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Com 100 vagas e salário de R$ 7.938,73, o concurso público do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) iniciou o processo de inscrições na última segunda-feira (18). O certame reúne oportunidades para a função de especialista em financiamento e execução de programas e projetos.

De acordo com o edital do processo seletivo, as candidaturas devem ser feitas até às 18h, do dia 6 de outubro, através do site da Cebraspe, banca responsável pela seletiva. A taxa de inscrição custa R$ 60, no entanto, candidatos de baixa renda, inscritos no Cadastro Único ou doadores de medula óssea em entidades reconhecidas pelo Ministério da Saúde podem solicitar isenção.

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Para se inscrever é ter nível superior, ou seja, diploma de conclusão de curso de nível superior ou habilitação legal equivalente em qualquer área de formação, fornecido por instituição de ensino superior reconhecida pelo Ministério da Educação (MEC). Além da remuneração de R$ 7.938,73, os funcionários vão receber auxílio-alimentação no valor de R$ 658, além de retribuição de titulação que poderá variar de R$ 1.139,83, para aqueles que tiverem pós-graduação, a R$ 2.917,19, para os servidores que possuem o título de doutorado.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) abriu um novo concurso público com 100 para especialista em financiamento e execução de programa e projetos educacionais, além de formação de cadastro de reserva. Os interessados em participar do processo seletivo devem lançar candidaturas, entre os dias 18 de setembro e 6 de outubro, através do site do Centro Brasileiro de Pesquisa em Avaliação e Seleção e de Promoção de Eventos (Cebraspe), banca responsável pelo certame.

A taxa de inscrição custa R$ 80, no entanto, os candidatos podem solicitar isenção do valor. De acordo com o edital da seletiva, os inscritos serão avaliados em duas etapas, sendo a primeira delas: prova objetiva e discursiva, prevista para ser aplicada no dia 3 de dezembro. Já a segunda fase será um curso de formação.

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Os candidatos selecionados terão remuneração no valor de R$ 7.938,73, acrescido de R$ 658,00 de auxílio-alimentação, e retribuição de titulação que pode variar de R$ 1.139,83 a R$ 2.917,19, referente a jornada de trabalho de 40 horas semanais.

O futuro ministro da Educação, Camilo Santana (PT), disse nesta quinta-feira, 22, que o foco de seu trabalho será recuperar a educação básica do País. Confirmado no cargo pelo presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Camilo não fechou, porém, as portas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (FNDE) para nomes do Centrão.

Em breve pronunciamento na sede do governo de transição, em Brasília, o futuro ministro se limitou a dizer que pretende fazer uma discussão ampla sobre quem ficará à frente do FNDE. "Vou conversar com especialistas para definir o melhor perfil. O meu perfil, como gestor, é de diálogo", destacou.

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O FNDE é um dos órgãos mais cobiçados pelo Centrão porque faz obras e contratos de grande valor, em todo o País. No governo de Jair Bolsonaro (PL), foi um dos focos da corrupção que derrubou o ex-ministro Milton Ribeiro e expôs a deficiência nas políticas públicas educacionais.

Pastores do MEC influenciavam a destinação de verbas do FNDE conforme interesses pessoais, mesmo sem ligação formal com o ministério. O caso foi revelado pelo Estadão. Era operado pelo FNDE, ainda, o esquema das "escolas fake" do governo Bolsonaro, nas quais novas obras eram anunciadas nas cidades por motivação eleitoral sem que houvesse garantia de recursos para realizá-las.

O atual presidente do FNDE é Marcelo Ponte, apadrinhado do chefe da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP).

Sem indicar um veto às negociatas políticas com o fundo de financiamento estudantil, Camilo enfatizou que retomará o investimento na formação escolar de nível fundamental e médio. Ex-governador do Ceará, o futuro ministro seguiu a toada do discurso de Lula e disse que o governo Bolsonaro "desorganizou a educação", sendo, segundo ele, necessário implementar o sistema nacional de educação. Camilo afirmou, ainda, que os danos provocados pela pandemia de Covid-19, como a evasão escolar de mais de 650 mil crianças, segundo o Censo Escolar, será o foco da nova gestão do MEC.

"É uma determinação do presidente colocar a educação como prioridade, principalmente a educação básica. É preciso voltar a ter visão sistêmica da educação. O foco é a educação básica, da educação infantil ao ensino médio", disse Camilo. "A minha ideia é que será um ministério de pactuação social e federativa", completou.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) prorrogou até o dia 30 de junho de 2022, o prazo para a renovação semestral dos contratos de financiamento concedidos pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), simplificados e não simplificados, do primeiro semestre de 2022.

Portaria 312/22 com esse objetivo foi publicada na edição desta sexta-feira (27) do Diário Oficial da União.

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A norma também prorroga até 30 de junho, o prazo para realizar a transferência integral de curso ou de instituição de ensino e para solicitar dilatação de prazo para utilizar o financiamento, respectivamente, referentes ao primeiro semestre de 2022.

O processo de renovação deve ser feito por meio do sistema SisFies. O período vem sendo estendido para garantir que os estudantes possam realizar os aditamentos no período de pandemia da covid-19.

No caso de aditamento não simplificado, quando há alteração nas cláusulas do contrato, como mudança de fiador, por exemplo, o estudante precisa levar a documentação comprobatória ao banco para finalizar a renovação. Já nos aditamentos simplificados, a renovação é formalizada a partir da validação do estudante no sistema.

Os contratos do Fies devem ser renovados semestralmente. O pedido de aditamento é feito inicialmente pelas instituições de ensino e, em seguida, os estudantes devem validar as informações inseridas pelas faculdades no SisFies.

A prorrogação feita pelo FNDE vale para contratos assinados até dezembro de 2017. Os contratos do Novo Fies, firmados a partir de 2018, têm cronograma definido pela Caixa.

Fies

O Fies é o programa do governo federal que tem como meta facilitar o acesso ao crédito para financiamento de cursos de ensino superior oferecidos por instituições privadas. Criado em 1999, ele é ofertado em duas modalidades desde 2018, por meio do Fies e do Programa de Financiamento Estudantil (P-Fies).

O primeiro é operado pelo governo federal, sem incidência de juros, para estudantes que têm renda familiar de até três salários mínimos por pessoa. O percentual máximo do valor do curso financiado é definido de acordo com a renda familiar e os encargos educacionais cobrados pelas instituições de ensino.

Já o P-Fies funciona com recursos dos fundos constitucionais e dos bancos privados participantes, o que implica cobrança de juros.

Na Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte, disse nesta quarta-feira, 25, que "ouviu conversas tortas" sobre a relação de pastores com o Ministério da Educação, mas que nunca recebeu ordem direta do então ministro, Milton Ribeiro, para liberar recursos a prefeituras de acordo com pedidos dos religiosos.

A captura do ministério pelos pastores, que intermediavam o acesso de prefeitos aos recursos da pasta e controlavam a agenda do então ministro, foi revelada pelo Estadão em uma série de reportagens em março deste ano que culminaram com a demissão de Ribeiro.

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"Em agosto do ano passado após chegar de uma viagem, ouvi da minha equipe e de algumas pessoas algumas conversas tortas sobre a relação com os pastores. Imediatamente procurei o secretário-executivo de então, o atual ministro Victor Godoy", alegou Ponte. "Não tinha provas, mas para minha segurança e para o bom caminhar da minha gestão fui ao secretário e depois fui ao ministro Milton."

Ponte disse que Ribeiro, então, encaminhou o caso à Controladoria-Geral da União. "Eu nunca recebi nenhuma ligação ou do ministro para priorizar nenhum tipo de ação ou ingerência por parte dos pastores", completou.

Em uma conversa gravada, porém, Ribeiro admitiu que priorizava o atendimento a prefeitos que chegavam ao ministério por meio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Falando a dirigentes municipais dentro do ministério, o então ministro disse que seguia ordem do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Ponte também disse na Comissão de Educação que foi ouvido pela CGU e que colocou o próprio sigilo fiscal, bancário e telefônico à disposição das autoridades para conferência. Ele minimizou, ainda, uma licitação preparada pelo governo com preço inflado para comprar 3.850 ônibus escolares.

Segundo o presidente do FNDE, a CGU acompanhou todo o processo. Como mostrou o Estadão, porém, o órgão preferiu tocar a concorrência com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões mesmo com alertas de órgãos de controle.

Relembre o caso

O FNDE esteve no centro do escândalo do "gabinete paralelo" de influência dos pastores no ministério revelado pelo Estadão.

O grupo foi capitaneado pelos pastores Gilmar Silva dos Santos, presidente da Convenção Nacional de Igrejas e Ministros das Assembleias de Deus no Brasil, e Arilton Moura, assessor de Assuntos Políticos da entidade. Os pastores agiam como lobistas, atuando para liberar e ou acelerar o empenho de recursos a determinados municípios.

Em um dos episódios divulgados pelo Estadão, o prefeito do município de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), afirmou que o pastor Arilton Moura pediu pagamentos em dinheiro e até em ouro em troca de conseguir a liberação de recursos para construção de escolas e creches.

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou o envio do inquérito aberto contra o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, para a Justiça Federal. Ele é investigado por irregularidades na liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). 

Relatora do caso no Supremo, a ministra atendeu pedido da Procuradoria-Geral da União (PGR), que solicitou a remessa da investigação para a primeira instância depois de Ribeiro ter renunciado ao cargo, em março, tendo perdido, assim, o foro privilegiado. 

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Aberto a pedido da própria PGR, o inquérito apura fatos revelados pela imprensa sobre a influência de dois pastores, sem cargos no ministério, que coordenariam uma espécie de "gabinete paralelo", a partir do qual operariam a liberação de recursos do FNDE para aliados.  Por solicitação da PGR, Milton Ribeiro é investigado pela possível prática dos delitos de tráfico de influência, advocacia administrativa, prevaricação e corrupção passiva na liberação de verbas. 

Na decisão, tomada ontem (5), Cármen Lúcia destacou  ser jurisprudência pacífica do Supremo a aplicação restritiva do foro privilegiado. A ministra escreveu "ser inaceitável em qualquer situação, à luz da Constituição da República, a incidência da regra de foro especial por prerrogativa da função para quem já não seja titular da função pública que o determinava".

O ex-ministro da Educação, Abraham Weintraub (Brasil 35), afirmou ter recebido ordens do presidente, Jair Bolsonaro (PL) para entregar o Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE) ao Centrão.

Em entrevista à CNN, Weintraub contou que o direcionamento foi em março de 2020, mas concretizado em junho do mesmo ano. “Quem vai me dar uma ordem dessas? O meu chefe. Ele falou: você vai ter que entregar o FNDE pro Centrão e eu falei: presidente, não faça isso. E eu fiquei adiando o máximo que eu podia, fiquei adiando. Eu subi toda a governança, as regras, do processo decisório do FNDE", relatou à emissora.

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E continuou: "Tentei, inclusive, fazer um conselho, um board decisório pro FNDE não ficar… Para o presidente do FNDE não se reportar só ao ministro da Educação, se reportar ao ministro da Economia e ao da Casa Civil. Na época era o Braga Netto. Tentei, o Braga Netto não quis”.

No entanto, na mesma entrevista, ele isenta o Chefe do Executivo de participar diretamente das irregularidades. "Eu não acho que o presidente esteja envolvido nisso, mas ele deixou entrar gente errada dentro do governo. E essas pessoas erradas que aprontaram no passado eu acho que tem uma probabilidade alta de terem aprontado de novo, mas para ser justo, eu sou a favor de sempre ser justo, então, vamos investigar”, disse.

Confira o trecho da entrevista:

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Controlado pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) autorizou a construção de 52 "escolas fake" no Piauí, abandonando 99 obras de colégios, creches e quadras poliesportivas que estavam em andamento no Estado. A maior parte dos contratos para as obras foi fechada com prefeituras piauienses comandadas pelo Progressistas, partido do qual o ministro é presidente nacional licenciado. Os números mostram que Nogueira usa dinheiro da educação para turbinar a campanha eleitoral de aliados no seu reduto eleitoral. Entre as candidaturas está a da sua ex-mulher Iracema Portella.

O Estadão revelou que o esquema é operado no FNDE, presidido por Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete do ministro. Apesar de haver 3,5 mil obras paradas, o governo preferiu dar prioridade à construção de 2 mil novas escolas, mas repassando recursos insuficientes para sua execução. A estratégia garante a deputados aliados alardear em suas bases a conquista de obras que, na prática, não serão executadas por falta de previsão orçamentária.

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O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu ontem abertura de uma investigação sobre o descumprimento às leis orçamentárias apontado na reportagem e solicitou uma liminar para que o Ministério da Educação "se abstenha de realizar novos empenhos para construção de novas escolas, devendo priorizar as obras já em andamento e inacabadas, diante dos indícios do esquema das ‘escolas fake’ noticiado no bojo dessa representação".

Procurados, Nogueira e o FNDE não se manifestaram.

Em dezembro, o prefeito Junior Bill (Progressistas), de São Pedro do Piauí, anunciou nas redes que pediu ao ministro Ciro Nogueira dinheiro para construir uma escola. "Foi atendida e empenhada uma escola avaliada em mais de R$ 8 milhões pelo FNDE", disse a eleitores. "Muito obrigado, Ciro Nogueira!" Do total, apenas R$ 200 mil foram de fato reservados, o equivalente a 2,5%, e não há recursos previstos para que a obra saia do papel.

Com duas obras inacabadas, o município de Altos recebeu autorização de gasto de R$ 200 mil para iniciar uma terceira obra. Mais uma "escola fake". O valor total da construção de uma creche, contudo, é de R$ 3,1 milhões. O prefeito Maxwell da Mariinha (MDB) aparece em fotos ao lado de Eliane Nogueira, mãe do ministro e sua suplente no Senado. Já para as obras que viraram esqueletos a céu aberto não há dotação de recursos.

'ESQUELETOS'

Das 99 obras paradas no Piauí, em 51 dos casos não há desembolso do FNDE. Elas foram iniciadas em governos passados e, pela legislação, deveriam ter prioridade. Nos outros 48 casos, o contrato para construção foi encerrado sem que elas fossem concluídas, o que deixa pelas cidades esqueletos de escolas.

Apesar do passivo, o presidente do FNDE direcionou todo o montante, R$ 172,5 milhões, para 52 novas obras que ajudam eleitoralmente os aliados do ministro. Mesmo assim, o valor é insuficiente para concluir as construções.

Até agora, só foram garantidos R$ 15,6 milhões, ou 9,09% do total que o governo precisará desembolsar. Proporcionalmente, o Piauí obteve reserva orçamentária maior do que a média dos demais Estados, que ficou em 3,8%.

A ex-mulher de Nogueira também tira proveito da distribuição de verba para "escolas fake" no Piauí. Em dezembro, o prefeito de Arraial, Aldemes Barroso (PP), anunciou, em sua rede social, "uma feliz notícia". Ele disse que havia sido empenhada no FNDE a construção de uma creche para o município, orçada em R$ 2 milhões. Mas, até o momento, apenas 10% foram reservados para a obra. "Iniciativa garantida pela deputada Iracema", disse o prefeito.

  Durante audiência na Comissão de Educação (CE) do Senado, os prefeitos e o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) foram ouvidos, após as denúncias de que os pastores teriam cobrado propina em troca da liberação de verbas do Fundo e do Ministério da Educação. 

Na oitiva realizada na última quinta-feira (7), os prefeitos relataram que após encontros com o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro e o presidente da FNDE Marcelo Lopes, os pastores convidavam para um almoço. Ao chegarem no local, eram cobrados propina nos valores de R$ 15 mil a R$ 40 mil, além de ouro e compras de bíblias, para liberar verbas junto ao governo federal. 

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Ao todo foram convidados nove prefeitos para a audiência, entre eles o prefeito de Luís Domingues, Gilberto Braga (PSDB), que confirmou o pedido de propina para destravar a liberação de recursos. "Eu apresentei minhas demandas para ele, e ele falou rapidamente  "Pra mim você vai arrumar os quinze mil pra protocolar as suas demandas. E depois que o recurso já estiver empenhado, você vai me trazer um pingo de ouro", relatou. 

O prefeito de Boa Esperança do Sul (SP), José Manuel de Souza (PP), contou que durante almoço com o pastor Arilton, lhe foi oferecido uma escola profissionalizante para o município em troca de R$ 40 mil, para a igreja. Já  Marcelo Lopes, defendeu  Milton Ribeiro e afirmou que os nomes deles foram usados por "terceiros" sem autorização. 

Os pastores também foram convidados para comissão, mas não compareceram. Eles alegaram que já prestaram os esclarecimentos nas redes sociais e nas autoridades judiciais competentes. Na semana passada, Milton também não atendeu convite para dar explicações sobre as denúncias.  

O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou as reportagens do Estadão/Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, que revelaram uma licitação, preparada pelo governo, para tentar comprar 3.850 ônibus escolares com risco de sobrepreço de mais de R$ 700 milhões, mesmo após alertas de órgãos técnicos, como o Tribunal de Contas da União (TCU). "Deixa acontecer a licitação, pô", declarou o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Sob ameaça de ter a licitação cancelada, o governo recuou após as reportagens e reduziu as cotações dos veículos na véspera do pregão. A licitação dos ônibus foi realizada na última terça-feira, 5, mas ficou em R$ 500 milhões a menos do que o governo estava disposto a pagar quando os preços estavam superestimados.

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"Nós temos vários filtros, tem equipe nossa em cada ministério tratando aí de analisar contratos. Agora, essa última dos ônibus. Deixa acontecer a licitação, pô, por que não deixou acontecer? Ah, é fruto do jornalismo investigativo. Investigativo pipoca nenhuma", afirmou Bolsonaro na live. "Espero que TCU abra licitação e veja o que vai acontecer para ver o preço de cada ônibus, tem que esperar acontecer para a gente comentar isso daí", acrescentou.

Bolsonaro também voltou a minimizar o orçamento secreto, também revelado pelo

Estadão/Broadcast e disse que, pela lei atual, o relator do Orçamento é mais poderoso do que o presidente da República.

Documentos internos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Educacional (FNDE) desmentem a versão apresentada pelo presidente do órgão, Marcelo Ponte, à Comissão de Educação no Senado, nesta quinta-feira, 7, sobre o risco de sobrepreço de R$ 732 milhões na licitação dos ônibus escolares. Ponte disse aos senadores que o pregão seguiu todas as recomendações da Controladoria-Geral da União (CGU) e tentou negar que o governo recuou e reduziu as cotações dos veículos apenas na véspera do leilão, após o caso ser revelado pelo Estadão.

"Nós seguimos todas as recomendações da CGU e seguimos acatando as determinações de controle, em especial o TCU (Tribunal de Contas da União) e a CGU, assegurando desta forma a lisura de todos os nossos processos", disse. "Me reuni diversas vezes com as áreas responsáveis pela licitação e tive também a segurança técnica e legal que o processo percorreu todas as fases previstas na legislação."

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Como o Estadão tem mostrado em uma série de reportagens publicadas desde sábado, 2, o FNDE atropelou as orientações dos órgãos de controle e da própria área técnica, que apontaram risco de sobrepreço nos valores dos ônibus que o governo aceita pagar. Marcelo Ponte disse que "a imprensa divulgou relatório um mês após todas as providências terem sido resolvidas, superadas pela nossa área técnica".

Os documentos internos do Fundo mostram o contrário. O valor inicial sugerido pela área técnica do FNDE para a aquisição dos coletivos era de R$ 1,3 bilhão. A equipe do diretor de Ações Educacionais do Fundo, Garigham Amarante - indicado pelo presidente do PL, Valdemar Costa Neto -, apresentou uma estimativa de preços de R$ 2,082 bilhões para o pregão.

Após alertas da CGU, os dirigentes mudaram a metodologia de cálculo, mas o cenário pouco se alterou. O valor máximo da licitação passou para R$ 2,045 bilhões e foi liberado por Marcelo Ponte em 18 de março.

O senador Alessandro Vieira (PSDB-SE) questionou Marcelo Ponte sobre as alterações nos valores do leilão. "Por que esse valor voltou para R$ 2,045 bilhões no termo de referência? O sr. sabe informar?", questionou.

O presidente do FNDE alegou que o ajuste para reduzir os valores do pregão havia sido feito antes de o caso vir a público. "A republicação já foi com 1,5 bi também. A republicação já saiu com 1,5 bi", disse. "Salvo engano, 24 ou 25 de março, oito dias antes do pregão que ocorreu na terça-feira, 5."

O processo administrativo do próprio Fundo, no entanto, aponta que a alteração ocorreu apenas na véspera da licitação dos ônibus, em 4 de abril, após publicação de reportagem do Estadão. Marcelo Ponte foi confrontado sobre as datas também pelo senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) e silenciou após a fala do parlamentar.

"O preço foi reduzido dos R$ 2 bilhões que o senador Alessandro falou para R$ 1,5 bilhão. Sabe quando? Na véspera, da véspera, da véspera do pregão, após ter sido veiculado pela imprensa e após todas as recomendações não cumpridas da CGU", disse o Randolfe Rodrigues.

Por causa da mudança de última hora, o preço total para a aquisição dos veículos sofreu uma redução de R$ 510 milhões. Mesmo com as alterações, o TCU preferiu embargar o resultado do pregão. A decisão assinada pelo ministro Walton Alencar Rodrigues permitiu que a concorrência fosse realizada e as propostas apresentadas pelos fornecedores. A homologação dos valores, no entanto, só poderá ser feita após a avaliação da Corte de contas.

No fim da sessão, Marcelo Ponte entregou um despacho interno do FNDE ao presidente da Comissão da Educação para tentar justificar sua declaração sobre a definição do valor máximo do pregão em R$ 1,5 bilhão. O documento é datado de 14 de março. Ponte omitiu, no entanto, que após essa data FNDE estabeleceu R$ 2,045 bilhões como valor máximo do leilão, o que gerou a indicação de sobrepreço.

Audiência

Marcelo Ponte começou a falar à Comissão de Educação por volta das 10h desta quinta-feira com forte presença de senadores governistas. A audiência reuniu mais da metade da bancada do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, no Senado, como Carlos Portinho (RJ), Eduardo Gomes (TO), Carlos Viana (MG), Wellington Fagundes (MT) e Marcos Rogério (RO).

O presidente do FNDE foi questionado sobre o relacionamento que mantinha com os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura. Marcelo Ponte disse que cumprimentava os pastores "normalmente, protocolarmente". Em 7 de agosto do ano passado, durante um encontro oficial do Ministério da Educação, o presidente do FNDE se dirigiu ao pastor Gilmar Santos como "grande amigo".

Em Salinópolis (PA), durante um atendimento do MEC a prefeitos, em julho do ano passado, Marcelo Ponte citou os religiosos. "Pastor Gilmar, mais uma vez juntos, muito obrigado pela presença. Pastor Arilton, que sempre organiza", disse o presidente do FNDE na ocasião.

Uma série de reportagens do Estadão mostrou, no mês passado, um esquema de intermediação de recursos operado no Ministério da Educação com cobrança de propina pelos religiosos ligados ao então ministro Milton Ribeiro, que precisou deixar o cargo. O ex-ministro relata ter alertado à CGU, em agosto, sobre "conversas estranhas" de Arilton Moura.

Aos senadores, Marcelo Ponte contou ter sido ouvido pela CGU sobre o caso. O presidente do FNDE disse acreditar "na conduta" de Milton Ribeiro. "Eu acredito que terceiros usaram o nome dele, meu, eventualmente, para se gabaritar, para fazer lobby sem a nossa autorização", afirmou. Questionado se houve liberação de recursos por lobby dos pastores, Ponte afirmou que "não". "Não houve. Inclusive, desses municípios não houve R$ 1 liberado." Reportagem do Estadão revelou, no entanto, que alguns dos municípios que recorreram aos pastores conseguiram receber, rapidamente, empenhos do orçamento.

Dois diretores do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão envolvido nas denúncias de compra de ônibus a preços inflados e intermediação de verbas por pastores, adquiriram carros de luxo após assumirem os cargos. Mesmo recebendo salários de pouco mais de R$ 10 mil, os diretores Garigham Amarante e Gabriel Vilar compraram veículos utilitários esportivos (SUVs, na sigla em inglês) avaliados em R$ 330 mil e R$ 250 mil, respectivamente.

Amarante chegou ao cargo por indicação do presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O PL é o partido do presidente Jair Bolsonaro. O diretor foi responsável por organizar o pregão eletrônico que tinha indicação de sobrepreço de R$ 700 milhões, como revelou o Estadão/Broadcast. A licitação está embargada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

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Amarante comprou um SUV Mercedes-Benz GLB 200 Progressive, avaliado em R$ 330 mil. Adquirido por meio de financiamento, o veículo pode ter prestações equivalentes ao salário do diretor no órgão público, de acordo com a estimativa de um simulador online da fabricante. No último contracheque, disponível no Portal da Transparência, ele recebeu R$ 10.302,16 líquidos. A prestação mensal do veículo, em condições similares às usadas por Amarante, é de R$ 10.299,35. O que significa um comprometimento de 99,97% de sua renda. Além disso, o IPVA tem um custo de R$ 9.748 por ano.

Os veículos luxuosos de ambos chamaram a atenção de servidores do FNDE. Os carros foram adquiridos em concessionárias de Brasília pouco depois do primeiro pregão eletrônico de ônibus do FNDE, em meados de 2021.

APADRINHADOS

Garigham Amarante e Gabriel Vilar comandam as diretorias de Ações Educacionais (Dirae) e de Gestão, Articulação e Projetos Educacionais (Digap) do FNDE, respectivamente. Ambos chegaram aos cargos por indicação de partidos do Centrão. Amarante foi chefe de gabinete da Liderança do PL na Câmara. Já Vilar trabalhava no Ministério da Educação, apadrinhado pelo Republicanos.

Os dois adquiriram os veículos em datas próximas. Vilar licenciou um Volkswagen Tiguan Allspace R-Line 2021 de cor branca, avaliado em R$ 250 mil, em 19 de julho de 2021. O IPVA desse carro custa R$ 7.930. Já Amarante emplacou o SUV da Mercedes-Benz em 10 de agosto de 2021.

Além da Mercedes-Benz, Garigham possui outro SUV registrado em seu CPF: um Hyundai Tucson GLS 1.6, ano 2020, avaliado em R$ 150 mil. A reportagem obteve ainda o registro dos veículos autorizados a estacionar na garagem do FNDE, no Setor Bancário Sul. No caso de Amarante, estão autorizados a entrar no local o Hyundai e um segundo SUV, de modelo Honda HR-V, embora este último automóvel não esteja em nome dele.

'FINANCIADO'

Procurados, tanto Amarante quanto Vilar disseram que compraram os veículos dando de entrada valores referentes a venda de carros que já possuíam. Eles, no entanto, não quiseram mostrar à reportagem documentos para confirmar as declarações. A reportagem também não encontrou registros de outros veículos anteriores registrados no CPF dos dois.

"Comprei do mesmo jeito que toda a população brasileira compra um bem de alto valor: financiado junto ao banco", afirmou Amarante. A reportagem também procurou o FNDE para comentários, mas não houve resposta.

LICITAÇÃO

No último sábado, dia 2, o Estadão/Broadcast mostrou que Amarante e o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, avalizaram o Pregão 2/2022, para a compra de ônibus escolares rurais, com preços inflados. O preço máximo admitido para a compra dos 3.850 ônibus era R$ 732 milhões maior que o estimado pela área técnica do FNDE.

Após a reportagem, o governo recuou e reduziu o limite máximo para R$ 1,5 bilhão. Ao fim do pregão, o valor final oferecido pelos fornecedores ficou dentro deste limite. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, poderá ser convocado para prestar esclarecimentos no plenário da Câmara dos Deputados a respeito do edital para compra de 3850 ônibus rurais escolares no Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) com risco de sobrepreço de até R$ 732 milhões. O autor do pedido de convocação é o deputado federal Rogério Correia, do PT-MG. Ele protocolou requerimento nesta terça-feira, 5.

Conforme o Estadão revelou nesta terça-feira, Nogueira se reuniu no Palácio do Planalto com o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, seu ex-chefe de gabinete no Senado, quatro dias antes de o dirigente do fundo determinar a retomada da licitação para compra de ônibus escolares.

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Os encontros de Ciro Nogueira com Marcelo Ponte ocorreram em 22 de fevereiro e 14 de março. Durante essas datas, o processo licitatório estava suspenso por conta de problemas apontados pelos órgãos de controle, mas foi retomado no dia 18 de março. A licitação estava marcada para ocorrer nesta terça-feira, 5.

Como o Estadão mostrou nesta terça-feira, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação recuou e reduziu o preço máximo para a compra em leilão de 3.850 ônibus escolares rurais. A operação para salvar o pregão eletrônico que está sob suspeita de sobrepreço foi desencadeada ainda na tarde de ontem. Ao mesmo tempo, na manhã desta terça-feira, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues decidiu embargar o resultado do leilão até que passe por análise pela corte de contas.

Para a Diretoria de Administração do FNDE, o valor máximo deveria ficar em R$ 1,31 bilhão, mas, após alertas desse setor e também da Procuradoria Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), a Diretoria de Ações Educacionais optou por fixar os valores em R$ 2,045 bilhões. A diretoria é chefiada por Gharigam Amarante, ex-assessor do PL na Câmara dos Deputados e homem de confiança do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

Como o Estadão mostrou, Ciro Nogueira tem influência direta sobre a destinação de recursos do FNDE, por meio do seu afilhado político e ex-chefe de gabinete Marcelo Ponte, que preside o órgão federal. Apesar de licenciado da presidência nacional do Progressistas, Ciro Nogueira tem atuado para que o programa Caminho da Escola atenda a seus correligionários, por meio da distribuição de ônibus escolares e do empenho de emendas parlamentares.

"Recai sobre o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, na condição de coordenador das ações governamentais, a suspeita de que tenha atuado junto ao FNDE para a realização da licitação em desacordo com o órgão de administração do FNDE e da CGU, notadamente em razão de potencial beneficiamento dos aliados do Governo, e mesmo de seus aliados, cuja proximidade das eleições ampliaria o impacto político-eleitoral, se constituindo adicionalmente em potencial crime eleitoral", afirmou o deputado Rogério Correia no requerimento de audiência de Ciro Nogueira.

Linha do tempo

O Estadão teve acesso à íntegra do processo interno do FNDE que trata da licitação para a compra de ônibus. Na avaliação da Diretoria de Administração da FNDE, o preço máximo deveria ficar em R$ 1,3 bilhão. Mas, para a Diretoria de Ações Educacionais, chefiada por Gharigam Amarante - nome ligado ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto - o valor deve ser R$ 2 bilhões. Gharigam e Marcelo Ponte aprovaram a continuidade da licitação quatro dias após a segunda visita de Ciro Nogueira ao FNDE neste ano.

Depois de a Controladoria-Geral da União entrar no caso endossando o alerta de risco de sobrepreço, em fevereiro, o procedimento licitatório ficou parado até o dia 14 de março, data da reunião de Marcelo Ponte com Ciro Nogueira na Casa Civil. Naquela dia, horas antes, o apadrinhado de Valdemar Costa Neto, Gharigam Amarante, diretor de Ações Educacionais, e mais dois coordenadores subordinados a si, deram um despacho fazendo ajustes no processo, contendo um novo cálculo de preços, trocando o índice de correção da inflação a ser utilizado, o que faria o preço global da licitação cair de R$ 2,083 bilhões para R$ 1,567 bilhão.

Após esse despacho, o processo foi enviado para a Diretoria de Administração, que havia feito o primeiro alerta de risco de sobrepreço. Em sua manifestação, os responsáveis pela área pedem à Dirae, chefiada por Gharigam Amarante, para "justificar detalhadamente a mudança de metodologia de cálculo da estimativa de preços".

No dia 17 de março, sem responder a essa solicitação feita pela Diretoria de Administração, a Diretoria de Ações Educacionais emitiu novo estudo preliminar e nova pesquisa de preço. No dia seguinte, o novo termo de referência, com valores globais de R$ 2,045 bilhões, foi lançado no sistema por dois subordinados de Gharigam. Em seguida, em despacho, Gharigam e Marcelo Ponte aprovam o novo termo de referência, com valores globais de R$ 2,045 bilhões, e autorizam a reabertura do procedimento licitatório. Essa decisão foi tomada no dia em que o Estadão revelou a existência de um gabinete paralelo operado por pastores no MEC formado por pastores que fazem intermediação entre prefeitos e a pasta.

O contexto de influência de Ciro Nogueira sobre as ações do FNDE e a falta de transparência sobre a agenda pública entre ele e Marcelo Ponte geram suspeitas de que o ministro da Casa Civil possa ter atuado para a retomada do pregão para compra de ônibus, na avaliação do advogado Mauro Menezes, que já foi presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

"A suposição de que tenha havido uma articulação do ministro da Casa Civil em favor de interesses pessoais e do partido decorrem da revelação de que o pregão virá a beneficiar municípios geridos pelo Progressistas e a distribuição de verba recairá sobre parlamentares Progressistas", disse Mauro Menezes ao Estadão.

"Então, nesse sentido, a falta de transparência sobre o tema tratado na reunião permite a suposição de que as reuniões tenham servido justamente a articulação dessa solução para a continuidade do pregão, que é estranha ao interesse público, estranha ao zelo com os recursos públicos, estranha com a transparência no exercício das contas públicas. É uma solução que aparentemente vem a promover o interesse pessoal ou partidário em detrimento do interesse público", conclui o ex-presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

O advogado Igor Tamasauskas, doutor em Direito do Estado pela USP, afirma que a ausência de informações sobre os temas das reuniões entre o ministro da Casa Civil e o presidente do FNDE descumpre regra criada pelo governo no ano passado. Ele ressalta que não faz sentido o ministro da Casa Civil se reunir com um responsável por um fundo vinculado ao Ministério da Educação sem a presença do ministro. "Por força de uma regra criada em 2021, sempre que um ministro se reúne com pessoa integrante de outro ministério, precisa divulgar uma série de informações, dentre as quais o assunto discutido. Essas reuniões precisam ser esclarecidas", disse o advogado Igor Tamasauskas.

O advogado lembra que, como a CGU observou no processo, as compras públicas devem se pautar, prioritariamente, no Painel de Preços, criado pelo próprio Governo Federal, ou em licitações anteriores de outros órgãos públicos. "Isso aparentemente não foi observado, com argumentos que a própria CGU define como questionáveis - quer por especificações especiais dos veículos, quer por questões de quantidades compradas pelos outros órgãos". Para Tamasauskas, "esses argumentos - especialidade e quantidade - são comuns em casos comprovados de direcionamento de licitação e outras irregularidades". "Há que se explicar bem esses fatos, sobretudo porque a aquisição está ocorrendo no último ano de mandato", disse.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) recuou e reduziu o preço máximo para a compra em leilão de 3.850 ônibus escolares rurais. A operação para salvar o pregão eletrônico que está sob suspeita de sobrepreço foi desencadeada, ainda na tarde desta segunda-feira (4), pela cúpula do fundo presidido por um apadrinhado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Ao mesmo tempo, na manhã desta terça-feira (5), o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues decidiu embargar o resultado do leilão até que passe por análise pela corte de contas.

Reportagens do Estadão mostraram que o Pregão 2/2022 estabelecia o preço máximo de R$ 2,045 bilhões. A Controladoria-Geral da União (CGU) e a própria equipe técnica do FNDE avaliaram, entretanto, que havia nesse valor um sobrepreço de até R$ 732 milhões. A projeção dos técnicos do fundo foi elaborada aplicando um índice de inflação, o IGP-M, aos valores praticados pelo órgão nove meses antes, no Pregão Eletrônico 6/2021, também aberto para a compra de ônibus escolares.

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Durante o período de alertas da CGU e da área técnica do FNDE, o ministro Ciro Nogueira teve duas reuniões no Palácio do Planalto com Marcelo Ponte, presidente do FNDE indicado por ele. Numa reviravolta, um despacho assinado na segunda-feira por Garigham Amarante, que comanda a Diretoria de Ações Educacionais (Dirae) do FNDE, o novo valor máximo estabelecido pelo governo passou a ser de R$ 1,5 bilhão, preço sugerido pela CGU numa manifestação anterior do órgão sobre o assunto, em 10 de março.

Esse valor de R$ 1,5 bilhão corresponde à atualização dos preços do Pregão 6/2021 pelo IPP (Índice de Preços ao Produtor), um outro indicador de inflação. O cálculo representa um recuo do diretor indicado por Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, que divide com Ciro Nogueira os cargos do fundo da Educação.

Com as mudanças da tarde de ontem, os preços voltam a se aproximar do limite máximo sugerido pela área técnica do FNDE. No caso do ônibus de 29 lugares, identificado pelo código ORE 1, o valor máximo sugerido pelos técnicos do FNDE era de R$ 237,8 mil. Depois, no edital válido até a tarde de ontem, foi cotado a R$ 480 mil - uma diferença de 77%. Agora, no novo despacho, passou a R$ 338,5 mil.

Decisão do TCU

O Pregão Eletrônico 2/2022 está previsto para acontecer nesta terça-feira, 5. Pouco antes do início do certame, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Walton Alencar Rodrigues decidiu embargar o resultado até que o assunto possa ser analisado pela corte de contas. Formalmente, a licitação não está suspensa: os fabricantes poderão apresentar suas propostas nesta terça-feira. Apesar disso, o FNDE não poderá utilizar a ata de registro de preços resultante até obter o aval do TCU.

A área técnica do TCU afirmou que não era o caso de suspender o pregão porque era preciso analisar os documentos do FNDE, que não foram repassados oficialmente ao tribunal até agora. Em sua decisão, o ministro Walton criticou o FNDE por não ter entregado os documentos e alertou para a gravidade do caso.

Walton Rodrigues escreveu que, em reunião ontem do FNDE com auditores do TCU, ficou acertado que seria dado acesso aos "arquivos do certame, gravados no Sistema Eletrônico de Informações (SEI) do Poder Executivo. "Contudo, lastimavelmente, tal medida não restou implementada até o final do dia, impedindo que o TCU avaliasse, adequadamente, os preços de referência do certame", ressaltou o relator.

"Tal fato singular, aliado ao grande valor da licitação que ora se enceta, gera a perspectiva de eventual prejuízo ao Erário", afirmou Walton Rodrigues. Diante da constatação, o ministro foi mais duro do que os auditores e resolveu determinar que o FNDE se abstenha de homologar o resultado da licitação.

"Identifico a presença da probabilidade do direito em relação aos fatos narrados. O fumus boni juris decorre, portanto, da ausência de acesso, por parte dos auditores do Tribunal de Contas da União, a todos os elementos de convicção, necessários à elucidação das dúvidas relevantes, em razão da omissão, ou inércia, ou volição da Administração.

'Desvio de assombrosa importância'

"O fato descrito é grave e envolve a possibilidade do desvio de assombrosa importância em dinheiro. Mais de R$ 730 milhões em prejuízo ao erário, que podem se converter além disso em prejuízo à democracia, a depender da destinação que esses recursos venham a ter, como, por exemplo, a composição do chamado 'caixa 2 de campanha'", escreveu Lucas Rocha Furtado, procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, na representação que protocolou ontem no tribunal pedindo suspensão do pregão 2/2022 do FNDE.

Para a área técnica, a situação é grave, mas precisa de uma análise antes de decisão que impeça a realização do pregão. Por isso, a defesa foi por deixar a concorrência ser feita hoje, mas proibir temporariamente a homologação e o resultado até análise completa do TCU.

A Diretoria de Ações Educacionais do FNDE, comandada por Gharigam Amarante, um apadrinhado de Valdemar Costa Neto - presidente do PL, partido do presidente Jair Bolsonaro -, deu aval para a licitação em valores globais de R$ 2,045 bilhões, o que representa 55% a mais do que os valores considerados adequados por técnicos do FNDE, R$ 1,31 bilhão. O presidente do órgão é Marcelo Ponte, que antes de ser nomeado em 2020 para o cargo era chefe de gabinete no Senado do atual ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira.

Em viagem ao Rio, nesta segunda-feira, Jair Bolsonaro tentou minimizar o caso, mas acabou admitindo que havia risco de sobrepreço, como revelou o Estadão. "Estão agora me acusando de ter armado a corrupção com compra superfaturada de ônibus, mas nem a licitação foi feita ainda. E quem descobriu fomos nós. Temos gente trabalhando em cada ministério com lupa no contrato. Por isso, não tem corrupção", afirmou.

No documento em que pede a suspensão da compra dos ônibus escolares com preço inflado, o Ministério Público de Contas lembrou o recente escândalo de corrupção envolvendo pastores lobistas no Ministério da Educação, que, segundo prefeitos, teriam pedido propina, conforme revelou o Estadão.

"Se já não bastasse o escândalo do favorecimento, por afinidades políticas e pessoais, de lideranças religiosas que levou à demissão do ex-ministro Milton Ribeiro, o setor de educação do governo federal é agora novamente atingido por suspeitas de descalabros administrativos, se não também morais", comentou o procurador Lucas Furtado.

O ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, se reuniu no Palácio do Planalto com o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Ponte, quatro dias antes de o dirigente do fundo determinar a retomada da licitação para compra de ônibus escolares. O processo do pregão estava suspenso por conta de problemas apontados pelos órgãos de controle, mas foi retomado no dia 18 de março. A licitação está marcada para ocorrer nesta terça-feira (5).

Ciro e o presidente do FNDE tiveram um outro encontro, também no Planalto, em 22 de fevereiro. As duas reuniões ocorreram sem a presença do ministro da Educação, apesar de o fundo ser vinculado ao MEC e não ter qualquer subordinação com a Casa Civil.

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Como revelou o Estadão, a área técnica do FNDE e também órgãos de controle alertaram para a indicação de sobrepreço na compra de 3.850 ônibus escolares destinados ao transporte de estudantes da zona rural. Os preços inflados poderiam elevar o valor total da aquisição em até R$ 730 milhões.

O Estadão mostrou que Ciro Nogueira tem influência direta sobre a destinação de recursos do FNDE, por meio do seu afilhado político e ex-chefe de gabinete Marcelo Ponte, que preside o órgão federal. Apesar de licenciado da presidência nacional do Progressistas, Ciro Nogueira tem atuado para que o programa Caminho da Escola atenda a seus correligionários, por meio da distribuição de ônibus escolares e do empenho de emendas parlamentares.

O jornal teve acesso à íntegra do processo interno do FNDE que trata da licitação para a compra de ônibus. Na avaliação da Diretoria de Administração da FNDE, o preço máximo deveria ficar em R$ 1,3 bilhão. Mas, para a Diretoria de Ações Educacionais, chefiada por Gharigam Amarante - nome ligado ao presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto - o valor deve ser R$ 2 bilhões. Gharigam e Marcelo Ponte aprovaram a continuidade da licitação quatro dias após a segunda visita de Ciro Nogueira ao FNDE neste ano.

Depois de a Controladoria-Geral da União (CGU) entrar no caso endossando o alerta de risco de sobrepreço, em fevereiro, o procedimento licitatório ficou parado até o dia 14 de março, data da reunião de Marcelo Ponte com Ciro Nogueira na Casa Civil. Naquela dia, horas antes, o apadrinhado de Valdemar Costa Neto, Gharigam Amarante, diretor de Ações Educacionais, e mais dois coordenadores subordinados a si, deram um despacho fazendo ajustes no processo, contendo um novo cálculo de preços, trocando o índice de correção da inflação a ser utilizado, o que faria o preço global da licitação cair de R$ 2,083 bilhões para R$ 1,567 bilhão.

Após esse despacho, o processo foi enviado para a Diretoria de Administração, que havia feito o primeiro alerta de risco de sobrepreço. Em sua manifestação, os responsáveis pela área pedem à Dirae, chefiada por Gharigam Amarante, para "justificar detalhadamente a mudança de metodologia de cálculo da estimativa de preços".

No dia 17 de março, sem responder a essa solicitação feita pela Diretoria de Administração, a Diretoria de Ações Educacionais emitiu novo estudo preliminar e nova pesquisa de preço. No dia seguinte, o novo termo de referência, com valores globais de R$ 2,045 bilhões, foi lançado no sistema por dois subordinados de Gharigam. Em seguida, em despacho, Gharigam e Marcelo Ponte aprovam o novo termo de referência, com valores globais de R$ 2,045 bilhões, e autorizam a reabertura do procedimento licitatório. Essa decisão foi tomada no dia em que o Estadão revelou a existência de um gabinete paralelo operado por pastores no MEC formado por pastores que fazem intermediação entre prefeitos e a pasta.

O contexto de influência de Ciro Nogueira sobre as ações do FNDE e a falta de transparência sobre a agenda pública entre ele e Marcelo Ponte geram suspeitas de que o ministro da Casa Civil possa ter atuado para a retomada do pregão para compra de ônibus, na avaliação do advogado Mauro Menezes, que já foi presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

"A suposição de que tenha havido uma articulação do ministro da Casa Civil em favor de interesses pessoais e do partido decorrem da revelação de que o pregão virá a beneficiar municípios geridos pelo Progressistas e a distribuição de verba recairá sobre parlamentares Progressistas", disse Mauro Menezes ao Estadão.

"Então, nesse sentido, a falta de transparência sobre o tema tratado na reunião permite a suposição de que as reuniões tenham servido justamente a articulação dessa solução para a continuidade do pregão, que é estranha ao interesse público, estranha ao zelo com os recursos públicos, estranha com a transparência no exercício das contas públicas. É uma solução que aparentemente vem a promover o interesse pessoal ou partidário em detrimento do interesse público", conclui o ex-presidente da Comissão de Ética Pública da Presidência da República.

Fora das regras

O advogado Igor Tamasauskas, doutor em Direito do Estado pela USP, afirma que a ausência de informações sobre os temas das reuniões entre o ministro da Casa Civil e o presidente do FNDE descumpre regra criada pelo governo no ano passado. Ele ressalta que não faz sentido o ministro da Casa Civil se reunir com um responsável por um fundo vinculado ao Ministério da Educação sem a presença do ministro. "Por força de uma regra criada em 2021, sempre que um ministro se reúne com pessoa integrante de outro ministério, precisa divulgar uma série de informações, dentre as quais o assunto discutido. Essas reuniões precisam ser esclarecidas", disse o advogado Igor Tamasauskas.

O advogado lembra que, como a CGU observou no processo, as compras públicas devem se pautar, prioritariamente, no Painel de Preços, criado pelo próprio Governo Federal, ou em licitações anteriores de outros órgãos públicos. "Isso aparentemente não foi observado, com argumentos que a própria CGU define como questionáveis - quer por especificações especiais dos veículos, quer por questões de quantidades compradas pelos outros órgãos".

Para Tamasauskas, "esses argumentos - especialidade e quantidade - são comuns em casos comprovados de direcionamento de licitação e outras irregularidades". "Há que se explicar bem esses fatos, sobretudo porque a aquisição está ocorrendo no último ano de mandato", finalizou.

O governo alegou risco à segurança do presidente da República como justificativa para manter em sigilo as visitas ao Palácio do Planalto feitas por Valdemar Costa Neto, presidente do PL, partido de Jair Bolsonaro. Alçado à condição de assessor informal do presidente desde que Bolsonaro se filiou à legenda, o dirigente passou a ter suas incursões no prédio consideradas de acesso restrito.

Valdemar já foi condenado no processo do mensalão, esquema de corrupção na gestão petista, e hoje tem poder no governo de Bolsonaro, com direito a indicação de cargos estratégicos e interferência na liberação de recursos federais. Ele apadrinhou a nomeação da então ministra da Secretaria de Governo, Flávia Arruda, e do diretor do Fundo Nacional de Desenvolvimento à Educação (FNDE) Garigham Amarante Pinto, responsável pela licitação de ônibus escolar com sobrepreço de R$ 732 milhões, revelada pelo Estadão.

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O Estadão solicitou os registros do Planalto, por intermédio da Lei de Acesso à Informação, no início de março. Mas o pedido foi negado pelo Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão vinculado à Presidência. "O nome e a data de entrada de visitantes na Presidência da República cumprem a finalidade específica de segurança. Fica clara a impossibilidade do fornecimento dos dados pessoais solicitados para outros fins que não a segurança na Presidência".

O GSI afirmou ainda que essas informações não podem ser divulgadas para não violar a Lei Geral de Proteção de Dados. A negativa, no entanto, viola a maioria dos precedentes já julgados pela Controladoria-Geral da União (CGU).

INTERESSE PÚBLICO

O diretor executivo do Transparência Brasil, Manoel Galdino, afirmou que a resposta do GSI fere a Lei de Acesso à Informação. De acordo com ele, o interesse público envolvido no caso supera a privacidade das informações pessoais alegada pelo governo. "É óbvio que existe um interesse público nessa questão e, portanto, informações pessoais não são suficientes para superar o interesse público", declarou Galdino ao Estadão.

No pedido de informação, o Estadão apresentou uma lista de precedentes em que a Controladoria-Geral da União determinou ao mesmo GSI a divulgação dos dados sobre outros visitantes do Palácio do Planalto. Mas o gabinete, comandando pelo ministro Augusto Heleno, ignorou tais informações.

Durante evento nesta segunda, 4, com empresários no Rio, o presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou minimizar a denúncia de que uma licitação bilionária do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) prevê a compra de ônibus escolares com preços inflados. O alerta, publicado no último sábado pelo Estadão/Broadcast, partiu de instâncias de controle e da própria área técnica do fundo.

"Estão agora me acusando de ter armado a corrupção com compra superfaturada de ônibus, mas nem a licitação foi feita ainda. E quem descobriu fomos nós. Temos gente trabalhando em cada ministério com lupa no contrato. Por isso, não tem corrupção", afirmou o presidente no discurso aos empresários.

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Como mostrou o Estadão/Broadcast, documentos do FNDE indicam que o governo aceitou pagar até R$ 567,6 mil por um ônibus de 59 lugares que, segundo a área técnica do fundo, deveria custar, no máximo, R$ 361,8 mil. O pregão permitirá a aquisição de até 3.850 veículos como parte do programa Caminho da Escola. O preço total, ao final da compra, pode pular de R$ 1,3 bilhão para R$ 2,045 bilhões, ou R$ 732 milhões a mais.

No ano passado, o FNDE viabilizou o repasse de recursos destinados à compra de 1.771 veículos rurais escolares no País. O programa é destinado à aquisição de ônibus para crianças e adolescentes que vivem na zona rural e, para chegar à escola, precisam caminhar quilômetros a pé. O programa Caminho da Escola foi criado em 2007 e atende alunos da educação básica com bicicletas e lanchas escolares, além dos ônibus.

Nesta segunda-feira, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado, do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, pediu à corte de contas que suspenda o pregão eletrônico do FNDE.

O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) publicou esta semana edital para a inscrição de obras no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) 2024. Nessa edição, o programa prevê a aquisição de obras didáticas, literárias e recursos educacionais digitais para estudantes e professores do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Os livros selecionados serão usados entre 2024 e 2027 nas escolas públicas do país. 

A novidade é que o edital prevê, além das tradicionais obras impressas, a aquisição de livros digitais-interativos. Os editores interessados em participar devem ficar atentos ao cronograma, que começa em julho deste ano. O edital pode ser consultado na internet. 

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As obras serão selecionadas em três grupos. O Objeto 1 é voltado para a escolha de livros didáticos por componente curricular e em versão impressa e digital-interativa, com a abordagem de todas as competências gerais, específicas e as habilidades estabelecidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

O grupo Objeto 2, por sua vez, trata das coleções de Recursos Educacionais Digitais (REDs), que devem ser inscritas por componente curricular e apenas em versão digital-interativa. Já o Objeto 3 abarca obras literárias em língua portuguesa e inglesa. Elas devem ser inscritas em versão impressa e digital-interativa e em duas categorias específicas: Categoria 1, para o 6º e 7º ano do ensino fundamental, e Categoria 2, para o 8º e 9º ano.

O PNLD compreende um conjunto de ações voltadas para a distribuição de obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa, destinadas a estudantes e professores das escolas públicas de educação básica do país. A cada edição, o programa é voltado para uma etapa de ensino.

Veja os períodos de inscrição de cada objeto:

- Obras Didáticas (Objeto 1) - das 9h do dia 25 de julho às 18h do dia 5 de agosto de 2022

- REDs (Objeto 2) - das 9h do dia 10 de outubro às 18h do dia 21 de outubro de 2022

- Obras Literárias (Objeto 3) - das 9h do dia 12 de setembro às 18h do dia 23 de setembro de 2022.

Nas mãos do Progressistas, o programa Caminho da Escola foi usado para destinar dinheiro a prefeitos e Estados governados por políticos do partido. Os recursos saem do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), comandado por um apadrinhado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente da legenda, que recebeu do presidente Jair Bolsonaro aval para controlar cargos e verbas no seu governo em troca de apoio do Centrão no Congresso.

Como mostrou o Estadão, uma licitação bilionária do FNDE prevista para amanhã prevê a compra de ônibus rurais escolares com preços inflados. O alerta para o risco de sobrepreço partiu de instâncias de controle e da própria área técnica do fundo, vinculado ao Ministério da Educação. Documentos do FNDE indicam que o governo aceitou pagar até R$ 567,6 mil por um ônibus de 59 lugares que, segundo a área técnica do fundo, deveria custar, no máximo, R$ 361,8 mil.

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No ano passado, o FNDE viabilizou o repasse de recursos destinados à compra de 1.771 veículos rurais escolares no País. O programa é destinado à aquisição de ônibus para crianças e adolescentes que vivem na zona rural e, para chegar à escola, precisam caminhar quilômetros a pé. O programa Caminho da Escola foi criado em 2007 e atende alunos da educação básica com bicicletas e lanchas escolares, além dos ônibus. Dados indicam que o critério para os repasses é político.

Redutos

Os seis Estados que mais receberam ônibus são redutos de lideranças do Progressistas - no total, foram 797 veículos. O Estado mais beneficiado foi a Bahia, do ex-líder do Progressistas Cacá Leão (296 ônibus). Também foram contemplados Goiás, do presidente estadual do partido, Alexandre Baldy (174); Santa Catarina, do senador Esperidião Amin (171); Piauí, de Ciro Nogueira; e Paraná, do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (112 cada). Além de Alagoas, base eleitoral do presidente da Câmara, Arthur Lira (106).

Estados e municípios podem adquirir os veículos por meio do FNDE, via Plano de Ações Articuladas (PAR), um sistema voltado à melhoria do ensino, com recursos próprios e com linha de crédito oferecida por instituições financeiras. O repasse total do fundo para compra de ônibus em todo o País chegou a R$ 479.174.378,86.

Ciro Nogueira recebe no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto, o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, com frequência. Os encontros também ocorrem na sede do fundo. As últimas visitas do ministro a Ponte foram nos dias 14 de fevereiro e 22 de março.

O ministro controla pessoalmente as liberações de dinheiro do FNDE, relataram fontes do governo. O poder de Ciro e de Lira, outra liderança do Progressistas, no fundo vai além dos recursos próprios do órgão e inclui verbas do orçamento secreto, formado por emendas do relator-geral do Orçamento.

Piauí

No Estado onde Ciro pretende eleger em outubro a ex-mulher, Iracema Portela, vice-governadora, os repasses para compra de ônibus escolares beneficiaram prefeituras comandadas por filiados do partido do ministro. A prefeitura de Francisco Macedo obteve recursos para três veículos, para atender uma rede onde estudam 494 alunos.

Guaribas, por sua vez, com 941 estudantes, e Caraúbas do Piauí, com 1.130, não receberam ajuda do FNDE para o transporte escolar. Os prefeitos são do MDB e do PT, respectivamente.

Levantamento do Estadão, com base em dados do FNDE, aponta que 62,5% dos ônibus rurais escolares destinados ao Piauí, no ano passado, foram repassados a prefeituras comandadas pelo Progressistas. No Estado, prefeituras cujos chefes foram eleitos por MDB, PSB, PSD e PT receberam um total de 18 veículos. Para prefeitos do PP, foram viabilizados 30 ônibus rurais escolares.

Queimada Nova, com 1.442 estudantes no ensino fundamental e médio e comandado pelo Progressistas, obteve cinco coletivos e liderou a entrega dentre as cidades piauienses. Com rede pública de porte semelhante, Assunção do Piauí, com 1.801 alunos, e Morro do Chapéu, com 1.358, chefiadas por prefeitos do PSD, não foram contempladas.

O levantamento indica ainda que, em alguns casos, prefeitos que receberam veículos, mesmo sendo de outras siglas, são simpáticos a Ciro Nogueira. O prefeito Moreninho (MDB), de Avelino Lopes, publicou, em uma rede social, em fevereiro, imagens de um encontro com o ministro em Brasília. "É uma alegria enorme receber aqui na Casa Civil nosso grande Moreninho", disse Nogueira, na ocasião, no vídeo.

Em um recorte de valores empenhados em 2021, nos dados do Siga Brasil, do Senado, o Piauí foi o Estado que mais recebeu empenhos do Caminho da Escola. Foram cerca de R$ 21,5 milhões. Ciro Nogueira não quis se manifestar.

FNDE afirma que CGU acompanha o processo

Mesmo com alertas de órgãos de controle, o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) manteve, até a conclusão desta edição, o pregão eletrônico previsto para amanhã de compra de ônibus escolares com preços inflados.

Em nota enviada à reportagem na tarde deste domingo, 3, a assessoria do órgão voltou a argumentar que a Controladoria-Geral da União (CGU) acompanha todas as fases da licitação. "O FNDE reforça que o processo do Pregão Eletrônico n.° 2/2022 está sendo acompanhado pela CGU em todas as suas etapas e que ainda não foi finalizado", destacou o comunicado. "Quaisquer informações sobre o andamento do referido pregão poderão ser acompanhadas no portal de compras do governo federal."

Neste sábado (2), o Estadão revelou que a CGU, a Advocacia-Geral da União (AGU) e a própria área técnica do FNDE apresentaram pareceres e alertas para o risco de se pagar R$ 732 milhões a mais pelos ônibus, numa prática de sobrepreço. Num dos pareceres, a CGU ressaltou: "Observa-se que os valores obtidos (...) encontram-se em média 54% acima dos valores estimados".

Ainda assim, o presidente do FNDE, Marcelo Ponte, e o diretor Garigham Amarante assinaram despachos para prosseguir o certame. Ponte é apadrinhado do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira. Amarante é ligado a Valdemar Costa Neto, chefe do PL.

O ex-ministro da Educação Milton Ribeiro depõe nesta quinta-feira (31) na Comissão de Educação (CE). Ele deve prestar informações sobre denúncias de favorecimento no repasse de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Em áudios divulgados pela imprensa, Ribeiro afirma priorizar municípios administrados por prefeitos vinculados a pastores evangélicos, a pedido do presidente Jair Bolsonaro. 

O depoimento foi sugerido pelos senadores Jean Paul Prates (PT-RN) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Embora apresentados como pedidos de convocação, os requerimentos foram convertidos em convite. Pressionado pela suspeita de favorecimento a prefeitos indicados pelos pastores evangélicos Gilmar Santos e Arilton Moura, Milton Ribeiro deixou a pasta da Educação na segunda-feira (28). Até a manhã desta quarta-feira (30), a CE ainda aguardava a confirmação da presença do ex-ministro.

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Para o presidente do colegiado, senador Marcelo Castro (MDB-PI), a eventual ausência de Milton Ribeiro “irá demonstrar uma clara confissão de culpa acerca das denúncias de corrupção” e “será um convite à abertura da CPI do MEC”. 

“Uma pasta tão importante, talvez a mais importante do governo, tem sido alvo de denúncias gravíssimas, de repasses irregulares de verbas do ministério. É lamentável que, enquanto a educação brasileira padece, o ministério não esteja em evidência na mídia por projetos de relevância para os nossos estudantes, e sim por suspeitas de corrupção. A Comissão de Educação vai prosseguir com a apuração das denúncias”, escreveu Marcelo Castro. 

Também por meio de uma rede social, o senador Luiz do Carmo (MDB-GO) defendeu o ex-ministro. Para o parlamentar, o pedido de exoneração de Milton Ribeiro “só prova que é um homem honesto, ético e com grandes virtudes”. 

“A justiça será feita e ficará provada sua inocência e que tudo não passou de perseguição política. Eu confio na honestidade do ministro da Educação. Muito atencioso e respeitoso com todos, nunca deixa de atender, dentro da legalidade, todos parlamentares que o procuram. O que fazem com esse caso é mais uma tentativa desesperada de atacar o presidente Jair Bolsonaro”, publicou. 

Para o senador Jean Paul Prates, se confirmadas, as suspeitas contra Milton Ribeiro ferem os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. “As notícias veiculadas sugerem que o (ex) ministro da Educação está rasgando o texto constitucional e ferindo todos os princípios. O Ministério da Educação é uma pasta estratégica para o desenvolvimento nacional.

Durante o governo Bolsonaro, tragicamente, a gestão vem sendo marcada por descontinuidade, incompetência, ideologização, descompromisso e tudo sugere que também por ilegalidades”, afirmou. 

Requerimentos Nesta quarta-feira (30), o senador Jean Paul Prates apresentou um novo requerimento de convocação. Ele quer ouvir o ministro interino da Educação, Victor Godoy Veiga. Até a segunda-feira passada, Veiga era secretário-executivo da pasta comandada por Milton Ribeiro. 

O ministro interino telefonou para o presidente da CE, senador Marcelo Castro, nesta quarta-feira. "Ele se colocou à disposição para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de corrupção na pasta. Amanhã [quinta-feira], vamos votar o requerimento de convocação de Godoy", anunciou Castro em uma rede social. 

O depoimento de Milton Ribeiro está marcado para as 9h15. Antes, às 9h, a CE deve votar três requerimentos sugeridos pelo senador Randofe Rodrigues. Em dois pedidos, o parlamentar solicita que o Ministério da Educação e a Controladoria-Geral da União (CGU) informem se foram identificados indícios de irregularidades após as denúncias contra Milton Ribeiro. 

O terceiro requerimento sugere o depoimento de oito prefeitos sobre as suspeitas de favorecimento nos repasses do FNDE. Randolfe requer a presença dos gestores municipais de Anajatuba (MA), Boa Esperança do Sul (SP), Bom Lugar (MA), Centro Novo (MA), Guarani D’Oeste (SP), Luís Domingues (MA), Rosário (MA) e Três Corações (MG). 

Como participar

O evento será interativo: os cidadãos podem enviar perguntas e comentários pelo telefone da Ouvidoria do Senado (0800 061 2211) ou pelo Portal e‑Cidadania, que podem ser lidos e respondidos pelos senadores e debatedores ao vivo. O Senado oferece uma declaração de participação, que pode ser usada como hora de atividade complementar em curso universitário, por exemplo. O Portal e‑Cidadania também recebe a opinião dos cidadãos sobre os projetos em tramitação no Senado, além de sugestões para novas leis. 

*Da Agência Senado

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