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A mãe de Luis Rubiales, presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), recebeu alta nesta quinta-feira (31) depois de ser internada em razão da greve de fome que iniciou na segunda-feira para defender o filho, duramente criticado por beijar na boca a atacante Jenni Hermoso durante a cerimônia de premiação da Copa do Mundo feminina. A atleta afirma que não houve consentimento no beijo, enquanto o dirigente discorda.

Segundo o jornal espanhol Marca, Ángeles Béjar deu entrada no Hospital Santa Ana de Motril, em Granada, com problemas de locomoção, enjoo, náusea e inchaço nas pernas, agravados por uma doença renal crônica. Ela deixou o pronto-socorro da unidade acompanhada do filho, colocando fim à greve de fome depois de três dias.

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Rubiales é presidente da RFEF e se negou a renunciar em meio à polêmica, mas foi afastado do cargo pela Fifa por 90 dias enquanto uma investigação é conduzida. Ángeles Béjar entrou em greve de fome e decidiu se trancar dentro de uma igreja na cidade de Motril, na região de Andaluzia, como protesto contra o que considera uma campanha para difamar o filho.

Existia a expectativa de que Rubiales renunciasse à presidência da RFEF na última sexta-feira, durante assembleia extraordinária da federação espanhola. Porém, o encontro foi usado pelo dirigente para se defender, afirmando que o ato foi consentido, e dizer que não iria entregar o cargo.

Após o anúncio de Rubiales, a jogadora Jenni Hermoso publicou uma nota, por meio do sindicato FutPro, para rebater e reiterar que o beijo não foi consentido. O comunicado também foi assinado pelas companheiras de seleção da atacante, que afirmam que não irão mais defender a Espanha enquanto "os atuais dirigentes continuarem no comando".

Na sexta-feira, às 19h (horário local), será realizada uma manifestação na Praça da Aurora de Motril por diversas associações sociais e femininas de Granada em apoio à Jenni Hermoso. A jogadora está de férias e se prepara para retornar ao México, onde defende o Pachuca, time da primeira divisão local.

Silas Malafaia desmentiu, nesta quinta-feira (15), o boato de que ele faria greve de fome em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o líder religioso, a informação “só pode ser piada”.

“Um vagabundo espalhou que vou fazer greve de fome caso Bolsonaro seja cassado . SÓ PODE SER PIADA ! Nunca falei !”, explicou Malafaia em sua conta no Twitter.

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Apesar de ter negado o possível jejum, o pastor criticou as instituições do Poder Judiciário ao afirmar que o TSE passou a ser “tribunal superior político, puxadinho do STF”.

Julgamento no TSE

Bolsonaro será julgado no próximo dia 22 de junho pelo tribunal por acusações e ataques contra o órgão realizados durante uma reunião com embaixadores, em 2022, quando ainda era chefe do executivo nacional. Se ele for condenado, poderá ficar inelegível para as próximas eleições.

O premiado diretor iraniano Jafar Panahi, detido em Teerã há seis meses, anunciou que começou uma greve de fome para protestar contra as condições de sua detenção, em um comunicado divulgado por sua esposa.

Panahi, 62 anos e um dos cineastas mais premiados do Irã, foi detido em julho, antes da onda de protestos que abalam o regime iraniano desde setembro.

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Apesar de acreditar que seria liberado no mês passado, o cineasta continua na penitenciária de Evin, na capital iraniana.

"Hoje, como muitas pessoas presas no Irã, não tenho outra escolha a não ser protestar contra este comportamento desumano com meu bem mais querido: minha vida", afirmou Panahi.

"Em protesto contra o comportamento ilegal e desumano do aparato judicial e de segurança e desta tomada de refém, iniciei uma greve de fome em 1º de fevereiro. Vou me recusar a comer e beber qualquer alimento e remédio até o momento da minha libertação".

"Permanecerei neste estado até que, talvez, meu corpo sem vida seja libertado da prisão", acrescentou.

Pahani cumpre pena de seis anos de prisão, pronunciada em 2010, por "propaganda contra o sistema".

O cineasta venceu o Leão de Ouro no Festival de Veneza em 2000 por "O Círculo" e o Urso de Ouro do Festival de Berlim em 2015 por "Taxi Teerã".

Várias personalidades do mundo cultural estão entre os milhares de detidos no Irã como parte da repressão aos protestos iniciados após a morte, na prisão, da jovem curda Mahsa Amini, em meados de setembro.

O marido da jornalista britânico-iraniana Nazanin Zaghari-Ratcliffe, que está detida no Irã desde 2016, anunciou neste sábado (13) que encerrou sua greve de fome iniciada há 21 dias, porque sua filha Gabriella "precisa de seus pais".

"Hoje prometi a Nazanin encerrar a greve de fome", afirmou Richard Ratcliffe em um tuíte. "Gabriella precisa de seus dois pais", acrescentou, agradecendo a ajuda das pessoas que o apoiaram nestas três semanas.

Responsável pelo projeto da Fundação Thomson Reuters, o braço filantrópico da agência de notícias de mesmo nome, Zaghari-Ratcliffe foi detida no Irã durante uma viagem a Teerã, em 2016, para visitar sua família.

Na época, a jornalista foi acusada de conspirar para derrubar a República Islâmica, o que ela negou com firmeza, e foi condenada a cinco anos de prisão.

Após cumprir a pena, Nazanin voltou a ser condenada no fim de abril deste ano por ter participado de uma manifestação em frente à embaixada do Irã em Londres em 2009.

Em 16 de outubro, a Justiça iraniana rejeitou um recurso apresentado pela defesa da jornalista, o que aumentou os temores de que ela seja mandada de volta para uma penitenciária no Irã, onde permanece em prisão domiciliar com uma tornozeleira eletrônica, após ter deixado o presídio em março de 2020 por causa da pandemia de covid-19.

De acordo com o seu marido, Zaghari-Ratcliffe é uma refém de "um conflito entre os dois Estados" por causa de uma antiga dívida de 400 milhões de libras (cerca de US$ 544 milhões) que o Reino Unido se nega a pagar desde a expulsão do xá Reza Pahlavi do Irã durante a revolução islâmica de 1979.

A jornalista cidadã chinesa Zhang Zhan, detida depois de filmar a aplicação do confinamento na cidade de Wuhan após a detecção inicial da Covid-19 na região, está perto da morte, advertiu a família.

A ex-advogada de 38 anos se declarou em greve de fome e foi alimentada à força durante meses por sondas nasogástricas.

O irmão da jornalista, Zhang Ju, advertiu na semana passada no Twitter que ela está muito magra e "pode não sobreviver ao inverno".

"No coração dela, parece que existem apenas Deus e suas crenças, sem importar mais nada", completou o irmão.

Zhang Zhan foi detida em maio de 2020 e condenada em dezembro a quatro anos de prisão por "provocar distúrbios da ordem pública", uma acusação habitualmente aplicado na China a dissidentes políticos.

Em fevereiro de 2020, a advogada de Xangai viajou a Wuhan, no centro da China, para narrar a situação no local poucos dias depois do início da aplicação de um confinamento rígido na metrópole de 11 milhões de habitantes.

As imagens gravadas de pacientes em um corredor lotado de um hospital foram uma das poucas informações sobre as condições sanitárias da cidade em que o coronavírus foi detectado pela primeira vez.

Na quinta-feira, a Anistia Internacional pediu a libertação imediata de Zhang para que "termine a greve de fome e receba o tratamento que precisa desesperadamente".

A organização Repórteres Sem Fronteiras também pediu à comunidade internacional que pressione por sua libertação "antes que seja tarde demais".

A AFP não conseguiu entrar em contato com o irmão da jornalista e sua mãe se recusou a comentar a situação. Os diretores do sistema penitenciário também não falaram.

Um dos advogados da jornalista afirmou que a família pediu autorização para visitá-la na prisão em Xangai, mas não recebeu resposta.

Seus representantes não têm informações sobre o estado atual de Zhang.

Além de Zhang Zhan, ao menos outros três jornalistas independentes (Chen Qiushi, Fang Bin e Li Zehua) estão detidos pela cobertura sobre a crise epidêmica em Wuhan.

Cesare Battisti, ex-militante de extrema esquerda condenado à prisão perpétua na Itália por quatro homicídios durante os anos 1970, iniciou uma nova greve de fome para protestar contra seu isolamento em uma prisão na Calábria (sul), informou à AFP sua filha Valentine.

"Iniciei, a partir de 2 de junho, uma greve de fome e médica", escreveu Cesare Battisti, de 66 anos, que descreveu sua ala de segurança máxima na prisão de Rossano como um "túmulo", em um texto enviado através de sua filha.

Após a sua extradição para a Itália, o ex-chefe dos Proletários Armados pelo Comunismo (PAC) foi colocado, em janeiro de 2019, na prisão de segurança máxima de Oristano, na Sardenha, onde cumpria sua pena em regime de estrito isolamento reservado a detidos condenado por terrorismo.

Em 8 de setembro de 2020, ele anunciou, por meio de seu advogado, que faria uma greve de fome para se aproximar de sua família. Quatro dias depois, foi transferido para a prisão de Rossano, na Calábria, onde estão presos condenados por terrorismo islâmico.

Sua filha Valentine ressaltou que todas as suas tentativas de transferência para impedir um isolamento, "que já dura 28 meses", foram sistematicamente rejeitadas.

"Passei 40 anos no exílio levando uma vida de contribuinte, totalmente integrado à sociedade civil à custa de uma atividade profissional incessante, de uma envolvimento pacífico em iniciativas culturais e beneficentes, em todos os lugares onde recebi refúgio", afirma Cesare Battisti em sua carta.

Refugiado na França por 15 anos, depois no Brasil, foi preso em janeiro de 2019 na Bolívia, após quase 40 anos foragido, e extraditado para a Itália.

Poucas semanas depois de sua prisão, pela primeira vez reconheceu perante um juiz sua responsabilidade nos assassinatos, ao mesmo tempo em que tomou distância da luta armada travada em seu país nos 'anos de chumbo'.

Durante sua estadia na França de 1990 a 2004, Cesare Battisti se beneficiou da proteção do presidente socialista da época, François Mitterrand, que havia prometido não extraditar nenhum ativista de extrema esquerda que concordasse em desistir da luta armada.

Mas em 2004, o governo do presidente Jacques Chirac decidiu pôr fim à "jurisprudência Mitterrand" e extraditar Battisti. Ele então fugiu para o Brasil com uma identidade falsa.

Battisti foi condenado à prisão perpétua pelo assassinato em 1978 de Antonio Santoro, um guarda penitenciário, e Andrea Campagna, que trabalhava como motorista da polícia, um ano depois.

Ele também foi condenado por cumplicidade nos assassinatos em 1979 de Pier Luigi Torregiani, um joalheiro, e Lino Sabbadin, um açougueiro.

Na prisão, Cesare Battisti continuou a escrever e publicar. Segundo seus parentes, ele terminou um novo romance que esperam poder publicar na França e no Brasil. "Ele só tem escrita", apontam.

Depois de saber que Battisti confessou sua participação nos quatro assassinatos, o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) se arrependeu de tê-lo protegido por anos.

Uma advogada turca presa, em greve de fome por 238 dias, morreu na noite de quinta-feira em um hospital de Istambul, anunciou seu escritório.

"Ebru Timtik, membro de nosso escritório de advocacia, morreu como mártir", informou o escritório Halkin Hukuk Burosu.

Condenada no ano passado a 13 anos de prisão por "pertencer a uma organização terrorista", Ebru Timtik, de 42 anos, fez greve de fome em fevereiro para exigir um julgamento justo.

Com Aytac Unsal, outro colega que também faz greve de fome na prisão, Ebru Timtik pertencia à Associação de Advogados Contemporâneos, especializada na defesa de casos politicamente sensíveis.

Autoridades turcas acusam esta associação de estar ligada à organização radical marxista-leninista DHKP-C, grupo que cometeu vários atentados e é classificado como "terrorista" por Ancara e aliados.

Nesta sexta-feira (28) houve breves confrontos entre a polícia e apoiadores da advogada que se expressavam através de cânticos revolucionários.

As forças de segurança usaram gás lacrimogêneo e empurraram as pessoas concentradas no funeral com seus escudos, confirmaram jornalistas da AFP.

Outro incidente também ocorreu antes, quando o carro fúnebre que carregava o caixão de Ebru Timtik deixou o Conselho de Medicina Legal de Istambul, onde foi realizada uma autópsia, sem que familiares pudessem acompanhá-la.

Ebru Timtik defendeu, entre outros, a família de Berkin Elvan, um adolescente que morreu em 2014 depois de ser ferido em manifestações antigovernamentais.

No mês passado, um tribunal de Istambul se recusou a libertá-la, apesar de um atestado médico indicar que seu estado de saúde não permitia sua permanência na prisão.

Timtik e Unsal foram transferidos para dois hospitais diferentes em julho.

Ebru Timtik, que só bebia água com açúcar, infusões e vitaminas durante sua greve de fome, pesava 30 quilos quando morreu, segundo pessoas próximas a ela.

Sua morte chocou muitos líderes da oposição.

"Ebru Timtik foi enviada para a morte diante de nossos olhos", disse Sezgin Tanrikulu, parlamentar social-democrata, no Twitter.

"A perdemos devido à consciência cega da justiça e dos políticos. O único desejo deles era um processo justo", acrescentou.

O Conselho de Advogados Europeus (CCBE), formado por profissionais de 45 países, afirmou estar "muito chocado" com a morte de Timtik.

Shakeel Afridi, o médico que ajudou a localizar Osama bin Laden, e que está preso há sete anos, iniciou uma greve de fome em sua cela, informaram nesta segunda-feira seus advogados e sua família.

"É para protestar contra as injustiças e atitudes desumanas em relação a ele e sua família", disse seu irmão Jamil Afridi à AFP depois de visitá-lo na prisão da província de Pendjab (centro).

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Seu advogado Qamar Nadeem confirmou à AFP que seu cliente iniciou uma greve de fome.

Afridi organizou uma falsa campanha de vacinação contra a hepatite C, que serviu de cobertura para confirmar o esconderijo de Bin Laden, o chefe da Al-Qaeda morto em 2 de maio de 2011 pelas forças especiais americanas na cidade paquistanesa de Abbottabad.

Logo após o ataque, porém, o médico foi preso pelas autoridades paquistanesas. Julgado por ligações com extremistas - uma acusação considerada uma invenção - o médico foi condenado a uma sentença de 33 anos de prisão, que depois foi reduzida para 23 anos.

A pesquisadora franco-iraniana Fariba Adelkhah, detida desde junho no Irã, encerrou a greve de fome que realizava desde 24 de dezembro para protestar contra sua prisão, anunciou seu advogado.

"Adelkhah respondeu ao pedido por escrito de ativistas políticos e da sociedade civil e encerrou sua greve de fome às 12h00 de hoje", disse seu advogado Said Dehghan à AFP.

O comitê de apoio da pesquisadora recentemente descreveu seu estado de saúde como "alarmante" e pediu que ela terminasse a greve de fome.

Fariba Adelkhah, antropóloga franco-iraniana, e seu parceiro Roland Marchal, especialista do Chifre da África, que veio encontrá-la para uma visita particular, foram presos pela Guarda Revolucionária, a força de elite do regime, em 5 de junho de 2019 no aeroporto de Teerã.

Desde então, são processados por ameaças à "segurança nacional" e "propaganda" contra o governo, acusações falsas de acordo com seu comitê de apoio.

Seu julgamento pode começar em breve em Teerã.

Familiares se reúnem em frente ao MPPE para protocolar denúncia contra o presídio de Itaquitinga. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

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Pernambuco gastou, entre 2016 e 2018, quase R$ 179 milhões com alimentação para manter os 32.781 presos em regime fechado, nas 23 unidades prisionais do estado. Os valores referentes à verba destinada ao fornecimento de alimentos foram obtidos pelo LeiaJá por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Em 2019, até maio, o custo foi de R$ 16.881.184. Apesar da verba para financiar as refeições dos detentos, familiares dos presidiários custodiados em Pernambuco acusam a gestão estadual de maus tratos, principalmente pelas péssimas condições das três refeições servidas diariamente e, muitas vezes, pela insuficiência da comida.

No dia 1º de julho de 2019, um grupo de mulheres com familiares presos em Itaquitinga, unidade prisional localizada na Mata Norte pernambucana inaugurada em junho de 2018, se encontraram no Ministério Público de Pernambuco, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife para protocolar denúncias de maus tratos na unidade prisional. Elas foram ao local com uma camisa que estampava o pedido "Não a fome" e redigiram cartas para contar principalmente sobre a condição degradante quando se trata de alimentação em Itaquitinga. 

Marcela* diz que foi reivindicar os direitos do seu esposo. "Não é só o meu marido que sofre, são todos", lamentou. Ela também critica o fato da gestão não preparar uma estrutura para as mulheres aguardarem na frente do presídio. "Se chove, faz sol, não importa. Temos que esperar lá na frente por horas porque eles só abrem as portas quando querem. A escola lá não funciona, não podemos levar nada para eles lerem, nem uma fotografia. Eles não fazem nada o dia inteiro e ainda não podem comer", denunciou.

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Segundo o coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Olinda e Recife, Lenilson Freitas, a entidade religiosa monitora constantemente doze presídios, masculinos e femininos, no Grande Recife. Semanalmente, a Pastoral realiza visitas e conversa com os detentos. Lenilson aponta que a queixa mais constante é sobre a falta de alimentação com qualidade nas prisões masculinas. 

"Nas femininas até escutamos um pouco dessa reclamação, mas em quantidade menor. O número de mulheres presas é menor. Elas se queixam da comida gordurosa, principalmente as grávidas e as pacientes que precisam de uma alimentação balanceada receitada por um profissional", detalhou Lenilson ao explicar a situação da comida na Colônia Penal Feminina Bom Pastor e na Colônia Prisional Feminina de Abreu e Lima. 

O coordenador da Pastoral destaca que os homens, por estarem em uma situação de superlotação grave, denunciam as situações precárias das prisões com muita frequência. Atualmente, são 11.767 lugares nas 23 unidades prisionais, onde estão 32.781 presos em regime fechado. Considerando todos os regimes, são 40.190 detentos. "Escutamos comentários de que além de pouca, a alimentação é ruim. Quando ouvimos essas pessoas, a gente leva essa queixa ao responsável pela cozinha porque cada presídio tem um profissional de nutrição para cuidar e acompanhar esse processo", explicou. 

Itaquitinga e a promessa do modelo nacional de ressocialização

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Em janeiro de 2019, a unidade I do Centro Integrado de Ressocialização (CIR), em Itaquitinga, foi entregue pelo governo de Pernambuco. A obra foi iniciada em junho de 2010 e estava parada desde 2012. Só foi retomada em 2017 e custou aproximadamente R$ 10 milhões aos cofres da administração estadual. 

A capacidade do local é para abrigar cerca de mil presos no regime fechado. O processo de ocupação da primeira unidade do complexo prisional teve início em junho de 2018 para desafogar as unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife.

Na época do lançamento, o secretário de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Pedro Eurico, classificou a unidade prisional como "modelo a ser seguido". A imprensa visitou o local e foram percorridos diversos setores como saúde, salas de aula, central de videomonitoramento, cozinha, celas e área de convivência coletiva. "A unidade prisional de Itaquitinga é uma das mais modernas do país e deverá ser exemplo de ressocialização para todos os estados da federação”, disse o secretário, na época.

Leia também: Governo garante que novo presídio não terá superlotação

Ao todo, 22 presos concessionados, do regime semiaberto, são responsáveis pela alimentação dos detentos do CIR, sendo oito trabalhando na padaria e 14 na cozinha. No cardápio divulgado aos jornalistas seriam servidos café da manhã, almoço e jantar com cardápio variado, tendo dias com frango, feijoada, carne bovina e carne moída.

Em junho de 2019, após um ano de funcionamento, Itaquitinga apresenta uma série de problemas, principalmente com a alimentação servida aos presos. De acordo com os familiares, por determinação da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) não é permitido entrar com comida na unidade prisional. Nem mesmo para o visitante. Todos devem comer do que é servido aos presos.

A fome e realidade distante da propaganda estadual

Familiares se reúnem em frente ao MPPE para protocolar denúncia contra o presídio de Itaquitinga. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Feijão azedo, galinha cozinhada com as penas, macarrão estragado, pedras e outros objetos são comumente encontrados na comida, segundo relatos de familiares. Cansados da situação, alguns presidiários do Pavilhão B e C iniciaram uma greve de fome no último dia 24 e 25 de junho. Entre as alegações dos motivos da greve estavam a melhoria da comida que é servida a eles, o aumento das porções, a entrada de crianças para as visitas, a entrada de fotografias e a criação de uma estrutura para que os visitantes possam aguardar sem o risco de ficarem expostos ao sol quente ou a chuva. 

Maria* está apreensiva porque seu marido emagrece a cada dia. Ela conta que o esposo chora todos domingos de visita pedindo por providências. Ele também participava da greve de fome.

Do lado de fora, os familiares sabiam da greve e trocavam mensagens por aplicativo de conversa ansiosos por novidades. Boatos de que quem não comesse iria para o castigo e sofreria represália dos agentes penitenciários assustaram as famílias. Mesmo apavorada, Maria sabia que era necessário tomar uma atitude, mesmo que tenha sido essa a escolhida pelos presos. "Eles não aguentam mais não ter o que comer, só sabe quem passa fome", disse.

No fim da noite do dia 25 de junho, o presídio anunciado como modelo de ressocialização precisou viabilizar um diálogo com defensores dos Direitos Humanos para que os presos voltassem a comer. O próprio Pedro Eurico foi ao presídio acompanhar a situação de perto. A negociação foi coordenada por Wilma Melo, assistente social, especialista em políticas públicas e presidente do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri).

“Ao meu ver, o que está faltando é o estado investir em uma capacitação e melhor elaboração desses alimentos. Os presos denunciaram a qualidade, quantidade e os péssimos horários. O caso de Itaquitinga é a parte porque não há a circulação de outras mercadorias que não as fornecidas pela unidade prisional. As próprias mulheres precisam comer do que é servido no presídio e isso revolta os maridos. Eles até aguentam comer aquilo, mas não querem assistir as famílias a se alimentarem da mesma comida”, relembrou Wilma Melo, em entrevista ao LeiaJá.

Juliana* denunciou à reportagem que há um esquema de benefícios em Itaquitinga. "O diretor dá regalias a presos com mais dinheiro. Muitos têm o direito a bebida, celular e principalmente comida, chocolate e pratos cheios. Já outros presos passam muita fome. As comidas são podres e o prato é quase vazio. O cuscuz é horrível com ovo seco. Não tem outra comida para os presos. A gente já procurou Pedro Eurico e outras autoridades, mas ninguém resolve nada. A Seres falou que ia liberar uma quarta refeição, mas até então nada. Nem a gente pode levar a nossa própria comida porque eles não deixam, como em outros locais. Tem gente que não pode comer comida de porco por motivos de saúde, mas é obrigado a comer. Por isso, detentos e muitas mulheres passam mal, como já aconteceu", descreveu. Ela ainda apontou que o sistema é opressor e que os agentes ameaçam os familiares caso denunciem. 

Um das causas do protesto foi também um atraso da comida, sendo o almoço servido somente às 15h, em um dia de visita. “O preso estava com fome e a família também. Isso cria um estresse e o desejo de resolver a situação a todo custo”, explicou Wilma Melo.

A defensora dos Direitos Humanos alega ainda que é contrária a decisão da Seres de proibir a entrada de comida de fora em Itaquitinga, pelo menos para as famílias que vão visitar. “Não é nada demais as mulheres levarem um lanche, um refrigerante, um pão para passar o domingo. Acho que não é sendo repressivo que vai se resolver a situação”, comentou.

Após dois dias de greve, os presos cederam ao acordo que Wilma posteriormente apresentou à Secretaria de Ressocialização. A principal demanda é a melhoria dos alimentos servidos.

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Afinal, quem cozinha?

Nos presídios de Pernambuco são os detentos que cozinham. Apesar disso, Lenilson Freitas alega que a culpa não é dos presos a falta da comida ou a má qualidade da refeição. Para ele, o responsável deveria ser o nutricionista da unidade. "Quando escutamos o pessoal responsável por fazer a comida, eles alegam que são muitas refeições para serem feitas e não dá tempo de cozinhar tudo", contou o coordenador da Pastoral Carcerária. 

O procedimento feito pela Pastoral é também encaminhar as denúncias ao diretor da unidade prisional, caso os profissionais de nutrição não tomem providencias, que é o corriqueiro. O coordenador da Pastoral destaca ainda que o alimento chega aos presídios com qualidade e o grande problema está no manejo.

"São pessoas preparadas para cozinhar pelo próprio sistema prisional, os presos concessionados. Um dos pontos importantes é a falta de qualificação deles e a falta de tempo para dar conta do serviço. O café da manhã é servido 4h, 5h da manhã. Mas, essas pessoas precisam acordar 3h, ainda de madrugada para deixar tudo pronto", alertou.

Por isso, nas prisões, os detentos montam fogões improvisados com tijolos e panelas para assar e cozinhar seus próprios alimentos ou uma galinha que é servida crua, por exemplo.

É o que justifica Carla* ao levar alimentos para que o esposo prepare dentro da Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC). Ela conta que lá o almoço é servido a partir das 10 horas e o jantar por volta das 16h. Após a janta, os presos só podem comer no outro dia. "Eu trago a feira semanal do meu esposo porque ninguém deveria comer essa lavagem. Sei que é pecado falar assim da comida, mas é porque não é humano. O café da manhã com um pão seco e meio copo de café não sustenta ninguém", criticou a mulher. 

Para Lenilson Freitas, é errado a família precisar gastar dinheiro semanalmente para levar comida aos seus familiares, já que eles estão sob responsabilidade do Estado. Ele avalia, no entanto, que a prática cresceu na região porque houve um corte na verba para alimentação nos presídios de Pernambuco. 

Em conversa com a reportagem, o coordenador da Pastoral informou a redução foi de 17% da verba. "A gente tem escutado das pessoas que estão presas, dos agentes penitenciários e de pessoas da diretoria. Ninguém deixa claro os motivos desse corte. Mas as pessoas de dentro nos falam e dificilmente a diretoria vai admitir isso em público. É o momento da gente questionar as razões para a redução e por que a família precisa levar comida para seus familiares presos”, destacou. 

Todo domingo uma feira semanal

Familiares aguardam na fila para entrar no Cotel em dia de visita. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O domingo ainda está escuro e os ponteiros do relógio se aproximam das cinco da manhã. Mulheres descem dos ônibus e das kombis e se juntam a outras que já estavam no local. A fila em frente ao Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, começa a ganhar forma. São milhares de esposas, irmãs e mães se espremendo para manter a sequência da ordem de chegada. 

Com elas, grandes sacolas e mochilas visivelmente pesadas. Nas bolsas de plásticos estão os alimentos trazidos para seus parentes passarem a semana. Carne de charque, feijão, fubá, arroz e bolacha são os principais itens que em algumas horas serão entregues aos detentos. A regra do Cotel é de até oito quilos de mercadoria por detento. Mais do que isso não passa pela vistoria e o visitante é obrigado a deixar do lado de fora ou desistir de entrar na prisão.

A prática de levar comida, lanches e refeições prontas aos presídios de Pernambuco se tornou comum nos dias de visita. O filho de Mariana*, nome fictício, está preso há um ano por homicídio. Ela precisa desembolsar ao menos R$ 400 por mês para comprar os mantimentos e levar todo domingo ao Cotel. “A comida nunca foi boa, a realidade é essa. Mas parece que tem piorado e muito. É crua e ninguém gosta de comer, nem mesmo os presos”, relatou a entrevistada, ao se referir a “boia”, termo utilizado pelos presos para a refeição. Mariana também faz cocada e leva para seu marido revender entre os presos. 

A regra do Cotel é de até oito quilos de mercadoria por detento. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Carolina* também aguarda para entrar no Cotel, onde seu marido está há três meses. Ela alega que as mulheres precisam levar a feira semanal porque mesmo sendo obrigação da diretoria fornecer alimentação aos presos, a realidade é dura e bem distante disso. “Acho que eles são seres humanos e já estão pagando pelo que fizeram. O diretor daqui trata esses homens pior do que bicho quando dão para eles lavagem para comer. E muitas vezes o pão de café da manhã é servido pela metade com um copo de café. Eles passam fome e isso não vai ressocializar ninguém, pelo contrário”, lamentou. 

O LeiaJá também conversou com familiares dos presos que estão no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), na Ilha de Itamaracá, Litoral Norte de Pernambuco. A situação é semelhante ao que encontramos no Cotel. Maus tratos e comida em poucas quantidades. A situação por lá é ainda pior porque os presos sofrem com problemas psicológicos e muitas vezes têm sua fala desacreditada pela direção da unidade prisional. 

Dois lados da mesma moeda

Nas visitas semanais, a Pastoral também constatou que são dois tipos de comida servida nas prisões. Um para os presos e outro para os trabalhadores, os policiais, agentes e a diretoria. Ele alega que o acompanhamento é feito pelos mesmos nutricionistas e o preparo é feito com os mesmo produtos. 

“O que muda é a equipe de trabalho dos ranchos, as cozinhas. Eles dizem que a diferença é evidente porque são menos pessoas para comer e o tempo é diferente. Mas a cozinha de lá é industrial, com panelas enormes. Não há justificativa para essa disparidade entre os dois pratos servidos”, reclama Lenilson Freitas.

 Ele detalha ainda que no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, prisão destinada aos policiais, não há reclamação da comida. “Eles têm celas organizadas, comida boa de qualidade. A gente sabe que é diferente, mas também são presos custodiados pelo Estado. A lei é para todos e não entendo os motivos dos presos comuns passarem por essa situação. Atualmente são 86 PMs presos e a capacidade é para 120.

Ao lado esquerdo uma fotografia da cozinha do Barreto Campelo. As duas imagens do lado direito são de celas do Cotel. Fotos: TCE/PE

Em 2017, o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco divulgou um documento de avaliação do sistema prisional da região. A documentação indica os problemas encontrados nos presídios visitados. A alimentação, no entanto, não é citada como fator problemático. 

"A auditoria constatou problemas, tais como: a) não implementação da separação de presos nas unidades prisionais; b) superlotação das unidades prisionais; c) precariedade/inadequação da infraestrutura das unidades prisionais visitadas; d) quantidade insuficiente de agentes penitenciários; e) deficiência na assistência jurídica prestada nas unidades prisionais; f) guaritas desativadas por falta de policiais militares; g) baixo alcance de atividades laborterápicas nas unidades prisionais; h) baixo alcance de cursos profissionalizantes nas unidades; e i) baixo alcance da oferta de emprego e de cursos profissionalizantes para o público-alvo do Patronato", trecho retirado do documento do TCE.

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"Não há como ressocializar uma pessoa se ela não tem o básico, que é uma comida manipulada adequadamente", aponta Wilma Melo

Em relação à legislação federal, a Lei de Execução Penal – LEP (Lei Federaln° 7.210/84) estabelece em seu artigo 3º que “ao condenado e ao internado serãoassegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. Outros dispositivos a serem ressaltados são os artigos 10 a 27 que relacionam o dever do Estado de prestar ao preso às assistências material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa.

No artigo 28 da referida lei é abordado o trabalho do condenado como “dever sociale condição da dignidade humana” e tendo dupla finalidade, educativa e produtiva. Mais adiante, nos artigos 40 e 41 são elencados os deveres do reeducando e, no artigo 41, os seus direitos, como alimentação suficiente e vestuário; atribuição de trabalho e sua remuneração; exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena.

De acordo com Wilma Melo, o investimento no sistema prisional é pouco e a política de encarceramento é ferrenha. “Mesmo que sejam contratados nutricionistas, a gente percebe que os cardápios não são equilibrados. Muitas vezes é servido cuscuz com salsicha, pão com salsicha, feijão com salsicha. Será que isso é uma comida adequada? Será que não está faltando uma qualificação para estes detentos ou um acompanhamentos mais de perto para entender a qualidade do que é servido?”, questiona a pesquisadora. 

Para ela, as denúncias são poucas porque se comprometer com o sistema é difícil, tanto para os presidiários, quanto para a família. O medo de represália é constante. “Além de escutar dos presos, eu mesma já presenciei comida estragada sendo servida. Certa vez foi um feijoada podre. É uma série de problemas dentro do sistema penitenciários que envolve também alimentação. Não há como ressocializar uma pessoa se ela não tem o básico, que é uma comida manipulada adequadamente”, complementa. 

O desvio dos alimentos e os donos das cantinas privadas

A alimentação está entre as reclamações mais constante e uma das principais causas de rebeliões dentro de um sistema penitenciário de Pernambuco. Wilma considera tanto a má qualidade do que é servido, quanto a falta de comida uma violação dos direitos mais básicos, garantido na Constituição do Brasil. 

Art. 6° - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Constituição Federal, 1988, p. 20)

Mas, nas cadeias, o fornecimento de alimentos é tratado não como um direito humano, mas como um favor. É o que pensa Maurílio*, preso há dez anos. Ele conhece bem a realidade das prisões pernambucanas. Tinha uma vida estável até cometer o primeiro crime. Dentro da prisão, cometeu outros. Passou por diversos presídios e a constatação é simples. Para ele, é um sistema falido e uma fábrica do crime. 



Maurílio destaca que muitos presos não denunciam a situação e os maus tratos do cárcere porque se beneficiam dele. Ele cita as cantinas dentro da grande parte das unidades prisionais de Pernambuco. 

De acordo com Wilma Melo, a Lei de Execução Penal prevê a existência de uma cantina para materiais alimentícios não fornecidos pelo estado. Mas, a comida básica, a gestão tem obrigação de fornecer e por isso não faz sentido essa alimentação ser vendida dentro das prisões

As cantinas são muitas vezes assumidas por presos mais influentes, por agentes do sistema prisional e até por membros diretoria, que manipulam os preços por uma tabela que não obedece a qualquer lógica de mercado. 

Maurílio denuncia que há o desvio dos alimentos que chegam aos presídios para as cantinas, que são 'privadas'. "Se você for em todas as unidades prisionais, vai encontrar dentro do rancho, onde são guardadas as comidas, os materiais. Se for ao lado na cantina, será o mesmo do que é servido no refeitório. São os mesmo produtos desviados de formam irregular para serem vendidos com um preparo muito melhor", afirma. 

Ele contou ainda que no Cotel, por exemplo, os donos da cantina são os presos e rendem cerca de R$ 15 mil semanal. "Eles vendem almoço, café e janta. Esse dinheiro é repartido também com pessoas da diretoria. É por isso que há o interesse na má qualidade do que é servido no refeitório porque para eles é interessante que a gente que tá preso, compre, é rentável", dispara. Maurílio contou que um almoço na cantina custa em torno de R$ 15.

"Além desse desvio para a cantina particular, os próprios agentes penitenciários roubam os alimentos que chegam da Ceasa e revendem. A prática é muito conhecida dentro das prisões. Mas ninguém fala porque muitos têm medo e outros fazem disso um comércio", apontou. 

Lenilson Freitas declara que a injustiça é sentida na pele. Ele aponta que deveriam fiscalizar o sistema prisional o promotor de Justiça, o juiz da execução penal, o MPPE, a Defensoria Pública, o patronato e outros órgãos. Mas para ele, nada funciona. “ Eles deveriam fiscalizar, mas quando vão visitar os presos, comem no restaurante dos funcionários e por isso não sabem a realidade dessa comunidade.”

Ele não concorda com o dito “bandido bom é bandido morto”. “As pessoas acham que os presos têm que morrer de fome, mas essa é a mentalidade de uma sociedade injusta e vingativa. O estado precisa cuidar dessas pessoas, eles são humanos. Quem mantém os presos lá somos nós e nossos impostos. Temos que exigir da gestão o cumprimento do papel social dele. Se a comida chega ao presídios, tem que ter qualidade. Cadê a Comissão de Direitos Humanos, não questionam isso na Alepe?”, critica. 

Para Wilma Melo, é preciso mais efetividade para solucionar essas questões. “O Estado encarcera, coloca esses corpos presos e não oferece estrutura alguma. Quem sofre as consequências disso é a sociedade. Porque os valores humanos dão lugar aos da resistência ao aprendizado por parte dos presos, e nesse sentido, isso gera violência”, alertou.

A especialista em políticas pública aponta ainda que não se deve olhar a prisão só como um local para punir os corpos. “É algo jurídico, ele vai cumprir uma pena, há uma legislação para ser seguida. Isso não quer dizer que essa pena ultrapasse o limite e passe a provocar o sofrimento intenso ou maus tratos. 

A lógica é simples, na visão dela. Quanto mais penalizar sem o tratamento de ressocialização, mais a violência aumenta. “Essa ideia de punitivismo e encarceramento em massa não é só local, é algo maior, é nacional. O Brasil precisa mudar isso urgente”, analisou.

O que diz o poder público

Pedro Eurico, secretario de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco ao lado de Nickson Monteiro, diretor do Presídio de Itaquitinga. Foto: Chixo Peixoto/LeiaJáImagens

A reportagem procurou o Ministério Público de Pernambuco para questionar se o órgão tem conhecimento da situação carcerária em Pernambuco, no que tange à alimentação. Por meio de nota, o órgão informou que tramita na 8ª Promotoria de Justiça de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos um inquérito civil, o qual versa sobre a qualidade dos alimentos fornecidos às reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife (Bom Pastor).

O MPPE também explicou que há um Procedimento Administrativo instaurado "com o objetivo de acompanhar e fiscalizar, de forma continuada a política prisional no Complexo Penitenciário do Curado, em específico, as medidas implementadas pela Secretaria de Ressocialização para proteger a vida, a dignidade e a integridade pessoal das pessoas presas", diz um trecho da nota. 

Ainda de acordo com o órgão estadual, todas as instituições que fazem parte do Pacto Pela Vida, inclusive o MPPE, acompanharam diretamente a questão da alimentação no Presídio de Itaquitinga. "A unidade, hoje, serve como modelo a ser adotado pelas demais, que deverão se adequar ao padrão adotado naquele município", em outro trecho da resposta. 

A Secretaria Executiva de Ressocialização explicou que o fornecimento de alimentação no Sistema Prisional é feito através de um Contrato de Gestão com a Ceasa, desde 2015, por meio da implantação do Programa de Alimentação Prisional do Estado de Pernambuco.

"O recebimento dos gêneros nas unidades é realizado por 17 nutricionistas e 23 estoquistas do Centro de Abastecimento e acompanhado por um funcionário da Seres, que faz a verificação quantitativa e qualitativa. Diariamente são servidas três refeições: café da manhã, almoço e jantar. Entre os itens estão: cuscuz com leite de coco, mungunzá, inhame, macaxeira, batata-doce, pão, frango, carne bovina, carne moída, feijoada e sopas. Com relação às denúncias sobre a alimentação nos presídios, não recebemos nada oficialmente, não há registros na Ouvidoria da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e nem da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres)", diz a nota oficial enviada pelo órgão. 

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) escreveu uma carta para o grupo de sete militantes que fez greve de fome, em Brasília, por 26 dias na intenção de pressionar os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para que o petista seja solto e possa concorrer ao cargo de presidente nas eleições deste ano. No texto, Lula se solidariza com os militantes e diz que juntos eles vão “derrotar os candidatos das elites”. 

“Não tenho palavras para agradecer o gesto e a atitude de vocês em defesa da democracia, da liberdade, da expressão em defesa dos direitos do povo trabalhador do campo e da cidade, e também pelo direito de eu ser candidato à Presidência da República”, declarou o líder petista na carta.

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Ao escrever para os grevistas, Lula também reforçou que era candidato “de uma causa”. “Não sou candidato de mim mesmo, sou candidato de uma causa, sou candidato porque o povo quer, sou candidato para garantir a Soberania Nacional, para terminar de fazer a Reforma Agrária e dar aos pequenos agricultores da Agricultura Familiar os direitos e o respeito que eles merecem”, salientou.

Por fim, o ex-presidente diz que foi por conta desses motivos e da greve de fome dos militantes que “pela primeira vez, o povo brasileiro fosse no Tribunal Superior Eleitoral inscrever um candidato”. “Minha total solidariedade, cuidem-se porque o Brasil precisa do gesto e do voto de vocês. A luta continua, venceremos”, conclui o texto.

Fazem parte do grupo que encerrou a greve de fome neste sábado (25), os militantes Zonália Santos, Jaime Amorim e Vilmar Pacífico (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST), Rafaela Alves e Frei Sérgio Görgen (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA) e Luiz Gonzaga (da Central dos Movimentos Populares – CMP) e Leonardo Armando (do Levante Popular da Juventude). Segundo informações do PT, eles estavam sem ingerir nenhum alimento, apenas a base de água e soro, mas hoje voltaram a se alimentar. 

O cineasta ucraniano Oleg Sentsov completa nesta terça-feira 100 dias em greve de fome em uma prisão do norte da Rússia sem que o Kremlin tenha dado sinais de querer libertá-lo, e apesar da deterioração de seu estado de saúde e da pressão dos países ocidentais neste sentido.

O diretor de 42 anos, opositor da anexação da Crimeia, deixou de se alimentar em 14 de maio e recebe apenas complementos alimentares injetados por ordem da administração da penitenciária russa.

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Apesar dos diferentes pedidos feitos por escritores, atores, cineastas e dirigentes em defesa do cineasta, o Kremlin mantém silêncio sobre o tema, recorda a gravidade dos crimes de "terrorismo" pelos quais foi condenado e defende que, para a sua libertação, pode pedir um indulto.

Os serviços penitenciários russos disseram na semana passada que o estado de saúde do cineasta ucraniano era "satisfatório".

Contrário à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, Sentsov foi condenado a uma pena de 20 anos de prisão em 2015 por "terrorismo" e "tráfico de armas".

O cineasta ucraniano Oleg Sentsov, em greve de fome há quase 100 dias, "perde a esperança" e "já não acredita mais" em sua libertação da prisão russa, explicou sua prima à AFP na quinta-feira.

Apesar dos diferentes pedidos feitos por escritores, atores, cineastas e dirigentes em defesa deste opositor à anexação da Crimeia, o Kremlin mantém silêncio sobre o tema, recorda a gravidade dos crimes de "terrorismo" pelos quais foi condenado e defende que, para a sua libertação, pode pedir um indulto.

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"Oleg está perdendo a esperança", lamentou sua prima Natalia Kaplan, que explicou na semana passada que recebeu uma carta do cineasta na qual confessava que estava se aproximando de seu fim.

"Em sua carta, escreveu que não deveríamos dizê-lo que o momento de sua libertação estava se aproximando. Não acredita mais nela", assegurou Kaplan durante uma entrevista realizada na quinta-feira.

De acordo com a prima, o estado de saúde de Sentsov "claramente piorou" desde que começou a greve de fome, em 14 de maio, a fim de exigir a libertação de todos os "prisioneiros políticos" ucranianos na Rússia.

Na próxima terça-feira, 21 de agosto, completarão 100 dias que o cineasta parou de comer.

"Está com um ritmo cardíaco muito fraco, apenas 40 batimentos por minuto. Se queixa de dor no peito", explicou Kaplan, que lembrou que para economizar forças ele tenta não se levantar da cama.

Segundo a militante russa defensora dos direitos humanos Zoia Svetova, que viu o cineasta ucraniano na terça-feira no centro penitenciário russo Grande Norte, Sentsov perdeu 17 quilos e se encontra em "estado pré-crítico", mas "não tem a intenção de parar".

Os serviços penitenciários russos disseram na semana passada que o estado de saúde do cineasta ucraniano de 42 anos era "satisfatório".

Contrário à anexação da Crimeia pela Rússia em 2014, Sentsov foi condenado a uma pena de 20 anos de prisão em 2015 por "terrorismo" e "tráfico de armas".

Os embaixadores do G7, além de muitas personalidades do mundo da cultura, como o cineasta franco-suíço Jean-Luc Godard e o ator americano Johnny Depp, pediram a sua libertação.

Durante uma conversa por telefone, o presidente francês, Emmanuel Macron, fez na sexta-feira passada "várias propostas" ao seu homólogo russo, Vladimir Putin, para "encontrar de maneira urgente uma solução humanitária".

Kaplan assegurou que espera que os governos ocidentais aumentem sua pressão sobre Moscou e "encontrem mecanismos para libertar Oleg e outros presos políticos".

A greve de fome de um grupo de militantes em defesa da liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega ao sétimo dia, nesta segunda-feira (6). A mobilização é para tentar pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para que julgue, de forma favorável ao líder-mor petista, o recurso que a defesa dele impetrou contra o cumprimento da pena de 12 anos e um mês de prisão pela qual foi condenado na Lava Jato. 

O julgamento do recurso está previsto para acontecer na próxima quinta-feira (9). Lula foi confirmado como candidato do PT à Presidência da República no último sábado (4), durante a convenção nacional da legenda. 

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Fazem parte do grupo que faz greve de fome, os militantes Zonália Santos, Jaime Amorim e Vilmar Pacífico (do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST), Rafaela Alves e Frei Sérgio Görgen (do Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA) e Luiz Gonzaga, o Gegê (da Central dos Movimentos Populares – CMP). Segundo informações do PT, eles estão sem ingerir nenhum alimento, apenas a base de água e soro. Nesta segunda-feira mais um militante se soma à greve: Leonardo Armando, do Levante Popular da Juventude.

Os militantes têm passado os dias em frente ao STF, em Brasília, e à noite dormem no Centro Cultural de Brasília (CCB). 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estaria discutindo a possibilidade de fazer greve de fome caso seja preso. A informação é da colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. Segundo ela, Lula abordou a estratégia com um “grupo restrito” de amigos. 

Também já há a previsão de que o líder-mor petista terá um porta-voz oficial. Ou seja, alguém que possa visitar o petista e expor as opiniões dele diante do cenário político e das eleições presidenciais. 

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O ex-presidente foi condenado a cumprir a pena de 12 anos e um mês, em regime fechado, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, no litoral paulista. Para evitar que a sentença não seja executada agora, a defesa de Lula impetrou um pedido de habeas corpus preventivo no Supremo Tribunal Federal (STF) que será julgado nesta quarta-feira (4). 

Caso o habeas corpus seja negado, o juiz Sérgio Moro pode determinar o cumprimento da pena já a partir do dia 10 de abril, já que os recursos da defesa já foram negados pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4). 

Desde o dia 5 deste mês, os professores de Palmas, no Tocantins, estão em greve e, desde o dia 13, ocupam a Câmara Municipal em busca de soluções junto ao legislativo e à Prefeitura. Dentro desse panorama de protesto, sete professores estavam em greve de fome desde a última quarta-feira (20), quando realizaram sua última refeição.

Os professores estão reivindicando a realização de uma eleição para a função de direção de escola. Eles também cobram pagamento de reajuste salarial e dos direitos garantidos em lei e que estariam atrasados desde 2013.

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No último sábado (23), dois professores grevistas passaram mal, precisaram ser socorridos pelo SAMU e foram levados para a UPA. Os outros cinco ainda permanecem sem comer. Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, a assessoria de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Tocantins (SINTET) afirmou que, nesta segunda-feira (25), o prefeito da cidade, Carlos Amastha (PSB), foi convidado para uma audiência pública às 14h, na sede do Ministério Público Estadual, para discutir a situação dos professores.

Carlos Amastha já havia declarado que os pontos dos professores grevistas seriam cortados na folha de pagamento. Caso o gestor municipal faça os cortes, a assessoria do SINTET afirmou que os profissionais da educação vão permanecer em greve. "Os professores vão permanecer em greve até onde o corpo deles aguentar. Dois já precisaram deixar a greve por questão de saúde, os outros vão ficar até onde o limite deles deixarem. Não podemos dizer até quando, porque cada corpo tem seu próprio limite", informou a assessoria de imprensa.

A Secretaria de Educação de Palmas, por meio do seu site oficial, informou que 80% dos profissionais de educação estão atuando nas escolas municipais. "Para garantir que ausências de parte dos servidores da Educação, que estão em greve ilegal segundo a Justiça, não atrapalhe o andamento do calendário escolar foram realizados remanejamentos de profissionais da pasta cedidos a outros órgãos municipais de modo que haja manutenção das atividades escolares, de acordo com as qualificações de cada servidor requisitado. Isso tem garantido um percentual de 80% dos servidores da Educação dentro das escolas municipais de Palmas, segundo informou o secretário municipal de Educação, Danilo Melo", consta no site da Prefeitura.

“Esperamos que os pais levem seus filhos para escolas. Se alguma escola não estiver atendendo a contento, temos a Ouvidoria para nos relatar. Vamos estar sempre buscando atender da melhor forma. O sistema de ensino de Palmas é bem estruturado e tem muita qualidade. Esperamos continuar servindo a todos”, informou o secretário, conforme informações do site da Prefeitura de Palmas.

Desde o dia 5 de setembro, profissionais da educação de Palmas estão em greve e, desde o dia 13, ocupam a Câmara Municipal em busca de soluções junto ao legislativo e a Prefeitura. Em protesto, sete professores da rede municipal fizeram a última refeição na última quarta, dia 20, às 17h30. 

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Tocantins (SINTET), o prefeito da cidade, Carlos Amastha (PSB), se recusa a dialogar com os professores e afirmou que os pontos serão cortados na folha de pagamento.

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“Tomamos essa decisão de entrar em greve de fome porque não acreditamos mais no diálogo. Já tentamos diálogo por meio da Câmara de vereadores, Assembleia Legislativa e até mesmo diretamente no gabinete do Secretário Municipal de Educação, porém, não houve evolução”, explicou um dos grevistas.

De acordo com o Jornal de Tocantins, dois professores foram socorridos pelo SAMU devido à complicações de saúde causados pela greve de fome.

Os professores reivindicam a realização de eleição para a função de direção de escola, pagamento de reajuste salarial e pagamento de direitos garantidos em lei e que estariam atrasados desde 2013. Está marcada uma audiência pública para debater a greve dos trabalhadores na segunda-feira (25) às 14h, no auditório do Ministério Público Estadual.

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O estado de saúde do líder palestino, Marwan Barghuthi, se deteriorou perigosamente, anunciou nesta segunda-feira (24) à AFP uma ONG palestina, no oitavo dia de uma greve de fome que também é seguida por mais de mil detidos palestinos.

Desde o início da greve, em 17 de abril, os responsáveis e observadores palestinos advertem que pode ocorrer uma "explosão" em caso de deterioração do estado de um dos líderes do movimento, assim como o risco de uma nova Intifada (revolta contra a ocupação israelense).

Marwan Barghuthi, de 57 anos, figura da segunda Intifada e condenado por Israel a várias prisões perpétuas, "recusa qualquer tratamento", indicou Amani Sarahneh, porta-voz do Clube dos presos, uma ONG que se encarrega nos Territórios ocupados do tema dos 6.500 palestinos atualmente detidos por Israel.

Por sua vez, um porta-voz da administração penitenciária israelense afirmou "que não foi constatada nenhuma degradação de seu estado de saúde" até agora. "Se Barghuthi se sente mal, só tem que se alimentar", disse à AFP.

Os presos palestinos, organizados por Barghuthi, iniciaram uma greve de fome para protestar pelas condições de detenção e pedir um melhor atendimento de saúde e acesso às comunicações telefônicas.

Barghuthi é o grande rival do presidente Mahmud Abbas dentro do partido Al Fatah e frequentemente é líder nas pesquisas sobre uma hipotética eleição presidencial palestina.

O líder palestino cumpre cinco penas de prisão perpétua por sangrentos atentados cometidos durante a segunda Intifada (2000-2005).

Há 15 dias, o carpinteiro José Gomes Soares, de 26 anos, está em greve de fome, sem tomar banho, acorrentado ao corrimão do prédio da Justiça Federal na Avenida Paulista, região central da capital paulista. O sacrifício, diz ele, só terá fim quando o filho Samuel, de 1 ano e 4 meses, for finalmente submetido a um transplante multivisceral.

O menino nasceu com a síndrome de Berdon, doença rara que causa más-formações no trato digestivo. O problema exige um transplante de múltiplos órgãos, como estômago, intestino e fígado. Enquanto isso, o bebê consegue se alimentar apenas por meio de nutrição parenteral, infusão que leva os nutrientes diretamente ao sistema circulatório. "Ele nunca comeu pela boca desde que nasceu. E dá muita infecção por causa dessas sondas. A gente tem medo de perdê-lo antes de conseguir o transplante", diz Soares.

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Ainda em 2016, a família entrou na Justiça contra o Sistema Único de Saúde (SUS) para que o bebê tivesse auxílio no tratamento. Uma das possibilidades era a transferência do paciente para os Estados Unidos, onde diversos transplantes do tipo já foram realizados. A cirurgia custaria cerca de U$ 1 milhão. O Ministério da Saúde e a família entraram em um acordo para que o menino fosse transferido do Hospital São Paulo, onde nasceu, para um centro de Porto Alegre especializado em nutrição parenteral prolongada.

O pai reclama que a internação no hospital gaúcho já dura nove meses e não há estimativa de quando o transplante será realizado. "O Brasil não tem a cultura de doar órgãos. E também ficamos com receio porque esse tipo de transplante nunca foi feito no Brasil", diz.

Soares diz que um juiz federal chegou a acompanhá-lo até o Hospital Sírio-Libanês, que conta com equipe capacitada para a realização do procedimento. "A gente aceita fazer no Brasil, mas queremos uma data, queremos que isso saia do papel. Se não tiver doador aqui, a gente queria tentar nos Estados Unidos porque outras crianças já foram", afirma ele, referindo-se à Sofia, de 1 ano, e Matheus, de 7 anos, ambos transferidos para um hospital americano após decisão judicial que obrigou o SUS a arcar com o procedimento.

A menina fez o transplante multivisceral em maio de 2015 no Jackson Memorial Hospital, em Miami, mas morreu cinco meses depois, por infecção. Já Matheus passou por transplante intestinal em setembro de 2016, no mesmo hospital, três meses após entrar na fila de espera do órgão nos EUA.

O pai de Samuel afirma que a decisão de entrar em greve de fome e se acorrentar ocorreu após vários quadros de infecção no menino. "Por mais que ele esteja fazendo um bom tratamento, as infecções acontecem e ele vai 'perdendo' (lesionando) veias. Se continuar assim, ele nem vai conseguir passar pelo transplante", diz. A mulher de Soares ficou em Porto Alegre acompanhando o filho. O casal abandonou o trabalho para cuidar do bebê e conta com a ajuda de amigos e familiares para pagar as contas. Também faz uma campanha no Facebook por meio da página Ajude o guerreiro Samuel para arrecadar doações.

Espera

Questionado sobre o caso, o Ministério da Saúde informou que o menino está inscrito na lista de espera de transplantes multiviscerais "em situação de prioridade nacional", ou seja, o primeiro doador compatível a ser identificado será destinado para Samuel. A pasta diz que ele foi transferido para centro especializado em Porto Alegre com "elevada experiência" em reabilitação intestinal para preparo de um eventual transplante, o que inclui, por exemplo, ganho de peso.

O órgão diz ainda que "o transplante é o último estágio de tratamento" e só pode ser considerado quando todas as terapias possíveis falharem, "por se tratar de um procedimento de altíssima complexidade e pelos riscos que traz ao paciente". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em Palmital, 14 médicos especialistas rescindiram os contratos com a Santa Casa, depois de ficarem sete meses sem receber salários. A Justiça havia dado liminar obrigando os médicos a manter o atendimento, mas recuou depois que a médica anestesista Elisângela Siviero, que trabalhava havia 11 anos no local, iniciou uma greve de fome. "Foi a forma que encontrei para manifestar minha indignação e desespero, pois não temos condições físicas, emocionais e psíquicas para continuar atendendo de graça, sem contrapartida de quem nos contratou."

Em Itapeva, as Unidades Básicas de Saúde (UBS) passaram a fechar das 12 às 13 horas, causando reclamações dos moradores. A prefeitura considera que a medida dá economia de R$ 58 mil por mês e fora desse horário o atendimento está normal.

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Em Sumaré, cerca de 150 médicos que atendem na rede municipal de saúde estão com salários atrasados e reduziram o atendimento. A organização social responsável pela contratação dos profissionais alega não receber em dia os repasses da prefeitura. O município destacou que uma liminar da Justiça determina a manutenção do atendimento. Na quarta, a prefeitura informou que vai pagar à empresa de saúde R$ 2,7 milhões até o fim do ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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