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A Argentina está comprometida com o Mercosul e espera que surjam boas notícias em 2024 nas negociações de um tratado comercial do bloco com a União Europeia. A afirmação foi feita nesta quarta-feira, 17, em uma conversa entre ministros argentinos e jornalistas estrangeiros, durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.

Participaram da conversa o ministro da Economia da Argentina, Luis Caputo, o chefe de gabinete da presidência, Nicolas Posse, e a chanceler, Diana Mondino. O evento seguiu as regras da Chatham House (centro de estudos britânico), ou seja, os jornalistas não poderiam atribuir diretamente as declarações aos autores.

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O governo argentino acredita que o Mercosul precisa ser renovado para enfrentar o novo cenário global. No entanto, não cogita deixá-lo, contrariando o que o presidente Javier Milei disse durante a campanha.

Os ministros descartaram a possibilidade de um distanciamento comercial com Brasil e China, o que, segundo eles, seria um movimento "absurdo" dada a importância desses dois países no comércio bilateral. Eles salientaram que questões de comércio exterior devem ser gerenciadas pelo setor privado, e não pelo governo.

No lado financeiro, eles afastaram uma dolarização no curto prazo, embora isso continue nos planos. Antes disso, esperam estabilizar a economia por meio de cortes radicais de gastos públicos, desregulamentação de setores sob intervenção do Estado e recuperação da confiança dos investidores.

A inflação deve continuar alta nos primeiros meses deste ano, mas a expectativa é que, com as reformas, no fim de 2024 ela esteja "na faixa de um dígito". Sobre a dificuldades de aprovação das reformas, eles ressaltaram que 55% das mudanças não necessitam da aprovação do Congresso. Além disso, apostam no crescimento da popularidade de Milei como fator de convencimento. As manifestações contra as reformas, segundo eles, foram pequenas e movidas "por aqueles que temem perder seus privilégios".

A presença de Milei em Davos gerou curiosidade entre os participantes, mas esteve distante do interesse despertado por outros chefes de Estado. A palestra dele ontem foi recebida de maneira morna pelos participantes, que não chegaram a lotar o local. Milei encerrou sua fala com sua frase preferida: "Viva la libertad, carajo", arrancando algumas risadas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, denunciou nesta terça-feira (16), no Fórum Econômico Mundial de Davos, obstáculos comerciais "discriminatórios" e defendeu a determinação de "linhas vermelhas" para o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA).

Li Qiang é a mais importante autoridade chinesa a participar do Fórum Econômico Mundial celebrado todos os anos na Suíça desde 2017, quando o presidente Xi Jinping esteve no evento.

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Em seu discurso, poucos dias após a eleição presidencial em Taiwan, que levanta temores de um ressurgimento das tensões entre China e Estados Unidos, não abordou abertamente as questões diplomáticas, focando na economia.

Li denunciou "medidas discriminatórias para o comércio e o investimento" que ressurgem a cada ano e afirmou que "todos os obstáculos e perturbações podem desacelerar ou bloquear fluxos vitais para a economia global".

O primeiro-ministro não mencionou nenhum país, mas o comércio tem sido uma questão espinhosa entre a China, Estados Unidos e União Europeia (UE) nos últimos anos.

Recentemente, os Estados Unidos voltaram a impor limites às exportações de chips essenciais para o desenvolvimento da tecnologia de Inteligência Artificial e a UE abriu uma investigação sobre os subsídios chineses para veículos elétricos.

- "A corrida já começou" -

Li Qiang também defendeu uma "boa governança" para a tecnologia da IA, que está em alta, assegurando que a China "deseja desenvolver a comunicação e a cooperação com todas as partes para melhorar os mecanismos de governança da Inteligência Artificial".

Os avanços da denominada IA generativa, que impactaram a opinião pública com o programa ChatGPT, centralizaram muitos dos debates em Davos.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula van der Leyen, advertiu que a UE deve "redobrar seus esforços" para não ficar para trás nesta corrida.

"A corrida já começou. Nossa competitividade futura depende da integração da IA em nossas atividades diárias", informou.

O diretor-executivo da Microsoft, Satya Nadella, defendeu sua parceria com a OpenAI, que criou o chatGPT, cujos investimentos de aproximadamente 13 bilhões de dólares (cerca de 65 bilhões de reais na cotação atual) desde 2019 são alvos de reguladores europeus.

"As parcerias são um caminho para adquirir competitividade", afirmou em um evento organizado pela Bloomberg em paralelo aos encontros de Davos, destacando o "grande risco" assumido pela Microsoft.

A reunião em Davos contará com a presença do presidente argentino, Javier Milei, que apresentará suas ideias libertárias a este fórum que reúne as elites econômicas e políticas do mundo.

Este economista ultraliberal de 53 anos que assumiu o poder há pouco mais de um mês desperta grande interesse.

"Há mais de 60 pedidos de bilaterais", disse Milei antes de viajar. "Não tenho como responder fisicamente a tamanha demanda".

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que participa nesta semana do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, minimizou na tarde desta segunda-feira, 15, a ausência de parte do governo brasileiro no encontro. A ministra também destacou que um dos grandes debates realizados com as economias presentes está relacionado à importância do fim da era dos combustíveis fósseis.

"Com certeza, a minha presença aqui tem a ver com esse desdobramento que precisa ser dado com as decisões que foram tomadas na (Cúpula do Clima das Nações Unidas) COP-28", disse ela, em entrevista à GloboNews.

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As decisões citadas dizem respeito ao documento aprovado por representantes de quase 200 países na COP-28 que cita a "transição" dos combustíveis fósseis.

Sobre as ausências do governo brasileiro, já que não compareceram ao evento o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e nem o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, Marina minimizou. "A representação é do governo", disse, destacando o protagonismo de Lula no que diz respeito ao início do debate para a transição energética.

E destacou: "O alinhamento quem fez foi ele (Lula) quando disse que os países teriam que sair da dependência dos combustíveis fósseis. O Brasil é um produtor de petróleo e o presidente disse isso no seu discurso."

Marina também afirmou que deverá encurtar sua viagem à Suíça, ficando mais dois dias e meio no evento, para depois voltar ao Brasil .

A ministra do Meio Ambiente teve um encontro com a ativista sueca Greta Thunberg, em Davos, nesta quinta-feira (19). Do lado de fora do Fórum Mundial Econômico, a ministra se reuniu com a sueca e outros jovens ativistas ambientais do mundo. O encontro foi celebrado por Marina em suas redes sociais.

De acordo com Marina, o encontro com o grupo que chamou de "terceira geração de ativistas ambientais" foi "potente e encorajador". "Hoje tive a graça de ter um potente e encorajador encontro com a terceira geração de ativistas ambientais. As juventudes têm pressa por resultados no enfrentamento das desigualdades, do risco climático e da perda de biodiversidade", escreveu em publicação.

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Uma ativista do Meio Ambiente há décadas, a minista rememorou a atuação junto com Chico Mendes. "Ao lado de jovens mulheres ativistas de vários continentes, pensei: dos empates locais em Xapuri ao lado de Chico Mendes, em defesa da floresta, ao empate global para evitar o completo desequilíbrio do planeta, ao lado de Greta e suas companheiras de novas e velhas jornadas".

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A ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva, disse nesta terça-feira (17) que a decisão de candidatar a cidade de Belém, capital do Pará, à cidade-sede da 30º edição da Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em 2025, é para apresentar a materialização dos resultados dos compromissos assumidos pelo país com a questão ambiental.

“Ter a COP30 no Brasil é dar um sinal que queremos alcançar esses objetivos e queremos que ela aconteça num ambiente não mais dos enunciados, mas dos resultados. O Brasil sempre liderou pelo exemplo, liderou pelo exemplo no combate à pobreza, no combate ao desmatamento, na redução da emissão de CO²”, afirmou a ministra durante sua participação no Fórum Econômico de Davos, ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na mesa Brasil: um novo roteiro.

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A realização do evento na região da Amazônia já havia sido defendida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante sua participação na COP27, em novembro, no Egito. O anúncio da candidatura do Brasil para sediar o evento foi feita no dia 11 de janeiro, com a formalização do pedido para a Organização das Nações Unidas (ONU).  “Esperamos poder receber o maior evento climático do mundo em uma cidade parte da Amazônia brasileira”, disse o presidente em seu perfil no Twitter.

O governo federal enviou os ministros da Fazenda e do Meio Ambiente para representar o país no Fórum Econômico deste ano, cujo tema é cooperação em um mundo fragmentado.

Durante sua participação, a ministra Marina Silva anunciou que o governo já está trabalhando para retomar as ações de combate ao desmatamento e para reestruturar a pasta.

“No caso das metas de desmatamento, já voltamos com o Fundo Amazônia, com o Plano de Combate ao Desmatamento e já estamos recompondo os orçamentos das equipes do ministério. O próprio ministro [da Fazenda, Fernando] Haddad nos ajudou na transição a agregar mais R$ 500 milhões para o Ministério do Meio Ambiente, e fazermos com que os fundos de doação não sejam colocados no teto de gastos”, disse.

Marina reforçou a mensagem deixada ontem (16), por Haddad, dizendo que o governo vai trabalhar fortemente para estabilizar a democracia e enfrentar os problemas decorrentes da desigualdade social, “porque temos 33 milhões de brasileiros que passam fome”, e para a promoção de um novo ciclo de prosperidade, baseado no desenvolvimento sustentável.

“O grande potencial que temos, por termos uma matriz energética limpa, de produzir o hidrogênio verde, desenvolvimento que será fundamental para economias e países que vivem o problema da insegurança energética, principalmente no contexto da guerra da Rússia com a Ucrânia”, disse.

 A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reiterou nesta terça-feira (17), durante um painel no Fórum Econômico Mundial de Davos, o compromisso do Brasil em zerar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030, mas cobrou que o mundo também faça sua parte na luta contra a crise climática.

"Nós podemos reduzir o desmatamento da Amazônia a zero, e se o mundo continuar emitindo CO2 e usando combustível fóssil, a Amazônia será destruída igualmente. É para mostrar que cada um tem responsabilidades comuns, porém diferenciadas, com a proteção dessas imensas riquezas naturais", disse Marina, que participou de um painel ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

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A ministra do Meio Ambiente também afirmou que o Brasil quer liderar uma "iniciativa global sobre florestas". "Estamos em diálogo com os países megaflorestais para ter uma meta de redução de perdas de florestas em termos globais", acrescentou.

Marina falou em Davos pelo segundo dia seguido e deve voltar a discursar no fórum na próxima quinta (19), desta vez em um painel exclusivo sobre a Amazônia.

*Da Ansa

A recomposição das alíquotas originais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) ficou fora do pacote fiscal anunciado na semana passada como um compromisso do governo com a reforma tributária, disse nesta segunda-feira (16) o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Em viagem a Davos (Suíça) para participar do Fórum Econômico Mundial, ele disse que a abrangência e a manutenção do imposto serão discutidos na proposta de reforma tributária ainda neste semestre.

De acordo com o ministro, a reforma buscará reduzir a carga tributária para a indústria, que, nas palavras dele, é desproporcional à fatia do setor no Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos).  “[A reforma tributária] é essencial para buscar a justiça tributária e para reindustrializar o país. Porque a indústria paga hoje quase um terço dos tributos no Brasil e responde por 10% da produção. Há um desequilíbrio muito grande. O caminho é esse”, declarou o ministro na porta do hotel onde está hospedado no fim do primeiro dia de agenda.

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Para Haddad, há maturidade, tanto na Câmara como no Senado, para chegar a um consenso e votar a reforma tributária ainda neste semestre. O ministro afirmou que o governo tem a desoneração da indústria como um compromisso e voltou a dizer que o Congresso se baseará nos dois textos que tiveram a discussão interrompida no governo passado, um na Câmara e outro no Senado, que têm como base ideias elaboradas pelo secretário especial da Reforma Tributária, Bernard Appy.

Mais cedo, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse que o governo tem como meta extinguir o IPI nas discussões sobre a reforma tributária e que o ministro da Fazenda teve “sensibilidade” ao manter a desoneração de 35% que entrou em vigor no ano passado. Alckmin deu a declaração em evento da Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp).

Os textos em tramitação na Câmara e no Senado preveem a fusão de diversos tributos, inclusive o IPI, por tipo ou mais de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que seria repartido entre a União, os estados e os municípios. Uma das propostas, em tramitação no Senado, prevê que o IPI seria mantido apenas como um tributo para onerar produtos que fazem mal à saúde, como tabaco, bebidas alcoólicas e produtos derivados de açúcar.

Segundo Haddad, o fim do IPI e a redução de outros impostos seriam financiados com o aumento do Imposto de Renda sobre contribuintes mais ricos. Ele disse que a reforma “não será neutra” e buscará corrigir a regressividade (carga maior sobre os mais pobres) do sistema tributário brasileiro.

O governo brasileiro enviará os ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) para o encontro anual do Fórum Econômico Mundial, que será realizado entre os dias 16 e 20 de janeiro, em Davos, na Suíça. Ambos embarcam para a Europa neste fim de semana.

O tema desse ano do Fórum de Davos é cooperação em um mundo fragmentado. O evento deve reunir 2,7 mil líderes internacionais de 130 países. São esperados também 52 chefes de Estado e de governo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu não participar do encontro esse ano. A primeira viagem internacional do presidente será nos dias 23 e 24, para a Argentina.

Além de líderes e representantes de governo, o Fórum Econômico Mundial reúne CEOs de grandes empresas, investidores e outros agentes econômicos. Segundo o Ministério da Fazenda, que não divulgou detalhes sobre a agenda de encontros bilaterais de Haddad, o foco da participação é enviar uma mensagem de que o Brasil é um ator internacional central para os desafios econômicos globais.

Na visão do governo brasileiro, a presença de Marina Silva também sinaliza que as reformas econômicas caminham junto com os objetivos de sustentabilidade, que está no topo das preocupações geopolíticas atuais. Os dois ministros brasileiros devem participar de uma atividade conjunta em Davos.

A comitiva de Haddad contará com a participação da secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, Tatiana Rosito, e do assessor especial Mathias Alencastro, que também atua na área internacional da pasta. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima não informou quem acompanhará Marina Silva nem a agenda de encontros da ministra em Davos.

Os futuros ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Meio Ambiente, Marina Silva, e da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Geraldo Alckmin, que também é o vice-presidente eleito, irão representar o governo eleito no Fórum Econômico Mundial, que é realizado tradicionalmente todo ano em Davos, na Suíça, e reúne líderes políticos e empresariais de todo o mundo.

Além deles, também é esperada a presença do ministro de Relações Exteriores, Mauro Vieira. O evento vai acontecer do dia 16 a 20 de janeiro. A informação foi confirmada pela equipe econômica do futuro governo.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não irá participar porque no mesmo período irá se preparar para participar da reunião da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), na Argentina. No dia 14 de dezembro, o futuro chanceler afirmou que a prioridade de Lula será "restabelecer mecanismos de contato" com vizinhos da América Latina e "reconstruir pontes" com países como Estados Unidos e China, além da União Europeia e da África.

Tradicionalmente os ministros da área econômica, como é o caso de Haddad e Alckmin, e o chefe das Relações Exteriores, função que será exercida por Vieira, sempre participam do evento, que é uma vitrine mundial de relacionamento com empresários e governos estrangeiros, com oportunidades de facilitar acordos comerciais entre países. No caso brasileiro, o meio ambiente, área que será comandada por Marina Silva, é um tema de muito interesse internacional. Marina já chefiou a pasta no primeiro governo de Lula e é uma referência mundial na temática.

Quando assumiu a Presidência pela primeira vez, em 2003, Lula participou do evento na Suíça e focou seu discurso no combate à fome. Antes de ir para o país europeu, o petista esteve no Fórum Social Mundial, realizado em Porto Alegre, que é uma espécie de evento alternativo a Davos, mas que perdeu protagonismo nos anos recentes.

Não será a primeira vez que o presidente do Brasil estará ausente do Fórum de Davos. A última vez que um chefe de Estado brasileiro marcou presença foi em 2019, quando o presidente Jair Bolsonaro (PL) foi ao evento e levou consigo seus principais ministros na época, como Paulo Guedes (Economia) e Sergio Moro (Justiça). Em 2020, 2021 e 2022, Bolsonaro não participou e enviou representantes, como Guedes e o vice-presidente Hamilton Mourão.

O então presidente Michel Temer (MDB) não foi ao evento em 2017 porque queria cuidar da articulação para presidência da Câmara, mas participou em 2018. Em 2016, nos meses que antecederam seu impeachment, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) também se ausentou e enviou o então ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, no seu lugar.

O Fórum Econômico Mundial (WEF) de Davos terminou nesta quinta-feira (26) com advertências sobre a economia, a guerra e a fome, que projetam um panorama sombrio para o mundo nos próximos meses.

- Armas para Ucrânia

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi o convidado de honra no primeiro dia da conferência, na segunda-feira, e pediu por videoconferência o "máximo" de sanções possíveis e um embargo comercial total contra a Rússia, incluindo o petróleo e gás.

Três meses após a invasão russa e enquanto os bombardeios se intensificam na região leste do Donbass, a Ucrânia pede armas, de preferência pesadas. Uma demanda que sua grande delegação nacional reivindicou em todos os lugares em Davos esta semana.

Zelensky criticou a comunidade internacional por sua resposta lenta, dizendo que se ele tivesse obtido todas as armas que reivindicou em fevereiro "o resultado teria sido dezenas de milhares de vidas salvas". Seu ministro das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, chegou a acusar a Otan de "não fazer absolutamente nada" contra a invasão.

- Terceira Guerra Mundial

É uma tradição em Davos: em um jantar à margem do encontro, o bilionário americano George Soros voltou a dar sua visão do estado do mundo.

"A invasão [da Ucrânia pela Rússia] pode ter sido o início da Terceira Guerra Mundial e nossa civilização pode não sobreviver", disse ele no início deste ano.

Além de apontar para aqueles que ele chamou de "os dois ditadores" - Vladimir Putin, da Rússia, e Xi Jiping, da China -, ele mirou a ex-chanceler alemã Angela Merkel, de quem disse que seus "acordos especiais" foram uma das razões para a "excessiva" dependência europeia do gás russo.

- Nuvens no horizonte da economia mundial

"O horizonte escureceu" para a economia global, disse a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, na segunda-feira.

A inflação está em alta, os bancos centrais estão endurecendo sua postura, a dívida pública está crescendo e a China está desacelerando.

Ao ponto de uma recessão? Nos países desenvolvidos, não está no horizonte "no momento, mas isso não significa que esteja fora de questão", disse Georgieva.

- O retorno dos distúrbios da fome?

Segundo David Beasley, diretor do Programa Mundial de Alimentos (PMA), "as condições atuais são piores" do que as de 2007-2008, quando ocorreram as revoltas alimentares.

Uma situação devido em parte à guerra na Ucrânia e ao bloqueio de suas exportações de grãos. Achim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), fala de mais de 200 milhões de pessoas que sofrem de fome aguda no mundo.

"Quando as pessoas não conseguem mais se alimentar, quando os governos não conseguem mais fornecer comida, a política rapidamente se move para as ruas", alertou.

Uma situação que também afeta a América Latina, que está entrando em "um período muito perigoso", especialmente devido à inflação, alertou o venezuelano Moisés Naím, analista político internacional, com "consequências econômicas e sociais que podem ser desastrosas".

- Clima esquecido

A guerra na Ucrânia não deve ser usada como uma "desculpa" para relaxar os esforços na transição energética, disse o enviado climático dos EUA, John Kerry, na terça-feira.

"Podemos lidar com a crise ucraniana, assim como a crise energética, enquanto lidamos com a crise climática", disse ele.

Dado o temor pela oferta de hidrocarbonetos russos e o aumento dos preços, "existe o risco de que no curto prazo alguns acabem queimando mais carvão", reconheceu também Paul Simpson.

O diretor do Carbon Disclosure Project (CDP), organização líder na medição do desempenho ambiental de empresas e governos, está confiante de que o debate sobre o fornecimento de energia pode "acelerar a transição" para as energias renováveis.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse a jornalistas nesta quinta-feira, 26 que se Jair Bolsonaro for reeleito, com um Congresso com perfil mais de centro-direita, vai conseguir acelerar as reformas. "Vamos privatizar a Petrobras, fazer vários acordos comerciais, vamos fazer bem mais do que temos feito até agora."

Guedes afirmou que a pandemia acabou impedindo que as reformas que previa avançassem como esperado. Mas o Brasil está saindo da crise com o "fiscal forte" e a política monetária necessária para combater a inflação - ou, na linguagem do mercado financeiro, "na frente da curva".

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Já os Estados Unidos e Europa estão "atrás da curva", ou seja, vão precisar ainda subir muito os juros para conter a crise. "O mundo inteiro esta fora do lugar no fiscal e no monetário."

Para Guedes, enquanto o mundo, sobretudo o Ocidental, está "entrando no inferno", em uma crise que promete ser longa, o Brasil está saindo.

Crítica a governadores

Na entrevista, o ministro da Economia afirmou que o governo transferiu "meio trilhão de reais" para os Estados e municípios, em ritmo nunca visto, fazendo o ajuste fiscal deles. "Os Estados que estão reclamando, o governador é um despreparado ou é militante", disse, em Davos.

"Os Estados receberam uma fortuna fabulosa. Nunca se transferiu tanto dinheiro para Estados e municípios. A arrecadação deles subiu extraordinariamente", afirmou, destacando que vê injustiça nas reclamações dos entes federados. "Transferimos meio trilhão de reais para esses caras."

E a melhora das contas estaduais, não foi porque eles fizeram um ajuste fiscal, mas por conta dessa transferência, comentou o ministro. "Nós fizemos o ajuste deles."

Na conta de Guedes, os Estados e municípios receberam R$ 150 bilhões no pacote da rolagem de dívida; R$ 260 bi do Fundep (Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa), neste caso em 10 anos; R$ 68 bilhões pela de Lei Kandir. Houve anda mais alguns bilhões pela cessão onerosa (R$ 12 bilhões na primeira rodada e R$ 7 bilhões na segunda).

Inflação

Paulo Guedes acredita que a inflação alta já pode ter atingido o pico no Brasil e vai começar a baixar. No exterior, ao contrário, ainda pode subir mais e os países podem enfrentar um ciclo de piora, enquanto o Brasil começa um processo longo de melhora.

"Fomos os primeiros a combater a inflação, zeramos o déficit e subimos os juros", disse o ministro em entrevista à imprensa após seu último compromisso no Fórum Econômico Mundial em Davos.

"A inflação vai subir por muitos anos no mundo inteiro", disse, voltando a criticar a atuação lenta dos bancos centrais dos Estados Unidos e Europa.

Guedes reconheceu que a taxa de juros mais alta "é pé no freio" e ajuda a desacelerar a atividade. Mas ponderou que o Brasil tem um mercado interno enorme, capaz de resistir a um cenário externo mais desfavorável, e o País já tem contratado um programa de investimento de R$ 850 bilhões.

Uma mulher de 27 anos identificada como Josie Barnes se tornou alvo de críticas por batizar o seu filho de Lúcifer, nome dado ao anjo caído na religião cristã. A polêmica aconteceu em Devon, Inglaterra, onde a família mora. 

Ao programa Jeremy Vine TV, Josie revelou que a escolha do nome não teve nada a ver com religião, mas sim por gostar de nomes diferentes. 

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"Eu tinha alguns membros da família dizendo 'você não pode chamá-lo assim', mas eu disse que não sou religiosa, então não representa o que outras pessoas pensam que representa", disse a jovem.

Segundo o site Mirror, Josie contou que desde que apareceu na TV não para de receber críticas por conta da escolha do nome para o seu filho. "Eu recebi muito ódio desde que estive em Jeremy Vine, mas ainda não muda minha opinião, não me arrependo de escolher esse nome", afirmou.

A jovem mãe diz não achar que o nome representa o diabo. "Se o diabo fosse chamado de outra coisa, você também não gostaria desse nome. É sobre a mentalidade das pessoas com o nome. O nome não é diferente de Sarah ou Dom", afirmou.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse nesta sexta-feira, 29, que usaria uma expressão talvez um pouco forte para algo que é uma de suas preocupações em relação à democracia no mundo: o "totalitarismo tecnológico". "Pelo mundo, vemos desafios para a democracia", disse durante o painel "Redefinindo Geopolíticas", que é parte da versão online do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês).

Também participaram das discussões a ministra dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação da Espanha, Arancha Gonzalez Laya; e o ministro da Inovação, Ciência e Indústria do Canadá, François-Philippe Champagne.

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De acordo com o chanceler, a questão do totalitarismo não é especificamente uma questão de China contra Estados Unidos ou o contrário. "O que sabemos é que não queremos um controle total. Temos que evitar o controle totalitário", afirmou, acrescentando que não estava comentando sobre países ou empresas específicos.

O presidente do WEF, Borge Brende, perguntou ao ministro sobre a importância do relacionamento do País com os Estados Unidos, principalmente depois da eleição. "Qualquer mudança nos EUA é muito importante para nós, para todo o mundo", respondeu Araújo. "Assim como os EUA, o Brasil também está focado na mudança climática. O principal são os fundamentos e a liberdade", afirmou.

Segundo ele, o Brasil é favorável a alianças que respeitem a democracia e negou que haja algum tipo de rejeição a um país ou outro. "Somos a favor da ideia de alianças e democracia. Não somos contra específicos atores."

O chanceler defendeu a existência de instrumentos, como a Organização Mundial de Comércio (OMC), para criar condições para competir independente de onde os agentes estiverem. "Precisamos de diálogo em várias áreas, como o comércio eletrônico", citou.

O ministro chamou atenção ainda para a importância de os países abrirem suas economias. "O Brasil está abrindo sua economia", destacou, acrescentando que subsídios não fazem parte do jogo.

Na quarta-feira, 27, o chanceler brasileiro foi "fritado" pelo vice-presidente Hamilton Mourão, que chegou a dizer que a demissão do ministro poderia ocorrer depois da eleição no Congresso, marcada para a próxima segunda-feira, 1º. Mourão deu a declaração momentos antes de participar do fórum, num painel sobre a Amazônia.

Na quinta-feira, 28, o presidente Jair Bolsonaro desautorizou Mourão e disse que, dos 23 ministros sob o seu comando, há expectativa de apenas uma troca no momento. Ele afirmou ainda que tudo o que o governo não precisa neste momento é de "palpiteiro". Araújo vem sendo muito criticado por seu posicionamento aberto contra a China num momento que o Brasil precisa de insumos do país asiático para produzir vacinas contra o novo coronavírus.

Ainda que a Covid-19 tenha chacoalhado o mundo para os impactos ambientais e a importância de um novo recomeço, uma economia verde depende da atuação em conjunto dos setores privado e público. A mensagem esteve no centro dos debates do terceiro dia do Fórum Econômico Mundial de Davos, que acontece no formato virtual por conta da pandemia.

No Brasil, não é diferente. A despeito de o governo Bolsonaro ser questionado mundo afora pela ausência de políticas em prol do meio ambiente, o trabalho conjunto do setor privado e público também é visto como a saída para proteger a Amazônia.

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O coro foi puxado pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que assumiu o posto de interlocutor ambiental em uma atuação defensiva do governo para combater o puxão de orelha internacional quando o assunto é Amazônia. "Está claro para nós que, sem parceiros públicos e privados, não seremos capazes de atingir nossa meta principal de preservar a região", disse ele, durante o painel Financiando a transição da Amazônia para uma bioeconomia sustentável.

Em meio a críticas de investidores e líderes internacionais, Mourão, que é presidente do Conselho da Amazônia, aproveitou a plateia global de Davos para cobrar apoio externo. Anualmente, o fórum reúne a elite econômica e política global, nos Alpes Suíços. Mourão participou da versão virtual do encontro, representando o presidente Jair Bolsonaro, e disse que os investimentos internacionais são fundamentais para iniciativas prosperarem na Amazônia.

"Estamos olhando soluções tecnológicas para transformar a região e é crucial facilitar os fluxos financeiros para os locais", disse o vice-presidente.

Na esteira da fala de Mourão, o presidente da Natura &Co, Roberto Marques, também defendeu a atuação combinada entre empresas e governos como um passo crucial. A empresa atua na Amazônia há mais de 20 anos em conjunto com comunidades locais, preservando a região. "Imaginem se mais empresas e setores tivessem o mesmo olhar e proximidade com a região", questionou Marques.

"Nós precisamos do setor público e privado trabalhando juntos. É crucial que companhias e governos sejam capazes de atuar em conjunto para alcançar objetivos como emissões líquidas zero de gases de efeito estufa", disse ele, em painel, realizado nesta tarde.

O alerta foi do cosmético à moda. O presidente da grife italiana Gucci, Marco Bizzarri, afirmou que a pandemia reforçou essa necessidade. "Precisamos trabalhar juntos", enfatizou, referindo-se a empresas e governos.

Amazônia

Para o presidente da Colômbia, Ivan Duque, é necessária maior participação do setor privado para o desenvolvimento da Região Amazônica. Presente no mesmo painel de Mourão, ele evidenciou a necessidade de incorporar comunidades locais nas atividades de prosperidade e também novas tecnologias para proteção da área. "A Amazônia é um dos maiores tesouros do mundo e temos de compartilhá-lo... Temos de mostrar para o mundo que a Amazônia tem valor."

A boa notícia, para o comissário para o Ambiente, Oceanos e Pescas da, Comissão Europeia, Virginijus Sinkevicius, é que já há uma mudança em curso com o engajamento de grandes companhias para a construção de uma economia verde. "Os negócios são parte da solução. O setor corporativo é essencial. Suas decisões podem ajudar em uma recuperação verde"

Em um painel com foco na transformação de sistemas alimentares, o cientista, ambientalista e administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Achim Steiner, alertou para o desperdício no setor enquanto o mundo ainda luta para erradicar a fome. "Muitas pessoas não têm sequer comida suficiente", enfatizou.

"Não podemos conceber um sistema que perde de 30% a 40% de tudo o que produz. Isso é uma tragédia. É uma tragédia ecológica e algo que deve motivar todos a mudar", disse Steiner. Ele participou da mesma sessão virtual que contou com a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, que focou sua fala em inovação e tecnologia no setor de agronegócio. 

O governador paulista, João Doria (PSDB), chamou atenção para o fato de a vacinação contra o coronavírus ter sido iniciada no Brasil primeiramente em São Paulo, há nove dias, ao participar da edição online do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). Ele afirmou que já foram imunizadas mais de 160 mil pessoas no Estado e 700 mil no Brasil.

"Estamos esperançosos com a vacina", disse Doria, durante a palestra 'Repensando cidades para o futuro pós-covid', na edição online do Fórum Econômico Mundial, batizado de Fórum Digital de Davos.

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De acordo com o governador, a pandemia acelerou os investimentos em tecnologia em décadas e que esse salto será fundamental em um cenário pós-covid no mundo. O tucano ressaltou ainda a relevância do investimento em inovação e ciência. A própria vacina, acrescentou, é resultado do poder da ciência.

Doria mencionou ainda sobre como o Estado de São Paulo lidou com a pandemia do novo coronavírus, elevando as restrições de isolamento social quando necessário, como recentemente, quando regiões regrediram às fases laranja e vermelha, cujas medidas são mais duras.

Segundo ele, o governo avaliou diferentes cenários para adotar as medidas necessárias diante da covid-19, considerando o Estado de São Paulo e também a economia local.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, declarou nesta segunda, 25, que as vacinas desenvolvidas para prevenir a covid-19 estão chegando rapidamente a países mais ricos, o que pode deixar os países mais pobres desamparados.

"Vacinas estão chegando rapidamente em países de alta renda, mas não nos mais pobres. Vacinas precisam ser bens comuns globais", disse, durante o Fórum Econômico Mundial, habitualmente sediado em Davos, mas que ocorre de modo virtual nesta edição devido à pandemia. O secretário-geral da ONU citou a importância do Covax, iniciativa global Covax para distribuição de vacinas.

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Guterres afirmou ainda que é necessário imunizar países em desenvolvimento juntamente com países mais avançados a fim de evitar novas variantes e mutações do novo coronavírus. "É crucial fazer vacinas acessíveis a, pelo menos, 20% de população em países em desenvolvimento. Se o Hemisfério Sul ficar sem imunização, o vírus terá novas mutações e não conseguiremos pará-lo.

De olho em temas como combate à Covid-19, vacinação e conservação da Amazônia, a edição online do Fórum Econômico Mundial não deve contar com participação do presidente Jair Bolsonaro. Na programação, a maior autoridade brasileira prevista é o vice-presidente Hamilton Mourão, que comanda o Conselho Nacional da Amazônia Legal. O evento, chamado de "Davos Agenda", começa nesta segunda-feira (25).

Bolsonaro tem sido alvo de críticas de organismos internacionais pela atuação do governo brasileiro no combate à pandemia do novo coronavírus e também por sua política ambiental. Neste mês, com o colapso do sistema de saúde em Manaus devido à falta de oxigênio para pacientes com a doença e outros, a gestão da crise entrou na mira da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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O diretor executivo da OMS, Mike Ryan, chegou a alertar para a situação na capital do Amazonas e disse, em 15 de janeiro, que é "muito fácil" jogar a responsabilidade da crise sobre a nova variante do vírus encontrada na região. "Nós precisamos ser capazes de aceitar, como indivíduos, como comunidades e governos, nossa parte da responsabilidade para o vírus sair do controle", afirmou na ocasião.

No último sábado (23), o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, virou alvo de um pedido de investigação feito pelo procurador-geral da República, Augusto Aras, para verificar se houve omissão do titular da pasta no combate à crise em Manaus. Na representação, o procurador cita o fato de a Saúde ter enviado medicamentos sem eficácia comprovada como resposta ao colapso iminente na capital do Amazonas.

A programação do "Davos Agenda" dedica boa parte dos painéis a discussões sobre a resposta dos países à crise provocada pela pandemia e seus impactos na economia, no sistema de saúde, na educação e na desigualdade. Líderes de países como Alemanha, França, China e Japão, além de ministros de Saúde, o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, e o CEO da Pfizer, farmacêutica que desenvolveu uma das vacinas contra Covid-19, devem falar no evento, entre outras autoridades e representantes de bancos e multinacionais influentes na economia global.

Um dos painéis, sobre como repensar as cidades no pós-pandemia, terá a participação do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que tem se colocado como contraponto a Bolsonaro na gestão da crise da Covid-19, principalmente na corrida pela vacina. Doria lançou a campanha de vacinação no último dia 17 com a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan e a farmacêutica chinesa Sinovac, enquanto o governo brasileiro ainda trabalhava para importar doses da vacina produzida por Oxford/AstraZeneca.

Pelo governo federal, a maior autoridade é o vice-presidente Hamilton Mourão, que integrará um painel sobre como financiar a transição da Amazônia para uma bioeconomia sustentável. O evento está previsto para quarta-feira (27). Questionado sobre a ausência de Bolsonaro na programação, o Palácio do Planalto não respondeu.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, participa na sexta (29) de uma discussão sobre como restaurar o comércio internacional após os impactos da pandemia, que levaram a uma queda de 9% na troca de mercadorias e serviços entre os países.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, integrará uma mesa com ministros de outros países para debater questões cruciais que requerem coordenação internacional urgente em 2021. Tópicos citados pelos organizadores na descrição desse painel incluem a Covid-19 e as mudanças climáticas - o governo brasileiro, porém, adota postura que minimiza os efeitos do clima, e o presidente já se referiu ao tema como "jogo comercial".

Já a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, participa de um debate sobre como destravar inovações para transformar sistemas alimentares.

Esse é o segundo ano que Bolsonaro desiste de participar do fórum. Em janeiro de 2020, o presidente cancelou a ida ao evento, realizado na Suíça, devido a "uma série de aspectos", entre eles a segurança e a política. Pouco tempo antes, as tensões entre Estados Unidos e Irã se acirraram após os americanos matarem o poderoso general iraniano Qassem Suleimani. À época, o governo brasileiro negou relação entre o cancelamento e o episódio internacional.

A organização do Fórum Econômico Mundial prevê uma edição presencial do evento em maio, em Cingapura.

O Fórum Econômico Mundial anunciou nesta quarta-feira (26) em comunicado por e-mail que remarcará seu Encontro Anual de 2021 em Davos para o início do próximo verão local. O verão no Hemisfério Norte começará em 21 de junho, mas o texto não menciona uma data exata.

A entidade diz que a decisão "não foi fácil", mas é adotada diante de conselhos de especialistas de que o evento não poderia ocorrer com segurança em janeiro, como tradicionalmente acontece no balneário suíço.

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O Fórum diz que, na semana de 25 de janeiro, fará um encontro virtual chamado "Diálogos Davos", no qual importantes líderes globais devem compartilhar suas análises sobre o estado do mundo. Também informa que enviará adiante datas e a localidade em que ocorrerá o encontro presencial do próximo ano, assim que todas as condições de saúde e segurança estejam estabelecidas.

A nota é assinada por Adrian Monck, diretor gerente e chefe de engajamento público do Fórum Social Mundial.

Com um toque de moderado otimismo sobre a economia global, o Fórum Econômico Mundial encerrou ontem sua reunião anual em Davos. Com a trégua na guerra comercial entre EUA Unidos e China, diminui o risco de mais um ano de perdas no comércio internacional. O Brexit, divórcio entre Reino Unido e União Europeia, deve ser mais tranquilo do que se temia até há pouco tempo. Na Europa, a produção industrial parece ter batido no fundo do poço e dá sinais de reação. O crescimento alemão continua firme e o susto do ano passado, quando houve uma perda de ritmo, parece assunto encerrado. A economia americana permanece em expansão. A atividade se intensifica em economias emergentes e em desenvolvimento. Mas a inflação continua muito baixa na Europa e no Japão e, além disso, ainda há o risco de problemas financeiros num mundo de juros muito baixos e até negativos.

Esse quadro geral foi desenhado na última sessão do fórum por quatro das mais importantes autoridades financeiras do mundo: o secretário do Tesouro dos EUA, Steven Mnuchin, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o presidente do Banco Central do Japão, Haruhiko Kuroda, e o ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz.

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Os problemas ambientais, assunto de maior destaque no programa do fórum neste ano, foram introduzidos no final do painel. O tema foi proposto pelo apresentador da sessão, uma figura também destacada no mundo das finanças. O economista chinês Zhu Min ocupou, entre outros postos importantes, a vice-diretoria-geral do FMI, e atualmente preside, em seu país, o Instituto Nacional de Pesquisas Financeiras.

Roteiro

Os convidados cumpriram o roteiro. De forma previsível, o secretário americano declarou-se preocupado, tanto quanto o presidente Donald Trump, com questões como a qualidade do ar, mas sempre negando o aquecimento global e a chamada emergência ambiental. Lagarde, mais uma vez, mostrou levar a sério a crise ambiental e mencionou o esforço dos economistas para integrar esse tema na análise econômica,

Das três motivações em geral exploradas no marketing, observou, só uma, o sexo, é desvinculada do problema ambiental. O medo tem ligações evidentes e manifesta-se, por exemplo, quando se trata da extinção da biodiversidade. A terceira, a ambição (ou ganância) tem efeitos destruidores e envolve participantes como os formuladores de política econômica, o setor financeiro e as empresas.

Mnuchin falou das dificuldades de precificar as questões ambientais e da necessidade de pensar nas áreas mais pobres, onde milhões de pessoas nem sequer têm acesso à eletricidade. Quando a discussão pareceu esquentar, Zhu Min interferiu como pacificador entre sua ex-chefe no FMI e o secretário americano.

O ministro Olaf Scholz mostrou otimismo quanto ao crescimento alemão e mencionou a decisão de seu governo de facilitar a imigração de trabalhadores qualificados para reforçar uma oferta considerada insuficiente. O presidente do Banco Central do Japão, Haruhiko Kuroda, disse esperar a continuidade do crescimento econômico de 1,5%, mantido há alguns anos e, com em outros painéis, mencionou a inflação japonesa ainda abaixo da meta de 2% ao ano.

De modo geral, o painel confirmou o cenário apresentado no começo da semana. A economia está melhor, mas o crescimento global permanece lento, devendo passar de 2,9% no ano passado para 3,3% neste ano e 3,4% no próximo. 

Um ano depois de ter sido apontado pelo próprio presidente Jair Bolsonaro no Fórum Econômico Mundial de Davos como futuro presidente do Brasil, o governador de São Paulo, João Doria, trabalhou bastante na edição deste ano para desvincular o seu governo da administração federal. Nesses 12 meses de intervalo, o clima entre os dois não apenas esfriou como houve troca de farpas tendo como pano de fundo o cenário político de 2022.

Nesses dias nos Alpes suíços, o governador disse ter conseguido R$ 17,2 bilhões em investimentos para o Estado até 2023. Alguns realmente são novos, como o acréscimo de mais R$ 1 bilhão do grupo RGE para uma fábrica de papel e celulose em Lençóis Paulistas. Outros, no entanto, já tinham sido anunciados e foram apenas reforçados nos encontros de Davos, como os R$ 9 bilhões da Iberdrola para a Neoenergia, que vão para São Paulo de um total de R$ 30 bilhões para outras operações no Brasil até 2023. O recursos são esperados ainda de Bracell, Acciona, Enel, P&G e Pepsico.

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O discurso "separando" São Paulo de Brasília, principalmente no exterior - onde o País teve a imagem arranhada no ano passado por causa das queimadas na Amazônia - apareceu nas 34 reuniões (dez a mais do que teve na edição de 2019) com empresários e políticos de todo o mundo. Doria também foi questionado pela imprensa internacional sobre as crises do País, principalmente no campo ambiental, tema que neste ano superou as discussões econômicas no fórum.

"Foi a nossa melhor participação em Davos", disse o governador Doria ao Estadão/Broadcast. Na sua primeira passagem pelo Fórum, Doria era prefeito de São Paulo. Ele relatou crescimento de 2,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Estado no ano passado, acima da previsão de 1% para o nacional, segundo dados da Seade. Para 2020, afirmou, a expectativa é de maior crescimento.

Trabalho

O governador falou, na Suíça, de investimentos e de ações de seu governo, apontando o que o Estado tem feito em relação às questões ambientais, evitando opinar sobre a gestão federal no assunto. "Mostramos (aos investidores) o que nós estamos fazendo no campo ambiental, da democracia, do respeito, da diversidade e também sobre opiniões contrárias. São Paulo gosta de dialogar", disse. "São Paulo não tem desmatamento. Temos aumento do campo verde. Nossas relações com as ONGS também são fluidas, de participação e diálogo."

Para Doria, a percepção em Davos em relação ao País melhorou de um ano para o outro. Seria exagero, no entanto, segundo ele, falar em otimismo com o Brasil. Já em relação ao Estado de São Paulo, diz ter certeza de que as privatizações teriam animado o mercado. A mais recente foi a concessão do corredor rodoviário Piracicaba-Panorama (conhecido por Pipa), que tem 12,2 mil quilômetros e foi arrematado pelo consórcio formado pela gestora Pátria e pelo fundo soberano de Cingapura GIC.

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen, afirmou que o contrato tem uma cláusula que obriga a concessionária a fazer investimentos neutros em emissão de carbono. "Não tem mais nenhum espaço para ficar fora dessa pauta, pois ela tem impacto na economia, na sociedade", disse ela, acrescentando que o Estado conta com a maior faixa contínua de Mata Atlântica.

Em busca de mais investimentos, o Estado ainda tem aberto escritórios do Investe São Paulo no exterior. No próximo dia 10, será inaugurada a unidade de Dubai. "Queremos falar com o Oriente Médio, onde há fundos importantes", disse Doria. Em agosto do ano passado, um escritório similar foi aberto na China e 39 projetos estão sendo avaliados. 

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