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A longa caçada por extraterrestres acabou de ganhar um grande impulso. Cientistas descobriram fósforo, um elemento essencial à vida, no oceano abaixo da superfície congelada de Enceladus, uma lua de Saturno.

Baseada em uma revisão de dados coletados pela sonda Cassini, da Nasa, a descoberta foi publicada nesta quarta-feira (14) na prestigiosa revista Nature.

A sonda começou a explorar Saturno, seus anéis e luas em 2004, até queimar na atmosfera do planeta gigante gasoso, quando sua missão acabou em 2017.

“Esta é uma descoberta deslumbrante para a astrobiologia”, disse Christopher Glein, do Southwest Research Institute, um dos coautores do artigo. “Encontramos fósforo abundante em amostras de gelo de jatos expelidos do oceano subsuperficial.”

Gêiseres no polo sul de Enceladus lançam partículas congeladas, através de rachaduras na superfície, ao espaço, alimentando um dos anéis de Saturno.

Cientistas já haviam achado antes outros minerais e componentes orgânicos nos grãos de gelo ejetados, mas não fósforo. Este elemento é fundamental para a formação de DNA e RNA, e também é encontrado nos ossos e dentes de pessoas e animais, além de plânctons.

Basicamente, a vida como conhecemos não seria possível sem fósforo.

Embora uma modelagem geoquímica já tenha indicado antes que o fósforo provavelmente estaria presente, previsão que foi publicada em um artigo anterior, uma coisa é prever algo e outra é confirmar, ressaltou Glein.

"É a primeira vez que este elemento essencial é descoberto em um oceano além da Terra", acrescentou o principal autor, Frank Postberg, cientista planetário da Freie Universität Berlin, em um comunicado da Nasa.

Nos últimos 25 anos, pesquisadores descobriram que corpos celestes com oceanos abaixo de uma camada de gelo são comuns no Sistema Solar. Isso inclui a lua Europa, de Júpiter; a lua Titan, a maior de Saturno; e até o distante Plutão.

Planetas como a Terra, com oceanos superficiais, precisam estar a uma certa distância de sua estrela hospedeira para manter a temperatura certa para a vida. Mas a descoberta de mundos com oceanos subterrâneos expande o número de possíveis corpos habitáveis.

“O próximo passo é claro. Precisamos voltar a Enceladus para ver se o oceano habitável é de fato habitado”, afirmou Glein.

Na última semana, a Nasa anunciou o projeto Lofted Environmental and Atmospheric Venus Sensors (Leaves), do Instituto Aeroespacial de Ohio (EUA). A iniciativa enviará uma nave-mãe até a órbita de Vênus e deve liberar um "enxame" de pequenas espaçonaves para estudar a atmosfera do planeta e coletar dados sobre a composição das nuvens.

As miniaturas do "enxame" têm massa de 130g e estão programadas para uma atividade de nove horas. Durante esse tempo, os sensores enviarão informações à nave-mãe, localizada na órbita do planeta, até que sejam destruídos pela temperatura do planeta, que é de 473°C.

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Vênus é o segundo planeta mais próximo do Sol e apresenta características que o tornam um desafio para a exploração espacial. A atmosfera é composta por nuvens de ácido sulfúrico e, por conta da alta densidade, elas impedem a leitura visual do interior do corpo celeste. Já a superfície apresenta pressão atmosférica 92 vezes mais forte que a Terra, o que impede o pouso e operação de robôs.

A aprovação para financiamento da missão Leaves faz parte do programa Nasa Innovative Advanced Concepts (Niac), que investe em projetos inovadores para a exploração espacial. Em comunicado oficial, o diretor da iniciativa disse que a criatividade é a chave para o desenvolvimento de novas ideias que hoje podem parecer distantes, mas, nas próximas décadas, podem se tornar realidade.

O Acordo de Ártemis complementa o Projeto Artemis, uma nova idealização da Nasa, que convida agências espaciais de outras nações para ingressarem em uma nova etapa da exploração espacial. Para isso, um acordo bilateral foi proposto aos países que desejam cooperar com a missão de exploração lunar, com uma série de princípios que visam um futuro no espaço, levando um homem e uma mulher em uma nova missão em 2024.

Conforme reportagem da CNN, o acordo já foi assinado por agências espaciais do Canadá, Europa, Rússia e Japão. Um dos objetivos do tratado (e talvez o principal deles) é evitar que alguma nação tenha posse do Espaço Sideral.

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Entre as propostas do acordo estão promover relações pacíficas entre as nações integradas, a disponibilização de assistências emergenciais a astronautas, divulgação de dados científicos, proteção do patrimônio lunar, exploração de recursos espaciais, entre outros pontos, fundamentando o Tratado do Espaço Sideral de 1967, sendo um "novo amanhecer para a exploração espacial", como diz Jim Bridenstine, administrador da NASA.

 

Cinquenta anos após o primeiro passo do Homem na Lua, o satélite natural volta a atrair o interesse da comunidade espacial, com os Estados Unidos e a China ambicionando enviar humanos para lá em 2024, enquanto se multiplicam projetos públicos e privados de exploração robótica.

"A Lua é o único destino planetário que podemos ver com nossos olhos, sem que seja apenas um ponto brilhante", ressalta David Parker, diretor de exploração da Agência Espacial Europeia (ESA). Ele gosta de se referir ao satélite como um "oitavo continente da Terra", apesar de ninguém ter pisado em seu solo desde 1972.

O novo interesse pela Lua é explicado "em parte pelos avanços tecnológicos, que permitem considerar missões muito mais baratas do que no passado, incentivando vários atores a trabalhar em projetos", explica Jean-Yves Le Gall, chefe da agência espacial francesa CNES.

Ele cita "países com a ambição de enviar missões tripuladas, principalmente a China e os Estados Unidos, que dizem 'se os chineses forem lá, devemos ir também'".

Os americanos, especialmente os republicanos, querem "continuar sendo os primeiros", diz Xavier Pasco, diretor da Fundação para Pesquisa Estratégica em Paris.

Em outubro de 2003, o envio pela China do primeiro taikonauta ao espaço fez com que o governo americano ficasse ciente do surgimento de um novo concorrente neste setor. O presidente George W. Bush respondeu em janeiro de 2004 com a promessa de um retorno à Lua até 2020.

Dados os custos e atrasos significativos do programa, chamado Constellation, seu sucessor Barack Obama encerrou o projeto em 2010, preferindo concentrar os esforços da Nasa na preparação da jornada do Homem até Marte na década de 2030.

- "Passo a passo"-

Após a eleição de Donald Trump em novembro de 2016, os círculos espaciais americanos estão pressionando por um retorno do voo tripulado para a Lua.

"Para Donald Trump, o espaço é basicamente uma demonstração do poder americano. Ele sabe que pode usá-lo para estimular seu eleitorado", estima Xavier Pasco.

Em 2017, o presidente assinou uma diretriz pedindo à Nasa que preparasse o retorno dos humanos à Lua. Num primeiro momento a data de 2028 foi fixada. Mas em março passado, a Casa Branca acelerou o cronograma, exigindo que os astronautas americanos aterrissem na Lua em 2024.

Enquanto isso, a China avança metodicamente em seu programa espacial. Em janeiro, conseguiu pousar uma missão robótica, Chang'e-4, na face oculta da Lua.

"Em si, não foi grande coisa. Mas foi simbólico, porque nenhum país tinha feito antes e chamou a atenção de todo o mundo", admite John Logsdon, professor emérito no Instituto de Política Espacial da Universidade George Washington.

A China avança passo a passo, suavemente. Diz que planeja enviar um homem à Lua "em uma década".

No entanto, não assistimos a uma "corrida" entre os Estados Unidos e a China no campo do voo tripulado, como foi o caso entre Washington e Moscou na década de 1960, durante a Guerra Fria, consideram os especialistas entrevistados pela AFP.

Pequim está "ainda muito longe de um programa do tipo Apollo", observa Isabelle Sourbès-Verger, diretora de pesquisa do CNRS francês.

A administração americana "provavelmente supera a concorrência chinesa" por razões de política interna, analisa Xavier Pasco.

- Calendário difícil de ser cumprido -

Na ausência de meios financeiros, a Rússia não aparece em destaque na cena lunar, mesmo que desenvolva um programa de exploração robótica.

Ocupando o papel de parceiro, a Europa coopera neste programa lunar russo e também está fornecendo aos Estados Unidos o módulo de serviço da Orion, a espaçonave que será responsável pelo transporte de seus astronautas.

Até agora, apenas a Rússia, os Estados Unidos e a China conseguiram pousar dispositivos na Lua, a mais de 384 mil quilômetros de distância da Terra.

A Índia espera tornar-se a quarta: deve enviar uma missão em meados de julho, visando pousar um robô no começo de setembro.

Mas a Lua não é um destino fácil. Uma missão privada israelense não conseguiu pousar em abril.

E quando se trata de enviar pessoas, custa muito caro. Neste sentido, o Congresso americano está relutante em financiar um aumento do orçamento da Nasa indispensável para acelerar o calendário.

O objetivo de 2024 será ainda mais difícil de cumprir, já que o desenvolvimento do mega-foguete SLS está atrasado. Os empreiteiros espaciais, incluindo Elon Musk (SpaceX) e Jeff Bezos (Blue Origin), estão sendo chamados pela Nasa para ajudar a reduzir os custos das missões, mas as licitações ainda não foram finalizadas.

E o próprio presidente Trump parece brincar com os nervos da agência espacial, tendo recentemente tuitado que Marte seria finalmente mais interessante do que a Lua.

Mas as celebrações do 50º aniversário da Apollo 11 "serão uma oportunidade para reunir o apoio dos cidadãos americanos" a esta nova missão, acredita John Logsdon.

O presidente Donald Trump assinou hoje uma lei que estabelece planos de financiamento para a exploração espacial com o objetivo de, eventualmente, enviar pessoas a Marte. A lei libera US$ 19,5 bilhões para a Nasa este ano, a continuidade da Estação spacial Internacional (ISS) até 2024 pelo menos e o uso de naves espaciais comerciais para trasladar eventualmente astronautas à ISS.

Além disso, formaliza os planos da agência espacial americana para enviar astronautas a Marte, ao determinar ao chefe da Nasa que esboce uma rota inicial para a exploração humana do "Planeta Vermelho". As informações são da agência de notícias alemã DPA.

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"Por quase seis décadas, o trabalho da Nasa tem inspirado milhões de americanos a imaginar mundos distantes e um melhor futuro aqui na Terra", disse Trump. Ele elogiou a lei por apoiar cientistas, engenheiros e astronautas da Nasa "e sua busca de descobrimentos", destacando que a legislação criará postos de trabalho nos Estados Unidos.

Da Agência DPA

O próximo capítulo da história dos Estados Unidos na exploração espacial terá foco no envio de uma missão tripulada ao planeta Marte na década de 2030. Esse objetivo, estabelecido por Barack Obama, em 2010, foi reiterado em um artigo publicado ontem pelo presidente americano no site da emissora CNN.

"Estabelecemos um objetivo claro, vital para o próximo capítulo da história americana no espaço: enviar humanos a Marte na década de 2030 e trazê-los de volta à Terra com segurança, com o objetivo final de um dia lá permanecer por um tempo maior", escreveu.

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Segundo Obama, chegar a Marte exigirá cooperação contínua entre inovadores do governo e do setor privado. "Já estamos nesse caminho. Nos próximos dois anos, empresas privadas enviarão astronautas pela primeira vez à Estação Espacial Internacional", disse o presidente.

No artigo, Obama lembrou que uma de suas primeiras ações como presidente consistiu em prometer que colocaria "a ciência de volta a seu lugar de direito" e, já nos primeiros meses de governo, sua gestão fez o maior investimento em pesquisa básica da história do país, para revigorar o programa espacial, a fim de "explorar mais o Sistema Solar e olhar o Universo mais profundamente que nunca". "Revitalizamos a inovação tecnológica na Nasa, expandimos a ação na Estação Espacial Internacional e ajudamos empresas americanas a criar empregos no setor privado, capitalizando o potencial inexplorado da indústria espacial."

Ao destacar que o programa espacial está custando cada vez menos para os contribuintes americanos, graças a parcerias privadas, Obama enumerou diversas conquistas científicas feitas no último ano - incluindo a descoberta de água corrente em Marte e gelo em uma lua de Júpiter. 

Há mais de 10 anos atrás, a sonda Rosetta foi lançada pela Agência Espacial Européia (ESA). Nesta quarta-feira (12), quando o módulo robótico Philae se desacoplou e pousou no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, a missão foi cumprida. É a primeira vez na história em que a humanidade realiza qualquer tipo de pouso num cometa. 

A jornada de Rosetta foi de mais de 6 bilhões de quilômetros, e circulou o sistema solar várias vezes, usando a gravidade de planetas como a Terra e Marte para impulsionar sua chegada até o cometa, que está localizado perto de Júpiter. Philae foi desacoplado da sonda nesta manhã, e o processo de pouso durou aproximadamente sete horas. Agora, sua missão é tirar fotos em alta resolução da superfície e procurar pistas que podem explicar a origem do Sistema Solar.

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"Há provas convincentes de que cometas tem um papel chave na evolução de planetas, porque impactos eram muito mais comum nos primeiros anos do Sistema Solar do que são hoje. Cometas, por exemplo, provavelmente trouxeram boa parte da água nos oceanos de hoje", escreve a ESA. Philae conta com dez instrumentos científicos e tem bateria de 64 horas, e durante este tempo vai analizar amostras do solo e coletar dados. 

A missão vai até agosto de 2015, quando o cometa entrará no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. 

 

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