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A cidade de Nova York registrou, no fim do mês de abril, um aumento de casos de intoxicação por desinfetante após uma declaração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O motivo? A fala do mandatário sugeria que a ingestão do produto poderia ajudar no tratamento e prevenção do coronavírus. Alegação, obviamente, sem nenhum fundamento mínimo. Acontece que ela impactou e influenciou cidadãos desesperados por alguma maneira de eliminar ou barrar o vírus que se prolifera a galope pelo mundo. Estes, por sua vez, nem ao menos pensaram sobre o que falara o presidente: ele não sugeriu que desinfetante fosse consumido, apenas fez uma suposição inadequada.

Esse episódio, junto com vários outros que presenciamos cada vez mais corriqueiramente, demonstram o perigo da falta de informação, ou da informação errada. Em tempos de pandemia e quarentena, informação também é arma de combate, também salva vidas. Por isso, estar atento à boa informação, prestada por canais qualificados e de reputação, se faz tão necessário. E aqui entramos, inevitavelmente, na questão das notícias falsas, ou fake news. O número de informações inverídicas que têm circulado pela internet vem crescendo substancialmente, sem freio ou controle. É muito fácil apertar dois botões do smartphone e espalhar uma notícia falsa, propositalmente ou por engano. Também é muito fácil acreditar em qualquer coisa que se ouve falar, sem refletir sobre o real sentido daquilo.

Ainda não há uma lei que criminalize a produção ou o compartilhamento de fake news no Brasil. No entanto, já há casos de uso da Lei de Contravenções Penais, de 1941, como tentativa de coibir a proliferação das notícias falsas durante a pandemia do coronavírus. O texto define pena de prisão até seis meses para quem "provocar alarme”, anunciando desastre ou perigo inexistente, ou praticar qualquer ato capaz de produzir pânico ou tumulto". Ainda precisamos de uma lei robusta e que puna exemplarmente os responsáveis por tais mentiras.

Necessitamos, também, e talvez com mais urgência, educar a população para não disseminar qualquer conteúdo, nem acreditar em tudo. Todo mundo tem aquela tia que vive encaminhando mensagens repletas de casos falsos. É essa população que precisa de mais informação e orientação. As fake news, em sua maioria, são detectáveis. Algo soa estranho ali. Uma busca rápida no Google pode tirar a dúvida sobre a veracidade da informação.

Estamos passando por um momento muito delicado, em que muitas pessoas estão abaladas e procuram se agarrar a qualquer fio de esperança, ou mesmo se desesperam com qualquer informação que recebem. Nessa realidade, é preciso combater as fake news com especial empenho, pois elas são tão nocivas quanto o próprio vírus.

Os reflexos do coronavírus, sobretudo na economia americana, estão levando o presidente Donald Trump à declarações cada vez mais polêmicas. Pressionado pela ala republicana, que almeja a reabertura definitiva dos Estados, nessa quinta-feira (23), o mandatário sugeriu a possibilidade de injeções de desinfetante para o tratamento da pandemia.

"E aí eu vejo o desinfetante, que derruba [a Covid-19] em um minuto. Um minuto! E tem um jeito de a gente fazer algo, uma injeção dentro ou quase uma limpeza? Porque, veja bem, ele entra nos pulmões e faz um trabalho tremendo nos pulmões, então seria interessante checar isso. Então, será preciso ver com os médicos, mas soa interessante para mim", declarou em uma coletiva da Casa Branca.

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Na busca incessante pela cura que ponha a população na rua e reverta a paralisação do comércio, Trump também indicou dar uma chance ao tratamento com radiação ultravioleta. "Talvez seja possível, talvez não seja. Eu não sou médico. Mas eu sou, tipo, uma pessoa que tem um bom você sabe o quê", complementou, mesmo sem estudos científicos que garantam a eficácia da terapia com luz.

Vale destacar que, tanto o consumo de desinfetante, quanto a exposição à radiação ultravioleta podem acarretar em sérios riscos à saúde. Procurado pela CNN, um funcionário da agência de vigilância sanitária americana reagiu às declarações do presidente. "Eu certamente não recomendaria a ingestão interna de desinfetante", pontuou o especialista Stephen Hahn.

Dezenas de pessoas podem ter sido mortas após uma ex-enfermeira utilizar desinfetantes nas bolsas de administração intravenosa. Após ter sido detida no final de semana passado, Ayumi Kuboki, de 31 anos, acabou confessando o assassinato de dois pacientes, num hospital de Yokohama.

Num curto período de três meses, no ano de 2016, 48 pacientes morreram de forma não comum, já que foram encontrados traços de cloreto de benzalcônio, substância presente nos desinfetantes utilizados para a limpeza da enfermaria. 

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Segundo publicação do Extra, a ex-enfermeira preparava tudo para acontecer quando ela não estivesse de plantão. A acusada afirmou ainda que estava administrando o desinfetante em outros 20 pacientes, sempre mirando nos que estivessem num estado mais crítico de saúde.

Ayumi era considerada uma profissional competente. Ela trabalhava no Hospital Oguchi desde 2015. Foi afastada da unidade de saúde apenas no mês passado. As investigações seguem, mas a polícis admite ser difícil estabelecer a causa de todas as mortes suspeitas, já que os corpos haviam sido cremados.

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