Tópicos | eleições 2018

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quinta-feira (20), a Operação Sufrágio contra um esquema de compra de votos, transporte irregular de eleitores e outras infrações relacionadas às últimas eleições. Três investigados foram presos temporariamente.

Um dos capturados pela PF foi cabo eleitoral da campanha de um deputado eleito pelo Acre. Segundo a investigação, "há evidências de que ele teria ofertado lotes, produtos de supermercados, combustível, serviços de saúde e até expedição de carteiras de habilitação para os eleitores".

##RECOMENDA##

A Federal aponta que há suspeita de que alguns dos investigados tenham custeado de forma irregular os gastos de campanhas, fornecendo produtos alimentícios e botijões de gás em troca de votos.

A Sufrágio indica que ao menos três candidatos de Cruzeiro do Sul tenham sido beneficiados pela compra de votos, sendo que dois deles efetivamente foram eleitos.

Foram cumpridos três mandados de prisões temporárias e oito mandados de busca e apreensão nas residências dos investigados e na Câmara Municipal de Cruzeiro do Sul. Além das buscas, a PF ouve testemunhas em busca do esclarecimento dos fatos. Os presos serão levados para a Unidade Prisional Manoel Nery, em Cruzeiro do Sul.

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) concluiu nesta quinta-feira, 13, o julgamento da ação do PT contra o presidente eleito, Jair Bolsonaro, envolvendo a rede de lojas Havan, que já tinha maioria para ser rejeitada pela Corte Eleitoral. Por unanimidade, os ministros negaram os pedidos do partido derrotado nas eleições presidenciais, que buscavam a inelegibilidade e a cassação do presidente eleito.

Essa é a segunda ação de investigação judicial contra Bolsonaro julgada, e negada, pelo TSE. Mais cedo, os ministros também arquivaram uma apresentada pelo presidente eleito contra a campanha de Fernando Haddad (PT), que saiu derrotado no pleito presidencial. Portanto, três processos de investigação judicial relativos ao pleito deste ano já foram rejeitados pela Corte Eleitoral.

##RECOMENDA##

O julgamento nesta quinta foi retomado com o voto do ministro Edson Fachin, que no último dia 4 interrompeu a análise da ação com um pedido de vista. Na ocasião, o ministro citou um "conjunto de inquietações" envolvendo o aplicativo WhatsApp e o cenário eleitoral das recentes eleições, argumentando que gostaria de analisar a matéria em conjunto das outras ações de investigação judicial.

Ao votar para rejeitar a ação nesta quinta, acompanhando o relator, o ministro afirmou que as matérias debatidas na ação envolvendo a Havan e nos demais processos são distintas. "Resta superado o pedido de vista", entendeu o ministro. Além da posição de Fachin, faltava apenas o voto da presidente do TSE, ministra Rosa Weber, que também votou para rejeitar o processo.

Na ação, o partido do candidato derrotado Fernando Haddad alegava que o empresário Luciano Hang, proprietário da rede Havan, constrangeu funcionários para votarem em Bolsonaro, sob ameaças de fechamento de lojas e demissões.

Votos

Ao votar na semana passada, o corregedor-geral da Justiça Eleitoral e relator do caso, ministro Jorge Mussi, ressaltou que é necessário haver provas robustas e conclusivas sobre o suposto abuso de poder econômico, o que não é o caso envolvendo Hang e Bolsonaro, avaliou.

Mussi destacou que a afirmação do dono da Havan, de que se a "esquerda" ganhasse o empresário poderia deixar de abrir mais lojas, não foi um ato de coação, mas de desabafo pessoal, "sobretudo porque tratou de manifestação informal", não direcionada aos empregados.

No processo, o Ministério Público Eleitoral (MPE) se manifestou pela rejeição do pedido do PT. Em parecer, o vice-procurador-geral eleitoral, Humberto Jacques, afirmou que não ficou comprovada a alegada coação em relação a funcionários da rede de lojas Havan. O vice-procurador-geral eleitoral apontou ainda que o possível vínculo de amizade entre Hang e Bolsonaro não é suficiente para demonstrar a eventual participação do presidente eleito no caso.

Em sustentação oral, o advogado do PT, Eugênio Aragão, afirmou que seria "claro" que Hang utilizou "condição de empresário para fazer pressão sobre seus empregados", configurando, portanto, abuso de poder econômico.

Advogado de Bolsonaro, Tiago Ayres destacou na tribuna que não havia prova documental nem testemunhal no caso. Segundo o defensor do presidente eleito, mesmo que ficasse demonstrada a conduta ilícita de Hang, não haveria nenhuma evidência de participação de Bolsonaro no caso. "Se força o raciocínio para apresentar suposta amizade entre os dois como prova apta a demonstrar eventual participação", criticou.

No total, Bolsonaro foi alvo de oito ações de investigação judicial eleitoral, duas delas agora rejeitadas. Na última segunda, no entanto, o PT apresentou mais dois processos contra o presidente eleito.

Por unanimidade, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitou nesta quinta-feira (12) a ação apresentada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) contra a campanha do candidato à presidência da República derrotado Fernando Haddad (PT), pela qual acusava ter havido abuso de poder econômico na turnê do cantor Roger Waters, ex-integrante da banda Pink Floyd, realizada no Brasil em outubro.

No processo, a defesa de Bolsonaro pedia a inelegibilidade ou cassação de registro do adversário na disputa.

##RECOMENDA##

Durante seus shows, Waters fez críticas a Bolsonaro. No primeiro espetáculo, o telão ao fundo do palco trazia uma lista de líderes mundiais considerados pelo músico como neofascistas. Estavam ali nomes como Viktor Orbán, primeiro-ministro da Hungria; Marine Le Pen, liderança de extrema-direita da França; Lech Kaczynski, ex-presidente da Polônia; Vladimir Putin, presidente da Rússia e, por último, o candidato - agora eleito - Jair Bolsonaro.

A defesa de Bolsonaro alegava que o ato era um tipo de propaganda irregular, e que havia conluio entre a empresa T4F Entretenimento, que promoveu o show, e os candidatos na disputa, agora derrotados. Isso porque, sustentavam, a empresa é beneficiária de "várias contratações" da Lei Rouanet, que é criticada pelo presidente eleito.

Os advogados de Bolsonaro ainda citavam publicação do ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão, que afirmou que "Roger Waters recebeu cerca de R$ 90 milhões para fazer campanha eleitoral disfarçada de show ao longo do 2º turno".

O ponto foi rebatido pela defesa do PT, por meio do advogado Marcelo Schimidt, e rejeitado pelo relator da ação, ministro Jorge Mussi, que é corregedor-geral Eleitoral. Os dois destacaram que, em ofício ao TSE, o Ministério da Cultura informou que o espetáculo do cantor Roger Waters não recebeu apoio pelo mecanismo de incentivo fiscal estabelecido pela lei. Mussi também afirmou que inexistiram provas seguras de prática de conluio com a empresa para revelar "uso malicioso da turnê".

Schimidt também afirmou que a ação apresentada pelo candidato vitorioso do PSL era uma tentativa de censurar a livre manifestação do artista. "Em vários países Rogers Waters se manifestou contrário a ideais e pensamentos, e assim fez quando esteve no Brasil". O defensor ainda lembrou que o contrato dos shows foi fechado em 2017, antes mesmo do registro de candidatura por parte do PT.

Liberdade de expressão

O tema da liberdade de expressão também foi levantado na manifestação do Ministério Público Eleitoral, que pediu a rejeição da ação. Em sustentação oral nesta quinta-feira, o vice-procurador geral eleitoral, Humberto Jacques, destacou que "o pleito de 2018 ficará registrado como um período de grande liberdade".

Para ele, poderia "manchar a normalidade do pleito" uma intervenção judicial sobre manifestação artística no curso das eleições. "Liberdades são melhor controladas por outras liberdades do que com intervenções judiciais", disse Jacques.

Essa foi o segundo julgamento concluído de ação de investigação judicial referente a eleição deste ano. Na terça-feira, dia 11, o TSE também rejeitou por unanimidade ação do PT contra Bolsonaro envolvendo a empresa de ar-condicionado Komeco.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad foi condenado pela Justiça por chamar de "fundamentalista charlatão, com fome de dinheiro" o bispo Edir Macedo. O petista terá de pagar R$ 79.182 ao fundador da Igreja Universal do Reino de Deus - o dinheiro, segundo o bispo, será destinado a uma instituição de caridade. O ex-prefeito também terá que se retratar por ofensas ao líder religioso durante a campanha à Presidência da República.

Na sentença, juiz Marco Antonio Botto Muscari afirma que o petista é um "conhecedor privilegiado das normas jurídicas". "Estudou na mais tradicional faculdade de Direito brasileira, o réu obviamente sabe que acusações passadas de 'charlatanismo, estelionato e curandeirismo', seguidas de absolvição, apenas reforçam a presunção constitucional de inocência do bispo Macedo. Ou será que Fernando Haddad se julga no direito de, após decreto absolutório, insistir em que o líder religioso pratica, sim, 'charlatanismo'?", escreveu.

##RECOMENDA##

"Fernando Haddad claudicou muitíssimo e potencializou os efeitos de sua infeliz declaração, lançando-a nas mídias sociais com acesso a centenas de milhares de destinatários. Impossível estimar a dimensão dos danos causados a Edir Macedo Bezerra, que não persegue lucro fácil, (...) tanto que indicou desde cedo instituição beneficente para receber a verba indenizatória", diz o juiz Muscari na decisão.

Em outubro, Edir Macedo decidiu ir à Justiça e ao Ministério Público Federal contra o ex-prefeito e então candidato do PT à Presidência. Por meio de seus advogados, o bispo ingressou com uma ação de natureza civil, em que pedia indenização de 83 salários mínimos, e com um pedido de abertura de Procedimento de Investigação Criminal (PIC) no Ministério Público Federal em São Paulo.

As ofensas de Haddad, segundo o líder religioso, ocorreram no dia 12 de outubro, quando o petista deu entrevista coletiva à imprensa. A origem do embate estaria na manifestação de apoio que o líder da Universal declarou por Jair Bolsonaro (PSL), rival de Haddad na corrida ao Palácio do Planalto. Macedo afirmou que "apenas e somente demonstrou sua inclinação ao candidato Jair Bolsonaro, nada mais!"

"Com o nítido caráter de propagar a tão combatida intolerância religiosa e ferir sua honra, nome, imagem e reputação, por mera insatisfação pessoal e partidária, bem como se valendo do forte aparato midiático que é destinado aos candidatos à Presidência da República, o réu Fernando Haddad, acompanhado de dezenas de pessoas, após participar de uma missa católica alusiva ao dia de Nossa Senhora Aparecida, em 12 de outubro, em sede de coletiva de imprensa, passou a proferir ofensas que por si violam o ordenamento jurídico", disse Macedo.

Segundo as ações, na ocasião, Haddad, dirigindo-se aos jornalistas e "diante de todo o público que por lá estava, disse em alto e bom tom. 'Sabe o que é o Bolsonaro? Vou dizer pra vocês o que é o Bolsonaro. Ele é o casamento do neoliberalismo desalmado representado pelo Paulo Guedes, que corta direitos trabalhistas e sociais, com o fundamentalismo charlatão do Edir Macedo. Isso que é o Bolsonaro. Sabe o que está por trás dessa aliança? Chama em latim (sic): auri sacra fames, fome de dinheiro. Só pensam em dinheiro' (Paulo Guedes e Edir Macedo)."

Sobre a disputa eleitoral em Pernambuco com a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB), durante participação no programa Roda Viva Pernambuco, o ex-governador Joaquim Francisco (PSDB) falou que houve uma série de questões que pesaram no processo. Para ele, o uso da máquina pública, bem como a não necessidade de se descompatibilizar do cargo para disputar o pleito foram vantagens para o pessebista.

“O governador disputou a eleição no cargo.  Isso tem uma influencia”, pontuou. “Eu também acho que o povo de Pernambuco não entendeu a mensagem de Armando Monteiro. Uma mensagem muito sólida e muito bem estruturada”, completou o tucano, que esteve endossando o palanque do petebista na disputa eleitoral em outubro.

##RECOMENDA##

“Não houve entendimento nesse processo e houve uma série de negociações políticas que levaram a uma acomodação e a vitória do governador com uma margem muito estreita, mas houve uma vitória”,  completou.

Joaquim disse que Pernambuco precisa de uma série de “correções” de rumo citando a indústria, comércio, agricultura de empresas que não “estão indo bem”, e projetos novos para o Estado.

Equilíbrio das contas públicas

O assunto sobre a Lei da Responsabilidade Fiscal, no qual ele foi relator do projeto quando deputado federal, também foi um dos temas debatidos. Joaquim afirmou que a lei pode ser “totalmente cumprida”, mas que apenas foi criada há 18 anos. “É uma criança ainda. Ela pode sofrer alguns ajustes”, afirmou ressaltando que é preciso abrir espaço para decretar, caso necessário, a falência dos municípios para retirar todas as “gorduras” que foram colocadas sem parar com os serviços essenciais como a educação.

“A Lei da Responsabilidade Fiscal não deve ser mudada agora porque se viver uma crise”, acrescentou.

Para Joaquim, faltou gerência, além de excesso de despesas e falta de controle em estados que enfrentam dificuldades como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Também criticou a cultura latina, segundo ele, do “puxadinho”.

O ex-candidato à Presidência da República pelo PT Fernando Haddad afirmou nesta quarta-feira, 21, que o partido estuda processar o Whatsapp nos Estados Unidos, onde está localizada a sede da empresa. Para ele, as respostas dadas pela companhia a questionamentos da Justiça eleitoral brasileira sobre a disseminação de fake news durante as eleições foram insuficientes.

"Nós pretendemos explorar a possibilidade de entrar com uma ação judicial contra o Whatsapp lá, na sede da empresa, para que ela lá preste contas do que fez aqui, desconhecendo a jurisdição das autoridades brasileiras, sobre o que eles deveriam em termos de transparência oferecer para o País", afirmou Haddad.

##RECOMENDA##

Ele deverá ir a Nova Iorque na próxima semana para participar da Internacional Progressista, o primeiro de uma série de eventos que ele pretende ter no exterior para fortalecer uma agenda internacional do partido.

De acordo com Haddad, a sigla ainda estuda os meios para viabilizar a ação judicial em solo americano. "Precisamos saber se temos legitimidade, como partido, para acionar a Justiça americana ou se precisamos nos associar a alguém de lá. Estamos estudando a legislação", disse.

O ex-prefeito de São Paulo disse ainda que o Whatsapp tem se negado a abrir os seus macrodados para explicar a onda de mensagens consideradas como falsas que se espalharam pelo aplicativo durante o processo eleitoral, principalmente na última semana antes do primeiro turno.

"Estamos com o radar ligado para mobilizar essas forças internacionais, uma vez que essa onda conservadora é internacional também. E se vale muitas vezes do mau uso das tecnologias para solapar a democracia", disse.

Haddad participou durante a tarde de uma reunião com as bancadas do PT na Câmara e no Senado. De acordo com ele, os petistas discutiram como o partido se portará no próximo governo de Jair Bolsonaro. "Vamos defender uma agenda em dois planos: a defesa dos direitos sociais e dos direitos civis. Para ele, as duas agendas podem agregar forças de oposição até mesmo da centro-direita. Haddad citou como exemplo a defesa de uma escola laica.

Haddad disse ainda que o PT saiu das eleições consagrado como a principal liderança da centro-esquerda. Questionado sobre quais erros o partido cometeu nas eleições, Haddad admitiu que a sigla não estava preparada para o "tsunami cibernético" que afetou o partido.

A campanha do candidato derrotado do PT à Presidência, Fernando Haddad, declarou ter arrecadado R$ 35,3 milhões e gasto R$ 37,5 milhões. O saldo negativo de R$ 2,2 milhões é apenas R$ 200 mil a menos do que o total de despesas declarado pelo candidato vencedor, Jair Bolsonaro (PSL), que registrou ter gasto R$ 2,4 milhões e arrecadado R$ 4,3 milhões (cerca de 12% da receita do petista).

No início do mês, o PT divulgou em suas redes sociais uma campanha de arrecadação para cobrir o prejuízo da campanha de Haddad. "Ajude a encerrar nossas contas e fortaleça a resistência", disse o partido em suas redes sociais.

##RECOMENDA##

O PT orientou seus militantes e eleitores de Haddad a fazerem vaquinhas virtuais e aceitarem doações apenas de pessoas físicas, como manda a lei.

Não será a primeira vez que o PT vai ter de cobrir gastos de uma campanha de Haddad. Em 2016, quando perdeu a disputa pela reeleição a prefeito de São Paulo, o petista gastou R$ 14,6 milhões e arrecadou apenas R$ 6,7 milhões. A responsabilidade pela dívida gerou uma crise entre candidato e partido. Haddad passou meses fazendo jantares de arrecadação para saldar a dívida.

A maior parte dos recursos da campanha presidencial veio do diretório nacional do PT, responsável por distribuir as verbas do Fundo Eleitoral. Foram R$ 33,4 milhões, 94% do total. A segunda fonte de arrecadação petista foi a vaquinha digital que somou R$ 1,5 milhão, 4% das receitas.

O maior fornecedor foi a empresa M. Romano Comunicação, responsável pela produção dos programas de rádio, TV e internet da campanha petista, que recebeu R$ 4,8 milhões. O segundo maior foi a Rental Locação de Bens Móveis, que cobrou R$ 4,2 milhões pelo aluguel de equipamentos para a produção da propaganda petista. A OMA Assessoria em Pesquisas foi o terceiro maior fornecedor de Haddad, com R$ 2,4 milhões, equivalentes ao total de gastos declarado por Bolsonaro.

O PSL do presidente eleito, Jair Bolsonaro, tem os 14 deputados federais com o voto "mais barato" da última eleição. A relação entre despesas de campanha e quantidade de votos mostra que Alexandre Frota, candidato por São Paulo, foi quem menos precisou gastar, em termos proporcionais, para sair vitorioso das urnas: nove centavos por cada um dos seus mais de 155 mil votos. Logo atrás, com custo de dez centavos por voto, aparece Eduardo Bolsonaro, o deputado federal mais votado do País, também por São Paulo.

Na outra ponta do levantamento - feito a partir da prestação de contas final dos candidatos ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), divulgada na semana passada - vem uma tucana. A deputada Shéridan, eleita por Roraima, precisou de mais de R$ 190 por voto para alcançar a reeleição, com 12,1 mil eleitores. Outro candidato do mesmo Estado aparece na sequência: Edio Lopes, do PR, gastou R$ 150 por cada um dos seus 11,9 mil votos.

##RECOMENDA##

Em geral, os deputados federais eleitos por Estados da Região Norte obtiveram os votos com maior custo do País - Roraima, Acre, Amapá, Tocantins e Rondônia integram a lista das unidades da federação cujos candidatos mais investiram. Isso ocorre, em parte, porque essas são as cinco unidades federativas menos populosas do Brasil. Em média, os postulantes de Rondônia gastaram R$ 33,49 em cada voto. Em comparação, o Ceará teve a menor relação despesa por voto, com R$ 2,71. A média nacional é de R$ 10,21.

Dentre os eleitos pelo PSL, o deputado federal mais caro foi Luciano Bivar (PE), presidente e um dos poucos quadros históricos da legenda, que viveu um "boom" após a filiação de Bolsonaro em março deste ano. Bivar foi o candidato do partido que mais gastou em termos absolutos - R$ 1,9 milhão, quase quatro vezes o custo do segundo da legenda que mais investiu, Marcelo Álvaro Antonio (MG), com R$ 500 mil.

Bivar também foi o postulante da sigla que mais gastou em termos proporcionais - R$ 16,4 por cada um de seus 117,9 mil votos. Foi eleito por quociente partidário. A campanha vitoriosa mais barata do PSL, sem considerar a relação com o número de votos, foi a de Márcio Labre (RJ), com apenas R$ 8,1 mil em despesas declaradas ao TSE.

Senado

Senador eleito pelo PSL de São Paulo, Major Olímpio teve o custo de voto mais baixo dentre os futuros colegas de parlamento: apenas três centavos. Ao todo, sua campanha declarou R$ 278,8 mil em despesas. O correligionário Flávio Bolsonaro, candidato pelo Rio de Janeiro, foi o quinto mais "econômico", com 11 centavos por voto. Os gastos de campanha do filho do presidente eleito ficaram em R$ 490,7 mil.

Em geral, o PSL investiu 71 centavos por voto para eleger seus quatro senadores - três deles na lista dos dez mais "baratos". A Rede foi a legenda com o maior número de eleitos dentre os mais econômicos. Quatro de seus cinco senadores aparecem entre os dez com menor relação despesa versus voto.

Quem lidera o ranking de senadores eleitos com eleitores mais "caros" é Mecias de Jesus (PRB-RR), que investiu R$ 26,21 em cada um de seus 85,3 mil de votos. O valor proporcional é mais que o dobro do segundo colocado, Márcio Bittar (MDB-AC), que "desembolsou" R$ 10,97 para cada um de seus 185 mil eleitores.

Governadores

Os cinco governadores que tiveram o "custo de voto" mais baixo nas eleições deste ano foram eleitos por partidos nanicos. PSC, Novo e PSL, que não elegeram nenhum governador em 2014 e viveram um "boom" em 2018, lideram o ranking. O novo chefe do Executivo de Santa Catarina, Comandante Moisés, foi quem teve o voto mais barato dentre os escolhidos nos 27 Estados. O político do PSL investiu 22 centavos por eleitor para conquistar o cargo. O cálculo foi feito dividindo as despesas de campanha pelo número de votos de cada candidato.

Na sequência, com custo de 49 centavos - mais que o dobro em relação ao líder - figura Wilson Lima (PSC), eleito pelo Amazonas. Em terceiro aparece Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, uma das maiores surpresas das eleições estaduais deste ano, com 55 centavos investidos por voto em um dos Estados mais tradicionais da política brasileira.

Outro "outsider" que cresceu radicalmente no fim da campanha, Wilson Witzel (PSC), eleito do Rio, gastou um pouco mais que Zema: foram 57 centavos para cada voto dos fluminenses, que deixarão de ser governados pelo MDB depois de 12 anos. Coronel Marcos Rocha (PSL), de Rondônia, que vem na sequência, saiu da marca dos decimais: investiu R$ 1,28 por cada eleitor.

Zema e Witzel conquistaram, respectivamente, o segundo e o terceiro Estados mais populosos do País, o que coloca o Novo e o PSC em outro patamar de relevância. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um relatório da Assessoria de Exame de Contas Eleitorais e Partidárias (Asepa) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontou uma série de irregularidades e indícios de omissão de gastos eleitorais na prestação de contas da campanha vitoriosa de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República. A área técnica do TSE pediu que seja concedido um prazo de 72 horas para que Bolsonaro complemente dados e documentação, além de apresentar esclarecimentos sobre as dúvidas levantadas pela unidade técnica.

A Asepa identificou falhas como indícios de recebimento indireto de doações de fontes vedadas, ausência de detalhamento na contratação de empresas e comprovação de serviços efetuados e até mesmo informações divergentes entre os dados de doadores constantes na prestação de contas e aqueles que constam do banco de dados da Receita Federal.

##RECOMENDA##

"Ao efetuar o exame das manifestações e da documentação entregues pelo candidato, em atendimento à legislação eleitoral, foram observadas inconsistências nos registros na prestação de contas", diz o parecer do TSE.

De acordo com a área técnica da Corte, a prestação de contas de Bolsonaro informa doações às campanhas de Flávio Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro, filhos do presidente eleito, que totalizam R$ 345 mil, mas não informou os doadores originários dos recursos. Também foram identificadas doações recebidas de outros candidatos ou partidos políticos com informações divergentes na prestação de contas dos doadores, aponta a Asepa.

Segundo o Broadcast Político apurou, a prioridade da área técnica do TSE é o exame da prestação de conta de Bolsonaro, que saiu vitorioso das urnas e precisa obedecer uma série de ritos processuais para a diplomação.

Neste primeiro momento, a força de trabalho é direcionada exclusivamente para o presidente eleito. Os demais candidatos que disputaram o Palácio do Planalto serão analisados depois de Bolsonaro.

Procurada pela reportagem, a defesa de Bolsonaro disse que as dúvidas da área técnica do TSE serão respondidas dentro do devido prazo. O relator da prestação de contas é o ministro Luís Roberto Barroso, que analisará o parecer da Asepa.

Num pleito marcado pelo crescimento de candidaturas de direita, os cinco principais partidos de esquerda no País - PT, PCdoB, PSOL, PDT e PSB - elegeram 25% menos representantes em relação a 2010, auge dessas siglas nas urnas. Um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo mostra que, em 2018, a esquerda levou 393 nomes para governos estaduais, Câmara, Senado e Assembleias Legislativas nos Estados. Em 2010 (último ano do governo Lula), esse número havia batido em 527.

O PT foi o partido com mais redução no período: neste ano, elegeu 149 nomes para cargos no Executivo e Legislativo, 41% menos comparado a 2010, quando fez 255. Os resultados das urnas mostram que a eleição neste ano foi marcada por forte sentimento antipetista dos eleitores. Já o PSB caiu de 118 para 101; o PDT, de 107 para 84, e o PCdoB, de 34 para 31. Entre os partidos de esquerda no País, só o PSOL cresceu em número de representantes. Passou de dez eleitos, em 2010, para 28 neste ano.

##RECOMENDA##

Para a cientista política Vera Chaia, da PUC-SP, o resultado nas urnas está ligado ao crescimento da oposição ao PT e ao surgimento de uma "onda conservadora" que começou a tomar forma depois das manifestações de rua de 2013. "Ela já existia antes, mas é a partir de 2013 que surge a possibilidade de ela se manifestar. A pauta dessa nova direita, conservadora nos costumes, faz com que o eleitorado se identifique com ela", afirmou Chaia.

No Congresso, com número de cadeiras insuficiente para barrar, por exemplo, emendas à Constituição - que exigem aprovação de três a cada cinco dos parlamentares -, o desafio da esquerda na oposição será tentar colar a imagem de impopular no próximo governo. Na avaliação de analistas, mesmo com a maior bancada, o PT terá dificuldades para influenciar decisões no Legislativo, caso o presidente eleito, Jair Bolsonaro, tenha sucesso em organizar sua base.

"O que a esquerda vai fazer é chamar atenção para a agenda do novo governo, tentando demonstrar que ela está mais sintonizada com interesses dos mais ricos, do mercado, e menos com o da população", diz o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz. Por outro lado, o ônus de qualquer derrota no Congresso ficará com o Planalto, o que pode beneficiar a esquerda. "A oposição não poderia ser responsabilizada por eventual fracasso do governo porque é ele que tem a maioria."

Queiroz vê um cenário mais favorável à oposição no Senado, onde a fragmentação partidária e o maior número de parlamentares de centro pode facilitar a disputa por votos. "(A oposição) vai buscar se compor com o centro no Senado para derrotar o governo ou, pelo menos, para amenizar os efeitos mais duros das propostas, torná-la mais palatável para os eleitores."

Municípios

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram também uma queda no número de eleitos desses partidos para Câmaras municipais e prefeituras. Em 2012, o auge da esquerda nas eleições municipais, essas siglas conseguiram eleger 14,8 mil candidatos em todo o País. Em 2016, ano do impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, foram 12,3 mil - queda de quase 10% no número de eleitos.

O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS), minimiza as baixas e afirmou que o Brasil vive um processo de desconstrução da política e, neste sentido, os partidos políticos tradicionais teriam sido os mais atingidos por esse processo. Pimenta afirma ainda que o Brasil viveria um momento de "criminalização" da política, que, segundo o deputado, seria causada pela Operação Lava Jato e "por parte do Judiciário". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A esquerda sai do pleito de 2018 com a pior adesão a seus candidatos à Presidência desde 2002, na primeira eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No primeiro turno, Fernando Haddad (PT), Ciro Gomes (PDT) e Guilherme Boulos (PSOL) somaram 45,3 milhões de votos - menos do que os 67 milhões conquistados pelas candidaturas de PT, PSB e PSOL no primeiro turno de 2014. No ano da eleição de Lula, foram 54,6 milhões de votos somados pelo petista e por Anthony Garotinho, então candidato do PSB. Concorrendo contra Jair Bolsonaro (PSL) no segundo turno deste ano, Haddad teve 47 milhões de votos.

Como resultado das eleições, partidos de esquerda tentam formar uma aliança sem a participação do PT, que defende a primazia de liderar o bloco. No Senado, PSB e PDT conversam com Rede e PPS, enquanto na Câmara PDT e PSB se unem ao PCdoB. A intenção é quebrar a hegemonia do PT e se apresentar como a terceira via.

##RECOMENDA##

Questionada sobre as alianças, a deputada federal reeleita Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirma que é necessário trabalhar por uma frente ampla, independentemente da ideologia. "Teremos uma visão de muita amplitude em relação a essa bancada para construir a resistência e para defender a Constituição e a liberdade democrática."

Único dos cinco partidos a se colocar como oposição durante todo este período, o PSOL, fundado em 2005, fala em "várias esquerdas" e pede reflexão sobre erros. "São muitas esquerdas, o nível de responsabilidade de cada uma é muito diferente", diz seu presidente, Juliano Medeiros. "Quem foi governo, que abriu mão da disputa de valores da democracia, tem mais responsabilidade. Independentemente disso, trabalharemos para que essas avaliações tenham espaço, pois é importante refletir sobre erros. É certeira a oposição contra Bolsonaro."

Para o cientista político Jairo Pimentel, da Fundação Getulio Vargas (FGV), a esquerda terá de torcer por um desempenho ruim do governo Bolsonaro na economia para ter chances de se recompor nas próximas eleições, em 2020 e 2022. Pimentel afirma que o PSL conseguiu, pela primeira vez em 16 anos, tirar votos do PT nas classes C e D na eleição presidencial.

A consolidação dos votos na direita nessas camadas da população dependeria, no entanto, essencialmente da geração de emprego e renda nos próximos anos. "Estabelecer um governo com uma marca conservadora, nesses temas morais, não vai ser o suficiente para consolidar os votos dentro desse segmento", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma semana depois do fim das eleições de 2018, o fenômeno da disseminação de desinformação e das chamadas notícias falsas (fake news, no termo popularizado em inglês) foi tema de destaque entre os debates do Fórum da Internet no Brasil. O evento é uma realização do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI Br) e ocorre em Goiânia ao longo da semana.

Pesquisadores, integrantes de organizações da sociedade civil e representantes do governo federal analisaram, com posições divergentes, qual foi o peso de conteúdos enganosos no processo eleitoral e as medidas adotadas tanto por órgãos públicos como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) quanto por plataformas como Facebook, Google, Twitter e WhatsApp.

##RECOMENDA##

O coordenador-geral de Ambientes de Negócios do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), Sérgio Alves, considerou que o efeito das chamadas notícias falsas não foi tão efetivo nessas eleições, e que o uso de aplicações contribuiu positivamente no pleito ao permitir que eleitores buscassem informações sobre seus candidatos e novos concorrentes na disputa pudessem se fazer conhecidos.

O coordenador do MCTIC elogiou o Conselho Consultivo do Tribunal Superior Eleitoral sobre Internet e Eleições, colegiado que ficou responsável por apontar ações para o combate ao fenômeno. O gestor avaliou positivamente medidas adotadas por diversos atores, como programas de formação sobre como verificar a veracidade das informações, a atuação das agências de checagem e decisões judiciais de remoção de conteúdos bem como direitos de resposta.

Neste contexto, o representante do MCTIC lembrou que houve um movimento intenso de proposição de leis sobre o assunto e classificou como “uma vitória” o fato de nenhuma dessas ter prosperado no Parlamento. “A cada semana [nos meses anteriores à eleição] surgiam três a cinco projetos de lei, em geral de cunho penal e que mereciam muito mais amadurecimento. Foi um sucesso que não tenha tido projeto de lei aprovado neste sentido”.

A professora da Pontifícia Universidade do Rio de Janeiro (PUC-RJ) Caitlin Mullholand, por outro lado, enfatizou um papel importante de conteúdos enganosos durante o pleito eleitoral. A docente citou o relatório do Instituto Reuters sobre consumo de notícias segundo o qual 66% dos entrevistados brasileiros relataram usar as redes sociais para ler notícias e 48% obtêm informação pelo WhatsApp.

Um dos efeitos que potencializou a disseminação, acrescentou a catedrática, foi a política de “serviço grátis” para aplicativos, como os planos de acesso gratuito a plataformas como Facebook e WhatsApp. “Quando você tem política de serviços grátis [zero rating, no termo em inglês] impede que o sujeito vá buscar uma fonte fora daquela rede social. Você não clica no link, você confia que notícia é verdadeira”, disse.

Outro fator que contribuiu para o reforço dos impactos das notícias falsas foi que a professora chamou de “exposição seletiva”. Plataformas como Facebook e YouTube por meio dos filtros responsáveis por definir o que aparece aos usuários, acabam apresentando a ele pouco conteúdo que confrontem com suas preferências políticas. Essa lógica desfavorece os desmentidos de mensagens falsas ou mentirosas.

Soluções insuficientes

A integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social Olívia Bandeira considerou as medidas adotadas para o combate à desinformação ineficientes, tanto as das plataformas quanto a de outros atores, como autoridades eleitorais. Ela reforçou o entendimento do forte impacto das notícias falsas e citou pesquisa da organização Avaaz realizada pelo instituto IDEA Big Data, divulgada na semana passada, segundo a qual 93% dos eleitores do presidente eleito, Jair Bolsonaro, relataram ter sido expostos e conteúdos sobre supostas fraudes nas urnas eletrônicas, com 74% afirmando ter acreditado na informação.

A representante da organização avaliou que o movimento das agências de checagem não deu conta de reverter a onda de desinformação. Um primeiro problema apontado foi a definição do que era e o que não era verificado. Afirmações de presidenciáveis e boatos com impactos não receberam atenção, enquanto falas de candidatos com menos de 1% foram analisadas.

Um segundo problema é a desproporção entre o alcance e a velocidade da disseminação dos conteúdos enganosos em comparação com a capacidade de circulação dos desmentidos. Só a agência de checagem Aos Fatos, exemplificou, noticiou na semana passada que somente os 113 boatos desmentidos pelo site relativos as eleições tiveram 3,84 milhões de compartilhamentos.

Mas a ativista alertou que o combate ao fenômeno deve ser pensado com cuidado. “Tem que ter responsabilidade das plataformas, mas temos que tomar cuidado para acabar não dando mais poder do que elas já têm. Se uma empresa privada vai definir que conteúdo pode ou não ser removido a gente, pode abrir espaço para uma censura privada”, ponderou.

As eleições deste ano foram marcadas por desinformação, em grande parte impulsionada nas redes sociais. Esta é a avaliação de analistas ouvidos pelo Estado. O Projeto Comprova, consórcio de 24 veículos brasileiros do qual o Estado fez parte, verificou 147 boatos recebidos durante pouco mais de dois meses de eleição. Destes, a esmagadora maioria (91,8%) se mostrou falsa.

O volume de desinformação surpreendeu Claire Wardle, diretora do First Draft, organização internacional que deu origem ao Comprova. Ela já havia trabalhado com o fenômeno nas eleições presidenciais da França, e agora tem projetos de atuar nos pleitos na Nigéria, Indonésia, Índia, Argentina e Uruguai. "Minha impressão é que, definitivamente, havia mais desinformação no cenário brasileiro. Na França, recebemos 660 mensagens do público em nosso site, e no Brasil foram 67 mil mensagens no WhatsApp", afirmou.

##RECOMENDA##

O trabalho dos "checadores" na imprensa começou há alguns anos, em alguns veículos pontuais. Mas, segundo o editor do projeto, Sérgio Lüdtke, se estabeleceu como um fenômeno essencial no jornalismo. Isso porque, explica, a amplitude e o fluxo que a desinformação atingiu com as redes sociais foram enormes neste ano e não devem diminuir.

A maior parte dos rumores checados pelo Comprova era a respeito da chapa petista - o candidato à Presidência Fernando Haddad e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foram personagens de 41,9% das verificações publicadas ao longo do primeiro e segundo turnos. O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), também protagonizou muitos rumores na internet - 36% das checagens do Comprova foram sobre ele.

"As mídias sociais catalisaram o processo de desinformação, mas não se sabe qual o impacto. Ninguém pode afirmar que o novo presidente foi eleito por desinformação", afirma Ariel Kogan, diretor do IT&E (Instituto Tecnologia e Equidade), uma organização que desenvolve projetos na área de tecnologia.

E a desinformação não termina com as eleições. O principal desafio para jornalistas agora, diz Wardle, é identificar os rumores que circulam no WhatsApp e distribuir conteúdo de qualidade dentro da mesma plataforma. Para isso, a participação do público é fundamental - no Estadão Verifica, por exemplo, leitores podem enviar dicas de checagem pelo número (11) 99263-7900.

Para Kogan, além de iniciativas como o Comprova, é necessário educação quanto ao uso das novas mídias. "As pessoas não podem criar, consumir e disseminar desinformação", afirma. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Executiva Nacional do PSB se reúne na próxima segunda-feira (5), em Brasília, para avaliar o resultado das eleições e deliberar sobre o papel do partido no novo cenário político nacional, com o início, em janeiro, do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL). Na última quinta-feira (1º), o presidente nacional do partido, Carlos Siqueira, encontrou-se com as bancadas da Câmara e do Senado para reforçar que o resultado das urnas coloca a legenda na oposição.

##RECOMENDA##

Na ótica de Siqueira, as ideias do candidato eleito são “diametralmente opostas” aos princípios socialistas.

“Nós vemos com clareza que não temos outro papel que não seja o de oposição”, declarou, na reunião com os parlamentares. “O que nos coloca no governo e na oposição são os eleitores, não apenas porque não apoiamos o candidato eleito, mas também porque nossas ideias são diametralmente opostas às dele”, completou.

O presidente do PSB defendeu, no entanto, que a oposição seja feita de forma “inteligente, coerente e propositiva”, “não para inviabilizar o novo governo”, mas para defender os interesses do país e os direitos sociais dos cidadãos.

“Nós respeitamos o resultado eleitoral porque somos democráticos, e em respeito aos eleitores é que vamos fazer uma oposição inteligente, coerente e propositiva. O que nós queremos é uma oposição que pense em primeiro lugar no país e nos direitos sociais da sua população”, ressaltou.

O PSB tem se aliado ao PDT, PSOL, Rede e PCdoB para compor um bloco de oposição a Bolsonaro no Congresso. Nos bastidores, porém, a informação é de que a pretensão dos partidos é isolar o PT do bloco.

 

O Partido dos Trabalhadores (PT) está pedindo, em seu perfil oficial no Twitter, ajuda dos eleitores para encerrar as contas da campanha à presidência de Fernando Haddad e Manuela D'Ávila (PCdoB). "Ajude a encerrar nossas contas e fortaleça a resistência", diz a publicação.

De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) as doações para campanhas podem ser feitas por pessoas físicas, por meio de plataformas online. As "vaquinhas" virtuais foram implantadas pela primeira vez nesta eleição.

##RECOMENDA##

A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, disse nesta terça-feira, 30, em entrevista coletiva após reunião do Diretório Nacional da sigla, que o partido vai liderar o enfrentamento do movimento contra a aprovação da reforma da Previdência este ano.

Ontem, em entrevistas a emissoras de TV, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, disse que poderia tentar aprovar "algo" da reforma da Previdência ainda em 2018. Assessores dele articulam uma aliança com o governo e apoiadores do presidente Michel Temer no Congresso.

##RECOMENDA##

"Nós vamos ser contra as articulação de Bolsonaro e Temer no processo de transição", afirmou a senadora paranaense.

Para Gleisi, o partido tem grande responsabilidade "perante o Brasil e o povo brasileiro".

Além da reforma da Previdência, o movimento liderado pelo PT também vai se colocar contra o projeto de cessão onerosa e da lei antiterrorismo. Sobre esta última, Gleisi considerou a ideia de Bolsonaro como uma "tragédia". "Nós estamos vendo que vai ser a tônica do governo que vai se instalar em Brasília. Nós vamos nos colocar contra isso", afirmou.

A presidente do PT afirmou ainda que a frente de resistência também vai atuar na defesa das liberdades individuais. "Nós vamos organizar uma rede democrática de proteção solidária. Vamos organizar todos os advogados do partido, todos os que estão juntos, os juízes pela democracia, para garantir esses diretos", disse.

Líder da bancada do PT na Câmara, o deputado Paulo Pimenta afirmou que o grupo tem força parlamentar para barrar estes projetos. "Vamos derrubar", afirmou, ao lado de Gleisi.

Processo eleitoral

Gleisi afirmou ainda que a eleição de Bolsonaro para a Presidência foi resultado de um processo "eivado de vícios e fraudes". Ela pontuou, contudo, que uma eventual cassação da chapa do presidente eleito deve ser discutida pela Justiça com base nos processos que já estão no Tribunal Eleitoral.

"O resultado das urnas é fato, agora o processo que levou a esse resultado é um processo que está eivado de vícios e de fraudes", disse Gleisi, citando desde a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o impedido da candidatura do petista ao Planalto.

A dirigente declarou ainda que a eleição de Bolsonaro consolida o "golpe" que começou com o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, em 2016.

Haddad

Gleisi afirmou também que o candidato derrotado do partido ao Planalto, Fernando Haddad, sai maior que a própria sigla do processo eleitoral.

"O PT dará todas as condições para que ele (Haddad) exerça o papel de articulador da frente de resistência com movimentos sociais e outros partidos políticos", disse a senadora.

Na avaliação de Gleisi, Haddad é a grande liderança do partido depois do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde 7 de abril em Curitiba. "Ele não precisa ter cargo no partido para participar de deliberações do PT, tanto que participou da reunião de hoje", afirmou.

Lula

A eleição de Bolsonaro desencadeou um temor no PT em relação às condições do ex-presidente Lula, preso em Curitiba após condenação na Lava Jato. Gleisi afirmou hoje que o partido teme pela vida de Lula e que vai pedir proteção maior ao ex-presidente.

A senadora citou falas de Bolsonaro dizendo que Lula vai "apodrecer na cadeia". "Tememos pela vida do presidente, queremos deixar um alerta à sociedade. Não tem ninguém que possa definir o que fazer com ele antes de um julgamento justo", afirmou a presidente do PT.

Ela relatou que o partido fará um pedido por "proteção maior da vida e da integridade" de Lula, sem detalhar que pedido seria esse. Após a coletiva de Gleisi, o ex-ministro Gilberto Carvalho afirmou que há um "risco de as condições carcerárias piorarem" com base nas falas do Bolsonaro.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, havia defendido que o candidato derrotado nas eleições presidenciais Fernando Haddad assumisse a liderança de uma campanha pela liberdade de Lula, proposta rejeitada pela presidente do PT, para quem Haddad precisa priorizar a articulação de uma frente de oposição a Bolsonaro.

O líder do PPS na Câmara, deputado Alex Manente (SP), afirmou nesta terça-feira, 30, que o partido deverá adotar uma posição de independência em relação ao próximo governo do presidente eleito Jair Bolsonaro. Para ele, não há consenso na bancada para ser oposição.

"Grande parte da bancada entende que é necessário colaborar com o Brasil. Não se pode virar as costas para o que a população definiu nas urnas. Não é mais só uma questão de diálogo de governo e de oposição. Por isso, vamos ser independentes e avaliar nossa posição de acordo com a pauta", afirmou Manente.

##RECOMENDA##

O deputado citou como exemplo a proposta da revogação do estatuto do desarmamento, uma das principais promessas de Bolsonaro durante a campanha eleitoral. "Neste caso, temos divisões na bancada com posições muito antagônicas", afirmou.

De acordo com ele, em casos assim, os deputados do partido seriam liberados para votar como quisessem.

Fusões

Manente afirmou ainda que o PPS continua dialogando com outros partidos para tentar viabilizar uma fusão. Inicialmente, a sigla havia avançado em conversas com a Rede Sustentabilidade, partido de Marina Silva que foi derrotada na campanha à Presidência, mas, de acordo com Manente, as tratativas não avançaram por diferenças de posicionamento.

Agora, o PPS busca novas siglas para se aliar. Uma delas é o DEM, partido do presidente da Casa, Rodrigo Maia (RJ).

A Rede não atingiu a cláusula de barreira na Câmara dos Deputados e, por isso, ficará sem ter direito de acesso ao fundo partidário e sem tempo de propaganda obrigatória na televisão. Para integrantes da sigla, a situação praticamente inviabiliza a existência do partido.

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, informou nesta terça-feira, 30, por meio de sua conta no Twitter, que sua campanha custou R$ 1,5 milhão, menos da metade do que foi arrecadado com doações individuais. Ele confirmou a informação de que pretende doar as sobras para a Santa Casa de Juiz de Fora (MG), hospital onde foi operado após ser vítima de um ataque a faca, no começo da campanha eleitoral.

Bolsonaro estava reunido por volta das 13h na casa do empresário Paulo Marinho, um dos coordenadores de sua campanha, no Rio. Participam da reunião seus principais assessores: o ex-presidente do PSL, Gustavo Bebianno, o economista Paulo Guedes, convidado para assumir o ministério da fazenda, e o deputado federal Onyz Lorenzoni (DEM-RS), indicado para a Casa Civil.

##RECOMENDA##

O PT perdeu apoios regionais na eleição presidencial deste ano e isso é inegável, mas e o lulismo, ainda resiste após a derrota do candidato Fernando Haddad (PT)? Especialistas ouvidos pelo LeiaJá apontam que sim, apesar da argumentação constante dos opositores ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que segue preso cumprindo pena por corrupção e lavagem de dinheiro, de “extirpar” a força deste segmento do país.

O que mudou, contudo, é o cenário em que o lulismo saiu do auge de conquistar quatro mandatos presidenciais seguidos para o declínio dos escândalos de corrupção e a crise político-econômica instaurada no Brasil - que gerou o movimento antilulismo e antipetista.

##RECOMENDA##

O retrato disso foi visto nas urnas, com a vitória de Jair Bolsonaro na disputa presidencial. Segundo levantamento publicado nesta semana pelo jornal Folha de São Paulo, o PT registrou queda nos votos em todas as regiões do país.

Se comparado a 2014, por exemplo, apenas na região Nordeste o segmento manteve força hegemônica e Haddad conquistou uma votação parecida com a da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), eleita naquele ano, mas, mesmo assim, houve uma perda de eleitores. Para se ter uma ideia, em 2014 o PT recebeu 71,7% dos votos válidos dos nordestinos e com Haddad 69,7%. A leve diferença não é vista nas outras regiões, onde a redução foi de quase dez pontos percentuais.

“O lulismo não foi enterrado em 2018. Existe uma força ainda presente, ainda que não tenha a mesma intensidade. A expressiva votação de Fernando Haddad foi uma votação de apoio ao lulismo. Agora, ao trilhar o caminho da oposição, o lulismo terá que se revisar. Terá que adotar as novas demandas da sociedade, que certamente virão com as reformas empreendidas”, considerou a cientista política Priscila Lapa.

O pensamento da estudiosa foi corroborado pelo professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e cientista político Adriano Oliveira. “O lulismo mostrou força nesta eleição, apesar da derrota, em particular na região nordeste. A diferença [de votos] de Bolsonaro para Fernando Haddad declinou nos últimos dias e a expressiva votação de Haddad não significa que seja, por inteiro, em virtude do lulismo, o candidato tem sua participação. Entretanto, quando olhamos o resultado pela região Norte/Nordeste, observamos que essa região era lulista e continuou a ser”, observou. 

Após a derrota no último domingo, surgiu o debate sobre uma espécie de “luladependência” do partido eleitoralmente. Alguns petistas refutaram a tese e outros admitiram que a ausência física de Lula na disputa teria sido prejudicial. Para Oliveira, o PT transformou-se em um partido dependente do líder-mor. “Existe sim uma ‘luladependência’ do PT e a derrota de Haddad é uma oportunidade para ela terminar. Isso é possível se o PT autorizar Fernando Haddad a liderar a oposição, caso isso não corra e a oposição fique fragmenta, essa ‘luladependência’ vai continuar”, salientou.

O argumento foi contraposto por Priscila Lapa, que viu na ausência física de Lula uma oportunidade de diminuir o tamanho da derrota de Haddad. “A derrota tem a ver com o emblema do combate à corrupção, cuja prisão de Lula é o seu símbolo maior. Tem a ver com o estado da economia, que restringiu conquistas de um público com o qual o PT sempre dialogou. A ausência de Lula no cenário pode, inclusive, ter ajudado a diminuir o tamanho da derrota. A presença física dele na eleição agregaria para o eleitor que já votaria no PT, mas impediria em angariar outros apoios que o PT conquistou ao longo da campanha”, ressaltou.

Um PT opositor e em renovação

Com 45 milhões de votos, Fernando Haddad já deixou claro, logo após a confirmação da derrota eleitoral, que pretendia protagonizar a liderança da oposição ao governo de Bolsonaro pontuando que “um professor não foge à luta”, pedindo coragem aos seus eleitores e já mencionando a disputa de 2022. A incógnita, porém, é se o PT abrirá espaço para o ex-candidato comandar as ações oposicionistas, lugar até agora ocupado com afinco, e ainda que da prisão, pelo próprio Lula.

Na avaliação de Lapa, Haddad se revelou capaz de aglutinar a esquerda. “O PT se fortaleceu em relação a 2014 no número de governadores eleitos e a sua bancada na Câmara foi a maior de 2018. A esquerda como um todo fez uma bancada expressiva, com a qual o presidente eleito precisará estabelecer diálogos. O PT revelou Fernando Haddad como um líder com capacidade de agregar a esquerda. Além do mais, os movimentos sociais certamente buscarão o partido e o partido os buscará num momento de muita repressão aos ativismos”, disse a estudiosa.

Para esta relação mútua com os movimentos sociais de base e outros partidos ser de sucesso, o PT também precisará de uma renovação interna. Já alertada por Fernando Haddad na campanha.

“Todo partido que sai do poder e toma o caminho da oposição ou se renova ou morre. Mas o PT dificilmente morrerá. Ele tem base consolidada em todo o território nacional, está no poder em diversos Estados e deverá, naturalmente, angariar as novas demandas que a sociedade terá nesse novo ciclo político. Com seu líder maior preso, inevitavelmente ele perde essa conexão. Logo, haverá um caminho de se renovar por essas novas forças políticas em atuação”, ponderou Priscila Lapa.

“A questão da auto crítica, explícita, como uma espécie de pedido de desculpas, não vai acontecer. Mas a história está se encarregando de mostrar ao PT que houve muitos equívocos. Mudar é um caminho para a sobrevivência. O tempo vai mostrar”, acrescentou a cientista política.

Um dos pontos essenciais que o partido deve expor para seus adeptos e os demais brasileiros, na ótica de Adriano Oliveira, é que mudou de prática. “É claro que o PT precisa de renovação e ela pode existir com Fernando Haddad, em vista do seu desempenho eleitoral. O PT precisa, de modo mais contundente, de uma nova agenda e colocar para os eleitores que mudou de prática, ou seja, aquilo que ocorreu no passado, em forma de corrupção, não irá mais ocorrer”, argumentou o professor.

O espaço conquistado na eleição

Apesar de ter perdido a disputa pela Presidência da República, o Partido dos Trabalhadores (PT) será a sigla com o comando de mais Estados do país a partir de 2019. A legenda elegeu quatro governadores: Rui Costa na Bahia, Camilo Santana no Ceará, Wellington Dias no Piauí - para o segundo mandato - e Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte, sendo ela a única mulher a conquistar o cargo no país.

Além disso, o PT elegeu 56 deputados ficando com a maior bancada na Câmara Federal, à frente, inclusive, do PSL de Jair Bolsonaro que conquistou 52 cadeiras. Já no Senado, o PT elegeu três nomes: Rogério Carvalho Santos pelo Sergipe, Humberto Costa por Pernambuco e Jaques Wagner pela Bahia.

O deputado estadual Joel da Harpa (PP) não acredita que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) retaliará Pernambuco por não ter dado vitória a ele no segundo turno das eleições presidenciais. No Estado, quem venceu o pleito foi Fernando Haddad (PT) com 66,53% dos votos válidos, já Bolsonaro recebeu 33,47%.

“Pernambuco não correspondeu como poderia, mas eu não tenho dúvida de que o Estado não sofrerá retaliação. Bolsonaro governará para todos”, afirmou, em discurso na Assembleia Legislativa de Pernambuco nessa segunda-feira (29).

##RECOMENDA##

O parlamentar também comentou o discurso público feito por Bolsonaro após a confirmação do resultado das urnas. “Ele foi o primeiro presidente a ter coragem, logo após a vitória, de agradecer a Deus em rede nacional”, salientou Joel,  que sempre defendeu a candidatura de Bolsonaro à Presidência.

O progressista não foi o único a tratar da disputa presidencial na sessão. Líder do governo na Alepe, Isaltino Nascimento (PSB) pediu uma postura “republicana” do futuro presidente em relação ao Nordeste, onde foi derrotado em todos os Estados.

“O PSB espera que ele governe pensando no Brasil como um todo. Até porque, juntando os votos do adversário com as abstenções e os votos nulos e brancos, 61% do País não votou a seu favor”, salientou. “Já se anunciam medidas muito negativas, como liberação das armas, e mudanças na Previdência Social que foram rechaçadas pela maioria esmagadora do povo brasileiro”, completou o pessebista.

O capitão reformado do Exército venceu com 57,8 milhões de votos (55,13% do total de votos válidos), contra pouco mais de 47 milhões do petista Fernando Haddad (44,87%).

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando