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No Brasil, o gasto com polícias nos estados é 4 mil vezes maior do que os custos com políticas para egressos do sistema prisional. Para cada R$ 4.389 gastos com policiamento nos estados, R$ 1.050 são destinados para o sistema penitenciário e somente R$ 1 para políticas que garantam os direitos de egressos.

Os dados são do estudo O funil de investimento da segurança pública e prisional no Brasil, do centro de pesquisa Justa, que atua no campo da economia política da justiça, com dados de 12 estados em 2022, que juntos somam 68% do total dos orçamentos estaduais do país, obtidos via Lei de Acesso à Informação.

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O levantamento revelou que, proporcionalmente, o Rio de Janeiro é o estado que mais gastou com polícias e não investiu nenhum recurso em políticas para egressos do sistema prisional. Em valores absolutos, São Paulo é o estado que mais desembolsou verba para policiamento.

A diretora-executiva da entidade, Luciana Zaffalon, avalia a urgência de inverter o atual funil de investimentos dos sistemas de segurança pública e criminal. Ela destaca que a destinação de recursos hoje favorece o encarceramento em massa em prejuízo de políticas para reinserção dos egressos na sociedade.

“Os estados gastam cada vez mais com o encarceramento, mas se preocupam muito pouco com políticas para as pessoas que cumprem pena e deixam a prisão. Além disso, os recursos distribuídos para as polícias estão concentrados no policiamento ostensivo, realizado pela Polícia Militar, deixando de lado o trabalho investigativo e a produção de provas, realizados pelas polícias civil e técnico-científica”, explica Luciana, em nota.

Destaque da pesquisa, o Rio de Janeiro destina 10,8% de todo o orçamento público para despesas com as polícias Militar e Civil. Dos R$ 87,4 bilhões do orçamento total do estado em 2022, R$ 9,4 bilhões foram gastos com as polícias, sendo a maior fatia, de 80%, o equivalente a R$ 7,6 bilhões, com a Polícia Militar, e o restante, R$ 1,9 bilhão, com a Polícia Civil.

Já para o sistema penitenciário, o estado gastou 1,2% do orçamento, equivalente a R$ 1,1 bilhão, e não destinou recursos a políticas exclusivas para egressos do sistema prisional. Ainda que muito inferior aos gastos com polícias, o valor investido para manter o sistema prisional foi superior à soma de todo o orçamento destinado no estado para as áreas de cultura, saneamento, organização agrária, desporto e lazer e ciência e tecnologia, apontou o Justa.

Encarceramento em massa

“Os dados evidenciam uma prioridade de distribuição orçamentária em políticas que comprovadamente não dão resultado e que reforçam o encarceramento em massa em detrimento de políticas públicas que poderiam melhorar a qualidade da segurança pública, a vida dos egressos e de toda a população”, pontuou Zaffalon.

Ela reforça a necessidade de se deslocar recursos da porta de entrada para a porta de saída do sistema prisional, o que considera aplicar racionalidade para a política criminal. Entre as ações destinadas a egressos, estão programas de ressocialização, formação educacional, capacitação profissional, atendimento social e psicológico, provisão de postos de trabalho, entre outros.

Dos 12 estados, apenas Ceará, Tocantins, Pará e São Paulo investiram em políticas exclusivas para egressos, mas nenhum atingiu nem 1% de verba do orçamento total do estado. Os montantes foram de R$ 143 mil, R$ 672 mil, R$ 3 milhões e R$ 9 milhões, respectivamente.

O levantamento mostra que o direcionamento de recursos que prioriza o encarceramento em massa não ocorre apenas no Rio de Janeiro. Em 2022, os 12 estados que forneceram dados para a pesquisa destinaram para políticas criminais o total de R$ 53,2 bilhões para policiamento, R$ 12,7 bilhões para sistema penitenciário e R$ 12,1 milhões para políticas exclusivas para egressos.

Quando contabilizadas as ações mistas de governo, que incluem recursos destinados a pessoas privadas de liberdade e egressos, os recursos somam R$ 145,6 milhões. Ainda assim, a entidade avalia que o valor é pequeno se comparado com os investimentos na polícia e sistema penitenciário.

Ao considerar todos os estados analisados, a maioria dos gastos com polícias também foi destinada à Polícia Militar, que ficou com 66,5% do total de R$ 53,3 bilhões. A Polícia Civil recebeu, desse montante, 22,6% dos recursos, o equivalente a R$ 11,4 bilhões, enquanto a Polícia Técnico-Científica e Forense ficou com apenas 2,7%, R$ 1,3 bilhão. Além disso, R$ 8,7 bilhões foram destinados para despesas compartilhadas.

O defensor Público Diego Polachini, do Núcleo de Situação Carcerária da Defensoria Pública de São Paulo, também avalia que o modelo de investimento estatal em segurança no país é realizado para encarcerar pessoas. “Isso mostra o fracasso de como a política é pensada. O encarceramento praticado pela Polícia Militar - órgão com maiores recursos recebidos - é uma política de aprisionamento de jovens negros pobres”, avalia.

Desigualdade social

O defensor público ressalta que esse modelo vai no sentido contrário de uma política de maior igualdade social, e que só agrava a desigualdade já instalada. “Investe-se numa política que mata ou prende uma parcela já vulnerável da população”, acrescentou. Ele ressalta que a ausência de políticas específicas para os egressos os deixa ainda mais suscetíveis a uma nova prisão, devido ao estigma e à falta de oportunidades na vida fora do cárcere.

“Além de os egressos não terem políticas voltadas para si, ao serem condenados recebem uma multa. Após a sua liberdade, eles têm uma dívida com o Estado, limitando os seus direitos básicos de cidadania, como a possibilidade de votação e dificuldade para a retirada de documentos. Ou seja, o investimento estatal é voltado à perseguição da população preta e pobre, não havendo políticas públicas em seu favor”, disse.

O investimento na segurança pública da forma como é realizado pelos estados não impacta de maneira relevante na diminuição da violência, avaliou Polachini, acrescentando que há um investimento em policiamento ostensivo e repressor e pouco investimento em investigação e políticas públicas mais benéficas.

Segundo o defensor público, pesquisas indicam que a utilização de câmeras corporais pelos policiais reduziu o número de mortes causadas pela polícia e o número de policiais mortos. “Uma política eficiente que reduz a violência e de custo relativamente baixo que não é ampliada”.

“A polícia mata cerca de 18 pessoas por dia no Brasil, de acordo com o Anuário de Segurança Pública, indicando que ela é também uma parte causadora do problema de segurança. Seria prudente que um aumento ou mesmo a manutenção desses elevados valores viessem associados com uma redução da violência e da letalidade policial”, defende.

São Paulo

Em São Paulo, para cada R$ 1.687 gastos com polícias, R$ 527 foi gasto com o sistema penitenciário e R$ 1 foi destinado a políticas exclusivas para egressos.

O governo paulista destina 4,7% de todo o orçamento público para despesas com as polícias, o equivalente a R$ 14,7 bilhões; 1,5% com sistema penitenciário, R$ 4,6 bilhões, e 0,003% com políticas exclusivas para egressos do sistema prisional, R$ 9 milhões. Para as ações mistas, que incluem os egressos e outros recortes, foram R$ 58 milhões.

Do total destinado às polícias, 66,6% ficou com a Polícia Militar. Para a Polícia Civil, foram 27,5% do montante e, para a polícia técnico científica, 5,1%. O percentual de 0,8% foi destinado a despesas compartilhadas entre as polícias.

Para base de comparação, o levantamento identificou que a manutenção do sistema prisional superou os gastos somados do estado com as áreas de organização agrária, de R$ 102 milhões; indústria, R$ 112 milhões; comunicações, R$ 105 milhões; desporto e lazer, R$ 399 milhões; energia, R$ 202 milhões; assistência social, R$ 1,6 bilhão; cultura, R$ 1,2 bilhão, e trabalho R$ 505 milhões.

Governos

O governo do estado do Rio de Janeiro informou, em nota, que já investiu mais de R$ 2,5 bilhões, na atual gestão, na segurança pública e que somente na Polícia Civil recebeu R$ 615 milhões, empregados em tecnologia, treinamento, novos equipamentos e estruturas. No último ano, o estado adquiriu 21.571 câmeras operacionais portáteis.

“Em 2022 foi criada a Agência Central de Inteligência, que concentra, em um único prédio, setores de inteligência, contrainteligência, busca eletrônica e interceptações telefônicas. O serviço de inteligência da Polícia Civil foi reforçado com a inauguração do Gabinete de Comando de Operações Policiais – um espaço equipado com tecnologia de última geração para a coordenação de monitoramento e gestão estratégica”, diz a nota do governo do estado.

O governo do Rio de Janeiro informou que a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) tem termos de cooperação técnica voltados especificamente para os egressos e que a secretaria vai investir R$ 799 mil em projetos voltados para serviços de atenção à pessoa egressa e mais R$ 712 mil, oriundos do Funpen.

Vinculada à Seap, a Fundação Santa Cabrini teve destinação orçamentária, em 2023, de R$ 55,5 milhões, com verba investida em programas de qualificação e incentivos ao trabalho, resultando na formação de mais de 1.197 egressos e pela reintegração no mercado de trabalho de 1.262 profissionais em cumprimento de pena.

O governo de São Paulo informou, em nota, que a atual gestão manteve e até ampliou os recursos destinados a egressos, como foi o caso da verba destinada ao trabalho com pessoas egressas, que aumentou de R$ 13,8 milhões em 2023 para R$ 15,04 milhões na Lei Orçamentária de 2024. O governo destacou que o orçamento da Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) é proporcional à população prisional paulista, hoje estimada em 197.387 pessoas.

“Esse trabalho é feito por meio principalmente de 59 centrais de Atenção ao Egresso e Família (Caef) espalhadas pelo estado, que realizam ações voltadas para orientação e encaminhamento para programas de capacitação profissional e geração de trabalho e renda, aquisição ou regulamentação de documentos, apoio psicossocial, auxílio jurídico e orientação na retomada do processo de escolarização/educação”, diz o governo paulista em nota.

Mesmo em circunstâncias normais, pessoas com deficiência têm menos chance de acessar serviços de saúde, educação e emprego. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), é mais provável que elas vivam na pobreza, registrem taxas mais elevadas de violência, negligência e abuso e estejam entre os mais marginalizados. No caso de deficientes visuais, a pandemia de Covid-19, segundo a entidade, mostrou a importância de produzir informação essencial em formatos acessíveis, incluindo Braille e formatos sonoros.  

“Muitas pessoas com deficiência poderiam enfrentar risco maior de contaminação devido à falta de acesso a orientações e precauções para proteger e reduzir a propagação de uma pandemia. A Covid-19 também enfatizou a necessidade de intensificar todas as atividades relacionadas com a acessibilidade digital para garantir a inclusão digital de todos”, destacou a ONU. No Dia Mundial do Braille, lembrado nesta quinta-feira (4), a proposta é ampliar a conscientização do Braille como meio de comunicação para a plena realização dos direitos humanos de pessoas com deficiência visual. 

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Entenda

O Sistema Braille foi criado em 1825 pelo francês Louis Braille, que ficou cego aos 3 anos em razão de um acidente que causou infecção nos dois olhos. A versão mais conhecida da escrita data de 1837. O sistema permite a comunicação em várias línguas. 

Formado por símbolos alfabéticos e numéricos, o sistema possibilita a escrita e a leitura, por meio da combinação de um a seis pontos. A leitura, com uma ou ambas as mãos, se faz da esquerda para a direita. Os pontos em relevo obedecem a medidas padrão e a dimensão da cela Braille corresponde à unidade de percepção da ponta dos dedos. 

No Brasil, o Braille foi introduzido por José Álvares de Azevedo, idealizador da primeira escola para o ensino de pessoas cegas no país, o Imperial Instituto de Meninos Cegos, atual Benjamin Constant. Em 8 de abril, aniversário de Azevedo, é comemorado o Dia Nacional do Braille. 

A ONU destaca que o Braille é considerado essencial no contexto da educação, da liberdade de expressão e de opinião, bem como da inclusão social, conforme previsto na Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência. 

Números

Condições oculares são consideradas extremamente comuns. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo menos 1 bilhão de pessoas em todo o mundo apresentam algum tipo de deficiência visual, seja para enxergar de perto ou de longe, que poderia ter sido evitada ou que ainda não foi solucionada.  

“As pessoas com deficiência visual têm maior probabilidade do que as que não têm de sofrer taxas mais elevadas de pobreza e desvantagem. Não satisfazer as suas necessidades ou não cumprir os seus direitos tem consequências de amplo alcance: a perda de visão representa, muitas vezes, uma vida inteira de desigualdade, problemas de saúde e barreiras à educação e ao emprego”, alertou a ONU. 

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, alertou nesta sexta-feira (15) que os direitos humanos "estão sendo atacados em todo o mundo" e elogiou aqueles que os defendem, durante cerimônia para comemorar o 75º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

"Os direitos humanos estão sendo atacados em todo o mundo", afirmou Guterres na Assembleia Geral, que lembrou a declaração aprovada em 10 de dezembro de 1948.

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"Os conflitos se multiplicam, com consequências terríveis para os civis", particularmente em Gaza. "As desigualdades se ampliam, a fome e a pobreza aumentam, os direitos das mulheres ficam estagnados ou até retrocedem em alguns casos. O espaço público e a liberdade dos meios de comunicação retrocedem", lamentou o secretário.

"Ódios seculares ressurgem com força: racismo, xenofobia, intolerância religiosa. Pessoas são tomadas como alvos apenas por sua religião, etnia ou por causa de quem amam. Mas, em todo o mundo, os defensores dos direitos humanos são luzes nas trevas."

'Mudam vidas", arriscando as próprias, destacou Guterres, lembrando que cerca de 450 defensores dos direitos humanos, jornalistas e sindicalistas foram assassinados no ano passado, "40% a mais do que no ano anterior". O secretário pediu a todos os países que "fortaleçam seu compromisso para tornar realidade os direitos humanos".

Anna Eleanor Roosevelt, neta da ex-primeira-dama americana que presidiu a redação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, estimou que sua avó hoje "não ficaria encantada" com o estado em que se encontra "esse documento de grande força moral".

"Ela se dirigiu a esta instituição acreditando que o mundo queria a paz e recebeu uma grande ovação. Receberia a mesma ovação hoje?", questionou Anna, diante das delegações dos Estados membros da ONU.

Na próxima terça-feira (13), no auditório da Defensoria Pública do Estado (DPU), o Grupo de Trabalho em Prevenção Posithivo (GTP+), promove às 14h, o lançamento do relatório da 5ª Edição do Projeto Fortalecer para Superar Preconceitos. O Projeto atuou e realizou pesquisa nas unidades prisionais da Zona da Mata pernambucana, entre outubro e novembro de 2022. 

O estudo traçou um mapeamento e diagnóstico de tratamento prisional da população de gays, travestis e transexuais nos presídios de Itaquitinga, Vitória de Santo Antão e de Palmares. Foram feitos levantamentos de dados jurídicos e socioeconômicos como forma de denunciar as situações de violações aos direitos humanos dessa população vulnerável que sofre os diversos tipos de violência no sistema prisional. Segundo o advogado e coordenador do relatório do Fortalecer, Lucas Enock, a pesquisa é importante para que os mecanismos em defesa tracem estratégias para a preservação da integridade dessa população que carece tanto de assistência e dignidade.

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“O estudo é marcado pelo seu ineditismo. A pesquisa busca não somente denunciar as violações de direitos, mas também apresentar recomendações e caminhos possíveis ao Estado e autoridades para a promoção de uma política prisional que respeite a dignidade da pessoa humana”, afirmou o advogado Lucas.

Entre as violações denunciadas estão: Extrema dificuldade de acesso à unidade prisional em razão da distância e da ausência de transporte público, o que dificulta o acesso da sociedade civil, órgãos de defesa de direitos humanos e familiares no presídio de Itaquitinga. O presídio, que é considerado de segurança máxima do estado, não oferece espaço de convivência para gays, travestis, e transexuais. Além disso, os presos não aceitam a permanência dessa população na unidade.

Outra violação apontada no estudo, é que os reeducandos não aceitam quem é adepto/a de religiões de matriz africana, pois quem se revela pode sofrer violência física ou intolerância religiosa. Vale destacar que 75% das mulheres trans e travestis estão sem uso e sem acompanhamento médico na utilização de hormonioterapia dentro dos presídios. Ademais, o nome social das travestis e transexuais não é respeitado, nem pelos presos, nem por funcionários do sistema de segurança.   

No presídio de Palmares, os gays, transexuais e travestis são impedidos/as de receberem visita íntima, e é muito presente em todas as três unidades a figura do “chaveiros” que é responsável pelos espaços de convivência, e que dita as regras no local.   

Também foi elencado no documento: a criminalização de mulheres trans e travestis no desempenho de trabalho de prostituição e sua correlação com o encarceramento; quem vive com HIV e Aids dentro dessas unidades estão sem suporte psicológico e nutricional, e muitas vezes o sigilo não é garantido tendo o reeducando/a a sorologia exposta. 

O relatório também faz menção a falta de sensibilidade do atual governo do estado em ativar o Mecanismo Estadual de Prevenção e Combate à Tortura, que é um órgão responsável em realizar visitas regulares a diferentes sistemas, como o prisional, o socioeducativo, as instituições de longa permanência para idosos, os abrigos, as delegacias, as comunidades terapêuticas e os hospitais psiquiátricos. O Comitê foi desativado desde janeiro de 2023,  através do Decreto 54.393/2023 da governadora Raquel Lyra, contrariando recomendações recentes da ONU.

É importante destacar que os dados levantados pelo GTP+ já vem sendo objeto de atuação internacional da instituição através do sistema ONU. Este ano o projeto apresentou denúncias de violações de direitos humanos em face da população LGBTQIAP+ nas unidades prisionais do Nordeste do Brasil na 53ª Sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, na Revisão do Brasil do Comitê de Direito Humanos da ONU, no Mecanismo Especial do EMLER, e na Relatoria Especial sobre o Direito à Saúde do Alto Comissariado da ONU.   

Por fim, o relatório traz recomendações para o Tribunal de Justiça de Pernambuco, a Defensoria Pública do Estado e ao Ministério Público de Pernambuco.   

Serviço: 

O quê: Lançamento dos dados do Projeto Fortalecer para Superar Preconceitos nas unidades prisionais da Zona da Mata 

Onde: No auditório da Defensoria Pública da União, d. Empresarial Progresso, Av. Manoel Borba, 640 - Boa Vista, Recife   

Horário: 14h 

Quando: Quarta-feira, 13

*Da assessoria 

“A polícia deve ser a primeira linha da defesa de direitos humanos”. A frase é de um homem que abraçou a carreira policial por concurso há 5 anos e que ouviu alertas sobre possíveis preconceitos no novo trabalho. Mesmo assim, resolveu seguir o sonho.

Advogado e mestre em direitos humanos, o delegado paulistano Anderson Cavichioli, de 49 anos de idade, que atua na Delegacia Especializada de Assistência à Mulher (Deam), em Ceilândia, a maior região administrativa do Distrito Federal, é o primeiro assumidamente homossexual na capital federal nessa atividade. “Eu respeito todas as pessoas. Então, eu também exijo respeito”, disse o delegado à Agência Brasil.

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O fato é que Anderson Cavichioli resolveu não apenas trabalhar por uma instituição mais saudável e menos violenta, mas também estimular que outros policiais pudessem ter ciência de que era preciso união. Depois que passou no concurso da Polícia Civil do DF, resolveu tocar em frente uma iniciativa institucionalizada na corporação, a Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBT, um grupo que começou com cinco pessoas e hoje congrega pelo menos 150 agentes de segurança pública, incluindo policiais de entidades estaduais e federais.

Ele já presenciou comentários maldosos e rodinhas de risos. Para ele, porém, a homofobia nem sempre se apresenta escancarada, mas também de forma camuflada por outros caminhos, como menos chances de crescer na atividade e menos oportunidades.

O policial participa, até este domingo (10), do 1º Encontro Nacional dos Conselhos LGBTQIA+, para o qual foi convidado de forma especial. “Devem pensar: o que um policial está fazendo aqui? Eu estou aqui porque nosso trabalho já é reconhecido”, garante. Durante o evento, ele concedeu entrevista à Agência Brasil.

Agência Brasil - Desde quando o senhor revelou sua orientação sexual?

Anderson - Desde que eu entrei para a polícia, eu disse abertamente que era um homem gay. Algumas pessoas se espantaram. É ainda um ambiente que tem muitas práticas homotransfóbicas, mas vem mudando e para melhor

Agência Brasil - O senhor criou a Rede Nacional de Operadores de Segurança Pública LGBT?

Anderson - A rede já existia desde 2010, mas não estava institucionalizada. Em 2018, houve um ataque a um policial militar que teve a sua imagem clandestinamente capturada. Ele teve a imagem beijando outro rapaz e foi ameaçado de morte por outros policiais. Aquilo é um evidente absurdo. Por isso, a gente entendeu que era necessário que nós tivéssemos uma organização efetiva. Começamos com cinco pessoas. Hoje nós temos 150.

Agência Brasil - A que o senhor atribui essa ampliação?

Anderson - Quando um policial descobre a rede, muitos falam: “eu achei que só eu era LGBTQIA+ na polícia”. A pessoa LGBT pode ter um comportamento até de isolamento porque não fala muito sobre si. Isso é muito ruim. O lugar em que trabalhamos é onde passamos muitas horas do dia.

Agência Brasil - E isso rende resultados práticos?

Anderson - Hoje nós temos um protocolo de atendimento à população LGBTQIA+ pelas forças policiais. Eu sou também conteudista da Secretaria Nacional de Segurança Pública. Eu fiz o primeiro curso no Brasil para atendimento policial de pessoas LGBT. Nós temos manuais e capacitação dos policiais. Eu percebo que ainda há falta de informação. Eu trabalho bastante também nessa área de formação. Agora vou fazer um trabalho no sistema prisional aqui do DF em caráter de educação para os profissionais. A ideia é educar as forças de segurança pública para que sejam capacitadas a lidar com a população LGBT.

Agência Brasil - As polícias são ligadas à violência institucionalizada historicamente. Como vencer as resistências?

Anderson - Isso ocorreu historicamente no Brasil para perseguir pessoas de grupos vulnerabilizados. Ocorreu durante a ditadura (1964 - 1985). Pessoas que não podiam nem sair de casa. Transexuais e travestis que eram perseguidas. A comunidade não aguentava mais sofrer aquele tipo de repressão.

Agência Brasil - Qual o perfil de policiais na rede?

Anderson - Nós temos o maior número de homens gays. Mas temos também pessoas trans, mulheres e homens. Grande parte das pessoas que integram a rede são da Região Nordeste.

Agência Brasil - Sobre a sua história, o senhor cursou o mestrado em Direitos Humanos na Universidade de Brasília (UnB). O que o senhor pesquisou?

Anderson - Eu estudei a violência contra pessoas transexuais e travestis.

Agência Brasil - Depois de 1 ano de polícia, o senhor foi ser o titular da Delegacia das Mulheres, na Ceilândia. O que representou isso para o senhor?

Anderson - Modéstia à parte, sou uma pessoa bastante competente na minha profissão. Lido com situações extremamente delicadas, com a violência contra a mulher, que é um problema gravíssimo que nós temos no DF e no Brasil. Existe uma complexidade nas questões da Lei Maria da Penha. Uma coisa é você atender uma vítima de roubo em que as pessoas não se conhecem. É diferente atender uma situação de violência doméstica, em que há vínculos afetivos entre as pessoas, filhos em comum. A gente precisa ter cuidado com as falas e com a abordagem

Agência Brasil - De que forma a sua formação em direitos humanos mudou o seu trabalho e como busca multiplicar o seu conhecimento com os seus colegas?

Anderson - Acho que quando você vai atuando no seu dia a dia, as pessoas vão vendo a maneira como você trabalha e a sua maneira de ver o mundo. Os colegas, às vezes, ficam espantados. É preciso garantir a dignidade de todos. A gente tem uma maneira técnica de atuar e sempre preservando os direitos, inclusive da pessoa presa.

Agência Brasil - O senhor sofreu resistência dentro do ambiente de trabalho por ser gay ou pela sua forma olhar o mundo?

Anderson - A gente sabe de comentários, de pessoas que não veem o trabalho dessa forma. Eu já tive situações em que eu ouvi outros policiais dizendo que a Polícia Civil não era lugar de gay. Inclusive eu já denunciei porque hoje em dia isso é crime. Essas práticas homotransfóbicas são muito vergonhosas. Essa violência surge em outras formas, como um boicote, uma piada. Acontece de uma maneira camuflada. Eu tenho uma experiência grande em identificar, e eu não abro espaço para esse tipo de violência. Eu respeito todas as pessoas. Então, eu também exijo respeito. A gente estimula a denúncia. Às vezes, a pessoa está passando por uma situação bem complicada no seu ambiente de trabalho. Existem perseguições e restrições a pessoas que não conseguem ascender na carreira porque são LGBTQIA+. É assim que a homotransfobia opera, de forma camuflada.

Agência Brasil - Quais são, na avaliação do senhor, as suas maiores conquistas?

Anderson - A principal é mostrar que a visão dos direitos humanos e atividade policial não são pautas antagônicas, são pautas que devem interagir numa sociedade civilizada. A polícia é a primeira linha de defesa de direitos humanos. A polícia que age de acordo com a lei e de acordo com a humanidade. Inclusive eu fui chamado pelo governo do Amapá para atuar em um projeto de segurança humanizada. Eu criei sete protocolos para o Estado de pessoas LGBTQIA+ a pessoas negras, e até um protocolo sobre pessoas indígenas. Foi o primeiro do Brasil feito com vista a indígenas. A gente não pode colocar a polícia num local de violadora sistemática de direitos. A polícia deve ser promotora de direitos humanos.

Agência Brasil - O que o senhor deseja para sua atividade?

Anderson - Eu desejo ter uma polícia cidadã democrática, que respeite direitos humanos, que enxergue o seu público não como inimigo, mas como cidadão e cidadã, que são detentores de direitos fundamentais. Eu espero que as polícias atuem também de acordo com protocolos. E a gente tem uma dificuldade enorme no Brasil de criar protocolos de atendimento.

Agência Brasil - O que significa participar, como policial, no Encontro Nacional de Conselhos LGBTQIA+ em Brasília?

Anderson - Devem pensar, o que um policial está fazendo aqui? (sorri). Nossa entidade fez alguns trabalhos muito importantes na área de segurança pública para a comunidade LGBTQIA+. Nós também temos assento no Conselho Nacional de Direitos Humanos, na Comissão de Segurança Pública. É um trabalho realmente que vem sendo reconhecido por várias entidades, por vários grupos de defesa de direitos humanos.

 

 

O grupo será responsável por aplicar multas de até R$ 20 mil para casos de LGBT+fobia, racismo e violência de gênero nos estádios  A Secretaria Executiva de Direitos Humanos, vinculada à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, realizou, na última quinta-feira (30), a primeira reunião da Comissão Processante da Lei Gil do Vigor (Lei nº 17.522/2021), que tem como objetivo assegurar o cumprimento rigoroso dos princípios e diretrizes estabelecidos por essa nova legislação. 

A Comissão Processante, composta por representantes do Governo de Pernambuco de diversas secretarias de estado, foi designada para monitorar e avaliar a adesão e aplicação efetiva dos preceitos da lei que tem o nome do ex-BBB pernambucano. O grupo será responsável por julgar e punir administrativamente casos de racismo, LGBTQIA+fobia ou de discriminação contra mulheres praticados em estádios de futebol, ginásios e outros locais onde se realizem eventos esportivos.

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A multa prevista é de R$ 500 a R$ 1 mil em caso de envolvimento de torcedor ou membro do público identificado. Caso o infrator seja o clube ou agremiação esportiva, administradores dos estádios de futebol ou ginásios esportivos ou responsáveis pela promoção do evento, a punição prevista vai de R$ 5 mil a R$ 20 mil.  A Lei foi criada após o economista Gilberto Nogueira ter sido alvo de um ataque homofóbico por parte de um conselheiro do Sport Club do Recife, em 2021. Ainda no mesmo ano, um jogo do Náutico na Série B, contra o Sampaio Corrêa, chegou a ser paralisado por conta de gritos homofóbicos de parte da torcida alvirrubra. Alguns dias depois, uma ex-diretora do Náutico denunciou gestor financeiro do clube por assédio sexual e moral. 

O secretário executivo de direitos humanos, Jayme Asfora, que conduziu a reunião,  ressaltou a importância dessa iniciativa: "Estamos comprometidos em assegurar que a Lei Gil do Vigor seja efetivamente aplicada, promovendo um ambiente nos estádios que seja ético e que respeite todas as camadas da sociedade. Nossa missão é garantir que as empresas, times, torcedores e jogadores, se comprometam ainda mais com os direitos humanos e que as competições aconteçam sem ferir a dignidade de ninguém". 

A Comissão Processante seguirá um cronograma rigoroso de avaliação e monitoramento, com a divulgação periódica de relatórios para a sociedade. Além disso, serão promovidos eventos e iniciativas educativas para disseminar os princípios da Lei Gil do Vigor e incentivar a participação ativa de todos os setores da sociedade. Entre os encaminhamentos deste primeiro encontro, está uma reunião que será realizada ainda este mês de dezembro com o Ministério Público para discutir detalhes da aplicação da legislação em Pernambuco.  Participaram da reunião representantes da Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude e Política Sobre Drogas (SDSCJPVD), Secretaria de Educação e Esportes (SEE), Secretaria de Defesa Social, Secretaria da Mulher e Secretaria de Planejamento e Gestão.

*Da assessoria 

Ao participar hoje do lançamento do projeto Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil, nesta quinta-feira, no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Sílvio Almeida disse que não existe a possibilidade de reconstruir, reinventar e recriar o Brasil se não houver capacidade de construir políticas de memórias.

“Quando se fala de direitos humanos, estamos necessariamente reivindicando políticas de memórias, reivindicando esse processo, que não é apenas de recordar, de descrever como o passado era. É um processo político em que nós forjamos nossas identidades individuais e também coletivas.”  O projeto foi lançado no Museu da História e da Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), no Cais do Valongo, região portuária do Rio Janeiro..  “A memória nos faz pensar no passado, no presente e no futuro, mais do que isso nos faz ter um passado, dá sentido para o presente e nos projetarmos a partir das experiências que colhemos em direção ao futuro. É uma das formas fundamentais da existência”. 

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Projeto

O objetivo é é dar visibilidade à história da matriz africana. Uma das iniciativas é a instalação de placas alusivas ao reconhecimento feito pelo Programa Rotas dos Escravizados da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Entre as indicações estão portos, igrejas, praças, terreiros de candomblé, quilombos e lugares onde ocorreram movimentos de resistência.

Segundo Almeida, o reconhecimento de lugares de memória dos africanos escravizados no Brasil é importante para manter a memória do que ocorreu na escravidão e o que representa até hoje para reforçar a luta para impedir que fatos como aquele não se repitam. 

Escravidão

“Falando sobre os horrores da escravidão e o que foi o tráfico, podemos agora entrar em uma disputa fundamental no campo da política que é a disputa pela verdade da história”, ressaltou o ministro, durante a solenidade.

“A memória também é uma arma de luta. Agora vamos para outro patamar, que é o da justiça e reparação da memória e da busca da verdade. Podemos pensar como podemos restituir aqueles que foram os condenados da terra, aqueles que foram violentados, aqueles que foram agredidos.”  De acordo com Sílvio Almeida, a partir desse reconhecimento é que podem seguir as politicas de não repetição da escravidão. “De como podemos fazer a partir da memória da descoberta da verdade, da busca por justiça e da reparação, criar mecanismos da não repetição para que o passado não aconteça de novo.” 

Almeida comparou a violência ocorrida na escravidão à praticada no período da ditadura militar. “Não se pode descolar a escravidão no Brasil, da ditadura militar no Brasil. As técnicas de tortura e sevícia que eram usadas na escravidão foram usadas na ditadura e ainda são usadas nas periferias e nas prisões, principalmente, contra as pessoas negras desse país”, destacou. 

Economia

O ministro contestou avaliações de que ao se falar da escravidão e política de reparação no Brasil, a discussão fica restrita a questões de cultura e de arte, deixando a economia de lado. 

“Não, estamos discutindo economia. A escravidão tem que ser estudada como parte fundamental da formação econômica do Brasil. A escravidão foi a forma política do Brasil. Ser contra as pessoas escravizadas era um modo de existência da sociedade brasileira no século 19.” 

Ele ressaltou que a escravidão não é a responsável direta por todas as mazelas do país, até porque as mazelas também se reatualizaram no republicanismo no Brasil. Para o ministro, é preciso também buscar a reparação pela escravidão do ponto de vista da economia e, a partir daí, definir políticas públicas nesta área.  Na segunda fase do projeto lançado hoje será feita a disseminação do projeto por meio de plataformas digitais e a educação e cultura em direitos humanos.

“A ideia é que sejam elaborados materiais pedagógicos e de apoio para professoras e professores para cumprimento da obrigatoriedade do estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena, prevista na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).” 

Valongo

O Cais do Valongo é patrimônio cultural mundial reconhecido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em 2017. “Pelo Valongo desembarcaram cerca de um milhão de africanos na cidade do Rio de Janeiro, sendo este, o maior porto de desembarque de africanos escravizados nas Américas e o segundo maior porto de origem dos navios negreiros depois do porto de Liverpool (Inglaterra)”, disse Sílvio Almeida.  Na placa inaugurada hoje pode se ler: “Cais do Valongo. Rio de Janeiro. Este é um lugar de memória da história dos africanos escravizados no Brasil reconhecido pelo Projeto Rotas dos Escravizados da Unesco em 2014”. 

Os vestígios do Cais foram descobertos em 2011, quando foram feitas escavações para as obras do Porto Maravilha, um projeto de revitalização da região portuária do Rio de Janeiro.

Igualdade Racial

Na solenidade, que encerrou o mês da Consciência Negra, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou que o projeto recupera a história do Brasil e desvenda a visão que retira dos livros e dos monumentos públicos a contribuição de negras e negros para erguer a nação brasileira.

“Reconhecemos o perigo de invisibilizar essa história e nos comprometemos em contar a história que a história não conta”, disse, lembrando que o Ministério da Igualdade Racial tem entre os seus principais eixos de atuação a memória e a reparação, diretriz que orienta as políticas públicas e programas formulados no caminho da busca da eliminação da desigualdades, fim das violências e garantia da vida digna para a maioria da população.

O projeto Sinalização e Reconhecimento de Lugares de Memória dos Africanos Escravizados no Brasil é uma parceria dos ministérios dos Direitos Humanos e Cidadania, da Igualdade Racial (MIR), da Educação (MEC) e da Cultura (MinC), com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e apoio do Laboratório de História Oral e Imagem da Universidade Federal Fluminense (UFF).

O Ministério dos Direitos Humanos (MDH) pagou passagens e diárias para Luciane Barbosa Farias, apontada como integrante do Comando Vermelho, participar de um evento da pasta em Brasília. O Estadão revelou na segunda-feira (13), que ela se reuniu com autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública e do MDH na capital federal. A última viagem dela foi bancada com dinheiro público. O Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura foi realizado nos dias 6 e 7 de novembro, e Luciane foi convidada a participar como representante do Amazonas.

Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos confirmou os pagamentos e destacou que os Comitês de Prevenção e Combate à Tortura possuem autonomia orçamentária e administrativa.

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"O custeio de passagens e diárias foi realizado com recursos de rubrica orçamentária destinado pelo Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania ao Comitê, que observou as indicações dos comitês estaduais para a participação no encontro", disse a pasta, sem responder o valor dos gastos com a integrante do Comando Vermelho. O nome dela não aparece no Portal da Transparência.

O pagamento de passagens e diárias foi feito a todos os participantes do evento. Após a publicação desta reportagem, o MDH afirmou ainda que Luciane foi indicada pelo Comitê Estadual do Amazonas. "Nem o ministro nem a secretária nem qualquer pessoa do gabinete do ministro teve contato com a indicada ou mesmo interferiu na organização do evento que, insistimos, contou com mais de 70 pessoas do Brasil todo e que franqueou aos comitês estaduais a livre indicação de seus representantes."

Para o encontro no Ministério dos Direitos Humanos, Luciane esteve em Brasília pela terceira vez neste ano. Como revelou o Estadão, antes disso, a "dama do tráfico amazonense", como é conhecida, teve reuniões com autoridades do Ministério da Justiça e Segurança Pública em março e maio.

Luciane foi recebida por quatro assessores do ministro Flávio Dino. Ela conversou com Elias Vaz, secretário de Assuntos Legislativos do ministério; Rafael Velasco Brandani, titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen); Paula Cristina da Silva Godoy, da Ouvidoria Nacional de Serviços Penais (Onasp); e Sandro Abel Sousa Barradas, diretor de Inteligência Penitenciária. O nome de Luciane não consta nas agendas oficiais das autoridades.

Desde abril de 2022, Luciane se apresenta como presidente da Associação Liberdade do Amazonas (ILA). Segundo o site da ONG, a entidade atua em favor dos direitos humanos e fundamentais de presos e familiares de presos. Para a Polícia Civil do Amazoas, contudo, a organização é financiada pelo Comando Vermelho e trabalha para os interesses da facção.

Condenada a dez anos de prisão por lavagem de dinheiro, organização criminosa e associação para o tráfico, Luciane é acusada de ser o braço financeiro do Comando Vermelho em Manaus, responsável por lavar o dinheiro do tráfico. Ela é casada com Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, um dos líderes da facção no Estado.

Ao participar do encontro no Ministério dos Direitos Humanos em Brasília no início deste mês, Luciane publicou fotos em suas redes sociais. "Seja luz onde Deus te colocar", escreveu em uma das publicações.

Em maio, ela já havia sido recebida na sede do Ministério dos Direitos Humanos pela coordenadora de gabinete da Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (SNDH), Érica Meireles. O encontro foi registrado por Luciane nas redes sociais. "Gratidão pelo acolhimento a nossa pauta, doutora", disse.

O Brasil vai responder como réu na Comissão Interamericana de Direitos Humanospor recusar cirurgia de afirmação de gênero a uma mulher trans de Campinas, interior de São Paulo.

Entre 1997 e 2001, a cabeleireira Luiza Melinho tentou, sem êxito, realizar o procedimento de redesignação sexual no Hospital das Clínicas da Universidade de Campinas, ligado ao Sistema Único de Saúde (SUS). Ao buscar assistência médica na unidade de saúde, ela foi diagnosticada com depressão e ‘transtorno de identidade sexual’. O sofrimento também motivou uma tentativa de suicídio. Com um ano de acompanhamento, em 1998, ela foi submetida a uma intervenção inicial, com a expectativa de completar os procedimentos. No entanto, mesmo após passar pelo programa de adequação sexual, em 2001, a cirurgia foi cancelada de última hora, o que agravou o estado de depressão da cabeleireira.

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"Eu estava me tratando em todas as especialidades, endócrino, psiquiatria, gineco, psicologia, otorrino. Então houve essa negação, o que para mim foi devastador. Eu vi o mundo desabando", relata Luiza.

Entre os anos de 2002 e 2008, com a ajuda do advogado Thiago Cremasco, o caso foi parar na Justiça, mas o tratamento foi negado por, pelo menos, três vezes. Diante da impossibilidade de cuidado adequado, Luiza fez um empréstimo e pagou a cirurgia por conta própria, em 2005.

Eduardo Baker, advogado e coordenador de justiça internacional da Organização Justiça Global, entidade que também passou a defender Luiza Melinho, explica que o Brasil é signatário de vários tratados internacionais de direitos humanos com obrigações que incluem o direito à saúde.

"Especificamente em relação às pessoas trans, esse direito a saúde também inclui a cirurgia de afirmação de gênero, eventuais procedimentos envolvidos. Todo esse processo de transição será contemplado no direito a saúde", explica o advogado.

O caso Luiza Melinho passou a tramitar no Sistema Interamericano de Direitos Humanos em 2009. Em decisão recente, a Comissão Interamericana concluiu que o Estado Brasileiro não garantiu acesso à saúde a Melinho ao impor obstáculos para acessar a cirurgia solicitada. O advogado da Justiça Global explica as possíveis sanções ao Brasil em caso de condenação.  

"A gente espera que essa reparação inclua também uma reformulação da politica de saúde em relação a pessoas trans para que essa cirurgia, não só a cirurgia, mas todo complexo de procedimentos médicos, esteja contemplado de uma maneira célere, previsível, transparente. Que esse protocolo esteja acessível a todo mundo, que uma pessoa que entre nessa fila tenha noção de quando vai poder passar por determinado procedimento", defende Baker.

Para Luiza Melinho, após mais de duas décadas desde o início das tentativas de reafirmação de gênero pelo SUS, ainda é difícil lidar com a exposição da sua história, a primeira relacionada aos direitos de pessoas trans contra o Brasil em uma corte internacional.

Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania reconhece que a cirurgia de Luiza era a única forma de assegurar o seu direito à vida e sua integridade física. A pasta afirmou que vai cumprir as diretrizes do Sistema Interamericano de Direitos Humanos.

 

As Comissões de Direitos Humanos e da Advocacia Popular de Pernambuco em parceria interestadual com a Comissão da Advocacia Popular da OAB - MG, promovem curso de extensão sobre assessoria jurídica e direitos humanos, através da Escola Superior de Advocacia (ESA) do Estado. Os interessados em participar do curso, que conta com 60 vagas, devem realizar as inscrições por meio do site da iniciativa e efetuar o pagamento da taxa no valor de R$35. 

A formação será realizada em seis encontros presenciais na sede da OAB Pernambuco, localizada na área central do Recife, nos dias 7, 14, 28 de novembro e 5, 12 e 19 de dezembro, das 18h às 21h. De acordo com a organização, a iniciativa tem o objetivo de compartilhar conceitos básicos a respeito da prática da assessoria jurídica popular na área dos direitos humanos, para ensejar o debate e a troca de experiências entre estudantes e profissionais de diferentes partes do Brasil, com a finalidade de fortalecer a prática dessa modalidade de assessoria e a articulação entre advogadas e advogados populares.

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Ainda segundo a organização, o curso será um momento de compartilhamento das experiências para estudantes de graduação e pós-graduação, assim como para estagiários e advogados, acerca da teoria e prática da advocacia popular em Minas Gerais e Pernambuco.

Serviço

Curso de extensão sobre assessoria jurídica e direitos humanos

7, 14, 28 de novembro e 5, 12 e 19 de dezembro, das 18h às 21h

OAB Pernambuco - Rua do Imperador Pedro II, 346 (Sala da Escola Superior de Advocacia)

R$35

O ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, em vista ao Recife, afirmou, nesta terça-feira (17), que as ações realizadas no Complexo Prisional do Curado, Zona Oeste da capital pernambucana, em cumprimento de sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos (IDH), podem ser transformadas em política pública. Almeida está na capital pernambucana entre os dias 16 e 18 de outubro cumprindo agenda da Caravana dos Direitos Humanos, que consiste em visitar os sistemas prisionais de algumas capitais do país. 

“A ideia é transformar isso em uma política de cooperação sistemática com os estados, no que tange as soluções, os problemas do sistema prisional”, afirmou o ministro, em coletiva de imprensa. A cooperação sistemática mencionada consiste em agregar diferentes frentes, com o apoio dos ministérios da Saúde, do Desenvolvimento Social, do Trabalho e Emprego, da Educação, entre outros. 

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Almeida confirmou ainda que a aplicação de ações observadas na visita ao Complexo do Curado deve se tornar “um quadro de ação institucional para que possamos aplicar nos outros estados”. 

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Mudanças no Complexo Prisional do Curado 

O Complexo do Curado já vinha passando por mudanças desde agosto de 2022, na implementação do Gabinete de Crise, grupo formado por representantes de diferentes instituições com o intuito de avaliar e solucionar problemas relacionados à violação de direitos humanos no local. Uma das principais mudanças colocadas a público foi a diminuição de 6,5 mil para menos de 2 mil presos no complexo. A meta é reduzir para 70% o número de pessoas privadas de liberdade alocadas nos três presídios que constituem o Complexo. 

O presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco, desembargador Luiz Carlos de Barros Figueirêdo, afirmou que as ações registradas no Curado foram realizadas com rigor e detalhes. “É preciso que se diga à sociedade que não houve um ‘abre portas e sai, quem correr mais rápido é quem chega na frente’, não houve isso. Houve o cumprimento rigoroso, um trabalho do Ministério Público, da Defensoria e do Poder Judiciário, para cumprir a lei. Quem podia progredir na medida, progrediu. Os juízes de execuções, promotores de execuções, grupos de trabalho específico, defensores e promotores de justiça [atuaram] agilizando a análise, revogando [prisão] preventiva quando não fazia mais sentido, por vezes nem devia ter sido decretada”, declarou. 

O desembargador ainda afirmou que o índice de reincidência foi baixo, concluindo que não há razão para medo por parte da população. 

O ministro Silvio Almeida segue a agenda da Caravana até esta quarta-feira (18), quando terá uma reunião com o Sistema Estadual de Prevenção e Combate à Tortura e Secretaria de Segurança Pública e Direitos Humanos de Pernambuco.

A secretária de Justiça e Direitos Humanos, Lucinha Mota, anunciou, nesta terça-feira (17), a ampliação do Programa Balcão de Direitos para todo o estado de Pernambuco. A informação foi dada durante entrevista coletiva com o ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, que está de visita no Recife pela Caravana dos Direitos Humanos

De acordo com a secretária, a proposta de ampliação vinha sendo conversada entre os governos federal e estadual, para garantir o acesso da população aos serviços que já são prestados na Região Metropolitana do Recife (RMR). Atualmente o programa atua na emissão de segundas vias de certidões de nascimento, casamento, óbito, registro tardio, suprimento de registro e averbação de divórcio.

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“E além dos documentos, também garantir serviços de informação para as pessoas, como acesso a um inquérito, acesso a um processo, que não existe. E vamos reestruturá-lo”, afirmou Lucinha Mota.

O programa, no entanto, ainda não tem data para ser colocado em prática. Também não foi informado quanto de investimento será aplicado pelo governo federal para sua implementação.

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O Complexo Prisional do Curado, localizado na zona Oeste do Recife, teve uma redução de 6,5 mil para menos de 2 mil presos em menos de um ano, segundo informações do Tribunal de Justiça de Pernambuco divulgadas nesta segunda-feira (16). Os dados são apresentados na véspera da visita ao local do ministro de Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, acompanhado de representações institucionais que compõem o Gabinete de Crise, grupo criado para formular soluções acerca da superlotação prisional. 

Menos de um ano após início do cumprimento de uma correição extraordinária, (ato administrativo exercido pelo corregedor), da Corregedoria Nacional de Justiça e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) no Complexo Prisional do Curado, o Gabinete de Crise avalia pontos de avanço nas questões de lotação e reavaliação de sentenças. O grupo é formado por representantes do TJPE, da Corregedoria Geral da Justiça (CGJ), do Ministério Público do Estado (MPPE), da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), do Tribunal de Contas do Estado (TCE), da Defensoria Pública (DPPE) e da Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos. 

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Uma das principais ações foi chamada de “fechamento de porta de entrada”, que é a não permissão de novos presos no Complexo do Curado. Além disso, foi realizada uma espécie de “força tarefa” com 15 juízes, juntamente com magistrados das varas de execuções penais, para revisar os processos de pessoas em cumprimento de pena no Complexo. As apreciações dos processos resultaram em acertos como livramento condicional, progressão de regime, entre outros. Juntamente com as atividades exercidas pelo Judiciário, o Executivo tem viabilizado obras de infraestrutura.

Escassez de policiais penais

 Segundo apurou o LeiaJá, policiais penais alocados no Complexo do Curado afirmam que lá tem sido “o melhor lugar para fazer plantão”, tendo em vista a redução de presos, apesar de ainda não haver uma previsão para os agentes aprovados e concluintes do curso de formação serem nomeados para preencher o quadro de vagas no sistema prisional no estado.

Referência para todo ordenamento jurídico brasileiro, a Constituição Federal (CF) de 1988 completou 35 anos nesta quinta-feira (5). Muito além da ampliação de direitos e garantias sociais, o texto considerado moderno para a época já citava a defesa do Meio Ambiente e impôs limites no Estado após a ditadura.

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A Assembleia Nacional Constituinte completa 30 anos de instalação. Na foto, o presidente da assembleia, deputado Ulysses Guimarães, no dia da promulgação do texto - Arquivo/Agência Brasil

O Defensor-Público Geral de Pernambuco, Henrique Seixas, destacou que o documento consolidou a luta pelos Direitos Humanos ao longo da sua existência. Também conhecida como "Constituição Cidadã", a CF88 buscou refletir o compromisso do Estado com a promoção, proteção e defesa das gerações dos Direitos Humanos no país, sobretudo a igualdade.

"Para combater a discriminação e garantir que os direitos sejam protegidos igualmente para todos os cidadãos, a proteção dos vulneráveis, os direitos sociais e econômicos que foram ainda mais alavancados com a Constituição Federal, o combate à impunidade, a participação cidadã, que é a participação em liberdade de expressão e a possibilidade, lógico, das pessoas também terem os seus direitos reparados quando tenham essa violação, o que foi muito bem refletido com essa Constituição", observou Seixas.

O dia da promulgação do texto - Arquivo/Agência Brasil

Em seus 35 de história, a Constituição se mostrou pujante nos momentos de tensão institucional e suportou diversos ataques. Nesse período, ela se mostrou flexível por acompanhar as mudanças sociais sem se afastar do entendimento original.

"Podemos dizer e assegurar que essa constituição ainda é muito atual. Ela tem um compromisso muito grande com a sociedade e com as relações do dia a dia", sintetizou o defensor-geral.

"Apesar dela ter 35 anos, a nossa Constituição foi à frente do seu tempo àquela época. Já observou que poderia acompanhar essas modificações das atividades sociais, da nossa vida cotidiana, tendo já diversas matérias sido abordadas ou já deixando, pelo menos, um direcionamento de como elas deveriam ser norteadas mais à frente. É lógico que muitas coisas da atualidade podem não estar previstas especificamente e detalhadamente na Constituição, mas ali, pelo menos, terão todos os princípios que irão nortear a análise de cada uma dessas situações sociais e cotidianas dos brasileiros", resumiu Henrique Seixas.

O ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, visitou a Casa Maria Antônia, nesta sexta-feira (1), no bairro de Nova Descoberta, zona Norte do Recife. O local faz parte de sua agenda de visitas na capital pernambucana, desde a quinta-feira (31). Na ocasião, o coletivo Frente Favela Brasil em Pernambuco entregou ao ministro um relatório apresentando dados sobre a situação das comunidades urbanas no estado, tendo como foco o racismo ambiental. 

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Gerenciada pela proprietária, Rosângela Maria de Oliveira, filha de Maria Antônia, fundadora, a casa de apoio atua com serviços de acolhimento, o funcionamento de uma cozinha comunitária, além de realizar coleta e doação de alimentos e roupas, tendo como foco mulheres e crianças das comunidades dos arredores. Ao LeiaJá, Rosângela disse que seu público-alvo, além da vulnerabilidade a que está exposta, representa potências para a realização de políticas públicas afirmativas. 

“Essas mulheres são sobretudo as agentes populares da garantia dos direitos humanos. Porque são elas que estão na ponta, garantindo quando o poder público não chega. Enquanto a gente pensa nessas mulheres enquanto vítimas, a gente também deve pensar nessas mulheres como agentes, como aquelas mulheres que conseguem provocar o poder público, conseguem organizar a sua comunidade, que consegue se articular pra fazer os enfrentamentos dos desafios sociais. Então, para além da vulnerabilidade, elas são extremamente potências dentro das suas comunidades”, afirmou. 

Rosângela Maria de Oliveira, proprietária da Casa Maria Antônia. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

Maria Antônia, natural do município de Panelas, no interior do estado, veio para a capital na década de 1960, e teve o acolhimento de mulheres como missão de vida. “Ela tinha uma frase que dizia o seguinte: ‘todo mundo tem uma dor, mas a dor das mulheres é muito maior do que a dor de qualquer outra pessoa no mundo’. E que muitas vezes bastava um bolo, um café e um pouco de atenção para que as mulheres se restabelecessem. Ela seguiu a vida dela com essa missão, e ela conseguiu mobilizar dentro da comunidade a proteção das mulheres, a proteção das crianças, e esse legado dela agora a gente acredita que vai se eternizando”, contou Rosângela. 

Uma das pessoas beneficiadas pelos serviços da Casa é Cassia Rodrigues da Silva, 27 anos, moradora da comunidade do Brejo de Beberibe, em Nova Descoberta. Mãe de três filhos, Cassia tem na Casa Maria Antônia um ponto de apoio fundamental, principalmente em épocas de chuva. “Quando a gente precisa, vem uma doação. Um alimento, uma roupa para uma criança, sempre. Como chove muito lá, aí alaga muito. A última cheia que deu ano passada quase saia morte, que a chuva veio muito forte”, relatou Cassia. 

Cassia Rodrigues da Silva, moradora da comunidade. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá 

A visita do ministro traz uma ponta de esperança para a população, que espera soluções do poder público em todas as esferas. “O sonho de todos nós é ter um lar, é poder dormir tranquilo sem ficar preocupado. Tá chovendo, tem que pendurar os móveis. É isso que a gente quer, dormir sossegada”, compartilhou a moradora. 

Ministro fala com a comunidade 

O ministro Silvio Almeida inicia no Recife uma agenda de visitas em diversas cidades no país para conhecer e entender as realidades da população. “A gente precisa entender o que aconteceu no Brasil nos últimos sete anos, e como as pessoas conseguiram sobreviver, se unindo, se solidarizando”, declarou o dirigente da pasta. 

Diante do que foi apresentado, Almeida se colocou em uma posição de escuta, para atender às necessidades da comunidade. “No ministério, a gente precisa, mais do que tentar criar alguma coisa nova, fortalecer aquilo que já existe. Fortalecer, apoiar, de repente replicar em outros lugares que não têm o mesmo nível de organização”, afirmou. 

 

A Coreia do Norte foi acusada, nesta quinta-feira (17), no Conselho de Segurança da ONU, de cometer violações "hediondas" e "inimagináveis" aos direitos humanos de sua população para prosseguir com seu programa de armamento nuclear e balístico, o que lhe rendeu sanções internacionais.

A pedido dos Estados Unidos, que preside este mês o órgão, o Conselho de Segurança realizou nesta quinta a primeira reunião pública desde 2017 dedicada exclusivamente à situação dos direitos humanos na Coreia do Norte.

Rodeada de diplomatas de cerca de 50 países, a embaixadora americana na ONU, Linda Thomas-Greenfield, denunciou em um comunicado as "violações e abusos dos direitos humanos ligados ao desenvolvimento de armas de destruição em massa e mísseis balísticos pela RPDC", a República Popular Democrática da Coreia.

Mais cedo, diante do Conselho, o alto comissário para os direitos humanos da ONU, Volker Türk, denunciou que as "violações" dos direitos humanos "sustentam o crescimento da militarização" do país.

Türk explicou que "o recurso em larga escala ao trabalho forçado, inclusive de prisioneiros políticos e escolares nas colheitas, o confisco de salários de trabalhadores no exterior, sustentam o aparato militar do Estado e sua capacidade de fabricar armas".

O Conselho também convidou para dar detalhes um jovem "representante da sociedade civil" que fugiu da Coreia do Norte e cuja família se refugiou na Coreia do Sul.

Ilhyeok Kim, que leu um texto em inglês, denunciou o "isolamento e os castigos" sofridos pela população norte-coreana, "o sangue e o suor" do povo para amparar "a vida luxuosa dos dirigentes".

"Para o governo, isso não importa, só importa preservar seu poder desenvolvendo armas nucleares", acrescentou o jovem.

"As violações que [Ilhyeok Kim] acaba de relatar são tão atrozes quanto inimagináveis", afirmou Thomas-Greenfield, que criticou "o controle totalitário e repressivo da sociedade por parte de Kim Jong Un", o líder norte-coreano.

A Rússia, que assim como a China se opôs à reunião, denunciou, por meio de seu representante, Dmitry Polyansky, "o cinismo e a hipocrisia dos Estados Unidos e seus aliados".

A comunidade internacional impôs em 2006 sanções à Coreia do Norte, que em 2017 foram reforçadas três vezes.

As medidas adotadas pelo Conselho por unanimidade este ano para obrigar Pyongyang a suspender seus programas armamentistas limitam em particular suas importações de petróleo. Mas desde então, o órgão está dividido sobre o assunto.

Em maio de 2022, China e Rússia vetaram uma resolução com novas sanções e desde então nenhuma decisão ou declaração voltou a ser adotada, embora as autoridades norte-coreanas tenham seguido ordenando testes de lançamento de mísseis.

A Câmara Municipal do Recife concedeu, nesta quinta-feira (17), a Medalha de Mérito José Mariano ao advogado, ativista dos direitos humanos e educador Sérgio Murilo Junior. A proposição foi do vereador Paulo Muniz (Solidariedade).

“Nada mais justo, diante de uma vida de dedicação à área acadêmica pública, bem como sua grande contribuição para projetos e estudos voltados à inclusão e à acessibilidade”, destacou o vereador, em sua justificativa para a homenagem.

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Na solenidade, Sérgio Murilo discursou no auditório da Câmara. "Agradeço ao vereador Paulo Muniz, a indicação para receber essa honraria, que me enche de orgulho. Agradeço àqueles que fazer parte do segmento das pessoas com deficiência, do movimento negro, da cultura, das mulheres, ao movimento LGBTQIA+, que, juntos, são a força que impulssiona as mudanças concretas e reais. Agradeço ao Grupo Ser Educacional, pela confiança e oportunidade de desenvolver projetos que buscam impactar positivamente a sociedade. Janguiê Diniz e Jânyo Diniz são figuras inspiradoras e seus ensinamentos foram fundamentais para o meu crescimento como indivíduo e profissional preocupado com a nossa sociedade", disse.

Quem é o homenageado?

Sérgio Murilo Junior é advogado e militante da área de Direitos Humanos desde 1992. Por duas vezes, foi Presidente da Juventude Latino-Americana pela Democracia, Organização Não Governamental (ONG) Internacional de jovens ligados ao Parlamento Latino-Americano, da qual atualmente é Presidente de honra.

Foi membro fundador do Comitê Nacional de Vítimas da Violência – Parceiros da Paz; Coordenador da Campanha pelo Desarmamento em Pernambuco; Membro da Coordenação do Referendo pelo Desarmamento em Pernambuco; Coordenador da área de Cultura de Paz da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em Pernambuco; Coordenador do Projeto Escola Aberta da UNESCO, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como referência mundial no combate à violência nas escolas; Coordenador do Programa Nacional Paz nas Escolas da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República; Ex-Consultor do Banco Mundial para o Programa Vozes Jovens; Sócio Honorário do Instituto Êxito de Empreendedorismo; e Diretor de Governança Ambiental e Social do Grupo Ser Educacional.

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Inclusão

O homenageado tem uma grande contribuição social no que se refere a projetos de inclusão. Em 2013, lançou o “Projeto Praia Sem Barreiras”, que visa garantir o acesso ao lazer através da equiparação de oportunidades para as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Em 2016, criou o “Projeto Mães Produtivas”, com o intuito de beneficiar as mães que não podem comparecer às aulas presenciais porque precisam fornecer cuidados especiais aos seus filhos.

Trabalhou ainda com o atendimento e a inclusão de pessoas com Síndrome de Down através do “Projeto Circo Social”, agregando técnicas circenses com o objetivo de promover a cidadania.

É criador também do projeto “Bike Sem Barreiras”, da “Maratona Maurício de Nassau” e a “Ação Tropical”, feita com o intuito de conscientizar as pessoas sobre cuidados com o meio ambiente e proporcionar a reflexão sobre as ações de cidadania e de coletividade.

Poluição

No Grupo UNINASSAU, Sérgio Murilo Junior foi o responsável pela parceria com o Instituto Limpa Brasil, o qual é representante nacional do “Let's do it!”, uma iniciativa que mobiliza centenas de países em defesa do descarte adequado do lixo e que promove, anualmente, o World Cleanup Day, com o objetivo de instituir uma grande ação cívica para a limpeza de cidades em todo o mundo.

A deputada estadual Dani Portela (PSOL) esteve nesta sexta-feira (28) na sede do Sindicato dos Rodoviários para acompanhar e prestar solidariedade ao presidente Aldo Lima, que foi preso pela Polícia Militar antes das 5h da manhã na garagem da Grande Recife Consórcio. Enquanto presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), Portela afirmou que vai solicitar as imagens das câmeras de segurança, que captaram o momento da prisão, ao governo do estado. Segundo a parlamentar, Lima teria sido detido de forma arbitrária.

"A Comissão também remeteu uma denúncia ao Ministério Público, à corregedoria da Secretaria de Defesa Social e à Secretaria de Justiça do Estado sobre a ação da Polícia Militar. O direito à greve é legítimo. Não podemos normalizar a violência contra trabalhadoras e trabalhadores”, afirmou Portela na publicação.

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A parlamentar ressaltou que nos últimos dias vem recebendo denúncias quanto à conduta de algumas entidades de segurança em relação à paralisação, fazendo uso de spray de pimenta, por exemplo. "Não dá para tratar trabalhador assim, é uma greve séria por um motivo justo: melhores condições de trabalho", finalizou a deputada.

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Parlamentares repudiam ação da Polícia

Também nas redes sociais, a vereadora do Recife Liana Cirne (PT) comentou a atitude da Polícia Militar e se solidarizou ao movimento grevista. “Enquanto Pernambuco agoniza com o crescimento da violência, com delegacias sem delegados nomeados, com a crise da segurança pública, a polícia militar foi designada para fazer repressão ao movimento, como nos tempos da ditadura”, escreveu no seu perfil.

O deputado federal Carlos Veras (PT-PE) declarou apoio aos trabalhadores em realizar a greve, por ser um direito constitucional às categorias. “Os motoristas estão em pleno exercício do direito de greve, e não podem ser cerceados pela força do Estado”, afirmou em sua publicação.

Governadora se posiciona

No final da manhã, a governadora Raquel Lyra (PSDB), se pronunciou nas redes sociais, prestando apoio ao presidente do Sindicato dos Rodoviários. O comentário foi considerado o primeiro posicionamento do governo do estado em relação à greve dos rodoviários, que teve início na última quarta-feira (26), e estava anunciada desde o dia 19 deste mês.

A ex-candidata ao governo estadual, Marília Arraes (Solidariedade), também comentou o ocorrido, prestando solidariedade ao sindicalista e criticando a atitude do Estado. “Falta de diálogo é o retrato do despreparo”, disparou. 

Aldo Lima foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil, mas foi liberado ainda no final da manhã.

A categoria agendou uma nova assembleia para a tarde desta sexta para definir os próximos passos da greve.

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania lançou, nesta sexta-feira (14), um programa de videocast (podcast com conteúdo de vídeo) para discutir assuntos relacionados ao tema. O programa Direitos Humanos pra Quem?, apresentado pelo ministro Silvio Almeida, convidará secretários da pasta, artistas e pessoas engajadas no assunto. 

Segundo o ministro, o propósito do programa é explicar para a população que os direitos humanos devem fazer parte da vida de todos os brasileiros. 

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"Nos últimos tempos, vimos uma distorção acerca do significado de direitos humanos. Nossa missão é tentar recolocar esse assunto, que é fundamental para que possamos fazer deste país um país decente, um país melhor”, afirmou.  A primeira entrevistada do videocast foi a secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos do ministério, Isadora Brandão.

  Isadora disse que o papel da secretaria é chamar atenção para existência de minorias que são esquecidas pela sociedade. Ela explicou que, mesmo partindo da compreensão de que todos têm uma essência humana comum, e direitos iguais, existem pessoas que, por diversos fatores, ficam à margem de um olhar e de uma atenção.

“Ou seja, há pessoas que, pelas condições econômicas, sociais e de vulnerabilidade em que se encontram, estão totalmente invisíveis."  A secretária citou as ações do ministério no combate ao trabalho escravo doméstico e lembrou que, nesta situação, é negada à pessoa a construção autônoma de sua vida.

"É uma relação de posse em que há uma limitação da liberdade, da capacidade de se autodeterminar. Isso envolve condições degradantes de trabalho, jornadas exaustivas, ausência de salário. Muitas pessoas ainda hoje trabalham em troca de teto, abrigo e alimento."

  Os programas podem ser assistidos nas páginas oficiais da pasta nas plataformas YouTube, Spotify e Deezer.     

Com o objetivo de estabelecer uma gestão participativa entre o Governo do Estado e a sociedade civil, a Secretária de Justiça e Direitos Humanos, Lucinha Mota, recebeu nesta quinta-feira (11), representantes dos movimentos LGBTQIAP+.

No encontro foram tratados, dentre outros temas pertinentes, acerca das políticas públicas em execução e a serem implementadas, traçando objetivos e estratégias em conjunto com os beneficiários do serviço público.

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“Unindo as forças do Estado, da sociedade civil e dos movimentos sociais poderemos avançar muito na promoção e proteção da população LGBTQIAP+, em Pernambuco. A nova gestão redesenhará, em participação com os diversos grupos de pessoas, as políticas públicas, tornando-as mais efetivas. É preciso, também, que elas cheguem a todas as pessoas do nosso Estado.”, explica a Secretária Lucinha Mota.

Participaram da reunião os representantes da ONG Leão do Norte, Marconi Costa (ABGLT Nordeste) e Gilvan Rufino; a presidenta da ONG Cores, Alzyr Brasileiro, presidenta da ONG Cores e representante da Rede LGBT do Interior de PE; e a representante da Articulação e Movimento para Travestis e Transexuais de Pernambuco (Amotrans-PE) e RENFA, Maria Daniela.

Alzyr informou que o Estado registra uma subnotificação das violências direcionadas ao público LGBTQIAP+ e sugeriu que a secretária seja também uma porta-voz do público junto às demais estruturas do Governo, atuando em mudanças de grandes desafios, como a tipificação da LBTQIAP+. 

O gestor dos programas de proteção e promoção dos direitos humanos da SEDH, Lucas Barros; a chefe de gabinete da SJDH, Kleanne Oliveira e a consultora técnica da SJDH, Gláucia Andrade, também acompanharam a reunião, que também abordou a questão da empregabilidade da população LGBTQIAP+ como política a ser trabalhada pelo Governo do Estado.

“Através do nosso Centro de Combate à Homofobia, o CECH, buscaremos fortalecer as políticas de promoção e prevenção e, o que é mais importante, descentralizá-las, levando-as também para as outras regiões do Estado que precisam dessa assistência tanto quanto a capital e a Região Metropolitana”, completou Lucinha.

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