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“O compromisso vai ser determinante para o sucesso de vocês”. Assim começou Everaldo Chaves, professor de história, que trouxe uma reflexão para os vestibulandos que participaram do Aulão do Vai Cair no Enem, na Uninassau de Boa Viagem. Ele afirmou que o exame não é uma prova “conteudista” e sim analítica.

Diego ainda ajudou os alunos a identificar as questões mais fáceis do Enem, que é por onde os alunos devem começar. O professor recomenda o uso da “CETA”, observar a citação, ver as dicas do enunciado, ler o texto da questão e marcar a alternativa. Se não tiver dica na nesses quatro pontos, então significa que essa é uma questão difícil, que deve ser deixada para o final.

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Chaves ainda revisou conteúdos sobre patrimônio histórico e resolveu questões com os alunos, colocando em prática o uso da “CETA”.

 

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou um inquérito civil que pretende apurar as responsabilidades e a participação do Banco do Brasil na escravidão e no tráfico de pessoas negras no século 19. O objetivo da ação é promover a reflexão sobre o tema para garantir que crimes contra a humanidade como esse jamais se repitam, além de garantir mecanismos de reparação com um olhar voltado para o presente e o futuro, em uma discussão sobre memória, verdade e justiça.

O inquérito foi instaurado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão no Rio de Janeiro (PRDC/RJ) após uma manifestação apresentada por um grupo de 15 professores e universitários, oriundos de diversas universidades brasileiras e estrangeiras, que realizaram uma pesquisa que aponta para a negação e o silêncio sobre a participação das instituições brasileiras na escravização de pessoas.

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No caso do Banco do Brasil, os historiadores apuraram que havia uma relação de “mão dupla” da instituição financeira com a economia escravista da época, que se revelava no quadro de sócios e na diretoria do banco, formados em boa parte por pessoas ligadas ao comércio clandestino de africanos e à escravidão.

O despacho assinado pelos procuradores Jaime Mitropoulos, Julio José Araujo Junior e Aline Caixeta, dá um prazo de 20 dias para que o banco apresente suas considerações sobre a pesquisa que subsidiou a investigação; informe sua posição a respeito da sua relação com o tráfico de pessoas negras escravizadas; informe a existência de pesquisas financiadas pelo Banco do Brasil para avaliar a narrativa sobre a sua própria história; preste informações sobre a relação do banco com traficantes de pessoas e sobre financiamentos relacionados com a escravidão.

Por fim, o MPF pede que sejam informadas as iniciativas do banco com finalidades específicas de reparação em relação a esse período. Pede também o agendamento de reunião com presidência do Banco do Brasil no próximo dia 27 de outubro. Os Ministérios de Direitos Humanos e Cidadania e da Igualdade Racial foram informados da instauração do inquérito e poderão acompanhar as discussões, se assim tiverem interesse.

Mobilização internacional

Nos últimos anos, em países como Estados Unidos e Inglaterra, têm ganhado força um movimento por reparação histórica de grandes instituições que participaram da escravidão.

Nos Estados Unidos, pesquisas têm demonstrado que traficantes e donos de pessoas escravizadas foram os fundadores de faculdades, apontando o papel ativo dessas instituições na manutenção daquela dominação, ao lado da Igreja e do Estado. Como resposta, essas instituições estão sendo pressionadas a estabelecer formas de reparação.

No caso do Reino Unido, existe também uma forte pressão pelo estabelecimento de reparações. Nesse sentido, nações caribenhas organizaram comissões e estão preparando cartas formais que solicitam o pedido de desculpas e reparações por parte da família real britânica, do Lloyd’s of London (instituição que cuida do mercado de seguro) e da Igreja em razão do tráfico de pessoas negras escravizadas.

Um exemplo desse esforço foi o pedido de desculpas do jornal inglês The Guardian pelo papel de seus fundadores no tráfico transatlântico, seguido do anúncio de um programa de justiça restaurativa a ser executado durante uma década. O jornal estima investir mais de 10 milhões de libras nesse programa, que será especificamente voltado a comunidades que descendem de vítimas da atuação dos fundadores no tráfico.

Escravidão

O tráfico transatlântico de pessoas negras escravizadas foi uma das maiores atrocidades cometidas na história da humanidade, com impactos duradouros em nossa sociedade e na constituição das diversas manifestações do racismo estrutural e institucional nas relações sociais.

Pintura de Jean-Baptiste Debret sobre escravidão no Brasil (Domínio Público)

“Revisitar a escravidão implica desnaturalizar a forma como tratamos o papel das instituições e de pessoas que se constituíram e enriqueceram à custa dessa mancha em nossa história. Se, por um lado, devemos reconhecer o papel do negro na construção das riquezas materiais e na estrutura econômica do país para repensarmos a própria história da formação do Estado brasileiro, é necessário, por outro, enfatizar que a diáspora africana é resultado de um projeto de desumanização, violências e dores que contou com a complacência de pessoas, famílias e instituições, as quais se beneficiaram proativamente dessas atrocidades, sem qualquer tipo de manifestação de reconhecimento ou responsabilização”, pontua o inquérito do MPF.

Legislação

O Estado brasileiro se compromete em âmbito internacional a discutir e enfrentar as consequências da escravidão e do tráfico de pessoas negras escravizadas. É um tema que demanda uma atuação permanente no sentido de elucidar violações e também buscar formas de reparação.

A Constituição de 1988 adotou como princípio nas relações internacionais repúdio ao racismo (artigo 4º, VIII), tornando-o crime imprescritível e inafiançável. Além disso, a Constituição ressalta o caráter plural da sociedade brasileira e estabelece um programa para superar as desigualdades sociais e regionais.

Para o MPF, discutir a escravidão e formas de reparação também se insere na busca pela superação do racismo institucional e estrutural. Para essa empreitada, promover a reflexão sobre o tema jamais deve se limitar ao importante olhar para o passado trágico, mas também nos conduzir a uma reflexão sobre o nosso presente e futuro, em uma perspectiva de memória e verdade sobre a nossa história.

Segundo a Corte Interamericana de Direitos Humanos, há cinco conjuntos de medidas importantes para viabilizar os processos de memória-verdade-justiça e nesse sentido enfrentar o racismo e o negacionismo dos efeitos da escravidão. São eles: a investigação e elucidação das situações de violência ocorridas; a responsabilização dos agentes que praticaram as violações; a reparação dos danos suportados pelas vítimas; a promoção da memória; e a adoção de medidas destinadas a prevenir a repetição das violações no futuro.

História

O primeiro Banco do Brasil, criado por alvará régio em 12 de outubro de 1808, teria surgido para enfrentar a escassez de crédito e de moeda no Império Português, porém sua atuação se reduzia ao financiamento público. Os historiadores indicam que o banco se valeu de recursos como a arrecadação de impostos sobre embarcações dedicadas ao tráfico de pessoas escravizadas e destacam que o capital para a formação do banco provinha da economia da época, que tinha na escravidão e no comércio negreiro um papel central. Assim, por exemplo, as subscrições para a integralização do capital do banco provinham dessas atividades, sendo que as maiores fortunas do Rio de Janeiro estavam claramente associadas ao comércio transatlântico de africanos.

Litogravura do Banco do Brasil por P. G. Bertichem, na rua da Alfândega, esquina com Candelária, no Rio de Janeiro, em 1854.

A despeito de o banco ter se constituído em três momentos ao longo do século 19, a própria narrativa da instituição financeira sobre a sua história pressupõe uma linearidade histórica e sua presença bicentenária no Brasil. Apesar dos vínculos históricos do banco com o tráfico de pessoas escravizadas, grande parte da historiografia sobre sua formação reproduziu um apagamento sobre o tema.

Da assessoria do MPF

O 15 de setembro celebra o dia internacional da democracia. Definida pela Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) em 2007, a data visa fortalecer os princípios e a ideia de democracia no mundo. De extrema importância na atualidade brasileira, o tema democracia pode ser conceito chave em perguntas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2023.

O LeiaJá conversou com professores de linguagens, redação e história para discutir como o tema pode aparecer em questões do Enem ou, até mesmo, como argumentação na prova dissertativa, a redação. O professor de história Mardock defende que o aluno estude sobre a história da democracia brasileira, por ser um “marco importante para a garantia das liberdades individuais que foram violadas ao longo dos séculos por regimes imperiais e ditatoriais”.

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História

“Democracia pode ser definida como uma forma de organização da sociedade, na qual o poder político é exercido por uma parcela do povo ou um regime político que os cidadãos têm o direito de participar, de maneira igualitária, nas questões políticas de um país. Isso é feito por meio de eleições, referendos ou plebiscitos”, explica o docente.

“O termo democracia tem origem grega e quer dizer governo do povo. Ele surgiu na Grécia Antiga, mais especificamente em 510 antes de Cristo, na pólis de Atenas. Naquela época, cidadãos comuns eram selecionados aleatoriamente para ocupar cargos na administração e no judiciário do governo. Além disso, uma assembleia legislativa era composta por todos os cidadãos atenienses. Essa prática política foi a responsável por desenvolver o regime democrático como é conhecido atualmente e influenciou instituições políticas das várias partes do mundo, começando pela República Romana”, continua Mardock.

O historiador detalha que a democracia se desenvolveu durante os anos por meio de revoluções e guerras. Já no Brasil, a democracia só foi instituída em 1889, com a proclamação da república. Porém, em 1964, foi interrompida com a ditadura militar brasileira. O governo militar durou 30 anos e é caracterizado pela censura, repressão aos opositores e combate à liberdade de expressão.

Uma nova constituição só foi promulgada três anos depois, a Constituição da República Federativa, mais conhecida como Constituição de 1988, que garantia o direito de votar e se expressar livremente no Brasil. O docente lembra que o tema “varia no tempo e espaço”, então ela pode ser cobrada de diversas formas no Enem.

Alguma dessas formas é perguntar da democracia na sua criação, lá na Grécia antiga. Por isso é importante entender o modelo que existia naquela época, como um conceito novo que possui uma organização política, pela primeira vez. Mas Mardock alerta: “É fundamental saber, também, quem era considerado cidadão na época e de que forma essa cidadania era exercida na pólis por meio do debate público”.

Outra abordagem para a prova pode ser os modelos democracia direta, democracia representativa e democracia participativa. A direta foi prática em Atenas, na Grécia Antiga, que os cidadãos atenienses podiam atuar de maneira direta no estado, propondo projetos de lei e votando em algumas propostas.

Já a democracia representativa dá abertura apenas para o exercício indireto e universal da cidadania por meio da votação de representantes para o poder Executivo e o Legislativo. Por fim, a democracia participativa situa-se entre a democracia direta e representativa, na qual há a eleição de representantes para os poderes. 

“Por último, não deixe de lado o estudo sobre a história da democracia no Brasil que, apesar de jovem no nosso país, representou um marco importante para a garantia das liberdades individuais que foram violadas ao longo dos séculos por regimes imperiais e ditatoriais”, destaca Mardock.

Linguagens e redação

Em acordo com o historiador, o professor de linguagens e redação Felipe Rodrigues também fala da importância do aluno reforçar o conteúdo e se aprofundar no contexto histórico e social da democracia para o vestibular. Em especial, utilizar disso como munição para o texto redacional, junto às críticas sociais no desenvolvimento da escrita.

“Compreender democracia e a importância dessa data é observar o coletivo e os regimes que antecederam. Observar também a organização do Brasil frente à democracia que se iniciou de formas avessas com os votos de cabresto e daí por diante… Inclusive teve uma pausa nessa democracia com o golpe militar acabado em 1985, né? Com a "Diretas Já!". Então, esse estudante ele vai ter todos esses recordes históricos mas também esses aprendizados para levar isso na argumentação crítica dentro de um ponto”, conta Rodrigues.

Alguns dos levantamentos que o aluno pode fazer é sobre o exercício da cidadania ao cidadão ou a ausência deste exercício de cidadania, que o professor defende que é, “prioritariamente, elencado à falta do conhecimento e a crise educacional do Brasil” e que pode aparecer dentro da prova.

“Essa não execução do estado democrático cidadão, ele (o aluno) pode encontrar isso dentro de minorias sociais, dentro da nossa prova de linguagens e códigos, minorias estas, como por exemplo, a questão dos indígenas que já vem também como tema redacional. Aquele pessoal que vai estar dentro dos quilombos, povos originários em si, eles são exemplos claros de pessoas que têm em si o termo cidadania. Também há muitos que não têm registro civis”, compartilha o docente.

Felipe aconselha os vestibulandos a realizar paralelos históricos dentro da prova de linguagens e de humanas, pois o assunto pode aparecer com força. O profissional reforça que o tema é muito importante para a prova dissertativa, podendo ser utilizada no contexto de minorias sociais, de pessoas sem o direito garantido, pessoas invisíveis para o Estado, utilizando a constituição cidadã que é o que compõe a democracia.

“Esse dia importantíssimo é a compreensão de que democracia é coisa séria e é um exercício prioritário, ao menos quando a gente fala sobre o Brasil, mas também diversos países do mundo, para se exercer esse papel cidadão, esse papel constituinte e prioritariamente coletivo, frente às demandas também coletivas”, encerra o profissional, destacando a importância da celebração da data 15 de setembro.

Há 14 anos, no dia 19 de agosto de 2009, foi declarado o dia do historiador, em homenagem ao historiador e diplomata pernambucano Joaquim Nabuco (1849-1910). Para celebrar o dia da profissão, o professor Wellington José organizou uma lista com os nomes mais recorrentes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Faltando pouco tempo para a prova do Enem, os estudantes devem saber como sistematizar e organizar seus estudos e revisões. Confira a lista completa das 10 figuras históricas para você conhecer e revisar sua história antes da prova:

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Dom Pedro I

Primeiro Imperador do Brasil que governou durante o período de 1822 e 1831. Declarou a Independência do Brasil em 7 de setembro de 1822 e outorgou a primeira Constituição em 1824.

Dom Pedro II

Foi o segundo e último Imperador do Brasil. Subiu ao trono em 1840 e esteve à frente do país até 1889. Por meio do “Golpe da Maioridade” foi nomeado imperador em 23 de julho de 1840, quando tinha apenas 14 anos de idade. Durante seu governo, D. Pe dro II focou no desenvolvimento econômico e social do país, sendo construídas as primeiras linhas telegráficas e a primeira estrada de ferro do país. Foi nesse período que as leis abolicionistas aconteceram.

Zumbi dos Palmares 

Líder do Quilombo dos Palmares (1655-1695). Era sobrinho do líder Ganga Zumba, o qual, por sua vez, era filho da princesa Aqualtune dos Jagas (ou imbangalas), um povo de tradições militares com ótimos guerreiros. Lutou pela liberdade de culto e religião, bem como pelo fim da escravidão colonial no Brasil.

Getúlio Vargas

Getúlio Dornelles Vargas, foi um advogado, político e presidente do Brasil. Foi o presidente que mais tempo ficou no cargo em toda a história republicana do Brasil. Vargas encabeçou a Revolução de 1930, na qual depôs Washington Luís (1869-1957) e rompeu o ciclo de alternância política entre as oligarquias cafeeira e pecuária, num regime conhecido como política dos governadores.

Juscelino Kubitschek  

 Conhecido como JK, foi um médico e político mineiro. Foi presidente do Brasil, de 1956 a 1960 cuja época é lembrada como um tempo de otimismo. Ao assumir o poder, Juscelino Kubitschek estabeleceu o lema de sua política econômica, prometendo cinquenta anos de progresso em cinco de governo. O mandato de Juscelino chegou ao fim em meio às crescentes dificuldades econômicas. A inflação e a alta do custo de vida resultaram em inúmeras greves, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Também foi o grande responsável pela construção de Brasília e por torná-la capital do país.

Martin Luther King Jr.

Foi um pastor batista e um dos principais líderes negros na luta contra a discriminação racial nos Estados Unidos. Ativista político, Martin reivindicava salários dignos e mais postos de trabalho para a população negra. Defendeu os direitos das mulheres e foi contra a Guerra do Vietnã. King foi um ativista dentro do movimento negro que lutava pela igualdade civil entre negros e brancos, nos EUA Durante a década de 50.

Karl Marx

Foi um filósofo, ativista político alemão e um dos fundadores do socialismo científico e da Sociologia. (1818-1883), influenciou a Sociologia, a Economia, a História e até a Pedagogia. Marx publicou o livro o Manifesto Comunista, em 1848 criticando o sistema capitalista, relatou a história do movimento operário e termina com o apelo pela união dos operários no mundo todo. Isso ocorreu às vésperas da Revolução de 1848 na França, a chamada Primavera dos Povos.

João Goulart

Foi o vigésimo quarto Presidente da República do Brasil. Assumiu a presidência do país, com a renúncia de Jânio Quadros, governando o Brasil de 1961 a 1964. Os adversários do governo de Jango (militares e políticos conservadores) deram um golpe que ficou conhecido como o “Golpe de 64” / 31 de março de 1964. Foi acusado de comunista e uma vez que os militares assumiram o poder, Jango se refugiou no Uruguai e morreria no exílio.

Montesquieu

Foi um importante filósofo do Iluminismo, responsável pela teoria que, mais tarde, culminou no sistema tripartite de separação dos poderes. Fase (1669-1755). Considerado um dos criadores da “Filosofia da História”, sua maior contribuição teórica foi a separação dos poderes estatais, sistematizados em três tipos: executivo, legislativo e judiciário.

Robespierre

Foi um político que liderou a Revolução Francesa, vindo a implantar um regime conhecido como “Grande Terror”.  Por fim, acabou morto na guilhotina em 1794. Ficou conhecido popularmente como o "incorruptível". Foi deputado na Assembleia Nacional, líder dos radicais e presidiu o país durante o Período do Terror, uma das fases mais violentas da Revolução Francesa. Robespierre defendia um posicionamento inovador para a época, incluindo sufrágio universal com eleição direta, educação gratuita obrigatória e imposto de renda progressivo

O Espaço Ciência, com o objetivo de mostrar a importância da História da Astronomia para Pernambuco, vai realizar, desta quinta-feira (17) até domingo (20), atividades especiais no Observatório Astronômico do Alto da Sé. A ação visa resgatar a história astronômica de Olinda e Recife.

O pioneirismo do estado também será enfatizado. A entrada é gratuita. Confira as atividades da Semana da História da Astronomia:

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17/08 - Astronomia Olindense em HQ (Área externa)

Horário: 16h30 às 17h30 

Atividade: contação da História em Quadrinhos (HQ) ‘Descobrindo a história da Astronomia de Olinda’.

18/08 - Visita ao obelisco do trânsito de Vênus de 1882 (Área externa)

Horário:16h30 às 17h30 Atividade: conhecer a história da primeira e grande experimentação científica na Astronomia brasileira.

19/08 - Observando o passado (Área externa)

Horário:18h às 19h30 

Atividade: observação telescópica de aglomerados estelares e do planeta Saturno.

20/08 - Exibição de vídeos/curtas (Andar térreo do Observatório)

Horário:17h às 19h30 

Atividade: exibição de vídeos/curtas sobre a História da Astronomia mundial e local.

Antes das 8h, a estudante Maria Eduarda Melo, de 18 anos, já aguardava o início do aulão, promovido pelo Vai Cair No Enem, neste sábado (12) na UNINASSAU Olinda. Primeira a chegar no local, Maria Eduarda conta que o objetivo é conseguir uma vaga no curso de publicidade.

Com uma rotina extensa, dividida entre a escola integral e preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2023, a estudante está otimista e ressalta que, mesmo com um cotidiano agitado, não perde a oportunidade de reforçar os estudos para a prova.

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 "Minha preparação deste ano foi diferente do ano passado, que fiz como treineira. Eu faço cursinho na UFPE aos sábados, estudo integral. É uma rotina bem difícil, porque eu moro no Janga e estudo em Casa Forte. São três ônibus para ir e três para voltar, mas, eu estou estudando. Estou determinada ", disse ao Vai Cair No Enem.

À reportagem, Maria Eduarda conta quais são as expectativas para a edição do Enem 2023. "Esse é um ano decisivo para mim. Eu espero que a prova seja tranquila. Não acho que vai ser muito diferente do Enem do ano passado. Acho que as mudanças serão pequenas, nada muito drástico. Estou bem esperançosa", frisa.

A 10ª edição do espetáculo O Massacre de Angico – A Morte de Lampião, encenado em Serra Talhada (PE), no Sertão do Pajeú, que acontecerá entre os próximos dias 26 e 30 de julho, traz, neste ano, diversas inovações, que vão desde o elenco até às técnicas de som. A apresentação ocorrerá sempre às 20h, na Estação do Forró. A entrada é gratuita.

Uma das mudanças mais impactantes nesta edição é a reencenação da última despedida entre Maria Bonita e sua filha, Expedita, no palco do espetáculo. A história carrega uma emoção intensa, pois será a última vez que Maria verá sua amada filha. O espetáculo O Massacre de Angico – A Morte de Lampião traz finalmente sua história ao palco de uma forma que o público não espera ver.

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Outra novidade na edição deste ano, que o público poderá testemunhar, é a entrada de personagens marcantes na peça, como Antônio Conselheiro e Benjamin Abrahão. A trilha sonora do espetáculo também foi completamente regravada, e uma modificação significativa no cenário foi realizada, proporcionando uma surpresa visual que será percebida pelos espectadores que já acompanharam o espetáculo em edições anteriores.

O Massacre de Angico - A Morte de Lampião relembra o encontro entre os militares do governo Getulista e os cangaceiros liderados por Lampião e Maria Bonita. O casal e outros nove integrantes do bando foram mortos no dia 28 de julho de 1938, na grota de Angico, em Sergipe, o que praticamente pôs fim à Era do Cangaço. O texto dramatúrgico foi escrito pelo pesquisador do Cangaço, Anildomá Willans de Souza, natural de Serra Talhada, mesma cidade onde Virgolino Ferreira da Silva, o Lampião, nasceu, e onde a peça será encenada.

“O molho que rege toda esta história é o perfil apresentado do homem, símbolo do Cangaço, visto por um viés bem mais humano. Mostraremos ao público um Lampião apaixonado, que sente medo, que é afetuoso, e que não representa somente a guerra travada contra os coronéis e fazendeiros, contra a polícia e toda estrutura de poder. Vamos mostrar o homem que amava as poesias e sua gente”, revelou o autor do espetáculo, Anildomá Willans de Souza.

O Massacre de Angico - A Morte de Lampião conta com 30 atores, 70 figurantes, além de 40 profissionais na equipe técnica e administrativa. A apresentação faz parte da programação do Tributo a Virgolino - A celebração do Cangaço, que tem a produção da Fundação Cultural Cabras de Lampião, com o incentivo do Funcultura; Fundarpe; Secretaria de Cultura e Prefeitura Municipal de Serra Talhada.

História - O espetáculo reconta a vida do Rei do Cangaço, Lampião, desde o desentendimento inicial de sua família com o vizinho fazendeiro, Zé Saturnino, ainda em Serra Talhada, até a sua morte. Na história, para evitar uma tragédia, o pai, Zé Ferreira, fugiu com os filhos para Alagoas, mas acabou sendo assassinado por vingança. Revoltados e querendo fazer justiça com as próprias mãos, Virgolino Ferreira da Silva e seus irmãos entregaram-se ao Cangaço, movimento que deixou políticos, coronéis e fazendeiros apavorados nas décadas de 1920 e 1930, no Nordeste. Temidos por uns e idolatrados por outros, os cangaceiros serviram como denunciantes das péssimas condições sociais da época.

*Da assessoria de imprensa

 

"Pela mátria soberana, eis o povo no poder/São Marias e Joanas, os Brasis que eu quero ter/Deixa Nilópolis cantar/Pela nossa independência, por cultura popular", cantou o povo preto da marginalizada Baixada Fluminense em fevereiro deste ano, duzentos anos após uma das batalhas mais sangrentas que esse país de tamanho continental já enfrentou. Esse foi o hino da escola de samba carioca Beija Flor de Nilópolis, que no Carnaval deste ano teve como enredo "Brava gente, o grito dos excluídos no bicentenário da independência", no qual, fez o exercício de questionar alguns mitos cristalizados pela história “oficial”, e reacender a luta de três personagens fundamentais que não são devidamente reconhecidas: Joana Angélica, Maria Quitéria e Maria Felipa de Oliveira. 

Na Bahia, estado que foi o berço dessas três mulheres, uma das festas que quase se iguala ao Carnaval em importância, alegria e irreverência é o 2 de julho, data que revisita o ano de 1823, quando a luta popular expulsou de forma definitiva as tropas portuguesas que insistiam em subjugar o Brasil. 

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Ao contrário do que muitos acreditam, a independência não foi conquistada pacificamente após o grito de um colonizador às margens plácidas do rio Ipiranga, como foi desenhado no quadro “Independência ou Morte” do pintor Pedro Américo, e sim, através da participação popular que organizou motins, revoltas e levantes em prol de direitos e, sobretudo, pela liberdade. Por isso, as festas da emancipação são celebradas não com pompa militarista, mas em festejos de rua, onde o povo baiano reafirma seus valores.

Para a população do estado, não é o brado solitário do imperador que representa a libertação. O que demarca a independência, aquela que foi conquistada e não proclamada, é o ato incendiário de Maria Felipa, o sacrifício de Joana Angélica e a coragem de Maria Quitéria, junto aos nativos da região. Sendo assim, nada mais justo do que essa organização popular ter como símbolos, nomes femininos. Para as Marias e Joana - e para tantas outras que estiveram na linha de frente do movimento – o lugar da mulher era onde ela quisesse estar, mostrando que seus protagonismos e, os das suas anteriores, sempre estiveram presentes na história desse país.

   "Quando nos debruçamos sobre os estudos desenvolvidos acerca da participação feminina no processo civilizatório, fica evidente que as mulheres nunca estiveram ausentes da história. No caso específico do Brasil, há inscrita a trajetória de mulheres em lutas revolucionárias em seus mais diversos campos, seja na conquista da independência do país, nas diversas lutas que ocorreram para o fim da escravidão, na luta pelo direito ao voto, em conquistas na área da saúde, da educação, habitação, entre outras. Ou seja, desde o campo às cidades, as mulheres participaram da construção do projeto de nação brasileira. De modo que quando falamos em protagonismo feminino na história do Brasil não há que se reservar o olhar apenas às lutas por igualdade de gênero, mas na construção do país e na consolidação do Estado Democrático de Direito", afirma a cientista social Elãine Dias.   

Assim como tantas outras figuras femininas que sempre lutaram pelo país, e que são estudadas por pesquisadores e pela historiografia, as heroínas da independência também resistiram às ordens impostas que iam de encontro a direitos básicos da população. Elas estavam dispostas a interromperem as engrenagens da exclusão – material e simbólica – promovidas pelo autoritarismo da época contra o povo brasileiro, pois os instrumentos usados por Portugal controlavam e perseguiam aqueles que insistiam nas lutas por autonomia, justiça e inclusão social.   Infelizmente, mesmo com estudos que investigam os processos emancipatórios, a história nacional ainda é contada para cada geração através de pequenos recortes de uma narrativa única. É uma obra política tecida pelos detentores do poder para forjar um sentido do que o povo brasileiro é enquanto nação, através da invenção e da seleção de símbolos pátrios. Enquanto eleva as imagens de colonizadores e pessoas brancas da elite social, provoca o apagamento da trajetória e da contribuição de indígenas, negros e mulheres, na identidade do país. Sendo assim, mesmo depois de 200 anos anos, as lutas de Maria Felipa, Maria Quitéria e Joana Angélica, continuam sendo esquecidas nas salas de aula das escolas do Brasil. 

 "A história oficial foi construída e difundida principalmente por homens brancos, letrados, escritores, que se valeram do poder simbólico de narrar seus feitos como grandes e triunfais", pontua Elãine. "Para se fazer uma análise razoável sobre o processo de invisibilização da participação de determinados grupos na história oficial, é imprescindível compreendermos que a sociedade se estruturou a partir de uma base colonial, escravocrata e patriarcal. Essa estrutura consegue adentrar todas as instituições sociais e reforçar as posições tanto de domínio quanto de subalternização, a fim de manter o status quo dos sujeitos, a partir de padrões de discriminações e preconceitos de várias ordens, a exemplo de raça e gênero, que, portanto, imporão barreiras que limitam o acesso de grupos como mulheres, negros e indígenas a espaços de poder, de acesso a direitos e de participação política", analisa a estudiosa. 

 

Joana Angélica, a Madre que deu a sua vida para proteger seus ideais

Por volta das 11 horas do dia 20 de fevereiro de 1822, a cidade de Salvador estava sendo cenário de uma das cenas mais violentas registrada na história do país: uma religiosa de 60 anos que tentava resguardar a integridade das freiras do Convento da Lapa e impedir a invasão das tropas portuguesas no local, era morta covardemente a golpes de baioneta por soldados do brigadeiro Madeira de Melo, chefe do Exército português que combatia no estado, os grupos pró-independência. 

  "Para trás, bandidos! Respeitem a casa de Deus! Recuem: só conseguirão penetrar nesta casa passando por cima do meu cadáver!", disse a Madre antes de morrer, defendendo as tradições da religião - protegendo o claustro como um local, pois dentro de um convento feminino, homens não podem entrar -, e ao mesmo tempo, desprezando os interesses e as ordens do autoritarismo daquela época.   

"Havia uma grande pressão das Cortes portuguesas, que estavam no poder em Portugal, em relação ao controle das regiões brasileiras. Em busca por autonomia administrativa, muitos movimentos de resistência dentro do Brasil foram desenvolvidos, principalmente na região do nordeste brasileiro. Na ocasião da atuação de Joana Angélica, o conflito se dava entre tropas brasileiras e portuguesas, estas últimas adentrando a Bahia para reafirmar seu poder. Com isso, os portugueses invadiram o Convento da Lapa, lugar onde Joana Angélica vivia desde os 20 anos de idade. Na condição do seu cargo, ela se colocou na frente da tropa para impedir que eles invadissem o lugar – os portugueses acreditavam que as irmãs estavam escondendo homens e armas das tropas brasileiras", disse a historiadora Geovanna Trevelin em entrevista, ao relatar o episódio que provocou um clima de consternação na Bahia, e que foi um dos estopins da revolta dos que já lutavam pela emancipação. 

Vale ressaltar, que o início daquele ano, já era marcado pelas reações dos setores populares contra a nomeação do general português Madeira de Melo, para o cargo de governador das Armas do estado. As tropas baianas e a população não aceitavam a nomeação imposta por Lisboa. Sendo assim, movimentos para impugnar a posse, terminaram impulsionando um embate entre os populares e os soldados que clamavam por independência contra o general e seus comandados.   

O ponto alto da batalha naquela Salvador do início do século 19, foi a tomada do Forte de São Pedro, onde o brigadeiro Manuel Pedro de Freitas Guimarães, comandante nativista, acabou sendo capturado, preso e enviado para Portugal. Não satisfeitos, os soldados portugueses perseguiram os brasileiros que escaparam do Quartel da Mouraria, que ficava próximo ao Convento da Lapa. A tropa então, foi até o local que abrigava centenas de freiras para verificar se os brasileiros tinham procurado esconderijo, assim como também, inspecionar se o templo guardava armas.   

Os portugueses acusaram as religiosas de terem usado o espaço como abrigo para os soldados nativos. Após seus atos criminosos, alegaram a sociedade que agentes pró-independência haviam se escondido no convento e atirado nas tropas lusitanas de dentro do edifício, algo que atualmente é contestado por historiadores, ao afirmarem que os portugueses invadiram diversos locais, praticando uma série de violências, e depois as justificando com mentiras.

Para alguns pesquisadores, apesar da inclemência com que os militares trataram Joana Angélica, acabaram poupando as outras freiras, que, aos prantos, foram autorizadas pelo comandante da operação a serem transferidas para o Convento da Soledade, nas proximidades da região. Outros, acreditam que elas conseguiram fugir pelas portas do fundo do local. 

 O episódio ganhou repercussão por ter se tratado da morte de uma abadessa - cago máximo do convento - em uma sociedade hegemonicamente católica, onde a defesa das instituições religiosas sempre se fazia muito presente. O assassinato de uma mulher que vinha de uma família de ricos aristocratas da cidade, e que desde a sua juventude se dedicava a um templo religioso visto como uma referência para os soteropolitanos, gerou uma comoção popular. 

 A historiadora Geovanna Trevelin ainda contou sobre outra figura feminina que ficou estarrecida com o assassinato da Abadessa. "Sua morte gerou bastante revolta na região, afinal como poderia uma tropa agir com tanta violência contra uma senhora e ainda invadir a casa de Deus? Este acontecimento abalou também uma jovem chamada Urânia Vanério, que costumava produzir panfletos como forma de externalizar seu descontentamento em relação à invasão das tropas portuguesas.

Impulsionada por tamanho absurdo ocorrido no Convento da Lapa, elaborou sua indignação no panfleto 'Lamentos de uma Baiana' onde, em um trecho, ela pontua sua revolta pela morte de Joana Angélica", relatou.   

Aos 13 anos, Urânia Vanério, conhecida como baianinha, foi capaz de transformar suas dores e sua indignação diante da morte de Joana Angélica, em poemas políticos. Através da janela de sua casa, a menina testemunhou as violências praticadas pelos lusitanos na cidade, e assim, escreveu seus versos, como uma maneira de demonstrar sua insatisfação contra aquele regime. A sua história, assim como também a da líder religiosa e de outras mulheres protagonistas do movimento de emancipação, é contada no podcast 'Mulheres na Independência', produzido pela Globoplay em 2022. 

 A vida de Joana também foi destaque na exposição Mulheres Pioneiras: Elas Fizeram História, realizada pela Câmara dos Deputados em 2016. No evento, a Madre foi apresentada como "um símbolo da resistência contra o autoritarismo português" já que, "em meio aos conflitos entre as milícias brasileiras pró-independência e o exército português, Joana, aos 60 anos, morreu ao receber um golpe de um soldado por resistir à invasão das tropas ao convento". 

 Segundo a Arquidiocese de São Salvador da Bahia, ela foi aceita aos 20 anos como noviça no Convento, onde tornou-se irmã consagrada no ano seguinte. Ainda segundo informações, ela era "estimada pelos moradores da capital baiana pelos conhecimentos que detinha", e foi designada abadessa por duas vezes. 

 Em 2001, a arquidiocese solicitou ''a inclusão da pesquisa de documentos comprobatórios'' do martírio dela ''para que se tornasse possível o processo canônico de beatificação'' da abadessa pela Igreja Católica. Se sua morte for entendida pelo Vaticano como um martírio em defesa da fé, não será necessária a comprovação de milagres. 

 A pesquisa, conduzida pela estudiosa Antônia da Silva Santos, iniciada em Salvador, consultou arquivos do Estado da Bahia, da Cúria Metropolitana e de conventos e mosteiros. Considerado insuficiente, o trabalho seguiu para outros acervos do território nacional. A partir de então, o dossiê passou a incluir documentos do arquivo do Mosteiro da Luz de São Paulo, do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP), da Biblioteca Nacional, do Museu Histórico Nacional e do Arquivo Nacional, entre outras instituições do Brasil. Para constituir o processo de candidatura à beatificação, o grupo de pesquisadores também buscou materiais em Portugal, com consultas ao acervo da Universidade de Coimbra, à Biblioteca Nacional e ao Arquivo Nacional da Torre do Tombo, localizado em Lisboa.

 

Maria Quitéria, a mulher que com o seu saiote enfrentou um exército algoz

Boa parte do que se sabe sobre a mulher que conseguiu romper discursos machistas, ao se disfarçar de homem para livrar o seu país dos domínios portugueses, está presente em biografias escritas cem anos após a sua morte, como por exemplo, o livro de Pereira Reis Junior, de 1953, que conseguiu juntar relatos a partir de registros de jornais da época que descreviam os conflitos no território baiano. Além disso, muitas obras se baseiam nas páginas do livro Journal of a Voyage to Brazil, da escritora britânica Maria Graham, que conheceu Maria Quitéria em uma viagem que fez ao Brasil entre 1821 e 1823, período em que as elites oligárquicas usavam seus últimos instrumentos de poder para garantir a permanência do caráter violento, excludente e desigual. 

Em entrevista, a vereadora de Salvador e fundadora da ONG ‘Tamo Juntas’, Laina Crisóstomo (PSOL), afirma que é muito importante a participação de mulheres como a Maria Quitéria em decisões nacionais, principalmente para o fortalecimento das lutas por um país mais justo. A parlamentar que faz parte de um cenário político que, é dominado por homens em sua maioria, diz que tem como inspiração, figuras femininas que contribuíram na independência da Bahia e que através de suas bravuras ‘’conseguiram enfrentar os mesmos padrões que continuam dizendo que os corpos de mulheres não podem ocupar certos espaços’’. 

Laina, que participou das comemorações do 2 de julho deste ano, acredita que a trajetória da cadete rompeu mecanismos misóginos por ter conseguido consolidar seu legado para as gerações seguintes. Vale ressaltar que, mesmo diante de um período conturbado, no qual as tropas lusitanas intensificaram conflitos em torno do comando da província da Bahia, contra os nativos, ela não recuou e fez questão de confirmar seu nome no movimento emancipatório.

 

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A jovem de São José das Itapororocas, quando soube da guerra através de emissários brasileiros que chegaram às regiões do Recôncavo Baiano à procura de homens dispostos a participarem da luta armada, logo pediu a autorização do seu pai, o lavrador Gonçalo Alves de Almeida, para participar do exército. Porém, sem sucesso, o pedido foi recusado.   

O patriarca era o dono da Fazenda Serra da Agulha, no atual município de Feira de Santana, interior do estado. Na propriedade, o homem criava cabeças de gado, plantava algodão e detinha 27 trabalhadores escravizados. A historiografia ainda relata que Maria Quitéria tinha apenas Gonçalo como o seu único responsável, pois sua mãe, Quitéria Maria de Jesus, morreu quando ela ainda era criança. 

Uma das irmãs da jovem, conhecida como Josefa, não satisfeita com a decisão do pai de impedir o alistamento, realizou a vontade de Maria Quitéria. Através de sua cumplicidade, disponibilizou um dos fardamentos de seu companheiro para a moça comparecer ao Batalhão instalado na região, além disso, cortou os cabelos da irmã. Nascia, então, o "Soldado Medeiros". 

 A heroína que cresceu sendo instruída por madrastas e pouco afeita às tarefas de casa - condição imposta às mulheres daquele período -, começou a aprender várias técnicas de combate que eram ensinadas pelos militares brasileiros, e assim, se tornou a primeira mulher a integrar as Forças Armadas do país. Com suas particularidades, ocupou um espaço público que era então destinado a homens, em um local onde a presença de mulheres era proibida. 

Pouco tempo depois do sumiço da filha, o proprietário da Fazenda Serra da Agulha foi até à cidade de Cachoeira, encontrar Maria Quitéria e informar ao major José Antônio Silva Castro de que o soldado Medeiros, na verdade, era uma mulher. Mesmo assim, o comandante permitiu que a soldada continuasse exercendo suas funções no Batalhão, já que possuía habilidades destacáveis com armas de fogo. Em março de 1823, um registro de Portaria do Governo Provisório da Vila de Cachoeira revela que o Major solicitou ao Inspetor dos Fardamentos, Montarias e Misteres do Exército que enviasse "saiotes, e uma espada" para que ela fosse devidamente fardada como mulher. 

 Maria Quitéria participou do primeiro combate em outubro daquele mesmo ano, na região da Pituba. Depois, no mês de fevereiro do ano seguinte, em Itapuã. Nesse período, ela foi promovida a 1º cadete. Em abril de 1823, ela comandou um grupo de mulheres civis que se uniram para lutar contra as tropas inimigas no litoral do Recôncavo.

Os conflitos armados no estado seguiram até o dia 2 de julho, quando os últimos soldados portugueses que ainda resistiam, decidiram abdicar do combate. Um mês após o fim da guerra, ela fez uma viagem até o Rio de Janeiro para ser recebida por D. Pedro 1º. O imperador condecorou a heroína com a insígnia de Cavaleiro da Ordem Imperial do Cruzeiro, medalha criada para homenagear brasileiros ou estrangeiros que tenham lutado no movimento independentista. 

 Ainda segundo relatos biográficos, Maria Quitéria nunca teve o perdão do seu pai perante a sua decisão de participar das lutas pela emancipação. Além disso, os escritores que contam a sua história, apontam que ela teve uma filha, cujo paradeiro é desconhecido, e que durante seus últimos anos de vida enfrentou condições financeiras delicadas. Em 1853, ela faleceu em sua cidade natal. 

 No Centenário de sua morte, o governo Getúlio Vargas bancou a construção de uma estátua de bronze para homenagear a soldada. Com cerca de 1,60 metros de altura, a escultura fica localizada no Largo da Soledade, no centro histórico da capital baiana.

Para além do legado nas Forças Armadas, a sua trajetória de resistência também foi lembrada no período da ditadura militar, quando o Movimento Feminino pela Anistia se apropriou da imagem de Maria Quitéria como símbolo da liberdade. As mulheres que lutavam contra as forças antidemocráticas da época, criaram um boletim informativo, no qual a imagem da heroína foi estampada no documento. Também vale destacar, que na década de 1980, o nome da baiana foi utilizado pelo Partido Comunista do Brasil (PCdoB) para batizar uma editora criada na cidade de Salvador.

Atualmente, a Câmara de Vereadores da capital baiana, tem a Comenda Maria Quitéria, que é uma honraria concedida a mulheres que se destacam em ações que beneficiam o estado da Bahia. Segundo a vereadora Laina Crisóstomo, a homenagem é para destacar a importância de "mulheres revolucionárias à frente do seu tempo". A mais recente figura feminina a ser contemplada com a Comenda, foi a ialorixá Mãe Carmen, de 94 anos, que está há 21 anos comandando o Ilé Ìyá Omi Àṣẹ Ìyámase, o conhecido Terreiro do Gantois, fundado em 1849. 

 

Maria Felipa, a itaparicana que incendiou caravelas lusitanas e fez arder o corpo do invasor

O apagamento da história de personagens negros no processo de construção da identidade deste país, não foi capaz de destruir a tradição oral dos moradores de Itaparica - local do nascimento da heroína - e de cidades do Recôncavo Baiano, que continuam a preservar o legado de Maria Felipa ao longo dos anos. 

 "Sempre fizeram questão de apagar nossas contribuições como povo preto. Sempre quiseram silenciar nossas histórias, nossos processos artísticos e nossa majestade. A branquitude só começou a criar estudos nacionais sobre nós, na escravidão, porém esse triste período não é nada, principalmente quando é comparado aos nossos passados de glória. E mesmo quando lutamos contra as violências impostas, não somos documentados. Os racistas só querem registrar os nossos sofrimentos, apenas", afirma a artística e educadora Joe Andrade, ao se referir aos processos de silenciamento e esquecimento. 

Em trecho do livro Maria Felipa de Oliveira - heroína da Independência da Bahia, de Eny Kleyde Vasconcelos Farias, a história da mulher que não se permitiu ter seu destino acorrentado com as correntes da escravidão, é contada de forma descritiva, respeitando os saberes dos itaparicanos.

"Nasceu escrava, mas depois de liberta colocou a liberdade como maior tesouro de sua vida, moradora da Ilha de Itaparica, negra, alta, desde cedo aprendeu a trabalhar como marisqueira, pescadora, trabalhadora braçal que aprendeu na luta da capoeira a brincar e a se defender, que vestia saias rodadas, bata, torso e chinelas, foi líder de um grupo de mais de 40 mulheres e homens de classes e etnias diferentes, onde vigiava a praia dia e noite a fortificando com trincheiras para prevenir a chegada do exército inimigo, e organizava o envio de alimentos para o interior da Bahia (recôncavo), atuando na luta pela libertação da dominação portuguesa", detalha a Mestre em educação pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).   

A estudiosa ainda relata em sua obra que a descendente de sudaneses, nasceu em data incerta, na conhecida Rua da Gameleira, no atual município de Itaparica. Ela morou na região de Beribeira e, depois mudou-se para a Ponta das Baleias, para viver sua vida em um casarão chamado "Convento", que era um local que servia de moradia para trabalhadores da região. Era ali na Ilha de Itaparica, antiga Arraial da Ponta das Baleias, que iniciavam as primeiras lutas de resistência de Maria Felipa, após ataques lusitanos em seu território. 

 Naquela época, fazia quase três décadas que a Revolta dos Alfaiates ocorreu, um período de grandes transformações políticas para o estado. Além disso, os senhores de Engenho temiam o surgimento de um partido formado por negros, algo que poderia ser alimentado pelo os mesmos exemplos da Revolução do Haiti (1791-1804), na qual pessoas negras escravizadas se rebelaram e proclamaram a independência. O regime escravista considerava que algum “espírito mal intencionado” poderia transformar Salvador em uma "anarquia". 

 Para apavorar ainda mais os escravocratas, 280 escravos recusaram a indicação de um novo feitor, na cidade berço do nascimento de Maria Felipa. Reclamando de que não eram atendidos, o assassinaram a sangue frio, o que elevou as suspeitas sobre haver uma organização política que organizou a revolta. Como castigo, as tropas lusitanas mataram 32 negros. 

A notícia do rastro de mortes deixado pelos portugueses contra participantes dos movimentos independentistas em Salvador, já chegava até os habitantes de Itaparica. A tradição oral ainda diz que, um impressor de identidade desconhecida, com muita esperteza e estratégia, apurou informações militares através do editor português Inácio José de Macedo, que era contrário à emancipação. Sendo assim, alertou às autoridades itaparicanas da iminência de uma investida militar contra a ilha. 

 Atenta aos sinais, a guerra já era uma realidade para Maria Felipa. Ela logo se alistou como voluntária na campanha pela Independência, que reunia indivíduos de etnias africanas e indígenas, além de portugueses simpáticos ao movimento. 

  A heroína ficou logo conhecida na região por liderar mulheres vigilantes conhecidas como “vedetas”, que ficavam às margens do litoral espionando a movimentação das caravelas portuguesas ao redor da ilha. Elas armavam trincheiras, captavam informações, cuidavam dos soldados brasileiros feridos e ajudavam na distribuição de alimentos. 

 No dia 7 de janeiro de 1823, Maria Felipa entrou em seu primeiro combate direto contra os invasores. Como forma de resistência, ela e suas companheiras usaram a planta cansação para agredir violentamente os soldados portugueses. A erva urticante que produz uma coceira intensa e que, com golpes vigorosamente desferidos contra o corpo, produz queimaduras dolorosas. Populares contam através de obras biográficas, que as mulheres antes do conflito, "dançaram na praia de forma insinuante" ao ponto de atraírem os inimigos, que ao se aproximarem, foram atacados com o molho da planta.

Outro momento muito conhecido entre os baianos, é o incêndio de 42 embarcações da frota de Madeira de Melo, o famoso general português que queria dominar a ilha e controlar a guerra na região da Baía de Todos os Santos. As biografias afirmam que Maria Felipa e suas vedetas entraram em um acampamento do exército lusitano, atearam fogo nas caravelas, e conseguiram promover baixas de comandados no exército inimigo.   

Entre a história acadêmica e a história oral de um povo, Maria Felipa tornou-se uma liderança popular e um símbolo da participação feminina em um dos momentos mais importantes da história brasileira. Além disso, conseguiu engrandecer as lutas no estado da Bahia e dizer para as gerações seguintes que a resiliência e a força feminina sempre serão fundamentais para as conquistas de direitos.

Muito tradicional no Brasil, em especial no Nordeste, o São João é uma das festas mais esperadas no ano. A época junina é uma celebração antiga na Europa e, ao passar dos anos, se misturou com a cultura brasileira, se tornando tradição. Apesar disso, a história junina não é tão conhecida. Por isso, o LeiaJá conversou com o historiador e professor Walter Nascimento Jr. para saber mais sobre esse festejo tão colorido.

“As origens das festas juninas remontam às festividades pagãs europeias que celebravam a chegada do solstício de verão no hemisfério norte. Na Europa, essas celebrações eram conhecidas como "festas de São João", em homenagem a São João Batista, e ocorriam no dia 24 de junho. Com a expansão marítima dos portugueses, a tradição foi trazida para o Brasil durante o período colonial, onde se mesclou com elementos da cultura local” conta o professor.

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Essa descendência pode ser vista em várias características juninas, como as quadrilhas, com suas danças em pares, coreografia sincronizada e passos tradicionais, detalhes que vêm das danças de salão europeias e já era incorporado na tradição junina de Portugal. Os trajes típicos são vestidos xadrezes e camisas coloridas, acompanhada por uma música característica, com uma marcha inicial e cada movimento com seu próprio nome.

“Um momento marcante da quadrilha é o "casamento matuto", em que um casal é escolhido para representar os noivos da festa. A cerimônia é realizada de forma bem-humorada, com um padre fictício e personagens cômicos. O casal troca alianças de brincadeira, faz votos engraçados e realiza uma dança especial”, lembra Walter.

O docente conta, também, sobre as vestimentas de xadrez, um ponto muito marcante dessa celebração. Segundo ele, esse estilo de roupas são uma lembrança das vestimentas camponesas europeias do século XIX. Essa influência busca recriar um ambiente rural e acolhedor.

“Outro costume herdado dos portugueses é a fogueira, que desempenha um papel central nas festas juninas. As fogueiras são acesas para homenagear São João Batista e para simbolizar o solstício de verão. Essa tradição remonta às celebrações pagãs europeias, onde as fogueiras eram acesas para afastar os maus espíritos e trazer fertilidade para as colheitas”, explica Walter.

As comidas típicas não podem faltar em qualquer festa de São João, são atrativos internacionais e possuem sua maior base no milho. A canjica, pamonha, milho verde e pé de moleque são frutos dos antigos hábitos alimentares dos moradores do campo e da culinária portuguesa que sofreram adaptações com os ingredientes e sabores brasileiros ao passar dos anos.

“As festas juninas no Brasil têm suas origens na tradição junina portuguesa, trazida durante o período colonial. Os brasileiros herdaram hábitos e costumes, como a dança de quadrilha, as fogueiras, os trajes típicos e as comidas tradicionais, adaptando-os e mesclando-os com elementos da cultura local. Essa celebração única e colorida é um reflexo da diversidade cultural do Brasil e da capacidade de preservação e reinvenção das tradições ao longo dos anos”, finaliza o historiador.

Apesar de muito importante, a festa junina brasileira não possui descendência apenas da cultura europeia. O São João do Brasil foi muito adaptado e influenciado pelo povo indígena e africano, pelos seus costumes e sua culinária. É essa mistura de culturas que transforma essa festa nacional em uma celebração tão rica.

Em 2023, o São João é celebrado no dia 24 de junho. Porém, uma festa popular como essa não se celebra em um único dia. Em diversos lugares, em especial no Nordeste, o dia é celebrado como feriado e muitas famílias costumam viajar para aproveitar o melhor da época junina.

Criado para os desenhos animados do cinema, Donald é um personagem cômico-infantil, um pato branco, sempre vestido de marinheiro. A figura fez sua primeira aparição em 9 de junho de 1934, no episódio "The wise little hen" da série "Silly symphony". De lá para cá apareceu em vários desenhos do Mickey, ao lado de personagens como Pateta e Pluto. Mas foi apenas em 1937 que estreou sua própria série animada, ao lado de sua amada Margarida. O desenho de estréia era "Don Donald". Seus sobrinhos Huguinho, Zezinho e Luisinho apareceriam um ano mais tarde no episódio "Donald’s nephews".

Sua voz rouca nos desenhos é de Clarence Nash, que até então era apenas um homem da zona rural de Watonga, Oklahoma. Nash foi descoberto por acaso pelo próprio Walt Disney, que andava pelas ruas de Los Angeles quando escutou a famosa voz vinda de um anunciante de verduras (Nash). No Brasil, a voz do Donald foi feita pelos dubladores Garcia Júnior, Marco Antônio Costa, Cláudio Galvan, Paulo Vignollo e Márcio Gianullio.

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Nos quadrinhos, estreou em 16 de setembro de 1934, na quadrinização de "The wise little hen" (episódio das páginas de "Silly symphony"), com roteiro de Ted Osborne e desenhos de Al Taliaferro.

Donald passou a ter "vida própria", sem depender de Mickey ou de outros personagens, quando um dos animadores de Disney, Carl Barks, ao ficar encarregado dos quadrinhos, resolveu adaptar uma história originariamente escrita para Donald, Mickey, Pateta e Pluto, desenhando-a apenas com o primeiro e seus sobrinhos: "Donald Duck finds pirate gold", publicada em outubro de 1942.

O sucesso da Disney nos quadrinhos se deve em muito a Barks, apelidado de "O Homem dos Patos". O grande artista produziu histórias até 1967. Criou quase todos os personagens coadjuvantes mais importantes das HQs do Donald, como Tio Patinhas, o pato mais rico do mundo; Professor Pardal, o cientista maluco; Gastão, o primo sortudo; além dos vilões Maga Patalójika e Irmãos Metralha.

Mais recentemente, outra figura se destacou realizando os quadrinhos do pato: Don Rosa, que recriou uma complexa árvore genealógica e toda a história do Tio Patinhas. A Disney italiana criou sua identidade secreta, o Superpato.

Donald tem seu visual concebido por vários artistas, não só americanos, mas de vários países, inclusive do Brasil, que mantém o "design" característico do mestre Barks e a personalidade dos desenhos animados, mas adicionando alguns maneirismos ou estilos próprios de cada um.

Desses todos, além de Barks destacaram-se Giovan Battista Carpi, Giorgio Cavazzano, William Van Horn, Daan Jippes, Keno Don Rosa (autor da "A Saga do Tio Patinhas"), Marco Rota (que segue os traços de Barks), Romano Scarpa, Tony Strobl, Al Taliaferro, Tetsuya Nomura (responsável pelo visual do Pato para os jogos "Kingdom hearts") e Shiro Amano (autor da versão mangá dos mesmos jogos "Kingdom hearts").

Por Elaine Guimarães e Mariana Ramos
Produção: Maya Santos

Aprovada com o objetivo de resgatar "a contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à História do Brasil", a Lei 10.639 completou 20 anos em janeiro de 2023. Trechos da normativa especificam as temáticas que devem ser abordadas obrigatoriamente nas escolas públicas e privadas do Brasil em todo currículo escolar, em específico, nas disciplinas de artes e literatura e história brasileiras.

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Apesar de duas décadas de existência, a historiadora e professora de história da África da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Valéria Costa, observa que há uma interpretação errônea da Lei, no que se refere a restringi-la a algumas áreas do conhecimento.

“Tem-se um entendimento distorcido. A Lei diz que tem que abarcar todas as áreas do conhecimento, mas, algumas disciplinas ficaram de ‘abre alas’. Veja, ficar ‘abre alas’ não significa que é apenas uma obrigatoriedade dessas disciplinas, ou seja, as demais áreas também têm a obrigatoriedade. Essa incompreensão acabou fazendo com que as disciplina das áreas das ciências naturais e exatas não incorporassem de imediato essa empreitada.”

Para além de projetos aplicados nas instituições e abordagens de tais temas em datas como 13 de maio [Abolição da Escravatura no Brasil] e 20 de dezembro [Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra], a presença desses conteúdos em sala de aula contribuem para a construção de uma sociedade antirracista e reconhecimento da população negra na construção do país.

No entanto, o que é previsto por lei, muitas vezes, é deixado de fora da sala de aula. Para Valéria Costa, o que explica a ausência das temáticas prevista na normativa do ambiente escolar é o racismo. “A construção do racismo, que é historicamente elaborada, nega a produção de conhecimento da África e dos africanos em diáspora. Então, o racismo se fortaleceu, dentro da perspectiva ideológica, inferiorizando, necrosando e anulando o outro, que é o africano e descendentes”.

Uma escola eurocêntrica

À reportagem, a docente da UFPE ressalta que os currículos escolares ainda são pautados pelo eurocentrismos, ou seja, a Europa como centro da história e construção da sociedade moderna. “Quando a escola é pautada nesse eurocentrismo esse racismo epistemológico aparece negando que a África tem uma produção de matemática, de biologia, medicina".

Valéria Costa destaca que o processo até a implementação da diretriz nas escolas foi de iniciativa do movimento negro. "A Lei é uma luta antiga do movimento. Ela é muito marcada por uma trajetória de luta histórica do movimento negro, logo, quem batalhou e continuou trazendo essa discussão para a sala de aula fomos nós, professores negros, ativistas e os não negros que têm uma bandeira para defender essa causa".

A formação acadêmica dos professores

Um dos motivos que inviabilizam a consolidação da Lei 10.639 na Educação básica perpassa pela formação dos professores. Nessa perspectiva, a historiadora explica que muitos docentes relatam que não tiveram acesso a esses conteúdos durante a formação acadêmica. “As universidades são estruturadas dentro de um princípio europeu e judaico-cristão. Reitor, pró-reitor são posições, é uma titulação eclesiástica. Logo, a gente esbarra novamente no racismo”.

Valéria Costa relembra que a disciplina que leciona na UFPE, história da África, iniciou na instituição como eletiva, mas, em 2022, passou a ser obrigatória. O que para a docente representou uma avanço. "Isso vem se dando muito lentamente. Em todas as federais, a disciplina de história da África já existe como obrigatória, mas ainda são poucas [universidade] que ofertam a disciplina de relações étnicos-raciais como obrigatória porque ainda não se dá o devido valor". 

SEE reconhece que a Educação antirracista no Estado ainda é tímido

A Secretaria de Educação de Pernambuco (SEE-PE) reconhece que o trabalho no ensino antirracista no estado ainda não alcançou todas as escolas, mas está no trabalho para alcançar esta meta. Lilian Conceição, professora e representante da SEE-PE, afirma que a lei foi uma vitória necessária, mas ela sozinha não assegura uma mudança na cultura racista do país.

“A lei vem, primeiro, para fazer com que o Estado assuma que a educação que vinha implementando até então era racista. (...) Nós precisamos superar o que, infelizmente ainda se encontra em muitas situações, que é falar deste tema do racismo apenas no 20 de novembro e, às vezes, no 13 de maio. É pensar de que modo possamos transversalizar [os conteúdos]”, detalha a profissional.

Lilian explica que a SEE de Pernambuco trabalha na educação antirracista através da adesão de novos materiais didáticos, por parcerias com bibliotecas, do currículo atravessado e transversal e da formação continuada dos professores e gestores da rede estadual. Estas iniciativas procuram preparar o ambiente escolar e os conteúdos para incidir uma educação mais completa dentro das salas de aula.

Muito além do senso comum

Há 11 anos, Walter Nascimento Jr. é professor de história. Ele conta ao LeiaJá como o estudo sobre a história e cultura afro-brasileira reflete na sociedade. "Eu, particularmente, sentia muita dificuldade de entender como são essas raízes históricas e a contribuição do povo preto no Brasil. Isso é muito importante porque como você vai sentir orgulho de algo que você não conhece? E é a partir dessa falta de conhecimento também que surge o preconceito", ressalta.

Para Walter, não basta apresentar o senso comum nas escolas, com temáticas como samba ou capoeira. Estes são importantes, sim, mas desmistificar a história também é de extrema importância. Apresentar a cultura afro-brasileira, conhecimento e contribuição matemática do povo preto, participação política e literária na história do Brasil são assuntos essenciais de acordo com o docente.

O professor Walter Nascimento Jr em sala de aula. Foto: João Velozo/LeiaJáImagens/Arquivo

“Um dos maiores impactos que a gente tem na hora de aplicar a lei é com os docentes, muitos professores não têm a formação necessária. Tanto que o ensino de história e cultura afro-brasileira, muitas vezes, a nível superior, aparece como um curso de pós-graduação e poucas vezes como disciplina obrigatória dentro do currículo do ensino superior”, diz Walter.

Segundo o historiador, há, ainda, muitos docentes preconceituosos que dificultam o trabalho de conhecimento e aproximação da cultura preta dentro da sala de aula. Além disso, ele cita que, durante seu tempo lecionando em escolas, era preciso ter cuidado com a abordagem de determinados temas, pois, a forma que isso chegaria aos pais poderia não agradar. “Como sabemos que existe o preconceito, tinha que trabalhar de forma cuidadosa", pondera.

Walter Nascimento Jr. Foto: João Velozo/LeiaJáImagens/Arquivo

Walter também destaca a dificuldade de encontrar estudos, principalmente vídeos sobre o tema. “É difícil, enquanto docente, porque a gente não tem tanto material didático. Não é uma coisa tão simples você ter estudiosos sobre o continente africano, sobre a história matriz afro-brasileira, que consiga escrever sem estar reproduzindo determinados preconceitos ou senso comum", expõe.

Em contraponto, o professor fala que a Lei 10.639 vai além da questão conteudística e trabalha toda a relação do discente com a sociedade. Orgulhoso, Walter Nascimento Jr. conta sobre como seus alunos foram tocados dentro de sala de aula. “A Lei tem um impacto muito positivo nos estudantes na criação de um reforço identitário. Hoje, os alunos não têm vergonhas de serem negros. Hoje, a representatividade se mostrou importante. Preto? Sou sim, tenho orgulho. Porque ele sabe quais são suas raízes, isso é muito importante, também, na questão de identificação profissional.”

Após 20 anos da lei, Walter acredita que algumas mudanças estão acontecendo, como um “trabalho de formiguinha”, mas que nada adianta ter a legislação na prática pedagógica, se não há esforços para mudar a realidade preconceituosa brasileira. “Antes da gente ter mudanças significativas na forma da lei, é preciso que a gente trabalhe primeiro como a sociedade está pensando”, observa.

Para além dos muros da escola

Assim como Walter Nascimento, a educadora, mãe e artista Kemla Baptista não teve contato com o tema durante a fase escolar. “Eu aprendi tudo em família, que é formada por educadores. A temática era frequente na mesa do café da manhã, almoço e jantar. Parece mentira, mas desde criança que eu me reconheço como pessoa preta”, conta à reportagem.

Filha de professora, Kemla relembra de uma ação promovida pela mãe na época de docência para que a história e cultura africana e afro-brasileira fosse contemplada durante um desfile cívico e como o preconceito ainda está presente diante de tudo que se refere à cultura negra:

Das duas décadas da Lei 10.639, Kemla Baptista dedicou 15 anos ao projeto Caçando Estórias mesmo sem patrocínio ou grandes incentivos. A iniciativa compartilha saberes ancestrais, por meio de contação de estórias, literatura, audiovisual, criação de conteúdo para a internet, teatro de objetos, música e dança. “O Caçando Estórias não é um instrumento para que a branquitude use como se fosse um dicionário do que não fazer”, salienta. 

Kemla Baptista com a filha Ayódele Baptista (à esquerda). Fotos: Elaine Guimarães/LeiaJáImagens

Das atividades desenvolvidas pela educadora e artista está a Casa do Ofá, primeira casa em Pernambuco voltada à Educação antirracista. “Das várias ações de caçar estórias é ter uma casa, uma sede, um espaço físico. É um desejo que eu tinha há muito tempo. Passei por muitos desafios, como todo mundo, durante a pandemia [Covid-19]. Lidar com cultura nesse período e com Educação, que foi completamente dilacerada no Brasil e ter um trabalho que fala de cultura e Educação antirracista é pedir para enlouquecer”, ressalta.

Para Kemla Baptista, 2023 é um ano crucial e, por isso, é necessário que as instituições de ensino, sejam elas púbicas, privadas, da Educação básica ou superior, se posicionem. "Acho que já ficou cafona a pessoa dizer que não sabia, que não tinha conhecimento, que nunca ouviu falar".

O período da ditadura militar marcou o Brasil dos anos de 1964 a 1985, com uma centralização do poder, violência, autoritarismo, anulação de direitos políticos e censura. A última se colocou em posição de comandar o que podia ou não ser veiculado em qualquer meio de comunicação. Durante 21 anos, diversos músicos, atores, cantores e artistas foram perseguidos, torturados e exilados do país.

Este triste momento é parte da história brasileira e está presente no conteúdo cobrado no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em especial nas questões das ciências humanas e suas tecnologias. Contudo, além de perguntas objetivas, o período da censura ainda pode servir como repertório sociocultural na redação. Para entender melhor como utilizar esta tática, o professor de história Hilton Rosas explica melhor:

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“A ditadura militar durou 21 anos, de 1964-1985, período que é marcado pelo retrocesso e centralismo político por parte dos altos escalões das forças armadas. Neste período vingou também a censura, com perseguições aos artistas de diversas áreas”, detalha o docente.

Ao pensar na censura, entendemos que a música, assim como todos os tipos de arte, procurava uma forma de expor a situação que vivia no país. Alguns tinham suas músicas proibidas de circularem e outros apelavam por sinônimos ou mensagens subliminares para passar despercebidos. Estas músicas muito ensinam sobre o período da ditadura, como afirma Hilton.

“No que se trata aos cantores e intérpretes [da época da ditadura], destacamos de Geraldo Vandré à Adoniran Barbosa que tiveram músicas censuradas. Das músicas censuradas podemos citar ‘Cálice’ e ‘Apesar de Você’ do cantor e compositor Chico Buarque, perseguido pelos militares em que na linguagem denuncia o silêncio imposto pelos militares e a censura”, menciona o professor.

Além das músicas citadas, ‘Bêbado e o Equilibrista’, interpretado por Elis Regina, também cita situações da ditadura, como o exílio de alguns artistas e das perseguições política. Hilton Rosas explica que estas canções podem ajudar o aluno na hora da prova, não só de história, ao conhecer mais como foram os 21 anos de censura através da análise musical.

A professora de linguagens e redação Pamella Soares também defende a análise musical para entender a época da ditadura. São diversas músicas e trechos que podem ser utilizadas na redação para dar contexto histórico e repertório sociocultural para seu texto. A docente destaca algumas músicas chaves para os estudantes:

“A de Caetano ‘Alegria, Alegria’ é uma das mais importantes inclusive para quem estuda literatura porque ela dá início ao movimento da Tropicália e tem não só a questão da contextualização do momento histórico da ditadura militar, mas ressalta como era a condição naquele momento das pessoas. Principalmente para lidar com a informação e a ideia de você ter que sair e não pode sair sem documento que você pode ser abordado a qualquer momento”, desenvolve Pamella.

A docente explica que a canção pode dialogar com temáticas voltadas para ideia de regimes totalitários, a imposição de um determinado pensamento, a questão de como a mídia contribui um pouco para criar esse ambiente de totalitarismo. São muitas oportunidades de aproveitamento no texto.

“A música “Roda Viva” de Chico Buarque também é muito legal. Ela é uma música que fala um pouco sobre essa questão de sistema político. A ideia da roda viva, do mundo sempre estar numa coisa meio que aspiral, sabe? A gente sempre acaba voltando para o ponto que a gente iniciou. Então os problemas que a gente enfrenta, problemas políticos e econômicos, sempre é uma coisa cíclica, sempre tá voltando, essa roda viva que representa esse sistema, que tá nessa constante de roda, a roda também de cercar as pessoas que tentam lutar contra esse sistema. É uma música que trabalha com várias perspectivas”, detalha.

Pamella também menciona 'Cálice’, já destacada pelo professor Hilton Rosas, mas o que ela evidencia é o trocadilho de “cale-se” com a palavra cálice, que é o objeto. Inclusive, segundo a professora de linguagens, foi por isso que a música passou pela censura. É uma canção que fala muito da repressão da liberdade de expressão.

“Eu acho interessante essa música porque ela dialoga muito com questões que a gente tá enfrentando hoje. Apesar da canção ‘Cálice’ de Chico [Buarque] ter sido feita lá para o passado, para aquele momento de tensão política e tudo mais, ela ainda conversa bastante com coisas que a gente vivencia agora”, afirma a profissional.

Em uma menção extra, Pamella Soares também relembra Rita Lee, que esteve presente na época da Tropicália com a banda Mutantes, que teve grande contribuição nas questões de liberdade de expressão. É um período de grande importância também para a literatura, com o experimentalismo dialoga muito com o movimento da Tropicália.

Joseph Pulitzer, que dá nome ao prêmio de jornalismo mais importante do mundo, nasceu em Mako, Hungria, em 10 de abril de 1847. Filho de uma família judia bem estabelecida, sua formação inicial foi de professores particulares em francês e alemão, enquanto ainda era jovem. Finalmente, quando seu pai se aposentou e se mudou para Budapeste, Joseph continuou sua educação na capital.

Quando tinha 17 anos, ele tentou se juntar ao exército austríaco. No entanto, ele estava com problemas de saúde e devido à pouca visão, o exército rejeitou seu alistamento. Joseph então decidiu que iria aos Estados Unidos procurar trabalho.

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Em 1864, chegou em Boston. Pulitzer foi para Nova York e encontrou um recrutador do Exército dos Estados Unidos e se alistou como parte da cavalaria de Lincoln. Serviu no exército por oito meses e retornou brevemente a Nova York antes de voltar para Massachusetts. Por causa de seu serviço, Pulitzer tornou-se um cidadão naturalizado dos Estados Unidos, em 1867.

Depois de alguns anos, Joseph tornou-se conhecido como jornalista empreendedor e, em 1872, teve a chance de ter um controle sobre o "Westliche Post". O jornal estava com dificuldades financeiras e quase falindo. No entanto, obstinado, Joseph Pulitzer tornou-se editor aos 25 anos.

Pulitzer se tornou advogado e foi eleito para a Câmara dos Deputados do estado de Nova York. Também contribuiu com dinheiro para construir a primeira escola de jornalismo, a Escola de Jornalismo de Columbia, que não foi aberta até 1912, um ano depois de sua morte. Em sua homenagem, a universidade iniciou a tradição do Prêmio Pulitzer em 1917, a fim de reconhecer conquistas artísticas e jornalísticas.

Pulitzer tornou-se a pedra angular do que o jornalismo se tornaria nos Estados Unidos. Seu jornal era um instrumento que suscitava preocupações sobre corrupção, fraude e práticas ilegais por funcionários eleitos.

Para além dos livros e arquivos, é difícil encontrar referências explícitas no Rio de Janeiro ao período da ditadura militar. Não há centros de visitação, tampouco museus sobre o tema. Com isso em mente, a historiadora Samantha Quadrat, professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), mapeou lugares da cidade que guardam as memórias do regime autoritário entre 1964 e 1985.

Desde o ano passado, ela coordena visitas guiadas com estudantes da educação básica, universitários e professores. A atividade é parte do projeto “Lugares de Memórias”, apoiado pela bolsa de produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq. 

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“Roteiros como esses permitem que você fomente questionamentos, empatia pelas vítimas, valores democráticos, e que discuta também a relação da cidade com as forças de segurança. É uma possibilidade de pensar o ensino na ditadura militar”, explica a historiadora. “A gente não tem no Rio um museu como o de São Paulo, o Memorial da Resistência. Então, é importante que a gente ocupe a cidade, se aproprie cada vez mais dela, dessa história e dessas memórias”, argumenta.

O primeiro roteiro que a pesquisadora desenvolveu foi sobre o movimento estudantil secundarista. A ideia é tornar mais conhecida a atuação desse grupo durante o regime militar, por entender que as histórias sobre a resistência universitária costumam receber mais atenção. Samantha mapeou pontos emblemáticos da cidade que lembrem principalmente a vida e o assassinato do estudante Edson Luís, símbolo da luta dos secundaristas.

Restaurante Calabouço

Um dos destaques é o prédio do Ministério Público, na região central do Rio. No espaço onde hoje existe um estacionamento, funcionava na década de 60 o restaurante Calabouço. Ele havia sido instalado originalmente em um ponto do bairro do Flamengo e fornecia refeições com preços mais baixos para estudantes da rede pública.

O prédio foi demolido e um novo estabelecimento aberto no centro. Mas a obra estava inacabada e o restaurante passou a selecionar quais usuários podiam entrar. No dia 28 de março de 1968, um grupo de estudantes secundaristas ocupou o lugar e protestou contra as novas condições. Dezenas de policiais militares interromperam a manifestação e atiraram nos estudantes. Edson Luís Lima Souto, de 18 anos, foi atingido no peito.

A história continua na Santa Casa de Misericórdia, também incluída na visita guiada. Depois de baleado, Edson Luís foi conduzido para lá, onde foi confirmada a morte. Os colegas secundaristas impediram que o corpo fosse levado ao Instituto Médico Legal (IML), com medo de que os policiais sumissem com ele. O destino escolhido foi a então sede da Assembleia Legislativa do Estado da Guanabara, atual Câmara Municipal. É no local que termina o roteiro com a historiadora.

“Ali, diante dos olhos vigilantes dos estudantes que temiam o que a ditadura poderia fazer com o corpo do secundarista, foram feitas a autópsia e o velório. Aos poucos, milhares de pessoas foram chegando para prestar homenagem e protestar contra a ditadura. Infelizmente, esse episódio não é lembrado na visitação guiada que é realizada no local”, afirma a historiadora.

Edson Luís homenageado

A única lembrança concreta que existe do episódio no Rio é o monumento criado em 2008 para homenagear Edson Luís. Foi uma oferta à cidade da então Secretaria Especial dos Direitos Humanos, do governo federal. Ele fica na praça Ana Amélia, perto da Santa Casa de Misericórdia.

A escultura traz uma bandeira rasgada em meio a uma mancha vermelha e pegadas de vidro na base. Mas quem chega ali hoje não encontra placa, nem qualquer outra referência explicativa. A reportagem da Agência Brasil chegou a ser abordada por um morador da região que desconhecia o significado do monumento.

A pesquisadora prepara outros roteiros sobre a ditadura, que vão trazer recortes temáticos como o golpe de 64 e a história do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna - DOI-CODI, o órgão de inteligência e repressão subordinado ao Exército brasileiro. Ela reforça que ações como essa são importantes para resistir aos silêncios, intencionais ou não, do período autoritário que o país viveu. Mas que é fundamental que o Rio de Janeiro e outras cidades invistam na preservação dessa história. 

“A ditadura e os governos democráticos, durante os debates da modernização, acabaram destruindo alguns desses lugares de memória. É urgente que a gente tenha centros de memória. Um deles deveria ser no prédio do Departamento de Ordem Política e Social - DOPS - que está caindo aos pedaços e que chegou a ser o museu da polícia. É fundamental que a gente crie a demanda pelos memoriais, que haja reflexão na cidade, que consiga fazer um museu como o Chile fez, de memória e direitos humanos”, afirma Samantha.

O destino do prédio onde funcionou o DOPS, no centro da cidade, está em disputa há anos. Recentemente, a deputada estadual Dani Balbi (PSOL) apresentou projeto na Assembleia Legislativa do Estado (Alerj) para que seja criado no prédio o Museu da Memória e da Verdade do Estado.

Serviço 

Colégios, professores, estudantes e outros interessados em participar das visitas guiadas do projeto “Lugares de Memória” podem escrever para o e-mail da historiadora (samantha.quadrat@gmail.com) ou entrar em contato pela conta do Instagram (@lugaresdememoria).

 

Há quase dois mil anos, no monte Calvário, em Jerusalém, um homem chamado Jesus foi condenado e sentenciado a morte por crucificação, após ser tido como um desafeto do governo romano que dominava a Palestina naquela época. Para os cristãos, a figura de Jesus é filho e a materialização de Deus em forma humana, que veio ao mundo para salvar e libertar o mundo do pecado.

A bíblia, bem como historiadores, nos mostra que, assim como qualquer ser humano, Jesus comeu, trabalhou, dormiu e fez amigos. Confira algumas especificidades de como era o mundo na época do homem que, acredite nele você, ou não, deixou a sua marca na história.

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Religião

Na época de Jesus existiam muitas correntes religiosasna Palestina. Elas eram divididas entre:

Saduceus – Centrados no Pentateuco, desprezavam os escritos dos profetas. Negavam a ressurreição e apoiavam-se numa retribuição imediata e material. Atuavam também na política;

Zelotas – Conhecidos pela ortodoxia e pelo conservadorismo. Apoiavam-se na Lei e consideravam o Templo como instituição divina. Acreditavam que o extermínio dos ímpios tornava iminente a vinda do Messias;

Fariseus – Considerados os piores adversários de Jesus, julgavam alcançar a salvação do povo judeu por meio da vivência da lei escrita e oral, lei essa que deveria ser aprofundada para lhes proporcionar maior piedade;

Essênios – Caracterizavam-se como um grupo que buscava dedicar-se inteiramente a Deus e eram rigorosos às regras de pureza. Para eles a santidade de vida era mais importante dos que os holocaustos. Há indícios de que boa parte vivia em Qumrã;

Herodianos – Partidários da dinastia de Herodes o magno, estavam atentos a qualquer grupo messiânico que se opusesse ao poder herodiano;

Movimentos Batistas – Conhecidos como seguidores de João Batista e, também, de Jesus, já que seus discípulos também batizavam. Compreendiam que a salvação era para todos.

De acordo com o professor e historiador Mardock, a religião desempenhava um papel fundamental no contexto social da época. Segundo ele, o judaísmo era a principal religião professada pelas pessoas.

“A religião desempenhava um papel fundamental na vida das pessoas, sendo o judaísmo a religião predominante na Palestina na época de Jesus. O cristianismo ainda estava em sua infância, e a ressurreição de Jesus acabaria sendo um marco na sua história e no seu desenvolvimento”, afirmou.

Política

Em 63 a.C. Roma conquistou a Palestina, aproveitando a fragilidade da dinastia asmoneia, que governou a Judeia desde as guerras dos macabeus até a conquista dos romanos chefiados por Pompeu (de 106 a 48 a.C.).

Do ano 6 até 45 d.C., Judeia, Samaria e Indumeia passaram a ser administradas diretamente por procuradores romanos. Agripa I, neto de Herodes Magno, governou essa região entre 41 e 44 d.C. Após esse período, a administração voltou para as mãos dos procuradores, funcionários ligados diretamente ao imperador de Roma.

Mesmo sob domínio romano, as questões internas da comunidade judaica, eram resolvidas pelo sinédrio, a corte suprema religiosa de Israel, presidida pelo sumo-sacerdote e formado por 71 membros denominados como anciãos, sumos sacerdotes depostos, sacerdotes do partido dos saduceus, escribas fariseus, com sede em Jerusalém, instituído provavelmente ainda no século 4º a.C.

A instabilidade política, no entanto, era forte nesse contexto, como explica Mardock. “A ressurreição de Jesus ocorreu no século I depois de Cristo, naquela época o mundo era muito diferente do que conhecemos hoje. Na região da palestina, onde Jesus viveu e pregou, o domínio romano era forte e havia grande instabilidade política”, pontuou.

Contexto Social

As classes sociais eram bastante divididas. Na participação das celebrações, por exemplo, a divisão das pessoas era feita em: sumo-sacerdote, sacerdotes, levitas, homens, mulheres e pagãos. Em certas ocasiões, especialmente nas festas da Páscoa, de Pentecostes e das Tendas, os judeus de todas as regiões costumavam fazer peregrinações ao Templo, para comemorar os grandes feitos de Deus, libertador do seu povo.

Também de acordo com Mardock, a maioria das pessoas trabalhavam em pequenos comércios e na agricultura. “As cidades eram muito menores e muito mais simples do que as que conhecemos hoje, e a maioria das pessoas trabalhava na agricultura ou em pequenos comércios”, disse.

Em 3 de abril de 1862, durante exílio na ilha de Guernsey, Victor Hugo (1802-1885) publicou o livro Os Miseráveis, sua obra mais popular que imortalizaria personagens como Jean Valjean, presidiário em liberdade condicional. O pano de fundo é a história da batalha de Waterloo até a insurreição republicana de 1832.

Filho de um general do Império constantemente ausente, Victor Hugo foi criado basicamente por sua mãe. Aluno do Liceu Louis Le Grand, tornou-se conhecido ao publicar a sua primeira coletânea de poemas Odes, recebendo uma pensão de Luís XVIII.

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A obra narra a história de Jean Valjean, que, por ver os irmãos passarem fome, assalta uma padaria para roubar um pedaço de pão. Preso, é condenado a 5 anos. Acaba sendo condenado outras vezes por tentativas de fuga e mau comportamento na cadeia, tendo de cumprir 19 anos de reclusão.

Posto em liberdade condicional, tem de se apresentar regularmente às autoridades, condição que, apesar dos altos riscos, nunca cumpriu. Valjean se sente marginalizado por todos, pois carrega o "passaporte amarelo" que o identifica como ex-presidiário. Um bispo, Bienvenu, o ajuda, mas ao invés de se mostrar grato rouba sua prataria. É preso, pois as peças de prata ostentavam o brasão do bispo. No entanto, o bispo se recusa a denunciá-lo e diz que era um presente que tinha dado a Valjean.

O bispo é para ele um homem de Deus, que lhe deu lição de solidariedade e o trata como filho, fazendo com que volte a crer na humanidade. Após 9 anos sob nova identidade, Valjean prospera como negociante de vidrilhos, tornando-se um homem rico e respeitado como prefeito da pequena cidade de Vigau.

Desolado diante do drama de uma das suas operárias, Fantine, demitida de sua fábrica, e que tem de recorrer à prostituição para sustentar sua filha, Cosette, Valjean decide salvar a criança, adotando-a, mas não a tempo de impedir a morte da mãe.

Ocorre que o inspetor Javert é transferido para a mesma cidade. Javert era o homem que tratou o prisioneiro Valjean com crueldade. Quando Javert o reconhece, fica obcecado em desmascará-lo.

CAÇADA A VANJEAN

Contudo, um outro homem é acusado de ser Jean Valjean, mas o verdadeiro Jean Valjean, que estava no tribunal durante o julgamento, diz que o acusado é inocente, provando que ele é Jean Valjean. Isto fará com que Javert inicie uma caçada sem tréguas para prender Valjean, o que o faz passar toda a vida fugindo com Cosette por todos os cantos do mundo.

Até que retornam para a França e lá permanecem na casa de um velho amigo. Cosette se apaixona por Marius, um jovem aristocrata ligado aos meios revolucionários parisienses. Ao descobrir que o amor de Cosette não podia ser combatido, Valjean, apesar da presença de Javert, vai retirar Marius das barricadas, durante uma revolta, e o transporta ferido através dos esgotos de Paris.

Finalmente, Javert acaba por se convencer que toda a perseguição de décadas não passava de crime contra “um homem de Deus” e se suicida. Jean Valjean morre tendo ao lado Marius e Cosette.

O dia 31 de março é o dia marcado pelo início da Ditadura Militar no Brasil com a deposição do então presidente da República, João Goulart, que teve o governo interrompido para que os militares assumissem o Poder. O País compõe a lista de da América Latina que sofreram e sofrem com governos ditatoriais, e isso, com certeza, é um dos temas que quem está se preparando para realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deve ficar atento.

No século 20, uma série de ditaduras, sobretudo militares, desenvolveram-se na América Latina. Diferentes países do Caribe, América Central e América do Sul tiveram experiências ditatoriais marcadas pelo terrorismo de Estado, quando o próprio Estado promove ações de terrorismo contra a sociedade.

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Esses regimes ditadores foram fortemente influenciados pelos Estados Unidos (EUA), que, segundo historiadores, encontraram nesse caminho uma forma de manter o continente americano sob a sua influência e evitar que o socialismo cubano se repetisse em outros locais. Um dos primeiros golpes a serem apoiados pelos norte-americanos foi o que aconteceu no Brasil, em 1964. É o que explica o professor e historiador, Pedro Botelho.

“Na década de 1950, o governo americano apoiou um regime de tendências nazifascistas dentro da Bolívia, que não conseguiu chegar ao poder de maneira extensa, mas sabemos que a operação Brother Sam foi uma operação que visava monitorar as autoridades de esquerda inclusive o presidente João Goulart que foi deposto pelos militares brasileiros que receberam apoio, inclusive, do próprio exército americano”, disse.

Segundo ele, os regimes ditadores vistos no continente latino-americano passa pelo evento da Guerra Fria, conflito político-ideológico que foi travado entre Estados Unidos (EUA) e União Soviética (URSS), entre 1947 e 1991. Botelho ressalta a preocupação americana em impedir a ascensão de governos de esquerda.

“Quando falamos sobre as ditaduras latino-americanas, em contexto geral, também falamos da Guerra Fria. Quando falamos da ditadura de Pinochet, no Chile, da ditadura argentina, da ditadura brasileira, podemos nos conectar ao contexto da Guerra Fria com o mundo dividido em bloco capitalista e bloco socialista, de um lado Estados Unidos e do outro União Soviética. Sambemos que após a Revolução Cubana, em 1959, quando a ilha se torna um regime socialista bem do lado dos Estados Unidos, isso acende um alerta que fez o EUA começar a mexer peças no jogo político da América para impedir esse avanço de governos de esquerda”, explicou.

Diante de tudo isso, o professor dá dicas de como estudar sobre o assunto e estar preparado para responder as questões desse tema que forem apresentadas no Enem.

“O que geralmente cai é, primeiro, o aparelho de repressão, tortura, desaparecimento de pessoas, isso normalmente é pedido que o aluno reconheça através de textos e imagens fazendo uma ligação com a Guerra Fria, e também pode se falar da resistência cultural e política que também foram sistemáticas nesses países, pois onde teve ditatura também teve mecanismos de resistência, então, o aluno precisa ficar ligado nesses aspectos”, apontou.

No dia 31 de março de 1964 se deu o início da instauração da ditadura militar no Brasil, que durou até 1985. Durante 21 anos, direitos foram cerceados, opositores foram mortos e a economia foi significativamente atingida. Durante os quatro anos em que foi presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (PL) relembrou a data com celebrações, ordem do dia, de cartas enviadas e lidas nos quartéis de todo o país. Na atual gestão do presidente Lula (PT), a data não será mais celebrada.

Na véspera do aniversário do golpe, nesta quinta-feira (30), o ex-presidente desembarca no Brasil, depois de uma estadia de 89 dias nos Estados Unidos. Ele sai do território norte americano dentro do período permitido para sua estadia legal no país, que não poderia passar de 90 dias. Jair saiu do Brasil no dia 30 de dezembro de 2022, um dia antes de terminar oficialmente seu mandato presidencial, e sem participar da troca de faixa no dia 1 de janeiro, cerimônia tradicional no país desde a redemocratização.

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O desembarque está previsto para às 7h10, de um voo comercial da empresa Gol. Bolsonaro deverá ser recepcionado no Aeroporto Juscelino Kubitschek, em Brasília, pelo presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, sua esposa, Michelle, entre outros aliados.

Com o desejo de ter uma recepção digna de seleção campeã da Copa do Mundo frustrado, o ex-presidente se encaminhará para sua residência. Segundo informações, Jair não pretende cumprir agenda durante o dia, mas alguns apoiadores têm sugerido agendar motociatas para ele voltar a viajar pelo Brasil. Na próxima quinta-feira (5), ele irá depor na investigação sobre as joias que recebeu da Arábia Saudita, e tentou trazer para o país de forma ilegal quando ainda era chefe do executivo nacional.

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Histórias da repressão no regime militar de 1964 no Pará são resgatadas no "Relatório Final Paulo Fontelles Filho" que será apresentado em sessão solene nesta sexta-feira, 31 de março, no auditório João Batista, na Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), às 10 horas. O documento é formado por uma coleção de três obras, divididas em Tomos I, II e III, e apresenta distintas dimensões sobre os Direitos Humanos e a Ditadura Civil-Militar.

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O Tomo I apresenta os antecedentes históricos da Comissão Nacional da Verdade (CNV) e a luta pela criação da Comissão Estadual da Verdade do Pará (CEV-Pará). O primeiro documento também faz uma breve contextualização da política paraense.

Já o Tomo II contempla a imprensa paraense na ditadura. Enquanto o Tomo III é composto por um capítulo que trata de Ditadura e Gênero, relacionado ao debate sobre Justiça de Transição (situação atual, sugestões para efetivação nacional, repercussões no Estado do Pará e as recomendações).

Segundo o deputado estadual Carlos Bordalo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa), a Comissão Estadual da Verdade foi instalada a partir de lei estadual enviada pelo Executivo. “Ela foi designada legalmente para investigar e levantar o contexto do regime militar em território paraense e seus significados para a construção e formação democrática no exercício da cidadania paraense”, explica o parlamentar.

A Comissão, que foi instalada em 1° de setembro de 2014, desenvolveu investigações em três frentes. Foram as Comissões Estaduais da Verdade do Jornalista, da Universidade Federal do Pará (UFPA) e Camponesa.

“Ela desenvolveu atividades que foram desde oitivas (que são atos extrajudiciais em que testemunhas e acusados são ouvidos sem a presença de advogado) com ex-governadores, ex-deputados, como também líderes sindicais cassados no período da ditadura, com torturados políticos do período da ditadura. Foram também levantadas informações da imprensa do período”, diz Carlos Bordalo sobre a Comissão.

Vítimas do regime

As informações investigadas pela CEV-Pará estão reunidas nos três volumes do Relatório Final da Comissão da Verdade e Memória do Estado do Pará. Esse é o último documento oficial que narra, com detalhado registro documental, as graves violações aos direitos humanos cometidas durante o regime militar na Amazônia paraense.

Histórias como a de Virgílio do Sacramento, liderança rural assassinada nos anos 80, do escritor e jornalista Benedito Monteiro, das ex-presas políticas Isa Cunha e Hecilda Veiga e o assassinato do deputado estadual João Batista estão entre os casos violentos do período que constam na obra.

A data escolhida para o lançamento do Relatório marca os 59 anos do golpe militar de 1964. Para além do dia do evento, o título também carrega grande significado. “O ativista político Paulo Fonteles Filho (morto em 2017) junto com o doutor Egídio Sales Filho, que também já faleceu, foram os dois expoentes maiores da mobilização e da construção do projeto da Comissão Estadual da Verdade”, explica o deputado Bordalo.

“Homenagear Paulo Fonteles Filho é homenagear esse esforço, mas também a tradição, a luta deste ativista e do seu pai Paulo Fonteles”, continua o parlamentar. O pai do ativista que dá nome ao Relatório Final foi assassinado por pistoleiros em 1987 por conta das lutas políticas em prol dos camponeses e da reforma agrária no Pará.

Fio da História

O presidente da Comissão de Direitos Humanos explica ainda a importância de que documentos como o Relatório Final cheguem ao conhecimento da sociedade. “Cada vez que um acontecimento histórico vai se distanciando das gerações presentes é muito importante que esse fio condutor histórico seja oferecido para as gerações do presente compreenderem e entenderem os significados da história”, diz o deputado.

A publicação do documento, de acordo com Carlos Bordalo, é uma maneira de fazer com que as memórias dos chamados “Anos de Chumbo” não sejam esquecidas e evitem que propostas ditatoriais virem realidade novamente. “É fundamental que a memória e a justiça sejam constantemente relembradas para que nunca mais se repitam etapas sombrias, nebulosas”, completa o parlamentar.

O deputado ainda acrescenta a necessidade do apoio ao regime democrático. “Sem democracia não é possível construir justiça social; não é possível pensar-se num país menos desigual, no respeito aos direitos fundamentais, porque qualquer projeto que tem que se viabilizar fora da democracia é antagônico à ideia de uma sociedade plural, democrática, de uma sociedade que lida bem com a sua própria diversidade”, diz Bordalo.

A publicação do Relatório foi feita pela Imprensa Oficial do Estado do Pará (IOEPa), por meio da Editora Pública Dalcídio Jurandir, com recursos de emenda parlamentar do deputado estadual Carlos Bordalo e da ex-deputada estadual Marinor Brito. Os 300 exemplares impressos serão enviados com prioridade para as Bibliotecas Públicas do Estado e para outras de referência nacional. A obra estará disponível na íntegra, para o público em geral, no site do Poder Legislativo do Estado e da Sociedade Paraense de Direitos Humanos.

Por Maria Clara Passos, Victor Sampaio e Beatriz Rodrigues (sob a supervisão do editor prof. Antonio Carlos Pimentel).

 

 

Neste domingo (12) são celebrados os aniversários de fundação das cidades irmãs, Olinda e Recife. Elas celebram, respectivamente, 488 e 486 anos de existência, colocando elas na lista das cidades mais antigas do Brasil.

Fundada em 1535, Olinda foi a primeira capital de Pernambuco, quando a exploração e comércio de cana de açúcar era forte na região. A primeira área da cidade foi construída no Sítio Histórico, na parte mais alta, de onde, diz-se, Duarte Coelho olhou a vista e exclamou “Ó linda situação para construir um vilarejo”. Olinda foi a primeira capital do estado, até 1827, quando uma resolução da coroa portuguesa alterou o título de capital para Recife.

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Por outro lado, Recife passou a ser uma vila a partir de 1537, dois anos depois, mas sua existência já havia sido notada pelas expedições. Seu nome tem origem no antigo árabe "ar-racif", que significa calçada, caminho de pavimento, palavra que foi designada para se tratar das barreiras naturais presentes em toda a costa da cidade. Do termo surgiu a palavra “arrecife”, e foi pensando nessa característica que chegou-se ao nome Recife.

As chamadas “cidades irmãs” possuem belezas naturais e cultura que encantam. Recife possui o título de berço do frevo, enquanto que Olinda conta com um dos maiores carnavais de rua do país. Além de terem sido protagonistas na história do Brasil em diversos episódios, os municípios levam em suas ruas as memórias do passado. O sítio histórico de Olinda e a região do Recife Antigo são tombados e protegidos pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). 

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Celebrações

Neste domingo (12) as cidades aniversariantes têm uma programação especial para a população. No Recife acontece às 18h o retorno da festa do Boi Voador, na praça do Marco Zero. Já em Olinda, a partir das 16h, haverá encontro de blocos carnavalescos, com concentração na sede da Pitombeira dos Quatro Cantos, além da participação do Galo da Madrugada e do bloco John Travolta.

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