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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) determinou que os Estados usem 80% de suas respectivas parcelas do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP) para ações de combate a homicídios. A medida representa um direcionamento de cerca de R$ 800 milhões para redução de mortes violentas em 2023.

O critério, definido em agosto pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, é uma reação às críticas sobre os resultados da pasta na área de segurança pública. Como mostrou a Coluna do Estadão, o PT acredita que o governo está perdendo o debate público sobre o tema e culpa o ministro por isso. As queixas da cúpula partidária já foram levadas a Lula.

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Em 2023, a parcela do FNSP repassada aos Estados será de R$ 1.009.563.054,00 (veja divisão abaixo). Além dos 80% para combater homicídios, 10% deverão ser destinados para ações de enfrentamento à violência contra mulheres e os outros 10% à melhoria da qualidade de vida dos profissionais da segurança pública.

Até então, não havia um porcentual mínimo a ser destinado para enfrentamento das mortes violentas. A portaria que estabeleceu os novos critérios determina ainda que eles deverão ser novamente cumpridos pelos Estados no exercício de 2024.

Entre as ações que os governadores poderão desenvolver com as fatias reservadas para enfrentamento das mortes violentas estão compras de viaturas, novos armamentos e equipamentos.

Outros setores do governo, como partes da Polícia Federal, manifestaram incômodo com a nova diretriz por considerarem que ela trata o combate a homicídios de modo simplificado, com foco em ações ostensivas que podem gerar mais dividendos políticos do que resultados práticos.

A mudança no critério do Fundo é sequência de uma outra baixada pelo governo federal para tentar ganhar tração na pauta da segurança pública. Em março, Dino permitiu que os novos governadores alterassem os planos das gestões anteriores para destinar mais de R$ 2 bilhões que ficaram represados entre 2019 e 2022.

A portaria anterior ressaltava que o aval para a revisão dos planos se dava pela "necessidade de ampliar a eficácia das ações de segurança pública". Para receber os recursos, os Estados precisam enviar planos de aplicação ao governo federal.

O ministério permitiu que os governadores empossados em 2023 pudessem refazer os planos dos antecessores para usar como quisessem, desde que a destinação também ficasse restrita a ações relacionadas à segurança.

As novas portarias passam pelas mãos do chefe da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), Tadeu Alencar. Segundo ele, a definição dos 80% visa solucionar uma demanda geral da sociedade e reduzir o número de mortes.

O Brasil registrou uma redução de 2,4% nos registros oficiais de mortes violentas intencionais ocorridas em 2022, na comparação com 2021. Foram 47,5 mil pessoas mortes, contra 48,4 mil no ano anterior. O ex-presidente Jair Bolsonaro buscou vincular a queda à política de facilitação do acesso a armas para civis, tese repudia por especialistas e pesquisadores do tema.

"Não temos dúvida de que ao final de um ciclo de governo teremos uma estruturação das políticas de segurança muito diferentes da ausência de políticas de segurança que marcou o governo Bolsonaro. Não nos parece razoável ter 47 mil homicídios, ainda que sejam menos que em anos anteriores. Isso nos impõe como desafio reduzir a criminalidade violenta", afirmou Tadeu Alencar.

O governo da Bahia, Estado líder em número absoluto de mortes pela polícia em 2022 e segundo maior em taxa proporcional, disse nesta quinta-feira, 20, que as pessoas mortas em confrontos com os agentes são "homicidas, traficantes, estupradores, assaltantes, entre outros criminosos". Por essa razão, informou a Secretaria da Segurança local, não computa os registros junto com os dados de "morte praticada contra um inocente".

Dados divulgados nesta quinta-feira pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que 1.464 pessoas morreram em confronto com a polícia baiana em 2022. O dado representa uma alta ante as 1.335 mortes registradas em 2021. A taxa no período passou de 9,5 para 10,4 por 100 mil habitantes. No País, os indicadores de letalidade policial registraram queda, de 6.524 para 6.430.

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A lei prevê que o policial que matar uma pessoa em ação de legítima defesa de si ou de terceiro não responderá a crime de homicídio desde que comprovada a necessidade de intervenção. Óbitos registrados em ocorrência são investigados pelas corregedorias das corporações e pela Polícia Civil dos Estados.

O Ministério Público, que tem prerrogativa do controle externo da atividade policial, também monitora as investigações e pode oferecer denúncia em caso de transgressão. O julgamento dos casos e de eventuais suspeitos envolvidos cabe à Justiça. A Constituição, destacam especialistas, prega a presunção de inocência.

O Fórum contabiliza o que chama de mortes violentas intencionais (MVI), cálculo que leva em consideração os casos de homicídio dolosos, latrocínios, lesões seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial. O cálculo foi alvo da crítica da secretaria baiana. A Bahia registrou 6.659 mortes violentas intencionais, queda ante os 7.069 casos de 2021. A taxa por 100 mil habitantes é de 47,1, a segunda maior do País.

"A SSP destaca ainda que não coloca o homicídio, latrocínio ou lesão dolosa seguida de morte praticado contra um inocente, na mesma contagem dos homicidas, traficantes, estupradores, assaltantes, entre outros criminosos, mortos em confrontos durante ações policiais", declarou a pasta baiana.

Sobre a letalidade policial, a pasta mencionou que "tem investido em capacitação e inteligência policial, buscando sempre atuar na proteção da sociedade". "Reforça que aqueles criminosos que atacam as forças de segurança, receberão resposta proporcional e dentro da legalidade", declarou.

No mês de maio, o estado de São Paulo registrou queda no número de homicídios dolosos [intencionais], latrocínios [roubo seguido de morte] e de roubos. No entanto, houve aumento no número de estupros e de furtos no estado.

Os dados estatísticos de criminalidade referentes ao mês de maio foram divulgados nesta segunda-feira (26) pela Secretaria Estadual de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP).

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No caso dos homicídios, foram contabilizados 195 casos no mês passado, queda de 14,5% em relação a maio de 2022, quando foram registrados 228 casos. Segundo a secretaria, trata-se do menor número de homicídios registrados para um mês de maio dos últimos 23 anos.

Considerando-se o acumulado dos cinco meses do ano, o número também é o menor da série histórica, iniciada em 2001. Foram 1.136 homicídios em 2023 e 1.168 em 2022, queda de 2,7%.

Em relação aos latrocínios, eles passaram de 13 registros em maio do ano passado para 12 neste ano. Já os roubos passaram de 19.749 registros em maio do ano passado para 19.254 em 2023, redução de 2,5%.

No mês passado, a SSP-SP anunciou a criação de um grupo de trabalho para revisar as estatísticas criminais referentes a 2022. Segundo a pasta, o Sistema de Informação e Prevenção de Crimes contra a Vida (SPVida) foi criado para disponibilizar os casos no formato de mapa e pelos boletins de ocorrência, “possibilitando também que a população faça uma auditoria no que está sendo publicado, ampliando a transparência”.

Estupros e furtos

Por outro lado, o estado de São Paulo continua registrando uma tendência de aumento nos casos de estupro. A alta foi de 18,5% em maio deste ano, com 1.299 casos registrados.

Uma das razões que explicariam esse aumento, disse a secretaria, foi uma modificação na lei. Antes de 2018, a ação penal era pública condicionada à representação. “A polícia só podia agir com autorização das vítimas maiores. Agora, a ação ficou pública incondicionada: a polícia tem que agir independentemente da vontade das vítimas”, informou a pasta.

“O crime de estupro é um dos mais subnotificados, tese comprovada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e vários outros institutos que estudam o tema. Portanto, o número de estupros pode ser até quatro vezes maior do que o que temos registrado. Porém, a constante divulgação de informações sobre esses crimes, como denunciar, sobre direitos e possibilidades das vítimas, aumentam os registros, pois as vítimas entendem e se fortalecem em denunciar”, disse a delegada Jamila Jorge Ferrari, coordenadora das Delegacias de Defesa da Mulher, por meio de nota.

“Os dois anos da pandemia e as escolas fechadas também represaram, de alguma forma, os dados, já que as escolas são muito importantes na detecção desses crimes”, complementou.

Os dados estatísticos divulgados nesta segunda também mostraram alta de 1,7% nos registros de furto em maio, com 50.171 casos registrados.

O número de crimes cometidos contra mulheres no estado de São Paulo teve forte alta no primeiro trimestre de 2023, em comparação com o mesmo período do ano passado. Entre os índices que se destacam, estão o feminicídio, que aumentou 24%; a ameaça, que cresceu 70,8%; e a lesão corporal dolosa, com elevação de 13,8%. Os dados são da Secretaria de Segurança Pública (SSP).

Chamam mais a atenção as taxas de crescimento de delitos como o homicídio doloso e a tentativa de homicídio contra as mulheres, que tiveram altas expressivas e aumentaram bem acima do registrado contra a população em geral – homens e mulheres somados.

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De acordo com os dados da SSP, no primeiro trimestre de 2023 o número de homicídios dolosos, que tiveram mulheres como vítimas, somaram 128 casos, alta de 19,6% em comparação ao mesmo período de 2022.

Já o número de homicídios dolosos contra a população em geral somou 719 no mesmo período, uma alta de 2,8% em comparação a igual período de 2022 – ou seja, a incidência do crime aumentou 19,6% contra as mulheres e 2,8% contra a população em geral.

O mesmo ocorre com as tentativas de homicídio. No primeiro trimestre de 2023, elas somaram, contra as mulheres, 101 casos, com elevação de 26,2% em comparação ao mesmo período de 2022. As tentativas de homicídio contra a população em geral totalizaram 933 casos, um aumento de 13% - ou seja, o crime aumentou 26,2% contra as mulheres e 13% contra a população em geral.

A SSP foi questionada pela reportagem sobre o maior aumento dos homicídios dolosos e tentativas de homicídio contra as mulheres, em comparação ao registrado contra a população em geral. Em nota, a secretaria não apresentou uma resposta direta. Afirmou que a variação dos casos de feminicídio e homicídio dolosos contra mulheres é alvo de análise permanente por parte da secretaria. E que 68% desses crimes foram provocados devido à relação afetiva entre a vítima e o autor.

“As outras ocorrências tiveram como autores amigos ou familiares. Em cerca de 88% dos casos, a vítima já tinha um histórico de violência doméstica. A SSP segue trabalhando continuamente para aprimorar o atendimento à mulher em situação de vulnerabilidade e capacitar os policiais para lidar com essas situações de maneira humanizada”.

A professora de antropologia da Universidade de São Paulo (USP) Heloísa Buarque de Almeida levantou algumas hipóteses que podem explicar o aumento dos crimes contra as mulheres. Ela lembrou que nos anos 70 houve também o registro de elevação da violência doméstica contra as mulheres quando cresceu o trabalho feminino fora do lar.

“Exatamente quando as mulheres ganham mais poder, os homens se sentem mais ameaçados, a violência doméstica aumenta. A violência de casal tem muito a ver com uma coisa que a gente chama de fantasia de poder, de o cara querer controlar a mulher”, destacou.

Ela sugere que a reivindicação de mais direitos pelas mulheres pode estar ligada ao aumento da violência, como reação dos homens. “Quando o movimento feminista cresce, as mulheres demandam mais coisas em casa, por exemplo. Normalmente aumenta a violência doméstica, e o feminicídio está ligado à violência doméstica. As mulheres são assassinadas, às vezes, quando decidem separar”, ressaltou.

O Estado de São Paulo registrou alta nos crimes de homicídio no ano de 2022, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira (26) pela Secretaria da Segurança Pública. Os assassinatos tiveram alta de 7,2% em relação a 2021 e superaram a quantidade registrada em 2019 (+4,7%), último ano que não sofreu efeitos do período da pandemia.

São Paulo teve 2.909 casos de homicídios dolosos registrados ao longo do ano passado, o equivalente a oito crimes por dia. Essas ocorrências resultaram nas mortes de 3.044 pessoas, já que um caso pode ter mais de uma vítima. É o maior número observado no Estado desde o ano de 2018, quando houve 2.949 casos com 3.106 vítimas.

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A maioria das pessoas assassinadas no Estado ao longo do ano passado era do sexo masculino (84,8%), branca (45,4%) ou parda (43,3%) e tinha entre 20 e 44 anos (51,4%). Os crimes aconteceram majoritariamente em uma via pública (57,2%) ou na residência da vítima (21,4%).

Ainda segundo os dados divulgados pela SSP, a maioria dos homicídios teve como motivação algum conflito interpessoal entre pessoas conhecidas ou desconhecidas (34,9%). "Quando a gente fala de conflitos interpessoais é o que chamamos de 'morte banal', que pode ser no bar, em casa, no trânsito… Mas se há indício de execução, já é diferente, porque foi um crime encomendado e foi premeditado", afirma Carolina Ricardo, diretora executiva do Instituto Sou da Paz.

"É possível que as armas estejam mais presentes nesses crimes. Vimos casos recentes dos CACs (Colecionadores, Atiradores e Caçadores), que acabam atirando sem querer e causando uma tragédia maior. Não é um índice causado única e exclusivamente por isso, mas ele torna os conflitos mais letais", diz.

Professor de Gestão em Segurança Pública na FGV, Rafael Alcadipani afirma que outro fator contribuinte para o aumento desse índice no Estado é o crime organizado: "Houve uma alteração nas dinâmicas de facções criminosas, que hoje têm visto disputas internas como não se via antes. É preciso que a polícia esteja empenhada em tirar essas armas, principalmente as ilegais, das ruas", diz.

Na capital, entretanto, a tendência foi inversa, mesmo que por pouco: foram 560 homicídios dolosos e 583 vítimas desses crimes, uma diferença de apenas três casos e 20 mortes a menos do que no ano passado. Assim, 2022 tornou-se o ano com menor índice dessas ocorrências ao longo da última década.

Resposta

"É muito importante investir na capacidade de investigação e solução desses crimes. Essa variação com pouca explicação sobre os índices abre um chamado para São Paulo. É preciso reduzir ainda mais e esclarecer um por um. Nenhum homicídio pode ficar sem resposta."

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública afirma que ampliou o policiamento no Estado com a Operação Impacto, lançada no último dia 11 "a fim de potencializar a percepção de segurança". Segundo a pasta, as forças policiais "utilizaram o reforço operacional de forma direcionada, com planejamento estratégico baseado no uso de inteligência policial e geoprocessamento de dados".

Roubos sobem, mas se mantêm abaixo do patamar pré-pandemia

O Estado de São Paulo registrou 245.900 casos de roubo ao longo do ano passado, segundo as estatísticas da Secretaria da Segurança. A quantidade representa uma elevação em relação a 2021, quando 225,7 mil roubos aconteceram nas cidades paulistas, mas fica abaixo dos 255,4 mil de 2019 (ano que não sofreu interferência das dinâmicas impostas pelo período da pandemia de covid-19).

Ao longo do ano passado, os roubos atraíram a atenção das autoridades de segurança pública após casos emblemáticos. Um jovem foi vítima de um latrocínio (roubo seguido de morte) no Jabaquara durante um assalto. O caso desencadeou uma reforço no policiamento, medida adotada pelo então governador Rodrigo Garcia (PSDB).

A maioria dos roubos do Estado aconteceu na rua (22,53%) ou a veículos (15,16%). Os objetos roubados com mais frequência foram documentos, como cartão bancário e registro de identidade, ou celulares, presentes em 42,12% e 67,29% das ocorrências, respectivamente.

Os furtos, crime que se diferencia do roubo por não ser cometido com violência ou grave ameaça, dispararam. Foram 564.940 ocorrências, atingindo o maior patamar desde 2005, quando houve apenas 20 registros a mais. Os dados do ano passado indicam que houve mais de um furto por minuto no Estado ao longo de 2022. Em 2019, o número de furtos tinha ficado em 522,1 mil.

Crise

"Essa 'volta ao normal' faz os crimes voltarem ao 'normal' também. Acrescida ao momento econômico complexo e complicado que vivemos no Brasil, acredito que é o que leva esse índice (de furtos) ter chegado ao topo", diz o cientista político André Zanetic, associado do Fórum de Segurança Pública.

Ele afirma, entretanto, que esse movimento foi diferente entre áreas nobres e aquelas de maior vulnerabilidade social, principalmente na capital paulista. "Nos bairros mais pobres, houve queda menor (de ocorrências) e número maior de crimes ocorrendo, provavelmente porque as pessoas tiveram menos oportunidade de fazer isolamento social. Enquanto nos bairros ricos, como os Jardins, e nas áreas comerciais, a queda foi mais abrupta."

Na contramão desses aumentos, os registros de crimes como tentativa de homicídio e homicídio culposo, lesão dolosa e latrocínio foram maiores que os dos dois anos anteriores, mas ainda estão abaixo do patamar visto em anos pré-pandêmicos.

Nº de estupros atinge maior patamar desde 2001

O registro de estupros chegou em 2022 ao maior patamar da série histórica iniciada em 2001 no Estado de São Paulo. De acordo com dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública, foram 12.615 casos, o equivalente a mais de um por hora nas cidades paulistas ao longo do ano passado.

O número de 2022 é 7,3% maior na comparação com o dado do ano retrasado, e 1,9% maior que os registros de 2019, último ano a não sofrer os impactos das dinâmicas da pandemia de covid-19.

Do total de estupros registrados em 2022, 77% foram contra vítimas vulneráveis, formadas por crianças menores de 14 anos ou qualquer pessoa incapacitada de consentir ou discernir o ato sexual por condição mental ou física. Em 2022, os registros desses crimes foram os maiores desde que o perfil das vítimas passou a ser detalhado pela Secretaria, em 2016.

Na capital, o padrão de alta se repetiu. Foram 2.448 casos no ano passado, crescimento de 4,7% em relação a 2021. Na comparação com 2019, o dado apresentou queda na cidade, com redução de 8.1%. Segundo dados da SSP, aconteceram 1.803 estupros de vulnerável nos bairros paulistanos ao longo do ano passado.

Nível de violência contra as vítimas tem sido maior, aponta especialista

"O que mais tem nos deixado assustados é a quantidade de mulheres que chegam com nível de violência maior. A gravidade agora é muito alta. Recebemos mulheres desde 2004, mas agora as agressões mais violentas", afirma Heloisa Melillo, coordenadora-geral do programa Bem Querer Mulher, que oferece acolhimento às mulheres vítimas de violência doméstica direto nas delegacias.

Heloísa diz que "a pandemia passou, mas a população além de doente está empobrecida", o que contribui para a violência doméstica. "Não dá para separar isso da questão com a mulher", afirma.

Apesar de admitir que os números de São Paulo são dramáticos e ainda há subnotificação, ela afirma que o contexto nacional é mais preocupante. "Em termos proporcionais, São Paulo é o Estado mais seguro para a mulher viver. A situação nacional é ainda pior", diz.

Esse movimento se refletiu no crescimento das denúncias de lesão corporal dolosa (casos de agressão, por exemplo), que chegaram a 52.672 no ano passado, maior que nos dois anos anteriores, mas ainda inferior aos períodos de pré-pandemia. O total de ameaças contra as mulheres, entretanto, atingiu o maior patamar da década com 75.248 ocorrências: mais de oito por hora.

A Secretaria da Segurança Pública foi questionada sobre os dados, mas informou que o secretário, Guilherme Derrite, vai se posicionar em entrevista coletiva hoje. Em seu site oficial, a pasta destacou "o compromisso em combater à criminalidade e iniciou os trabalhos para reduzir os índices criminais que estão em alta".

Apesar do aumento de crimes contra a mulher, Heloisa é categórica em afirmar que há uma mudança social em curso: "Vejo uma parcela maior da sociedade indignada com esses números, formada principalmente por uma parte considerável de mulheres. Elas estão mais informadas e denunciam mais do que antes."

Nacional

Os dados nacionais também estão em alta. No primeiro semestre do ano passado, o País registrou 29.285 vítimas de estupro, de acordo com levantamento feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Desse total, 74,7% foram cometidos contra vulneráveis. No acumulado de quatro anos, considerando apenas os primeiros semestres, 112 mil mulheres foram estupradas no País.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Um corpo foi encontrado na manhã desta terça-feira (3), às margens do Rio Capibaribe, na altura da Avenida Martins de Barros, no Centro do Recife. O Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil foram acionados por populares por volta das 7h. 

As autoridades apenas confirmaram que a vítima se tratava de um homem. Ele teria sido jogado no rio com as mãos amarradas e foi encontrado próximo ao Armazém do Campo, no bairro de Santo Antônio. 

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A remoção do corpo foi concluída pelos bombeiros por volta das 8h30. Uma equipe de Força-Tarefa de Homicídios da Capital da Polícia Civil foi enviada ao local e o caso foi registrado como homicídio consumado. Um inquérito já está instaurado para apuração do caso. 

 

 

Apenas um em cada três homicídios cometidos em 2019 no Brasil foi esclarecido até o fim de 2020. De 41.635 vítimas de assassinato no País naquele ano, só 15.305 tiveram o autor apontado pelos órgãos de polícia e Justiça para os crimes no período de ao menos um ano, diz levantamento do Instituto Sou da Paz. O estudo, com base em dados dos Ministérios Públicos e Tribunais de Justiça de 19 Estados, revela que o índice de 37% de homicídios esclarecidos piorou ante o levantamento anterior, com dados de 2018, quando 44% tinham sido denunciados até o fim do ano seguinte. A média mundial de elucidação de assassinatos é de 63%, segundo o estudo.

DADOS

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Houve pedido de dados às 27 unidades da Federação, por meio da Lei de Acesso à Informação. Oito Estados responderam, mas não produziram dados necessários para o cálculo do indicador: Alagoas, Amazonas, Goiás, Maranhão, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Sergipe e Tocantins. Entre os que enviaram informações com qualidade para compor o índice, Rondônia foi o que mais esclareceu homicídios de 2019, com porcentual de 90%, seguido por Mato Grosso do Sul (86%) e Santa Catarina (78%).

Os piores foram Rio (16%) e Amapá (19%), seguidos de Bahia, Pará e Piauí, cada um tendo esclarecido 24% dos homicídios. O Rio, porém, avançou dois pontos porcentuais e informou que "tem trabalhado para reduzir a taxa de mortes violentas, que está em queda, e tem alcançado redução constante e histórica nos índices de violência registrados pelo Instituto de Segurança Pública".

Para Carolina Ricardo, diretora executiva do Sou da Paz, o baixo porcentual de esclarecimento de homicídios e a variação entre as unidades da Federação mostram que o poder público ainda tem muito a avançar para aumentar a resposta a esses crimes, garantido às famílias e à sociedade o direito à verdade e à justiça. "Sabemos que nosso sistema de segurança pública e de Justiça criminal ainda foca muitos esforços nos crimes patrimoniais e em outros sem violência. É preciso dirigir os esforços e os investimentos, sobretudo, para a investigação e esclarecimento dos crimes contra a vida, em que de fato, mora a impunidade", disse. O Brasil tem 670 mil presos, dos quais 40% por crimes contra o patrimônio, 29% relacionados a drogas e 10% por homicídios.

EXPLICAÇÕES

O Brasil está abaixo da média das Américas, de 43%, e distante dos índices da Ásia (72%) e da Europa (92%). Para Carolina, o fato de São Paulo ter reduzido de 46% para 34% o índice de esclarecimento pode ter pesado na taxa. Em contrapartida, o Paraná melhorou de 12% para 49%.

Para Beatriz Graeff, pesquisadora do Sou da Paz que coordenou o relatório, uma conquista desta nova edição decorre do fato de que nenhuma unidade da Federação deixou de enviar resposta ao instituto.

Mas só três Estados informaram dados sobre a raça/cor das vítimas. "O desenho de políticas não pode deixar de levar em consideração que há uma parcela da população afetada pela violência letal de forma desproporcional em razão do racismo, da discriminação e da desigualdade de renda." Também se observa que a proporção de vítimas homens é sempre superior à de mulheres. Contudo, há proporção maior de esclarecimentos quando é mulher. Uma das explicações, segundo Carolina, é o alto número de feminicídios em que o autor é do círculo familiar.

INDICADORES

Conforme o Sou da Paz, em diálogo com as Polícias Civis, foram identificadas outras formas de relatar os dados. A taxa de esclarecimento de homicídios calculada pela Polícia Civil de São Paulo, por exemplo, tem diferenças metodológicas em relação à do instituto. O dado oficial considera esclarecidos os crimes em que os autores são identificados, mesmo que não sejam denunciados ao Tribunal do Júri, caso dos autores adolescentes e dos já mortos. Pelos dados do Estado, em 2019 houve esclarecimento de 51% dos homicídios dolosos. A Secretaria de Segurança Pública paulista destaca ainda que o Estado tem a menor taxa de homicídios do País e diz que, no 1º semestre do ano, houve mais de mil presos por homicídios.

O método distinto, diz Carolina, não invalida o estudo. "Definimos que homicídio doloso esclarecido é aquele denunciado pelo Ministério Público em determinado período. A escolha se justifica porque envolve um ator a mais do sistema de Justiça, o MP, que tem a função de controle externo."

LEI

A pesquisa do Sou da Paz busca apoiar a criação de um indicador nacional de esclarecimento de homicídios. Esses esforços se concentram no Conselho Nacional do Ministério Público e no Congresso, onde há dois projetos que tramitam com o objetivo de promover a publicação regular de taxas de elucidação de crimes.

Sobre os dados, o Ministério da Justiça e Segurança Pública destacou ter projetos estruturantes, como o fortalecimento da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, que culminaram no alcance de mais de 3,4 mil investigações.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O índice de homicídios em Pernambuco cresceu no primeiro semestre de 2022 em comparação ao mesmo período de 2021, de acordo com o levantamento do Governo do Estado para a primeira parte do ano. Houve uma variação de 7,5% no número de casos, que passaram de 254 para 273 de um ano para o outro. O semestre também foi mais violento em 2022, que teve 1.858 homicídios registrados. Em 2021, foram 1.679. A variação semestral foi de 10,7%. 

Março foi o mês mais violento do ano até então, com 346 homicídios. Junho, por outro lado, foi o que menos obteve registros de mortes por atividade criminosa. A Região Metropolitana registrou -6,25% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) de junho (de 80 para 75); seguida pela Zona da Mata com variação de 5,56% (de 54 para 57); Recife com 8,11% (de 37 para 40); Sertão com 14,71% (de 34 para 39); e Agreste com 26,53% (de 49 para 62). 

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Violência contra a mulher 

O mês de junho registrou cinco casos de feminicídio apenas em junho deste ano. Em 2021, foram oito casos para o mesmo mês. No total, foram 39 feminicídios de janeiro a junho, enquanto no ano passado, foram 54 registros. Esse tipo de crime sofreu queda na comparação mensal e na acumulada para o semestre, em 37,5% e 27,8%, respectivamente. O crime de estupro foi alvo de 167 denúncias neste ano. De janeiro a junho, os dados apontam 1.130 neste ano registros. 

A violência doméstica contra mulher aumentou 5,32% no sexto mês do ano, passando de 3.026 (2021) para 3.187 (2022). A redução deste tipo de crime foi verificada no acumulado do ano, com -1,91% de janeiro a junho. No primeiro semestre deste ano foram 19.889 denúncias contra 20.276 nos seis primeiros meses de 2021. 

Os homicídios contra mulheres, por outro lado, apresentaram redução no mês de junho. Foram 20 registros em 2020 e 26 em 2021, o que representa -23,1% crimes deste tipo. No acumulado, a variação foi de 1,6%, saindo de 128 de janeiro a junho de 2021 para 130 no mesmo período de 2022. 

Roubos e furtos 

De janeiro a junho, foram contabilizados 25.611 roubos, índice mais baixo dos últimos 16 anos. Em 2021, foram 26.201, uma variação de -2,25%. Especificamente no sexto mês deste ano, foram 4.322 Crimes Violentos Patrimoniais (CVPs) contra 4.360 em 2021, ou seja, -0,87%. 

A Região Metropolitana do Recife segue sendo a mais violenta do estado, com 1.226 registros de crimes patrimoniais no mês (foram 1.352 em 2021). No Recife, foram 1.578 (1.668 em 2021); 358 na Zona da Mata (358 em 2021); 231 no Sertão (266 em 2021); e 751 no Agreste (893 em 2021). 

 

O índice de assassinatos em Pernambuco subiu 8,47% em janeiro deste ano. Só no primeiro mês de 2022, a Secretaria de Defesa Social (SDS) registrou 320 Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs), enquanto 295 casos ocorreram no mesmo período do ano passado.

A Região Metropolitana do Recife (RMR) foi a que mais teve mortes violentas nos primeiros 31 dias de 2022. Ao todo, foram computados 101 homicídios, o que representa o acréscimo de 18,82% em comparação a janeiro do ano passado, quando a SDS computou 85 casos.

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O Agreste foi a região que sofreu o maior aumento percentual no comparativo. Em 2022 foram 83 CVLIs, um aumento de 48,21% em relação aos 56 casos de janeiro do ano passado.

Com 64 mortes, a Zona da Mata apresentou a queda de 8,7% no indicativo. Em 2021, 70 assassinatos foram computados pela pasta.

O Sertão também diminuiu a taxa para 33 homicídios neste ano. O dado mostrou a queda de 8,3% já que 36 mortes ocorreram em janeiro do ano passado.

O último monitoramento da plataforma Fogo Cruzado, divulgado nesta terça-feira (4), mostra uma crescente no registro de violência armada no bairro da Cohab, na Zona Sul do Recife. Apenas em dezembro de 2021, foram seis tiroteios e seis vítimas desses eventos, sendo cinco mortes e um ferido. O número é seis vezes maior que o registrado no mesmo mês de 2020, quando houve um tiroteio e uma vítima fatal. De acordo com o instituto, foram todos casos de homicídios ou tentativas de homicídio. 

Além da Cohab, outros cinco bairros se destacaram pelo aumento desse tipo de violência. São eles Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes (cinco tiroteios e cinco mortes); Pina, no Recife (cinco tiroteios, quatro mortos e um ferido); Ponte dos Carvalhos, em Cabo de Santo Agostinho (cinco tiroteios, dois mortos e dois feridos); e Ibura, no Recife (quatro tiroteios e quatro mortos). 

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Os números apontam para uma característica da Região Metropolitana do Recife, segundo a diretora executiva do Instituto Fogo Cruzado, Cecília Olliveira. “Diferente do Rio de Janeiro, onde balas perdidas e tiroteios durante ações policiais e disputas entre grupos armados fazem mais vítimas, o que se presencia no Grande Recife é uma dinâmica de tiro ao alvo, de alvos certeiros. Isso nos mostra que, na maioria dos casos, os crimes parecem ser premeditados”, esclareceu. 

Em dezembro, a Região Metropolitana do Recife acumulou 149 tiroteios, segundo o Instituto Fogo Cruzado. Esse número é 10% maior do que o registrado no mesmo mês de 2020, quando houve 136 tiroteios/disparos. Apesar do aumento no número de tiroteios e disparos, houve queda entre os baleados. Foram 149 vítimas neste mês que passou (destas, 106 mortas e 43 feridas), contra 163 em dezembro de 2020 (sendo 107 mortas e 56 feridas). Apesar da diminuição, houve, em média, cinco pessoas baleadas por dia em dezembro. 

O dia 5 do mês foi o mais impactado pela violência armada, concentrando 15 tiroteios, 10 mortos e seis feridos. Houve mortos em 71% (106) dos 149 tiroteios/disparos de arma de fogo ocorridos na Região Metropolitana do Recife em dezembro. Em 27% (40) houve feridos. Somente em 4% dos casos (6) não houve vítimas. 

Entre os municípios que compõem a Região Metropolitana do Recife, os cinco mais afetados pela violência armada foram Recife (62 tiroteios, 45 mortos e 19 feridos), Jaboatão dos Guararapes (19 tiroteios, 14 mortos e cinco feridos), Cabo de Santo Agostinho (15 tiroteios, 10 mortos e quatro feridos), Paulista (15 tiroteios, oito mortos e cinco feridos) e Olinda (12 tiroteios, nove mortos e três feridos). 

O perfil da violência 

Dos 106 mortos por arma de fogo na Região Metropolitana do Recife em dezembro, 105 (99%) eram homens e uma (1%) era mulher; Entre os 43 feridos, 39 deles (91%) eram homens e quatro (9%) eram mulheres. 

Não houve casos de homicídios múltiplos, quando há dois ou mais mortos civis em uma mesma situação, na Região Metropolitana do Recife em dezembro de 2021. No mesmo período de 2020, houve seis casos com 16 mortos no total (todos homens). 

Em dezembro, 12 adolescentes (com idade entre 12 anos e 17 anos) e três idosos (com idade a partir de 60 anos) foram baleados no Grande Recife: destes, 10 adolescentes e dois idosos morreram. No mesmo período de 2020, houve cinco adolescentes e um idoso baleados: destes, quatro adolescentes e um idoso morreram. 

 

Na manhã desta quarta-feira (10), a Polícia Civil de Pernambuco, em conjunto com a Polícia Civil do Pará, prendeu um homem de 40 anos. Ele é acusado de assaltos a banco, homicídios, crimes hediondos e é considerado um pistoleiro profissional.

Segundo o delegado Ubiratan Rocha Fernandes, da 20ª Delegacia Seccional de Polícia de Afogados da Ingazeira, Sertão de Pernambuco, o homem preso hoje também é acusado de matar Adriantônio Cavalcante, secretário de Infraestrutura da cidade de Parari, na Paraíba, em 2018. 

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As investigações para prender o acusado duraram cerca de 11 meses. "Com essa prisão, o crime organizado recebe um verdadeiro tombo e o mundo do crime perde um representante que vinha praticando tais crimes de alta periculosidade, crimes hediondos que vinham trazendo intranquilidade para a sociedade como um todo", pontua Ubiratan.

O estado do Rio de Janeiro registrou 2.240 mortes entre janeiro e agosto deste ano. Se comparado ao mesmo período de 2020, representa uma queda de 7% nos homicídios dolosos. O número é também o menor para os meses desde 1991, quando começou a série histórica do Instituto de Segurança Pública (ISP). 

Em agosto, foram anotados 258 homicídios, um recuo de 1% em relação a agosto do ano passado e o menor registro para o mês desde 1991. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (24) pelo ISP.

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Já os crimes violentos letais intencionais, que incluem homicídios dolosos, lesão corporal seguida de morte e latrocínio, apresentaram redução de 6% entre janeiro e agosto e de 1% em agosto deste ano na comparação com 2020. Foram 2.338 vítimas nos oito primeiros meses de 2021 e 271 em agosto. De acordo com o ISP, os números são os mais baixos para o indicador desde 1999, tanto para o acumulado, quanto para o mês.

Apreensões e prisões

Em agosto foram apreendidas 562 armas de fogo em todo o estado, sendo 20 fuzis. O total é 8% maior que o registrado no mesmo mês de 2020. No acumulado do ano, as apreensões somaram 4.810. Entre as armas que foram retiradas de circulação, 260 eram fuzis. 

“Isso significa que, em média, mais de um fuzil foi apreendido por dia em 2021 no estado”, observou o ISP.

Também entre janeiro e agosto, 22.797 pessoas foram presas em flagrante pelas polícias Civil e Militar. O resultado mostra que cerca de 94 pessoas foram presas por dia no estado. Ainda no período, foram realizadas 14.539 apreensões de drogas em todo o estado. 

Crimes contra o patrimônio

Os percentuais de queda dos roubos de carga foram altos tanto nos oito meses de 2021 quanto no mês passado. Em relação a agosto do ano passado, os 318 casos representaram redução de 23%. No acumulado, chegaram a 2.961 casos de janeiro a agosto, um recuo de 16%. De acordo com o ISP, os resultados são os menores valores para o mês e para o acumulado do ano desde 2013. 

Já os roubos de rua caíram 6% se comparado ao acumulado do ano passado e de 10% contra agosto de 2020. Eles somaram 46.169 casos nos oito primeiros meses de 2021 e 4.876 em agosto .

Os roubos de veículo atingiram 17.109 casos entre janeiro e agosto deste ano e 2.110 em agosto. Na comparação com 2020, o indicador registrou diminuição de 2% no acumulado do ano e alta de 18% em relação a agosto de 2020.

As prisões em flagrante efetuadas nos oito primeiros meses de 2021 alcançaram 22.797 e 2.879, em agosto. Segundo o ISP, em relação a 2020, o indicador subiu 11% no acumulado do ano e queda de 1% em relação a agosto de 2020.

Os dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP) são referentes aos registros de ocorrência lavrados nas delegacias de Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro no mês de agosto.

Nesta quarta-feira (4), Pernambuco anunciou que, pelo sétimo mês consecutivo, o índice de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) caiu no Estado. O governo garante que os dados preliminares apontam que julho de 2021 terminou com o registro de 19% menos homicídios em relação ao mesmo mês de 2020.

No acumulado dos sete meses deste ano, em comparação com o mesmo período de 2020, a retração foi de aproximadamente 15%. As informações foram divulgadas durante reunião do Pacto Pela Vida comandada pelo governador Paulo Câmara (PSB).

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O governador diz que o Estado está cumprindo sua meta. “Temos um ano com a menor taxa de mortalidade da história do Pacto Pela Vida. O trabalho está muito focado e os resultados mostram que estamos no caminho certo”, justifica.

Além dos CVLIs, Câmara destaca que os Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVPs) também apresentaram queda em Pernambuco.

Na comparação com julho do ano passado, foram 7% a menos de roubos. Mesmo índice registrado no confronto dos sete meses de 2021 com igual período de 2020. As estatísticas consolidadas dos crimes contra a vida e contra o patrimônio serão divulgadas pela Secretaria de Defesa Social do Estado no próximo dia 16 de agosto.

Novos PMs e Bombeiros

Paulo Câmara anunciou novas turmas de oficiais da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar. De acordo com o governador, serão duas turmas, uma que formará 60 oficiais da PMPE e outra que contará com 20 oficiais do CBMPE.

“Tivemos a oportunidade de em junho e agosto iniciar a formação de praças da Polícia Militar e dos Bombeiros Militares, além de oficiais da Polícia Militar, Bombeiros, delegados e Polícia Científica. Muita gente está sendo formada, e já autorizamos novas turmas. A partir de janeiro de 2022, vamos iniciar uma nova turma de 60 oficiais da Polícia Militar e outra com 20 Bombeiros Militares”, pontua.

O homem acusado de matar oito pessoas em casas de massagens de Atlanta, na Geórgia, no sul dos Estados Unidos, se declarou culpado nesta terça-feira (27) de quatro acusações de homicídio, e passará o resto da vida na prisão pelos crimes, reportou a imprensa local.

Um juiz do condado de Cherokee, Geórgia, onde ficava uma das casas de massagens, condenou Robert Aaron Long, de 22 anos, a quatro sentenças de prisão perpétua sem liberdade condicional, mais 35 anos, baseado em um acordo de culpa que livrou o jovem da pena de morte, informou o Atlanta Journal-Constitution.

No entanto, Long ainda pode enfrentar a pena capital pelo assassinato de outras quatro vítimas no condado de Fulton, onde fica Atlanta e pelo qual a Promotoria disse que buscará a pena de morte.

Em 16 de março, o jovem - um cristão adepto às armas - abriu fogo em uma casa de massagem de Acworth, no condado de Cherokee, a cerca de 50 quilômetros de Atlanta, deixando quatro mortos e dois feridos. Mais tarde, atacou outros dois estabelecimentos deste tipo nesta grande cidade do sul do país, acabando com outras quatro vidas.

A tragédia gerou uma forte comoção nos Estados Unidos, especialmente entre a comunidade de origem asiática.

Seis das oito vítimas eram mulheres asiáticas, o que levou a promotora de distrito do condado de Fulton, Fani Willis, a afirmar ao tribunal que Long "selecionou" suas vítimas em função de sua "raça, origem, sexo e gênero, real ou percebido".

No entanto, durante seu interrogatório, Long - que admitiu os fatos - afirmou que não agiu com uma motivação racista e se apresentou como um "obsessivo sexual" ansioso para acabar com "uma tentação".

Com mais armas de fogo nas mãos de civis, rearranjos na disputa do crime organizado e cenários de tensão entre policiais e governos estaduais, o Brasil interrompeu uma sequência de dois anos em queda e voltou a registrar aumento de homicídios em 2020, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira, 15. Ao todo, foram notificados 50.033 assassinatos no País durante a pandemia de covid-19. É o equivalente a uma morte a cada dez minutos, ou 4,8% a mais em relação a 2019.

Esta é a primeira vez que as mortes violentas sobem durante o governo Jair Bolsonaro. Com isso, a taxa do Brasil chegou a 23,6 homicídios por 100 mil habitantes em 2020 - resultado pior do que no ano anterior, quando foi registrado o menor índice da década (22,7), mas ainda melhor do que nos demais anos desde 2011. Em 2019, o número total de assassinatos havia sido 47.742.

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As estatísticas fazem parte do Anuário Brasileiro de Segurança Pública e são compiladas com base em registros policiais de cada Estado. Para o índice, o Fórum considera a soma de homicídios dolosos (quando há intenção de matar), latrocínios (roubo seguido de morte), lesões corporais seguidas de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.

O mau desempenho geral do País foi puxado por homicídios comuns (que subiram 6%, passando de 39,7 mil para 42,1 mil casos) e pela letalidade policial (de 6,3 mil para 6,4 mil, ou 1% maior). Este último índice, inclusive, só registra aumentos desde 2013. Os assassinatos de agentes de segurança também cresceram no período, de 172 para 194 casos, mas representam apenas 0,4% das mortes violentas e impactam menos no resultado final do balanço.

Segundo o relatório, a alta das mortes violentas aconteceu em 16 das 27 unidades federativas, de forma mais acentuada na região Nordeste. A situação mais preocupante foi constatada no Ceará, que notificou 4,1 mil assassinatos e crescimento de 75,1% em relação ao ano anterior. O mesmo Estado havia sido recordista de queda em 2019.

Diretor-presidente do Fórum, o sociólogo Renato Sérgio de Lima atribui a escalada de violência no Estado à crise vivenciada com a greve da Polícia Militar no ano passado - período em que houve atuação de grupos encapuzados e até toque de recolher. "O Ceará liderava a queda de homicídios nos anos anteriores, mas o grande marco de virada foi o motim da PM", analisa. "Há uma tensão cada vez maior em torno das leis orgânicas e da politização das polícias."

No relatório, o Fórum destaca que o episódio, além de ter prejudicado políticas públicas de segurança, também favoreceu a atividade de facções criminosas. "Esse processo de desarranjo político das instituições cearenses deu margem para os planos de expansão do Comando Vermelho local, que iniciou uma ofensiva sobre os territórios dos Guardiões do Estado - seu maior rival local, e a violência, que estava contida, voltou", diz o texto.

Unidades que também vivenciaram atrito entre as forças de segurança e governos locais aparecem na sequência da tabela. Proporcionalmente, completam a lista de maior aumento Maranhão (30,2%), Paraíba (23,1%), Piauí (20,1%) e Alagoas (13,8%). Segundo os analistas, fatores como piora dos fatores econômicos, desemprego e saúde mental durante a quarentena também podem ter interferido no resultado ruim.

País tem 2 milhões de armas particulares, aponta relatório

Para o Fórum, outra explicação para a subida das mortes violentas é o aumento de armas de fogo no País, uma das bandeiras do governo Bolsonaro. Segundo o relatório, atualmente há 2.077.126 armas particulares. Só em 2020 o incremento foi de 186.071 novas armas registradas na Polícia Federal, número 97,1% maior em relação ao ano anterior, tendo duplicado o número de armas longas, como carabinas, espingardas e fuzis.

Em paralelo, o Brasil viu crescer a presença das armas de fogo nos assassinatos registrados. Em 2019, o instrumento foi usado em 72,5% dos homicídios. No ano passado, o índice saltou para 78%.

"Já é possível perceber correlação entre o aumento de armas de fogo e o números de assassinatos. Para o País inteiro, a política de liberalização começa a ter efeito nas ruas, embora essa não seja a única causa", afirma Renato Sérgio de Lima. Na visão de especialistas, políticas para redução de crimes contra a vida passariam por aperfeiçoar o controle e rastreabilidade das armas.

Conselheira do Fórum, Isabel Figueiredo afirma que o tema deve ser tratado com atenção pelas políticas públicas de segurança. "É importante dizer que o crescimento de homicídios é multicausal, ou seja, envolve uma série da faotres. Por outro lado, não dá para ignorar um conjunto de evidências científicas já consolidadas de que o aumento de armas de fogo em circulação impacta nos assassinatos", diz . "A tendência é que esse fator isolado, por si só, aumente não só os dados de 2020 mas também nos próximos anos."

Em relação à taxa de homicídio, 18 das 27 unidades tiveram desempenho pior do que o nacional e acumularam mais de 25 assassinatos por 100 mil habitantes. Lideram o ranking Ceará (45,2), Bahia (44,9), Sergipe (42,6), Amapá (41,7) e Pernambuco (38,3). Entre as regiões, Nordeste e Sul representam as únicas em que o índice subiu.

Entre os indicadores de mortes violentas, houve recuo de latrocínios e lesões corporais seguidas de morte. O primeiro foi de 1.586 mil para 1.428 mil (9,9%) na comparação entre os anos. Já o segundo encolheu de 758 para 672 (11,3%).

Com histórico de redução das mortes violentas e responsável pela menor taxa de homicídios do Brasil, São Paulo foi outro a testemunhar mais assassinatos (1,2%) em 2020. Em janeiro, o governo paulista avaliou que o aumento atípico poderia estar relacionado a conflitos interpessoais - ou seja, crimes cometidos por pessoas conhecidas por brigas ou desavenças -, cenário que teria sido agravado durante o confinamento por causa da pandemia.

Outra hipótese é que o cerco maior contra o Primeiro Comando da Capital (PCC) pode ter gerado disputas violentas pela chefia da facção, de acordo com Lima. "São Paulo sempre teve o monopólio da droga, sem conflito ou guerra", diz Lima. "A partir do momento que lideranças tradicionais são isoladas, há prisões importantes, o fim de rotas consolidadas do tráfico e um volume grande de recursos bloqueados na Justiça, não se pode descartar a possibilidade de algum conflito por novas lideranças."

As mudanças no tabuleiro de brigas territoriais travadas pelo crime organizado podem, ainda, ter contribuído para o incremento da violência no País, de forma geral. "Como efeito do enfraquecimento do PCC, houve uma reconfiguração do crime, abrindo espaço para outras facções principalmente no Nordeste", afirma o sociólogo.

Ao cenário de disputa de grupos criminosos, somam-se os problemas de falta de policiamento provocada por conflitos com administrações locais ou até por reflexo direto da pandemia. Escutas realizadas pelo Fórum com mais de 6,6 mil agentes de segurança apontam que 29,5% deles ficaram afastados em algum momento das ruas após testar positivo para coronavírus.

"Em 2018, por ser ano eleitoral, vários governos se mobilizaram para um conjunto de medidas importantes, envolvendo Estados, Congresso e governo federal", analisa o diretor-presidente do Fórum. "Mas, quando a gente olha para 2020, percebe que no plano institucional não houve esforços para a implementação do Susp (Sistema Único de Segurança Pública) e nenhum dos mecanismos previstos saiu do lugar. Não houve grandes mudanças na forma de fazer segurança pública. O País fica em compasso de espera até a próxima crise."

Na outra ponta da tabela, o Amapá foi quem mais conseguiu reduzir os homicídios durante a pandemia, totalizando 359 casos - uma diminuição de 23,6%. O Fórum, no entanto, inclui o Estado no grupo de menor qualidade das informações e, portanto, não seria possível concluir se a queda aconteceu, de fato, ou se há problema de registro. Palco de massacre em presídio em 2019, o Pará registrou recuo de 20,1% nas mortes violentas no ano passado.

Recuos expressivos também foram percebidos em Roraima (19,4%) e no Rio de Janeiro (18,4%). No caso do Estado fluminense, o índice caiu de 5.980, em 2019, para 4.907 no ano passado e foi puxado pela queda nas mortes provocadas em ações policiais após o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir operações em favelas.

Em São Paulo, a taxa é de 9 assassinatos por 100 mil, o melhor índice do País e metade da média brasileira. Na sequência desse critério, aparecem Santa Catarina (11,2), Minas Gerais (12,6) e Distrito Federal (14,2).

Homens, negros e jovens morrem mais

Mais uma vez, os dados do Fórum confirmam que a maior parte das vítimas de mortes violentas é formada por homens, negros e jovens no Brasil. Segundo o relatório, 5.855 adolescentes entre 12 e 19 anos foram vítimas de mortes violentas. Também houve registro de 170 assassinatos de crianças de até 4 anos. No total, 54,3% dos mortos estavam no grupo de idade até 29 anos.

A análise por sexo aponta que os homens representaram 91,3% das vítimas de assassinato em 2020. Por sua vez, os negros correspondem a 76,2% das pessoas assassinadas. "Todos os bons programas de prevenção que existem no mundo pensam como lidar com o público mais vulnerável", diz Renato Sérgio de Lima. "Para mudar o cenário, o Brasil precisa compreender a sua realidade e pensar políticas antirracistas e de prevenção da violência em relação à juventude."

Procurado, o Ministério da Justiça e Segurança Pública não respondeu até o momento.

Em nota, a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo afirma que "as oscilações registradas nos indicadores são alvo de análise pela pasta". "Esses estudos são a base das ações realizadas pelas instituições policiais, que resultaram na queda de 2,5% dos homicídios dolosos nos cinco primeiros meses deste ano, na comparação do mesmo período de 2020."

Pelos cálculos de São Paulo, que considera apenas os casos de homicídios dolosos, as taxas de casos e vítimas por grupo de 100 mil habitantes são de 6,38 e 6,72, respectivamente."Uma das estratégias da SSP para retomar a trajetória de queda dos indicadores criminais é intensificar as operações contra o crime organizado, o tráfico de drogas e diversos outros tipos de delitos", diz. "De janeiro a maio, as ações policiais permitiram a apreensão de 108,7 toneladas de drogas, um aumento de 47,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. Mais de 74 mil criminosos foram presos e encaminhados à Justiça e 5.001 armas de fogo apreendidas."

Em nota, a Secretaria de Segurança do Ceará informou que o motim de policiais ocorrido em fevereiro de 2020 "interrompeu uma sequência de mais de 30 meses seguidos de redução nas mortes provocadas por crimes violentos". Segundo a pasta, o número de homicídios no estado em 2020 também foi influenciado pela própria pandemia, devido à necessidade de afastamento de profissionais com sintomas gripais de atividades de segurança.

A nota afirma que a secretaria atua de forma preventiva, "por meio da territorialização do policiamento em locais com maior incidência de crimes". Acrescenta, ainda, que o trabalho investigativo da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e da inteligência da SSPDS têm auxiliado na identificação e captura de chefes de grupos criminosos. (Colaborou Heloísa Vasconcelos, Especial Para o Estadão)

A última vez que a agricultora Leidiane Rodrigues da Silva, de 32 anos, viu o próprio filho, Mizael da Silva Lima, de 13 anos, havia sido poucos dias antes de 1º de julho de 2020. Nessa data, às 2 horas da madrugada, ela recebeu uma ligação dizendo que o garoto havia sido baleado. Ao chegar no hospital, a enfermeira lhe deu a notícia: "Seu menino já foi para o céu".

Mizael foi uma das 4.039 vítimas de homicídio no Ceará em 2020, segundo estatísticas da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS-CE). Com isso, a taxa de assassinatos por 100 mil habitantes chegou a 45,2, a mais alta do País. O crescimento no número de casos entre 2019 e 2020 foi de 75%, de acordo com dados divulgados nesta quinta-feira, 15, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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O caso de Mizael se tornou emblemático no Estado porque o jovem foi morto por policiais enquanto dormia na casa da tia em Chorozinho, a 68,6 quilômetros de Fortaleza. A versão da polícia é de que os agentes de segurança procuravam um adolescente com histórico de atos infracionais, que estaria armado no momento do crime.

"A gente tinha uma relação boa. Nós nunca discutimos com nada, ele era meu xodó, meus pés e minhas mãos dentro de casa. Quando eu estava doente era ele quem cuidava de mim. Agora no dia 1º, fez um ano que eu estou sem meu filho, ainda dói muito", conta a mãe, enlutada. Segundo ela, Mizael era um menino quieto, sem reclamações de indisciplina na escola e não tinha qualquer envolvimento criminal.

Mizael adorava animais e sonhava em se tornar vaqueiro, a mesma profissão do avô. "Ele dizia que o sonho dele era ser vaqueiro, dar uma vida boa para mim e para minha mãe e que ele ia fazer torneios mundo afora", lembra Leidiane.

Diversos fatores afetam a violência no Estado

De acordo com o professor de sociologia e pesquisador do Laboratório de Estudos em Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luis Fábio Paiva, as taxas de homicídio no Ceará têm apresentado crescimento desde 2006. Diversos fatores impactam nos números de violência do Estado, entre os quais conflitos armados entre facções - sobretudo a partir de 2016 -, conflitos pessoais e violência policial.

"A gente tem esse movimento de conflito em determinados territórios, com várias mortes ocorrendo de maneira sistemática. O ano de 2020 teve muita movimentação no mercado de drogas, de armas, além de diversas situações envolvendo conflitos interpessoais. A gente observou aumento do homicídios de mulheres e interdição do próprio Estado, principalmente na periferia", enumera.

O maior pico de homicídios no ano passado, com 459 óbitos, ocorreu em fevereiro, mês em que houve greve policial. Para o especialista, o evento pode ter influenciado no número ao criar uma "janela de oportunidade" com a defasagem da segurança pública.

"O que a gente começou a observar em 2020 foi uma série de conflitos até internos desses grupos (facções), com notícia de novos grupos surgindo, especialmente em Caucaia (cidade na região metropolitana de Fortaleza), que teve uma situação muito grave. Tudo isso mexeu muito nesse xadrez dos conflitos armados", explica Luis.

Estado responsabiliza motim e pandemia

Em nota, a SSPDS-CE informou que o motim de policiais ocorrido em fevereiro de 2020 "interrompeu uma sequência de mais de 30 meses seguidos de redução nas mortes provocadas por crimes violentos". Segundo a pasta, o número de homicídios no estado em 2020 também foi influenciado pela própria pandemia, devido à necessidade de afastamento de profissionais com sintomas gripais de atividades de segurança.

A nota afirma que a secretaria atua de forma preventiva, "por meio da territorialização do policiamento em locais com maior incidência de crimes". Acrescenta, ainda, que o trabalho investigativo da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE) e da inteligência da SSPDS têm auxiliado na identificação e captura de chefes de grupos criminosos.

Conforme a SSPDS-CE, o Estado registrou uma redução de 28,8% nos Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) no primeiro semestre de 2021, indo de 2.245 crimes para 1.599. A maior retração ocorreu em Fortaleza, com 38,1%, indo de 721 para 446. "O resultado é consequência da reorganização de ações policiais após períodos atípicos encarados em 2020, como o motim de parte da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e também a pandemia da covid-19", afirma.

De acordo com o Governo de Pernambuco, o estado registra, em fevereiro e janeiro deste ano, queda do número de homicídios e roubos. Os novos dados foram apresentados durante reunião do Pacto Pela Vida (PPV), realizada na manhã desta quinta-feira (04), mas as estatísticas completas, com os recortes de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) e Crimes Violentos contra o Patrimônio (CVP) – homicídios e roubos, respectivamente – só serão divulgadas no próximo dia 15.

“Os resultados de 2021 são positivos, tanto no CVLI quanto no CVP. Estamos com redução em várias áreas e já temos um planejamento para atuar onde a violência ainda insiste em crescer. Além da proteção das pessoas, as forças de segurança têm um papel fundamental na prevenção e no cumprimento das normas de combate ao coronavírus em Pernambuco. Pedimos a todos, nesses meses de março e abril, em que nós ainda não temos vacinas suficientes, que redobrem o cuidado para que as normas sanitárias sejam respeitadas em todo o Estado”, comenta o governador Paulo Câmara.

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Para o secretário estadual de Defesa Social, Antonio de Pádua, a redução dos índices estão ligados ao posicionamento do policiamento ostensivo em áreas estratégicas, com foco na resolução de homicídios, bem como ao fortalecimento de operações de repressão qualificada, desarticulando quadrilhas com atuação no tráfico de drogas e crimes contra a vida. “A Operação Zodíaco colaborou para que revertêssemos o cenário, verificado em 2019, em 12 Áreas Integradas de Segurança. Nesses territórios específicos, a retração foi até maior que a média estadual. Também devemos destacar a eficiência das operações de repressão qualificadas desencadeadas pela Polícia Civil”, coloca.

Com um caso registrado a cada três horas, São Paulo interrompeu uma sequência de sete anos de queda e viu o número de homicídios voltar a subir em 2020. Os dados consolidados do último ano foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) nesta segunda-feira (25). Também segundo a pasta, os indicadores de estupro, latrocínio (o roubo seguido de morte), assalto e de mortes cometidas pelas polícias recuaram no Estado.

De acordo a SSP, os homicídios dolosos, quando há intenção de matar, subiram 4,1% - passando de 2.778 para 2.893 ocorrências no Estado, na comparação entre 2019 e 2020. O aumento anual de assassinatos aconteceu apesar da queda registrada em dezembro. Foram 279 casos no mês passado, ante 294 no mesmo período do ano anterior. Com isso, o Estado chegou à taxa de 6,48 homicídios por 100 mil habitantes.

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Desde o início da série histórica, em 2001, esta foi a terceira vez que São Paulo registrou mais assassinatos na comparação com o ano anterior. Pelos dados oficiais, os últimos aumentos haviam sido em 2012 (de 4.193 para 4.836) e 2009 (de 4.432 para 4.564), ocasiões em que o patamar de homicídios no Estado era ainda maior do que o atual.

Essa estatística só considera o total de boletins de ocorrência registrados como "homicídio doloso", mas que podem ter mais de uma vítima por ocorrência ou contabilizar até chacinas como um caso só. Para o número de pessoas assassinadas no Estado, também informado pela SSP, o aumento foi ligeiramente maior: 4,5%. Foram 3.038 mortos em 2020, contra 2.906 no ano anterior.

Com 659 registros no ano passado, a capital paulista também viu o índice subir, mas de forma menos acentuada. A alta foi de 1,3%, segundo a SSP. Em 2019, haviam sido registrados 650 homicídios na cidade. Em relação às vítimas, a estatística aumentou de 685 para 709 - ou 3,5% a mais.

O professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Rafael Alcadipani diz que o aumento nos homicídios "preocupa bastante". "As parciais do ano passado já desenhavam que isso poderia acontecer. Acende uma luz amarela para o governo João Doria porque aumentos como esses historicamente são raros", explica.

Ele acredita que o governo deve analisar a fundo os dados para entender as variações por cada região. "Os números precisam ser estudados com maior clareza. O que parece é que a atual política de segurança se preocupa muito com viatura e arma e pouco com inteligência. O sucateamento da polícia de investigação afeta os esclarecimentos de homicídio", reforça.

Em contrapartida, o índice de feminicídios, assassinato cometido contra mulheres por motivação de gênero, recuou de 184 para 179 ocorrências no Estado, de acordo com a pasta. O índice representa queda de 2,7%.

Registros de estupro também interromperam uma sequência de quatro anos com aumento e fecharam 2020 com menos registros (10,9%). Um total de 11.023 casos foram informados pela SSP no ano passado, ante 12.374 em 2019. Especialistas, no entanto, alertam que o confinamento provocado pela pandemia de coronavírus pode ter dificultado que mulheres, as principais vítimas do delito, conseguissem registrar o BO de crime sexual.

Já os latrocínios caíram 6,7%, passando de 192 ocorrências para 179 no Estado. Na capital, foram 46 casos em 2020, contra 64 em 2019.

Por sua vez, roubos e furtos, em geral, recuaram 14,3% e 24,8%, respectivamente. Para o primeiro, foram registros 218.839 ao todo. Para o segundo, 392.311. Entre as modalidade, houve aumento de roubo a bancos - de 21 para 29 casos.

Sobre a variação nos roubos, Alcadipani diz que a gestão estadual deve observar os efeitos econômicos associados à criminalidade, como o fim do auxílio emergencial. "O que vai ser feito é colocar policiamento nos locais de maior incidência de crime. Mas é preciso também mapear as áreas de maior vulnerabilidade social e domínio do crime organizado para agir nessas regiões, observando a questão social", diz.

Letalidade policial tem queda em 2020

Após bater recorde negativo de mortes em supostos confrontos no 1º semestre, as polícias de São Paulo conseguiram reduzir a letalidade das suas ações em 2020, de acordo com a pasta. Foram 814 mortes decorrentes de intervenção policial no ano passado - 6,1% a menos do que em 2019, quando foram registrados 867 casos do tipo.

Do total, 659 pessoas morreram em confrontos com policiais militares em serviço e 121, de folga. Já a morte de outros 21 suspeitos envolveram policiais civis em serviço e 13, de folga.

A queda na letalidade policial aconteceu mesmo após a PM atingir patamar recorde mortes nos seis primeiros meses do ano, mesmo em meio à quarentena e à queda de crimes patrimoniais.

Diante de uma sequência de denúncias de violência policial, o governador João Doria (PSDB) chegou anunciar um programa para submeter todos os agentes a novo treinamento. Recentemente, também anunciou a compra de câmeras corporais para filmar as ações.

Pelas estatísticas divulgadas, o comportamento do último trimestre, período entre outubro e dezembro, teria sido responsável por inverter o cenário. Foram 138 casos de letalidade, de acordo com a pasta, ante 241 na mesma época de 2019 - uma queda de 42,7%.

SP desenvolve ações contra o crime e mantém menor taxa do País, diz coronel

O secretário executivo da Polícia Militar, coronel Alvaro Camilo, destacou que a taxa de homicídios por 100 mil habitantes em São Paulo permanece como a mais baixa do País, "uma das melhores do mundo". "São Paulo está brigando contra os próprios números", diz, lembrando da redução histórica dos casos no Estado.

Camilo diz que o governo está tentando entender melhor o que causou o aumento. "O que identificamos é que a maioria dos crimes foi por conflitos interpessoais. A situação foi agravada pelo confinamento das pessoas causado pela pandemia", declara.

Os conflitos interpessoais se diferenciam dos outros tipos de assassinato por não ser cometido com característica de execução, típica do crime organizado. As mortes nesses casos são causadas por brigas entre pessoas conhecidas ou ocasionadas por disputas pontuais, como desentendimentos.

A atuação da Secretaria da Segurança contra esse tipo de crime, diz o coronel, ocorre de forma indireta com ações contra o tráfico de drogas, contra o alcoolismo e contra o uso de armas de fogo, fatores que ele aponta como relacionados aos assassinatos. "O trabalho continua muito forte", reforça.

Sobe para 127 o números de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLIs) em todo o Ceará desde o início de motins dos policiais militares, no dia 18 de fevereiro, que paralisaram as atividades por falta de acordo com o governo do estado referente à reestruturação salarial. Só no sábado foram 34 homicídios.

Os CVLIs englobam os casos que se enquadram como homicídio doloso/feminicídio, lesão corporal seguida de morte e latrocínio. Na sexta-feira, 21, o número de CVLI chegou a 37, o dia mais violento registrado desde o início de 2020. Até então, o dia com maior números de casos foi em 18 de janeiro, com 17 mortes.

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Mesmo com reforço da Força Nacional e do Exército na segurança do Estado, os crimes continuam acontecendo. Ao todo, 2,8 mil homens ocupam as ruas da capital e de algumas cidades do interior com o intuito de amenizar os efeitos da crise na segurança pública. A medida está dentro da Garantia da Lei e da Ordem decretada pelo presidente Jair Bolsonaro.

O Ceará registrou o período mais violento do ano nas últimas 24 horas, depois do início da paralisação das forças de segurança pública do Estado. Apenas na quarta-feira (19), foram assassinadas 29 pessoas, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública. O número de mortes é mais de três vezes maior que a média registrada no resto do ano.

Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que, apenas em janeiro, ocorreram 261 crimes violentos letais intencionais (CVLI) - classificação que inclui crimes como homicídio doloso, latrocínio e feminicídio - o que corresponde a uma média de 8,4 assassinatos no primeiro mês do ano. O balanço oficial do mês de fevereiro, ainda não consolidado, aponta que 160 CVLIs já ocorreram entre 1º e 18 de janeiro. Caso os números não sejam revisados, a média para os primeiros 48 dias do ano é de 8,6 mortes violentas.

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Desde o início da manhã desta sexta-feira (21), o Secretário de Segurança Pública do Ceará, André Costa, se reúne com os demais representantes da Polícia Militar, Polícia Civil e Corpo de Bombeiros para definir como será a atuação da Força Nacional e do Exército Brasileiro nas ruas de Fortaleza e no interior.

Cerca de 300 homens da Força Nacional desembarcaram na capital cearense nessa quinta-feira (20). A princípio, eles ficarão alojados na cidade.

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