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A capital paulista é palco, a partir deste sábado (12), de um dos eventos que festejam os 50 anos do movimento hip hop, com uma programação que inclui oficinas, mostra de vinis e shows. O Centro Cultural São Paulo (CCSP) irá hospedar, até o dia 30, artistas do Festival Sample - do Clássico ao Original, idealizado pelo DJ KL Jay e que agora retoma a modalidade presencial, após realizar uma edição online durante o auge da pandemia de covid-19.

O evento também celebra os 35 anos de carreira de KL Jay, integrante do grupo de rap Racionais MC's. A mágica da cultura hip hop acrescenta, em um mesmo caldeirão, as rimas do rap, concebidas pelo MC (mestre de cerimônias), o grafitti, a dança break e as criações e intervenções dos DJs. Por isso, nesse universo, a figura do produtor musical e DJ é fundamental, uma vez que é quem escolhe os chamados samples, amostras de músicas já existentes para tocar na forma de breakbeats, também chamados de beats.

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Para a cocuradora do festival, a jornalista Leandra Silva, o evento é uma "oportunidade de reverenciar pessoas que estão vivas", em um mundo que coloca alvos sobre os corpos negros. "Chegar agora ao CCSP é um momento profundo de reafirmação da vida, da vida de pessoas, homens pretos. É extraordinário ver toda essa trajetória. Eles [os artistas que participam do evento] poderiam facilmente ter sido mortos, como Notorius [The Notorius B.I.G.] foi, como Sabotage foi", pontua.

Origem

O movimento hip hop tem como marco zero uma festa de aniversário organizada pelo DJ Kool Herc para sua irmã, no bairro do Bronx, na cidade de Nova York, nos Estados Unidos. O Bronx dos anos 1970 e 1980 tinha uma população formada, majoritariamente, por negros e porto-riquenhos. A região vivia um contexto de pobreza, marginalização social, estigma e omissão do poder público.

Antes de sintonizar o hip hop e fundar o Racionais MC's, ao lado de Edi Rock, Mano Brown e Ice Blue, o DJ KL Jay, que tem como nome de batismo Kleber Simões, teve contato com o funk dos Estados Unidos, sobretudo na década de 1980. KL Jay iniciou sua carreira em 1987.

O funk estadunidense, como o hip hop, tem assinatura negra. KL Jay descobriu o funk, que tem expoentes como James Brown, e correu atrás de outros cantores e outras bandas, de décadas anteriores, como a de 1960 e 1970, quando o gênero musical influenciou vertentes como a música disco.

"Eu já estava ali. A cultura veio, já estava no barco e cruzei a fronteira. Me identifiquei com a dança, com o DJ, a cultura em si. Comecei a vir a São Bento, onde o pessoal que também se identificava se encontrava todos os sábados ", diz DJ KL Jay, que, antes da formação dos Racionais MC's, já tocava com Edi Rock em bailes.

O artista compara o surgimento do hip hop com uma luz de poste que deu um norte à população negra e comenta que, para ele, se trata mais de uma cultura do que de um movimento, apesar de reconhecer seu potencial emancipador e mobilizador. "Penso que hip hop é uma cultura, cultura que liberta. Movimento eu penso que é outra coisa. Penso que o hip hop, com a trilha sonora do rap, mudou a realidade de muita gente, influenciou muita gente. As pessoas se identificam mais com a música, é uma coisa natural. A maioria se identifica mais com a música do que os outros elementos da cultura, mesmo que eles não sejam menos importantes. Mas a gente é mais pego pela música, naturalmente. A música rap, que faz parte da cultura hip hop, ajudou a influenciar muita gente", afirma.

O mundo outrora secreto dos beats

Uma exposição de discos importantes para a cultura hip hop faz parte da programação do festival. O público terá a chance de conhecer tanto LPs que têm relevância por conta de faixas como pela arte gráfica das capas.

Décadas atrás, ainda não existiam os smartphones, nem os aplicativos capazes de reconhecer uma música, acionados com um único comando dos dedos sobre o teclado do aparelho, como o Shazam, o SoundHound, o Musixmatch e o Genius. Quando se escutava algum sample usado pelos rappers, dependia-se da boa vontade de quem o tocava revelar qual música era. Hoje, mesmo em meio à muvuca da plateia de duelos e batalhas de MCs, a descoberta se tornou muito mais fácil. Conforme lembra a jornalista e cocuradora do festival Leandra Silva, alguns DJs e MCs chegavam a riscar a capa dos discos, para evitar que soubessem qual era a canção.

No domingo, o público poderá conferir a entrevista com DJ KL Jay e DJ Hum, conduzida pela jornalista Leandra Silva. Em 22 de agosto, o festival oferece a oficina Sample na Base - A arte de mixar e masterizar. A atividade será ministrada por BaseMC Beat e DJ Comum. No dia 23, quem quiser aprofundar os conhecimentos sobre sample encontra mais uma alternativa na master class Fazendo Sample, com DJ KL Jay, DJ Will e Kamau.

Durante o festival, DJ KL Jay também fará o lançamento oficial do compacto que contém Estamos Vivos, de ZL Killa, Fhato, Emmy Jota e Jota Ghetto, e Território Inimigo, de Anarka, Amiri e Jota Ghetto. Produzidas por DJ KL Jay, as duas faixas foram especialmente editadas em vinil de 7 polegadas para celebrar os 50 anos do movimento hip hop e reúnem artistas da gravadora KL Música, selo criado pelo DJ no começo dos anos 2000, para dar projeção a jovens artistas do rap nacional.

 Festival Sample
 De 12 a 30 de agosto de 2023
 Centro Cultural São Paulo*
 Rua Vergueiro, 1000 - Paraíso, São Paulo
*Ingressos para as atividades especiais serão disponibilizados para reserva na bilheteria online e presencial, uma semana antes da abertura do festival.
 
Confira a programação e o horário dos eventos:
 
Exposição:
De 12 a 30 de agosto

De Terças a sextas, das 10h às 20h.
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Fechada às segundas-feiras

Praça das Bibliotecas
 
Abertura:
Show e performance:
Dia 12 de agosto, das 19h às 21h, na Sala Adoniran Barbosa
 
Materclasses:
Sample na Base – A arte de mixar e masterizar, com BaseMC Beat e DJ Comum
Dia 22 de agosto, das 19h às 21h, na Sala de Ensaio II
 
Fazendo Sample, com DJ KL Jay, DJ Will e Kamau
Dia 23 de agosto, das 19h às 21h, na Sala de Ensaio II

Show de Encerramento
Dia 30 de agosto, das 19h às 21h, na Sala Adoniran Barbosa

A cultura do Hip Hop e todas as suas manifestações artísticas foram declaradas como patrimônio cultural imaterial da Paraíba. Inclusive, a lei já foi publicada no Diário Oficial do Estado. Fazem parte da arte da dança, o break, graffiti, rap, o MC, a batalha de MC's, o Slam, DJ, beat box e outros.

De acordo com o texto aprovado, o reconhecimento é uma forma de salvaguardar as práticas, representações, expressões, conhecimentos e técnicas do Hip Hop.

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Além de instrumentos, objetos e lugares culturais que são associados com as comunidades, grupos sociais e indivíduos que se reconhecem como parte integrante dessa cultura. Jefferson Araújo dos Santos, coordenador do grupo de Hip Hop Roça City Breakers, da cidade de Lagoa de Roça, no agreste paraibano, destaca que o título é um primeiro passo para um reconhecimento maior.

"Espero que em 2023 e 2024 teremos notícias boas, como agora o Breakers está nas Olimpíadas em 2024, em Paris, nos tornaremos atletas, nós não somos mais dançarinos de ruas, mas atletas. Ainda temos a preocupação da falta de apoio para que busque mais conhecimento sobre a dança - Hipo Hop - e sobre o conhecimento dessa estrutura", explicou.

A nova legislação determina que qualquer ação discriminatória, preconceituosa e desrespeitosa, seja de natureza social, racial, cultural ou administrativo, contra o movimento Hip Hop, estará sujeita à lei.

Já são 15 anos fomentando e valorizando a cultura do Hip Hop na Região Metropolitana do Recife. Em sua 15ª edição, a Mostra Pernambucana de Danças Urbanas de Danças Urbanas Ginga B.Boys e B.Girls volta ao formato presencial com atividades como oficinas e competições de breaking oferecidas de forma gratuita ao público. A culminância do projeto acontece nos dias 5 e 6 de novembro no Compaz Miguel Arraes, no bairro da Madalena, Zona Oeste da capital pernambucana. 

Este ano, o projeto contou com três oficinas de danças ministradas gratuitamente durante o mês de outubro no Estúdio de Dança Alê Carvalho. Os participantes tiveram aulas de  Dancehall, Popping e Breaking, com os professores Anderson Dimas, Victor Vicente e BBoy Star, respectivamente. O resultado dessas atividades serão apresentados no Compaz Miguel Arraes, nos dias 5 e 6 de novembro, a partir das 14h.

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Também no primeiro final de semana de novembro, a mostra vai promover as competições de breaking, com jurados de São Paulo, Alagoas e Pernambuco. A premiação pode chegar até R$ 3 mil. Além de buscar o fortalecimento de políticas públicas para a juventude através da arte e educação, e promover  o empoderamento sociocultural e produtivo desses segmentos, a mostra se propõe a fortalecer os laços identitários assim como a conscientização sobre a importância da cultura de paz e da não violência. 

Programação

Batalhas de Breaking 1vs1 e 3vs3

Data: 05/11/2022

Local: COMPAZ Miguel Arraes, Av. Caxangá, 653 - Madalena, Recife - PE, 52171-011.

Batalha individual de Breaking para BBoys e BGirls (Seven To Smoken)

Horário: 10h às 12h.

Júri: Hancock Reptil (PE)

DJ: King Zulu Nattydread (ES)

MC: BBoy Foguinho (PE)

Premiação:

R$ 500,00 + Troféus e brindes

R$ 300,00 +Troféus e brindes

R$ 200,00 +Troféus e brindes

Batalha individual feminina de Breaking (Seven to smoken)

Horário: 14h às 18h.

Júri: Bebéia (SP)

DJ: King Zulu Nattydread (ES)

MC: BGirl Vênus (PE)

Data: 06/11/2022

Batalha de Breaking por equipe 3X3

Horário: 10h às 12h e das 14h às 18h.

Corpo de jurados:

BBoy Jessé Batista (AL)

BGirl Bebéia (SP)

Bboy Star (PE)

Premiação:

R$ 3.000,00+Troféus e brindes

R$ 2.000,00+Troféus e brindes

R$ 1.000,00+Troféus e brindes

Chegando ao fim de sua primeira temporada, o ‘Sextas da Invasão’ promete uma noite de muito funk e rap, com convidados especiais, na próxima sexta (30). Um deles: Tiger Rapper, renomado artista do Hip Hop pernambucano, fundador e ex-integrante do Faces do Subúrbio. Além disso, os residentes do projeto, como Vilão da Norte, MC Louco e Matheus Perverso, também sobem ao palco, além de outros nomes que vêm despontando na cena independente recifense, como WK Chefe e RG no Beat. 

Realizado pelo Projeto Invasão - iniciativa independente que atua em prol da “música, dança, esporte e comunicação das favelas” -, o ‘Sextas da Invasão’ nasceu com o propósito de abrir espaço para os artistas locais do brega funk, funk, trap, trap funk e rap. A festa acontece semanalmente, no bairro do Arruda, coração da Zona Norte da capital pernambucana, sempre com entrada gratuita.

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Para fechar a primeira temporada do evento, foi convidado um dos maiores nomes do Hip Hop local: Tiger Rapper, um dos fundadores e ex-integrante do Faces do Subúrbio, grupo formado no início dos anos 1990, no Alto José do Pinho - comunidade periférica do Recife -, e que fez história dentro do rap nacional. Além disso, o público poderá conferir os shows de Kelvin Zika, TH Piva, John Ventura, Vilão da Norte, Matheus Perverso, MC Louco, WK Chefe e RG no Beat.

Serviço

Sextas da Invasão - Encerramento da 1ª temporada

Sexta - 30/09; a partir das 21h

Venda de Seu Biu (antigo Esquenta do Arruda) - Rua Ramiz Galvão, 332 - Arruda 

Gratuito


 

Em sua segunda edição neste ano, será realizado em bairros centrais do Recife, a 15ª Mostra Pernambucana de Danças Urbanas Ginga B.Boys e B.Girls, que tem como proposta fortalecer a cultura do Hip Hop em Pernambuco desde de 1983. Os interessados em participar das mostras e oficinas podem se inscrever por meio do perfil no Instagram, até o dia 30 de setembro.

A edição terá início durante o mês de outubro, com oficinas de Dancehall, Popping e competições de breaking até o mês de novembro. Em Santo Amaro, haverá oficinas de danças urbanas no Estúdio de Dança Alê Carvalho, enquanto a principal parte do evento será a mostra dos resultados das oficinas nos dias 5 e 6 de novembro no Compaz Miguel Arraes, no Bairro da Madalena, no Recife.

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A iniciativa busca promover o empoderamento sociocultural e produtivo de grupos da sociedade que são vulneráveis socioeconomicamente, como membros das classes C, D e E, sobretudo dos adolescentes dentro dessa realidade social. Com essas atividades artísticas é fortalecido as políticas públicas de juventude, educação e promoção da cidadania.

O investimento em danças urbanas foi escolhido pelo fato da cultura hip hop ser uma das expressões culturais mais presentes em Pernambuco, através de grupos e indivíduos, principalmente de origens afrodescendentes que se organizam para realizar campeonatos, shows, oficinas e outras atividades. Essas manifestações também servem como instrumento pedagógico para conscientização da juventude. 

Entre as oficinas, os participantes das batalhas de breaking poderão concorrer a premiações que variam de R$ 500,00, a R$ 3.000,00, além de troféus e brindes. 

Confira o cronograma:

Oficinas de Danças Urbanas:

Local: Carvalho Studio de Dança

Rua Princesa Isabel - 142 - Santo Amaro - Recife/PE - CEP 50050-450.  

Inscrições até 30 de setembro no Instagram

Informações: (81) 988286958

Data: durante os meses de outubro e novembro de 202

Oficina de Popping

Mediador: Anderson Dimas

Horário: 13h às 15h – Terças e Quintas durante o mês de Outubro de 2022.

Observação: Serão oito (08) encontros no Espaço Carvalho Estúdio de Dança – cada encontro terá duas horas (2h) de trabalho, sendo que o último encontro será reservado para sua respectiva apresentação como resultado e culminância dos trabalhos desenvolvidos. Tudo isso no COMPAZ Miguel Arraes no dia 05 de novembro às 15h, durante a programação das batalhas de breaking que acontecerão no equipamento.

Vagas: 15 vagas

Dancehall

Mediador: Victor Vicente

Horário: 13h às 15h nas terças e 16h às 17h30min nas quintas durante o mês de outubro, e dia 05 de novembro de 2022.

Observação: serão oito (08) encontros no Espaço Carvalho Estúdio de Dança durante o mês de outubro. Cada encontro terá 2h na terça e  1h30 na quinta feira  (1h30min) de trabalho, sendo que o último encontro será  reservado às 11h no COMPAZ Miguel Arraes no dia 05 de novembro de 2022, durante a programação das batalhas de breaking.

Vagas: 15 vagas.

Oficina de Breaking

Mediador: Bboy Star

Horário: 08h às 10h – terças e quintas durante o mês de outubro de 2022.

Observação: Serão 8 encontros no Espaço Carvalho Estúdio de Dança – sendo que cada encontro terá 2h de trabalho, sendo o último encontro reservado às 14h no COMPAZ Miguel Arraes no dia 06 de novembro, durante a programação das batalhas de breaking.

Vagas: 15 vagas.

Batalhas de Breaking 1vs1 e 3vs3

Data: 05/11/2022

Local: COMPAZ Miguel Arraes, Av. Caxangá, 653 - Madalena, Recife - PE, 52171-011.

Batalha individual de Breaking  para BBoys e BGirls (Seven To Smoken)

Horário: 10h às 12h.

Júri: Hancock Reptil (PE)

DJ: King Zulu Nattydread (ES)

MC: BBoy Foguinho (PE) 

Premiação:

R$ 500,00 + Troféus e brindes

R$ 300,00 +Troféus e brindes

R$ 200,00 +Troféus e brindes

Batalha individual feminina de Breaking (Seven to smoken)

Horário: 14h às 18h.

Júri: Bebéia (SP)

DJ: King Zulu Nattydread (ES)

MC: BGirl Vênus (PE) 

Data: 06/11/2022

Batalha de Breaking por equipe 3X3

Horário: 10h às 12h e das 14h às 18h.

Corpo de jurados:

BBoy Jessé Batista (AL)

BGirl Bebéia (SP) 

Bboy Star (PE)

DJ: BETO (PE) – Contato: 99699-8996

MC: Lula Dias (PE) – Contato: 98790-73

Premiação:

R$ 3.000,00 + Troféus e brindes

R$ 2.000,00 + Troféus e brindes

R$ 1.000,00 + Troféus e brindes

Na próxima sexta (10), artistas locais de diferentes gerações do Rap e do Trap estarão juntos no ‘Hip Hop - O Quinto Elemento’. O evento tem como objetivo promover um levante pela solidariedade, sendo assim, vai arrecadar donativos que serão destinados a dois projetos sociais: Gelateca Cultural e Coletivo Boca no Trombone. A festa acontece na Rota do Marujo, localizado no Bairro do Recife, a partir das 19h.    

Em sua segunda edição, O Quinto Elemento segue na missão de ocupar espaços da cidade com muita música, rima e solidariedade. Através desses instrumentos, os artistas participantes da ação buscam ajudar ao próximo com a arrecadação de donativos como alimentos não perecíveis, roupas e itens de higiene pessoal e limpeza. Dessa vez, serão contemplados os projetos Gelateca Cultural e Coletivo Boca no Trombone. 

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Na line do evento estão nomes de diferentes gerações do Hip Hop pernambucano como Tiger, Poema Liricista, Acria, Raffa Santos, Terror do Rap, Bianca Neres, Milla Barbosa, Drik, DJBdrill, Sake e Paranoiaprod. A iniciativa é fruto de um processo colaborativo entre pequenos empreendedores e agentes da cultura locais como 232 Studio, Rota do Marujo e Rock na Calçada. 

Serviço

Hip Hop - O Quinto Elemento

Sexta (10) - 19h

Rota do Marujo - Rua da Moeda - Bairro do Recife

Doações de alimentos não perecíveis, roupas e produtos de higiene e limpeza

Os astros Dr. Dre, Snoop Dogg e Mary J. Blige trouxeram, no domingo, as batidas do hip-hop pela primeira vez ao show do intervalo do Super Bowl, onde Eminem invocou um protesto por justiça racial ao se ajoelhar no palco.

O tão esperado show, que contou com a participação surpresa de 50 Cent, abrilhantou o primeiro Super Bowl disputado em Los Angeles (Califórnia) em quase 30 anos, que terminou com a vitória dos Rams contra o Cincinnati Bengals por 23-20.

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No gramado do SoFi Stadium, inaugurado em 2020 com um orçamento de mais de 5 bilhões de dólares, apareceram cinco casas brancas colocadas em um mapa iluminado de Los Angeles e com carros estacionados na porta, em uma mensagem clara de que é fundamentalmente uma música urbana.

Dre e Snoop abriram o show com seu hit "The next episode", antes de prestarem homenagem ao falecido Tupac Shakur com "California Love".

O rapper Eminem apresentou seu hit "Lose Yourself", encerrando a apresentação de joelhos no palco, um gesto que homenageia o protesto antirracismo do ex-jogador da NFL Colin Kaepernick.

O gesto de Kaepernick, que decidiu se ajoelhar durante o hino americano antes das partidas em 2016, foi duramente criticado por Donald Trump e setores da sociedade e lhe custou a carreira na NFL.

Os rappers se apresentaram para 70.000 espectadores que lotaram o estádio, no que parece ser o 'novo normal' após dois anos de pandemia de Covid-19.

Os cinco artistas reunidos ganharam 44 prêmios Grammy – só Eminem tem 15 – e lançaram 22 álbuns que alcançaram o número 1 da Billboard.

Alvo esta semana de uma denúncia por um suposto abuso sexual ocorrido em 2013, apenas Snoop Dogg não tem um Grammy apesar de ter sido indicado 17 vezes.

O Super Bowl voltou a Los Angeles pela primeira vez desde 1993, no terceiro ano de colaboração entre a NFL, Pepsi e Roc Nation, empresa do magnata do hip-hop Jay-Z, marido de Beyoncé, que junto com o produtor Jesse Collins produziu este show.

Deuses no Olimpo

"É como ver os deuses no Olimpo", comemorou um fã no Twitter sobre o espetáculo de pouco mais de 10 minutos realizado durante o intervalo do maior evento esportivo do ano nos Estados Unidos.

"O hip-hop é o maior gênero musical do planeta atualmente, então é uma loucura que tenhamos demorado tanto para sermos reconhecidos", afirmou Dre esta semana.

Dre incluiu dois rappers surdos, Sean Forbes e Warren "WaWa" Snipe, em seu show, trazendo intérpretes de libras pela primeira vez.

Dre, Snoop Dogg, Eminem, Blige e Lamar juntaram-se assim a uma longa lista de artistas famosos que se apresentaram neste espetáculo, incluindo Beyoncé, Madonna, Coldplay, Katy Perry, U2, Lady Gaga, Michael Jackson, Jennifer Lopez ou Shakira.

No ano passado foi o cantor pop The Weeknd, Abel Tesfaye, quem protagonizou o espetáculo, marcado pelas limitações impostas pela pandemia do coronavírus.

A apresentação deste domingo acontece três anos depois que a NFL foi criticada por escolher a banda de rock Maroon 5 em Atlanta, que durante anos foi considerada a capital do hip-hop.

Há rumores de que artistas como Rihanna, P!nk e Cardi B se recusaram a participar daquela edição, em meio à polêmica sobre os protestos contra a brutalidade policial contra afro-americanos liderados por Kaepernick, então jogador do San Francisco 49ers.

“O que torna um artista relevante nos tempos atuais?” O questionamento é levantado pelo rapper paulista Kamau, que nesta sexta (21), lança nas principais plataformas digitais o primeiro EP de sua parceria com o MC e produtor Slim Rimografia, ‘Isso’. Batizada de SKiT, a dupla condensou cerca de um ano de trabalho, e outros tantos de colaboração mútua, em sete faixas que contaram, ainda, com as participações de DJ Gio Marx; Lay, da banda Tuyo; e KL Jay. 

Nesses tempos em que o sucesso tem se baseado em números de views e likes, o ‘corre’ para garantir a viabilização do trabalho artístico vem sendo submetido a um novo ritmo, cada vez mais acelerado. Mas foi em um momento de ‘pausa’, durante a pandemia do coronavírus, que ‘Isso’ ganhou forma. As sete músicas do EP trazem temas muito presentes no cotidiano, mas que ainda assim se apresentam bem urgentes, e acabam formando uma linha de raciocínio que interliga uma à outra.

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Segundo Kamau, o trabalho surgiu de forma espontânea, durante o último ano de 2021, e “por afinidade” entre os artistas. “A arte nos ajudou a nos manter sãos e vivos num mesmo lugar nos tempos em que vivemos. Quando pudemos ficar no estúdio direto, (isso) fez com que os fluidos criativos circulassem melhor”, disse em entrevista exclusiva ao LeiaJá. 

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Essa circulação foi condensada em ‘Isso’, primeiro EP da dupla que ganha o mundo nesta sexta (21), através das plataformas digitais, com pretensão de cair literalmente ‘na rua’ assim que possível, como revela Kamau. "Queremos sim apresentar 'Isso' ao vivo da melhor forma. Temos uma sintonia muito boa de amizade, de trampo, de arte e também no palco e já pudemos testar isso uma vez em Campo Grande (MS) com o DJ Gio Marx nos toca-discos. E a ideia é que esse seja o formato que levaremos aos palcos. Esperamos que em breve e em boas e seguras condições para todos”. 

Neste trabalho, a dupla parece seguir pela contramão da lógica e da pressa exigidas por números e algoritmos e chega discutindo temas como a dureza do dia a dia, racismo, preconceito, e a busca por perspectiva e respeito. “A maioria das músicas surgiu a partir da inspiração do beat, então não listamos os assuntos que gostaríamos de abordar. Mas, como disse Nina Simone: ‘É dever do artista refletir o tempo em que vive’. Talvez tenhamos feito isso não por dever, mas por absorver e canalizar naturalmente essas energias, cada um à sua maneira”, diz Kamau.

Kamau e Slim Rimografia formam a dupla 'SKiT'. A capa do primeiro EP do duo é assinada por Flávio Samelo.

Juntos, os amigos Mcs e produtores somam cerca de meio século de experiência e de serviços prestados à cultura Hip Hop. Após atravessarem diferentes momentos no cenário musical independente nacional, Kamau e Slim acabaram se esbarrando nos bastidores do Atelier Studios, no centro de São Paulo, local onde sua parceria floresceu e ganhou forma.

Para Kamau, a dupla chega em um “momento favorável para o Hip Hop”, com a inclusão do breaking nos Jogos Olímpicos de Paris (2024) e “alguns anúncios de rappers na Times Square (Nova Iorque)”, porém, há ressalvas: “O Brasil tem o único DJ multicampeão mundial na América Latina (DJ Erick Jay) que só se torna assunto quando diz que vendeu equipamento pra se manter durante a pandemia. E isso é só um dos exemplos de talentos que são ignorados pelo contexto geral. Temos uma repetição de padrões que acontecem há muito tempo e mudam a nomenclatura e o meio apenas. Valorizar a arte e as forças humanas que a exercem é o que poderia estar melhor. Muito além de números e algoritmos”. 

Juntos, Rimografia (esq.) e Kamau (dir.) têm cerca de meio século de trabalho dedicado ao Hip Hop. Foto: Tiago Rocha

O músico reforça, ainda, que percebe o quanto o rap vem se "adaptando" para ser mais aceito no mercado e na sociedade, porém, frisa a importância de se refletir acerca deste lugar, movimento que também norteia o seu trabalho e o do amigo Slim. “A posição parece favorável por levar o rótulo de rap. Mas não reflete uma maioria que faz, escuta e consome há décadas. E nem falamos isso como alguém que se vê preso a valores e conceitos antigos. Falamos como ouvintes que sempre buscam coisa atual e nova que renove o amor pelo que nos move e que, por acaso, também é o que fazemos”.

A maturidade de quem conhece bem o caminho das pedras certamente pode ser contabilizada como um elemento a mais na produção de SKiT. Um trabalho que chega na contramão da lógica mercadológica mas, claramente orientado pelo desejo de fazer e disseminar arte, como dizem os próprios versos de ‘É Isso Mesmo’, faixa que encerra o EP: “Clássicos levam tempo, não pressa”. 

Consolidado como um dos mais importantes duelos de rima do Brasil, a Batalha da Escadaria celebra seus 13 anos de existência, voltando ao presencial, com mais uma edição na tradicional escadaria da rua do Hospício com a esquina da Avenida Conde da Boa Vista, no bairro da Boa Vista, área Central do Recife, nesta sexta (19). O evento põe fim a um hiato de 20 meses sem que os duelistas pudessem reunir-se na rua em razão da pandemia do coronavírus.

A Batalha da Escadaria consolidou-se no cenário do Hip Hop pernambucano promovendo embates entre rimadores e rimadoras de toda a Região Metropolitana do Recife, há mais de uma década.  O evento pernambucano compõe, também,  o calendário nacional de batalhas ao lado da Rinha dos MC's (SP), do Duelo de MC's (MG) e da Batalha do Real (RJ), entre outros. Nesta sexta (19), a noite começa às 19h, solicitando ao público o cumprimento dos protocolos de segurança como o distanciamento social e uso de álcool em gel e máscaras. 

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Além da edição que marca o retorno do evento para a rua, nesta sexta (19), alguns duelistas da Batalha marcarão presença na celebração do Dia da Consciência Negra, no Pátio de São Pedro, no sábado (20). Eles vão apresentar suas rimas, no estilo freestyle, no evento que acontece na região central do Recife, a partir das 19h.

Duelo Nacional de MCs

Completando um final de semana de rimas e celebrações, dois MCs pernambucanos representam o Estado no Duelo Nacional de MCs, no domingo (20). Vinicius ZN e Vitu, que trazem nos currículos vitórias em etapas estaduais e regionais, como a Liga Nordestina de Rima, da Jornada de MCs, participam da disputa, considerada uma dos maiores da América Latina, que acontece em Belo Horizonte (MG). O evento ocorrerá a partir das 14h, e será exibido pela plataforma de streaming Twich.  

 

O ano era 1973 quando o DJ Kool Herc começou a promover festas no bairro do Bronx, em Nova Iorque. Seu estilo único e inédito de tocar os discos, com recortes específicos, os chamados beats, e outras ‘firulas’ que modificavam as canções, tornaram esses eventos os mais disputados daquela área na época e colaboraram para o nascimento de uma cultura que, anos mais tarde, tomaria o mundo inteiro: o Hip Hop, celebrado em todo o globo nesta sexta (12). 

Kool Herc chamou atenção dos jovens da época e promoveu um verdadeiro efeito cascata na cultura que vinha dos guetos americanos. O acompanhando nas festas, Coke La Rock fazia intervenções ao microfone, tendo sido considerado o primeiro MC do movimento. Já na pista, quem dançava começou a criar novos movimentos e a dança logo ganhou um nome: breaking.

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A própria arte de tocar os discos começou rapidamente a modificar-se. O DJ Grandmaster Flash, encantado pela maneira de manipular a música proposta por Herc, decidiu aprimorar as técnicas e acabou criando várias outras que tornaram-se fundamentais para a musicalidade do Hip Hop, como o backspin, cutting, o phasing, e claro, o scratch. 

Esses pioneiros criaram as bases para o movimento que tem como pilares quatro elementos: breakdance, rap, grafite e o DJ. Esse último, considerado por muitos como sendo o fundamental para a existência de toda essa cultura, afinal, são eles quem ditam o ritmo da dança, das rimas e demais expressões, através de suas habilidades e criatividade na hora de mandar sua música feita sob medida. 

Foto: Divulgação/Rafael Berezinski

A afirmação é de Erick Jay, DJ paulista com pouco mais de 20 anos de carreira e trabalhos ao lado de vários nomes importantes do rap nacional - como os rappers Dexter, Xis, Pregador Luo, Kamau e Black Alien. Ele também foi o DJ oficial do programa ‘Manos e Minas’, da TV Cultura, foi considerado o melhor DJ da América Latina por três anos consecutivos, e possui nada menos do que quatro títulos de campeão mundial conquistados nas competições mais importantes do segmento, o DMC Battle for World Supremacy e o IDA World DJ Championships.

Em entrevista ao LeiaJá, o atual campeão do mundo falou sobre a importância do seu posto dentro do Hip Hop. “Nossa função é essa, compartilhar conhecimento, informação da música, o quanto ela foi importante pra época. Na dança também  tem a importância de você tocar a música certa na hora certa, para os MCs nas batalhas, (tocar) o beat certo na hora da certa.Em todos os elementos (é importante), é informação pra caramba”, garante o paulista. 

Erick entrou na cultura Hip Hop através da dança, no final dos anos 1990. Nos bailes, costuma observar os DJs e ficou fascinado com o alcance de sua atuação. “Eu sempre gostei da arte. Como eu dançava, eu colava nos bailes, eu via o poder que o DJ tinha de dominar as pistas, que louco, ‘ele tem a pista na mão’, ali ele é psicólogo, ele é tudo. Aí comecei a ouvir os raps nacionais que tinham as colagens, os scratches, os internacionais também, eu pirava, e isso alimentou a minha vontade de ser DJ”. 

Do início da sua trajetória, comandando os toca-discos em festas de 15 anos e casamentos, até os campeonatos, foi um pulo. No caminho, Erick conheceu o DJ Zulu, do grupo Face Negra, um dos pioneiros do rap nacional, que o colocou numa rotina intensa de treinamentos e preparação para tornar-se um campeão. “Eu achava que era DJ, mas quando vi ele… Ele me ensinou todos os toques”, brinca. 

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Ganhar campeonatos era uma forma de despontar em um “mercado muito disputado”. Os títulos, segundo Erick Jay, garantem não só reconhecimento, mas colocação em festas e grupos de rap, além dos equipamentos, que costumam ser parte dos prêmios. “Eu ganhei dois campeonatos sem ter equipamento. Eu treinava com o DJ Zulu, não tinha equipamento em casa. Na época, eu nem queria fama, a gente queria os toca-discos, o equipamento que era nosso sonho. Passei três anos treinando ‘emprestado’, na casa dos amigos, até conquistar o meu primeiro toca-discos, ainda bem que eu tive pessoas que acreditaram em mim. (Assim) é o Hip-Hop”. 

Dos equipamentos emprestados pelos amigos, o DJ foi chegar em quatros títulos mundiais. Antes disso, no Brasil, Erick venceu a edição nacional do DMC cinco vezes na categoria individual e por três anos consecutivos (2006, 2007 e 2008), foi considerado o melhor DJ da América Latina. Mais tarde, o brasileiro venceu as duas competições mais prestigiadas da categoria, o DMC e o IDA World, em um único ano, 2016, tornando-se o primeiro sul-americano a conquistar ambas. Em 2018, ele foi convidado para palestrar na Scratch DJ Academy, escola  fundada pelo DJ do Run DMC, Jam Master Jay, e ministrou um workshop para os ‘gringos’ na The Kush Groove, em Nova Iorque.

Jay voltou a conquistar mundiais em 2019, quando também foi jurado em etapas nacionais do DMC, nos Estados Unidos, o primeiro sul-americano convidado para tal; e em 2021, título conquistado no último mês de outubro, na edição online do DMC World. No entanto, as impressionantes marcas, prêmios e conquistas, ainda não garantem ao campeão o apoio e patrocínio necessários para desenvolver seu trabalho com plena tranquilidade.

À dificuldade de conseguir apoiadores, Erick atribui alguns fatores, como a origem da cultura a qual faz parte. "São uns três quatro fatores que dificultam as empresas a investirem no Hip Hop. (Acham que) é coisa de pobre, de preto, em pleno 2021! Sendo que é uma das músicas de mercado mais fortes que está tendo, só não é mais forte porque a mídia tenta encobrir. Mas o Hip Hop é uma religião, um dos maiores movimentos que a gente tem e eles tentam esconder isso”.

Foto: Divulgação/Rafael Berezinski

Ser brasileiro também entra nessa conta, Erick acredita que ainda existe um certo preconceito em relação à sua terra que nem os títulos mundiais conseguem aplacar. “As empresas, principalmente de (equipamentos de) DJ, não têm um olhar pro Brasil. É triste falar isso mas não têm. Eu tenho que ficar brigando pela minha cultura, pela cultura DJ. Nosso país tem mais DJs que em vários países onde eles jogam dinheiro. Aqui no Brasil tem muito DJ, dos antigos aos novos, à molecadinha, então por que não investir aqui? A primeira vez que eu fui campeão do mundo, em 2016, eu achei que isso ia mudar, mas não mudou nada. Pra eles o Brasil continua sendo um país de terceiro mundo, isso atrapalha e pra mim vai ser sempre preconceito”. 

Outro percalço amargado por ele e demais colegas de profissão é o avanço desenfreado da tecnologia. Mas não pelas dificuldades que a chegada de novos equipamentos e softwares possam representar - pelo contrário, segundo Erick, as novidades tecnológicas acabam ajudando no desempenho do seu ofício, tornando-o um pouco mais prático -, e sim pela 'enxurrada' de entusiastas que adquirem o maquinário necessário e se jogam nas pistas e bailes de qualquer maneira. “A tecnologia vem para ajudar a gente mas também pra tornar vários ‘não-DJs’ em DJs. Vários aventureiros que alguém falou que ele era DJ e ele acreditou, mas não tem o dom, não nasceu para aquilo. Infelizmente, a gente tem que lidar com isso e acaba roubando espaço de vários caras que precisam de oportunidade, que têm a parada no sangue e sabem fazer”. 

Na contramão das dificuldades, o amor pela cultura Hip Hop e o reconhecimento do público é o que faz Erick continuar. Festejado por grandes nomes do cenário nacional, como Mano Brown, KL Jay, Black Alien e Kamau, entre outros, ele sabe da importância do seu papel dentro do segmento e leva a sério a função de trabalhar a serviço do movimento. “Pode não ser importante pra certos ‘hypes’, que acham que pra ser melhor do mundo eles têm que sair na capa da revista ‘tal’, mas pra cultura original mesmo, pro movimento em geral, a gente ver que tem pessoas talentosas ganhando o mundial é importante. Ver os caras que eu sou fãzaço compartilhando onde eu cheguei, fiquei muito feliz. Nem imaginava, olha o poder (disso). E atingiu várias áreas, até dos DJs de eletrônico  que eu sou fã tb. Eu vi realmente onde eu cheguei e a importância dessas vitórias pra cultura Hip Hop”.

Agora, com o arrefecimento da pandemia do coronavírus no país e a retomada da ‘vida normal’, com festivais e eventos, Erick Jay se prepara para celebrar seu quarto título mundial ao lado do público. O DJ paulista encerra o ano de 2021 na expectativa dos shows e turnês dos dois rappers a quem acompanha, Kamau e Black Alien, programados para o próximo ano, e se diz “ansioso” para voltar a botar fogo nos bailes do jeito que todo DJ de responsa gosta e merece. “Eu senti muita falta do calor humano que tem nos shows, é o que  a gente tava precisando, é o nosso combustível. Em 2022, a partir de janeiro, vai ter turnê e vamos voltar mesmo”. 

 

No movimento de retomada dos shows e eventos, o rap e trap pernambucanos começam a voltar para a rua. Neste sábado (13), o Baile dos Cria reúne alguns dos representantes dessas cenas como Planeta Máfia, Milla e Acria. A festa acontece em Olinda e os ingressos já estão à venda.

Voltando à ativa, dentro dos protocolos de segurança ainda necessários, os artistas do segmento estão se juntando para reencontrar seu público. A festa vai contar com apresentações do anfitrião, Acria, além de Planeta Máfia, Mucao, Deox e Milla. Entre um e outro os DJs WL e Tarta Move dividem a discotecagem. 

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O Baile dos Cria acontece neste sábado (13), a partir das 20h, no Salve! House, localizada no bairro do Varadouro, em Olinda. Os ingressos já estão à venda e podem ser adquiridos pela internet, através do site Sympla. 

Serviço

Baile dos Cria

Sábado (13) - 20h

Salve! House (Av. Olinda, 224 - Santa Tereza - Olinda)

R$ 10

 

O DJ paulistano Erick Jay conquistou, no último sábado (16), mais um  título mundial. O brasileiro levou a melhor no DMC World Supremacy 2021, desbancando o polonês DJ Chmielix e garantindo seu terceiro troféu na competição, uma das mais importantes do gênero em todo o mundo. 

Realizado de forma online desde o último ano, o DMC 2021 contou com dois representantes brasileiros em sua final, Erick e DJ Shinpa. O primeiro acabou levando a melhor, desbancando não só o compatriota como o japonês DJ EiOn e, por fim, o polonês, DJ Chmielix. Este é o terceiro título de Jay na competição e o quarto prêmio mundial que ele conquista em sua carreira - o paulistano também foi vencedor no IDA World de 2016. 

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Erick Jay atua como DJ desde 2000 e já acompanhou grandes nomes do rap nacional, como Pregador Luo, Dexter e Xis. Ele também foi o DJ residente do programa Manos e Minas, da TV Cultura e foi o primeiro sul-americano a vencer uma etapa mundial do DMC, em 2016. Em solo brasileiro, ele levou a etapa nacional da mesma competição por cinco vezes na categoria individual e, por três anos consecutivos (2005,2006 e 2008), foi considerado o melhor DJ da América Latina.

Breaking, grafite, DJ e MC, os quatro elementos da cultura Hip Hop são os pilares da primeira edição do Festival Estação K. Com o objetivo de fomentar e valorizar o movimento, o evento vai reunir atrações como Edgar, DJ Erick Jay e Zudizilla, de forma totalmente virtual e gratuita, na próxima quinta (14).  

Realizado pela Muda Cultural, o festival terá uma programação voltada à diversidade de linguagens artísticas do Hip Hop brasileiro. O público poderá ver DJs, rodas de breaking e apresentações musicais com alguns importantes nomes da cena nacional. A apresentação fica a cargo da poeta e arte educadora Mana Bella.  

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Pelo Estação K passam, ainda, os Bboys Grilo, Luan San, Lil Vethy e a Bgirl Toquinha, que farão performance ao som do DJ Erick Jay. Já os grafiteiros Enivo e Kuêio ficam com a missão de produzir três murais com o intuito de trazer o clima das periferias urbanas ao cenário do festival. As apresentações também passam pelos shows dos rappers Edgar e Zudizilla. 

SERVIÇO

FESTIVAL ESTAÇÃO K 

Quinta (14) - 19h

Transmissão gratuita no: Facebook Muda Cultural e Youtube Muda Cultural

Na estrada há pouco mais de duas décadas, o rapper pernambucano Poema Liricista sempre dependeu dos próprios 'corres' para fazer sua música acontecer. Como todo artista independente, ele subverte as dificuldades práticas da lida com jogo de cintura, disposição e claro, muita rima. Agora, o músico está fazendo uma rifa para viabilizar seu terceiro EP, contando com a ajuda de amigos e do público.

O Liricista conheceu a cultura Hip Hop a fundo em 1997, mas só um pouco depois, nos anos 2000 deixou “de ser ouvinte para fazer seus próprios raps”. O músico passou por alguns grupos, como os já extintos Hipótese Real e Afetados pelo Sistema - esse último que originou posteriormente, o Sem Peneira pra Suco Sujo - e participou de vários feats com outros MCs e a Chave Mestra até que, a pedido do próprio público, resolveu bancar o caminho solo. “Eu tinha essa necessidade de lançar algo sozinho e alguns admiradores do trabalho já me cobravam isso. A galera queria me ouvir num EP solo, num single, então em 2014 eu lancei meu primeiro EP”, disse em entrevista ao LeiaJá.

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Com Versos Íntimos, seu primeiro trabalho solo na rua, Poema Liricista deixava de ser um MC “de participações” para rapidamente cravar um lugar de destaque na cena do rap pernambucano. Em 2017, um segundo EP, Atentado Poético, consolidou a carreira do rapper e o colocou, em definitivo, como um dos grandes nomes do cenário local. Esse trabalhos, e alguns outros singles já lançados podem ser conferidos nas principais plataformas digitais.

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Apostando no boombap e flertando com o trap, o Liricista investe pesado nas rimas. Suas composições passeiam por referências que vão do cinema à literatura, duas de suas paixões, e constroem discursos fortes e marcantes, que não passam alheios aos ouvintes: “Sempre busco trazer alguma coisa, eu gosto de fazer a galera, se não conhece aquilo ir atrás, conheço várias pessoas que passaram a conhecer livros e filmes através das referências das minhas músicas”, comemora o artista. 

Trabalhando de forma independente desde o início da sua trajetória, o rapper pernambucano conhece de perto as dificuldades de bancar o próprio trabalho. Assim como muitos outros 'operários' da cultura, ele também tem passado por ‘perrengue’ para fazer acontecer durante a pandemia, no entanto, as redes e plataformas digitais têm ajudado a fidelizar o público e ainda atrair novos fãs.“Sem show, aumentou o número de ouvintes mensais nas plataformas, então percebi que mensalmente eu tava fazendo uma receita no Spotify e a esperança (agora) é fazer essa renda aumentar. Me aproximei mais do público, sempre recebo mensagens de pessoas que disseram que passaram a ler e assistir filmes depois das músicas, isso te motiva a continuar.

Rima e Rifa

Neste final de ano, Poema Liricista tem se dedicado à produção de seu terceiro EP. Ainda sem nome definido - provavelmente Retorno do Boombap -, o disco conta com algumas participações e uma parceria com  o produtor LF Beatmaker. O álbum vai trazer bastante da pegada que consolidou o Liricista no cenário local do rap mas o músico previne que os planos podem mudar daqui até o lançamento do trabalho. “Sou bem imprevisível, pode ser que eu desmanche tudo e faça de novo”, brinca. 

Já para viabilizar o projeto, o pernambucano está contando com a  ajuda de parceiros e do próprio público. Para levantar o valor necessário para finalizar o álbum, Liricista lançou uma rifa com o valor de R$ 20. Os prêmios são tatuagens, biquínis e a colocação ou manutenção de dreadlocks. Tudo armado de forma coletiva entre artistas que também serão beneficiados com o resultado final do ‘corre’. “Eu tenho alguns amigos artistas, tatuadores e dreadmakers, eu acordei com a galera de ser quase como uma permuta. Fechei com a galera de dividir alguns valores. Todos nós vamos estar nos ajudando”. Aqueles que quiserem colaborar com o trabalho do rapper de outra maneira, pode também contribuir através do PIX 059.732.264-33. Mais informações através do @poemaliricista. 



 

O rapper norte-americano de descendência portorriquenha Mark Anthony Morales, mais conhecido como Prince Markie Dee, morreu de forma súbita, aos 52 anos de idade, nessa quinta-feira (18).

As informações foram divulgadas pelo site TMZ, que afirma que a causa da morte não foi divulgada.

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Markie foi um dos integrantes do grupo de hip hop Fat Boys, que estourou nos anos 1980.

Nascido na periferia de Nova Iorque (EUA), no início da década de 1970, o movimento Hip Hop logo se expandiu mundo afora. A força dos quatro elementos que representam essa cultura - breaking, DJ, rap e o grafite - garantiram que ela tivesse potencial suficiente para subverter as dificuldades mais óbvias possíveis, sendo essa uma expressão originária dos guetos e de base fundadora fixada na cultura negra. 

Meio século após seu surgimento, o Hip Hop ultrapassou os limites das periferias. O movimento  ganhou um dia para chamar de seu (12 de novembro, Dia Mundial do Hip Hop) além de ter conquistado seu espaço nas paradas musicais do mainstream, através do rap; nas galerias de arte, com o grafite;  e possivelmente, nas Olimpíadas de Paris, em 2024, com o breaking dance, a popular dança de rua. A modalidade, é ligada à Federação Mundial de Dança Desportiva e foi disputada nos Jogos Olímpicos da Juventude de Buenos Aires, em 2018. A experiência agradou ao Comitê Olímpico Internacional (COI) que deve decidir até o final de 2020 sobre sua inclusão nos jogos que acontecerão na Europa. 

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O Brasil conta com um elenco estrelado de profissionais do break dance. O paranaense Fabiano Carvalho Lopes, o Neguin - campeão mundial pelo Battle Pro de 2019 -; o cearense Mateus Melo, o Bart -  vencedor nacional do BC One, o torneio mais importante do país, em 2018 -; e a mineira Isabela Rocha, a Itsa, que além de bgirl também é dançarina do Cirque du Soleil; são só alguns exemplos. Isso sem contar com a lenda viva da dança de rua, Nelson Triunfo. 

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Conhecido como o ‘pai do Hip Hop’ no país, Triunfo, o Nelsão, foi um dos maiores responsáveis pela disseminação do break dance em solo nacional e há mais de cinco décadas é tido como uma grande referência. O artista deixou o sertão de Pernambuco para ganhar o Brasil com sua dança no início da década de 1970 e, desde então, o Estado vem revelando vários outros talentos no breaking, um deles é o bboy Marcos Gaara. 

Gaara tem apenas 25 anos de vida, dos quais a metade passou dançando. Quando criança, ele começou a praticar a dança e outros esportes para dar vazão ao excesso de energia, já que “não parava de dar cambalhotas” dentro de casa. Mas, o que parecia ser apenas uma terapia para o menino super ativo acabou se tornando profissão e hoje o bboy viaja o país mostrando sua arte e participando de competições. 

Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

A  trajetória na carreira de Marcos, no entanto, não foi de todo tranquila. Morador da Bomba do Hemetério, bairro da Zona Norte do Recife, o artista precisou dar muitas piruetas para se destacar na cena. A falta de recurso foi sendo driblada com muito esforço, a medida que participava de projetos e também fazia seus 'corres' com outros bboys dançando nos sinais da capital pernambucana.  “A gente foi treinando, passamos perrengues juntos, fomos sentindo a evolução, muitos desistiram outros continuaram como eu”, relembra. 

O preconceito, ainda enfrentado por quem abraça a cultura Hip Hop, também foi um desses ‘perrengues’ que Gaara precisou enfrentar até mesmo dentro de casa. “O bboy ser um artista profissional é uma coisa que ainda está tendo uma adequação, pra gente e para o público. O Hip Hop é uma coisa marginalizada, então você acha que a pessoa vai tá ali pra se drogar ou só pra passar o tempo e não é assim. Já tô há 12 anos na cultura, competindo, trabalhando, e o resultado é sólido. Agora eu consigo ajudar minha família, que antes era contra, com a minha arte”. 

Entre esses resultados positivos da dedicação e do trabalho, estão temporadas no Rio de Janeiro e em São Paulo, com participações bem sucedidas em competições. Gaara também é membro do Gang Gangrena, coletivo de bboys e bgirls da Paraíba com atuação em todo território nacional.  “Tem gente que dança pra se sentir bem, eu sempre quis me profissionalizar para as competições. Eu economizei - o movimento aqui (Pernambuco) é fraco -, eu juntei uma grana e fui para o Rio, São Paulo, tentar me destacar e foi isso que me deixou mais firme na cultura e como atleta”. 

Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Especialista no estilo power move, mais focado nas acrobacias e saltos, Gaara diz ser “mais acrobata do que bailarino”. No desenvolvimento de sua arte, ele tenta aliar os movimentos acrobáticos aos elementos tanto do Hip Hop quanto de outras culturas, como o frevo e o maracatu, por exemplo, para representar bem Pernambuco nas competições. Também atleta de artes marciais, parkour e arte ninja, ele mantém uma rotina pesada de treinos e garante que o “compromisso” é o que faz a diferença no desenvolvimento do bboy. “Às vezes demora anos pra você executar um único movimento”.

 A falta de apoio e patrocínios - que aparecem apenas de forma pontual para algumas competições específicas -, é driblada com muita força de vontade. “Eu sou raça, eu mesmo faço meu investimento, vou até lá e dou o meu suor.” A certeza de estar dando conta de uma verdadeira missão, também impulsiona. “Eu digo que isso estava escrito. Já tentei abrir negócios, fazer outras coisas, e nada dá certo. Só a arte me puxa. Pra quem tá dentro sente bem mais forte isso”

Break olímpico

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Gaara se diz muito animado com a possibilidade de ver o breaking nas Olimpíadas de Paris, em 2024. Embora acredite que daqui a quatro anos já estará “coroa” para competir, ele vê a inclusão da modalidade entre os esportes olímpicos como uma oportunidade de espaço não só para dançarinos mas também para técnicos e preparadores físicos, o que se descortina como uma bela oportunidade para sua carreira.  Sem falar no que representa para uma cultura vinda do gueto ter um reconhecimento como esse. “Vai ser uma grande evolução, uma coisa que veio da favela, de negros empoderados, estar numa olimpíada, vai ser um up tridimensional”.

O COI decide, no próximo mês de dezembro, se esse elemento do Hip Hop estará ou não nas Olimpíadas da França, em 2024. Se entrar, o break dance dividirá espaço com outras modalidades recém admitidas na competição, como escalada, surfe e skate, que estrearão em Tóquio, no ano que vem. As previsões são positivas, sobretudo após a experiência feita durante os Jogos Olímpicos da Juventude de 2018, ocorridos em Buenos Aires. A competição de dança em Paris deverá ser organizada pela World Dance Sport Federation (WDSF), que é reconhecida pelo COI há mais de 20 anos como a entidade responsável pela dança esportiva mundial.. 



 

Em sua nona edição, a temporada 2020 do Duelo de MCs já começou mobilizando mais de 1.700 artistas de 25 estados e do Distrito Federal. Apenas o Rio Grande do Norte não fará a etapa seletiva estadual, mas representantes do estado podem se inscrever na repescagem, com prazo até amanhã (11), pelo site do Duelo.

Neste ano, as 26 etapas estaduais estão ocorrendo em estúdios profissionais, mas sem público presente e com transmissão online, por causa da pandemia de Covid-19. Até o dia 22 de novembro, 208 MCs se enfrentam nas seletivas, com oito participantes em cada etapa que definirão os finalistas que se enfrentam nos dias 12 e 13 de dezembro.

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Já batalharam os MCs de Roraima, Amapá e Pará. Hoje (10) é a vez do Amazonas, amanhã o Acre e no feriado de segunda-feira (12) disputam uma vaga na final nacional os MCs de Rondônia. Todos os duelos estão sendo transmitidos pelo aplicativo do Duelo de MCs e depois o conteúdo fica disponível no canal do Youtube do coletivo Família de Rua, organizador do evento.

Freestyle

Segundo um dos idealizadores do Duelo de MCs, Pedro Valentim,  as batalhas de freestyle, onde os competidores disputam com rimas improvisadas na hora, ocorrem há muito tempo no Brasil, tradicional na cultura hip-hop. O projeto do Duelo começou em 2007 com o coletivo de Belo Horizonte Família de Rua, do qual faz parte, e desde 2012 o evento passou a ser nacional.

O formato da competição vai permitir que todos os estados participantes tenham representantes na final. “Cada estado fez uma curadoria para chegar em 16 nomes que foram para votação popular e júri técnico, para chegar aos oito nomes que estão batalhando em cada estado. Foram garantidas duas vagas para mulheres em cada estado. Aí vai ter um campeão ou campeã em cada estado, com 26 finalistas”, disse Valentim.

Os outros seis finalistas virão da repescagem, somando 32, o dobro dos anos anteriores. A organização vai receber até 1.500 inscrições para esse processo e fará um sorteio para preencher 550 vagas para homens, 550 para mulheres e 20 para pessoas não binárias.

“Vamos sortear 1.120 vagas para uma dinâmica de batalhas no Discord, um aplicativo de trocas de mensagens por voz. Serão 70 chaves de 16 MCs pelo Discord para chegar nos seis nomes que completam a final. Na segunda-feira, vamos fazer o sorteio e já começam as batalhas, de manhã e de tarde.”

Manas, minas e monas

De acordo com Valentim, como arte urbana e periférica, a cultura hip hop acompanha os movimentos da sociedade. E o empoderamento das mulheres, negros e negras e pessoas LGBTQI+ precisa ser garantido também neste espaço.

“A gente tem discutido muito questões ligadas à comunidade LGBT e tudo que está em torno dessas pautas, que são urgentes, como o racismo e questões ligadas à sociedade nesse momento. A participação das mulheres tem crescido, ainda é muito aquém de um lugar desejado, mas tem aumentado gradativamente e significativamente. E isso é um reflexo nas batalhas.”

Com cada estado tendo pelo menos duas mulheres nas seletivas, o Duelo de MCs conta com pelo menos 52 mulheres participando da disputa, “brigando nas cabeças por esse título e isso é algo extremamente importante”, ressaltou Valentim.

Uma delas é a cantora Bianca Manicongo, conhecida como Bixarte, de João Pessoa. Ativista trans, aos 19 anos, ela começou a participar das batalhas de MCs há dois anos e conquistou espaço para mais mulheres, cis e transgêneros, dentro do movimento hip hop da Paraíba.

“Dentro do hip hop, eu comecei tentando criar novos fins e novas saídas para o meu corpo e me ver naquele espaço, porque eu nunca vi travesti batalhando. Então, eu tive que entrar nesse espaço, hackear e começar a abrir para que outras pessoas como eu pudessem vir também. A minha poesia é uma autodefesa, a gente sempre vê travesti como a morta, corpo encontrado. Eu entro pela ideia de ressignificar o rap e a poesia através do meu corpo.”

Para ela, a inserção na cultura hip hop foi também um processo de autodescoberta e autoafirmação. “Foi um pouco difícil no começo, principalmente por ser uma travesti e nunca negar isso. Eu comecei ainda levantando uma bandeira de bicha, mas nesse processo eu encontrei a 'mulheridade' do meu corpo. É um desafio, eu costumo dizer que as pessoas matam sete leões por dia, mas nós mulheres trans e travestis matamos oito, com a transfobia, todos os dia, para poder chegar em casa para dormir.”

Bianca ficou em terceiro lugar no ano passado na competição de poesia falada Slam Brasil e tem participado da organização de batalhas de mulheres MCs na Paraíba. Citando o rapper paulista Criolo, ela afirma que o hip hop é movimento de resistência, como um quilombo moderno, fortalecido pelo Duelo Nacional.

“O hip hop é um movimento altamente marginalizado desde a sua origem, como o samba foi, como outros ritmos foram. Então, a gente começa a transformar o hip hop em um quilombo moderno, onde a gente vem se refugiar e se organizar para criar expectativas de vida.”

Cultura da periferia

Em sua dissertação de mestrado,na Escola de Música da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Gustavo Souza Marques pesquisou a cultura hip hop e a música rap no Duelo de MCs, acompanhando o trabalho da Família de Rua entre 2007 e 2013. O músico explica que a cultura hip hop surgiu na década de 1970 nos Estados Unidos, como uma expressão da cultura periférica negra e latina. Ela envolve expressões artísticas de rua, com a dança break, a música rap e as artes visuais do grafitti.

Os encontros festivos no bairro de South Bronx, em Nova Iorque, eram chamados de break, wild style ou block party, festa de quarteirão, e tinham um foco forte na dança. O termo hip hop, de quadril ou cintura e pulo ou salto, foi desenvolvido posteriormente pelo MC Keith Cowboy, do grupo Grandmaster Flash & The Furious Five. Quando chegou ao Brasil, na década de 1980, o movimento hip hop teve forte adesão nas periferias empobrecidas do país.

Porém, o pesquisador destaca que a influência vem de Kingkston, capital da Jamaica, onde ocorriam os dancehalls, bailes de rua com caixas de som potentes nos quais os deejays que animavam o baile declamavam rimas junto à música tocada nas radiolas. Além disso, “diferentes gêneros musicais característicos da diáspora africana desenvolveram esse recurso discursivo, no qual o cantor fala em determinados trechos enquanto o instrumental e as vozes de apoio são mantidos”.

Segundo Valetim, a cena da cultura hip hop já está consolidada em todos os estados do Brasil. E como cultura de periferia e das juventudes negras, é um ambiente de militância e crítica social.

“Se mantém nesse lugar de crítica, de botar o dedo na ferida, escancarar as mazelas da sociedade. Mas, no Brasil, a gente tem se permitido falar de outras coisas nesses últimos anos. Os artistas têm falado de todas as pautas, a diversidade está presente na cultura hip hop. Mas esse lugar da combatividade e apontar questões que a sociedade precisa discutir continua sendo uma força do hip hop e do rap”.

O termo rap vem do inglês rhythm and poetry, ritmo e poesia, e foi cunhado pelo DJ Afrika Bambaataa, inspirado nas ideias de líderes negros como Malcolm X e Martin Luther King J., além do Partido dos Panteras Negras. O rapper é a pessoa que rima e está associado ao trabalho autoral de músicas. O MC, Mestre de Cerimônia, está mais relacionado às batalhas de rimas improvisadas.

Um dos maiores clássicos do rap acaba de ganhar uma releitura com direito a videoclipe e  reunião de duas gerações do gênero. O projeto, idealizado pelo rapper Dexter, deu cara nova à canção Voz Ativa, do grupo Racionais Mc’s, e contou com as participações de atuais grandes figuras da cena, Djonga e Coruja BC1. O clipe da música foi lançado nesta sexta (21), e já pode ser conferido no YouTube. 

Com uma longa carreira de sucesso no rap, Dexter tem cinco discos e um DVD lançados. O músico já cantou ao lado de grandes artistas como Guilherme Arantes, Péricles, Paula Lima e Seu Jorge e já foi reconhecido em importantes premiações como o Hutúz, pelo disco exilado Sim, Preso não; e o Inovare, que recebeu das mãos do ministro Dias Toffoli, no Supremo Tribunal Federal.

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Nesta sexta (21), Dexter lança um projeto no qual se junta à nova geração do rap nacional para homenagear um de seus ídolos declarados, o grupo Racionais MC’s. Ao lado de Djonga e Coruja BC1, o rapper fez uma releitura do clássico Voz Ativa, de 1992, que quase 30 anos após sua criação, continua atual tocando em temas graves da sociedade brasileira, como o racismo e a violência urbana. As batidas foram assinadas pela dupla KL Jay e DJ Will.  Nas redes sociais, Dexter falou sobre o lançamento: "Só consigo explicar com a seguinte frase: 'é muito amor envolvido'". 

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A jornalista Barbara Gancia usou o Twitter para rebater críticas do rapper Emicida. Durante a entrevista ao programa Roda Viva na última segunda-feira (27), o cantor comentou sobre o preconceito envolvendo o rap e o hip hop no Brasil e chegou a citar um artigo da jornalista Barbara Gancia, em que ela insinua a ligação dos estilos musicais ao tráfico de drogas.

O texto 'Cultura de Bacilos' publicado em 2007, há 13 anos, nunca havia sido comentado pelo rapper. Ao saber da citação ao seu trabalho, a jornalista usou não poupou as palavras e atacou o artista.  

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"Esse rapazinho Emicida deveria parar de ouvir apenas o som da própria voz. Essa viagem de achar que por ser defensor dos pobres e oprimidos ele tem o direito de sair por aí espinafrando os outros sem procurar se informar provavelmente vai lhe custar alguns dias no purgatório antes publicamente, mesmo estando cansado de saber o custo que um ataque desse tipo pode ter nas redes sociais justiceiras e magnânimas dos dias de hoje. Mostrou ser um nanico, um bostinha sem senso de humor, o mesmo que reagiu feito moleque chorão quando eu tirei sarro dele no Twitter", escreveu Barbara.

E continuou: "É lamentável ele ter se portado dessa maneira comigo, uma pessoa a quem ele já deveria ter aprendido a respeitar, somos colegas de elenco, eu tenho idade pra ser mãe dele, a nossa chefe já falou pra ele que ele estava errado em me julgar tão mal e, na real, eu acho o trabalho social que ele faz admirável. Mas essa parada aqui comigo passou dos limites, melancólica mesmo". 

Atualmente ambos trabalham no canal GNT. Emicida participa do 'Papo de Segunda', já Barbara estava no quadro de apresentadoras do programa 'Saia Justa. 

A jornalista ainda disse que Emicida segue sendo “o mesmo que se recusou a trabalhar comigo na Copa da Rússia, o mesmo que me julga sem nem sequer se questionar porque alguém que ele considera tão desprezível ocuparia espaços em lugares tão próximos aqueles em que ele também está presente. Seriam todos idiotas e só ele enxerga a verdade? Olha só, Emicida: humildade é boa e mandou lembranças, sabichão".

A cultura musical brasileira é formada por nomes distintos que carregam a arte e a mensagem musical como base. Entre aqueles que fazem a diferença, criam a cultura, se tornam referência de sua época e moldam o que novos artistas farão em suas próximas gerações, o LeiaJá separou 5 artistas negros que fizeram história na cultura brasileira.

1 – Bezerra da Silva

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Nascido José Bezerra da Silva (1927-2005) em Pernambuco, foi um cantor, compositor e intérprete brasileiro. Se consolidou no gênero samba de coco, foi responsável por trazer o estilo de vida boêmio para a grande massa. Em suas letras que eram ‘’porta voz dos morros e favelas’’, ele se transformou em nome de resistência em sua época.

 

2 – Elza Soares

Aos 83 anos de idade, Elza Soares continua fazendo história. Sendo uma das cantoras mais notáveis da música brasileira, Elza foi linha de frente na luta da violência contra a mulher. Mãe aos 13 anos, a 'mulher do fim do mundo' relata que “hoje eu acho mais fácil. A ideia da mulher, do negro, o ser humano, ele hoje tem mais liberdade para falar. O negro pode falar, ser o que ele sente”, como expressou ao Alma Preta, em 2018.

 

3 – Gilberto Gil

Ex-ministro da Cultura e dono de hits como ‘’Aquele Abraço’’ (1969) e ‘’Toda Menina Baiana’’ (1979), Gilberto Passos Gil Moreira (77) é vencedor de prêmios como o Grammy Latino e o Grammy Americano e foi condecorado pelo governo francês com a Ordem Nacional do Mérito. Gil foi nome de destaque contra a Ditadura Militar (1964-1985), tendo que sair de seu país por conta de perseguições.

 

4 – Sabotage

Nascido Mauro Mateus dos Santos, o rapper Sabotage (1973-2004) é nome de destaque na cena hip hop brasileira. Sabotage acumula mais de 70 milhões de visualizações no Youtube e mais de 500 mil ouvintes mensais no Spotify. Ano após ano, a prefeitura de São Paulo premia os rappers mais promissores da cidade com um prêmio que carrega seu nome. No Grajaú, Zona Sul da capital, o cinema público da região é nomeado em sua homenagem. 

 

5 – Djonga

Gustavo Pereira Marques (26), mais conhecido pelo nome artístico Djonga, é um rapper, escritor e compositor brasileiro. Considerado um dos nomes mais influentes do rap na atualidade, o artista chama a atenção por sua lírica afiada, marginalizada e agressiva e por suas fortes críticas sociais em suas letras. Djonga já foi citado como um ‘’nome para ficar de olho’’ por publicações internacionais, como a Daily Art Magazine.

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