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Os Estados Unidos anunciaram, nesta quinta-feira (5), que chegaram a um acordo com o governo do presidente Nicolás Maduro para a "repatriação direta" de venezuelanos ao seu país.

O presidente americano, o democrata Joe Biden, candidato à reeleição nas presidenciais de 2024, está sob forte pressão, não só dos republicanos, que o acusam de ter provocado uma crise migratória na fronteira com o México, mas também de alguns democratas que administram cidades sobrecarregadas pela chegada de migrantes.

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Segundo dados oficiais, entre maio e o fim de agosto deste ano, a patrulha fronteiriça interceptou venezuelanos mais de 100.000 vezes na fronteira com o México. Nesse mesmo período do ano anterior, o número foi de cerca de 43.000.

Diante deste panorama, Biden ofereceu um amparo migratório a 472.000 venezuelanos durante 18 meses para que podem obter permissão de residência e trabalho. Mas este só se aplica aos que chegaram ao país antes de 31 de julho de 2023.

Aqueles que chegaram depois desta data e não têm "base legal" para permanecer nos Estados Unidos serão expulsos.

"Os Estados Unidos vão retomar as repatriações para a Venezuela de venezuelanos que não têm base legal para permanecer nos Estados Unidos", afirmou em um comunicado o Departamento de Segurança Interna (DHS), assegurando que "as autoridades da Venezuela" deram seu aval.

Em um comunicado, o governo Maduro confirmou o acordo que permite "a repatriação ordenada, segura e legal de cidadãos venezuelanos a partir dos Estados Unidos através do programa 'Volta à Pátria'".

A deportação começará "rapidamente", afirmou, durante coletiva de imprensa telefônica, um funcionário americano que pediu para ter sua identidade preservada.

"Já identificamos as pessoas sob custódia que serão expulsas rapidamente nos próximos dias", disse um funcionário, ressaltando que todas elas "não conseguiram demonstrar que têm uma base legal para permanecer nos Estados Unidos".

- Sanções -

O alto funcionário não quis entrar em detalhes sobre as negociações com o governo de Maduro, submetido a sanções de Washington, que considera fraudulenta sua reeleição em 2018.

Fazendo referência às sanções americanas, Caracas atribui a migração à "aplicação de medidas coercitivas unilaterais e ao bloqueio" da economia.

O governo americano se mostrou disposto a suspender de forma progressiva as sanções financeiras que impôs ao país se Maduro e a oposição chegarem a acordos para as eleições previstas para o próximo ano.

Washington exige que as eleições, nas quais Maduro vai tentar um novo mandato, sejam "livres e justas".

Cerca de 7 milhões dos 30 milhões de venezuelanos deixaram seu país em consequência de uma crise que provocou uma redução de 80% do PIB em dez anos.

O governo americano adotou uma série de "vias legais" para que os migrantes entrem no país e insta os venezuelanos a usá-las.

"Centenas de milhares de venezuelanos" entraram no país mediante um mecanismo humanitário ou agendando uma entrevista através de um aplicativo móvel, informou o DHS.

O anúncio desta quinta-feira ocorre após uma cúpula migratória regional sediada no México, que contou com a participação do país anfitrião, de Estados Unidos, Colômbia e Panamá.

"A imigração irregular é um desafio regional que requer uma resposta regional", destacou o DHS.

A derrota do Al-Nassr para o rival Al-Hilal, na terça-feira, não foi a única dor de cabeça de Cristiano Ronaldo nesta semana. O craque português está sendo alvo de um processo pedindo a sua deportação da Arábia Saudita por uma advogada que não gostou nada do gesto obsceno feito pelo jogador a torcedores rivais na saída de campo. A ação já foi encaminhada ao astro do futebol.

"Se os torcedores do Al Hilal provocaram Cristiano Ronaldo, ele não soube responder. A conduta de Cristiano constitui um delito. Um ato publicamente indecente que requer prisão e deportação quando cometido por um estrangeiro. Iremos apresentar uma petição ao Ministério Público nesse sentido", disse a advogada Nouf bin Ahmed, em seu perfil no Twitter.

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O Al-Nassr foi derrotado por 2 a 0 pelo Al-Hilal e perdeu a chance de alcançar o Al-Ittihad na liderança do Campeonato Saudita. Ao deixar o gramado, a torcida adversária gritou o nome de Lionel Messi, com quem o português revezou o posto de melhor do mundo e rivalizou na disputa por prêmios individuais. O atacante respondeu às provocações levando a mão à genitália e dando um sorriso irônico.

Nouf bin Ahmed, que também atua como conselheira da ONU e professora universitária, citou no processo ainda um lance em que Cristiano Ronaldo dá um mata-leão no volante colombiano Gustavo Cuéllar, ex-Flamengo.

O gesto de Cristiano Ronaldo não repercutiu bem no país saudita. Torcedores e jornalistas sauditas foram às redes sociais cobrar a federação por uma punição ao jogador. Na nota divulgada à imprensa, o Al-Nassr afirmou que as pessoas são "livres para pensar o que quiserem".

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Cristiano Ronaldo ainda não se pronunciou sobre o assunto. Ele tem 11 gols em 13 partidas com a camisa do Al-Nassr. Aos 38 anos, o craque português deixou o Manchester United na última temporada para desbravar o futebol da Arábia Saudita. De acordo com a imprensa local, o salário do atacante eleito cinco vezes melhor jogador do mundo é de 173 milhões de libras (cerca de R$ 1,1 bilhão) por ano.

Os Estados Unidos anunciaram nesta sexta-feira (21) que concederão a todos os etíopes presentes em seu território um status para protegê-los da deportação e que os autorize a trabalhar, devido ao conflito armado e à crise humanitária em seu país de origem.

O secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, disse que essas pessoas não podem ser enviadas de volta à Etiópia devido à "violência", mas também à "grave escassez de alimentos, inundações, secas e deslocamentos da população" no país situado no Chifre da África.

O Status de Proteção Temporária (TPS, na sigla em inglês), concedido à Etiópia por um período de 18 meses que pode ser renovado, aplica-se a todos os cidadãos desse país atualmente presentes nos Estados Unidos e em situação irregular, mas não vale para os que entrarem no futuro.

Cerca de 26.700 pessoas são elegíveis, segundo o Departamento de Segurança Interna (DHS, na sigla em inglês). Os etíopes nunca haviam se beneficiado desse programa antes, que atualmente permite que cidadãos de El Salvador, Honduras, Haiti, Nicarágua e Venezuela, entre outros países, residam legalmente nos EUA.

De acordo com o censo dos Estados Unidos, por volta de 272.000 pessoas procedentes da Etiópia vivem no país.

O anúncio do DHS acontece no mesmo dia em que o governo etíope e os rebeldes na região de Tigré anunciaram que comparecerão às conversas marcadas para a próxima semana na África do Sul, em um esforço para acabar com quase dois anos de guerra.

O conflito provocou o deslocamento de mais de dois milhões de pessoas e colocou centenas de milhares de etíopes em situação de fome, segundo a ONU.

Dezenas de crianças e adolescentes dão em longos abraços em seus pais em um abrigo em Quetzaltenango. Sua perigosa jornada sozinhos para os Estados Unidos como migrantes acabou em fracasso após sua deportação do México para a Guatemala.

59 menores repatriados desembarcaram do ônibus branco com placas mexicanas que estacionou na quinta-feira em frente ao abrigo estadual Nuestra Raíces, em Quetzaltenango (sudoeste), a quatro horas de carro da capital guatemalteca.

"Esses 14 dias que ficamos sem vê-la, sem saber de nada, foi terrível", diz José Mauricio, de 33 anos, que espera a filha de 16 anos.

As identidades são mantidas em sigilo. A filha de José deixou sua cidade natal, Coatepeque, há um mês, e a família soube que ela estava detida no México há 14 dias. Fez a viagem com uma prima, e ambas foram deportadas.

Apesar da dor da separação, José acredita que não há escolha a não ser migrar deste país onde 60% dos seus 17 milhões de habitantes vivem na pobreza.

"Na Guatemala não tem como ela sobreviver com seus estudos. Foi a decisão que foi tomada para ela ser alguém importante na vida. Foi difícil, é a única opção porque aqui não dá", lamenta.

Os menores de idade são os migrantes mais vulneráveis, diz a organização Save The Children: “A crise migratória na América Latina e no Caribe está impactando dezenas de milhares de crianças e adolescentes que, ao deixar seus países sem a companhia de um adulto responsável, tornam-se um dos grupos mais vulneráveis expostos a ameaças e violações de seus direitos”.

Um juiz federal americano decidiu nesta sexta-feira manter a vigência do Título 42, um decreto do governo do ex-presidente Donald Trump que permite a expulsão imediata de migrantes que buscam asilo em sua fronteira sul.

O Título 42 não se aplica a menores desacompanhados, razão pela qual muitos centro-americanos optam por enviar seus filhos sozinhos aos Estados Unidos em busca de uma vida melhor.

Embora não admitam em público, os pais comentam que pagam até 150.000 quetzales (quase 20.000 dólares) para seus filhos migrarem.

As tarifas dependem do tipo de amenidades. “Oferecem COM hotel, sem hotel, já há variedade”, diz Maripaz López, gerente do abrigo, relatando o que ouve dos migrantes. Alguns pacotes de viagem incluem três tentativas de chegada.

Mas ao longo do caminho há muitas dificuldades. "Sofrem muitas situações, os deixam sem comer, andam à noite (...) Sofrem muito, sofrem roubos, assaltos, agressões e às vezes violência sexual", diz López, que recebe semanalmente cerca de 150 menores deportados.

“Não se deixe enganar pelo sonho americano, porque o sonho americano hoje é separar as famílias”, afirma.

Um juiz ordenou nesta quinta-feira (28) a deportação de Juan Reyna, um mexicano que vive há 25 anos nos Estados em condição ilegal - anunciou sua equipe de defesa.

"Hoje se ordenou oficialmente a deportação de Juan Reyna", afirma Erika Andiola, chefe do escritório de defesa da ONG Raices, que assumiu a defesa legal do mexicano, em um comunicado enviado à AFP.

Juan, de 48 anos, chegou aos Estados Unidos em 1996. Agora, ele tem 30 dias para recorrer novamente desta decisão judicial. Esta última ratifica uma anterior, de 3 de dezembro, na qual um juiz ordenou sua expulsão para o México.

Juan Reyna está detido há mais de um ano em um centro do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE, na sigla em inglês) perto de Austin, no Texas, à espera de sua deportação.

"Não sou um perigo para a sociedade. Não sou uma ameaça para este país", disse ele por telefone, recentemente, à AFP.

Reyna recebeu o apoio dos congressistas pelo estado do Texas Lloyd Doggett e Joaquín Castro para que o ICE deixe-o em liberdade, de modo que ele possa ficar com sua mulher, Guadalupe Martínez, que tem problemas de saúde, e seus dois filhos.

De acordo com as últimas disposições do governo de Joe Biden, Juan Reyna não deveria estar detido.

Em 30 de setembro, o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, de origem cubana, instruiu as autoridades de imigração e policiais a se concentrarem na expulsão de pessoas suspeitas de terrorismo, que tenham cometido crimes graves, ou que tenham cruzado a fronteira, recentemente, de forma ilegal.

A Polícia Federal investiga como um grupo de 90 crianças e adolescentes brasileiros chegou ilegalmente aos Estados Unidos. Eles foram trazidos de volta nesta quarta-feira (26) em um voo com 211 pessoas deportadas desembarcadas no aeroporto internacional Tancredo Neves, em Confins, na região metropolitana de Minas Gerais.

Os policiais federais apuram como os menores deixaram o Brasil e as condições a que foram submetidos ao saírem do País. As crianças têm no máximo 10 anos, segundo a PF.

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O desembarque foi acompanhado pelos juizados da Infância e da Juventude de Pedro Leopoldo e de Belo Horizonte. O objetivo dos conselheiros é verificar a paternidade e maternidade das crianças. Caso não estejam acompanhadas dos responsáveis legais, o caso poderá ser tratado como tráfico de menores.

É o maior número de deportados em um único voo com destino a Confins desde 2019, segundo a BH Airport, concessionária que administra o terminal.

O Tribunal Federal da Austrália iniciou na manhã de domingo (sábado, 15, no horário de Brasília) uma audiência urgente para analisar se aceita ou não o recurso do tenista sérvio Novak Djokovic contra sua expulsão do país por não ter sido vacinado contra a Covid-19.

O presidente do tribunal, James Allsop, abriu a sessão em que deve ser decidida esta saga e a participação do atleta, número um do tênis masculino, no Aberto da Austrália a partir de segunda-feira (17).

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Recluso desde sábado em um centro de detenção, onde já passou cinco dias após chegar à Austrália em 5 de janeiro, Djokovic foi levado do antigo hotel para o escritório de seus advogados em Melbourne, de onde participa da audiência.

Composto por três juízes, o tribunal realiza a audiência convocada com urgência em sessão por videoconferência. O formato da corte e o curto período de tempo antes do início do torneio tornam a decisão muito difícil de apelar.

A equipe jurídica de Djokovic, que corre o risco de não poder retornar à Austrália por três anos se ele perder o caso, iniciou um processo argumentando que sua detenção era "ilógica", "irracional" e "insensata".

Os advogados do sérvio já salvaram em 10 de janeiro um primeiro set point, quando um juiz de menor escalão reverteu o cancelamento do visto de Djokovic e o liberou depois de dias trancado no centro de imigrantes.

Mas na sexta-feira, o governo do conservador Scott Morrison, pressionado pelas eleições de maio, ordenou novamente sua deportação, alegando, entre outras coisas, que sua oposição pública às vacinas pode dificultar a gestão da pandemia e levar a “distúrbios sociais”.

Djokovic viajou para a Austrália com uma isenção médica da exigência de vacinação concedida pelos organizadores do torneio com base em uma infecção pelo coronavírus que ele teve em dezembro, mas as autoridades de fronteira não aceitaram essa exceção.

A polêmica tem ofuscado o torneio que Djokovic pretende vencer pela décima vez. Em jogo está também o recorde de 21 Grand Slams, com o sérvio, Rafa Nadal e Roger Federer atualmente empatados em 20.

A crise migratória envolvendo haitianos se espalhou pelo México, com milhares de imigrantes retidos na fronteira sul, com a Guatemala, e outros lutando para sobreviver no norte, enquanto tentam entrar nos EUA. Nessa quinta-feira (30) o governo mexicano retomou os voos com deportados e enviou 70 pessoas de volta para o Haiti.

A Secretaria de Relações Exteriores (SRE) do México informou que o retorno de todos os imigrantes era "voluntário". O grupo decolou da cidade de Villahermosa, capital do Estado de Tabasco, para Porto Príncipe. As ações, segundo a SRE, fazem parte de acordos estabelecidos entre os dois países e tinham como objetivo "atender às necessidades dos haitianos no México".

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Marcelo Ebrard, chanceler mexicano, disse que muitos refugiados não podem pedir asilo no México porque já receberam esse status em outros países. "Temos de dar refúgio aos haitianos que não ganharam essa condição em outros países", afirmou o chanceler. "Sabemos que existem muitos, mas ainda não sabemos quantos são."

A decisão do governo mexicano foi tomada dias depois de os EUA desmontarem um acampamento provisório com 15 mil imigrantes haitianos na cidade de Del Río, no Texas. A maioria está sendo deportada em sete voos diários para o Haiti - 3,5 mil foram enviados de volta entre os dias 17 e 27 de setembro, segundo a Organização Internacional de Migrações (OIM), ligada à ONU.

Autoridades americanas confirmaram que a entrada de 12,4 mil haitianos foi liberada, para que eles possam acompanhar dentro dos EUA a tramitação do pedido de asilo. A crise migratória, mais visível no norte do México, também se desenrola no sul do país, na fronteira com a Guatemala. Na cidade de Tapachula, no Estado de Chiapas, o governo montou uma estrutura no Estádio Olímpico para receber 2 mil imigrantes.

Nesta quinta-feira, quatro agências da ONU fizeram um apelo para que governos de países da região ofereçam mecanismos de proteção ou acordos legais para defender o direito de milhares de imigrantes haitianos que estão em movimento pelo continente, principalmente com destino aos EUA.

A Agência da ONU para os Refugiados (Acnur), a Organização Internacional para Migrações (OIM), o Unicef e o Alto-Comissariado pediram que os países interrompam as deportações de haitianos "sem uma avaliação adequada". "A ONU e seus parceiros estão prestando assistência básica aos haitianos em vários pontos do trajeto e no Haiti. No entanto, é preciso fazer mais para lidar com suas vulnerabilidades", disseram as agências, em comunicado. (Com agências internacionais).

O governo americano solicitou ao Brasil autorização para ampliar a frequência de voos de deportação ao País. Os EUA pediram que o governo brasileiro concorde com três voos semanais de deportados - atualmente, há autorização para um por semana. O Itamaraty concordou com dois voos semanais. A nova periodicidade está prevista para entrar em vigor em outubro. A informação foi revelada pelo jornal Folha de S. Paulo e confirmada pelo Estadão.

No fim de maio, os EUA enviaram ao Brasil o primeiro voo fretado para deportar imigrantes brasileiros desde o início do governo de Joe Biden. A prática tornou-se frequente durante o mandato de Donald Trump, que adotou política e retórica anti-imigração - que passou a ser usada também por Biden, quando um número recorde de imigrantes começou a chegar na fronteira dos EUA com o México.

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Questionado sobre o tema, o Itamaraty afirmou que recebeu, em agosto, um pedido para ampliar a frequência de voos semanais, o que ocorrerá em outubro. A chancelaria acrescentou que o governo "consentiu, em caráter temporário e condicional", com o aumento da frequência para dois voos por semana e que o objetivo do MRE é reduzir o tempo de permanência dos brasileiros em centros de detenção americanos, especialmente durante a pandemia de Covid-19.

O governo brasileiro confirmou também a informação de que pediu aos EUA que os deportados não sejam algemados no voo - o que foi relatado por algumas pessoas enviadas de volta pelo governo americano nessa situação.

O total de brasileiros que chegaram aos EUA ilegalmente começou a crescer em 2015, mas se mantinha em patamares baixos. O grande pico nas apreensões pela patrulha fronteiriça aconteceu em 2019, quando passou de 1,6 mil casos no ano anterior para 18 mil, segundo os registros dos EUA. No ano passado, as travessias caíram em razão dos bloqueios de viagem durante a pandemia e à política estabelecida por Trump. Neste ano, o número explodiu. Só em agosto, mais de 9 mil brasileiros tentaram atravessar a fronteira americana sem visto. De outubro do ano passado até agosto deste ano, a estimativa é a de que mais de 46 mil brasileiros tenham feito esse caminho.

A autorização para ampliar os voos de deportação ao Brasil acontece no momento em que o governo americano pede para que o País receba haitianos que entraram de maneira irregular nos EUA. Na semana passada, a situação foi tratada em conversa entre o secretário de Estado, Antony Blinken, e o chanceler brasileiro, Carlos França. Os dois se reuniram em Nova York, após a abertura da Assembleia-Geral da ONU.

No encontro, segundo fontes, Blinken pediu que o Brasil acolha haitianos que estão sendo deportados. O governo brasileiro indicou que seria preciso avaliar a situação específica de cada imigrante. Crianças haitianas que nasceram no Brasil, portanto, cidadãos brasileiros, e estrangeiros com permissão de residência podem entrar no País. Já os que têm visto humanitário e deixaram o Brasil não podem pedir novamente o status temporário.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os EUA planejam despachar, a partir desta quinta-feira (23), sete voos diários para deportar em massa imigrantes haitianos que vêm cruzando a fronteira do México com o Texas. No domingo, 320 pessoas chegaram a Porto Príncipe em três voos. Ontem, foram seis. A crise só tem paralelo com o fluxo de refugiados de 1992, quando a Guarda Costeira americana realizou uma operação para barrar a entrada de haitianos que chegavam em balsas à Flórida.

Um funcionário do governo americano, que pediu para não ser identificado, ouvido pela agência Associated Press, disse que seriam quatro voos para Porto Príncipe e três para Cap-Haitien. As aeronaves sairão de San Antonio, mas as autoridades podem incluir decolagens de El Paso. Os EUA também costumam deportar um grande número de mexicanos ao longo do ano, mas sempre por terra e nunca tantos em tão pouco tempo.

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O desafio do governo americano é descobrir como lidar com o fluxo de haitianos pela fronteira mexicana. Na segunda-feira (20), 6 mil refugiados do Haiti foram removidos de um acampamento improvisado em Del Rio, no Texas, mas quase 10 mil ainda permanecem debaixo da ponte que leva a Ciudad Acuña, no México.

Ontem, o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, garantiu que os haitianos são bem-vindos. "O México não tem nenhum problema com eles, desde que respeitem as leis mexicanas", disse. Segundo Ebrard, 15% dos migrantes haitianos aceitam ficar como refugiados no México. Neste ano, cerca de 19 mil solicitaram asilo no país.

Desde o ano passado, após um acordo com o governo americano, o México aceita a entrada de deportados de Guatemala, Honduras e El Salvador - mas não do Haiti. Por isso, segundo Luis Angel Urraza, presidente da câmara de comércio de Ciudad Acuña, centenas de haitianos estavam sendo colocados em ônibus e despachados para Monterrey e Tapachula, de onde também seriam deportados em voos para o Haiti.

Claudio Bres, prefeito de Piedras Negras, a 100 quilômetros de Ciudad Acuña, disse que 70 ônibus lotados de haitianos passaram por sua cidade no fim de semana.

O empenho dos americanos para conter a entrada de haitianos vem provocando excessos. Na segunda-feira, vídeos e fotos de agentes de fronteira dos EUA chicoteando refugiados no Texas causou indignação em Washington. Ontem, o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, e o chefe da patrulha de fronteira, Raul Ortiz, defenderam a ação.

Mayorkas disse que os agentes seguravam rédeas longas, e não chicotes, para controlar seus cavalos. Ortiz afirmou que é difícil distinguir entre migrantes e contrabandistas que cruzam o Rio Grande. O Departamento de Segurança Interna, porém, prometeu uma investigação, além de ações disciplinares.

Ironicamente, as deportações em massa eram uma promessa de Donald Trump, que nunca chegou a ser concretizada. Coube a Joe Biden, que chegou à Casa branca vendendo uma imagem mais humanitária, usar o dispositivo legal para tentar resolver a crise migratória no Texas.

A maioria dos haitianos que chega aos EUA vem da América do Sul, para onde imigraram após o terremoto de 2010. Com a crise na região, muitos decidiram partir de novo, enfrentando uma arriscada viagem até os EUA. No campo improvisado de Del Rio, muitos dizem que não querem voltar ao Haiti. "O país está em crise política", disse Fabricio Jean, de 38 anos, que chegou ao Texas com a mulher e duas filhas. "No Haiti, não há segurança."

Alguns afirmaram que planejam deixar o Haiti novamente, o mais rápido possível. Outros planejam voltar para a América do Sul. Valeria Ternission, de 29 anos, contou que ela e o marido querem viajar com o filho de 4 anos de volta para o Chile, onde ela trabalhava como caixa de uma padaria. "Estou preocupada, especialmente com a criança", disse. "Eu não posso fazer nada aqui."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os Estados Unidos estão prestes a enviar ao Brasil o primeiro voo fretado de imigrantes brasileiros deportados desde o início do governo de Joe Biden. Na quinta-feira, cerca de 130 brasileiros serão mandados de volta, segundo três fontes que acompanham as questões imigratórias americanas. Os voos fretados com deportados ao Brasil tornaram-se frequentes no governo de Donald Trump, como marca de uma contestada política e de uma retórica anti-imigração.

Parte dos imigrantes acredita, no entanto, que Biden tratará melhor os indocumentados e há relatos nesta linha. Por isso, o fluxo dos que chegam ilegalmente pela fronteira com México aumentou. Autoridades que acompanham o tema e organizações de apoio aos imigrantes têm relatado o crescimento do contingente de brasileiros nessa situação.

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O número, segundo estimativas feitas por pessoas que lidam com a questão no dia a dia, é equivalente ou até superior ao patamar registrado em 2019, quando a imigração ilegal por brasileiros bateu recordes.

O total de brasileiros que chegaram aos EUA ilegalmente começou a crescer em 2015, mas ainda se mantinha em patamares baixos. O grande pico nas apreensões pela Patrulha de Fronteira dos EUA (CBP, sigla em inglês) aconteceu em 2019, quando chegou a 18 mil casos - no ano anterior, haviam sido 1,6 mil.

No ano passado, as travessias caíram em razão dos bloqueios de viagem durante a pandemia e à política estabelecida pelo governo Trump. Para diplomatas, há um fluxo reprimido de imigrantes que agora fazem a travessia a pé.

No ano passado, Trump incluiu os brasileiros no protocolo conhecido como "Fique no México", que remetia ao país vizinho automaticamente aqueles estrangeiros sem documentos apreendidos pelo serviço de fronteira, para que esperassem fora do país pela análise dos pedidos de asilo. Antes, os brasileiros aguardavam em solo americano pela decisão dos tribunais de imigração.

Segundo organizações que acompanham o tema e fontes do governo brasileiro, ao menos 30 menores de idade cruzaram a fronteira americana sozinhos ou acompanhados de adultos que não são seus responsáveis legais - e estão sob custódia americana. Há brasileiros menores de idade em abrigos no Texas, na Califórnia e em Illinois.

Em 2018, auge da crise diplomática provocada pela separação de famílias, 49 crianças brasileiras ficaram em abrigos. Além de menores, há atualmente adultos e famílias inteiras chegando aos EUA pelo México. Só em dois abrigos para famílias em El Paso, no Texas, há cerca de 300 brasileiros atualmente.

"Os brasileiros entenderam que a fronteira estaria aberta, que eles poderiam entrar, com a mudança de governo nos EUA. Provavelmente, é a narrativa

• Ilusão "A viagem não é o reino encantado que vendem para eles no Brasil. O governo americano está distribuindo as pessoas que chegam para vários lugares do país" Heloísa Galvão COORDENADORA DO GRUPO MULHER BRASILEIRA

que está sendo contada no Brasil pelos coiotes. E, infelizmente, a situação no Brasil piorou. Eles vêm com a esperança de trabalhar aqui, se sustentar e de que haverá uma reforma imigratória", afirma Heloísa Galvão, coordenadora do Grupo Mulher Brasileira.

Na campanha eleitoral, Biden prometeu trabalhar para regularizar a situação dos imigrantes ilegais que vivem hoje nos EUA, dar tratamento digno aos que chegassem pela fronteira e não deportar estrangeiros nos 100 primeiros dias de governo.

A organização coordenada por Heloísa Galvão fica em Boston, região onde está a maior comunidade de imigrantes do Brasil nos EUA. Ela recebe ligações e pedidos de ajuda dos recém-chegados ou dos parentes de imigrantes detidos diariamente.

"A viagem não é o reino encantado que vendem para eles no Brasil. O governo americano está distribuindo as pessoas que chegam para vários lugares do país, porque estão com os centros de detenção lotados", afirma Heloísa.

Segundo fontes com acesso aos trâmites de deportação, o voo só não partiu antes dos EUA porque autoridades americanas discutiam como providenciar o teste negativo de covid-19 para todos os brasileiros que serão deportados. Desde 30 de dezembro, todos os passageiros que entram no Brasil precisam apresentar um exame PCR.

O Itamaraty não respondeu à reportagem do Estadão sobre o voo, mas afirmou que já foi informado sobre o caso e as autoridades consulares brasileiras nos EUA estão prestando assistência às famílias.

Ainda de acordo com a chancelaria, por meio de suas repartições consulares nos EUA, "o governo presta toda a assistência possível a brasileiros privados de liberdade em solo americano, respeitando os tratados internacionais vigentes, como a Convenção de Viena sobre Relações Consulares, e a legislação local".

O questionamento sobre o voo foi enviado à agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE), à CBP, ao Departamento de Segurança Interna, ao Departamento de Estado americano, à Embaixada dos EUA em Brasília e à Casa Branca, que não responderam à reportagem. O CBP encaminhou dados mensais referentes às apreensões na fronteira em abril, que especificam o número de brasileiros que entraram ilegalmente.

Novo governo foi chance para buscar filho

Henrique alugou e mobiliou um novo apartamento em Boston para esperar pela chegada do filho. Ficou combinado que o adolescente repetiria os passos do pai e tentaria entrar nos EUA através da fronteira com o México, após fracassadas tentativas de conseguir o visto americano. Mas, desta vez, a promessa de coiotes em Sardoá, cidade de 5 mil habitantes próxima a Governador Valadares, era que os percalços do caminho eram coisa do passado e, no novo governo americano, o jovem seria entregue ao pai sem riscos.

"Falaram que me entregariam ele na mão, mas a história foi outra", conta Henrique, nome fictício de um mineiro de 40 anos, quase metade deles vividos nos EUA sem documentação. O filho, então com 17 anos, fez uma viagem menos turbulenta que a encarada pelo pai em 2003. Em vez de atravessar o Rio Grande e chegar pelo Texas, com dias sem comer, o jovem chegou de avião a Cancún e de lá foi para Tijuana - o México é um dos poucos países que não restringe a chegada de viajantes do Brasil na pandemia.

Após cruzar por terra a divisão entre México e Califórnia, foi apreendido por agentes de imigração e engrossou o número de brasileiros que chegaram aos EUA ilegalmente desde a posse de Joe Biden. "Ele não comia direito, não dormia. Podia fazer duas ligações por semana só. Fiquei muito preocupado, ele nunca tinha saído do Brasil", conta o pai. "Não pensei se o governo era Trump, Obama, ou Biden na hora que ele chegou. Só queria liberar meu filho."

"Ele veio nesse esquema ‘caicai’, que é o de todos", conta o pai. "Você chega e se entrega para a imigração, eles tornam mais fácil a chegada se mãe ou pai estão nos EUA", explica.

Mas no caso deles o risco da estratégia dar errado era alto, pois o jovem completaria 18 anos logo após a chegada aos EUA. Com isso, deixaria de ser liberado para viver com o pai, por ser considerado adulto. "Até que o povo da imigração me ligou e falou: queremos que seu filho passe o aniversário com você.

Queremos liberá-lo antes do aniversário", conta Henrique, o que foi visto como uma conquista por organizações de apoio ao imigrante que ajudaram nas tratativas.

Especialistas e autoridades locais relatam que o tratamento aos imigrantes no governo Biden é menos hostil. Os agentes de imigração têm pedido até ajuda a diplomatas dos países de onde são os imigrantes, numa posição colaborativa, segundo relatos ao Estadão. Menores com pais nos EUA têm sido rapidamente liberados para ficar com a família, ainda que ninguém tenha documentação.

Henrique se gaba de ter deixado a pobreza para trás e, hoje, trabalhando com construção nos EUA, "ser considerado rico". O filho, diz ele, veio em busca do mesmo: "Aqui ele vai estudar inglês e no futuro podemos montar uma empresa. Já a vida no Brasil continua muito difícil".

Mão de obra. Entidades que trabalham no auxílio a imigrantes brasileiros que chegam sem documentos aos EUA indicam a demanda por mão de obra, com a recuperação da economia americana, após o início da vacinação contra a covid-19, como um dos fatores que mais atraem brasileiros ao país. Outro motivo, dizem esses grupos, é a troca de governo em janeiro.

Solange Paizante, coordenadora da Mantena Global Care, associação que apoia imigrantes em Newark, em New Jersey, também afirma que a garantia de um posto de trabalho tem motivado os brasileiros.

Muitos, especialmente homens, já chegaram com um contrato engatilhado. "Os restaurantes têm nos pedido mão de obra, pois estão voltando a operar e não encontram gente para trabalhar", afirma a coordenadora da Mantena. Os dados de trabalho nos EUA mostram que, enquanto milhões ainda estão desempregados, há empregadores que têm dificuldade de achar mão de obra.

O número de imigrantes que cruzam a fronteira do México com os EUA bateu o índice mais alto nas últimas duas décadas, em março e em abril. Só no mês passado, 178 mil imigrantes foram apreendidos.

O ICE (Agência de Imigração e Fiscalização Alfandegária dos EUA) deportou menos de 3 mil imigrantes em abril, o patamar mais baixo da história para o mês, segundo o jornal Washington Post. Mas os voos com deportados seguem como uma estratégia. O grupo Witness at the Border contabilizou 21 voos em uma só semana em fevereiro.

A autorização sistemática para que os EUA enviem ao Brasil voos de deportação começou em 2019, no governo de Jair Bolsonaro. "Não há justificativa para o governo brasileiro autorizar esses voos. Todos os relatos indicam que os imigrantes viajaram algemados, em voos longuíssimos, com muitas paradas e sem o que comer", disse Heloísa Galvão, coordenadora do Grupo Mulher Brasileira.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A preocupação aumenta entre os milhares de estudantes estrangeiros nos Estados Unidos ameaçados de deportação pelo governo americano, se não retomarem as aulas presenciais, apesar do aumento do número de casos e de óbitos por coronavírus no país.

Apenas nas universidades públicas da Califórnia, que anunciaram cursos virtuais a partir de setembro, quando começa o primeiro semestre do ano letivo, existem mais de 40.000 estudantes estrangeiros. Em Harvard, que suspendeu cursos presenciais por todo ano, eles são cerca de 5.000.

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Na segunda-feira, a Polícia de Imigração dos EUA (ICE, na sigla em inglês) anunciou a revogação dos vistos de estudantes universitários que não estiverem inscritos em cursos presenciais.

Os estudantes estrangeiros se tornaram, com isso, vítimas colaterais da pressão por parte do presidente dos EUA, Donald Trump, para forçar a reabertura de todas as escolas e universidades do país, embora a pandemia esteja longe de estar sob controle. Desde março, já são quase três milhões de casos e mais de 131.000 mortes no país.

A Universidade de Harvard e o MIT entraram na Justiça na quarta-feira (8) para bloquear a decisão "arbitrária e caprichosa" do governo.

"Chegou sem aviso prévio, e sua crueldade perde apenas para sua irresponsabilidade", disse o presidente da Universidade de Harvard, Lawrence Bacow.

"Eu posso ser afetado, se eles não oferecerem cursos presenciais", disse Taimoor, de 25 anos, estudante paquistanês na Cal State Public University, em Los Angeles.

"Estou preocupado. Isso pode mudar meu futuro e meus projetos", desabafou.

Um estudante indiano matriculado em um mestrado em uma grande universidade do Texas conta que planejava fazer cursos on-line neste outono (primavera no Brasil) para evitar o contágio da COVID-19.

Ele já teve cursos virtuais no último semestre, mas agora será forçado a retornar fisicamente para a universidade para não perder o visto.

"O custo do tratamento no hospital é muito maior do que no meu país", diz esse jovem de 25 anos, que pediu para não ser identificado. "Então eu tenho medo", afirmou.

"Eu falo com muitas pessoas que estão realmente assustadas", acrescentou.

"Estamos sozinhos em um país estrangeiro. Não tenho ninguém para cuidar de mim", em caso de doença, acrescentou.

Uma estudante indiana que faz mestrado em Engenharia Eletrônica em uma grande universidade do Arizona, um dos focos do novo coronavírus, também tem medo.

Ela sabe que terá de voltar ao campus para concluir seu trabalho de pesquisa e garantir sua posição de tutora para alunos mais jovens, apesar de "parecer muito difícil controlar a propagação do vírus em um campus tão lotado".

A maioria das universidades americanas (84%, de acordo com o site Chronicle of Higher Education) é voltada para uma fórmula presencial, ou híbrida, que combina cursos virtuais e ensino presencial. Isso permitiria aos estudantes evitar a deportação, com a qual são ameaçados pelo governo Trump.

Algumas, como a Universidade do Sul da Califórnia (USC), que anunciou inicialmente que quase todos os cursos estariam on-line, estão considerando oferecer mais cursos presenciais.

- "Injusto" -

Muitos temem o ressurgimento da pandemia no outono (primavera no Brasil). Isso forçaria os estabelecimentos a retornarem à educação virtual, e os estudantes estrangeiros teriam de deixar o país.

O governo "não pode controlar o vírus. Isso pode acabar mal", disse a futura engenheira indiana, que viverá "em um estado de inquietação permanente" até o final do próximo semestre.

"Investi três anos da minha vida e trabalhei duro para obter esse diploma. Se meu visto for revogado, seria terrível", lamentou.

O número de estudantes estrangeiros nos Estados Unidos dobrou em 15 anos e, desde 2015, encontra-se estável no patamar de quase um milhão, segundo o Instituto de Educação Internacional.

O custo proibitivo da maioria das universidades americanas, o aumento de universidades concorrentes, especialmente na Europa, e a política de imigração de Trump tornaram os Estados Unidos um país menos atraente para ir estudar.

As decisões recentes "correm o risco de enfraquecer uma das maiores vantagens dos Estados Unidos, seu sistema educacional, o melhor do mundo" para o ensino superior, alerta Aaron Reichlin-Melnick, do Conselho Americano de Imigração (AIC, na sigla em inglês).

Até então, a futura engenheira indiana que estuda no Arizona queria ficar nos Estados Unidos para fazer um doutorado, e talvez até mais. Hoje, porém, ela tem dúvidas, diante "do tratamento dos imigrantes e das pessoas com vistos temporários por parte do governo".

O presidente Jair Bolsonaro elogiou o presidente americano Donald Trump por "atender" aos imigrantes latinos. "Por que o Trump é tão criticado pela imprensa dos Estados Unidos? O cara diminuiu desemprego, melhorou economia, atendeu aos latinos que já estão lá", disse o presidente a apoiadores que o aguardavam na saída do Palácio da Alvorada. "Notícia boa, a imprensa não vende? Será que é isso?", questionou Bolsonaro nesta terça-feira.

Desde a eleição, Trump endureceu o discurso contra a entrada de imigrantes nos Estados Unidos. No final de janeiro, o governo dos EUA cobrou uma ação mais "agressiva" por parte do Brasil para conter o fluxo de imigração ilegal para o país, logo após remeter a Minas Gerais um voo com cerca de 70 brasileiros deportados, parte deles transportados algemados. Na última sexta-feira, chegaram a Belo Horizonte outros 130 brasileiros deportados.

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As deportações atuais fazem parte de novo entendimento entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos, que facilita o procedimento de saída de imigrantes considerados ilegais do país.

Apesar dos elogios, Bolsonaro não quis comentar a retirada do Brasil da lista dos Estados Unidos de países em desenvolvimento, o que garantia privilégios comerciais, publicada nesta segunda-feira. Ao ser questionado pela imprensa sobre o tema, Bolsonaro foi embora. A decisão faz parte de um acordo costurado pelo presidente brasileiro para conseguir apoio dos americanos para o ingresso do Brasil na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

A mudança facilita o que se chama de investigação de direito compensatório, que pode punir países que lançam mão de subsídios comerciais considerados injustos. Além do Brasil, estão na lista cerca de outros 20 países como China, Argentina, África do Sul e Índia.

O governo dos Estados Unidos deportou cerca de 130 brasileiros em novo voo fretado enviado ao Brasil nesta sexta-feira, dia 7, e que chegou ao País na madrugada deste sábado, 8. A aeronave partiu do Texas com destino a Minas Gerais.

Este é o terceiro voo do tipo operado pela administração Donald Trump. Conhecidos pela sigla ICE Air, do órgão de controle de imigração e aduaneiro norte-americano, os voos foram reativados com anuência do governo Jair Bolsonaro.

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No ano passado, um voo com cerca de 70 brasileiros foi o primeiro. No mês passado, houve um segundo com cerca de 50 pessoas - parte delas relatou ter viajado algemada.

No último dia 29 de janeiro, o Departamento de Segurança Interna anunciou que começaria, alternativamente, a encaminhar ao México famílias de brasileiros que entraram ilegalmente nos Estados Unidos e foram detidas, para que aguardem no país latino, em região de fronteira, o julgamento de seus recursos pela Justiça americana.

Em pronunciamento, o porta-voz do departamento, o secretário adjunto Ken Cuccinelli, sugeriu que o Brasil deve operar - e custear - voos próprios para repatriar os cidadãos de nacionalidade brasileira, além de agir mais "agressivamente" para conter a imigração, como parte das iniciativas para ser considerado um "bom parceiro".

Em visita aos EUA, o chanceler Ernesto Araújo disse ontem que não falou com autoridades americanas sobre a deportação de brasileiros ilegais para o México. "O principal para nós é não contestar a lei americana", afirmou. "Nossa preocupação sempre, através do setor consular, é que não haja discriminação contra brasileiros dentro do processo legal de cada país. Mas, para nós, o principal é receber esses brasileiros de volta."

Há uma semana, pelo menos dez brasileiros foram enviados pelos EUA para Ciudad Juárez, no México, para que esperassem no país vizinho os pedidos de asilo. O grupo, que inclui quatro menores, chegou ao local no mesmo dia que o governo americano anunciou a inclusão do Brasil nos Protocolos de Proteção do Migrante (MPP).

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Advogados e ativistas dos direitos humanos da cidade americana de El Paso, no Texas, criticam o envio de brasileiros para Ciudad Juárez, uma das cidades mais violentas do mundo. Segundo eles, diferentemente dos imigrantes centro-americanos, os brasileiros não entendem espanhol e estão mais vulneráveis à ação dos cartéis.

Ontem, o chanceler classificou o envio dos brasileiros ao México como uma "questão de logística do sistema de imigração americano". Araújo repetiu pelo menos seis vezes durante entrevista em Washington que o governo brasileiro está recebendo de volta "sem problemas" os cidadãos deportados.

"O Brasil está permanentemente aberto a receber os voos que trazem os brasileiros. Imagino que, para os brasileiros, já que têm de ser deportados, o melhor é voltar para o País. Estamos aceitando plenamente esse transporte justamente para receber de volta o mais rapidamente possível esses brasileiros."

 

No último dia 24, um grupo de cerca de 50 brasileiros foi deportado dos EUA em um voo que partiu de El Paso para Belo Horizonte. Passageiros relataram maus-tratos em prisões americanas. Muitos disseram ter passado fome e frio.

Na volta, eles viajaram com os pés e as mãos algemados. O Serviço de Imigração e Fiscalização Aduaneira dos EUA (ICE, na sigla em inglês) informou que "indivíduos presos e sob custódia das forças federais de segurança estão sujeitos a serem algemados".

O voo foi o segundo com deportados brasileiros a chegar ao Brasil em cerca de três meses. As deportações fazem parte de novo entendimento entre os governos de Jair Bolsonaro e Donald Trump, que facilita o procedimento de saída de imigrantes ilegais.

Em reunião ontem com o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, Araújo disse que não tocou no assunto. "Não conversamos sobre isso, porque é uma coisa que já está acontecendo e não está causando nenhum problema", disse. "Se realmente estivesse havendo discriminação, a gente veria isso."

Até então, os EUA enviavam para o México imigrantes de Guatemala, El Salvador e Honduras - cerca de 60% do total -, além de Cuba, Venezuela, Equador e Nicarágua. O Brasil agora faz parte da lista. Os imigrantes, no entanto, correm grande risco em cidades da fronteira mexicana, que são pontos de passagem de droga e têm forte presença de cartéis violentos. (com agências internacionais)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Ministério das Relações Exteriores informou ontem que foi oficialmente comunicado pelo governo do presidente Donald Trump sobre o envio ao México de cidadãos do Brasil detidos na fronteira. Em nota, o Itamaraty confirmou que as autoridades americanas passaram a aplicar aos brasileiros o "Protocolo de Proteção ao Migrante (MPP)".

"O consulado (do Brasil na Cidade do México) não relatou pedido de assistência por parte dos brasileiros enviados a Ciudad Juárez. Trata-se de brasileiros que ingressaram regularmente no México e poderão permanecer em território mexicano pelo tempo estabelecido pela legislação mexicana", afirmou o Itamaraty, em nota.

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A diretora e cofundadora do ONG Grupo Mulheres Brasileiras, Heloísa Galvão, disse ontem ao jornal O Estado de S. Paulo ter conversado com ONGs do México que recebem os imigrantes brasileiros que têm chegado em Ciudad Juárez, recordista de feminicídios no México. "A cidade é conhecida como a que mais mata mulher no mundo. Imagina as mulheres brasileiras lá? Com crianças pequenas?", disse Heloísa.

Críticas

De acordo com a ativista, cuja ONG presta assistência a imigrantes, essas famílias de brasileiros estão correndo vários riscos. Primeiro, na travessia para os EUA, na própria prisão americana e, depois, quando são mandadas para o México, para aguardar o julgamento de seu pedido de asilo.

"Qualquer pessoa que seja mandada para Ciudad Juárez tem um preço na cabeça, porque é assim que funciona lá. Se os mexicanos já são mortos, imagine os brasileiros. Vai aumentar o índice de criminalidade, de exploração, de morte, de abuso."

Heloísa se queixa de que o Brasil esteja priorizando uma relação com o governo americano às custas do bem-estar dos brasileiros. "Nunca vi isso na política externa brasileira. Nunca vi outro país defender um outro governo estrangeiro em vez de defender seus cidadãos." (Colaborou Felipe Frazão)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na semana em que pelo menos 50 brasileiros foram deportados dos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro foi cauteloso ao tratar do assunto e se limitou a dizer que as leis dos países devem ser respeitadas.

"(Em) Qualquer país as suas leis têm que respeitadas. Qualquer país do mundo onde as pessoas estão lá de forma clandestina é um direito daquele chefe de Estado, usando da lei, devolver esses nacionais", afirmou o presidente ao chegar ao hotel em que está hospedado em Nova Délhi, na Índia, onde participa de uma missão de quatro dias.

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Questionado se teria conversado com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre o tema, respondeu que não.

"Ficou no campo da chancelaria. Lamento que muitos brasileiros foram buscar novas oportunidades lá fora e voltem deportados. Lamento, mas a política tem que respeitar a soberania de outros países".

O presidente também aproveitou para criticar a lei de imigração brasileira.

"Nenhum país do mundo tem isso que temos lá, é uma vergonha. O pessoal chega no Brasil com mais direito que nós, isso não pode acontecer. Se abrir as portas como está previsto, o País pode receber um contingente muito grande."

Nenhum país do mundo tem isso que temos lá, é uma vergonha. O pessoal chega no Brasil com mais direito que nós, isso não pode acontecer.

A lei de imigração vigente no país data de 2017 e foi sancionada pelo presidente Michel Temer (MDB). Críticos entendem que ela facilita demais a entrada de estrangeiros no País, enquanto apoiadores afirmam que trata a questão pelo enfoque dos direitos humanos e do desenvolvimento econômico do País, e não mais como um tema apenas de segurança nacional, como era o caso do antigo Estatuto do Estrangeiro, de 1980 - época da ditadura militar.

Homenagem a Gandhi

Bolsonaro está na Índia desde esta sexta-feira (24), a convite do primeiro-ministro Narendra Modi para participar do Dia da República da Índia, que será comemorado no domingo (26).

Neste sábado, o presidente se reuniu com o primeiro-ministro e com altas autoridades do governo indiano. Foram formalizados 15 atos para facilitar o comércio, os investimentos e a cooperação entre o Brasil e a Índia. Bolsonaro levou flores ao memorial do líder pacifista Mahatma Gandhi, decisivo na independência da Índia em 1947, uma tradição de chefes de Estado que visitam o país asiático.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, revogou a Portaria 666, editada em julho deste ano para regular a "deportação sumária" de pessoas suspeitas de serem perigosas ao Brasil, e publicou uma nova regra mais branda. Bastante criticada, a primeira portaria previa a deportação sumária dessas pessoas em até 48 horas. O novo texto amplia o prazo para cinco dias.

Na ocasião, Moro justificou as regras mais duras como uma forma de impedir que pessoas suspeitas de condutas criminosas graves continuem no País. A portaria de julho chegou a ser considerada por parlamentares de oposição como uma tentativa de intimidação ao jornalista americano Glenn Greenwald, editor do site The Intercept Brasil e responsável por publicar supostas mensagens vazadas por hackers de integrantes da força-tarefa da Lava Jato. O ministro negou que essa fosse a intenção.

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Dentre as mudanças, a nova portaria diz que será considerada perigosa ou que tenha praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na Constituição Federal aquela pessoa sobre a qual "recaem razões sérias" que indiquem envolvimento em um dos crimes que justifiquem a deportação: terrorismo; grupo criminoso organizado ou associação criminosa armada ou que tenha armas à disposição; tráfico de drogas, pessoas ou armas de fogo; ou pornografia ou exploração sexual infantojuvenil. Na portaria revogada, para que uma pessoa fosse considerada perigosa bastava apenas que ela fosse "suspeita" da prática desses crimes.

O dispositivo da portaria anterior que determinava sigilo aos motivos que levaram ao enquadramento das pessoas como perigosas e que estariam sujeitas a deportação também ficou de fora no novo texto. A portaria de hoje cita, porém, que na hipótese em que haja necessidade de restrição de acesso, a unidade central da Polícia Federal indicará as informações disponíveis, nos termos da legislação vigente.

A nova portaria está publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta segunda-feira, dia 14. O texto foi antecipado pelo jornal O Estado de S. Paulo. O ministro Moro disse ao jornal que "o novo texto deixa expressa algumas medidas que estavam na portaria anterior, mas, como não estavam explícitas, havia dúvidas sobre o real alcance".

Sob sigilo, funcionários do governo brasileiro teriam dito que Brasília está facilitando a deportação de brasileiros sem passaporte dos EUA, após ameaças de sanções de Washington.

Ao realizar uma viagem internacional, as companhias aéreas e governos exigem que o passageiro tenha um passaporte válido, salvo raras exceções.

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No entanto, três funcionários do governo brasileiro teriam dito em sigilo à Reuters que, em junho, a Polícia Federal teria enviado às companhias aéreas permissão para o transporte de brasileiros deportados dos Estados Unidos sem passaporte.

Sendo assim, a simples apresentação de um certificado de nacionalidade, emitido por consulado brasileiro, seria o suficiente para que o deportado fosse repatriado ao Brasil.

Ameaças

A decisão teria vindo direto de Brasília, após ameaças de sanções por parte de Washington. Segundo as fontes, desde que o presidente Trump assumiu seu cargo, iniciou-se um grande combate à imigração ilegal, tendo sido tomadas medidas para agilizar os processos de deportação.

No entanto, muitos dos brasileiros detidos pelo Serviço de Imigração e Controle de Aduanas dos Estados Unidos (ICE) não teriam passaporte válido para voltar ao Brasil. Hoje, os brasileiros são a sexta nacionalidade mais deportada dos Estados Unidos.

A decisão do governo brasileiro teria sido facilitada devido às boas relações entre os presidentes americano e brasileiro, Donald Trump e Jair Bolsonaro respectivamente.

Atualmente, muitos países possuem acordos com os Estados Unidos que permitem a deportação de cidadãos não munidos de passaporte.

Da Sputnik Brasil

Chamada de "os invisíveis" ou "os outros sonhadores", uma geração única começa a ser formada no México mostrando que o problema migratório com os EUA vai além de um muro. Estudos mostram que os americanos filhos de mexicanos ou casais mistos - americanos e mexicanos - levados para o México mais que dobraram entre 2000 e 2015. Hoje, são quase 600 mil menores de 18 anos nascidos nos EUA.

O número se destaca quando comparado com o total da população de mexicanos nascidos no exterior que vive no país: apenas 1,2 milhão em um universo de 127 milhões de habitantes.

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Essa geração de jovens que tem passado por grande desafio de integração à sociedade mexicana é resultado de um retorno em massa que os imigrantes mexicanos experimentaram nos anos anteriores à chegada do presidente Donald Trump ao poder.

Ainda que haja outros fatores, as principais explicações, segundo Claudia Masferrer, professora do Centro de Estudos Demográficos, Urbanos e Ambientais do Colégio de México, são a crise financeira de 2008 nos EUA e o grande número de deportações durante o governo Barack Obama.

Sem emprego, muitas famílias decidiram voltar para seu país. Algumas deixaram seus filhos com parentes nos EUA, mas outras levaram esses americanos que, em muitos casos, nem sequer falavam espanhol.

Claudia explicou, em entrevista ao Estado, que esses jovens têm passado por vários problemas de adaptação. Em muitos casos, sem documentos de identificação mexicano ainda, eles não conseguem ter acesso, por exemplo, às escolas.

Estima-se que eles representem 3% dos estudantes das escolas públicas do México. Segundo a professora, que teve como base os últimos censos para elaborar seu estudo (em parceria com outras duas pesquisadoras), a dificuldade é esclarecer a toda a rede de ensino, incluindo dos lugares mais remotos, a situação dessas crianças. "Essas crianças e jovens estão espalhados por todo o país", afirma Claudia.

Escola na fronteira

Por esse motivo, grande parte das famílias decidiu viver na região de fronteira entre México e EUA. Assim, os filhos americanos das famílias mexicanas podem continuar frequentando escolas nos EUA, uma realidade que observadores afirmam estar longe da ideal. Em uma reportagem da revista California Sunday Magazine de janeiro, a professora de sociologia do Colegio de la Frontera Norte Maria Dolores Paris Pombo afirmou que são estudantes que não conseguem se adaptar ao México e, ao mesmo tempo, não pertencem aos EUA. "É uma geração que foi deixada no meio", afirmou ela à revista.

As implicações de se ter famílias e estudantes transnacionais, segundo Cláudia, é apenas mais uma prova de como os dois países estão integrados em diferentes aspectos, não só na economia, mas com suas populações.

E apesar de toda a crise migratória criada na fronteira dos EUA com o México sob o governo Donald Trump - atingindo principalmente imigrantes da América Central -, o problema para os mexicanos foi maior nos anos Obama, segundo ela. Em seus oito anos de governo, Obama deportou 3 milhões de imigrantes mexicanos.

"Trump tem feito muito barulho na mídia, mas Obama deportou um número muito maior de mexicanos. Mais até que os governos passados e não sabemos o por quê", disse.

Ainda que os números do governo democrata tenham sido muitos maiores, a especialista afirma que hoje o temor de ser deportado nas comunidades de imigrantes é muito maior. "O dia a dia das pessoas mudou demais porque elas sentem que serão deportadas a qualquer momento, mesmo que não estejam presas." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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