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No primeiro mês do ano, é celebrado o mês da visibilidade trans. Em janeiro, muitas pautas são levantadas para destacar os desafios e possíveis soluções para diminuir a desigualdade e o preconceito com pessoas transsexuais e travestis. No mercado de trabalho, os desafios não são menores, mas as soluções são possíveis. 

Segundo dados do Dossiê Assassinatos e Violências Contra Travestis e Transexuais Brasileiras de 2021, apenas 4% da população trans feminina possui empregos formais no Brasil. A população trans enfrenta sérios obstáculos causados pela transfobia no meio social e no meio corporativo. Neste contexto, algumas empresas se posicionam com iniciativas transformadoras.

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Um dos exemplos de empresas brasileiras com estas iniciativas é a marca de telefonia TIM. A agência possui, atualmente, 35 colaboradores trans, com uma área dedicada ao programa de diversidade e inclusão, que foi incluída em 2019, ao colocar o pilar LGBT como prioritário. Dentre os projetos desenvolvidos, o “Transforma TIM” é um dos mais conhecidos por disponibilizar vagas afirmativas para pessoas trans, em áreas diversas de atuação.

Além da contratação, a firma também oferece graduação gratuita para todos os colaboradores trans, visando o dado divulgado pela Associação Nacional de Travestis e Transsecuais, o ANTRA, em que apenas 0,02% das pessoas trans têm acesso a uma universidade no Brasil. Atitudes ativas podem tornar o ambiente de trabalho um local menos violento com a população trans.

“Uma das principais barreiras hoje para a inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho é o preconceito. É uma população muito marginalizada, que tem muita dificuldade de acessar as oportunidades. Então a gente tem um trabalho que é integrado de sensibilização de toda a companhia, de sensibilização dos líderes e das equipes onde essa pessoa trans vai ser acolhida, vai ser incluída”, declara Alan Kido, o gerente executivo de diversidade e inclusão da TIM.

Alan Kido trabalha na área desde 2019 e defende a importância do trabalho afirmativo por parte das empresas. Para ele, os negócios são um extrato da sociedade e devem representar o aspecto social. O gerente defende que o papel das empresas é “deixar um legado positivo” para o meio que está inserida. 

“Quando a gente olha os grupos minorizados de uma forma geral, se você for observar, muito dessa não-inclusão está associado a aspectos de qualificação ou de empregabilidade, né? E as empresas não têm só um papel, mas eu acredito que essas empresas tem uma responsabilidade social de contribuir com essa transformação também da realidade do país”, afirma Kido.

O emprego não gera só uma ocupação, mas uma renda que gera dignidade e autonomia. Mesmo não sendo uma realidade na maioria das empresas brasileiras, Alan defende que o investimento em ações afirmativas no mercado de trabalho são muito válidas, seja pequena ou não, pelo poder de mudar a vida de alguém. Segundo o mesmo, estas atitudes deveriam ser “prioridade de todos”.

Profissionais que vivem as iniciativas

Dentro dos projetos apresentados, Marcela Sena e Iris Becker são, atualmente, mulheres trans contratadas pela agência de telefonia na sede de Pernambuco e contam com o suporte afirmativo e inclusivo no seu dia a dia corporativo. Iris Becker foi contratada como jovem aprendiz pela iniciativa “Transforma TIM”, com as vagas voltadas para pessoas trans. Hoje, a colaboradora é estagiária de inteligência comercial da firma.

Estagiária de inteligência comercial Iris Becker. Foto: Assessoria/TIM

Becker está no sexto período de administração e está vivendo seu primeiro estágio. A jovem conta com o apoio da companhia na formação do ensino superior, pela iniciativa de disponibilizar graduação gratuita. Ela explica que o programa é positivo para quem está entrando no mercado de trabalho, pois visa a “capacitação”. 

“Para mim é muito importante essas políticas afirmativas, (...) principalmente porque o problema sempre vai ser a falta de oportunidade, nunca capacitação. Gente capacitada a gente sempre teve. Mas principalmente agora que a gente está na era da tecnologia, a gente coloca muito em pauta essa questão de diversidade adentrando o mercado de trabalho nesse momento que está sendo revolucionário, tanto com tecnologia, inteligência artificial e muitas pessoas trans que trabalham com tecnologia”, cita Iris.

A profissional defende que práticas de inclusão no mercado se tornem mais comuns. O empreendedorismo pode se abrir para receber pessoas diversas no seu meio. Segunda ela, a falta de conhecimento está ligada com a falta de interesse das companhias em se conscientizar. Contratada pelo projeto de diversidade, a estagiária explica que as vagas afirmativas “são uma necessidade”.

“Nós trans às vezes nem conseguimos nem terminar o ensino médio, então a gente já vive uma dificuldade no background dessa história não só no mercado de trabalho, mas de vivência. Muitas acabam na rua, na prostituoição (...) Então quando a gente vê uma pessoa trans que se dar a oportunidade de estudar porque a gente não pode ajudar um pouco mais dando o excesso a ela que sempre foi negado?”, destaca Becker.

Para o futuro, Iris Becker espera continuar na área em que trabalha, além de continuar estudando para aprimorar seu conhecimento e alcançar um cargo de maior competência no futuro, como uma coordenação. Ao seu lado, Marcela Sena trabalha com Iris, na área de consultoria de relacionamento. Com 28 anos, Marcela também é uma mulher trans no mercado de trabalho.

A consultora transacionou em 2018, com 23 anos. Na época, ela tinha acabado de ser demitida de onde trabalhava e passou um ano sem emprego, vendendo brigadeiro no Marco Zero, no centro do Recife. Nas suas vendas, ela dividia sua história e sua dificuldade de conseguir emprego por ser trans. Neste contexto, as portas abertas por parte dos empregadores são essenciais para valorizar essas pessoas.

Consultora de relacionamentos Marcela Sena. Foto: Assessoria/TIM.

“Quando eu transicionei, eu imaginava [a dificuldade]. Eu anotei no caderno os pontos positivos que eu ia ter e os pontos negativos. E um deles era justamente a questão no emprego, porque a população trans no Brasil é jogada e empurrada pra prostituição, né? A gente tem aí um dado de 90% pela ANTRA de desempregos para a gente e a única oportunidade é o trabalho informal, que é a prostituição”, compartilha Sena.

A entrevistada relata que também foi empurrada para prostituição quando ficou desempregada, mas recorreu a venda de brigadeiros por não ser um mercado que ela quisesse e soubesse lidar, por medo. Hoje em dia, Marcela conseguiu uma carteira de trabalho assinada e faz graduação em criminologia. Para ela, o trabalho de inclusão empresarial é possível em qualquer empreendimento.

“Eu acho importante um treinamento de diversidade e inclusão mas não com pessoas cis, não com pessoas fora dessa vivênvia. Se você é uma empresa que está iniciando a  contratação de pessoas trans, você pode buscar referências com outras mulheres trans que a empresa vai ter conhecimento. (...) Eu acredito que o RH tem que ter esse posicionamento de procurar uma pessoa trans, dizer que quer incluir e contratar e, também, contratar essa pessoa para dar essa palestra e explicar sobre a diversidade”, especifica.

O ato de conscientizar o time de colaboradores promove que o ambiente de trabalho se torne um espaço seguro e confortável para quem chega. A consultora explica que as empresas precisam se posicionar, “no final das contas é o nome da empresa que está em jogo”. Apesar do seu começo no mercado de trabalho não ter sido amigável, Marcela se sente feliz em estar em uma empresa onde pode “ser quem quiser” e cria expectativas para seu futuro profissional:

“Eu quero seguir o cargo de liderança e quero poder ser a mais nova mulher trans que tá liderando outras pessoas, que estão ali empoderando e poder, em um dado momento, com a solicitação da empresa fazer contratação de outras pessoas trans, participar desse processo… É isso que eu quero, é isso que eu estou visando”, divide.

Em celebração ao mês da visibilidade trans, Marcela Sena pede que outras mulheres trans não percam a esperança de conseguir um emprego. “O mundo está mudando. Eu quero que outras mulheres trans entendam que aqui a gente está aberta para ajudar nesse sentido e diminuir esse dado que é tão alto de 90% de desemprego trans”.

O procurador-geral da República, Paulo Gonet Filho, defendeu nesta quinta-feira, 18, que uma ação onde o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) é acusado de crimes previstos na Lei de Segurança Nacional seja julgada no bojo dos processos dos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro que tramitam no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo Gonet, o ex-parlamentar foi um "elo relevante" para a "engrenagem" dos ataques aos prédios dos Três Poderes.

Em 2022, o STF tornou Jefferson réu pelas supostas práticas de calúnia e racismo, além de incitação a crimes previstos na antiga Lei de Segurança Nacional. À época, a Corte determinou a remessa do caso para a Justiça Federal do Distrito Federal. Para a Procuradoria-Geral da República (PGR), as denúncias vinculam o ex-parlamentar com os inquéritos do 8 de Janeiro.

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"Os fatos imputados ao réu Roberto Jefferson podem ser vistos como elo relevante nessa engrenagem que resultou nos atos violentos de 8 de janeiro de 2023", afirmou Paulo Gonet.

O procurador-geral também afirmou que Jefferson utilizou a estrutura partidária do PTB, sigla presidida pelo ex-deputado entre 2016 e 2021, para atacar as instituições democráticas.

"Essa perspectiva se fortalece na consideração de que se atribui ao réu, além de haver utilizado parte da estrutura partidária financiada pelo erário para fragilizar as instituições da República, ter formulado publicamente túrbidos ataques verbais contra instituições centrais da República democrática, num esforço que a visão deste momento permite situar como estratégia dirigida a fomentar movimento de rompimento condenável da ordem política", pontuou o procurador-geral.

O Estadão procurou a defesa do ex-deputado Roberto Jefferson, mas ainda não obteve retorno.

'Vinculação direta'

No último dia 5, o ministro Moraes, que é o relator das ações referentes ao 8 de Janeiro no STF, protocolou um despacho questionando se a ação que julga Jefferson deve ser apreciada pela Corte Máxima. Segundo o magistrado, não restam dúvidas sobre a "vinculação direta" de Jefferson com "os atos criminosos que resultaram na invasão e depredação" dos prédios dos Três Poderes.

No documento, Moraes pontua que a determinação do Supremo que enviou a ação para a Justiça do DF foi feita antes de outra decisão da Corte. Após o 8 de Janeiro, foi fixada a competência do STF para conduzir os inquéritos sobre supostos crimes de atos terroristas, ameaça, perseguição, associação criminosa armada, golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito cometidos durante os ataques antidemocráticos.

Com a manifestação favorável da PGR, a competência do STF para julgar Jefferson será discutida pelo plenário da Corte. O Supremo está em recesso desde o dia 20 de dezembro e deve retornar às suas atividades no início de fevereiro.

Prisão preventiva

No dia 16 de dezembro, Moraes manteve a prisão preventiva de Jefferson. O ex-deputado está detido preventivamente desde outubro de 2022 quando recebeu a Polícia Federal com tiros de fuzil e granadas no Rio nas vésperas do segundo turno das eleições presidenciais. Desde março do ano passado, ele está internado em um hospital privado e a sua defesa alega que a sua saúde está debilitada.

Moraes declarou que as condutas imputadas a Jefferson são "gravíssimas" e que não houve um fato recente que pudesse "macular os requisitos e fundamentos da decisão que decretou a prisão preventiva". O magistrado também pontuou que a prisão do ex-deputado é necessária para a "garantia da ordem pública" e classificou que ele possui um "comportamento beligerante".

"Não há que dizer, ainda, que seu comportamento beligerante e avesso ao cumprimento de determinações judiciais cessou, tendo em vista que, atualmente, se encontra internado em estabelecimento hospitalar", destacou o ministro.

O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) adotou uma medida interna para que pelo menos metade das vagas da instituição sejam preenchidas preferencialmente por mulheres.

A nova norma, incluída no Regime Interno da instituição, estabelece que deve haver "a participação equânime de homens e mulheres" sempre que possível, levando em conta a proporção de raças e etnias conforme são vistas na sociedade. Para isso, será utilizado como parâmetro o último Censo da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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A mudança prevê que sejam levadas em consideração identidades de gênero (cisgênero, transgênero e fluido) para compor a equidade. Deve ser observado a presença de mulheres em pelo menos 50% das vagas, preferencialmente, nas seguintes ocasiões:

- Convocação e designação de juízes e juízas auxiliares;

- Cargos de confiança e assessoramento;

- Composição de comissões, comitês, grupos de trabalho, ou outros colegiados ou coletivos;

- Mesas de eventos institucionais;

- Contratação de empresa prestadora de serviço terceirizado, considerada cada função do contrato, a Presidência, ou o agente que receber a atribuição por delegação.

Em setembro, o CNJ aprovou outra medida para garantir a paridade de gênero nos tribunais de segunda instância de todo o País. A resolução aprovada prevê que listas formadas exclusivamente por mulheres sejam alternadas com listas mistas para promoção na carreira. A regra vale para promoções por merecimento, até que os tribunais alcancem a paridade de gênero.

As alterações nas diretrizes vêm em um momento onde há um crescente questionamento sobre a disparidade de gênero no Poder Judiciário.

Havia a expectativa de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicasse uma mulher para o Supremo Tribunal Federal (STF), já que a vaga aberta foi deixada por uma ministra, Rosa Weber, e que Lula já havia indicado um homem, o ministro Cristiano Zanin, para a outra vaga aberta na Suprema Corte, também neste ano.

Conforme dados do último Censo do Judiciário, que consultou todos os tribunais do País, 59,6% dos magistrados são homens, e o número é ainda maior em instâncias superiores.

Nesta sexta-feira (29), a Catho, marketplace de tecnologia que conecta empresas e candidatos, estará realizando o quinto Mutirão PcD, em São Paulo. A iniciativa, totalmente gratuita, busca facilitar o match perfeito entre pessoas com deficiência ou reabilitados pelo INSS e empresas, por meio de entrevistas rápidas. O evento também contará com uma equipe médica para avaliação e disponibilização de laudos gratuitos, conforme instituído pela Lei de Cotas nº 12.711/12.

Na base da Catho atualmente, menos de 30% das pessoas com deficiência declaram ter laudo ou documento do INSS. Entretanto, no mercado de trabalho, uma pessoa que se declara com alguma deficiência precisa ter um desses documentos para ser contemplada pela Lei de Cotas. Seguindo determinações do Ministério do Trabalho, caso não haja nenhum, a contratação é feita como pessoa sem deficiência.

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O Mutirão, uma iniciativa da Catho originada pelo movimento #MinhaVagaPorDireito em 2018, concentra-se em promover a inclusão de pessoas com deficiência ou reabilitadas pelo INSS no mercado de trabalho. Seu propósito é facilitar o acesso gratuito a oportunidades de emprego. Os candidatos pré-inscritos podem interagir com até duas empresas, desde que tenham os documentos necessários: duas cópias impressas do currículo, documento com foto (RG, habilitação ou carteira de trabalho), CPF e laudo médico de deficiência ou certificado de reabilitação do INSS, se aplicável.

O Mutirão PcD também conta com a participação de parceiros como Azul Linhas Aéreas, Bradesco Seguros, Ecolab, Natural da Terra e JLL, consultoria imobiliária, que realizarão processos seletivos durante todo o evento. A TAP, empresa de saúde e segurança ocupacional, é a responsável pela avaliação e emissão do laudo médico.

A Catho e as empresas presentes no local não garantem a contratação dos participantes do evento.

Durante o mutirão, os candidatos terão à disposição uma equipe de intérpretes de libras, equipe de apoio para acompanhar profissionais que necessitarem, espaço para receber cães-guias, chamadas de senhas com áudio para pessoas cegas ou com baixa visão e apoio para preenchimento do currículo, caso o candidato não possua.

A partir do dia 20 de setembro, estreia a exposição fotográfica “Desperte seu Olhar Inclusivo”, no Internacional Shopping, em Guarulhos (SP). A mostra gratuita ficará em cartaz até o dia 30 de setembro; de segunda a sábado, das 10h às 22h; domingos e feriados, das 14h às 20h. 

Serão expostas 65 fotos de pessoas com idades variadas e diversos tipos de deficiência. O tema é “Eu sou...”, baseado na leitura do poema “Incluir é Viver a Beleza da Diversidade”, de João Beauclair, que trata do respeito às diferenças e da superação de limites.

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A exibição também ocorre simultaneamente no Centro Educacional Adamastor no Macedo, até o dia 1º de outubro; de segunda a domingo, das 9h às 22h. Nos dois locais, as imagens possuem QR Code com audiodescrição da foto. 

O evento é uma parceria com a Prefeitura de Guarulhos. Coordenado pela Subsecretaria de Acessibilidade e Inclusão, integrante da Secretaria de Direitos Humanos, visa estimular a criatividade e o interesse pela arte de fotografar, além de promover a autoestima e autonomia da pessoa com deficiência.

Serviço - Exibição “Desperte seu Olhar Inclusivo”

Data: 20 á 30 de setembro de 2023 

Horário: Segunda a sábado, das 10h às 22h. Domingos e feriados, das 14h às 20h

Local: Piso térreo do Internacional Shopping Guarulhos, em frente à loja Polishop

Endereço: Rodovia Presidente Dutra, saída 225 - Vila Itapegica/SP

Entrada gratuita

O Transtorno Espectro Autista (TEA) alcança 1 a cada 36 crianças brasileiras aos 8 anos de idade, segundo dados do Monitoramento de Autismo e Deficiências do Desenvolvimento, do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CDC), publicado em março de 2023. Apesar do número significativo, a inclusão destes jovens na educação, por muito tempo, não foi uma prioridade. 

“Eu tive muito pouco apoio da escola porque a escola não sabia o que ele tinha. Ninguém notava, só eu notava dentro de casa”, é o que relata Silvia Valéria Vidal, de 54 anos, auxiliar de laboratório e mãe de uma pessoa autista.

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Gabriel José Vidal Salgueiro, desde muito novo, demonstrou alguns sinais característicos do TEA, como a seletividade alimentar, dificuldade para interagir socialmente e desafios para se comunicar. Silvia conta que, apesar de notar essas atitudes, o único laudo que teve de seu filho até os seus 18 anos foi de TDAH, Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.

“No maternal, a professora começou a me sinalizar o fato dele não socializar. (...) Acho que até o sexto ano, ele estudou em escola particular e não tinha apoio, entendeu? A alfabetização, ele teve que repetir de ano. Eu fiz questão que ele repetisse porque eu achei que era só dificuldade de escolaridade. E ele não tinha apoio em sala de aula, muitas vezes ficava isolado”, relembra a mãe.

Silvia Vidal e seu filho, Gabriel Vidal. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá.

Hoje, com 23 anos, Gabriel completou todo o ensino médio mas ainda não consegue ler. Silvia explica que ele consegue reconhecer algumas palavras por memória fotográfica, então memorizava algumas delas. Gabriel conhece as letras e consegue transcrever todas, mas não consegue ler os sons delas juntas.

“A escola nunca esteve preparada, nunca. A que ele fez particular, eles colocaram uma estagiária sem preparo nenhum para ensinar ele, ele não se identificou com ela. Era a maior dificuldade para ele ir para escola, ele não queria. Quando ele fez o segundo grau, tinha um acompanhamento à tarde, que a professora nunca ia”, destaca Silvia.

Silvia Vidal explica que, mesmo com 23 anos, Gabriel é como uma criança de 8. Para ela, é como viver com uma criança crescida dentro de casa, que precisa de acompanhamentos, de atenção e de coleguinhas para se divertir. Silvia se sustenta com um emprego, enquanto luta para conseguir clínicas que atendem autistas adultos para levar seu filho.

Silvia Vidal e seus filhos Gabriel e Clara. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá.

“Não foi fácil não, viu? Quando eu descobri (o autismo), eu não romantizei. Eu não tive tempo de pensar em nada, eu tinha que agir e eu tinha que correr atrás do desenvolvimento dele. Tudo isso eu fiz sozinha, porque eu nunca tive o apoio do pai. Minha luta, hoje em dia, é procurar tratamento para ele. Ele precisa de fono, precisa ocupar o tempo dele, porque não tá mais indo para escola, precisa de coleguinhas para brincar”, reforça a entrevistada.

Diagnosticado aos 18 anos, o psicólogo acredita que Gabriel possui grau 3 de TEA. A mãe de Gabriel destaca que o preparo das escolas era diferente de antigamente e, quando encontra uma mãe de um autista jovem, tenta aconselhar para que o cuidado com ele não seja tão desafiador quanto o que Silvia e seu filho tiveram juntos.

“Hoje em dia, a gente tem mais profissionais, tem pessoas capacitadas para identificar. Mas na época que eu corria nas clínicas com ele, eu não via esse preparo todo, entendeu? Eu não via. Então, eu não sei se por causa do tempo, o diagnóstico dele foi tardio, talvez eu pudesse ter mais sucesso com ele, mesmo com todas as minhas dificuldades”, declarou a auxiliar de laboratório.

Os avanços da aprendizagem inclusiva

Sandra Lúcia Araújo Pimentel é mãe de Miguel Pimentel da Silva, com 9 anos atualmente, Miguel foi diagnosticado com autismo com entre os 6 e 7 anos de idade. Apesar do laudo considerado cedo, Sandra passou anos acreditando que o único diagnóstico do seu filho era apraxia da fala (AFI).

Sandra Lúcia Araújo, mãe de Miguel Araújo. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Miguel passou cinco anos sem conseguir falar e, quando começou, teve dificuldades na pronúncia de algumas letras. Essa também é uma característica do Transtorno Espectro Autista (TEA), mas Sandra não tinha conhecimento sobre estas particularidades. Foi quando decidiu colocar seu filho em uma nova escola, na Escola Municipal Severina Lira, no Recife, Pernambuco

Severina Lira possui uma prática de ensino inclusivo, com três professoras dedicadas ao Atendimento Educacional Especializado – (AEE). Este preparo ajuda mães como Sandra a conhecer seu filho e incluir ele para aprender com outras crianças.

Janira Oliveira é uma destas professoras do ensino inclusivo e trabalha nas AEEs, nas salas de Recursos Multifuncionais. Especialista em educação especial, Janira explica que o trabalho pedagógico do professor do AEE é feito no período de contraturno com crianças com algum tipo de deficiência ou transtorno. 

"Nós fazemos um trabalho de reforço, algumas estratégias que facilite a comunicação e a aprendizagem dela para que ajude o trabalho do professor na sala de aula comum. A gente sabe que as crianças, mesmo tendo transtornos iguais, eles têm formas de aprender diferenciadas", explica a professora.

Sandra lembra como as professoras da escola notaram rapidamente as características únicas de Miguel e indicou que ele visitasse um geneticista. Logo na primeira consulta, o médico diagnosticou Miguel com autismo com base no relatório das docentes.

"A professora atendeu ele, fez um relatório e me encaminhou para clínica, para o geneticista. Quando chegou lá, ele fechou logo: autismo. Até então, eu não sabia. (...) Foi quando eu consegui o diagnóstico dele, foi na primeira consulta. Quando ela leu o relatório, ela fechou na hora, e até então eu tava com esse menino sem saber o que ele tinha", conta a mãe.

Sandra Lúcia Araújo, mãe de Miguel Araújo. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Antes deste diagnóstico, Sandra explica que não conhecia nada sobre o autismo e começou a estudar sobre, através de livros e de outras mães para entender mais do seu filho. Mas tudo isso, com a ajuda e apoio das professoras especiais da escola.

"O convívio na escola é uma riqueza para ele porque tá ensinando ele a viver sem preconceitos, a respeitar a diferença. Ele é diferente, o outro é diferente, o mundo é isso. (...) Hoje ele fala, com algumas dificuldades, mas fala pelos cotovelos", celebra a mãe.

Janira defende que a sala de recursos multifuncionais funciona por múltiplas razões. Além de um tempo a mais para socializar na escola, o espaço ajuda as crianças com deficiência ou algum transtorno a superar dificuldades que possam existir dentro da sala de aula comum e superar elas dentro do seu próprio desenvolvimento.

"Nós sempre estamos em contato com a professora da sala comum e sempre perguntamos qual a maior dificuldade que ela encontra para trabalhar com a criança, para que nós também possamos, na sala de recursos, dar esse apoio. (...) Muitas crianças que têm o Transtorno do Espectro Autista, elas têm dificuldade no aprendizado da leitura", detalha a docente.

Para atrair esses jovens, o trabalho da sala multifuncional mexe muito com atividades, brincadeiras e jogos lúdicos. Assim, conteúdos comuns podem tocar muito mais as crianças por ser uma linguagem natural da infância.

Janira Oliveira, professora e especialista em educação inclusiva. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

"Quanto mais você conscientiza, mais a coisa vai caminhando. Se você pensar em dez anos, não era como é hoje. O acesso que as crianças especiais têm hoje a tecnologia, a diversos recursos. Então se a gente olhar para trás um pouco, a gente vê que avançou, mas avançou pouco para a necessidade", afirma Janira.

A gerente de Educação Inclusiva do Recife, Adilsa Gomes, garante que trabalhos como este da Escola Severina Lira acontecem em todas as escolas da Rede Municipal. Além do trabalho das salas de recursos multifuncionais e do AEE, todos os professores passam por uma formação continuada para conhecer e aprender sobre a educação inclusiva.

"Muitas vezes as pessoas falam sobre inclusão, mas nós trazemos uma fala maior, uma fala mais ampla, que é a equidade. Que significa, dar oportunidade a todos, dentro das suas potencialidades, dentro das suas diferenças, mas também dentro das suas igualdades ", declarou Adilsa.

Outros projetos, além da formação dos professores, contam com o uso de tecnologia assistivas, como aplicativos de comunicação alternativa e aumentada que estão em tablets distribuídos para os alunos. Também é entregue um catálogo de jogos gratuitos que ajudam no desenvolvimento das crianças, disponíveis em ordem de faixa etária para que os pais possam baixar.

"Durante muito tempo o professor e a professora não sabiam trabalhar com as crianças com deficiência, porque a sua formação inicial não tinha esse olhar. Eu sou uma professor que, quando eu fiz magistério, quando eu fiz pedagogia, não tinha uma disciplina, nem um momento de reflexão sobre como trabalhar e como vivenciar as ações inclusivas", relembra a gestora.

Adilsa Gomes, gerente de Educação Inclusiva do Recife. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Adilsa defende que a alfabetização está alinhada com o letramento e que é uma construção: "A alfabetização é uma construção que inicia na educação infantil e permanece por toda nossa vida porque a alfabetização é muito mais do que a gente ler textos, ler palavras, ler coletâneas. A alfabetização é quando a  gente consegue ler, conhecer, interpretar e fazer validar tudo que a gente aprendeu no mundo como um todo."

A gerente de Educação Inclusiva também é uma pessoa com autismo e descobriu de forma muito tardia. Foi só depois que ela se tornou professora, aos 33 anos de idade, que teve seu laudo fechado. Com sua experiência, Adilsa acredita que é preciso ter um olhar que todas as crianças conseguem e podem aprender, mas precisam de pessoas, profissionais e familiares, que estejam aptos a contribuir na educação destas crianças.

DTEA: Mais um avanço possível

O trabalho e o esforço para ajudar no desenvolvimento do ensino para crianças autistas também motivou Leticia Viegas Gomes, mestra em design na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a trabalhar e pesquisar sobre o assunto. 

Foi assim que a profissional desenvolveu o Dispositivo TEA (DTEA) focado em sistematizar o processo de alfabetização de forma lúdica e criativa para as crianças que possuem o Transtorno Espectro Autista. Leticia, que também é mãe, conta que a inspiração para esse projeto não veio de seu filho, mas sim de uma colega da escolinha dele:

"Eu tenho um filho de oito anos que, na época que eu comecei o projeto, ele tinha uma colega de classe que era uma aluna autista e a escola não estava sabendo muito bem ainda como lidar com essa nova educação, tinha sido a primeira aluna lá. E aí, calhou de estar próximo do projeto, eu pensei, como eu posso auxiliar essa criança e outras crianças também?"

Leticia Viegas Gomes, desenvolvedora do DTEA. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

Através da tecnologia e da curiosidade, Leticia começou a hipótese do seu projeto através de pesquisas de casos, de comunidades de pais e de crianças autistas. A ideia é criar um fluxo dinâmico que consiga se encaixar em diferentes perfis das diferentes crianças com TEA. 

Cerca de 50 crianças foram entrevistadas e estudadas para criar as proto-personas, os tipos de público que o projeto pode alcançar e como ele pode se encaixar em cada um deles. 

O projeto começa com a coleta de dados, em que os pais ou profissionais devem preencher um formulário com informações sobre aquela criança, em relação ao diagnóstico, se já é conhecido. Também é procurado saber o nível de alfabetização e aprendizado dessa criança, seguido pelas perguntas sobre os gostos pessoais e interesses individuais deles. 

"As crianças autistas possuem uma característica muito interessante que é o hiperfoco. Esse hiperfoco vai de acordo com temáticas diferentes, pode ser música, animação, números… Então a gente vai pegando essas características de hiperfoco para trabalhar as dificuldades dessa criança.", explica Leticia.

O ideal é que tenha um mediador responsável que tenha as informações sobre as capacidades atuais da criança e o dispositivo vai desenvolver atividades que possam ajudar a criança a se desenvolver para além do seu limite, sempre utilizando das habilidades e detalhes do foco e interesse individual da criança para chamar sua atenção aos exercícios. Pensando em como ele poderia ser utilizado em ambiente escolar, Leticia responde:

“Acredito que amplamente (o DTEA) dá para ser usado em escolas. Até de uma forma para a gente tirar um pouco a criança do padrão que a gente tem hoje em dia escolar, né? Eu vejo que a educação infantil, principalmente, ela é nesse sistema que a gente faz tudo igual para todo mundo. Só que cada criança tem um nível de atenção diferente, tem um nível de comprometimento diferente, tem hiperatividades diferentes, né?”, explica.

“Então dentro dessa dinâmica escolar, a gente consegue dar uma equalizada, sabe? A gente consegue medir a interação de cada criança, consegue medir a atenção dela e dar a ela o seu tempo de educação. Porque ela que vai estar jogando, ela que vai estar interagindo, ela que vai estar fazendo a dinâmica. Então acho que auxilia bastante, dentro do ambiente escolar, dar autonomia para a criança”, continua a jovem.

Leticia Viegas Gomes, desenvolvedora do DTEA. Foto: Júlio Gomes/LeiaJá Imagens

O sistema ainda é apenas teórico pois, segundo a criadora, não houve tempo e nem capital hábil para se tornar real. Apresentado em 2022, o projeto ainda tem chamado interesse de professores e pesquisadores que pensam em ampliar o projeto para autistas adultos também, por exemplo. A mestra em design ainda afirma que o projeto pode ser usado com crianças com outros tipos de transtornos também. 

“Eu tô em contato com alguns professores aqui da Universidade Federal que também querem desenvolver e amplificar para adultos autistas. Para a gente conseguir ver se alcança a alfabetização destes adultos. Então assim, é um projeto que está em andamento lentamente, mas ele ainda está sendo continuado”, declara a entrevistada. 

Quando perguntada sobre a importância do seu projeto, Leticia defende a capacidade de ensinar de forma divertida, lúdica e no tempo de aprendizado de cada criança. Tornando o estudo para estas crianças autistas mais autônomo e dinâmico.

“Eu acho que a gente dá autonomia para essas crianças, sabe? No autismo, a gente vê muita dependência. As crianças sempre acabam sendo dependentes por questão de comunicação, por questão de entendimento. Então a autonomia para elas é uma questão muito importante de ser desenvolvida, principalmente a autonomia na sua própria educação”, afirma.

“Muitos casos que eu vi dos pais foi que, por exemplo, que essa criança não conseguia pedir água, não conseguia pedir comida, não conseguia se comunicar. E a comunicação é o básico para o ser humano. Então você conseguir proporcionar isso para crianças que não estão conseguindo se desenvolver, que elas mesmas se sentem frustradas por não conseguir se comunicar. Isso é uma chave”, finaliza Leticia.

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O deputado Rodrigo Valadares (União-SE) solicitou ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a inclusão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no inquérito sobre a venda de presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em viagens oficiais. Em ofício, o parlamentar cita um relógio da marca Piaget, avaliado em R$ 80 mil, recebido por Lula na França, em 2005, e que não está entre os presentes oficiais informados ao Tribunal de Contas da União (TCU).

Em julho deste ano, Lula disse, durante a live semanal "Conversa com o Presidente", produzida pela EBC (Empresa Brasil de Comunicação), que o relógio foi um presente do ex-presidente da França Jacques Chirac. O Piaget não consta em uma lista do TCU com a descrição de 568 presentes que o petista recebeu entre os anos de 2003 e 2010. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo.

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No ano passado, o Partido dos Trabalhadores publicou uma foto em que Lula aparece com o relógio no pulso na comemoração dos 100 anos do Partido Comunista do Brasil (PCdoB). A foto foi apagada do perfil da sigla. A imagem ainda está disponível nas redes sociais da presidente do partido, Gleisi Hoffmann.

No requerimento, Valadares afirma que o fato de o presidente não ter informado ao TCU sobre o relógio da marca Piaget faz com que o caso seja semelhante ao de Bolsonaro, o que justificaria a inclusão de Lula nas investigações.

O inquérito de Bolsonaro é sobre a venda ilegal de um relógio Rolex, presente do governo da Arábia Saudita, para enriquecimento ilícito. As tratativas para comercialização de joias e objetos de luxo por auxiliares do ex-presidente só foi interrompida após o Estadão revelar sobre a tentativa de entrada ilegal no Brasil de presentes recebidos em compromissos oficiais da Presidência.

"Nós devemos ter no nosso País uma isonomia, um julgamento justo que não olhe lado partidário nem ideologia política. Se existir problemas nas joias do Bolsonaro, deve ser investigado também se existe problemas que o Lula recebeu", disse o parlamentar do União Brasil.

O Estadão procurou o Palácio do Planalto para comentar sobre o pedido do parlamentar, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.

O Projeto Gradação vai promover, neste sábado (26), um aulão preparatório para o Enem 2023. O evento vai ser realizado no auditório do Niate/CFCH da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), das 8h às 17h. 

As aulas contarão com intérpretes de libras, além de professores altamente qualificados. O Projeto Gradação visa a inclusão de estudantes que não tiveram oportunidade de desenvolver suas capacidades de aprendizagem nos padrões que são exigidos hoje para garantir o ingresso no Ensino Superior.

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A expectativa dos organizadores é que mais de 200 estudantes da rede pública compareçam ao aulão. Para mais informações, os interessados devem buscar o direct do instagram do projeto.

Programação do Aulão:

Acolhida e Orientações Gerais - 8h às 9h

Geografia -  9h às 10h

 Filosofia e História - 10h às 11h

Biologia - 11h às 12h

Intervalo – 12h às 13h

Redação -  13h às 14h

Literatura - 14h às 15h

Sociologia - 15h às 16h

Matemática - 16h às 17h

Serviço: 

Gradação - Aulão preparatório para o Enem 2023

Data/Horário: 26 de agosto de 2023, das 08h às 17h

Local: Auditórios do NIATE/CFCH, da Universidade Federal de Pernambuco, Av. Prof. Moraes Rego, 1235 - Cidade Universitária, em Recife – PE

Nesta segunda-feira (21) inicia a campanha da Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla. Ela é caracterizada pelo funcionamento cognitivo que não corresponde à média esperada, ou seja, abaixo do que é considerado normal. Por isso, algumas pessoas confundem em identificar essa deficiência e optam por englobar essa forma como um xingamento às outras. O objetivo da data é promover a garantia da inclusão, conscientização e oportunidades sobre os direitos por essas pessoas. 

A dúvida de pais ou responsáveis, se deve aos campos que podem ser direta ou indiretamente afetados pelo desempenho cerebral da criança, por exemplo. Para alcançar o objeto da data por completo, é necessário entender que a igualdade é um processo contínuo e uma das formas de estimular esse processo é a explicação e colaboração do assunto na educação familiar e escolar, seja dos pais, responsáveis ou até mesmo os professores. 

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A equipe médica não trabalha com apenas uma linha de pesquisa objetiva para o resultado final da deficiência, ela deriva de um aspecto multifatorial. “Uma criança que tem o resultado positivo para a deficiência intelectual e múltipla, pode apresentar por vários motivos variados o desempenho inalcançado considerado dentro do normal. Cada especialista segue uma linha para a resposta”, ressalta a médica em clínico geral, Dra. Karla Nogueira. 

Os sinais para essa deficiência são: pouca interação com os colegas e com a professora; dificuldade em se adaptar aos mais variados ambientes; falta de interesse pelas atividades dadas em sala de aula; esquecer o que havia aprendido; dificuldade para identificar letras, desenvolver a fala de maneira satisfatória; dificuldade em coordenação motora e outros sinais. E o diagnóstico deve vir de um profissional da área, mas o tratamento pode ser realizado por meio de uma equipe multidisciplinar. 

 

A Câmara Municipal do Recife concedeu, nesta quinta-feira (17), a Medalha de Mérito José Mariano ao advogado, ativista dos direitos humanos e educador Sérgio Murilo Junior. A proposição foi do vereador Paulo Muniz (Solidariedade).

“Nada mais justo, diante de uma vida de dedicação à área acadêmica pública, bem como sua grande contribuição para projetos e estudos voltados à inclusão e à acessibilidade”, destacou o vereador, em sua justificativa para a homenagem.

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Na solenidade, Sérgio Murilo discursou no auditório da Câmara. "Agradeço ao vereador Paulo Muniz, a indicação para receber essa honraria, que me enche de orgulho. Agradeço àqueles que fazer parte do segmento das pessoas com deficiência, do movimento negro, da cultura, das mulheres, ao movimento LGBTQIA+, que, juntos, são a força que impulssiona as mudanças concretas e reais. Agradeço ao Grupo Ser Educacional, pela confiança e oportunidade de desenvolver projetos que buscam impactar positivamente a sociedade. Janguiê Diniz e Jânyo Diniz são figuras inspiradoras e seus ensinamentos foram fundamentais para o meu crescimento como indivíduo e profissional preocupado com a nossa sociedade", disse.

Quem é o homenageado?

Sérgio Murilo Junior é advogado e militante da área de Direitos Humanos desde 1992. Por duas vezes, foi Presidente da Juventude Latino-Americana pela Democracia, Organização Não Governamental (ONG) Internacional de jovens ligados ao Parlamento Latino-Americano, da qual atualmente é Presidente de honra.

Foi membro fundador do Comitê Nacional de Vítimas da Violência – Parceiros da Paz; Coordenador da Campanha pelo Desarmamento em Pernambuco; Membro da Coordenação do Referendo pelo Desarmamento em Pernambuco; Coordenador da área de Cultura de Paz da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) em Pernambuco; Coordenador do Projeto Escola Aberta da UNESCO, reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU) como referência mundial no combate à violência nas escolas; Coordenador do Programa Nacional Paz nas Escolas da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República; Ex-Consultor do Banco Mundial para o Programa Vozes Jovens; Sócio Honorário do Instituto Êxito de Empreendedorismo; e Diretor de Governança Ambiental e Social do Grupo Ser Educacional.

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Inclusão

O homenageado tem uma grande contribuição social no que se refere a projetos de inclusão. Em 2013, lançou o “Projeto Praia Sem Barreiras”, que visa garantir o acesso ao lazer através da equiparação de oportunidades para as pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Em 2016, criou o “Projeto Mães Produtivas”, com o intuito de beneficiar as mães que não podem comparecer às aulas presenciais porque precisam fornecer cuidados especiais aos seus filhos.

Trabalhou ainda com o atendimento e a inclusão de pessoas com Síndrome de Down através do “Projeto Circo Social”, agregando técnicas circenses com o objetivo de promover a cidadania.

É criador também do projeto “Bike Sem Barreiras”, da “Maratona Maurício de Nassau” e a “Ação Tropical”, feita com o intuito de conscientizar as pessoas sobre cuidados com o meio ambiente e proporcionar a reflexão sobre as ações de cidadania e de coletividade.

Poluição

No Grupo UNINASSAU, Sérgio Murilo Junior foi o responsável pela parceria com o Instituto Limpa Brasil, o qual é representante nacional do “Let's do it!”, uma iniciativa que mobiliza centenas de países em defesa do descarte adequado do lixo e que promove, anualmente, o World Cleanup Day, com o objetivo de instituir uma grande ação cívica para a limpeza de cidades em todo o mundo.

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse nesta terça-feira que pediu para o Supremo Tribunal Federal incluir mensagem enviada pelo Telegram para seus usuários no inquérito das fake news.

Nesta tarde, o Telegram se juntou a outras empresas de tecnologia que têm feito lobby contra o projeto de lei 2630, o PL das Fake News, que está em discussão na Câmara.

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"O Brasil está prestes a aprovar uma lei que irá acabar com a liberdade de expressão. O PL 2630/2020 dá ao governo poderes de censura sem supervisão prévia", diz a mensagem do aplicativo. O Telegram também insta o usuários a pressionarem deputados contra o projeto e dá o link da página da Câmara onde é possível encontrar os contatos dos gabinetes.

"Acabamos de peticionar junto ao Supremo Tribunal Federal para que, no âmbito do inquérito das Fake News, sejam tomadas providências em relação ao abuso ocorrido por parte dessa big tech, essa de hoje à tarde", disse Randolfe.

"Enquanto o projeto de lei não avança, o Estado brasileiro tem que agir. Os senhores donos do Google não podem fazer o que querem, os senhores donos do Telegram, seja internacionalmente, seja aqui, não podem e não farão o que querem", declarou o líder do governo.

Responsabilização das big techs

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Rosa Weber, marcou o julgamento sobre o artigo 19 do Marco Civil da Internet para a próxima quarta-feira, 17. O julgamento é visto como uma alternativa ao PL das Fake News, cuja votação foi adiada no Congresso.

O Supremo vai decidir sobre a constitucionalidade da lei que determina que plataformas não podem ser responsabilizadas por conteúdo publicado pelos usuários, somente se desobedecerem uma ordem judicial de remoção. Impor mais responsabilidades às big techs é um dos principais pontos do PL das Fake News.

O movimento da ministra em colocar o julgamento em pauta ocorre horas após o Telegram disparar uma mensagem contrária à aprovação do projeto aos usuários, o que pode ser enquadrado como abuso de poder econômico ou publicidade abusiva. A plataforma já foi notificada pelo Ministério Público Federal (MPF) e Ministério da Justiça.

Um mês após lançar a Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea), o governo de São Paulo já recebeu mais de 4 mil pedidos do documento, que pretende facilitar a identificação da pessoa com TEA, propiciando mais rapidez em serviços públicos de saúde, educação e assistência social. A Lei Romeu Mion, de 2020, obriga Estados, Distrito Federal e municípios a fornecer a identificação gratuitamente.

Segundo o secretário dos Direitos da Pessoa com Deficiência, Marcos da Costa, está em estudo pela pasta um aplicativo para oferecer a versão digital da carteirinha, que funciona como um RG. "Por enquanto, a solicitação deve ser feita pelo site específico ou pessoalmente na unidade do Poupatempo do Canindé, zona norte. Gradativamente outras unidades também passarão a oferecer." A secretaria, diz ele, criará espaços exclusivos para atendimento dos autistas na rede Poupatempo, além de centros de referência para diagnóstico e tratamento. Mas ainda não há data de lançamento.

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Em 2 de abril, no Dia Mundial de Conscientização do Autismo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) se comprometeu a criar políticas públicas na área. A declaração veio dois meses após ele vetar projeto de lei que tornava o laudo de autistas definitivo porque, segundo justificou de forma equivocada, autismo é uma condição que pode "passar". A repercussão negativa fez Tarcísio se corrigir e autorizar que sua base na Assembleia derrubasse o veto. O laudo, assim, passou a ser permanente.

COMO FAZER

Para ter a carteirinha, é preciso apresentar o laudo médico e acessar ciptea.sp.gov.br. Lá, é feito o cadastro com dados pessoais e apresentado o laudo médico e foto. A secretaria avalia e, após aprovado, o pedido permite o download do documento oficial para impressão em casa.

O Poupatempo do Canindé é o único, por ora, com esse serviço presencial (Av. Cruzeiro do Sul, 1.100, dentro do Shopping D). O processo é validado pelo atendente, com entrega imediata do documento. As exigências são as mesmas.

A Ciptea tem validade de cinco anos, mas a família deve manter atualizados os dados cadastrais. Ao ser renovada, o número de identificação deve ser mantido.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Hoje (27) é o Dia das Mulheres na Tecnologia da Informação e Comunicação. Debates sobre o aumento da participação de mulheres no mercado corporativo estão ganhando cada vez mais espaço nos últimos tempos, mas ainda assim, há um caminho a ser alcançado, pelo fato da concorrência e desigualdade de gênero serem um dos motivos evidenciados para tal. Confira a seguir, as porcentagens de diferença de cargos entre as mulheres e os homens, e possíveis soluções para o mercado corporativo crescer com a contração das mulheres.

De acordo com um estudo da Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação e de Tecnologias Digitais (Brasscom), atualmente os homens ocupam 67% das posições mais altas nas empresas de tecnologia, enquanto as mulheres apenas 33%. Por meio desses apontamentos, é notável a responsabilidade das empresas de fomentar a diversidade dentro das empresas, principalmente no setor da tecnologia, no qual a presença das mulheres costuma ser menor. Já para a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o lucro das corporações comandadas por mulheres é 15% superior ao das empresas lideradas por homens. No entanto, apenas 39,4% das mulheres estão em cargos de chefia atualmente.  

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Para que o mercado tenha e mantenha a credibilidade, é primordial a prática de ações que abram oportunidades de contratações às mulheres e criação de comitês que promovam um espaço de discussão e uma rede de apoio entre elas, para que assim possam mostrar às outras a importância da presença feminina no ambiente de trabalho, principalmente em lugares que há predominância do sexo oposto.

É válido ressaltar também que o maior incentivo que deve ser feito para presença feminina em cargos de liderança e a atenção que as empresas devem ter em relação às ações de mobilização para oferecer salários igualitários, já que segundo uma pesquisa de 2021 do IDados, a mulher ainda ganha 20% a menos do que o homem.  

Outro fator crucial na diversidade e inclusão das corporações é a execução dos programas de desenvolvimento. Independente do nível, as companhias devem investir e apoiar a evolução de aprendizado e conquistas de seus funcionários. Especialmente quando se trata dos grupos minoritários. Essa é uma forma de fortalecer os planos de carreira e aumentar a confiança do profissional.

Também é preciso não apenas falar sobre diversidade e igualdade de gênero sem ações e planejamento para colocar em prática de forma efetiva. Para isso, é necessário gerar oportunidade na contratação e na construção de uma carreira sólida.

 

Divulgação / Twitter @leticiasugayama

Na próxima quarta-feira (12), a Clínica Ninho vai promover a palestra  “Descomplicando o Autismo nas Escolas”, no Hotel Jangadeiro, localizado em Boa Viagem às 19h. O encontro discutirá as dificuldades que as escolas enfrentam ao atender crianças com autismo, destacando a importância de oferecer o suporte necessário para atender adequadamente a essa população. As inscrições podem ser feitas de maneira gratuita através de um formulário na bio do Instagram da Clínica Ninho (@clinicaninho), ao todo 300 vagas estão disponíveis. 

A palestra conta com a participação de três palestrantes especialistas no tema: Carmo Pascoal, analista do comportamento e supervisora da Clínica Ninho, Emanuela Freire, psicóloga, mediadora escolar, terapeuta cognitiva comportamental e supervisora da Clínica Ninho; Suelma Santos, psicopedagoga da Clínica Ninho e a convidada e escritora Thallyta Mota. 

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A proposta é apresentar ferramentas que possam ser utilizadas pelos educadores para melhorar o atendimento aos alunos autistas, visando proporcionar um ambiente escolar mais inclusivo e acolhedor. “As escolas são um divisor de águas na vida dessas crianças, ou elas se integram ou vão ficar extremamente reclusas no futuro, por isso que a gente orienta aos profissionais da educação que se capacitem, para que a escola acompanhe a terapia”, afirmou a Dra. Carmo Pascoal,  analista de comportamento e supervisora da Clínica Ninho 

Serviço:

Especialistas em autismo discutem inclusão escolar em palestra gratuita no Recife

Quando: Quarta-feira, 12 de abril, às 19hs. 

Onde: Hotel Jangadeiro, Av. Boa Viagem, 3114 - Boa Viagem, Recife. 



 

O universitário Silvano Furtado da Costa e Silva, de 23 anos, estava no 8º período da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), quando teve seu diagnóstico de autismo, em 2020. Neste domingo (2), é lembrado o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo.

“No primeiro ano da pandemia, eu tive várias questões psicológicas, passei por alguns tratamento e tive meu diagnóstico de autismo. Fiquei um pouco vulnerável. Em uma reunião aberta entre os alunos e a representação discente da faculdade, eu disse à época que eu não pisaria nesse prédio novamente depois de  pegar meu diploma, caso a faculdade não mudasse a forma como lida com seus alunos neurodivergentes.” 

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A manifestação de Silvano fez com que ele fosse convidado a integrar a representação dos estudantes. “Assim, começamos a desenhar uma política de avaliações alternativas de acessibilidades pedagógicas dentro do Largo de São Francisco [local da faculdade]”, contou. 

O universitário colaborou na construção da Política de Acessibilidade Pedagógica (PAP) da Faculdade de Direito da USP, uma das mais antigas e tradicionais do Brasil. A PAP, implantada em agosto de 2022, é direcionada aos alunos diagnosticados com transtornos globais do desenvolvimento, como o transtorno do espectro autista (TEA). 

“A São Francisco é a única faculdade pública do Brasil a ter uma política assim, o que por si só é genial, pois tais normas, se cumpridas, dão conta de realizar a inclusão. Mas, ao meu ver, o grande mérito dessa política foi ter atuado contra a invisibilização de pessoas autistas no mundo acadêmico e colocado o debate na mesa acerca da neurodiversidade”, aponta Guilherme de Almeida, presidente da Associação Nacional para Inclusão das Pessoas Autistas (Ania/BR). 

Para o pesquisador, a Política de Acessibilidade Pedagógica é um potente regulamento em prol da garantia de direitos das pessoas neurodivergentes. Guilherme lembra que a PAP representa o cumprimento da Lei Brasileira de Inclusão, da Constituição Federal de 1988, e dos tratados internacionais de que o Brasil é signatário, em especial a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência de Nova York. 

Segundo dados mais recentes do Censo da Educação Superior, de 2021, no Brasil, estão matriculados em cursos de graduação presenciais e a distância 4.018 pessoas com  transtorno global do desenvolvimento (TGD). O transtorno do espectro autista (TEA) é um dos cinco tipos do TGD. Sendo assim, todos aqueles que têm algum grau de TEA possuem um TGD. 

O censo é realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), instituição vinculada ao Ministério da Educação.  Política “A Faculdade de Direito do Largo do São Francisco, como sendo a primeira faculdade do Brasil, teria que, em termos de tradição, mostrar que é possível quebrar o ‘antiquadrismo’. Então começamos a trabalhar”, relembra Silvano. 

A PAP estabelece que os alunos que necessitem de atendimento pedagógico diferenciado poderão solicitar previamente adaptações de provas e demais atividades avaliativas e tempo adicional, local reservado ou assistência para realização das provas. Considerando as legislações brasileiras de inclusão, a política visa “superar limitações ordinárias e promover adaptações razoáveis destinadas a garantir condições de desempenho acadêmico”.

Para Silvano, a política é um dos passos para a inclusão das pessoas com o espectro autista. “É um elemento de permanência, existem outros, como o elemento avaliativo, que é necessário para terminar o curso. Mas eu creio que existem outras iniciativas que a gente ainda precisa lidar, por exemplo, o relacionamento discente. A gente sempre fala da relação professor-aluno, que é uma relação de poder, que pode ser conflituosa, mas existem conflitos horizontais entre os alunos, como o bullying, que para pessoas autistas é algo complicado, que nos atinge”, explica. 

Para ele, a maior barreira ainda são as atitudes das pessoas com os autistas. “Não são barreiras de engenharia. Dependem de mudanças de atitudes, as pessoas têm mais dificuldades de mudar atitudes do que o formato de um prédio”, acrescenta. Silvano tem esperança de que as gerações futuras possam ser, de fato, incluídas no ensino superior. 

“Espero que o número que a USP como um todo tem, de tão poucas pessoas com deficiência, se reverta em uma mudança real, que pessoas ocupem essas cadeiras e se sintam confortáveis em ocupar essas cadeiras, em ir à aula, em falar, em ser elas mesmas, sem o medo de serem ridicularizadas, sem o medo de serem tratadas como seres humanos de baixa qualidade, essa é uma das minhas esperanças.” 

Ele ainda está indeciso em qual área do direito vai atuar quando se formar. “Tenho duas áreas em mente, a primeira é criminologia e a segunda é direito digital, para não abandonar essa minha aptidão com a computação.”

O universitário explica que o direito não foi sua primeira opção. “Estava no meio do processo seletivo do Consulado do Japão para tentar ciências da computação na Universidade Imperial de Tóquio até que eu decidi que não queria mais o curso, nem ir para Tóquio. Decidi que queria direito e como é um curso que radica muito nacionalmente, acabei optando pela USP como primeira e a melhor opção”, conta. 

Inclusão com humanização

“A grande beleza de se discutir inclusão é que você não pode fazer isso de modo sectarista, identitário, afinal só se inclui envolvendo o todo”, afirma Guilherme de Almeida, presidente da Ania/BR, que também é pesquisador de educação inclusiva na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Ele tem 40 anos e se descobriu autista aos 37.

Guilherme explica que existem várias dificuldades que as pessoas autistas enfrentam para acessar o ensino superior.  “A começar pelo vestibular que não avalia de forma adequada e justa as habilidades e os conhecimentos dos alunos, pois se baseia em um único teste padronizado. A forma como autistas pensam e processam informação é absolutamente diversa do modo como pessoas não autistas o fazem.”

Outra barreira, segundo o presidente, “está em uma ideia contida na famosa frase ‘mas se você chegou até aqui, você não precisa de adequações’". "Para mim, isso supera a ignorância e beira o criminoso. Qualquer professor universitário, com o mínimo de sensibilidade, compreende o quão desafiadora uma faculdade pode ser para qualquer pessoa. Ansiedade e depressão, transtornos alimentares, abuso de substâncias, síndrome de Burnout são apenas alguns exemplos da realidade nas universidades. Se isso já é complicadíssimo para qualquer pessoa, para indivíduos autistas tem um potencial destrutivo muito maior, vale lembrar que o suicídio é a maior causa de morte não natural entre pessoas autistas”, alerta.

Para o representante da Ania/BR, falta humanização para que haja, de fato, a inclusão de pessoas com deficiência no ensino superior. “A inclusão visa criar um ambiente onde todas as pessoas possam participar e se sentir bem-vindas. Para haver inclusão, falta humanização, falta comprometimento no desenvolvimento ético e social, falta partilha, falta união. Acessibilidade é ferramenta, inclusão é ‘inédito viável’, como queria Paulo Freire.” 

Direito à diferença

Durante a última semana, a Faculdade de Direito da USP sediou o 2º Simpósio Internacional de Inclusão no Ensino Superior - O Direito à Diferença. Promovido pela Ania/BR, o evento reuniu especialistas de universidades de diversos países e pessoas com deficiência em mesas-redondas e palestras sobre o autismo e sua relação com a sociedade brasileira.

Presente no evento, o professor César Nunes, titular de filosofia e educação na Faculdade de Educação da Unicamp, falou sobre a pedagogia humanizadora como instrumento de inclusão das diferenças. “Os autistas não encontram no conjunto das pessoas com deficiência nenhuma política especial de acesso e de garantia da qualidade humanizada e de permanência na instituição”, afirmou o professor, em entrevista à Agência Brasil. 

Ele explica que no ensino superior brasileiro há dificuldade de acesso para as pessoas autistas e, de modo geral, para as pessoas com deficiência.

“O acesso é diferente às universidades públicas e universidades particulares. As universidades públicas mantêm uma tradição um pouco mais rigorosa e muitas vezes é extremamente excludente, e as universidades particulares, com suas diferenças, têm um modelo de ingresso mais voltado para a questão econômica, comercial, flexibilizando o processo seletivo, mas ao mesmo tempo, mercenalizando o processo formativo.”

Para Nunes, a sociedade brasileira precisa superar as marcas e os preconceitos históricos. “Quando a sociedade for mais democrática e acessível, as instituições educacionais e escolares também o serão. As políticas públicas de acesso ao ensino superior deverão apropriar-se das características jurídicas, filosóficas, pedagógicas e democráticas da Constituição brasileira para promover uma educação onde haja espaço e lugar para todos. E as políticas de inclusão deverão considerar a especificidade da condição do autista”, opina.

O professor explica que a pedagogia, por sua natureza, já é um instrumento de inclusão das diferenças. “A pedagogia é uma ciência múltipla que trabalha as diversas dimensões do ato educativo, ela já deveria ser inclusiva, porque a pedagogia consiste em buscar compreender a condição humana, que é diversa em cada ser humano, e a partir da diferença, da diversidade, promover a inclusão e a permanência digna e humanamente qualificada de todos”, afirma o especialista.

O projeto Elas Na Tech realizará outra edição entre maio e outubro, com inscrições que abrem a partir do dia 27 de março, pela página oficial da organização. A iniciativa oferece formação em programação, exclusivamente para mulheres, incentivando maior inclusão do público feminino no mercado de Tecnologia da Informação (TI).

Segundo pesquisa feita pela ThoughtWorks no Brasil, apenas 31% dos cargos de programação em TI são ocupados atualmente por mulheres. Em outra pesquisa feita pela mesma empresa, 47% das mulheres entrevistadas afirmaram que não pensam em aprofundar a carreira por falta de inspiração e exemplo. 

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Pensando em fortalecer o espaço das mulheres na tecnologia, o programa Elas na Tech disponibiliza quatro horas por aula semanalmente com conteúdo técnico e apoio para as alunas desenvolverem suas habilidades empreendedoras e se posicionarem no mercado de trabalho.

Estão abertas as inscrições para o Programa de Trainee da Moove, empresa especialista na fabricação de lubrificantes. A iniciativa é voltada somente para vagas afirmativas, com oportunidades para candidatos autodeclarados pretos e pardos. Os interessados podem se inscrever no site até sexta-feira (13). 

A experiência do programa ocorre durante 12 meses, onde trainee passará por vivências e terá a oportunidade de colocar em prática o que foi absorvido por meio de treinamentos, workshops e job rotation. O projeto será realizado de maneira virtual, e abrangerá todas as localidades do país, no entanto, a atuação apenas poderá ser no Rio de Janeiro ou em São Paulo. 

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Para se candidatar, é necessário é necessário possuir ensino superior completo, com conclusão entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022; ter se especializado em cursos de exatas, preferencialmente engenharias ou áreas correlatas; e conhecer bem o Pacote Office e as ferramentas de BI/ Tableau. 

Além da remuneração, os selecionados receberão benefícios como assistência médica, seguro de vida, assistência odontológica, vale refeição, vale alimentação ou refeitório no local, vale transporte, Gympass, previdência privada, Programa de Apoio ao Funcionário, auxílio farmácia e auxílio ótico. O jovem também poderá participar do Comitê de Pluralidade em células de afinidade, sejam elas, em cores (Equidade racial), Orgulho (LGBT+), Gênero (Equidade de gênero), ou PCD (Inclusão de pessoas com deficiência). 

 

A Moove, empresa que atua na produção e distribuição de óleos lubrificantes, abriu o processo seletivo para o programa Trainee Moove 2023, uma iniciativa voltada para candidatos que se autodeclaram pretos ou pardos. As oportunidades são para atuar em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Para participar, é necessário possuir ensino superior na área de exatas, preferencialmente engenharias e correlatas (verificar por vaga), com conclusão entre dezembro de 2018 e dezembro de 2022; e possuir conhecimentos em Pacote Office e ferramentas de BI/ Tableau.

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Além da remuneração, a companhia oferece benefícios como assistência médica, seguro de vida, assistência odontológica, vale refeição/alimentação ou refeitório no local, Gympass, previdência privada, auxílio farmácia, acesso ao comitê de pluralidade, entre outros.

O Trainee Moove tem como objetivo acelerar a formação técnica de pessoas em áreas estratégicas do negócio. No período de 12 meses, os trainees irão participar de treinamentos, workshops e job rotation. 1 ano, o profissional será promovido para o cargo de analista com base na sua performance e aderência a cultura da empresa.

Os interessados podem se inscrever no site até o dia 09 de fevereiro.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, atendeu ao pedido da Procuradoria-Geral da República e incluiu Jair Bolsonaro na investigação sobre atos golpistas. O requerimento foi apresentado na apuração sobre a autoria intelectual dos protestos violentos de domingo passado (8), quando apoiadores do ex-presidente invadiram e depredaram as sedes dos três Poderes, em Brasília.

O subprocurador-geral Carlos Frederico Santos, escalado pelo procurador-geral, Augusto Aras, para chefiar o recém-criado Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, assinou a petição enviada ao STF. Aras tem sido pressionado pelos pares do Ministério Público Federal a tomar medidas mais duras em relação às condutas do ex-presidente.

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O objetivo, de acordo com Santos, é investigar "atos praticados antes e depois" de domingo. Nesta quinta-feira (12), 79 procuradores e subprocuradores enviaram um documento a Aras no qual pediram a inclusão de Bolsonaro no inquérito.

Nele, os membros do MPF citaram um vídeo publicado pelo ex-presidente no Facebook e apagado horas depois, com suspeitas infundadas sobre a lisura das eleições, a atuação de ministros do STF e do Tribunal Superior Eleitoral e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. A postagem foi feita na terça-feira, 10 - dois dias depois dos ataques aos Poderes.

"Ocupando o mais alto cargo do País, em numerosas oportunidades, ele (Bolsonaro) lançou, sem qualquer respaldo na realidade, dúvida sobre a higidez dos pleitos, que, aliás, o elegeram ao longo de décadas. Suas falas, portanto, mostraram-se ocupar uma posição de destaque na câmara de eco desinformativo do País", afirmaram os procuradores na representação enviada a Aras.

De acordo com Santos, "não se nega a existência de conexão probatória entre os fatos contidos na representação e o objeto deste inquérito, mais amplo em extensão". O inquérito mira quatro núcleos: instigadores e autores intelectuais, executores, autoridades omissas e financiadores.

Bolsonaro será investigado na frente que mira "expositores de teorias golpistas que promoveram a mobilização da massa violenta". A primeira medida sugerida na investigação é que o tribunal determine a recuperação e o armazenamento do vídeo.

Atentado

Na decisão, o ministro Moraes afirma que o pronunciamento de Bolsonaro, na rede social, "se revelou como mais uma das ocasiões em que o então mandatário se posicionou de forma, em tese, criminosa e atentatória às instituições, em especial o Supremo Tribunal Federal - imputando aos seus ministros a fraude das eleições para favorecer eventual candidato - e o Tribunal Superior Eleitoral -, sustentando, sem quaisquer indícios, que o resultado das eleições foi fraudado".

'Infiltrados'

Em nota, o advogado de Bolsonaro, Frederick Wassef, afirma que o ex-presidente "sempre repudiou todos os atos ilegais e criminosos, e sempre falou publicamente ser contra tais condutas ilícitas, assim como sempre foi um defensor da Constituição e da democracia".

O advogado do ex-presidente recorre a um bordão do ex-mandatário, de que "sempre atuou dentro das quatro linhas da Constituição". "O presidente Jair Bolsonaro repudia veementemente os atos de vandalismo e depredação do patrimônio público cometido pelos infiltrados na manifestação. Ele jamais teve qualquer relação ou participação nestes movimentos sociais espontâneos realizados pela população", afirma Wassef.

Essa não é a primeira investigação sobre atos contra a democracia que atinge Bolsonaro. Ele também é investigado no inquérito das milícias digitais, que mira a atuação de grupos mobilizados na internet para atacar as instituições.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Para qualquer criança que tenha deficiência auditiva desde o nascimento ou no começo da infância, a linguagem de sinais será sua primeira língua. Seu uso é importante para a comunicação, expressão e raciocínio . Libras será a primeira língua e  o português a segunda, por causa do desenvolvimento pessoal e social. Desde 2005, se tornou obrigatória a inclusão de disciplina que ensina a Língua Brasileira de Sinais (Libras) em todos os cursos de formação de professores – Pedagogia, Educação Especial e todas as licenciaturas. 

Para quem deseja estudar Libras, a dicas é entender e avaliar os outros sentidos. É justamente por isso que  o ouvinte e intérprete deve evitar tocar no surdo sem fazer contato visual antes, já que ele pode se assustar com essa atitude imprevista e até mesmo brusca, por exemplo. O toque é um dos sentidos mais aguçados da pessoa surda, sendo assim, acene quando for se dirigir a ela. O olhar também é imprescindível nesse sentido, para isso, pratique bastante a comunicação olho a olho. A expressão facial é um recurso muito importante porque se trata de um recurso que auxilia na compreensão e interpretação das mensagens.  

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É necessário utilizar repetições para dar ênfase e reforçar a mensagem.  O YouTube hoje é uma plataforma digital que reúne várias pessoas fluentes na língua como profissionais e surdos. Trata-se de treinamento e conhecimento de palavras novas. Para conhecer mais sobre como fazer algumas palavras em Libras no Instagram, siga @falailibras e @ritadlibra.

Outra dica é buscar palavras específicas no dicionário online do Acessibilidade Brasil. Não se trata de apenas um cumprimento da Lei, mas também é importante para o desenvolvimento da pessoa. E na escola, é o lugar ideal para a aprendizagem.

Os outros motivos de estudar Libras e ter sua importância para os professores e instrutores são: inclusão social, formação humanizada, gerar vínculo entre aluno e professor, quebra de barreiras na comunicação, agilidade de raciocínio e de ação e contribuir para novas oportunidades profissionais. Isso promove uma educação mais igualitária e inclusiva, e um ponto de partida com um círculo social amplo. Vale ressaltar que, este aprendizado não serve apenas para os profissionais da educação, mas sim para todos aqueles que querem possuir uma comunicação abrangente.  

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