Tópicos | Djamila Ribeiro

Durante participação no programa Encontro com Fátima, nesta terça (13), o ex-BBB Rodolffo mostrou alguns presentes que ganhou da apresentadora do matinal: livros antirracistas. Durante a atração, eles falaram sobre o tema e relembraram a polêmica protagonizada por ele dentro da casa. O sertanejo garantiu estar aprendendo muito sobre questões raciais após o ocorrido. 

Ao lado do cantor Israel, que forma dupla com ele, Rodolffo mostrou os livros que ganhou de presente de Fátima: Pequeno Manual Antirracista, de Djamila Ribeiro, e Torto Arado, de Itamar Vieira Júnior. "Vou ler tudinho", garantiu o sertanejo. Ele também disse estar aprendendo bastante sobre o tema após ter sido acusado de racismo dentro do BBB, ao comparar o cabelo de João a uma peruca da fantasia de homem das cavernas. “Tenho maior orgulho de ter muitos amigos, sem distinção de cor de pele, situação financeira. Detesto esse negócio", disse.

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Fátima reforçou o recado e falou da importância de aliar-se à luta antirracista. “Nos dias de hoje, não basta mais a gente ter amigos (negros), conviver ou trabalhar com eles. A gente tem que estar junto nessa luta, saber o que eles precisam para que a gente possa, de alguma maneira, colaborar. A gente colabora não fazendo mais (coisas racistas), pelo menos a nossa parte, e recriminando aquele colega que manda piadinha no Whatsapp, qualquer coisa assim. Falando: 'Olha, não faz isso não, isso está errado'".

 

Para dar voz à luta do povo negro contra o racismo, o ator Paulo Gustavo decidiu fazer algo além de postar foto com posicionamento. Na última terça-feira (2), ele anunciou que estará cedendo a sua conta do Instagram - com mais de 13 milhões de seguidores - para a escritora Djamila Ribeiro, durante todo o mês de junho.

“Gente, diante dessa realidade tão brutal, no mês de junho, meu instagram será totalmente dedicado a abordar as questões raciais no Brasil. Portanto, resolvi ceder minha conta do instagram a escritora e ativista Djamila Ribeiro, que vai trazer conteúdos muito importantes pra todos nós. Me sinto na obrigação de ajudar e o meu melhor posicionamento será de escutar e aprender”, explicou o ator.

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Paulo Gustavo ainda convidou os seus seguidores na plataforma para acompanhar e aprender sobre o assunto. “Vamos visibilizar as vozes que sempre falaram, mas não foram ouvidas. Vamos aprender juntos? Essa é uma luta de todas e todos. Conhecer e entender o racismo no país é nossa responsabilidade política”, afirmou.

O ator ainda agradeceu a escritora por ter aceitado a proposta de levar conhecimento aos seguidores dele. “Já li livros e artigos dela e acho ela uma gênia. Estarei acompanhando essas aulas e voltamos a nos encontrar em julho. Obrigado Rainha Djamila, por topar entrar na minha conta e trazer histórias e conhecimentos que vão tocar e transformar milhares de pessoas”, finalizou Paulo.

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"Nunca entre numa discussão sobre racismo dizendo 'mas eu não sou racista'...", provoca a escritora Djamila Ribeiro. Em seu 'Pequeno Manual Antirracista' (Companhia das Letras, 136 páginas), publicado no fim de novembro, a filósofa feminista negra busca levar ao grande público, com uma linguagem didática, uma discussão que costuma ficar restrita a círculos acadêmicos e de militância.

"Hoje tem pessoas que até reconhecem o racismo, sabem que o Brasil é racista, mas não pensam quanto que é importante tomar atitudes em relação a isso", explicou, em entrevista à AFP.

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Informar-se sobre racismo, ler mais autores negros, reconhecer os privilégios de ter nascido branco, apoiar ações que promovam a igualdade racial nos diferentes âmbitos da sociedade, entre outras ações, pode ajudar a reverter o quadro atual, afirma a acadêmica, de 39 anos, referência do feminismo negro no Brasil.

"O que está em questão não é um posicionamento moral, individual, mas um problema estrutural. A questão é: o que você está fazendo ativamente para combater o racismo?", questiona no livro, de pouco mais de cem páginas.

Inspirado no livro "How To Be An Antiracist", do historiador americano Ibram X Kendi, e citando passagens de autoras de referência, como Angela Davis, Audre Lorde e Bell Hooks, Djamila resume em dez curtos capítulos os principais caminhos para se somar a esta causa, que ganha ainda mais relevância no momento atual de "retrocessos" sociais no governo do presidente Jair Bolsonaro, defende.

Informar-se e questionar o entorno

O primeiro passo é se informar, sugere a autora.

"No Brasil, há a ideia de que a escravidão aqui foi mais branda do que em outros lugares, o que nos impede de entender como o sistema escravocrata ainda impacta a forma como a sociedade se organiza", diz em um dos capítulos.

Essa desigualdade se perpetua e pode ser vista nas estatísticas: apesar de representar 55,8% da população brasileira, os negros e pardos estão sub-representados no Congresso (24,4%) e em cargos de chefia (29,9%), ganham em média salários 73,9% mais baixos e têm 2,7 vezes mais chances de ser mortos do que os brancos, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

Apoiar políticas afirmativas é fundamental para reparar estas desigualdades, afirma Djamila, que dá como exemplo a lei de cotas, que desde 2012 reserva à população afrodescendente um número determinado de vagas em universidades públicas.

Para que o acesso a uma educação de qualidade se reflita também no mercado de trabalho, é importante questionar e transformar os ambientes laborais.

"Qual a proporção de pessoas negras e brancas em sua empresa? E como fica essa proporção no caso dos cargos mais altos? (...) Há na sua empresa algum comitê de diversidade ou um projeto para melhorar esses números? Há espaço para um humor hostil a grupos vulneráveis?", pergunta a autora.

Discutir também a "branquitude"

O debate racial costuma se concentrar na discussão sobre as dificuldades que a população negra enfrenta, sustenta Djamila, mas não nos privilégios da população branca, considerados em geral como fruto do próprio esforço e não de um sistema desigual.

"É fundamental discutir a partir da perspectiva daqueles e daquelas que se beneficiam da estrutura racista para enxergar seus privilégios e desnaturalizá-los, entender os lugares sociais" de cada um, afirma.

Após reconhecer seus privilégios, "o branco deve ter atitudes antirracistas", sugere no manual.

"Não se trata de se sentir culpado por ser branco: a questão é se responsabilizar. Diferente da culpa, que leva à inércia, a responsabilidade leva à ação. Dessa forma, se o primeiro passo é desnaturalizar o olhar condicionado pelo racismo, o segundo é criar espaços, sobretudo em lugares que pessoas negras não costumam acessar", acrescenta.

O racismo, conclui a autora, é "um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato da vontade de um indivíduo. Reconhecer o caráter estrutural do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro tão grande? No entretanto, não devemos nos intimidar. A prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas".

A literatura é tida como ferramenta de educação e formação de uma sociedade. Sendo assim, ler os autores de seu país pode ser uma ótima estratégia para entender melhor sobre as pessoas que o cercam e até a si próprio. Nesta quarta (20), em que é celebrado o Dia da Consciência Negra, o LeiaJá preparou uma lista com sete dos mais importantes escritores negros do Brasil que em suas obras discorrem sobre temas muito discutidos, sobretudo nesta data, como o combate ao racismo, igualdade racial e de gênero e as lutas diárias da sociedade brasileira e de sua população negra. Confira e abra espaço em sua estante: 

Solano Trindade

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Poeta, folclorista, pintor, ator, teatrólogo, cineasta e militante, Solano Trindade tornou-se um dos nomes mais fortes da literatura brasileira. O escritor recifense traz em sua obra as reivindicações sociais dos negros em busca de melhores condições de vida. Alguns de seus títulos de destaque são 'Poemas d'uma vida simples' e 'Cantares ao meu povo'. 

Maria Firmina

Nascida em São Luís, no Maranhão, Maria Firmina foi pioneira ao escrever o primeiro romance abolicionista do país e ser a primeira mulher negra a publicar um livro, 'Úrsula', em 1859. Ela também escreveu poemas e contribuiu em diversos jornais de sua época. Após aposentar-se, em 1880, a escritora criou uma escola gratuita e mista. 

Carolina Maria de Jesus

A mineira Carolina de Jesus é considerada uma das primeiras escritoras negras do Brasil. Em sua obra ela fala do cotidiano dos moradores das favelas, tendo sido ela uma dessas moradoras pela maior parte de sua vida. Um de seus principais livros, Quarto de despejo: 'Diário de uma favelada', de 1960, vendeu cerca de 100 mil exemplares e foi publicado em mais de 40 países, em 13 idiomas diferentes. 

Conceição Evaristo

A escritora mineira, que só concluiu seus estudos básicos aos 25 anos por ter se dividido, durante toda a vida, entre a escola e o trabalho como doméstica, fez sua estreia na literatura em 1990. Hoje, mestra em Literatura Brasileira pela PUC-Rio e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense, Conceição Evaristo tem obras traduzidas em diversos idiomas e publicadas no exterior. Ela é militante ativa do movimento negro e trabalha em seus escritos temas como discriminação racial, de gênero e de classe. 

Miró da Muribeca

João Flávio Cordeiro Silva, mais conhecido como Miró da Muribeca, é um poeta recifense, com 13 livros lançados e uma recente estreia na literatura infantil com a publicação 'Atchim!'. Miró pode ser visto pelas ruas do Recife, recitando e conversando com as pessoas e é dessa vivência que extrai material para o seu trabalho. A violência urbana, dificuldades do cotidiano, e as pequenas alegrias do dia a dia costumam estar presentes em sua obra. 

Djamila Ribeiro

Um dos mais importantes nomes da luta contra o racismo e do feminismo, na atualidade, Djamila Ribeiro é filósofa e escritora. Ela tem percorrido o Brasil e o mundo falando sobre igualdade racial e de gênero e algumas de suas obras também já foram publicadas no exterior. Entre seus lançamentos, estão 'Quem tem medo do feminismo negro?' e 'O que é lugar de fala?'. No final de 2019, ela lança 'Pequeno Manual Antirracista', pela editora Companhia das Letras. 

Machado de Assis

Um nome que dispensa apresentações, sendo Machado um dos mais importantes e conhecidos autores do país. Ele escreveu romances, contos, peças de teatros, crônicas e poemas, mas a desigualdade racial não era algo fortemente presente em sua obra. No entanto, recentemente, sua figura surgiu como símbolo contra o racismo em uma campanha de reparação histórica após indícios atestarem que o autor era, na verdade, negro, e não branco como costuma aparecer em uma das poucas imagens de sua pessoa. A campanha Machado de Assis Real, lançada pela Faculdade Zumbi dos Palmares, tratou de reparar o embranquecimento perpetuado na imagem do autor até então, com o objetivo de corrigir o racismo na literatura brasileira. 

Imagens: Reprodução

Reprodução/Instagram Djamila Ribeiro e Conceição Evaristo

Rafael Bandeira/LeiaJàImagens/Arquivo (Miró da Muribeca)

A filósofa e ativista Djamila Ribeiro fez um relato, nas redes sociais, afirmando que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) foi alvo de ataques verbais oriundos de um grupo de brasileiros no durante passagem pelo aeroporto de Madri, na Espanha, nesse domingo (24).

Djamila disse que foi reconhecida como brasileira por uma senhora, que a convidou para “xingar Dilma”. A assessoria da ex-presidente confirmou o episódio.

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“Ignoramos e seguimos. Assim que chegamos mais perto, vimos um grupo de brasileiros hostilizando e dizendo coisas horríveis a Dilma. Um deles chegou a dizer que ela teria o mesmo fim que Marielle. Eu e Ísis [Vergilio] prontamente nos solidarizamos e começamos a defendê-la. O grupo foi se calando e policiais se aproximaram para fazer a segurança de Dilma”, contou a filósofa.

Djamila Ribeiro relatou também que chegou a conversar com a ex-presidente e se solidarizar diante das ofensas que só acabaram quando Dilma foi para a sala de embarque. “Aí eu me irritei e fui em direção ao grupo. Disse que eles deveriam respeitá-la independente de posição política. Que eles eram desumanos e ignorantes. Quando eu perguntei onde eles tinham estudado política, se fizeram de ofendidos. Uma mulher do grupo me chamou de ‘tipinho’ e eu devolvi”, disse.

Desde que foi destituída do cargo de presidente do país, Dilma Rousseff tem viajado para realizar palestras pelo mundo em defesa da democracia e dos direitos humanos.

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