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As ilhas Tonga enfrentavam nesta sexta-feira (21) uma imensa escassez de água potável, quase uma semana após a erupção de um vulcão no arquipélago, cujo efeito foi comparado à explosão de uma "bomba atômica" por uma autoridade do serviço de resgate.

Em Tongatapu, a principal ilha de Tonga, "foi como uma bomba atômica", testemunhou por telefone à AFP o secretário-geral da Cruz Vermelha de Tonga, Sione Taumoefolau.

"Toda a ilha tremeu devido à erupção", afirmou.

Em 15 de janeiro, a erupção do vulcão Hunga Tonga-Hunga Ha'apai, que causou um tsunami, isolou esta pequena nação do Pacífico do restante do planeta, depois que o cabo de comunicação que ligava o arquipélago à rede de Internet se rompeu.

A situação continua difícil, devido à falta de ajuda humanitária e à operação titânica de limpeza das cinzas que os habitantes agora devem enfrentar.

"O pior para nós são as cinzas. Tudo está coberto pelas cinzas do vulcão", ressaltou Taumoefolau.

Jonathan Veitch, encarregado de coordenar as operações das Nações Unidas de Fiji, estimou que o principal problema é a água potável.

As reservas de água de dezenas de milhares de pessoas podem estar contaminadas pelas cinzas do vulcão, ou pela água salgada do tsunami que se seguiu.

"Antes da erupção, a maioria deles dependia da água da chuva", disse Veitch à AFP.

- "Golpe triplo?" -

"Se as cinzas tornaram tudo tóxico, isso é um problema, a menos que possam acessar fontes subterrâneas". Para ele, "agora é vital poder determinar sua localização".

As análises da água começaram, mas após a erupção do último sábado "todo país está coberto de cinzas", informou Veitch.

As operações de resgate começaram, de fato, apenas na quinta-feira, depois que a principal pista de pouso do arquipélago foi finalmente limpa da espessa camada de cinzas que a cobria.

Aviões militares australianos e neozelandeses transportando ajuda de emergência conseguiram pousar. Mas a distância, as dificuldades de comunicação e as medidas para evitar que a covid-19 afete este reino de 170 ilhas complicam as operações.

"Não é fácil. Está longe de tudo. Portanto, há restrições de acesso. E ainda tem o problema da covid, claro, assim como a falta de meios de comunicação", reconheceu o coordenador da ONU.

"Eu diria que é quase um golpe triplo".

À medida que as chegadas de ajuda externa se intensificam, a ONU está "preocupada" com os riscos ligados à covid, disse Veitch, referindo-se à variante ômicron que está se espalhando atualmente por vários arquipélagos do Pacífico, em particular nas Ilhas Salomão e Kiribati.

O governo procura uma maneira de trazer trabalhadores humanitários para o país sem correr o risco de contaminar a população.

O governo de Tonga concluiu a avaliação da extensão dos danos, especialmente nas ilhas que foram afetadas pelo tsunami causado pela erupção.

Três pessoas morreram, mas a extensão financeira ainda não foi estabelecida. "Nada sugere que o balanço humano seja maior, mas a destruição (material) é numerosa", de acordo com Veitch.

Muitas pessoas que vivem em ilhas remotas, e perderam suas casas, foram levadas para a grande ilha de Nomuka.

O navio neozelandês HMNZS Aotearoa atracou hoje em Tonga, carregando grandes suprimentos de água potável.

"Ele também tem capacidade para dessalinizar de 70 mil a 75 mil litros de água por dia, o que fará a diferença para as pessoas, pelo menos em Tongatapu", ressaltou Veitch.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) enviou um grande número de kits de água a bordo do navio humanitário australiano "HMAS Adelaide", que deixou Brisbane na noite de quinta-feira.

"Também enviamos muitos equipamentos para tratar a água", declarou Veitch.

A erupção vulcânica foi sentida até no Alasca, a mais de 9.000 km de distância. Um cogumelo de fumaça de 30 km de altura dispersou cinzas, gás e chuva ácida nas 170 ilhas de Tonga.

Essa erupção causou uma enorme onda de pressão que atravessou o planeta, movendo-se a uma velocidade de 1.231 km/h, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas sobre a Água e Atmosfera da Nova Zelândia.

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