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Conhecido por inovar em roteiros com boas doses de humor e cenas de violência, o ator e diretor Quentin Tarantino completa 57 anos nesta sexta-feira (27).

A obra do aclamado cineasta tem referências no cinema inglês, com as temáticas de faroeste e artes marciais e, ao longo da carreira, o estilo de Tarantino rendeu diversos prêmios, entre eles o Oscar de Melhor Roteiro Original pelo filme "Django Livre" (2012), e as mais recentes estatuetas douradas de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Direção de Arte para "Era Uma Vez em... Hollywood" (2019). O filme foi o maior sucesso de bilheteria entre as obras do diretor, acumulando US$ 40 milhões em seu primeiro final de semana em exibição.

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Fã do diretor, a advogada Raíssa Sanches, 23 anos, considera "Pulp Fiction: Tempo de Violência" (1994) a obra mais completa de Tarantino. "Os diálogos marcantes e as cenas de ação bem dirigidas, faz com que ele alcance um público mais amplo", diz ela, destacando também a crítica social presente em "Bastardos Inglórios" (2009).

Para o crítico de cinema, Efrem Pedroza, o diretor é singular. "Ele possui um vasto repertório do universo da cultura pop, que é mesclado em suas obras, e sabe como ninguém como alcançar esse público, fazendo uso da linguagem do cinema com muita competência", explica. Pedroza destaca sua preferencia por "Cães de Aluguel" (1992) e a franquia "Kill Bill" (2003-2004).

Segunda Pedroza, Tarantino se destaca também pela forma como trabalha e condensa os diversos elementos cinematográficos, como diálogos de personagens, trilha sonora, referencias que vão desde filmes de western até história em quadrinhos, além das histórias nem sempre serem lineares, com diversos flashbacks e reviravoltas. "Tarantino continua mantendo um nível crescente de qualidade no decorrer de suas obras. O início de carreira dele foi menos badalado, justamente pelo fato de ser um início de carreira e não um declínio. Tarantino está longe do fim", complementa.

A atriz de Django livre Daniele Watts foi formalmente acusada, nesta terça-feira (21), de atentado ao pudor em público junto com o namorado, seis semanas depois de terem sido detidos. O casal denuncia a polícia de Los Angeles por racismo.

A atriz negra, de 28 anos, e seu companheiro Brian James Lucas, que é branco, terão de comparecer em 13 de novembro à Justiça. Se forem considerados culpados, os dois podem ser condenados a até seis meses de prisão e a pagar uma multa de US$ 1.000. Em sua página no Facebook, Daniele contou que foi algemada em 11 de setembro em Studio City, um bairro situado no norte de Los Angeles, por demonstrações de carinho em público com o namorado.

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A polícia prendeu o casal, suspeitando se tratar de prostituição, depois de receber a chamada de um cidadão se queixando da "exposição indecente" de duas pessoas em um veículo estacionado com a porta aberta. "Quando estava sentada na parte de trás da viatura da polícia, eu me lembrei das inúmeras vezes em que meu pai chegou em casa frustrado, ou humilhado pela polícia, sem ter feito nada de errado", desabafou.

Depois de uma rápida investigação, os agentes determinaram que a atriz e seu namorado não tinham cometido crime algum, e eles foram postos em liberdade. As autoridades continuaram a investigação, porém, e decidiram, finalmente, apresentar acusações contra Watts e Lucas.

 Se discute muito nos meios culturais o significado do trabalho autoral no cinema, e até que ponto a marca do diretor deve se curvar em relação à história contada - devido às necessidades dramáticas e a capacidade de uma obra de ser vendável dentro de um sistema de estúdios. Quentin Tarantino aparentemente conseguiu a proeza de unir todas estas características em Django Livre (Django Unchained). É um filme onde reconhecemos o mesmo realizador que nos deu a violência quase cartunesca de Kill Bill, os diálogos cheios de espírito de Jackie Brown, aliados a potência narrativa e dramática de Bastardos Inglórios. Novamente temos as multiplas referências de um diretor que construiu uma carreira em cima de homenagens aos gêneros que amou enquanto crescia: os filmes de ação dos anos 80, os filmes B de artes marciais vindos da china com péssimas dublagens e o drama de guerra.

Desta vez, o que temos é um roteiro original que reconstrói os trabalhos do chamado Faroeste Italiano, que imortalizou diretores como Sérgio Leone. O Western é o gênero de cinema americano por definição, que ajudou a levar a indústria de Hollywood para o patamar estelar que possui, hoje, e que ajudou a legitimar a visão higiência do herói e do uso liberal da violência como resolução de problemas. É muito curioso assistir a este filme depois de ver, na semana anterior, o tétrico Jack Reacher. Ambos possuem soluções similares para seus personagens, mas Django é um filme humano e relacionável. Aceitamos melhor a necessidade de resolver as coisas na base do chumbo voador.

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    Tarantino liga esse faroeste consagrado com outro que têm defensores ferrenhos, porém muito contestadores socialmente:a Blaxsploitation americana. A união de black (negro) e exploitation (exploração), é um gênero de cinema originamente marginal que procurava enfrentar o olhar cinematográfico eminentemente branco da indústria. Além disso, dramas sobre a relação entre raças e a visão do negro americano sobre sí mesmo e sobre os outros, são abordados no filme. Foi uma aposta perigosa de Tarantino, trazendo temas delicados como a escravidão e o papel do negro na formação dos EUA, algo que foi relegado ao segundo plano nas produções clássicas dos gêneros americanos, e em particular no faroeste.

Embora possua o mesmo nome de um Western que teve o ator Franco Nero como seu protagonista branco de olhos azuis, Django Livre (no qual o próprio Franco faz uma aparição) é uma história original numa safra de cinema que tem os roteiros adaptados e os remakes como matéria prima. Django (Jamie Foxx, muito à vontade no papel) é um negro escravo, que é libertado pelo 'dentista' e caçador de recompensas King Schultz (Christoph Waltz). Waltz repete sua interpretação que lhe valeu um Oscar pelo coronel Landa em Bastardos Inglórios, e continua igualmente interessante nesta segunda vez. A dupla se une num acordo: Se Django ajudar o Schultz a capturar os irmãos Brittle, três criminosos procurados pela lei e que realmente não prestam, o Doutor ajudará o escravo liberto a encontrar sua esposa. Brunhilda (Kerry Washington), a força motriz de Django, e um personagem bem pobre, se encontra presa na maior e mais opressiva fazenda do mississipi. Candyland é governada por Monsieur Candy (Leonardo DiCaprio, brilhante como vilão) e pelo maquiavélico e idoso Stephen.

Visualmente, Django Livre é uma produção sólida. Embora puxe do faroeste sua temática, a construção visual não é a mesma: Temos poucos dos grandes ângulos abertos que colocam o homem no cavalo como o senhor de tudo que enxerga. Não que o filme seja feio: O trabalho de fotografia de Robert Richardson (Ilha do Medo, a Invenção de Hugo Cabret) é primoroso em sua precisão, mesmo a inspiração dos faroestes B feitos na itália, com movimentos de câmera bruscos e chicotes, muitas vezes colocados como um tipo de piada interna do diretor.

Os diálogos e a montagem são rápidos, mas não sofremos com cortes rápidos-feito-video-clipe-da-MTV que tem aparecido tanto nos cinemas recentemente, como se o editor tivesse um ataque epilético. É uma montagem que serve a bruteza explicita, mas quase surreal em sua escala. Me foi comentado que o diretor tem uma alegria quase infantil em sua violência, e é verdade. Seria possível colocar Tarantino david Cronenberg (Cosmópolis, Método Perigoso) quase em lados opostos na mesma moeda. O sangue explode, e as pessoas voam, e claramente, sentimos que o diretor está se divertindo bastante com o resultado, particularmente com a pontinha que ele mesmo interpreta.

Django Livre é razoavelmente longo, com dois clímaxes bem distintos, mas que graças a um uso sólido de edição e uma trilha sonora que mistura o que existe de bom no som icônico faroeste clássico e da produção de música negra nos EUA, não pesa nem nos olhos ou nos ouvidos. Django Livre é partes iguais de Ennio Moricone, Tupac e James Brown e Johny Cash. É um prato saboroso, mas todos os sabores são bem fortes.

Se existe algum problema sobre a obra é que ele possui tantas referência que está sempre pecando pelos excessos: de referências, de mudanças rápidas do clima, sempre no limite, chamando muita atenção para sí enquanto metafilme e dimunuindo nossa atenção na história.  A primeira metade é um excelente faroeste e um trabalho mais sério sobre a exploração do negro naquela época, dramático e envolvente. A segunda, bem, é Tarantino, com sangue explodindo de forma gloriosa, e mulheres voando em ângulos impossíveis quando são atingidas por tiros de revolver. A habilidade cinematográfica do diretor é inegável, mas as vezes, nos perguntamos se ele não deveria tentar crescer só um pouco e deixar de ser 'o garoto talentoso' que era na época de cãos de aluguel. Já está na hora.

Estreando nos cinemas brasileiros no próximo dia 18 de janeiro, "Django livre" ("Django unchained"), uma aventura que conta a história de um escravo liberto que, sob a tutela de um caçador de recompensas alemão (que será vivido por Christoph Waltz) torna-se um mercenário perigoso. Depois de auxiliar seu mentor em alguns trabalhos por dinheiro, os dois partem para uma missão pessoal: encontrar e libertar a esposa de Django das garras de um fazendeiro inescrupuloso. 

O Filme é estrelado por Jamie Foxx, Christoph Waltz e Leonardo DiCaprio.





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