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Famosa por sua diversidade cultural e por seus monumentos arquitetônicos, Olinda, na Região Metropolitana do Recife, também é berço e abrigo da arte. Nesta quarta-feira (8) é comemorado o Dia do Artista Plástico, e para celebrar a data o LeiaJá conversou com quatro artistas da cidade, que vivem exclusivamente da arte e têm obras espalhadas pelo mundo. Eles contaram um pouco de suas histórias e falaram sobre os prazeres e dificuldades de exercerem a profissão. Conheça:

Tarcísio e Suzana Andrade

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Com portas amarelas e árvores ao redor, a casa dos artistas Tarcísio Andrade e Suzana Andrade, numa rua do bairro de Jardim Fragoso, fica ainda mais exultante quando se adentra no recinto. Com obras espalhadas pelo corredor da área externa da residência, o ateliê projetado para ser nos fundos ganhou a casa toda. O casal trabalha com pintura, mas o carro chefe e xodó de Tarcísio são os trabalhos feitos com madeira, em que ele constrói diversos tipos de cenários e dá vida a inúmeros personagens da história.

Nascido num berço artístico, Tarcísio vendeu sua primeira peça em 1969, quando tinha apenas 11 anos. “Eu era um garoto ainda, bem jovem. Meu pai perguntou onde eu tinha pego aquele dinheiro. E eu respondi ‘Não pai, foi do meu primeiro trabalho, que eu vendi na Ribeira’”, relembra o artista.

Formada em psicologia, a esposa de Tarcísio, Suzana, sempre gostou de desenhar. Tinha como ‘brinquedo’ predileto o papel e o lápis. Mas profissionalmente, a arte surgiu há 30 anos e como forma de auxiliar na renda doméstica. “Com o tempo eu fui me familiarizando as cores, as tintas”, conta. O casal não esconde o orgulho quando fala de seu trabalho. No entanto, o sorriso se extingue ao discutir a valorização dos artistas na cidade de Olinda e os entraves estabelecidos pelo Governo no que diz respeito a exportação das obras. “Eu desisti de vender um trabalho, porque eu fui fazer uma pesquisa de preço, de custos. É caro e complicado mandar um trabalho pra fora”, lamenta Tarcísio.

Heverton Crisóstomo

Nascido e criado em Olinda, Heverton Crisóstomo tem uma rotina voltada para arte. Com 33 anos de carreira e um cenário digno de cena de novela no Alto da Sé, o espaço de produção do artista tem vista panorâmica da cidade e junto com a música, funciona como inspiração para suas pinturas. Seu primeiro trabalho nasceu no final dos anos 1980 e desde então Heverton não parou mais.

No início, ele teve apenas apoio parcial da família e até tentou trabalhar com contabilidade, profissão do pai, mas não teve êxito. “Eu percebi que a arte era meu único caminho. Não sabia se iria viver dela”, revela.

O artista produz diariamente e não só para comercialização, mas também para presentear amigos que apreciam seu trabalho. “Não é uma doação, é um presente mesmo. Por que independente de que aquela pessoa nunca comprou ou nunca comprará, eu quero que aquela pessoa tenha uma obra minha. Eu quero deixar um legado justo, onde eu conseguir vender mas também conseguir fazer com que qualquer pessoa, que às vezes não pode comprar uma obra minha, tenha acesso a minha obra e também tenha acesso a arte”, conta.

Uendell Rocha

Bombeiro Militar durante 8 anos, Uendell Rocha, natural da cidade de São José do Ribamar, no Maranhão, optou por usar o carvão em sua obras. Com apoio só de amigos, no começo de sua trajetória, sua primeira exposição profissional aconteceu em 1999 e teve como protagonista o trabalho intitulado ‘Mulheres de Carvão’, que contava com a imagem de 13 mulheres reais e fictícias.

“Minha família achava que trabalhar com arte é maior 'roubada', que morre de fome no Brasil se trabalhar com arte, mas eu acreditei e não tô morrendo de fome ainda não", conta, descontraído. No entanto, a visão da família mudou após a primeira mostra e a mãe do artista se emocionou com o feito do filho.

Após a morte dos pais, o artista passou por um período de muita dor e tristeza, até que dois amigos o chamaram para vir a Pernambuco e, desde 2012, Uendell se divide entre Olinda e o Maranhão. ‘Aqui foi meu primeiro laboratório, vivo mais tempo aqui do que no Maranhão’, explica, ressaltando o apego pela cidade Patrimônio Histórico, Arquitetônico e Cultural.

Materiais recicláveis também ganham utilidade no ateliê de Uendell, que fica na Ladeira de São Francisco, no Carmo, e viram suporte para tela e molduras para suas peças. Quando possível, ele também produz seu próprio carvão. O artista atribui a possibilidade viver da arte como fruto da sua insistência. “Eu já cheguei aqui na chuva, com meus quadros na Livraria Cultura, quando era ali no Paço Alfândega, todo molhado, com os quadros embrulhados no jornal caindo aos pedaços. O cara não botou muita fé, mas ai quando eu abri ele gostou muito”, conta Uendell.

Sobre o lado positivo e 'negativo' de viver da arte, os artistas manifestaram suas concepções. Confira:

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