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Esperado por milhões de leitores em todo o mundo, o novo romance da enigmática romancista italiana Elena Ferrante tem agora um título: "La Vita bugiarda degli adults" (A vida mentirosa dos adultos, em tradução livre).

Publicada por sua editora italiana Edizioni E/O no Twitter, a foto da capa do livro (cujo lançamento na Itália será em 7 de novembro), apresenta duas mãos estendidas fotografadas em preto e branco.

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Se o enredo da nova obra da autora da famosa quadrilogia "Série Napolitana" permanece um mistério, sabe-se que se passará novamente em Nápoles, uma cidade onipresente nos quatro livros anteriores, e que não será em torno das protagonistas da saga.

O lançamento do livro anterior, "Storia della bambina perduta" (História da Menina Perdida), data de 2014.

Algumas semanas atrás, a Edizioni E/O publicou as primeiras linhas do livro: "Dois anos antes de sair de casa, meu pai disse a minha mãe que eu era muito feia".

Por sua vez, a editora nova-iorquina Europa Editions de Elena Ferrante anunciou no Twitter que a versão em inglês de "The Lying Life of Adults" será lançada em 9 de junho de 2020.

Verdadeiro fenômeno editorial, a saga "A amiga genial" já vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo mundo e foi traduzida para mais de 40 idiomas. Foi muito bem-sucedida nos Estados Unidos, Reino Unido e França.

O romance, que não recebeu grandes prêmios literários, conta a história de Lila e Lenu, duas jovens brilhantes, amigas, mas também rivais na Itália do pós-guerra, em Nápoles.

Elena Ferrante também é famosa por proteger obstinadamente sua verdadeira identidade. Um anonimato que ela considera necessário para dar mais peso a seus personagens e intrigas, embora alguns também tenham visto nesta escolha uma estratégia comercial inteligente por parte da autora e de sua editora.

Ao longo dos anos, a busca para descobrir quem ela realmente é assumiu várias formas.

Uma das mais sérias foi a do jornalista investigativo italiano Claudio Gatti. Em 2016, após realizar uma investigação completa, ele alegou que, por trás de Elena Ferrante, estava a tradutora romana sexagenária Anita Raja. A tese não foi confirmada, nem negada, pela Edizioni E/O.

Na esteira do sucesso literário e quebrando novas barreiras com as filmagens em italiano, "A amiga genial" foi adaptada para a televisão.

Coproduzida pela RAI italiana e pelo canal americano HBO, a obra é dirigida pelo cineasta italiano Saverio Costanzo, que escreveu o roteiro em parceria com Francesco Piccolo. Os direitos de transmissão da série de oito episódios foram adquiridos por 56 países.

Com diálogos no dialeto napolitano, e não no italiano clássico, a produção da HBO atende a uma tendência crescente impulsionada pela globalização do público e pela busca de autenticidade nos mínimos detalhes.

A investigação de um jornalista sobre a suposta identidade da misteriosa escritora italiana Elena Ferrante, que nunca revelou o nome verdadeiro ou teve uma foto divulgada, provocou polêmica e críticas sobre a invasão de privacidade por conta do método utilizado pela reportagem.

De acordo com a investigação do repórter Claudio Gatti para o jornal italiano Il Sole 24 Ore, a tradutora Anita Raja seria a escritora Elena Ferrante.

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A reportagem, baseada em seus pagamentos, termina por revelar a identidade de um dos grandes fenômenos literários dos últimos anos.

O nome verdadeiro da autora da tetralogia "A Amiga Genial", que escreve desde os anos 1990 sob pseudônimo, era um mistério, apesar das várias tentativas da imprensa de descobrir sua real identidade.

Raja, de 63 anos, judia de origem polonesa, que trabalha atualmente como "freelancer" para a Edizione e/o, editora que comandou no passado e que publica a obra de Ferrante, é conhecida por ser uma especialista em autores alemães e por ter traduzido, entre outros, livros de Franz Kafka.

A investigação de Claudio Gatti para a prestigiosa página cultural dominical do jornal econômico Il Sole 24 Ore é baseada nos pagamentos feitos à autora e nos imóveis que Anita Raja e seu marido, o escritor Domenico Starnone, registraram nos últimos anos.

A pequena editora romana que publica a obra de Ferrante, da qual Raja atualmente aparece como colaboradora, registrou um aumento de arrecadação de 65% em 2014, quando os livros de Elena Ferrante se tornaram 'bestsellers'. O volume aumentou 150% no ano passado, com o sucesso internacional da série, que tem como pano de fundo a cidade de Nápoles em meados do século XX e tem como protagonistas as amigas Lila e Lenú.

Os pagamentos a Anita Raja evoluíram de modo similar, de acordo com a reportagem.

"Nenhum colaborador, funcionário ou tradutor receberam pagamentos tão elevados. Além disso, um tradutor independente em geral não recebe muito. Os pagamentos de 2014 e 2015 de Raja são compatíveis com os valores gerados pelos direitos autorais"m escreveu Gatti.

- Violação da privacidade -

Procurada pela AFP, a editora se recusou a fazer comentários.

"Estamos muito irritados com a violação da privacidade, tanto da editora como de Ferrante. Não faremos nenhuma declaração", afirmou a empresa ao jornal econômico.

Além dos pagamentos a Anita Raja, o jornalista investigou o patrimônio imobiliário do casal.

De acordo com Gatti, Raja e o marido compraram nos últimos anos dois grandes apartamentos em Roma e uma propriedade na Toscana, todas em áreas valorizadas, com um custo conjunto de milhões de euros.

"Estamos diante de uma página negra do jornalismo italiano", afirmou a escritora Loredana Lipperini.

A revelação provocou indignação em alguns setores na Itália, em particular entre os escritores, que exigem do jornal a mesma dedicação às pessoas que fraudam impostos.

Gatti também examina os dados familiares. Raja, nascida em Nápoles, mas criada desde pequena em Roma, é filha de um magistrado napolitano, Renato, casado com Golda Frieda Petzenbaum, professora de alemão, judia alemã de origem polonesa, que sobreviveu ao holocausto nazista.

Apesar da investigação, tanto a autora como a editora se recusaram a romper o silêncio.

Os livros de Elena Ferrante provocaram comoção nos últimos anos, ao prenderem o leitor com sua linguagem particular, e porque percorrem 60 anos da história recente da Itália com um olhar feminino e feminista, a partir de um bairro pobre de Nápoles.

A saga já foi publicada em mais de 30 países, incluindo o Brasil, Estados Unidos e várias nações da Europa, onde também aparece na lista dos mais vendidos.

Esta não foi a primeira vez que o nome e sobrenome da enigmática escritora foi revelado. Há dois anos as principais suspeitas apontavam para Raja.

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