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O endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou o mês de outubro em 47,6%, menor do que em setembro (47,7%). O recorde da série histórica do Banco Central ocorreu em julho de 2022 (50,1%). Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,2% no décimo mês de 2023, mesma taxa de setembro.

Outubro foi o quarto mês de operação do programa federal de renegociação de dívidas Desenrola. Na fase do programa iniciada no dia 17 de julho foi possível renegociar dívidas bancárias de consumidores que ganham até R$ 20 mil mensais, sem garantia do Tesouro Nacional. Além disso, o nome de pessoas que tinham dívidas de até R$ 100 nos bancos foi "desnegativado" automaticamente, sem o perdão dos compromissos. A segunda fase, para quem ganha até dois salários mínimos (R$ 2.640,00), começou no fim de setembro e tem garantia do Tesouro.

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Segundo os dados do BC para o mês de outubro, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou o mês em 27,2%. Em setembro, o porcentual era de 27,3%. O recorde da série foi registrado em junho de 2023, com 28,4%. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda passou de 25,2% no nono mês do ano para 25,1% em outubro.

A melhora no mercado de trabalho e o programa de renegociação de dívidas do governo federal ajudaram a reduzir a proporção de brasileiros endividados e inadimplentes, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em novembro, cerca de 76,6% das famílias tinham dívidas a vencer, ante uma fatia de 76,9% em outubro, queda de 0,3 ponto porcentual, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Com o resultado, o volume de endividados desceu ao menor nível desde janeiro de 2022. Em relação a novembro de 2022, quando 78,9% das famílias estavam endividadas, a proporção de brasileiros com dívidas encolheu 2,3 pontos porcentuais.

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A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

A proporção de famílias inadimplentes também registrou redução, passando de 29,7% em outubro para 29,0% em novembro, queda de 0,7 ponto porcentual, para o menor patamar desde junho de 2022. Em relação a novembro de 2022, houve recuo de 1,3 ponto porcentual na fatia de inadimplentes.

Segundo a CNC, os consumidores exibem mais segurança financeira graças "à melhora das condições econômicas do País". O mercado de trabalho mostrou contratação maior que a esperada para o período de fim de ano, aumentando a renda disponível das famílias, acrescentou.

A proporção de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar as dívidas em atraso - permanecendo assim inadimplentes - recuou de 13,0% em outubro para 12,5% em novembro.

"A queda, embora ainda pequena, traz um importante indício de eficácia do programa Desenrola", avaliou o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, em nota oficial.

Endividamento por faixa de renda

Na passagem de outubro para novembro, a melhora no endividamento foi puxada pelas classes de renda mais baixas. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados caiu de 78,7% em outubro para 77,5% em novembro.

Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados recuou de 77,2% para 76,9%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve elevação de 74,9% para 77,7%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia ficou estável em 74,9%.

Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso recuou de 37,7% em outubro para 36,6% em novembro. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 26,8% para 26,0%.

No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve aumento de 23,2% para 24,2%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes desceu de 14,8% para 14,6%.

O cartão de crédito manteve a liderança como modalidade de dívida mais utilizada, citada por 87,7% dos entrevistados, seguida por carnês (16,7%), crédito pessoal (9,2%), financiamento de carro (8,1%) e financiamento de casa (8,0%).

A proporção de famílias endividadas no País recuou de 77,4% em setembro para 76,9% em outubro, menor nível desde fevereiro de 2022, segundo a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), apurada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Há um ano, em outubro de 2022, a fatia de endividados era de 79,2%.

A fatia de inadimplentes também diminuiu, passando de 30,2% em setembro para 29,7% em outubro. Em outubro de 2022, a proporção de famílias com contas em atraso era de 30,3%.

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"A inflação corrente mais comportada e o mercado de trabalho formal ainda absorvendo pessoas de menor instrução favorecem os orçamentos domésticos, fazendo com que menos pessoas recorram ao crédito. As políticas de transferência de renda mais robustas (valorização do Bolsa Família e salário mínimo, saques alternativos do FGTS) também auxiliam a renda disponível e a redução do volume de consumidores endividados", justificou a CNC, em nota.

A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer nas modalidades cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado e prestações de carro e casa.

Na passagem de setembro para outubro, a melhora no endividamento foi puxada pelas classes de renda mais baixas. No grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de endividados caiu de 79,4% em setembro para 78,7% em outubro.

Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de endividados diminuiu de 77,9% para 77,2%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve elevação de 74,3% para 74,9%. No grupo com renda acima de 10 salários mínimos mensais, essa fatia ficou estável em 74,9%.

Quanto à inadimplência, no grupo com renda familiar mensal de até três salários mínimos, a proporção de famílias com dívidas em atraso recuou de 38,6% em setembro para 37,7% em outubro. Na classe média baixa, com renda de três a cinco salários mínimos, a proporção de inadimplentes caiu de 27,6% para 26,8%. No grupo de cinco a dez salários mínimos, houve aumento de 22,1% para 23,2%. No grupo que recebe acima de 10 salários mínimos mensais, a fatia de inadimplentes ficou estável em 14,8%.

A proporção de famílias que afirmam não terem condições de pagar as dívidas atrasadas, permanecendo assim inadimplentes, ficou estável em 13,0% na passagem de setembro para outubro.

"A redução dos juros e as renegociações de dívidas começam a ser sentidas pelos consumidores. No entanto, do total de consumidores com atrasos, 48,5% estão com atrasos acima de 90 dias, proporção que ainda mostra crescimento (6,6 pontos no ano)", ressaltou a CNC.

O cartão de crédito manteve a liderança como modalidade de dívida mais utilizada, citada por 87,0% dos entrevistados, seguida por carnês (17,0%), crédito pessoal (9,4%), financiamento de casa (8,0%) e financiamento de carro (7,8%).

O porcentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer caiu 0,7 ponto porcentual em agosto para 77,4% das famílias do País, informou a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Com isso, o volume de endividados chegou ao menor nível desde junho de 2022. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta terça-feira (5).

Apesar da melhora no cenário, o grau de inadimplência das famílias se agravou: o volume de consumidores com dívidas atrasadas subiu de 29,6% em julho para 30% em agosto. Esta é a maior proporção desde novembro de 2022, com 3 em cada 10 pessoas endividadas indicando algum compromisso atrasado.

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Já o volume de pessoas que afirmaram não ter condições de pagar dívidas de meses anteriores saltou de 12,2% para 12,7% na mesma comparação. Esse é o maior nível para o indicador na série histórica da Peic, iniciada em janeiro de 2010.

"A queda da inflação e o mercado de trabalho formal absorvendo pessoas desde o ano passado favoreceram os orçamentos domésticos, fazendo com que menos pessoas necessitem recorrer ao crédito. No entanto, com juros elevados e maior quantidade de dívidas a vencer, as famílias ainda encontram dificuldade de quitar os compromissos em aberto há mais tempo, com o avanço das despesas com juros", escreveu no relatório a economista da CNC responsável pela Peic, Izis Ferreira.

Em linha, o presidente da CNC, José Roberto Tadros, diz que a queda do endividamento é um "sinal positivo", de que mais famílias estão conseguindo controlar melhor as dívidas e ajustar os orçamentos. "Mas a taxa de juros elevada e o crédito caro ainda são empecilhos", afirma em nota.

Para os próximos meses, a CNC estima que a proporção de consumidores endividados continuará a cair, chegando a cerca de 77% em setembro. Mas a tendência é que o endividamento volte a crescer na reta final de 2023, encerrando 2023 próximo de 78% do total de famílias no País.

Dívidas por faixa de renda

A Peic de agosto também destaca que o endividamento está em declínio tanto no mês quanto no ano entre os consumidores de diferentes faixas de renda, com destaque para a queda mais significativa entre aqueles com renda entre 5 e 10 salários mínimos. Nesse grupo, o porcentual de endividados caiu de 77,4% em julho para 75,4% em agosto. A inadimplência (dívidas atrasadas), porém, cresceu em todas as faixas de renda nas comparações mensal e anual.

Quanto às modalidades de dívida, a pesquisa identificou redução do número de endividados no cartão de crédito em agosto, com 85,5% dos endividados, ante os 85,9% em julho. Essa é a segunda queda consecutiva, colocando o indicador no menor nível desde agosto do ano passado.

Também é possível observar uma leve redução, de 0,1 ponto porcentual, do volume de endividados no cheque especial, para 4,1%, e no crédito consignado, para 5,1%.

Os pagamentos do Bolsa Família proporcionaram uma melhora na inadimplência entre as famílias mais pobres em abril, mas os juros elevados pioraram a situação financeira nos lares de classe média, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A proporção de famílias com dívidas foi de 78,3% em abril, mesmo patamar de março. No entanto, o resultado ainda foi maior do que os 77,7% registrados em abril do ano passado, de acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

No grupo com contas a vencer em abril, 17,3% consideravam-se muito endividados, "indicador que voltou a crescer após duas quedas, por conta dos juros elevados", apontou a CNC.

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A pesquisa considera como dívidas os pagamentos a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

A proporção de famílias inadimplentes, com dívidas em atraso, recuou de 29,4% em março para 29,1% em abril, a quarta queda consecutiva.

"A melhora da renda disponível com a evolução positiva do mercado de trabalho e o alívio da inflação atenuaram a proporção de consumidores que atrasaram dívidas em abril", justificou a CNC. "Quem tem dívidas atrasadas há mais tempo, porém, segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência, em função dos juros elevados que pioram as despesas financeiras. A taxa de juros média em todas as operações de crédito com recursos livres às pessoas físicas chegou a 58,3% ao ano em março, 8,7 pontos maior do que no mesmo mês do ano passado, de acordo com os dados do Banco Central", completou.

A entidade ressalta que a inadimplência piorou entre as famílias de classe média em abril. No grupo com renda mensal entre cinco e dez salários mínimos, a proporção de inadimplentes cresceu de 21,5% em março para 22,6% em abril. Na faixa mais pobre, com renda até três salários mínimos mensais, a proporção de inadimplentes caiu de 36,9% em março para 36,3% em abril.

Os valores mais altos do Bolsa Família e as contratações formais de pessoas de menor nível de escolaridade têm auxiliado as famílias de renda mais baixa no pagamento de dívidas, apontou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC.

"São elas também o principal foco de renegociações, mas o risco da inadimplência se acirrou na classe média", ponderou Ferreira, em nota oficial.

A proporção de consumidores sem condições de pagar dívidas já atrasadas - e que, portanto, permanecerão inadimplentes - subiu de 11,5% em março para 11,6% em abril.

"O volume de pessoas com dívidas atrasadas por mais de 90 dias segue em tendência de crescimento: a cada 100 consumidores inadimplentes em abril, 45 estavam com atrasos por mais de três meses", mostrou a nota da CNC.

A entidade projeta que a proporção de endividados volte a crescer a partir de julho deste ano, encerrando o ano em nova máxima histórica. Já a fatia de famílias com dívidas em atraso por mais de três meses diminuiria apenas no fim de 2023, "em um cenário sem programas de regularização de dívidas atrasadas entre os mais pobres".

A parcela de famílias brasileiras com dívidas (em atraso ou não) chegou a 78,3% em abril deste ano. A taxa é a mesma observada no mês anterior, mas está acima dos 77,7% de abril de 2022.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada nesta quinta-feira (4), pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

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A previsão é que o percentual de 78,3% se mantenha nos próximos dois meses e suba para 78,4% em julho, segundo a CNC.

A pesquisa indica que a parcela de inadimplentes – aqueles que têm contas ou dívidas em atraso –, chegou a 29,1% das famílias do país, abaixo dos 29,4% de março, mas acima dos 28,6% de abril de 2022. O aumento ocorreu principalmente na classe média.

Aqueles que não terão condição de pagar suas dívidas somaram 11,6%, percentual superior aos 11,5% de março e aos 10,9% de abril do ano anterior. “Quem tem dívidas atrasadas há mais tempo segue enfrentando dificuldade de sair da inadimplência em função dos juros elevados, que pioram as despesas financeiras”, destaca a economista da CNC Izis Ferreira.

A cada 100 consumidores inadimplentes em abril, 45 estavam com atrasos por mais de três meses. Segundo a Peic, muitos consumidores têm recorrido ao crédito pessoal, modalidade em que os juros tiveram o menor crescimento (média de 42% ao ano), para pagar dívidas mais caras, como do cartão rotativo, por exemplo.  

Do total de consumidores endividados, 86,8% têm dívidas no cartão de crédito e 9% com crédito pessoal. O uso dessa modalidade de crédito é o maior em um ano, enquanto o do crédito pessoal supera os últimos seis meses, de acordo com a CNC.

O governo e representantes do setor financeiro avançaram no desenho do "Desenrola", bandeira de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmaram ao Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, o presidente da Febraban, Isaac Sidney, e outras pessoas que estão a par das negociações. O programa de refinanciamento de dívidas deve definir um desconto mínimo obrigatório para ser ofertado aos endividados. Além disso, o público-alvo deve ser o de pessoas com renda de até dois salários mínimos - hoje, R$ 2,6 mil.

O programa tem o objetivo de reduzir o endividamento recorde das famílias brasileiras, que chega a 80 milhões de pessoas, incluindo dívidas bancárias e não bancárias. Nas redes sociais, a campanha de Lula chegou a escrever que a meta do "Desenrola" seria atender quem recebe até três salários mínimos.

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"Além dos aspectos conceituais relevantes que estamos discutindo, há questões operacionais desafiadoras que precisam ser equacionadas e o que se pretende é ter um programa transparente, com as condições e regras de acesso claras e que melhor otimize o uso de recursos públicos e privados, alcançando o maior número possível de negativados", afirmou Sidney.

Pelo desenho, cada credor terá liberdade para determinar o porcentual do desconto que oferecerá além do mínimo. Entretanto, ainda precisa ser definido se o desconto incidirá sobre os juros de mora, sobre o valor de face da dívida e as condições de pagamento. O programa deve ter um prazo mínimo e máximo para pagamento parcelado.

"Considero que tivemos avanços importantes nessa última reunião sobre o mérito do programa, que tem por premissas um conjunto de incentivos não só para torná-lo atrativo, mas sobretudo viável", disse o presidente da Febraban.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A capital paulista teve um aumento de 224 mil famílias inadimplentes no comparativo de um ano, maior número registrado em 12 anos segundo informações da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP). O porcentual chegou a 25,8% em novembro, somando 1,04 milhão de lares com dívidas atrasadas.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), aferida todo mês pela Instituição, 9% das famílias alegaram não ter condições financeiras de quitar as dívidas pendentes. A população de renda mais baixa, que ganha até dez salários mínimos, é a que mais sofre com a inadimplência, alcançando a marca de 31,8%, quase três vezes maior que a registrada pela parcela da população de renda mais alta, de 11%.

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O levantamento aponta preocupação em relação aos indicadores, já que o grupo mais afetado é também o que possui menos patrimônio e estrutura para investir e, portanto, dificilmente consegue equilibrar as contas. O cenário de juros altos também contribui com a inadimplência, já que coloca os lares em risco financeiro por conta do atraso, que eleva exponencialmente a arrecadação dos bancos em cima da dívida. Sendo assim, o montante para gastos considerados essenciais fica cada vez mais escasso.

A Federação aconselha que as famílias em débito priorizem o pagamento das contas atrasadas caso constituam vínculo empregatício formal e, dessa forma, venham a receber o décimo terceiro salário. A Instituição também sugere que os trabalhadores endividados procurem os feirões "Limpa Nome" para verificar as oportunidades de renegociação dos débitos com a redução de taxas e multas de atraso.

Ainda conforme os dados da FecomercioSP, o cartão de crédito continua sendo o maior obstáculo para que as famílias paulistanas fechem as contas com saldo positivo, representando 85% dos endividados. Logo atrás vem o carnê (15,6%), o financiamento de carro (11,7%) e o financiamento de casa (10,8%). Apesar de menor, o porcentual ligado ao crédito consignado (7,1%) também chama atenção devido à alta acumulada nos últimos meses.

A intenção das famílias de contratar crédito também aumentou: 9% das famílias responderam positivamente quando questionadas no mês de novembro, avanço de 4,3% em relação ao mesmo período do ano passado. A finalidade principal, de acordo com 66%, é o consumo. No entanto, 34,1% afirma que o destino da contratação é o pagamento de dívidas e contas.

Sobre os meios mais vantajosos de consumir, 24,7% escolheu o parcelamento no cartão de crédito. Já outros 16,7% deram ênfase às transações via Pix como forma mais viável de fazer compras.

Com a evolução do mercado de trabalho, as políticas de transferência de renda e a queda da inflação nos últimos meses, a renda disponível aumentou e a proporção de endividados mostrou recuou de 0,3 ponto porcentual (p.p.) em novembro em relação a outubro, levando o índice a 78,9% do total das famílias brasileiras, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Ao mesmo tempo, o número de famílias pobres com dívidas atrasadas alcançou nova máxima histórica (34,1%), num momento em que os juros estão no maior nível em cinco anos.

Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada na manhã desta terça-feira (6). Conforme o estudo, o porcentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer (cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e casa) avançou 3,3 pontos porcentuais na comparação com novembro do ano passado.

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Em um contexto de elevado nível de comprometimento da renda com dívidas, 30,3% das famílias brasileiras têm alguma dívida em atraso. Em um ano, o indicador avançou 4,2 p.p., especialmente entre os mais pobres. O número de famílias que informam que não terão condições de pagar suas dívidas subiu de 0,3 p.p., para 10,9%. Em novembro do ano passado, o índice era de 10,1%.

Dos consumidores com até dez salários de renda mensal, 34,1% atrasaram dívidas, a maior proporção da série histórica, iniciada em 2010. Os orçamentos das famílias de menor renda seguem apertados, pois os juros altos aumentam as despesas com dívidas.

Na comparação com o ano passado, a piora no nível de endividamento foi mais expressiva entre as mulheres (3,3 p.p.) do que entre os homens (1,9 p.p.). O público feminino é atualmente o mais endividado, com 80,7% delas possuindo algum tipo de dívida em novembro. No recorte da faixa etária, a percepção de superendividamento também se acirrou mais entre os consumidores com mais de 35 anos (3,2 p.p.). Os indivíduos que não conseguiram terminar o ensino médio também formam o grupo em que o nível de endividamento mais cresceu em um ano (3,9 p.p.).

Com isso, cresceu em novembro o volume de consumidores apontando que não pagaram dívidas já atrasadas de meses anteriores: 10,9% do total de famílias. Entre as com menores rendimentos, o indicador manteve trajetória de alta, atingindo 13,4%, pouco abaixo da máxima histórica de 13,9%, observada em agosto de 2020.

Mesmo os consumidores buscando a renegociação, o volume dos que reportaram atrasos na quitação de dívidas atrasadas por mais de 90 dias piorou em novembro. Do total de famílias inadimplentes, 42,5% estão com atrasos acima de 90 dias, 0,6 p.p. em relação a outubro e 1,0 p.p. comparativamente a novembro de 2021.

Renda comprometida e cautela

Além disso, tem chamado a atenção o volume de consumidores com mais da metade da renda comprometida com o pagamento de dívidas. Em novembro, 21,6% do total de endividados estava nessa situação, crescimento anual de 0,8 p.p.

Em média, o brasileiro precisou gastar 30,4% de toda a sua renda só para pagar dívidas em novembro, isso sem contar as contas de consumo (água, energia, telefone, gás etc).

Apesar dos fatores benignos relativos à disponibilidade de renda, a combinação de endividamento e juros altos está deixando os consumidores mais cautelosos. Diante do crédito mais caro, a proporção de famílias que se consideram "muito endividadas" chegou a 17,5%, alta de 0,2 p.p. ante outubro e de 2,7 p.p. em relação a novembro de 2021.

Dívidas em atraso têm tirado, literalmente, tirado o sono de 84% dos brasileiros que se encontram inadimplentes, mostra a pesquisa "Raio-X dos Brasileiros em Situação de Inadimplência", realizada numa parceria entre MFM Tecnologia e o Instituto Locomotiva. A situação é tal que 82% dos entrevistados com dívidas admitiram que estas têm afetado frontalmente sua felicidade.

As dívidas em atraso, segundo afirmou o diretor de Pesquisas do Instituto Locomotiva, João Paulo Cunha, têm prejudicado até as relações familiares do inadimplentes. De acordo com ele, 81% destas pessoas disseram que as dívidas têm sido motivos de brigas dentro de casa. As dívidas em atraso afetam o apetite de 66% das pessoas ouvidas.

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A MFM e o Instituto Locomotiva ouviram 1.020 mulheres e homens com idade acima de 18 anos em todo o Brasil entre os dias 19 e 28 de setembro. O levantamento constatou que 30% dos lares brasileiros têm dívida em atraso.

Quando perguntado para os devedores com contas atrasadas sobe quais os motivos que os levaram à inadimplência, a maioria disse que foi a perda de emprego, falta de planejamento e empréstimo do nome para terceiros.

Ainda, de acordo com Cunha, 18% afirmaram que se tornaram inadimplentes porque ficaram doentes e tiveram que usar o dinheiro para tratamento. "Neste contexto, boa parte dos endividados estão e vão usar o Auxílio Brasil para pagar dívida. Por isso o auxílio não está afetando varejo", disse o diretor do Instituto Locomotiva.

Ainda, segundo a pesquisa, 25% dos inadimplentes disseram que vão conseguir quitar as dívidas em atraso. O que não deixa de ser mais um fator de preocupação, de acordo com Cunha, é que 40% dos entrevistados disseram que pretendem contrair um novo empréstimo para quitar as contas em atraso.

Mas a principal estratégia, de acordo com as respostas, passará pelo corte de consumo, o que se apresenta como mais um desafio para o comércio. "Outro aspecto interessante foi rodízio de contas. 60% já deixaram de pagar uma conta para pagar outra atrasada. Isso foi mais frequente entre as classes D e E e faz com que nem todas as pessoas consigam ficar adimplentes com todas as contas", observou o diretor do Instituto Locomotiva.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), divulgada nesta terça-feira (8), houve um aumento no percentual de famílias com contas em atraso no mês de outubro em Pernambuco. O levantamento é realizado mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). 

Segundo a Fecomércio-PE, em outubro o percentual de famílias que se declaram endividadas no estado ficou estável, em 81,8%, registrando uma variação de apenas 0,1 ponto percentual com relação a setembro. Na comparação com o mesmo mês de 2021, por outro lado, houve aumento de 3,6 pontos percentuais.

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No mês de outubro também foi sinalizada uma piora no quadro do endividamento, oscilando entre 27,9% para 29,6% (+1,7 ponto percentual). Sendo assim, o avanço em pontos percentuais ocorrido em outubro é o maior desde maio de 2021, quando passou de 29,1% para 31,9%.

Já o percentual de famílias que se declaram sem condições de quitar as contas em atraso chegou a 14,2%, um aumento de aproximadamente 1 ponto percentual em relação ao mês de setembro.

Consumidores de baixa renda

Esse aumento pode ser ocasionado pela alta de preços acima da média de itens mais essenciais para os consumidores de baixa renda, como alimentos, bebidas, materiais de higiene e limpeza e medicamentos. O Levantamento do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), da FGV, aponta que esses consumidores de baixa renda (com até dois salários mínimos mensais), além de mais endividados, acabam sujeitos a crédito mais caro para conseguir sanar dívidas atrasadas, o que vem potencializando a inadimplência.

Ainda segundo a pesquisa do IBRE/FGV, essa tendência ainda reflete o período mais grave da pandemia, em que foram necessárias medidas para conter a disseminação do coronavírus. O trajeto, desde então, foi de queda da renda do trabalho, compensada de forma descontinua pelo auxílio emergencial, seguida de uma maior busca por crédito, cujo custo da inadimplência aumentou substancialmente à medida que o Banco Central ajustou a taxa básica de juros (Selic), a qual era de 2% a.a. em 2020 e atualmente se encontra no patamar de 13,75% a.a.

Cartão de crédito

Segundo a CNC, o cartão de crédito segue como principal vetor das dívidas, sendo citado por 93% das famílias que se declaram endividadas, seguido dos carnês, citados por 32,4%. Na passagem de setembro para outubro o cheque especial também se destacou, saindo de 6,8% para 8,8% entre as menções de itens componentes do endividamento familiar.

Num ambiente de inadimplência recorde no País, os brasileiros estão recorrendo a diferentes estratégias para tentar limpar o nome. No radar dos devedores, as fintechs de crédito começaram a ganhar popularidade. Elas oferecem empréstimos online, embora nem sempre com uma taxa de juros vantajosa. Também há quem use algum tipo de poupança ou venda bens para quitar despesas do dia a dia, numa tentativa de evitar que o orçamento entre no vermelho.

O estoque de crédito das fintechs ainda é bastante pequeno se comparado ao dos grandes bancos. Mas a alta da taxa básica de juros e o consequente aumento do custo de capital têm deixado o mercado mais restritivo, sobretudo para quem está com o nome sujo.

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"A conjuntura atual implica restrição ainda maior para esse público (inadimplente), o que faz com que essas pessoas venham atrás de players que estejam atendendo mais esse perfil de cliente", afirma Antonio Brito, CEO e cofundador da SuperSim. A empresa tem uma média de 100 mil operações por mês, e o volume solicitado chega a cerca de R$ 1 milhão.

Especialistas alertam que é preciso ser cauteloso ao contrair esse tipo de empréstimo. "Uma fintech talvez seja menos exigente para conceder o crédito, mas os juros podem ser muito altos", avalia Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper. "Por outro lado, há plataformas que têm taxas competitivas e até mais acessíveis, principalmente em empréstimos com garantia. Muitas refinanciam automóveis ou imóveis."

Em setembro, 30% das famílias estavam com dívidas em atraso, de acordo com a Confederação Nacional do Comércio (CNC). Foi o maior patamar apurado desde 2010, início da pesquisa. A situação é ainda pior para as famílias de mais baixa renda. Mais vulneráveis à inflação e à fragilidade do mercado de trabalho, elas têm pouca margem de manobra para administrar as contas.

Todos os meses, o Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas, mensura o indicador de estresse financeiro das famílias, composto pelo endividamento da população e pela fatia de entrevistados que se desfaz de poupança ou vende bens apenas para pagar despesas básicas.

No mês passado, o indicador de estresse ficou em 25% - 13,7% utilizaram recursos guardados e 11,3% estavam se endividando. Para as famílias com renda mensal de até R$ 2,1 mil, o indicador foi de 30,6%. Entre as com ganho mensal de até de R$ 9,6 mil, marcou 18,4%.

"As famílias de mais baixa renda se mostram mais endividadas e com um comportamento de cautela muito forte, enquanto que há um comportamento com maior intenção de compra na faixa de renda mais alta", diz Viviane Seda, coordenadora de sondagens do Ibre.

Fintechs

Apesar do estoque ainda tímido em comparação ao dos bancos tradicionais, os empréstimos oferecidos por plataformas digitais vêm crescendo num ritmo forte. Um levantamento da Serasa Experian mostra que o volume de crédito concedido por fintechs e bancos digitais avança em média 62,8% ao ano - oito vezes a média do mercado, que registra alta anual de 8,1%.

O levantamento foi feito com base no intervalo de 2016 a 2021. No período, o volume oferecido por startups do setor passou de R$ 4,8 bilhões para R$ 55 bilhões. Já a oferta de todo o Sistema Financeiro Nacional (SFN) foi de R$ 3,174 trilhões para R$ 4,685 trilhões.

O estudo indica ainda que 2022 deve seguir a tendência de alta: houve um aumento de 412% nas pesquisas de CPFs e CNPJs para concessões de crédito por todas as empresas financeiras. Do total dessas pesquisas, 10,6% eram de startups.

Uma parte expressiva dessa demanda por crédito tem sido para o pagamento de dívidas. Um mapeamento da FinanZero, plataforma online que faz intermediação de empréstimo com 60 instituições financeiras e compara as taxas de juros, apontou que 33,3% dos pedidos em agosto tinham como objetivo quitar dívidas. Na sequência, citado por 16,3%, ficou negócio próprio. Em média, o valor solicitado foi de R$ 6,6 mil.

A Creditas, que oferece empréstimos com garantia, também registrou esse movimento: em setembro, 29% da procura por crédito com garantia de veículo foi para pagar dívidas. A demanda pela modalidade cresceu 43% nos últimos 12 meses.

"As pessoas querem sair da dívida e estão buscando crédito pessoal. Porém, para uma pessoa endividada, com um comprometimento da renda acima de 30%, é muito difícil conseguir esse crédito", afirma Renata Eufrosino, gerente da FinanZero. "Mas aí entra um ponto: a fintech tem um apetite de risco maior e olha para esse público."

Por três anos, o funcionário público Theogenes Ramos, morador de Piaçabuçu, interior de Alagoas, engrossou a lista de inadimplentes no País. Enquanto construía a sua casa, viu a sua dívida no cartão de crédito crescer e chegar a R$ 6 mil. "Eu comecei a construir e a comprar material, mas a minha esposa ficou desempregada", conta.

Com o nome sujo e sem limite disponível, passou a utilizar cartões de crédito de amigos e parentes para conseguir terminar a obra. "Eu ficava sem pagar o meu cartão, mas tinha o compromisso de pagar o deles."

Ramos começou a se livrar da dívida há cinco meses, depois de pesquisar na internet como uma pessoa negativada consegue empréstimo. Encontrou uma fintech que aprovou dois empréstimos: um de R$ 500 e outro de R$ 750. Juntou uma reserva e quitou o que devia no cartão. "Não estou mais inadimplente e, agora, consigo pagar o que devo."

Educação financeira

Além do cenário econômico desfavorável, com inflação e juros altos, outro fato que tem levado à inadimplência é a falta de educação financeira, agravada por um "excesso de confiança". É o que indica uma pesquisa da Creditas em parceria com a Opinion Box. Segundo o estudo, 70% das pessoas acreditam que conseguem avaliar as melhores opções ao se depararem com diferentes linhas de crédito. Porém, mais da metade (52%) já se endividou pelo mau uso do cartão de crédito ou do cheque especial.

"O brasileiro está habituado a utilizar crédito curto, o cheque especial, e caro, que é o cartão de crédito. Não é porque a pessoa conhece as opções tradicionais disponíveis no mercado que ela sabe qual é mais adequada para ela", diz Maria Teresa Fornea, vice-presidente da unidade de empréstimo com garantia de imóvel da Creditas. "Qualquer pessoa que tem um carro ou um imóvel, por exemplo, consegue um crédito melhor, pois tem prazos mais longos e taxas menores."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O total de famílias endividadas atingiu recorde em setembro, e o número de inadimplentes também teve novo ápice, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta segunda-feira (10). O total de lares brasileiros com dívidas a vencer chegou a 79,3% em setembro, o terceiro aumento consecutivo, enquanto a fatia de famílias com contas em atraso alcançou a marca histórica de 30% no mês passado, mostrou a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Segundo a CNC, o aumento no endividamento em setembro foi provocado pela maior contratação de dívidas entre consumidores de renda média e baixa.

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Entre os mais pobres, o endividamento superou 80% pela primeira vez na pesquisa. A proporção de endividados entre os consumidores com renda familiar inferior a 10 salários mínimos mensais aumentou 0,4% em setembro ante agosto, atingindo 80,3%, o maior patamar da série histórica da Peic, iniciada pela CNC em janeiro de 2010. No grupo de famílias com maior renda, a proporção de endividados ficou estável em 75,9%.

A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e de casa.

Quanto à inadimplência, o volume de consumidores com pagamento de dívidas em atraso cresceu pelo terceiro mês consecutivo. Em setembro, 10,7% das famílias relataram que não terão de condições de pagar as contas atrasadas, ou seja, permanecerão inadimplentes.

"Embora os atrasos tenham crescido no mês e no ano entre os consumidores nas duas faixas de renda, as dificuldades de pagamento de todos os compromissos do mês são mais latentes entre as famílias de menor renda", avaliou a economista Izis Ferreira, responsável pelo levantamento da CNC, em nota oficial.

Segundo a economista, os consumidores enfrentam "desafios na gestão de seus orçamentos mensais, especialmente porque o nível de endividamento está elevado e os juros maiores pioram as despesas com as dívidas".

A CNC lembra que as taxas de juros nas linhas de crédito para pessoas físicas cresceram 13,5 pontos porcentuais em um ano, de acordo com os dados do Banco Central, chegando à média de 53,9%, a maior taxa desde abril de 2018.

Em setembro, 85,6% dos endividados tinham contas a vencer no cartão de crédito, alta de 1 ponto porcentual nessa modalidade em um ano. Houve aumento nas dívidas nos carnês de loja (com 19,4% de menções e aumento de 0,6 ponto porcentual em um ano) e no cheque especial (5,2% de menções e crescimento de 0,6 ponto porcentual em um ano). A CNC diz que o volume de endividados nos carnês de loja cresce desde maio deste ano. No recorte por faixa de renda, a proporção de endividados nos carnês entre os mais pobres atingiu o maior nível desde fevereiro, 20,1%.

"Isso revela que estes consumidores estão na dinâmica de diversificação do endividamento e buscando alternativas de crédito", explicou Izis Ferreira. "Quando se olha o filme dos últimos cinco anos, o avanço do crédito operado pelo varejo tem resultado no maior volume de endividados de forma geral no Brasil", completou.

O endividamento familiar tornou-se uma epidemia financeira no Brasil. Hoje, a cada 100 famílias no País, 79 estão endividadas, conforme levantamento mensal realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A maior parte dessas dívidas não está atrelada a bancos, e sim a serviços em geral, como contas de luz, de telefone e de internet, carnês de loja e prestações de carro e casa.

Com tanta dívida, o País tem atingido níveis recordes de inadimplência, já que muitas famílias não conseguem pagar suas contas em dia. É o maior volume desde 2010, quando teve início a série histórica monitorada pelo CNC.

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O Estadão procurou as equipes de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para detalhar que medidas cada um pretende adotar caso vença o segundo turno das eleições, em 30 de outubro.

RENEGOCIAÇÃO

Na campanha do petista, a ideia é criar um programa de renegociação das dívidas de famílias e de pequenas e médias empresas, com apoio de bancos públicos e parceria com bancos privados, para oferecer condições de renegociação com os devedores. O principal projeto destas ações foi batizado de "Desenrola", que mira as dívidas não atreladas a bancos, mas a serviços em geral.

Já o plano de governo 2023-2026 apresentado por Bolsonaro não faz menção direta ao tema. Pelo que se pode deduzir, a partir de afirmações já feitas pelo presidente e que constam em seu programa, o foco é incentivar a geração de empregos para reaquecer a economia e, dessa forma, ampliar o poder de compra. Não existe, porém, nenhuma proposta clara que envolva diretamente renegociação de dívidas atuais, por exemplo.

Contas em atraso passam de R$ 289 bi, diz Serasa

O Brasil tem hoje mais de 67 milhões de pessoas inadimplentes, conforme dados divulgados pela Serasa em agosto. O valor dessas dívidas é superior a R$ 289 bilhões - dos quais, 28% estão relacionados a pendências com bancos e cartões de crédito. A maior parte (72%) tem a ver com contas atrasadas de serviços em geral, como luz e telefone e carnês de loja.

Coordenador do Núcleo de Acompanhamento de Políticas Públicas da Fundação Perseu Abramo, o economista Guilherme Mello, que atua na elaboração da proposta de campanha de Lula, diz que o programa "Desenrola" mira justamente a quitação de dívidas em geral. A proposta prevê, numa primeira etapa, ações voltadas para famílias que ganham até três salários mínimos - renda hoje de até R$ 3.636 -, mas depois ampliar o acesso para famílias com rendas mais elevadas.

"Estamos falando dessas dívidas não bancárias, que são a maioria, cerca de 73% do volume total. O plano é criar birôs de crédito no País, que serão espaços de centralização de informações, porque essas dívidas são muito dispersas, hoje você não tem esses dados centralizados. Esses birôs seriam organizados em parceria com os bancos e, também, com o SPC (Serviço de Proteção de Crédito), Serasa, Banco Central, para fazer a negociação dessas dívidas", diz Mello.

A ideia, completa ele, é se concentrar inicialmente em clientes que foram "negativados", cujos débitos já são tratados como "perdidos" pelas empresas.

"O plano é que se ofereça grandes descontos nessas negociações, até porque grande parte dessas dívidas é de juros e multas. Hoje, isso acontece em algumas situações; mas, muitas vezes, as empresas querem receber o valor todo de uma vez, e as famílias não têm condições de pagar."

BOLSONARO

Não há menção ao endividamento familiar nas 48 páginas do documento entregue pela campanha de Bolsonaro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A reportagem enviou questionamentos aos ministros Paulo Guedes (Economia), Fabio Faria (Comunicações), Ciro Nogueira (Casa Civil), além do próprio comando da campanha. Não houve resposta até a conclusão desta edição.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O número de brasileiros endividados atingiu novo recorde em agosto, passando de 78% para 79% do total de famílias no País, segundo pesquisa divulgada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

Há um ano, esse número era de 72,9%. Da mesma forma, aumentou o porcentual de inadimplentes (aqueles que têm contas em atraso) - de 29% para 29,6% (ante 25,6% em agosto de 2021), também o pior patamar da sondagem, iniciada em 2010.

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Esses resultados aparecem num momento de inflação ainda próxima de dois dígitos e de alta de juros, o que compromete o orçamento do brasileiro e, segundo especialistas, pode afetar a trajetória de retomada da economia depois do impacto da Covid-19.

"Principalmente depois dos dados do último PIB (referentes ao 2.º trimestre), sabemos que o crédito tem sido uma via relevante para dar suporte ao consumo, tanto que o endividamento vem crescendo desde o ano passado", disse Ízis Janote Ferreira, economista da CNC. Ela ressalta que o alto endividamento pode comprometer a capacidade de consumo, principalmente, no ano que vem. "Chega uma hora que esgota."

Num ciclo virtuoso de emprego e renda, o crescimento do endividamento não representaria, necessariamente, um problema. Ao contrário, poderia significar mais consumo, especialmente de bens duráveis como carros e eletrodomésticos, cujas vendas costumam ser parceladas pelos consumidores. O preocupante no cenário atual é que o mercado de trabalho tem até gerado empregos, mas com salários menores.

Segundo Ízis, a pesquisa tem mostrado que o aumento do endividamento foi uma das formas encontradas pelo consumidor para tentar manter as despesas correntes. Isso aparece, por exemplo, quando se considera o prazo médio de novos financiamentos. Há um ano, esse número equivalia a 7,3 meses. Pela pesquisa de agosto passado, caiu para 6,8 meses, o que indicaria crescimento maior nas modalidades de empréstimo de curto prazo.

"Não é crédito pessoal ou para comprar bem. É crédito de prazo curto, no cartão e no carnê de loja, para suportar o consumo de itens mais básicos, não duráveis, do orçamento do dia a dia. Não é para trocar de carro nem para comprar eletrodoméstico", afirmou ela.

Para Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec, a elevação do Auxílio Brasil para R$ 600 deverá aliviar as finanças das famílias mais pobres até o fim do ano. O movimento de esgotamento tenderá a ficar mais para 2023. "Vamos ter de esperar para ver como ficará o Auxílio Brasil no ano que vem. O mercado de trabalho tem tendência de melhora."

Carnês e cartões de loja crescem como opção, mas requerem atenção

O uso de carnês e cartões próprios de varejistas tem crescido como modalidade de crédito nos últimos meses, em detrimento de instrumentos puramente financeiros, mostram os dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). É mais uma opção para os consumidores fecharem as contas com o orçamento apertado, mas também requer atenção das famílias para evitar a desorganização das contas.

Em agosto, 19,4% das famílias endividadas recorreram a carnês e cartões de lojas do varejo, aumento de 0,5 ponto porcentual ante julho.

O cartão de crédito segue como principal modalidade de endividamento, com 85,3% em agosto, mesma proporção de julho, mas 3,5 pontos porcentuais abaixo do registrado em abril, desde quando vem caindo.

Segundo Gilberto Braga, professor de finanças do Ibmec, parte desse movimento é estrutural e tem mais a ver com a estratégia dos varejistas do que com a demanda por parte das famílias. Diante dos juros altos, as empresas do varejo estão fugindo dos serviços de financeiras e têm aproveitado a diversificação dos serviços financeiros por parte de bancos digitais para oferecer crédito e parcelamentos diretamente aos consumidores.

Para o consumidor, a retomada do crediário direto com os lojistas se tornou "mais uma alternativa de pedalar o orçamento", disse Braga. "Virou mais uma fonte para ele tentar sobreviver no curto prazo", completou o professor, ressaltando que essa fonte de crédito também tem limites, embora ele afirme que esse esgotamento deverá ficar para 2023.

No caso de Ana Félix, de 54 anos, o crédito foi a saída para lidar com as complicações vindas depois de ficar desempregada por conta da pandemia. Hoje, ela trabalha de domingo a domingo para pagar as contas. De segunda a quinta-feira, dá expediente como vendedora no Centro do Rio. De sexta a domingo, é cuidadora de idosos.

"A pandemia atrapalhou muita coisa. Fiquei parada, ficamos em casa sem trabalhar, aí as contas vão se transformando em uma bola de neve", relatou Ana. "Estou inadimplente. Minha prioridade é pagar conta de luz, água, telefone e cartão de crédito", reconheceu.

Alta de alimentos tira item supérfluo da lista de compras de brasileiro

Os consumidores brasileiros planejam ampliar gastos com bens nos próximos meses, mas o aumento dos preços de alimentos é o principal obstáculo enfrentado pelo brasileiro para exercer esse seu desejo de consumo, segundo uma pesquisa da empresa de consultoria e auditoria PwC Brasil.

Apontada por 67% dos entrevistados, a inflação de alimentos obriga os consumidores a direcionar uma parte maior do orçamento doméstico para os itens essenciais, em detrimento dos supérfluos. O segundo e terceiro entraves às compras mais mencionados por consumidores foram questões relacionadas ao frete, como descumprimento de prazo (queixa registrada por 44% dos entrevistados), e demora na entrega (43% de citações).

"Isso começou em dezembro, e o mercado sentiu bastante isso: a troca de itens, sempre por produtos de menor valor agregado, de menor custo, até o consumidor ou parar de consumir o produto ou, então, ficar só com uma coisa, o valor dele reduzido", afirmou Luciana Medeiros, sócia da PwC Brasil.

Os alimentos comprados em supermercados para consumo no domicílio acumularam um aumento de 17,37% nos 12 meses encerrados em agosto, segundo os dados do IPCA-15, apurado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já o preço do óleo diesel, que afeta o custo do frete, apresentou uma elevação de 58,81% no período de um ano, de acordo com o IPCA-15.

Além da inflação de alimentos e de problemas na entrega, Luciana lembra que os consumidores também sentiram os impactos da desorganização da cadeia de suprimentos sobre a experiência de consumo em alguns segmentos, como a falta de produtos ou filas de espera, especialmente por automóveis e equipamentos eletrônicos.

Segundo a empresa de consultoria e auditoria, ainda assim as perspectivas são positivas para o varejo no médio prazo. No Brasil, 70% dos entrevistados afirmaram terem aumentado suas compras online durante a pandemia, e 55% dos consumidores declararam que ampliarão ainda mais essas compras nos próximos seis meses, enquanto 36% esperam manter os níveis atuais. Um terço dos entrevistados (34%) planeja expandir seu consumo em lojas físicas, e 45% preveem manter o nível atual de consumo.

A ampliação de medidas de transferência de renda para a população deve beneficiar mais a aquisição de itens essenciais do que supérfluos, como o segmento de alimentos, avaliou Luciana.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

A proporção de famílias brasileiras endividadas cresceu em 1 ponto porcentual (p.p.) na passagem de julho para agosto, para 79%, informou nesta segunda-feira, 5, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), ao divulgar a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic). Na comparação com agosto de 2021, a proporção de famílias endividadas cresceu 6,1 p.p.

A inadimplência, medida pela proporção de famílias que relataram ter dívidas em atraso, ficou em 29,6% do total de entrevistados, alta de 0,6 ponto ante julho. Já a proporção de entrevistados que informou que não terão condições de pagar as dívidas em atraso, um sinal de permanência na inadimplência, ficou em 10,8%, 0,1 ponto acima do registrado em julho.

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"A alta do volume de famílias com contas atrasadas deu-se nas duas faixas de renda pesquisadas, mas foi maior entre as famílias de menor renda, o que mostra os desafios que esses consumidores seguem enfrentando na gestão mensal de seus orçamentos", diz a nota divulgada pela CNC.

No caso da proporção de endividados - que considera qualquer tipo de dívida, incluindo o uso de cartão de crédito, mesmo que pago em dia -, o crescimento de agosto se deu no mesmo ritmo entre os mais pobres e os mais ricos.

"A melhora do mercado de trabalho e as políticas de transferência de renda mais robustas têm favorecido a renda das famílias nas faixas mais baixas, mas a inflação ainda elevada desafia o poder de compra desses consumidores", diz a CNC.

A Peic de agosto também identificou um aumento do uso dos carnês e cartões de parcelamento no varejo, em detrimento de instrumentos puramente financeiros. Entre as famílias endividadas, 19,4% recorreram a carnês e cartões de lojas do varejo, aumento de 0,5 p.p. ante julho. O cartão de crédito segue como principal modalidade de endividamento, com 85,3% em agosto, mesma proporção de julho, mas 3,5 p.p. abaixo do registrado em abril, desde quando vem caindo.

O brasileiro está a cada dia com a corda mais apertada ao pescoço. Isso porque, além de a inflação ter corroído a renda das pessoas, também está mais difícil conseguir um financiamento, mesmo a juros exorbitantes. Mas qual é a "cara" do endividado brasileiro? Hoje, 68% dos endividados têm entre 25 e 51 anos, com as contas acumuladas essencialmente no cartão de crédito e em financiamentos. E outro dado chama a atenção: 70% desse contingente são mulheres, conforme levantamento feito pela Paschoalotto, empresa especializada em cobrança de dívidas, a pedido do Estadão.

"O número de mulheres que chefiam seus lares cresceu nos últimos anos e alguns fatores explicam a inadimplência mais frequente entre elas", explica o economista-chefe da empresa, que tem e que tem os grandes bancos e varejistas como clientes, Reinaldo Cafeo. Segundo ele, como muitas vezes a renda é insuficiente para arcar com todos os gastos, isso leva a uma priorização das contas a se pagar e das que serão adiadas ou deixadas de lado.

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Com isso, a ênfase fica nas contas do dia a dia, com carnês, cartão de crédito e financiamentos ficando de lado. Outro ponto que prejudica é falta de educação financeira, que faz com que muitas pessoas aceitem juros abusivos. Segundo o especialista, é a chave para que as contas acabem saindo do controle, diz.

Os números consideram os mais de 5,5 milhões de devedores que passam pelo sistema da Paschoalotto mensalmente. O levantamento mostra ainda que o endividamento atinge, em grande parte, as famílias com uma renda mensal de até dez salários mínimos, que respondem por 76% do total.

Responsável pela área de Pesquisa do Grupo Consumoteca, Marina Roale explica que a situação financeira entre a população feminina no Brasil também foi deteriorada ao longo da pandemia de covid-19. "Vivemos em um País onde a informalidade de trabalho está muito presente entre as mulheres. Com isso, elas têm renda mais incerta. Este momento está sendo chamado de recessão feminina, onde as conquistas que as mulheres tiveram no mercado de trabalho retrocederam muito nos últimos dois anos", diz.

Sonho que virou pesadelo

No caso da bibliotecária Ana Maria Pereira Silva, 38 anos, a vida financeira acabou saindo dos trilhos depois de comprar um imóvel, já que em 2020 deixou o emprego em São Paulo e decidiu voltar para sua cidade natal, em Turmalina, Minas Gerais.

A bibliotecária esperava utilizar o saldo do seu Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para quitar os R$ 17 mil de dívida restante da casa. No entanto, por uma mudança na regra, acabou sendo obrigada a contrair um empréstimo no banco, o que agravou seu problema financeiro - situação piorada com o juro alto. "Eu nunca fui muito boa com essas questões de administração financeira", admite. Com a taxa contratada na instituição, o valor final da dívida duplicou.

De volta a São Paulo, a bibliotecária encontrou um emprego em uma rede de supermercados para pagar as contas, mas, por causa do salário menor, acabou acumulando mais dívidas. "Não quero nem olhar o valor total. Meu medo é ficar com o nome sujo na praça", afirma.

Comportamentos distintos

O estudo da Paschoalotto mostra ainda que o comportamento do endividado não é uniforme. Há o grupo daqueles que deixam a vida de lado e seguem com a rotina, não ligando se o nome está sujo na praça. Já outro perfil de devedor prefere vender algum bem, como o carro, para resolver a questão de inadimplência, comenta o economista da empresa.

"Há aqueles que, ainda tendo crédito na praça, trocam de modalidade de crédito, buscam dinheiro no crédito consignado, penhor de joias. E depois de esgotar o crédito nas instituições bancárias, se valem de financeiras. Este perfil, muito por falta de educação financeira, acerta as dívidas, mas volta a ficar inadimplente em pouco tempo", conta Cafeo.

O que fazer para sair do buraco financeiro?

O cartão de crédito é uma forma já utilizada por muita gente para driblar a falta de dinheiro no fim do mês, mas que cobra juros muito altos quando não é pago em dia. Muitas vezes uma só pessoa tem mais de um cartão, emitidos por bancos e fintechs, que são tirados da carteira para dar conta dos gastos. Para especialistas, trocar a dívida por outra pode ser uma saída, desde que as taxas sejam realmente vantajosas.

"Buscar alternativas é o melhor jeito do cliente evitar o efeito bola de neve. Quase metade dos que nos solicitam crédito tem como objetivo amortizar dívida, para ganhar um fluxo para o pagamento. A situação macroeconômica está muito desafiadora, com a inflação correndo muito a renda do trabalhador médio", afirma o presidente da financeira Focus, Leonardo Grapeia.

Para o educador financeiro Flávio Pretti, da Planejar, além de um cenário econômico já complicado do País, a situação de inadimplência crônica do brasileiro é agravada devido ao seu baixo nível de educação financeira. "Para quem não é controlado, o cartão de crédito é um inimigo", afirma. "Nós só deveríamos tomar crédito emprestado quando fosse absolutamente imperativo para a vida, quando acontecer algum imprevisto, não para usar no dia a dia".

Para quem quer sair de um ciclo vicioso de inadimplência, na avaliação de Pretti, o primeiro passo é sentar e calcular os rendimentos e gastos mensais, para encontrar possíveis "penduricalhos" que podem ser cortados. O segundo passo é renegociar dívidas já tomadas, para evitar o efeito "bola de neve". "Dever na praça deixa as pessoas doentes, elas ficam com a capacidade intelectual reduzida de tanta preocupação."

O País iniciou o segundo semestre com novo recorde de brasileiros endividados e inadimplentes, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Em julho, 29% das famílias tinham algum tipo de conta ou dívida atrasada, o maior patamar de inadimplência desde 2010, quando teve início a série histórica da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic).

Segundo a CNC, o aumento da inadimplência indica que as medidas de governo de estímulo ao consumo, como os saques extras do FGTS e a antecipação do 13º salário aos beneficiários do INSS, tiveram efeito apenas momentâneo no pagamento de contas ou dívidas em atraso, concentrado no segundo trimestre deste ano.

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O total de inadimplentes aumentou 0,5 ponto porcentual na passagem de junho para julho. Em relação a julho de 2021, houve uma elevação de 3,4 pontos porcentuais na proporção de lares em situação de inadimplência.

O porcentual de famílias endividadas subiu a um ápice de 78% em julho, um aumento de 0,7 ponto porcentual ante junho. Em relação a julho do ano passado, a proporção de lares endividados teve um crescimento de 6,6 pontos porcentuais. A pesquisa considera como dívidas as contas a vencer em cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, prestação de carro e prestação de casa.

"O porcentual de comprometimento da renda permanece no mesmo valor, em 30,4%, desde abril, mas 22% dos brasileiros estão com mais da metade dos rendimentos comprometidos com dívidas", apontou a CNC, em nota.

Em julho, 10,7% das famílias afirmaram não ter condições de pagar seus débitos já atrasados, ou seja, permanecerão inadimplentes, alta de 0,1 ponto porcentual em relação a junho. De acordo com a CNC, a maioria dos que permanecerão sem pagar contas ou dívidas já atrasadas de meses anteriores está entre os consumidores que não concluíram o ensino médio (13%), que também foram os que mais precisaram atrasar pagamentos no próprio mês de julho (33,3%).

"As classes de despesas das famílias que ganham menos são justamente as que tiveram maiores aumentos recentes de preços, então elas acabam gastando uma parcela maior do orçamento para fazer frente ao aumento da inflação. Ou seja, as famílias com menor renda foram mais afetadas e aumentaram o endividamento, a despeito dos juros altos, para sustentar seu nível de consumo", explicou a economista Izis Ferreira, responsável pela pesquisa da CNC, em nota oficial.

A proporção de endividados entre famílias que recebem mais de dez salários mínimos por mês subiu a 75,0% em julho, enquanto que o total de lares com dívidas entre os que recebem até dez salários mínimos avançou a 78,8%.

Entre as modalidades de dívidas, houve redução pelo terceiro mês consecutivo nas contas a pagar em cartão de crédito. Do total de endividados, 85,4% tinham dívidas no cartão de crédito em julho ante uma fatia de 88,8% em abril deste ano.

"As famílias têm buscado alternativas de crédito mais baratas por conta dos juros elevados. Com isso, carnês de loja e crédito pessoal foram as modalidades que avançaram no endividamento, neste início de semestre, representando 18,8% e 9,2% do total de famílias com dívidas, respectivamente", acrescentou Izis Ferreira.

A pesquisa mostrou ainda uma queda nos financiamentos de automóveis e da casa própria. Em julho de 2021, 12,6% das famílias pagavam prestações de carro e 9,7%, de casas. Em julho deste ano, apenas 10,6% das famílias pagam financiamento de carro, enquanto a fatia comprometida com prestações da casa própria desceu a 7,6%.

"O motivo para menor uso de crédito de longo prazo também é o crescimento dos juros, que aumentaram em média 5,8 pontos porcentuais em um ano, para carros, e 2,8 p.p., no caso da aquisição de imóveis pelas pessoas físicas", justificou a CNC.

Com a renda crescendo menos que a inflação e o endividamento das famílias em patamares recordes, um em cada quatro brasileiros já admite que não consegue fechar as contas de cada mês, de acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) no fim de julho.

De acordo com o levantamento, 19% dos entrevistados deixam alguma conta para pagar no mês seguinte, 3% recorrem a ajudas ou empréstimos para quitar os débitos, 2% precisam entrar no cheque especial para honrar os compromissos e ainda 1% paga o mínimo da fatura do cartão e deixa o saldo para depois.

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A maioria ainda consegue encerrar o mês com as contas em dia, mas 44% relatam que quase sempre ficam apertados, sem conseguir economizar nada. Apenas 29% dos entrevistados afirmam chegar ao fim de quase todos os meses com alguma sobra em dinheiro. Foram entrevistados, presencialmente, 2.008 pessoas em todas as unidades da federação entre os dias 23 e 26 de julho.

Com o orçamento familiar apertado, a pesquisa indica que 60% dos brasileiros já cortaram algum gasto com lazer, 58% deixaram de comprar roupas e sapatos e 57% chegaram a desistir de viajar nas férias. Os entrevistados também reduziram o gasto com transporte particular (51%), desistiram de comprar ou reformar imóveis (50%) ou adquirir veículos (47%), e pararam de se alimentar fora de casa (45%).

O levantamento mostra ainda que 68% dos brasileiros passaram a pechinchar na hora de comprar, sendo que 50% admitiram que têm "chorado" muito para tentar reduzir os preços. Outros 51% aumentaram o uso do cartão de crédito em 2022 e 31% confessaram que passaram a comprar fiado neste ano.

Entre os itens cuja percepção de aumento de preço é mais sentida estão o gás de cozinha, citado por 68% dos entrevistados, e o arroz com feijão, citado por 64%. Na sequência aparecem a conta de luz (62%), carne vermelha (61%), frutas e legumes (59%), combustíveis (57%) e produtos de limpeza (56%).

Para piorar, 48% dos entrevistados que têm alguma dívida em aberto admitem que há parcelas em atraso. Da mesma forma, 48% dos endividados não sabem se vão conseguir honrar todos os pagamentos nos próximos 30 dias.

Para 42% do total de entrevistados, a situação econômica pessoal piorou nos últimos três meses, enquanto apenas 28% enxergaram alguma melhora. Ainda assim, 56% esperam algum alívio nas finanças até o fim do ano, e somente 16% estão pessimistas para o segundo semestre.

"A pandemia de covid-19 e uma série de outros desafios, como a guerra na Ucrânia, comprometeram a recuperação da economia e a retomada do crescimento no Brasil. A aceleração da inflação levou a um novo ciclo de aumento de juros, o que desestimulou o consumo e os investimentos. Ao menos, estamos diante de um cenário de recuperação do mercado de trabalho, com redução do desemprego e aumento do rendimento da população - o que nos dá uma perspectiva de superação, ainda que gradual, dessa série de dificuldades que as famílias estão enfrentando", avaliou o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Em dificuldades financeiras, a Tenda convocou assembleias de credores para negociar uma licença (waiver, no jargão de mercado) que permita à construtora manter um nível de endividamento bem mais alto do que o acertado quando pegou o dinheiro emprestado.

A construtora, uma das maiores operadoras do programa Casa Verde e Amarela, sentiu o peso da disparada nos custos de construção. Só em 2021, houve um estouro de orçamentos de meio bilhão de reais, que levou a companhia a reduzir o ritmo de lançamentos, dilatar prazo de pagamento a fornecedores, cortar funcionários e aumentar preço dos imóveis para recuperar margens.

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Segundo o diretor financeiro e de relações com investidores, Marcos Pinheiro Filho, a expectativa é de que a proposta da empresa seja aprovada. "Eles entenderam que a situação de endividamento mais alto é temporária", afirmou, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast.

O executivo disse ainda que conseguiu reunir os 14 maiores credores, que respondem, juntos, por pouco mais de 85% do total da dívida - justamente o porcentual necessário para aprovação das medidas na assembleia. "Vamos atrás dos outros 15% também. Já começamos as conversas." Os credores são principalmente gestores de recursos e fundos de investimento em renda fixa.

Ao longo dos últimos anos, a Tenda captou cerca de R$ 1 bilhão por meio de emissões de cinco séries de debêntures e um certificado de recebíveis imobiliários (CRIs). Nos termos do financiamento, a construtora se comprometia a manter uma alavancagem de até 15%, considerando a relação entre dívida corporativa (sem contar financiamento à produção) e o patrimônio líquido. Mas no balanço do primeiro trimestre, ela bateu em 33%, mais que o dobro do limite.

Se a situação se repetisse por dois trimestres dentro de um período de 12 meses, seria configurada uma quebra de compromisso. Ou seja, a Tenda teria de pagar de uma vez só os vencimentos que estavam previstos para 2024 a 2028.

PROPOSTA

A Tenda propôs aos credores a licença para que a sua alavancagem de 33% possa subir para até 80% em 2022, atingindo o pico de 85% no primeiro semestre de 2023. A partir daí, prevê redução para 80% e 75% no terceiro e quarto trimestres de 2023, respectivamente, recuando para até 50% na primeira metade de 2024 e até 30% no fim do mesmo ano.

Em troca, a construtora se dispõe a pagar um prêmio de 1,75% ao ano. Com isso, a remuneração dos credores, que estava na faixa de CDI + 2,5% ao ano, subirá para o patamar de CDI + 3,75% ao ano, aproximadamente. Esses títulos vinham sendo negociados no mercado secundário a cerca de CDI + 8% a 9% ao ano, refletindo uma percepção de risco maior de investidores em relação à empresa.

A Tenda também se comprometeu a não remunerar os seus acionistas até que a alavancagem volte para o patamar considerado normal para a empresa, de 15%. Outro compromisso será reduzir as operações e preservar o fluxo de caixa. Nos próximos 12 meses, a construtora não poderá lançar mais de 15 mil unidades - isso significa uma redução na ordem de 27% em suas operações, visto que em 2021 lançou 20,5 mil unidades.

A companhia tem também aumentado o preço das suas unidades mesmo que isso implique em perda da velocidade de vendas. Em maio, os apartamentos foram vendidos a R$ 178 mil, ante R$ 162 mil no primeiro trimestre.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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