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Em março de 2020, a equipe que realiza a Paixão de Cristo de José Pimentel, estava em plena produção para mais um ano de espetáculo quando a pandemia do novo coronavírus se instaurou no Brasil. Assim como outros eventos de grande porte, a montagem daquele ano precisou ser cancelada, deixando não só os profissionais envolvidos sem trabalho como milhares de espectadores órfãos de uma tradição que mistura entretenimento e fé. 

O ator Hemerson Moura é um dos integrantes dessa equipe. Escolhido pelo próprio José Pimentel para viver o papel principal do espetáculo, Jesus, em uma seleção que ocorreu no ano de 2017, ele também foi pego de surpresa quando as proibições acerca da pandemia alteraram os planos para aquela temporada, que seria a segunda a ser realizada na cidade de Olinda.

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A dor de não subir ao palco durante a Semana Santa, no entanto, ainda é presente. Com o agravamento da situação sanitária no país, o espetáculo continua impedido de acontecer e, pelo segundo ano consecutivo, as tradições do período não poderão ser cumpridas. “De um ano pra cá, a gente vem se acostumando com a forma de lidar com essa nova realidade, mas aí vai se aproximando a data e a gente começa a revisitar momentos da época e isso de fato machuca muito”, diz Hemerson em entrevista exclusiva ao LeiaJá.

Envolvido com espetáculos da Paixão de Cristo desde a adolescência, o ator já havia interpretado Jesus por mais de uma década na montagem feita por um grupo teatral de Jaboatão. Em 2017, ele foi escolhido para substituir José Pimentel na então Paixão de Cristo do Recife, em uma seleção conduzida pelo próprio ator e diretor que, após 40 anos dando vida ao personagem principal da montagem, decidiu sair de cena. “Eu não ia participar da seleção, mas a  partir da insistência dos amigos acabei indo e aconteceu dele próprio me escolher - um personagem que ele tinha muito ciúme -, então, ter sido selecionado por ele foi um dos momentos mais importantes pra mim como artista”. José Pimentel faleceu no ano seguinte, após deixar o papel pelo qual ficou eternizado aos cuidados de Moura.

Hemerson Moura estreou como 'Jesus', na então 'Paixão de Cristo do Recife' dirigido por José Pimentel, em 2018. Foto: Paula Brasileiro/LeiaJáImagens/Arquivo

Longe dos palcos, foi a ligação profunda com a história de Jesus e a paixão pelo espetáculo que faz parte de sua vida há tantos anos, que incomodou Hemerson e o levou a criar o projeto Preceitos, uma trilogia de vídeos com a proposta de levar uma mensagem de amor, esperança e fé ao público, que espera por esse momento do ano para exercitar suas crenças. “Chegar num momento desse e não poder ensaiar, encontrar as pessoas, não poder ter esse momento de comunhão com o divino - que pra mim não era só arte mas um momento meu de estar próximo ao Senhor. Como artista, como cristão também, eu senti essa necessidade”.

Preceitos traz uma série de três vídeos, que serão exibidos nas redes sociais (Instagram e Facebook) do próprio ator a partir desta sexta (2). Com textos assinados por ele, Mariângela Borba e Milena Wanderley, o projeto tem como objetivos homenagear os artistas que fazem parte da Paixão e levar conforto ao público, órfão do espetáculo já há dois anos. “O texto além de citar algumas passagens bíblicas, ele faz uma ligação com o que estamos vivendo hoje. Fala da importância do amor nos dias de hoje, da importância do sacrifício e da esperança que precisamos ter em dias tão difíceis”. 

Para viabilizar o projeto, Hemerson não teve nenhum tipo de patrocínio oficial, a não ser a ajuda dos amigos e da equipe que o acompanha. Após um ano sem trabalhar por conta da pandemia, essa é a primeira experiência audiovisual do ator que também viveu na pele as complicações de enfrentar a Covid-19, após contágio pelo coronavírus. 

Hemerson Moura no papel de Jesus, em 2018, na praça do Marco Zero (Recife-PE). Foto: Paula Brasileiro/LeiaJáImagens/Arquivo

Com Preceitos, o pernambucano espera poder compartilhar com o público, ainda que à distância, a mesma emoção vivenciada em outras Semanas Santas no palco. “Foi (um projeto) feito com muito amor. Eu tenho uma paixão muito grande pela história de Jesus,eu não consigo explicar. Não sei se aqui ou em um outro momento eu venha compreender o que significa essa ligação, mas se por algum momento enquanto eu estive em cena eu consegui fazer alguém na plateia, mesmo que tenha sido apenas uma pessoa, fazer com que ela refletisse algo e que aquilo pudesse lhe transformar positivamente, então eu já me sinto satisfeito por tudo”. 

Serviço

Preceitos 

Sexta (2), sábado (3) e domingo (4) - sempre às 18h

Instagram e Facebook

Este Sábado de Aleluia (31) foi de muita chuva ao longo do dia na capital pernambucana, apesar disso, o público não temeu o mal tempo e foi à Praça do Marco Zero, no Bairro do Recife, para assistir à segunda noite de apresentações da Paixão de Cristo do Recife. Além de ser um evento tradicional da época de Páscoa na cidade, o momento de dificuldade enfrentado pelo espetáculo - que chegou a ser anunciado como cancelado - e um novo Cristo em cena - interpretado pelo ator Hemerson Moura, em substituição a José Pimentel, que deu vida ao personagem por quatro décadas -  estimularam os recifenses a comparecerem para conferir o trabalho de resistência dos atores e as novidades da montagem nesta edição.

O espetáculo conta os últimos momentos de Jesus antes da ressurreição e é tradição sua montagem em inúmeras cidades do País e do mundo, que compartilham da cultura cristã. No Recife, o espetáculo vem se repetindo há 22 anos, sob a batuta do diretor e ator José Pimentel. Em seus primeiros anos, quando ainda era chamada A Paixão de Todos, a montagem era apresentada no Estádio do Arruda e, em seguida, teve o Forte do Brum como palco. No Marco Zero, a Paixão conta com um palco principal de 20 metros de largura por 16 de profundidade, interligado a dois outros palcos, onde 100 atores e 300 figurantes encenam uma das mais famosas histórias do ocidente.

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O público chegou cedo para garantir um lugar perto do palco. Maria da Silva, de 60 anos, mora nas proximidades do Forte do Brum e veio ver, novamente, a presentação. Ela fez questão de prestigiar a estreia, na última sexta (30): “Já faz parte da nossa Páscoa, todo ano eu vou vir agora”. Ela aprovou o ‘novo Jesus’, o ator Hemerson Moura: “Ele é muito bonito, eu gostei”. A família De Sóstenes da Silva, 58 anos, e Alexsandra Gonzaga, 41, também chegou cedo, vindos da Iputinga. Eles reclamaram da pouca quantidade de cadeiras disponibilizada na praça: “Não tem as três mil cadeiras que foi anunciado no rádio”, disse Sóstenes. Apesar da surpresa, eles garantiram que ficariam para ver o espetáculo pela primeira vez. E afirmaram estar torcendo pelo ator estreante: “Espero que ele se dê bem”, disse Alexsandra.

A plateia ficou cheia, ainda que muitos em pé, e só deixou o Marco Zero após a cena final da peça. Telões colocados nas laterais do palco ajudaram aqueles que ficaram mais distante. No encerramento da noite, o diretor José Pimentel subiu ao palco para agradecer ao público e à equipe por mais um ano de Paixão de Cristo do Recife. Emocionado, ele prometeu rever a todos em 2019: “Tenho certeza que ano que vem, estaremos aqui de novo”, disse sob as palmas do público. Neste domingo (1º), uma última apresentação encerra esta temporada, às 20h.

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A noite desta quinta (29) foi de ensaio geral para a equipe da Paixão de Cristo do Recife. A 22ª edição do espetáculo será realizada sexta (30), sábado (31) e domingo (1º), mantendo a tradição da Semana Santa na capital pernambucana e, mais uma vez, reforçando o espírito de resistência de técnicos, figurantes e atores responsáveis pela montagem. Este ano, parte da equipe abriu mão do cachê para poder viabilizar o evento.

Não são novidade as dificuldades pelas quais passam toda a equipe do espetáculo para levá-lo para a praça pública. Mesmo assim, todos os envolvidos se dedicam, com bastante paixão, a cada ano, para que o espetáculo não deixe de acontecer. “A gente faz isso com muito carinho, se desloca da casa da gente pra vir aqui pro Marco Zero, na chuva, no sol, mas a gente não perde esse espetáculo. A gente fica realizado, é muito bom”, disse Antônio Carlos, figurante da Paixão há cinco anos.

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Estreando no papel principal da montagem, o ator Hemerson Moura afinava com a equipe os últimos detalhes para a temporada 2018. Entre uma cena e outra, ele parava para atender ao público: “É a força do personagem, Jesus é um personagem que contagia. Acho que isso é um reflexo da fé das pessoas.” Ele revelou que a vontade de participar do espetáculo era antiga e que o ‘ex-Jesus’, e diretor da montagem, José Pimentel, o ajudou muito na sua preparação: “Ele se demonstrou um artista extremamente generoso, só tenho a  agradecer. Foram muitas dicas, verdadeiras aulas tive com ele.”

Observando tudo de perto, José Pimentel falou sobre a conquista de montar a Paixão de Cristo pela 22ª vez: “Este é um ano cansativo, mas que quando terminar tudo isso, a gente vai estar muito feliz por ter conseguido vencer um conjunto de dificuldades”. Sobre o seu sucessor, Pimentel confessou ter ficado surpreso com o desempenho de Hemerson: “É um papel difícil, no primeiro ano ele ainda não vai fazer direito, vai precisar de alguns anos para se acostumar, mas me surpreendeu, é um bom ator e é um cara do bem, principalmente”. O diretor ainda entregou que estará no palco interpretando um personagem: “Vou fazer um papel, só não vou dizer qual para não estragar a surpresa”.

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Hemerson Moura, de 39 anos, ator há 16, foi escolhido como sucessor de José Pimentel no papel de Jesus na edição de 2018 da Paixão de Cristo do Recife. Após uma seletiva que durou cerca de quatro meses, ele desbancou outros 26 candidatos e ganhou o papel. Nesta terça (12), o ator falou sobre a conquista e o desafio.

Hemerson não quer ser visto como substituto, muito menos como um “novo Jesus”, mas sim como um ator que está dando continuidade ao trabalho iniciado por Pimentel. O papel, aliás, não será de todo novidade para ele. O ator interpretou Cristo durante 11 anos numa encenação de um grupo amador de Jaboatão dos Guararapes, onde mora. Mas, apesar da experiência, Hemerson ainda não sabe como será atuar para o grande público da Paixão de Cristo do Recife: “Tenho minhas técnicas pessoais, como artista, para me preparar. Meu desejo é trabalhar e estudar para que esse Cristo chegue à altura deste espetáculo”.  

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Sobre substituir José Pimentel, que deu vida ao personagem por quatro décadas, Hemerson é cuidadoso: “O que eu tenho dentro de mim é que eu não estou entrando para substituí-lo mas sim para ajudá-lo a contar esta história e continuá-la. Não gosto do título de ‘novo Cristo’. Gosto quando dizem que sou o ator que vai interpretar o espetáculo dirigido por ele (Pimentel)”.  O sucessor garante que tentará fazer o máximo para agradar o diretor, que para ele é um ícone, mas não só a ele como todo ao público: “Eu estou levando o meu coração para este personagem”. Sobre encarnar Cristo por 40 anos, como fez seu antecessor, ele é rápido na resposta: “Quero pensar e trabalhar esse personagem para 2018, se houver possibilidade para outros anos... Não sei como lidar com isso ainda”. 

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O ator José Pimentel apresentou, nesta terça (12), aquele que vai substituí-lo no papel que interpretou durante 40 anos, Cristo. Hemerson Moura, de 39 anos, será o Jesus na Paixão de Cristo do Recife, em 2018. Pimentel se diz tranquilo em deixar os palcos mas, além de não parecer feliz em fazê-lo, não demonstrou muito entusiasmo em relação ao seu sucessor, não pelo seu potencial mas pelo peso do papel que carregou por tanto tempo.

"É impossível avaliar se esse menino vai aguentar fazer. Não é brincadeira, não", diz Pimentel. Ele enumera os quesitos necessários para interpretar Cristo: "Tem que ter estrutura física, malhar, pegar peso, ter resistência grande. Tem que não reclamar muito da vida, não pode ficar com frescura". O ator também comentou sobre a carga emocional do personagem, relembrando como o público ia até ele, muitas vezes em lágrimas: "Ou você chora, também, ou atura. Mexe com você". Mas, apesar das aparentes dificuldades, a ideia é que o novo Jesus continue na função: "Como eu continuei", diz.

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O aparente desânimo talvez seja consequência da despedida de Pimentel ao papel interpretado por ele durante, praticamente, metade de sua vida. Aos 83 anos, ele, agora, estará atuando apenas atrás das cortinas e não faz esforço em esconder que sentirá saudades. Porém, ele assegura não ter precisado de nenhum preparo específico para deixar o personagem: "Eu tô tranquilo. Se a coisa pegar, talvez eu precise. Quem sabe eu termine em um psicanalista", brincou.

Novo espetáculo

Além de um novo Jesus, a Paixão de Cristo do Recife, no ano de 2018, terá muitas novidades. Na 22ª edição do evento, José Pimentel estará se dedicando apenas à direção do espetáculo, e promete coisas novas para o público: "Talvez eu mude tudo. Talvez eu enforque Jesus e crucifique Judas", disse aos risos.

Ele também aproveitou para falar das dificuldades em realizar a montagem: "A Paixão de Cristo do Recife está minguando, prestes se acabar por falta de dinheiro, falta de patrocínio". E, se emocionou ao falar sobre a fidelidade das pessoas que vão, ano após ano, assisti-la no Marco Zero. "O povo se sente quase ganhando um presente por a gente fazer esse espetáculo, porque o outro é caro, né? O da gente é de graça, você come um espetinho, toma um guaraná e tá pronto pra enfrentar o troço. Isso aí pra mim já basta".

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