Tópicos | emponderamento feminino

O artesanato, negócio que, de acordo com dados da revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios movimenta mais de R$ 50 bilhões por ano e sustenta cerca de 10 milhões de pessoas no Brasil, pode, além de ser um saída financeira e ocupacional, se transformar no resumo da felicidade para muita gente.

Foi o que aconteceu com a advogada Amanda Cassanji e a psicóloga Paula Batistela em 2016. Durante uma conversa franca entre as duas amigas, surgiu a ideia de fazer artesanato e a empresa Vivendo da Nossa Arte. "A Amanda estava muito infeliz com a área de atuação e resolveu vir falar comigo para desabafar", lembra Paula. "Eu falei: 'amiga, você já está fazendo de tudo para cuidar da sua saúde mental, só falta uma coisa: o artesanato'", complementa Amanda, que já fazia alguns trabalhos manuais nas horas vagas.

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Filha de um vendedor, foi Amanda quem enxergou no artesanato a possibilidade de empreender. "Vi a oportunidade da gente abrir uma negócio, já queria um logotipo, um nome, formalizar a empresa e aí surgiu a Vivendo da Nossa Arte", relata a advogada.

O que começou com uma brincadeira fez da dupla artesãs empreendedoras. "A gente percebeu que muitas pessoas não empreendiam no ramo artesanal, o que poderia ser uma lacuna no mercado", destaca Amanda. Após procurarem o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e obterem qualificação no segmento, criaram inclusive metodologias próprias de gestão e mentoria em artesanato. "Hoje somos mentoras no ramo,  prestamos consultoria online. Nos encontros, ouvimos os questionamentos da artesã, quem é ela, como é o ateliê dela, as fragilidades e a ajudamos a montar o próprio negócio", comenta Paula.

No início, a empresa produzia de materiais em madeira MDF a chás artesanais, mas foram as famosas bonecas de pano que conquistaram a clientela e, claro, as artesãs. "A gente percebeu que as bonecas de pano inspiravam mais a gente, porque quando uma pessoa faz ou recebe uma boneca de pano, é como se houvesse um espelhamento ali da figura humana, é algo muito significativo", explica Paula.

O então chamariz da empresa se transformou em na coleção "Bonecas Identidades". Na criação, reproduções fieis das pessoas. "Elas carregam a história de vida da pessoa. No bracinho há um pergaminho contando um pouco sobre a pessoa. Muitas choram quando recebem, pois vira um troféu para a casa e uma forma de herança para netos quando a boneca é a avózinha deles", relata.

Tudo isso regado a muito amor e afeto. Sentimentos que, segundo Paula, são os grandes diferenciais dos produtos artesanais. "Tudo é  pensado do começo ao fim, feito um a um: o molde, o detalhamento, a costurinha à mão. É um produto que carrega calor humano", comenta. Já Amanda vê na emoção de elaborar os itens um gatilho para o sucesso de vendas. "O produto industrial não carrega sentimento algum, é feito em alta escala, nenhum deles consegue levar o afeto da produção artesanal", complementa.

Foco nas mulheres

Além do sentimento, da produção e do empreendedorismo, as sócias do Vivendo da Nossa Arte também voltam seus olhares para o empoderamento feminino. A consultoria e as oficinas oferecidas pela empresa buscam atender à necessidade das mulheres que ainda procuram espaço no mercado de trabalho. "Nós precisamos incentivar muito a representatividade feminina no empreendedorismo. É muito importante consumir o que é produzido pelas mulheres", ressalta Paula. De acordo com Amanda, apesar de 77% do trabalho artesanal ser feito por pessoas do sexo feminino no Brasil, ainda falta muito para conquistar. "Muitas de nós acreditam que não é possível empreender porque não foram feitas para gerir negócios, mexer com números. Mas, nosso propósito é emponderar pessoas, capacitá-las e vê-las como artesãs empreendedoras", complementa Amanda.

Mesmo com a produção aquecida do mercado regional de artesanato em países como Brasil e Colômbia, as artesãs da Vivendo da Nossa Arte exigem um maior reconhecimento do público brasileiro ao trabalho artístico manual. "As pessoas confundem o artesanato com 'trabalhinho', com 'coisinha' ou algo de segunda linha. Então há ainda muito a ser feito nesse ramo para incentivar o mercado e a compra", avalia Paula. "Fora do país, o artesanato brasileiro é valorizado, por isso atinge a marca de R$ 50 bilhões por ano no mercado. Temos muito a caminhar para valorizar o nosso trabalho e triplicar esse valor, porque precisamos aprender a apreciar o que é nosso", finaliza Amanda.

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