Na próxima sexta-feira (5), o Sítio da Trindade, no bairro de Casa Amarela, será palco do lançamento do livro "Paulo Freire Vive!". O trabalho reúne textos de diversos educadores populares sobre a sistematização de experiências do Brasil, Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador e Peru na defesa do legado freiriano e celebra o centenário do pernambucano, que ocorreu em setembro do ano passado.
Com 412 páginas, a públicação tem versões em português e espanhol e conta com artigos que narram as experiências da primeira e segunda fase da Campanha Latino-Americana e Caribenha realizada de 2019 a 2021, com o objetivo de aprofundar a compreensão do papel da cultura popular nas ações organizadas e das diversidades e particularidades regionais.
##RECOMENDA##O evento contará com recital de poesia, exposição fotográfica, atrações artísticas afro e reggae, bem como apresentação de um e-book da Cátedra Paulo Freire da UFPE. O lançamento também homenageia postumamente o professor e educador popular Paulo Afonso, que faleceu no dia 10 de julho, na Paraíba.
Segundo a organização, a escolha do Sítio da Trindade como local de lançamento do livro não se deu por mera conveniência. Em 1964, durante a ditadura militar, o local sediava o Movimento de Cultura Popular (MCP), tendo sido invadido e depredado. Na ocasião, todo o material pedagógico que lá estava armazenado foi apreendido como prova de subversão. A ditadura chegou a instaurar um inquérito policial militar para investigar a ação e a destacar dois tanques de guerra para patrulhar a região.
“Um grande dano foi esse: a destruição de toda essa experiência riquíssima. Uma segunda consequência foi a prisão, o exílio de diversos educadores e de lideranças ligadas aos movimentos. Pessoas que eram comprometidas com a alfabetização de adultos. A prisão do Paulo Freire é um exemplo, mas há outros que foram expulsos ou não atuaram mais na alfabetização de adultos”, destaca pesquisador Sérgio Hadad.