas continuam nos escombros de dois prédios residenciais.

O governador da região afirmou que o ataque destruiu parcialmente dois edifícios de dois andares, 10 casas particulares, um estabelecimento comercial e um gasoduto.

A Rússia intensificou os bombardeios contra a Ucrânia nas últimas semanas, ao mesmo tempo que aumentaram as incursões das tropas de Kiev no território russo.

A Ucrânia prepara há vários meses uma grande contraofensiva para tentar recuperar os territórios perdidos desde a invasão russa iniciada em fevereiro de 2022.

- Base ucraniana atacada -

O exército ucraniano informou que mísseis russos atingiram uma base aérea próxima da cidade de Kropyvnytskyi, no centro do país.

"Seis mísseis e cinco ataques com drones foram executados pela Rússia", afirmou o porta-voz da Força Aérea ucraniana, Yuriy Ignat.

Em Kiev, o comandante da administração militar local informou que as defesas aéreas da capital derrubaram vários mísseis e drones durante a noite.

"De acordo com informações preliminares, nenhum alvo foi atingido na capital", afirmou Serhiy Popko no Telegram.

Do lado russo, um bombardeio ucraniano no sábado matou duas pessoas em Belgorod, informou o governador Viatcheslav Gladkov.

Os municípios fronteiriços em Belgorod foram alvos de ataques sem precedentes, com o total de sete mortes durante a semana.

Gladkov pediu neste domingo aos moradores das áreas bombardeadas que abandonem suas casas. "Peço aos habitantes das localidades bombardeadas, em particular os moradores do distrito de Shebekino, que sigam as instruções das autoridades e abandonem temporariamente suas casas", declarou o governador.

Se o governo não nos ajudar a reconstruir e não entregar moradias, todos os habitantes (de Shebekino) ficarão desabrigados", disse Yevgeny Klioutshnikov, que descreveu a localidade como uma 'cidade fantasma' marcada por crateras provocadas por bombas.

Um funcionário da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência que integra a Organização das Nações Unidas (ONU), morreu nesta sexta-feira, 21, durante confronto que completará uma semana no Sudão. A informação foi confirmada pelo diretor geral da instituição em um comunicado.

"Com grande pesar confirmo a morte de um membro da OIM no Sudão esta manhã, depois que veículo no qual trabalhava com sua família no sul de El Obeid ficou em meio a um fogo cruzado entre as partes enfrentadas", declarou Antonio Vitorino, diretor da Organização. "A OIM lamenta esta tragédia, reitera o apelo pelo fim da violência e exige a proteção dos civis", escreveu.

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Na última semana, outros três funcionários da ONU morreram no confronto, logo depois de o chefe da missão especial da organização, Volker Perthes, ter feito um comunicado pedindo "cessação imediata" do confronto. "Apelo a ambas as partes para que parem imediatamente os combates e restabeleçam a calma em todo o Sudão. A segurança do povo sudanês é uma prioridade", escreveu.

Pedido de trégua

Apesar do pedido de trégua de 72 horas, o exército e os paramilitares continuam lutando no Sudão, com explosões e confrontos pelas ruas de Cartum. No dia anterior, a ONU e os Estados Unidos solicitaram uma trégua de "pelo menos" três dias para permitir que civis celebrassem o Eid al Fitr, que marca o fim do mês de jejum muçulmano do Ramadã.

No entanto, o chefe do exército Abdel Fatah al-Burhan descartou, na quinta-feira, 20, negociar com seu ex-número dois, Mohamed Hamdan Daglo, chefe das Forças de Apoio Rápido (FAR) paramilitares.

As FAR anunciaram às 4h GMT (1h em Brasília) de sexta-feira "seu acordo de trégua de 72 horas" para dar uma pausa aos sudaneses presos neste fogo cruzado. Ao mesmo tempo, o general Burhan apareceu na televisão estatal pela primeira vez desde o início dos confrontos para um discurso por ocasião do Eid, no qual não mencionou nenhuma trégua.

"No Eid deste ano, nosso país sangra: a destruição, a desolação e o barulho das balas prevalecem sobre a alegria", disse. "Esperamos sair desta prova mais unidos (...), um só exército, um só povo", destacou, vestindo uniforme militar, entre duas bandeiras sudanesas.

No último sábado, 15, o grupo paramilitar tomou o palácio presidencial do Sudão e outros pontos-chave do país, dando início ao conflito que já dura quase uma semana. Na manhã desta sexta, segundo a OMS, o conflito já soma 400 mortes e 3.500 feridos, incluindo membros das forças de segurança. A milícia Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês) acusou o Exército do país de atacar suas forças em uma de suas bases no sul de Cartum, e revidou a provocação.

O exército sudanês, por sua vez, havia dito que os combates começaram depois que as tropas do RSF tentaram atacar suas forças na parte sul da capital, acusando o grupo de tentar assumir o controle de locais estratégicos em Cartum, incluindo o palácio. Os militares classificaram as declarações da RSF como "mentiras".

Como resultado dos ataques, um avião comercial pegou fogo em aeroporto do Sudão e já ocorrem desabastecimento e cortes de energia no país.

Os confrontos envolvem tropas de dois generais, que eram aliados: Abdel Fatah al-Burhan, comandante das Forças Armadas, e o general Mohammed Hamdan Dagalo, chefe do grupo Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).

Ambos orquestraram em conjunto um golpe militar que ocorreu em outubro de 2021 e agora disputam a hegemonia do poder. Nos últimos meses, organismos internacionais intermediaram um acordo entre os comandantes e partidos políticos para restabelecer a democracia sem sucesso.

'Não há espaço para negociações políticas'

"Gostaríamos que os combates parassem devido ao Eid, mas sabemos que isso não acontecerá", disse Abdallah, morador da capital, à AFP na quinta-feira. Em entrevista por telefone à Al Jazeera, Al-Burhan disse na quinta-feira que não havia espaço "para negociações políticas" com seu rival.

Se o general Daglo, apelidado de "Hemedti", não desistir de sua tentativa de "querer controlar o país", será "esmagado militarmente", alertou. Durante o dia, Al-Burhan recebeu ligações do secretário-geral da ONU, dos presidentes do Sudão do Sul e da Turquia, do primeiro-ministro etíope e dos chefes da diplomacia dos Estados Unidos, Arábia Saudita e Catar.

Washington anunciou o envio de militares para a região caso tenha que evacuar sua embaixada. O aeroporto de Cartum está fechado desde sábado passado e as embaixadas pedem aos cidadãos que fiquem seguros.

Na capital, muitas famílias estão sem seus últimos suprimentos e não têm eletricidade ou água encanada. As linhas telefônicas funcionam apenas de forma intermitente. Muitos tentam fugir entre postos de controle de ambos os lados e corpos espalhados pelas ruas.

Muitos civis também fugiram para o exterior para escapar da violência, concentrada principalmente em Cartum e na região oeste de Darfur. Entre 10.000 e 20.000 pessoas, a maioria mulheres e crianças, cruzaram a fronteira para o Chade, de acordo com o Alto Comissariado da ONU para Refugiados (Acnur).

Ambos os lados continuam anunciando vitórias e fazendo acusações mútuas que são impossíveis de verificar no terreno. (Com agências internacionais).

Relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT), divulgado nesta segunda-feira (17), mostra que o ano de 2022 foi marcado pelo elevado crescimento nos dados sobre violência contra a pessoa em decorrência de conflitos no campo. Ao todo, foram 553 ocorrências, que vitimaram 1.065 pessoas, 50% a mais do que o registrado em 2021 (368, com 819 vítimas). Nesse cenário, que inclui assassinatos, tentativas de assassinato, ameaças, agressões, tortura e prisões, povos tradicionais despontam como as principais vítimas.

Em 2022, 38% das 47 pessoas assassinadas no campo eram indígenas, o que totaliza 18 casos. Em seguida, aparecem trabalhadores em terra (9), ambientalistas (3), assentados (3) e trabalhadores assalariados (3). Além desses, as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, no Vale do Javari, no Amazonas, somam-se ao cenário crítico de vítimas dos conflitos agrários 2022.

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O número de assassinatos por conflitos no campo no ano passado representou crescimento de 30,55% em relação a 2021 (36 mortes) e 123% em comparação com os dados registrados em 2020 (21 mortes).

Entre os assassinatos, destacam-se os casos ocorridos em Mato Grosso do Sul, em territórios de retomada dos indígenas Guarani-Kaiowá. Foram seis indígenas vitimados entre maio e dezembro, colocando o estado como o terceiro do país que mais registrou assassinatos decorrentes de conflitos no campo. Três dessas mortes ocorreram em ação de retomada da Tekoha Guapoy, no interior da Reserva Indígena de Amambai. No local, emboscadas e perseguições resultaram na morte de Vitor Fernandes, em 24 de junho de 2022, durante despejo ilegal executado pela Polícia Militar do estado, em ação que deixou mais 15 pessoas feridas. As outras vítimas foram Márcio Moreira e Vitorino Sanches, o segundo uma liderança assassinada no centro de Amambai e que já havia sobrevivido a outra investida similar enquanto dirigia pela estrada que dá acesso a Tekoha.

"Temos visto uma queda das ocupações de terra e avanço dos conflitos para dentro de comunidades ocupadas por populações tradicionais. Há um ataque efetivo contra as comunidades indígenas, de forma específica", diz Isolete Wichinieski, da Coordenação Nacional da CPT.

Mulheres e crianças

Outro número divulgado pelo relatório é o de tentativas de assassinatos. Em 2022 foram notificadas 123 ocorrências desse tipo de violência, um número 272% maior que os 33 registrados em 2021. Em seguida estão os dados de ameaça de morte, que também aumentaram na comparação entre 2022 e 2021, passando de 144 para 206, com crescimento de 43,05%.

Boa parte dessas violências por conflitos no campo atingiram especificamente mulheres. Foram seis assassinatos, número que se iguala aos ocorridos em 2016 e 2017. Os demais tipos de violência sofrida pelas mulheres em 2022 foram a ameaça de morte (47, resultando em 27% do total), intimidação (32, com 18%), criminalização (14, com 8%), tentativa de assassinato (13, com 7%) e agressão e humilhação (9 cada uma, com 5%).

Crianças e adolescentes passaram a estar na mira desse tipo de violência durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. De 2019 a 2022, segundo os números levantados pela CPT, foram nove adolescentes e uma criança mortos no campo. Desses, cinco eram indígenas. Entre os dados de violência contra a pessoa, a morte em consequência de conflito registrou 113 casos, sendo 103 na Terra Indígena Yanomami, com 91 vítimas crianças, representando 80,5% dos casos. O povo Yanomami viveu, nos últimos anos, um agravamento da crise humanitária de saúde e segurança em meio à invasão de suas terras por garimpeiros.

"O futuro das comunidades indígenas está ameaçado, não só pela invasão de suas terras e o assassinato de lideranças, mas por impedir a existência das próximas gerações", afirma Isolete. A dirigente da CPT cobra do novo governo que cumpra a promessa de resgatar as políticas de proteção territorial e de reforma agrária, que demanda orçamento e pessoal. Ela também cobra a reforma e ampliação do programa de defensores de direitos humanos, para enfrentar as graves ameaças e impedir o assassinato recorrente de lideranças comunitárias no campo.

O relatório anual da CPT referente a 2022 apontou um total de 2.018 ocorrências de conflitos no campo, envolvendo 909,4 mil pessoas e mais de 80,1 milhões hectares de terra em disputa em todo o território nacional, o que corresponde à média de um conflito a cada quatro horas.

 

Em 2022, 47 camponeses foram mortos em conflitos fundiários no Brasil. É o que indica o levantamento anual feito pelo Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). O material completo será apresentado às 9h do da próxima segunda-feira (17), durante seminário no Auditório Esperança Garcia, da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília (UNB). O evento será transmitido ao vivo no Youtube da instituição.

A data escolhida para o lançamento faz referência aos 27 anos do massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido no Pará, um dos mais graves episódios de conflitos agrários no país. Na ocasião, 21 trabalhadores rurais foram assassinados.

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 De acordo com a CPT, o número de assassinatos de camponeses 2022 subiu 30,55% em relação ao ano anterior. A programação do lançamento do relatório se estenderá até as 17h, com mesas de debate.

A invasão do garimpo ilegal às terras no oeste de Roraima gerou não apenas problemas ambientais, sanitários e confrontos diretos entre garimpeiros e indígenas, mas também amplificou conflitos entre as próprias comunidades yanomami. Questões como a cooptação de jovens indígenas pela atividade de extração do ouro, a disseminação de bebidas alcoólicas e a proliferação de armas de fogo foram responsáveis pelo aumento da violência intertribal.

“Os invasores contribuíram muito para crescerem mais os conflitos yanomami. Os garimpeiros levaram muitas armas de fogo para as comunidades. Ano passado, tivemos um problema muito grande em Xitei, onde adolescentes de 12, 13 e 14 anos beberam e mataram uns aos outros, com [revólver calibre] 38. Está muito tenso porque os garimpeiros armaram muito os yanomami”, diz Júnior Hekurari Yanomami, que preside Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana (Condisi-YY).

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Segundo Júnior, entre as regiões onde a violência intertribal aumentou depois da chegada dos garimpeiros estão Tirei, Xitei e Homoxi. De acordo com ele, alguns dos invasores dão armas para os yanomami, inclusive, para que os indígenas façam a proteção ao garimpo contra comunidades que são contra a atividade de mineração do ouro.

Missionário

O padre italiano Corrado Dalmonego viveu 14 anos entre os yanomami da região do Rio Catrimani. Fluente na língua yanomami, a mais falada entre os povos originários do oeste de Roraima, o padre integra o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), entidade vinculada à Igreja Católica que lida com questões indígenas.

Também mestre em antropologia e cursando um doutorado na área, padre Corrado diz que o acesso dos yanomami a armas de fogo leva os conflitos a outro patamar.

“Existem comunidades com relação de aliança e outras com relações mais ou menos conflitivas, mas os conflitos entre as comunidades yanomami muitas vezes são resolvidos de forma não violenta. Diálogos tentam restabelecer conciliações. As ‘vinganças’ são muito limitadas, focadas para certas pessoas, que eles chamam de ‘unokai’, que eles traduzem para o português como criminoso, assassino. Então, muitas vezes os conflitos se resolvem em ações pontuais”, diz o padre.

“Se antes os ataques eram realizados com flechas disparadas de longe – e disparar uma flecha já demonstrava a coragem de uma pessoa –, com as armas de fogo e as munições que o garimpo oferece, isso provoca um aumento exponencial da violência”, enfatiza.

Choque de gerações

Padre Corrado também chama a atenção para os conflitos dentro da própria aldeia, que são exacerbados pela presença do garimpo nessas terras. “O aliciamento que o garimpo traz, sobretudo, aos jovens, que se deixam aliciar mais facilmente ao garimpo, provoca conflitos internos nas comunidades, entre lideranças e jovens. E isso reverbera também em conflitos intercomunitários, entre comunidades [yanomami] diferentes que já vivem tensões”.

Tony Gino Rodrigues, pertencente à etnia macuxi, também nativa da região de Roraima, trabalhou 12 anos como agente de saúde nas terras yanomami. Para ele, as riquezas do garimpo atraem a atenção dos mais jovens, que querem, por exemplo, ter acesso a novas tecnologias como os aparelhos celulares (que eles vêem nas mãos de garimpeiros, mas também nas mãos daqueles que estão ali para ajudar, como profissionais de saúde).

“Isso desperta o interesse de qualquer ser humano. A nova geração está interessada em obter aqueles bens que estão chegando. E qual é o processo mais fácil para conseguir um telefone? Pelo garimpo. E isso também vale para outros tipos de alimentação que eles vieram experimentando ao longo da vida, como o arroz, o sal, o açúcar, o café. Tudo isso, eu só posso adquirir com dinheiro. E, se eu não tenho um emprego, não consigo adquirir.”

Aparente riqueza

Segundo o padre Corrado, o garimpo traz apenas uma “aparente riqueza”, que pode atrair alguns dos indígenas, já que eles recebem pagamento em ouro para prestar serviços aos garimpeiros, como carregar combustível pelos caminhos da floresta. No entanto, acabam gastando o ouro, com bebidas e prostituição, tudo a preço superinflacionado, nas ‘currutelas’, como se chamam os vilarejos construídos pelos garimpeiros perto dos locais de extração do minério.

A bebida alcoólica, consumida nas ‘currutelas’, por exemplo, acirra conflitos e tensões que são subjacentes, já que pode ser o estopim para novas brigas, com agressões e assassinatos.

“Você tem a contaminação do mercúrio, o desmatamento, a falta de alimentação em grande escala, porque as caças vão para mais distante. Hoje, a quantidade de garimpeiros dentro da floresta era quase a mesma quantidade de yanomami. Você quase dobra a quantidade de caça. Quando chega o garimpo, você deixa de cultivar, deixa de caçar, ou seja, você deixa o modo de vida tradicional para partir para uma vida que foi levada lá para dentro e que ninguém explicou como se comportar dentro desse meio”, explica Tony Rodrigues.

Júnior Yanomami vê um futuro difícil pela frente, mas tem esperança de remediar os estragos provocados pelo garimpo nas terras de seu povo. “É preocupante, e a gente vai ter muito trabalho para consertar esses conflitos que aconteceram [principalmente] nos últimos quatro anos, mas a gente vai consertar”, afirma Júnior.

*Colaborou Ana Graziela Aguiar, da TV Brasil

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, determinou a constituição de um Gabinete de Crise para acompanhar a situação de conflitos na região do extremo sul da Bahia, onde ocorreram nesta semana a morte de lideranças indígenas do povo Pataxó. A Portaria com a instituição do gabinete, que terá duração de 60 dias, está publicada em edição extra do Diário Oficial da União desta quinta-feira (19).

Na última terça-feira (17), dois indígenas foram mortos a tiros em Itabela. "Perdemos dois jovens Pataxó em virtude de conflito por terra e luta por demarcação. A minha primeira agenda do dia será com lideranças indígenas do Extremo Sul da Bahia. Acompanharei de perto o que vem acontecendo na região e irei requisitar ação imediata do Estado", postou a ministra no Twitter na quarta-feira (18).

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O Gabinete de Crise será composto pela ministra Guajajara e por representantes da secretaria-executiva da pasta, da secretaria de Direitos Territoriais Indígenas; do Departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Indígenas; Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai). Ainda serão convidados a compor o grupo um represente do Ministério da Justiça, do Governo do Estado da Bahia, da Defensoria Pública da União, do Ministério Público Federal, do Conselho Nacional de Direitos Humanos e da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil.

O papa Francisco alertou nesta quinta-feira sobre o "efeito dominó" dos conflitos militares nas relações internacionais durante o encerramento de um congresso interreligioso no Cazaquistão, no qual líderes espirituais pediram "diálogo" aos líderes mundiais.

“A paz é urgente porque qualquer conflito militar ou foco de tensão e confronto hoje só pode ter um desastroso efeito dominó e comprometer seriamente o sistema de relações internacionais”, declarou o pontífice argentino no VII Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais em Nur-Sultan, a capital cazaque.

As 100 delegações de 50 países presentes na cúpula trienal, onde estiveram representantes do islã, do judaísmo e do budismo entre outras confissões, adotaram por maioria uma declaração que pede aos líderes mundiais "que abandonem toda a retórica agressiva e destrutiva que leva à desestabilização do mundo" .

"Estamos convencidos de que o desencadeamento de qualquer conflito militar, criando fontes de tensão e confronto, provoca reações em cadeia que alteram as relações internacionais", diz o documento de 35 pontos, que evita citar a Ucrânia.

A declaração, assinada entre outros pelo grande imã de Al Azhar, a principal instituição do islamismo sunita, também apoia "a proteção da dignidade e dos direitos das mulheres, a melhoria de seu status social como membros iguais da família e da sociedade".

Dos cerca de 80 representantes religiosos sentados em uma mesa redonda no Palácio da Independência de Nur-Sultan, apenas meia dúzia eram mulheres.

O papa também apelou para "proteger a dignidade" das mulheres e argumentou que "maiores papéis e responsabilidades devem ser confiados a elas".

“Quantas opções que levam à morte seriam evitadas, se as mulheres estivessem no centro das decisões! Vamos nos comprometer para que sejam mais respeitadas, reconhecidas e incluídas”, acrescentou.

Desde sua eleição em 2013, Francisco trabalhou duro para aumentar o número de mulheres em cargos de chefia na Cúria, o governo do Vaticano, mas até agora nenhuma assumiu um dicastério, o equivalente a um ministério.

Na manhã desta quinta-feira, o pontífice visitou a Catedral de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro em Nur-Sultan, onde fez um discurso ao clero local, que o aplaudiu calorosamente.

Francisco deve chegar na quinta-feira por volta das 20h30 (15h30 no horário de Brasília) em Roma. Em seu voo de volta, ele dará a tradicional entrevista coletiva no avião papal.

Mais de 150 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira (15) em confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, os primeiros distúrbios no início do mês do Ramadã, que levantam temores de um novo surto de violência nos Territórios Palestinos.

Um total de "153 palestinos feridos foram transferidos" para hospitais de Jerusalém e "dezenas" foram tratados no local, disse à AFP um funcionário do Crescente Vermelho palestino.

Por sua vez, a polícia israelense relatou três feridos entre suas tropas.

Segundo uma ONG de defesa dos prisioneiros palestinos, cerca de 400 pessoas foram presas.

Os distúrbios começaram nesta sexta-feira, quando vários palestinos atiraram pedras e as forças de segurança israelenses responderam com balas de borracha e bombas de efeito moral contra os manifestantes.

Por volta das 04h00 da manhã, "dezenas de jovens desordeiros encapuzados", alguns acenando com a bandeira do movimento islâmico palestino Hamas, "começaram uma procissão" pela Esplanada das Mesquitas e atiraram pedras contra o Muro das Lamentações, disse a polícia israelense.

Esses confrontos na Esplanada são os primeiros a serem registrados este ano durante o mês do Ramadã, um período de jejum e oração em que os palestinos muçulmanos rezam na Mesquita de Al Aqsa, o terceiro lugar sagrado para o Islã.

"Não há lugar para invasores e ocupantes em nossa sagrada Jerusalém", reagiu o chefe do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh, nesta sexta-feira.

O Hamas, que controla Gaza, viu suas capacidades militares reduzidas nos confrontos de 2021 e buscaria manter o conflito ativo na Cisjordânia e em Jerusalém, mas não na Faixa, estimam analistas.

"O confronto será mais difícil" para as forças israelenses "se não acabarem com a agressão contra nosso povo", disse a Jihad Islâmica, outro movimento palestino, em comunicado nesta sexta-feira.

"Não temos interesse em que o Monte do Templo se torne um centro de violência. Isso prejudicaria tanto os muçulmanos de lá quanto os judeus no Muro das Lamentações", disse o ministro da Segurança Pública israelense, Omer Bar-Lev.

A Jordânia administra a Esplanada, mas o acesso é controlado por Israel. Pouco antes do início do mês do Ramadã deste ano, em 2 de abril, altos funcionários israelenses e funcionários jordanianos intensificaram as trocas para evitar distúrbios.

Esses confrontos no coração de Jerusalém, que coincidem este ano com o início da Páscoa católica e da Páscoa judaica, Pessach, ocorrem após semanas de tensão em Israel e na Cisjordânia, território ocupado desde 1967 por Israel.

Desde 22 de março, Israel sofreu quatro ataques que deixaram 14 mortos. Dois deles foram reivindicados pela organização jihadista Estado Islâmico e outros dois foram perpetrados por palestinos da região de Jenin, no norte da Cisjordânia.

Do lado palestino houve 22 mortes, contando os agressores.

A maioria das vítimas foi morta em operações do exército israelense na Cisjordânia, segundo uma contagem da AFP.

Desde quinta-feira, quatro palestinos foram violentamente mortos em operações militares israelenses na Cisjordânia, segundo fontes oficiais palestinas.

Boninho utilizou as redes sociais na última sexta-feira, dia 22, para avisar que o BBB22 está muito calmo e que os conflitos vão começar a acontecer no reality - ele ainda falou sobre as suas expectativas em relação ao desempenho dos participantes.

"Virei comentarista de BBB? Não. É o Big Boss começando a provocação. Nada melhor que ver como um líder se comporta! A pressão muda", afirmou.

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O diretor da atração também revelou que a tranquilidade no BBB22 deve logo acabar.

"Ainda está muito calmo, algumas alfinetadas leves."

Ele avaliou como bem bacana as conversas que os brothers estão tendo até o momento, porém voltou a dizer que as coisas vão mudar. "É muito importante ver o que vai acontecer porque é um novo clique."

Um conflito fundiário antigo na comunidade de agricultores do Engenho de Batateiras, na cidade de Maraial, Agreste de Pernambuco, pode ter se tornado mais tenso com um episódio de violência e tentativa de invasão no último domingo (2). Uma câmera de segurança flagrou o momento em que dois homens armados cercaram a casa de uma família e tentaram derrubar a porta com chutes.  

De acordo com a Comissão Pastoral da Terra Nordeste II (CPT NE2), que assessora a comunidade, os invasores são conhecidos na localidade e surgem sempre armados. Além de tentar arrombar a casa, a dupla roubou as câmeras de vigilância. No momento do ocorrido, a família não se encontrava na residência. 

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As câmeras de segurança roubadas haviam sido instaladas pelo Governo do Estado, por meio do Programa Estadual de Proteção a Defensores de Direitos Humanos (PEPDDH), no qual a família está inserida por já vir sofrendo ameaças desde o ano de 2020, segundo a CPT. Esses equipamentos servem para monitoramento das pessoas que circundam o sítio, como forma de segurança oferecida pelo PEPDDH e para que as autoridades policiais tenham acesso a mais elementos em investigações, caso necessário.   

As famílias acreditam que o crime tem relação com o conflito existente com o titular da propriedade do imóvel, Walmer Almeida da Silva, e temem que a situação no Engenho Batateiras volte a se tornar violenta, com episódios recorrentes de ameaça e tortura, como os ocorridos em 2020, que resultou em um episódio de tortura e disparos de arma de fogo

Ainda de acordo com a CPT, as famílias acreditam que esse crime pode ser um “recado” a mando do proprietário, para que elas saiam de seus sítios e suas residências. O ocorrido aumenta o clima de tensão na comunidade, conforme depoimento da moradora, cujo nome foi mantido em sigilo: “A gente tá inseguro [SIC], com medo, e ao mesmo tempo revoltado com isso, de ter que sair da nossa casa pra ter segurança”. 

Por estarem no programa de proteção, a agricultora e seu companheiro entraram imediatamente em contato com a Secretaria de Direitos Humanos junto à Comissão Pastoral da Terra (CPT), que já está acompanhando o caso e tomando as medidas cabíveis. 

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Pelo menos 50 rebeldes e membros das forças leais ao governo foram mortos em combates nas últimas 48 horas na província de Marib, no norte do Iêmen, informaram fontes militares neste domingo (26).

Marib é o último reduto controlado pelo governo no norte do Iêmen, e os rebeldes houthis apoiados pelo Irã vêm tentando tomá-lo há meses.

Um total de "43 combatentes houthis foram mortos nas últimas 48 horas, a maioria em ataques liderados pela coalizão" na província de Marib, declarou à AFP uma fonte militar do governo.

Pelo menos sete combatentes pró-governo morreram nos combates, de acordo com outras fontes. Os houthis, que intensificaram seus esforços para capturar Marib desde fevereiro, raramente reportam suas vítimas nos combates.

Cerca de 400 combatentes de ambos os lados morreram neste mês de setembro, durante o qual os combates aumentaram em Marib.

O controle dessa região rica em petróleo, localizada a cerca de 120 quilômetros da capital Sanaa, fortaleceria a posição dos houthis em futuras negociações de paz.

O conflito no Iêmen, um país pobre da Península Arábica, eclodiu em 2014 após uma ofensiva dos houthis partindo de seu reduto de Saada, no norte do país, para assumirem o controle da capital Sanaa.

Desde então, o país se tornou palco da pior catástrofe humanitária do mundo de acordo com a ONU, com dezenas de milhares de mortes segundo ONGs e uma população à beira da fome.

Enquanto a ONU e Washington pressionam pelo fim da guerra, os houthis exigem a reabertura do aeroporto de Sanaa, fechado sob bloqueio da Arábia Saudita desde 2016, antes de qualquer cessar-fogo ou negociações.

Os esforços da ONU nos últimos anos para acabar com os combates foram em vão. Em junho passado, o ex-enviado da ONU para o Iêmen, Martin Griffiths, redigiu um relatório constando seu fracasso após uma missão de três anos.

Seu sucessor, o diplomata sueco Hans Grundberg, visitou recentemente Omã, país que desempenha um papel mediador no conflito iemenita.

Lá, ele se encontrou com autoridades de Omã e houthis, incluindo o negociador-chefe dos rebeldes, Mohammed Abdelsalam.

"Uma paz duradoura só pode ser alcançada por meio de um acordo negociado pacificamente", disse Grundberg, segundo um comunicado.

"É imperativo que todos os esforços sejam feitos para relançar um processo político que possa gerar soluções duradouras que atendam às expectativas das mulheres e dos homens iemenitas", acrescentou.

Após 11 dias de conflito entre Israel e Hamas, os habitantes de Jaffa, região mista nos arredores de Tel-Aviv, lidam com o medo e os resquícios dos ataques de extremistas árabes e judeus. Em um tradicional restaurante árabe, o salão vazio mostra que algo se perdeu na rotina pacífica entre diferentes grupos étnicos.

"Os negócios caíram 70% desde que começaram os confrontos", diz o dono, Avi Shueri, de 66 anos, sentado próximo a uma das paredes do estabelecimento decoradas com crucifixo, um retrato da Mesquita de Al-Aqsa e certificados de donativos de homus para eventos do Exército israelense.

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Shueri é árabe e cristão, filho de imigrantes libaneses, e toca o negócio familiar, fundado há 70 anos, com o filho. Apesar da perda de clientela, ele diz não ter raiva. "Não culpo as pessoas pelo que está acontecendo. Elas estão morrendo em todas as direções. O problema está no poder e nas instituições."

Com cerca de um terço da população árabe, a maior parte remanescente do êxodo palestino após a fundação de Israel, em 1948, a cidade de Jaffa foi incorporada à municipalidade de Tel-Aviv em 1950. A região é conhecida por sua área portuária histórica, por passagens bíblicas e por misturar com certa harmonia árabes e judeus.

Desde o início do conflito, no entanto, Jaffa foi transformada pelo medo e pela onda de manifestações brutais que se espalharam por várias partes de Israel. Há mais de dez dias, as ruas estão vazias no fim da tarde, com lojas fechadas, forte policiamento e restrições na circulação de ônibus e carros após 16 horas.

Confrontos nas ruas deixaram um soldado israelense de 19 anos gravemente ferido, assim como um menino árabe, de 12 anos. Segundo a mídia israelense, os principais suspeitos do ataque são árabes que teriam confundido a casa onde mora a criança com a de uma família de judeus.

Coquetéis molotov também foram jogados nas casas de judeus, de acordo com o jornal Haaretz, e um jovem e dois jornalistas foram agredidos na região nas últimas semanas. Também são frequentes os relatos de episódios de agressão com pedras e objetos, além de veículos queimados nas ruas.

"Minha família está aqui antes da fundação do Estado. Eles costumavam dizer que os confrontos entre árabes e judeus sempre existiram, mas Jaffa era o único lugar onde se encontrava paz", conta o estudante Hillal Saker, árabe de 20 anos. "Foi uma surpresa para todos nós o que vimos, e para eles uma violência nunca antes presenciada em Israel."

Ao norte, mais perto de Tel-Aviv, a brasileira Nicole Sara Augustowski, de 37 anos, evita sair de casa desde o dia 10. Moradora de Jaffa, ela tem passado os dias em home office acompanhando as notícias na TV e nos grupos de WhatsApp. "Tem ódio nas ruas, carros destruídos, é guerra mesmo", conta. "Embaixo do meu antigo apartamento, tinha um supermercado que os donos eram árabes. Eu saía para correr e deixava a chave da minha casa com eles."

O ciclo de violência em Jaffa é inédito, mas a hostilidade entre árabes e judeus vem escalando desde o mês passado. O motivo das tensões é o processo de gentrificação pelo qual a região passa há pouco mais de uma década, que não se explica somente por razões econômicas, mas também étnicas.

Hoje, Jaffa é conhecida por sua noite vibrante, cheia de bares e restaurantes, pela presença de novos hotéis e residências de luxo, e pela elevação do preço dos imóveis, afetando diretamente os residentes árabes, que não conseguem se manter na região. "O que está acontecendo está conectado com o que acontece em Sheik Jarrah, em Jerusalém Oriental, em Gaza e na Cisjordânia", diz a ativista árabe Sally Abed, membro do movimento popular Standing Together, que participa de manifestações na região.

Desde abril, protestos de moradores árabes para barrar a aquisição de imóveis em Jaffa por judeus, sobretudo extremistas, vêm ocorrendo com forte repressão policial, e agora se acentuam desde os confrontos na Mesquita de Al-Aqsa e a ameaça de despejo das famílias palestinas no bairro de Sheik Jarrah, em Jerusalém.

Na terça-feira, uma manifestação em apoio à causa palestina uniu os moradores de Jaffa, israelenses e palestinos. "O que vivemos como palestinos dentro de Israel é a continuidade da ocupação e uma sistemática discriminação. A nova geração (de palestinos) está se tornando mais confortável em perceber essa conexão, reivindicar a identidade palestina e o direito de ser parte dessa luta", diz Sally.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Gerações acompanham os tristes capítulos dos conflitos entre os israelenses e os palestinos. A guerra entre as duas nações perdura mais de 70 anos e já destruiu muitas vidas. O conflito, inclusive, vem se intensificando nos últimos dias e volta a estar em destaque na imprensa mundial.

O LeiaJá conversou com os professores de história Arthur Lira, Marlyo Ferreira e Pedro Botelho, que explicaram os acontecimentos históricos que levaram os povos israelenses e palestinos a entrarem em conflito até os dias atuais, e como o assunto pode cair em vestibulares.

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A origem dos conflitos entre as nações

O surgimento dos povos israelenses e palestinos está ligado à história de Abraão, que recebeu, segundo os textos religiosos, a missão de migrar para a “terra prometida”, em Canaã, antiga terra dos cananeus, depois chamada de Palestina, onde hoje se localiza o Estado de Israel. “Nesta época, a Palestina, que originalmente era chamada de Filistina, era terra dos filisteus e de vários outros povos como, por exemplo, os arameus”, explica o professor Pedro Botelho.

Na Bíblia, Abraão teve dois filhos: Ismael e Isaque. O primeiro nasceu de sua relação com Agar, serva de sua esposa Sara; já o segundo, concebido pela sua própria cônjuge, nasceu com a fama de ser o “filho da promessa”. Em passagens religiosas, Deus prometeu que ambos os filhos iriam prosperar e estariam ligados a grandes nações. “Esse é um ponto importante porque é o nascimento religioso da distinção entre os hebreus e os muçulmanos (árabes), tanto que essa relação de ambos remonta a Abraão”, esclarece Marlyo Ferreira.

As terras palestinas já eram uma região de muita disputada e foram divididas em 12 tribos, as chamadas tribos de Israel, que se encontravam em conflito contra os filisteus. “Isso marca uma disputa pela terra, mesmo quando se cria o Reino de Judá e o Reino de Israel”, diz Botelho. O povo assírio acabou conquistando o Reino de Israel, restando apenas o Reino de Judá, que, segundo o educador Pedro Botelho, por causa desse nome, chamamos os hebreus de judeus até hoje. “Depois vai ter o cativeiro da Babilônia, com Nabucodonosor, que está presente na bíblia também; o domínio grego e o domínio dos romanos”, elenca o educador.

A região da Palestina está localizada no Oriente Médio ao lado da costa oriental do Mediterrâneo. O território, de origem hebraica, foi ocupado por muitos cristãos a partir do Século IV, porém, foi invadida pelos árabes muçulmanos, que dominaram a área até o Século XX. “Essa região vive disputas entre cristãos, muçulmanos e judeus há séculos, pois é considerada sagrada para as três religiões (as três de origem abraâmicas). Os judeus, por exemplo, consideram Jerusalém sagrada porque foi a capital do Reino de Davi. Os cristãos, por conta da trajetória de Cristo naquela região. Já para os muçulmanos, Jerusalém foi o local de peregrinação de Maomé depois de passar por Meca e Medina. A Mesquita de Al-Aqsa, na Cidade Velha de Jerusalém, é o terceiro local mais sagrado do Islã”, ensina o professor Arthur Lira.

O que cada nação reivindica?

As grandes guerras do Século XX foram determinantes para as disputas que acontecem até os dias atuais. O território estava sob domínio do Império Otomano, que foi derrotado na Primeira Guerra Mundial, que aconteceu de 1914 a 1918. A partir da queda do Império, o território foi desmembrado, ocasionando o nascimento de vários países naquela região, sendo o principal deles a Turquia. A partir desse momento, segundo Arthur Lira, o Reino Unido assumiu o controle do território palestino, que, na época, possuía uma minoria judaica e uma maioria muçulmana.

“Com o período entre guerras e a Segunda Guerra Mundial, muitos judeus (inclusive fugindo do Holocausto nazista) migraram para a região, motivados pelo 'sionismo', movimento surgido no Século XIX que defendia o direito à autodeterminação do povo judeu e a criação de um estado judaico independente no território onde, historicamente, existiu o antigo Reino de Israel”, elucida.

Em 1947, a Organização das Nações Unidas (ONU) lançou o plano de criação do Estado de Israel, que só foi oficializada no ano seguinte, dividindo assim a Palestina em dois Estados: um árabe e um judeu, e Jerusalém uma cidade internacional, sem o domínio direto de um ou outro.

Segundo o professor Pedro Botelho, esse fatou gerou um grande problema, pois a ONU criou uma nação em cima de outra. “Os árabes, maioria na Palestina, não aceitaram o projeto da ONU, iniciando uma série de disputas políticas. Em 1948, com os inúmeros impasses sobre a divisão, os ingleses saíram da região e foi fundado o Estado de Israel. O Estado da Palestina não foi criado. E a oposição Árabe fez culminar uma série de conflitos que se estende até os dias de hoje. Em 1987, foi criado o Hamas, um braço político e militar do movimento islamista palestino, visto ora como uma resistência às arbitrariedades ao Estado de Israel, ora como uma movimento radical”, explica Arthur Lira.

Após inúmeros impasses, a Palestina foi reconhecida oficialmente pela ONU como Estado da Palestina e se tornou um estado de jure - expressão em latim que significa pela lei ou pelo direito -, reivindicando soberania sobre os territórios da Cisjordânia e da Faixa de Gaza e designando Jerusalém Oriental como sua capital. “Há décadas, os israelenses têm ocupado áreas habitadas por palestinos por meio de assentamentos, tanto em Jerusalém Oriental quanto na Cisjordânia, territórios dos palestinos. A recente ocupação do Estado de Israel em locais reivindicados pelos palestinos fez renascer esses conflitos, que, na verdade, nunca deixaram de existir. A questão 'Palestina-Israel' sempre foi uma ferida aberta no Oriente Médio”, diz o educador Arthur.

Acordos e tratados históricos entre as nações

Os conflitos entre Israel e Palestina são complexos e extremamente delicados devido ao valor político, econômico e simbólico do território para ambos. Em sua história, já houve tentativas de acordo entre as duas nações, como também planos de paz e tréguas, mas, no final, os dois países acabam voltando a guerrear.

“Em 1978 tivemos uma tentativa de paz que vai ser muito simbólica, que são os acordos de Camp David, que aconteceram nos Estados Unidos. Vamos ter, por exemplo, o presidente Jimmy Carter tentando intermediar essa relação, que não vai dar tão certo. Temos também o Egito minimizando a discussão e sua pressão contra os judeus, especialmente tentando reaver o território do Sinai, que acaba voltando ao país que se compromete a não tomar tanto partido em disputas contra Israel. Também acontecem vários conflitos entre Israel e outros territórios”, conta o professor de história Marlyo Ferreira.

Dentre as tentativas de negociação, a mais significativa foi o Acordo de Oslo, em 1993. De acordo com o educador Arthur Lira, esse tratado de paz, mediado na época pelo presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, teve a participação do então líder da autoridade palestina, Yasser Arafat, e o então primeiro-ministro israelense, Yitzhak Rabin. “No acordo, as lideranças políticas de Israel e Palestina se comprometiam em unir esforços para a realização da paz entre os povos. Estabeleceram diálogos sobre o término dos conflitos, a abertura das negociações sobre os territórios ocupados, a retirada de Israel do sul do Líbano e conversações sobre a questão de Jerusalém. O acordo fez Yasser Arafat e Yitzhak Rabin levarem o Nobel da paz, em 1994, além do ministro israelense de relações exteriores, Shimon Peres. Porém, em 1995 Rabin foi assassinato por extremistas israelenses contrários ao acordo de Oslo. Os sucessores de Rabin não estabeleceram tratativas efetivas sobre a questão”, detalhou.

Como essas questões podem aparecer nas provas?

Os conflitos entre Palestina e Israel costumam, segundo o professor Arthur, aparecer no Sistema Seriado de Avaliação (SSA) 3, da Universidade de Pernambuco (UPE), e nos principais vestibulares do país, como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). “O tema é a cara do Enem por sua transdisciplinaridade, que aborda questões históricas, sociais, culturais e da geografia política do Oriente Médio”, comenta.

De acordo com o educador, o Enem gosta de abordar questões que falam sobre o presente desse conflito, mas aconselha os estudantes ficarem de olho nas disputas históricas dessas nações pelo território. “Passando por acontecimentos como o surgimento das religiões monoteístas no mundo antigo, a expansão islâmica na idade média, as grandes guerras do Século XX e os conflitos da contemporaneidade, como esses que estamos vendo nos jornais”, elenca.

Para exemplificar como os acontecimentos históricos desse conflito entre Israel e Palestina podem aparecer nas provas, o professor de história Arthur Lira, em entrevista ao LeiaJá, listou algumas questões.

Veja: 1 - (SSA 3 – UPE 2013)

Com a fundação do Estado de Israel, em 1948, instaura-se um novo ator nos conflitos vivenciados no Oriente Médio. Dentre os conflitos a seguir, qual deles não tem uma relação direta com o Estado de Israel?

A) Guerra dos Seis Dias

B) Guerra do Yom Kippur

C) Guerra do Suez

D) Guerra do Golfo

E) Guerra de Atrito

Resposta: “A única questão que não corresponde ao tema trabalhado é a Guerra do Golfo, conflito militar travado entre o Iraque e forças da Coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos e patrocinada pela ONU em 1991. Gabarito letra D”.

2 - (Enem 2017)

Palestinos se agruparam em frente a aparelhos de televisão e telas montadas ao ar livre em Ramalah, na Cisjordânia, para acompanhar o voto da resolução que pedia o reconhecimento da chamada Palestina como um Estado observador não membro da Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo era esperar pelo nascimento, ao menos formal, de um Estado palestino. Depois da aprovação da resolução, centenas de pessoas foram à praça da cidade com bandeiras palestinas, soltaram fogos de artifício, fizeram buzinaços e dançaram pelas ruas. Aprovada com 138 votos dos 193 da Assembleia-Geral, a resolução eleva o status do Estado palestino perante a organização. Palestinos comemoram elevação de status na ONU com bandeiras e fogos. Disponível em: http://folha.com. Acesso em: 4 dez. 2012 (adaptado). A mencionada resolução da ONU referendou o(a)

A) delimitação institucional das fronteiras territoriais.

B) aumento da qualidade de vida da população local.

C) implementação do tratado de paz com os israelenses.

D) apoio da comunidade internacional à demanda nacional.

E) equiparação da condição política com a dos demais países.

Resposta: “A ONU não tem poder de definir o território, estabelecer regras, alterar ou definir acordos, mas correspondendo ao apoio da comunidade internacional à demanda nacional palestina, do reconhecimento enquanto Estado da Palestina. O Estado da Palestina é reconhecido por 138 dos 193 membros da ONU, entre eles o Brasil. Gabarito letra D”.

O Exército israelense bombardeou implacavelmente a Faixa de Gaza neste domingo (16), matando pelo menos 33 palestinos, incluindo oito crianças, e visando a casa de um líder do Hamas, no 7º dia de um conflito de "intensidade sem precedentes", segundo a Cruz Vermelha Internacional.

Os grupos armados palestinos, incluindo o Hamas no poder em Gaza, dispararam mais de 3.000 foguetes contra Israel desde o início, em 10 de maio, deste novo ciclo de violência, de acordo com o Exército israelense, que ressaltou que grande parte foi interceptada. Esta é a maior taxa de foguetes disparados contra o território israelense, segundo os militares.

Os novos bombardeios acontecem horas antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU, cujos membros foram instados pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) "a exercer influência máxima para encerrar as hostilidades entre Gaza e Israel".

"A intensidade deste conflito é algo que nunca vimos antes, com ataques aéreos implacáveis contra Gaza, que é um território densamente povoado, e foguetes atingindo grandes cidades de Israel, resultando na morte de crianças em ambos os lados", denunciou Robert Mardini, diretor-geral do CICV.

O papa Francisco advertiu sobre a "espiral de morte e destruição", considerando a perda de vidas inocentes "terrível e inaceitável".

Desde a madrugada deste domingo, 33 palestinos, incluindo 8 crianças, foram mortos, segundo as autoridades locais, em bombardeios israelenses em Gaza, um enclave pobre de dois milhões de habitantes sob bloqueio israelense há quase 15 anos.

Desde 10 de maio, 181 palestinos morreram, incluindo 52 crianças, e 1.225 ficaram feridos, de acordo com o último balanço fornecido pelas autoridades palestinas.

Nas últimas horas, 120 foguetes foram disparados de Gaza contra Israel, mas dezenas foram interceptados.

Em Israel, dez pessoas foram mortas, incluindo uma criança, e 282 feridas, em disparos de foguetes palestinos desde segunda-feira.

- Reuniões da ONU e da UE -

Alcançando um novo nível em sua guerra contra o Hamas, o Exército israelense anunciou no Twitter que havia "atacado a casa de Yahya Sinouar e de seu irmão, um militante terrorista", postando um vídeo mostrando uma residência destruída envolvida numa nuvem de poeira.

O destino desse chefe do gabinete político do Hamas em Gaza, porém, não foi informado.

Enquanto os protagonistas do conflito permanecem surdos aos apelos internacionais pelo fim das hostilidades, as negociações diplomáticas estão se intensificando, com uma reunião virtual do Conselho de Segurança marcada para 14h00 GMT (11h00 de Brasília).

Por sua vez, uma delegação americana, liderada pelo enviado especial Hady Amr, se encontrou com o ministro da Defesa israelense, Benny Gantz.

"Expressei a eles meu profundo apreço pelo apoio americano ao direito e dever de Israel de se defender contra ataques terroristas. Disse-lhes que, ao contrário de nossos inimigos, temos o cuidado de atacar apenas alvos militares, com o objetivo de restaurar a segurança e a calma", escreveu Gantz no Twitter.

Uma reunião ministerial da União Europeia está marcada para terça-feira.

No sábado, dez palestinos, incluindo oito crianças, de uma mesma família, morreram em um ataque israelense em Gaza.

Mais tarde, um israelense foi morto nos arredores de Tel Aviv na explosão de foguetes palestinos.

- Imprensa -

E um prédio de 13 andares que abrigava os escritórios da emissora Al Jazeera, do Catar, e da agência de notícias Associated Press (AP), dos Estados Unidos, foi destruído em um ataque israelense.

Segundo o Exército, que já havia solicitado a evacuação do prédio, o imóvel abrigava "entidades pertencentes à inteligência militar" do Hamas.

A direção da AP se disse "chocada e horrorizada". A Al Jazeera acusou Israel de querer "silenciar aqueles que mostram a destruição e morte".

A AFP expressou sua "solidariedade" aos "colegas da PA e da Al Jazeera".

O conflito começou em resposta aos foguetes do Hamas contra Israel, disparados em "solidariedade" com as centenas de palestinos feridos em confrontos com a polícia israelense em Jerusalém Oriental. Na origem da violência, a ameaça de expulsão de famílias palestinas em benefício de colonos israelenses neste setor palestino ocupado por Israel há mais de 50 anos.

As hostilidades se espalharam para a Cisjordânia, outro território palestino ocupado por Israel desde 1967, onde confrontos com o exército israelense deixaram 19 palestinos mortos desde 10 de maio.

Em seu território, Israel também foi confrontado a vários dias de violência sem precedentes e ameaças de linchamentos em suas cidades "mistas", onde vivem judeus e árabes israelenses.

O último confronto entre Israel e Hamas remonta ao verão de 2014. O conflito de 50 dias devastou a Faixa de Gaza e deixou pelo menos 2.251 mortos do lado palestino, a maioria civis, e 74 do lado israelense, quase todos soldados.

A insegurança alimentar aguda aumentou em 2020 devido a conflitos, crises econômicas exacerbadas pela pandemia de covid-19 e fenômenos climáticos, alertou nesta quarta-feira (5) a Rede Mundial Contra as Crises Alimentares, que prevê um ano 2021 "difícil".

No ano passado, 155 milhões de pessoas em 55 países estavam em situação de "crise" (fase 3 da escala internacional de segurança alimentar) ou "pior".

Isso representa 20 milhões de pessoas a mais do que em 2019, segundo o relatório publicado pela Rede, que reúne a a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), a União Europeia e o Programa Alimentar Mundial (PMA).

Mais de 28 milhões de pessoas em 38 países - sendo República Democrática do Congo, Iêmen e Afeganistão os mais afetados - estavam em uma situação de "emergência alimentar" (fase 4).

E cerca de 133 mil pessoas estavam em uma situação de "catástrofe/fome" em 2020 (fase 5, a mais alta), em Burkina Faso, Sudão do Sul e Iêmen.

"Medidas urgentes foram tomadas para prevenir a mortalidade generalizada e um colapso total dos meios de subsistência", enfatiza o relatório.

"Esses números mostram a gravidade da situação e a importância de uma ação rápida e coordenada", declarou à AFP Dominique Burgeon, diretor da divisão de emergência e resiliência da FAO. "A resposta não deve ser apenas humanitária, mas também trabalhar nas raízes da insegurança alimentar".

"Para 100 milhões de pessoas enfrentando uma crise alimentar aguda em 2020, a principal causa estava relacionada a conflitos e à insegurança", ante 77 milhões em 2019, apontou Burgeon.

Esses conflitos levaram a seis das 10 maiores crises alimentares de 2020 na República Democrática do Congo, Iêmen, Afeganistão, Síria, Nigéria e Sudão do Sul.

Para 40 milhões de pessoas, as crises econômicas foram as principais responsáveis pela insegurança alimentar (eram 24 milhões em 2019).

"A pandemia exacerbou as vulnerabilidades" dos sistemas agrícolas "em todos os níveis", disse Burgeon. O impacto socioeconômico da covid-19 exacerbou as crises no Haiti, Sudão e Zimbábue.

Por fim, para 15 milhões de pessoas, os "choques climáticos" foram a principal causa de sua insegurança alimentar, menos do que em 2019 (34 milhões). Em particular, as tempestades tropicais, furacões e inundações agravaram os problemas alimentares na América Central e no Haiti.

Para 2021, os sinais não são bons. "Será um ano difícil", segundo Burgeon, devido aos conflitos que persistem e à fragilidade das economias devido à covid-19.

"Os conflitos continuarão a ser a principal causa das crises alimentares, enquanto a covid-19 e as medidas de restrições sanitárias que ela implica continuarão a exacerbar a insegurança alimentar aguda em economias frágeis", prevê o relatório.

Confrontos em Jerusalém, protestos na Cisjordânia ocupada e foguetes da Faixa de Gaza: a tensão aumenta entre os palestinos e as forças israelenses neste sábado (24), após os distúrbios mais graves em anos na Cidade Santa.

Os confrontos eclodiram na sexta-feira (23) à noite nos arredores da Cidade Velha de Jerusalém, um dia após uma noite de manifestações cruzadas envolvendo um grupo de judeus de extrema direita gritando "Morte aos árabes", palestinos e a polícia, resultando em mais de 120 feridos.

A polícia e jovens palestinos brincaram de gato e rato perto do Portão de Damasco, depois que as orações de sexta-feira reuniram dezenas de milhares de fiéis na Esplanada das Mesquitas, o terceiro local mais sagrado do Islã, em pleno mês de jejum do Ramadã.

Jovens palestinos jogaram garrafas de água e pedras na polícia, que usou bombas de efeito moral na tentativa de dispersar a multidão, e também realizou algumas prisões, incluindo uma violenta, observou um jornalista da AFP no local.

Outros incidentes ocorreram em vários bairros palestinos em Jerusalém Oriental.

- Represálias em Gaza -

Centenas de palestinos se reuniram na noite de sexta-feira no posto de passagem de Qalandiya, que conecta Israel e Cisjordânia, onde vários objetos foram incendiados.

Palestinos atiraram pedras e coquetéis molotov na Tumba de Raquel, um local sagrado judeu em Belém, na Cisjordânia ocupada, informou a polícia, enquanto um protesto também ocorreu em Ramallah, a sede da Autoridade Palestina.

Mais tarde, na mesma noite, 36 foguetes foram lançados da Faixa de Gaza, um enclave palestino geograficamente separado da Cisjordânia ocupada e de Jerusalém, na direção de Israel, de acordo com as Forças Armadas israelenses. Seis foguetes foram interceptados pelo escudo de mísseis Iron Dome e outros caíram em terrenos baldios.

Em retaliação, tanques, caças e helicópteros militares visaram, de acordo com o exército, posições do Hamas - movimento islâmico armado que controla a Faixa de Gaza desde 2007.

Após os confrontos de quinta-feira perto da Cidade Velha, os mais violentos dos últimos anos na Cidade Santa, o braço armado do Hamas expressou seu apoio aos palestinos em Jerusalém Oriental, avisando Israel: "A faísca que vocês acendem hoje será o estopim da explosão do inimigo".

E o presidente palestino, Mahmoud Abbas, denunciou o "incitamento ao ódio" de grupos israelenses de extrema direita e instou a comunidade internacional a "proteger" os palestinos em Jerusalém Oriental.

Os confrontos nos últimos dias em Jerusalém começaram depois que a polícia impediu a população de se sentar nos degraus ao redor do Portão de Damasco, um lugar onde os palestinos normalmente se reúnem à noite durante o Ramadã.

- "Evitar nova escalada" -

E quando os judeus de extrema direita planejaram uma manifestação perto deste acesso à Cidade Velha, muitos palestinos viram isso como uma provocação e uma tentativa de assumir o controle deste local simbólico.

O enviado especial da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, pediu neste sábado que "todas as partes exerçam o máximo de contenção e evitem nova escalada".

"Os atos de provocação em Jerusalém devem parar. O lançamento indiscriminado de foguetes em áreas povoadas viola a lei internacional e deve cessar imediatamente", disse ele em um comunicado.

A Jordânia, país vizinho que administra os locais sagrados muçulmanos na Cidade Velha, condenou no sábado os "ataques racistas" de Israel contra os palestinos em Jerusalém Oriental.

O ministro das Relações Exteriores, Ayman Safadi, pediu "uma ação internacional para protegê-los", alertando Israel que Jerusalém era "uma linha vermelha".

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