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Um avião com centenas de passageiros indianos retidos desde quinta-feira (21) em um aeroporto perto de Paris, por suspeitas de um caso de tráfico de seres humanos em massa, aterrissou com 276 de seus 303 passageiros iniciais nesta terça-feira (26) em Mumbai, Índia, confirmaram as autoridades.

O avião, um Airbus A340 da empresa romena Legend Airlines, que seguia dos Emirados Árabes Unidos (EAU) para a Nicarágua, foi bloqueado na última quinta-feira durante uma escala para reabastecimento no aeroporto de Vatry (a 150 km de Paris).

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Uma denúncia anônima afirmou que entre os passageiros estavam vítimas de tráfico de pessoas.

Um funcionário do aeroporto de Mumbai, que não se identificou porque não está autorizado a falar com jornalistas, confirmou que o avião pousou na cidade às 4h00 (19h30 de Brasília, segunda-feira).

O governo indiano não se pronunciou oficialmente sobre a chegada do avião.

A aeronave foi autorizada a partir após quatro dias de investigações e interrogatórios no aeródromo francês de Vatry, transformado em um dormitório gigantesco, mas com destino à capital econômica da Índia.

Do contingente inicial, 25 solicitaram asilo em França, e dois foram retidos para interrogatório, embora tenham sido liberados pouco depois, de acordo com fontes judiciais. Entre os demandantes de asilo, estão cinco dos 11 menores desacompanhados do voo.

Uma fonte próxima à investigação disse que no voo provavelmente havia trabalhadores indianos nos EAU que pretendiam chegar à América Central. De lá, tentariam seguir para o norte e entrar, de forma irregular, nos Estados Unidos ou no Canadá.

Durante a investigação, os passageiros permaneceram nesse aeroporto, que fica 150 quilômetros ao leste de Paris, em zonas habilitadas pelos serviços de Defesa Civil, com camas individuais, banheiros e chuveiros.

A advogada da companhia aérea, Liliana Bakayoko, disse que muitos passageiros se recusavam a viajar para a Índia.

"Várias pessoas não querem ir para a Índia. Estão muito insatisfeitas, querem ir para a Nicarágua", um destino que alguns deles afirmaram ter fins turísticos.

- Situação "surpreendente" -

“Não sabemos se se trata de um caso de tráfico de seres humanos, de tráfico de migrantes, ou de nenhuma das duas coisas (...). Mas, mesmo assim, ficaram retidas em um aeroporto, por três noites e três dias, 303 pessoas que faziam uma escala - homens, mulheres e crianças. É algo surpreendente", disse à AFP no domingo Geneviève Colas, coordenadora de Secours Catholique-Caritas do Coletivo contra o Tráfico de Pessoas.

"Se foram vítimas de tráfico, não é normal fazê-los partir para outro país", acrescentou.

Segundo o site especializado Flightradar, a Legend Airlines é uma pequena empresa que possui uma frota de quatro aviões.

A Justiça descartou indiciar as duas pessoas interrogadas nesta segunda-feira por suspeita no envolvimento com uma rede de tráfico de seres humanos. Os dois, nascidos em 1984 e 2000, foram libertados, com "status" de "testemunhas assistidas".

A advogada de um deles, Salomé Cohen, celebrou a decisão e considerou que a juíza que a proferiu fez "uma leitura extremamente precisa que soube se distanciar da cobertura midiática deste processo".

A retenção da aeronave ocorreu em um momento em que os Estados Unidos alertaram que a Nicarágua permite a operação de voos para facilitar a passagem de migrantes irregulares.

"O governo [nicaraguense] facilitou o negócio de uma rede de serviços aéreos internacionais para que as pessoas possam chegar à fronteira com o México e os Estados Unidos de forma mais rápida através do território nicaraguense como uma ponte de transição", afirmou à AFP o analista Manuel Orozco, do centro de estudos Diálogo Interamericano.

Para o presidente Daniel Ortega, disse o analista, "os Estados Unidos são um inimigo a ser atingido como for possível" e a migração "é um mecanismo de política externa e ao mesmo tempo uma oportunidade econômica".

burs/jh/yad/es/an/fp/tt/dd/ic

Após uma verdadeira corrida contra o relógio e uma complexa operação, os 41 trabalhadores presos há 17 dias em um túnel que desabou no norte da Índia foram resgatados e recebidos com aplausos por seus familiares e autoridades indianas.

"Sinto-me totalmente aliviado e feliz com o sucesso do resgate dos 41 trabalhadores do túnel Silkyara", disse o ministro dos Transportes da Índia, Nitin Gadkari, em um comunicado.

O resultado foi obtido pelos "esforços coordenados de inúmeras agências, em uma das maiores operações de resgate dos últimos anos", acrescentou.

Ao serem retirados do túnel, os resgatados foram recebidos com guirlandas de flores e por representantes do governo, em meio aos aplausos da multidão, enquanto um grupo de ambulâncias os aguardava.

Os trabalhadores ficaram presos no dia 12 de novembro, após o desabamento de parte do túnel que estavam construindo no estado de Uttarakhand, no Himalaia.

Alguns de seus familiares, que aguardavam no local para vê-los após mais de duas semanas, confirmaram que os homens exaustos saíram do túnel por um tubo de aço de 57 metros de extensão, em macas com rodas.

Durante o dia, as equipes de resgate conseguiram colocar o último trecho de tubulação que permitiu a retirada dos 41 trabalhadores.

Em fotos compartilhadas pelas equipes de resgate nas redes sociais, foi possível ver homens sorrindo e fazendo sinais de vitória à medida que finalizavam a perfuração, através das toneladas de terra, concreto e entulho que bloqueavam os trabalhadores.

"Agradecemos a Deus e aos socorristas que trabalharam muito duro para salvá-los", declarou à AFP Naiyer Ahmad, irmão de um dos operários presos que ficou acampado no local por duas semanas.

Sudhansu Shah, que também permaneceu nesta localidade para esperar por seu irmão mais novo, Sonu Shah, contou que seus familiares já começaram a comemorar. "Estamos realmente esperançosos e felizes", relatou.

Depois de vários problemas, engenheiros militares e operários do setor de mineração passaram a cavar com as mãos para abrir caminho entre as rochas e os escombros até o túnel, revezando-se em equipes de três.

Enquanto um cavava, outro retirava os entulhos com as mãos e o terceiro colocava-os em uma carroça, explicou nesta terça-feira (28) Rajput Rai, especialista em perfuração, citado pela agência Press Trust of India.

- Danos sucessivos -

Desde o colapso do túnel, os trabalhos de resgate foram dificultados pela queda de escombros e pelas sucessivas avarias das máquinas de perfuração, cruciais para o resgate dos trabalhadores.

As equipes de resgate também começaram a cavar um poço vertical no topo do morro onde está localizado o túnel, uma operação complexa em uma área que já registrou um desabamento.

Os homens sobreviveram aos 17 dias graças a um pequeno conduto pelo qual é bombeado oxigênio e que também é usado para o envio de alimentos e água.

Uma câmera também foi introduzida no duto na semana passada, o que permitiu que as famílias observassem os trabalhadores dentro do túnel pela primeira vez desde o acidente.

O bilionário indiano Anand Mahindra prestou homenagem aos homens que subiram no estreito tubo de aço para continuar a remover sujeira e escombros manualmente.

"É um lembrete encorajador de que, no final das contas, o heroísmo consiste na maioria das vezes em esforço e sacrifício individual", escreveu ele na rede social X (antigo Twitter).

Os trabalhadores ficaram presos em uma área do túnel com 8,5 metros de altura e cerca de dois quilômetros de extensão.

O túnel Silkyara faz parte do projeto da rodovia Char Dham, do primeiro-ministro Narendra Modi, projetado para melhorar as conexões com quatro dos locais de culto hindu mais importantes do país, assim como com regiões que fazem fronteira com a China.

As equipes de emergência estão a apenas cinco metros dos 41 operários presos pelo colapso parcial de um túnel no norte da Índia há duas semanas, anunciaram as autoridades, que esperam um resgate em "breve".

Um tubo de aço largo suficiente para permitir a saída dos homens "foi introduzido por 52 metros no túnel e deve atingir 57 metros", afirmou nesta terça-feira (28) o ministro-chefe do estado de Uttarakhand, Pushkar Singh Dhami.

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"A operação de resgate deve terminar em breve", acrescentou.

Depois de vários problemas, engenheiros militares e operários do setor de mineração estão cavando com as mãos para abrir caminho entre as rochas e os escombros até o túnel onde os 41 homens que trabalhavam em sua construção estão bloqueados há 17 dias.

Equipes de três pessoas atuam em rodízio para cavar e inserir as últimas peças do tubo de aço que deve permitir a saída dos trabalhadores. Os homens também precisam cortar barras de metal que bloqueiam o caminho.

Desde o colapso parcial do túnel, em 12 de novembro, os trabalhos de resgate foram prejudicados pela queda de escombros e pelas sucessivas avarias das máquinas de perfuração.

Os homens sobrevivem graças a um pequeno conduto pelo qual é bombeado oxigênio e que também é usado para o envio de alimentos, água e energia elétrica.

Uma câmera também foi introduzida no duto na semana passada, o que permitiu que as famílias observassem os trabalhadores dentro do túnel pela primeira vez desde o acidente.

As autoridades da Índia disseram nesta segunda-feira (27) que devem começar a escavação manual no que esperavam ser a fase final do resgate dos 41 trabalhadores da construção civil presos em um túnel montanhoso que desabou no norte do país há mais de duas semanas.

As equipes de resgate começaram a perfurar verticalmente - um plano alternativo para escavar horizontalmente pela frente - com uma máquina de perfuração recém-substituída escavando cerca de 32 metros, segundo autoridades.

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Devendra Patwal, funcionário de gestão de desastres no local, disse que eles estavam preparados para todos os tipos de desafios, mas esperavam não enfrentar forte resistência da montanha. "Não sabemos o que a furadeira terá que cortar. Pode ser solo solto ou pedras. Mas estamos preparados", afirmou.

Até agora, as equipes de resgate escavaram e inseriram tubos - depois de cavar horizontalmente - de até 46 metros, soldados entre si para servir de passagem de onde os homens seriam retirados em macas com rodas.

A máquina de perfuração quebrou repetidamente devido ao terreno montanhoso da área e foi danificada irreparavelmente na sexta-feira, 24, precisando ser substituída. As equipes de resgate trabalharam durante a noite para retirar partes da furadeira presas dentro dos canos para que a escavação manual pudesse começar, disse Patwal.

Os trabalhadores estão presos desde 12 de novembro, quando um deslizamento de terra no Estado de Uttarakhand fez com que uma parte do túnel de 4,5 quilômetros que eles estavam construindo desabasse a cerca de 200 metros da entrada.

A escavação vertical, que começou no domingo, 26, exigiu que as equipes de resgate escavassem cerca de 106 metros. O comprimento é quase o dobro dos aproximadamente 60 metros que eles precisam para cavar horizontalmente pela frente.

Eles também poderiam enfrentar riscos ou problemas semelhantes aos encontrados anteriormente, que danificaram a primeira máquina de perfuração que tentava cortar rochas. As vibrações de alta intensidade da perfuração também podem causar a queda de mais detritos.

À medida que a operação de resgate entrava no seu 16º dia, a incerteza sobre o destino dos trabalhadores tem aumentado. Alguns moradores fizeram orações hindus perto do túnel.

O que começou como uma missão de resgate que deveria durar alguns dias se transformou em semanas, e as autoridades ainda hesitam em fornecer um cronograma.

Algumas autoridades estavam esperançosas de que a missão de resgate fosse concluída na semana passada. No entanto, Arnold Dix, um especialista internacional que ajuda a equipa de resgate, disse aos jornalistas que estava confiante de que os trabalhadores estariam de volta com as suas famílias até ao Natal, sugerindo que estavam preparados para uma operação mais longa.

A maioria dos trabalhadores presos são trabalhadores migrantes de todo o país. Muitos familiares viajaram para o local, onde acamparam durante dias para obter atualizações sobre o esforço de resgate e na esperança de ver seus parentes em breve.

As autoridades forneceram aos trabalhadores presos refeições quentes por meio de um cano de 15 centímetros, após vários dias de sobrevivência apenas com comida seca enviada através de um cano mais estreito. O oxigênio também está sendo fornecido através de um tubo separado, e mais de uma dúzia de médicos, incluindo psiquiatras, estiveram no local monitorando a saúde dos trabalhadores.

O túnel que os operários estavam construindo foi projetado como parte da estrada para todos os climas de Chardham, que conectará vários locais de peregrinação hindu. Alguns especialistas dizem que o projeto, uma iniciativa emblemática do governo federal, irá agravar as condições de fragilidade no alto Himalaia, onde várias cidades são construídas sobre escombros de deslizamentos de terra. Fonte: Associated Press.

O Exército indiano enviou, neste domingo (26), mais maquinaria "essencial" para continuar as operações de resgate dos 41 trabalhadores presos durante 14 dias em um túnel que desabou no norte do país.

As Forças Aéreas declararam que estavam agindo “rapidamente” para enviar uma terceira remessa de equipamentos diante dos múltiplos obstáculos que impediam o andamento das operações desde o colapso parcial do túnel Silkyara em construção, em 12 de novembro, no estado do Himalaia de Uttarakhand.

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As equipes de resgate dispõem agora de um dispositivo de corte a plasma, que lhes permitirá eliminar as grossas barras metálicas e os veículos de construção que bloqueiam a perfuração de uma cavidade para colocar um grande tubo de aço por onde os trabalhadores poderiam sair.

Em operações anteriores, uma furadeira quebrou a apenas nove metros do local onde os trabalhadores estavam presos.

Segundo a Força Aérea, esse dispositivo “essencial” vem da Organização Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Defesa, braço governamental de avanços tecnológicos em defesa.

O ministro-chefe de Uttarakhand, Pushkar Singh Dhami, anunciou no sábado que uma abertura vertical estava começando a ser escavada para tentar chegar ao túnel, cerca de 89 metros abaixo, em uma operação complexa acima dos trabalhadores presos.

No túnel, os homens têm um espaço de 8,5 metros de altura e dois quilômetros de extensão. Eles sobreviveram por 14 dias graças ao fornecimento de oxigênio, alimentos, água e eletricidade. Uma câmera endoscópica também foi introduzida para poder se comunicar com eles.

Em outra operação, também foi iniciada a perfuração de uma abertura na outra extremidade do túnel, mas é um procedimento bem mais longo, de cerca de 480 metros.

Segundo Dhami, os trabalhadores estão "incentivados" e dispõem de uma central telefônica para falar com os seus familiares.

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou que o Brasil tem uma posição destacada nos diálogos internacionais sobre o meio ambiente, ao discursar nesta quinta-feira (12) no Fórum Parlamentar sobre Estilo de Vida para o Meio Ambiente, em Nova Delhi, capital da Índia. Ele participa da 9ª cúpula de presidentes de parlamentos do G20, grupo chamado de P20, do qual assumirá a presidência neste sábado (14).

Lira destacou que o principal desafio da humanidade é encontrar soluções viáveis que sejam capazes de conciliar o crescimento econômico, a inclusão social e a proteção ao meio ambiente.

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"Trata-se de desafio particularmente difícil e decisivo para os países em desenvolvimento, que ainda têm de oferecer um padrão mínimo de bem-estar e segurança a grandes parcelas de suas populações", disse o presidente. "Precisamos todos nos mobilizar implementar modos de produção e consumo mais sustentáveis", cobrou. 

Segundo Lira, para que esses objetivos sejam cumpridos, os parlamentos devem estar na vanguarda desses esforços, como impulsionar iniciativas legislativas e apoiar políticas públicas com foco no desenvolvimento sustável.

Em seu discurso, o presidente da Câmara destacou os avanços na legislação brasileira sobre o tema, como o Código Florestal, o projeto que autoriza o comércio de crédito de carbono e o acesso à biodiversidade em florestas públicas. Ele também destacou a criação da Comissão Especial da Transição Energética e Produção do Hidrogênio Verde no Brasil.

Estudo da Câmara mostra como o Brasil se prepara para o mercado de carbono "Em paralelo a essas iniciativas, o Parlamento brasileiro continua a trabalhar pela ampliação do uso dos biocombustíveis sustentáveis, como etanol, a fim de reduzir as emissões", destacou Lira.

"O Parlamento brasileiro já provou que deseja e sabe fazer a diferença nas discussões sobre o desenvolvimento sustentável", afirmou.

*Da Agência Câmara de Notícias

Ao menos 10 pessoas morreram e 82 continuam desaparecidas após a cheia em um lago glacial que provocou inundações no nordeste da Índia, informaram as autoridades locais.

"Dez corpos foram recuperados até o momento e 82 pessoas estão desaparecidas, incluindo membros do exército", declarou Vijay Bhushan Pathak, ministro chefe do estado de Sikkim.

Vinte e dois soldados estão entre os desaparecidos.

A área afetada, uma região montanhosa e remota do Himalaia, fica perto das fronteiras com Nepal e China.

A inundação foi provocada pela cheia do lago Lhonak, que fica na base de uma geleira nos picos nevados que cercam Kangchenjunga, a terceira maior montanha do mundo.

"As inundações provocaram estragos em quatro distritos do estado, arrastando pessoas, estradas, pontes”, disse Himanshu Tiwari, porta-voz do exército indiano, um dia após a tragédia.

O lago perdeu quase dois terços de seu tamanho devido à cheia, uma área equivalente a 150 campos de futebol, segundo imagens de satélite divulgadas pela Organização Indiana de Pesquisa Espacial.

As inundações provocadas por cheias em lagos glaciais, muitas vezes acompanhadas por deslizamentos de rochas, ficaram mais frequentes devido ao aumento da temperatura global.

"Observamos que a frequência dos eventos extremos aumenta à medida que o clima continua esquentando e nos arrasta para um território desconhecido", destacou Miriam Jackson, cientista especializada na análise das superfícies congeladas do Himalaia.

A Índia não detecta novos casos do vírus Nipah desde 15 de setembro, informou nesta terça-feira (3) a Organização Mundial da Saúde (OMS), após um surto que causou duas mortes.

A taxa de mortalidade do vírus, para o qual não existe vacina, varia de 40% a 75%, segundo a organização. O Ministério da Saúde indiano reportou seis casos confirmados de Nipah entre 12 e 15 de setembro, incluindo duas mortes, no distrito de Kozhikode, estado de Kerala.

Sem contar o primeiro caso, cujas fontes de infecção são desconhecidas, os demais foram de familiares e contatos no hospital, ressaltou a OMS.

Até 27 de setembro, haviam sido rastreados 1.288 contatos dos casos confirmados, incluindo pessoas de alto risco e profissionais de saúde, que permanecem em quarentena por 21 dias.

Desde 12 de setembro, 387 amostras foram testadas, das quais seis deram positivo para o Nipah, segundo a organização. "Desde 15 de setembro, não foram detectados novos casos."

Os morcegos frugívoros são os hospedeiros naturais do vírus, que é transmitido ao seres humanos através do contato com animais infectados, como morcegos e porcos, e do contato com uma pessoa infectada, embora essa forma seja menos comum, segundo a OMS.

Os sintomas incluem febre alta, vômito e infecção respiratória, e os casos graves podem levar a convulsões e encefalite e provocar o coma.

Depois da missão Chandrayaan-3, que realizou um pouso bem-sucedido na Lua no dia 23 de agosto deste ano, uma espaçonave indiana foi enviada para estudar o centro do Sistema Solar. A nave Aditya-L1 conseguiu sair da "esfera de influência da Terra", anunciou a Organização de Pesquisa Espacial da Índia (ISRO, na sigla em inglês) no sábado (30).

A missão de quatro meses transporta instrumentos científicos para observar as camadas mais externas do Sol.

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Aditya-L1, que significa Sol em hindi, já percorreu 920 mil quilômetros desde seu lançamento em 2 de setembro deste ano, cerca de metade do caminho planejado. Neste local, já não conta mais com a interferência gravitacional da Terra.

"A nave conseguiu escapar da esfera de influência da Terra", informou a agência espacial indiana.

"Esta é a segunda vez consecutiva que a ISRO consegue enviar uma nave espacial para fora da esfera de influência da Terra, sendo a primeira vez a missão Mars Orbiter", publicou ainda a agência.

Os Estados Unidos e a Agência Espacial Europeia (ESA) já lançaram missões em órbita no centro do sistema solar, começando com o programa Pioneer da Agência Aeroespacial dos Estados Unidos (Nasa) na década de 1960.

O Japão e a China lançaram as suas próprias missões de observação solar, mas a partir da órbita da Terra. No entanto, caso seja bem-sucedida, a Aditya-L1 será a primeira missão de um país asiático a orbitar o Sol.

Índia pousa com sucesso na Lua

No dia 23 de agosto deste ano, a Índia tornou-se o primeiro país a colocar uma nave espacial no polo sul da Lua, com a aterragem da missão Chandrayaan-3, e tornou-se também o quarto país a conseguir enviar uma sonda de forma controlada ao satélite. elite terrestre, depois dos Estados Unidos, da União Soviética e da China.

O robô Pragyan saiu da sonda e inspecionou a área circundante, mas foi desligado antes do início da noite lunar, que dura cerca de duas semanas.

Os cientistas indianos esperavam reativar o veículo com o retorno da luz solar, mas até agora só receberam silêncio de rádio.

A Índia expulsou um importante diplomata do Canadá nesta terça-feira, 19, e acusou o Canadá de interferir nos seus assuntos internos, intensificando um confronto entre os dois países devido a acusações de que o governo indiano poderia estar envolvido no assassinato de um ativista da minoria Sikh, que tinha a cidadania canadense.

Na segunda-feira, 18, o Canadá expulsou um diplomata indiano em Ottawa depois de declarações do primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, que afirmou que existem indícios de que o governo da Índia poderia estar envolvido na morte de Hardeep Singh Nijjar no dia 18 de junho. O ativista foi morto no estacionamento de um templo Sikh na cidade de Vancouver.

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"O governo da Índia precisa levar este assunto com a maior seriedade", disse Trudeau a repórteres em Ottawa na terça-feira. "Estamos fazendo isso. Não pretendemos provocar ou escalar. Estamos simplesmente expondo os fatos tal como os entendemos."

A troca de acusações aumentou as tensões entre Ottawa e Nova Délhi. Trudeau e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, chegaram a se encontrar durante a cúpula do G-20, mas o Canadá cancelou uma missão comercial ao país asiático logo após o encontro do bloco.

A minoria Sikh possui um movimento para estabelecer um país independente, conhecido como Khalistão, que seria estabelecido em algumas regiões do território indiano. Nos anos 1980, uma rebelião do grupo Sikh na Índia foi reprimida pelo país asiático.

Nijjar, que é um cidadão canadense, era procurado pelas autoridades indianas, que o acusaram de ligações com o terrorismo durante anos e ofereceram uma recompensa em dinheiro por informações que levassem à sua detenção. Nijjar negou as acusações e estava trabalhando com um grupo conhecido como Justiça pelos Sikhs para organizar um referendo não oficial da diáspora Sikh sobre a independência da Índia no momento de seu assassinato.

Índia nega

O ministério das Relações Exteriores da Índia rejeitou a alegação e a classificou como "absurda", acusando o Canadá de abrigar "terroristas e extremistas". "Essas alegações infundadas procuram desviar o foco dos terroristas e extremistas que receberam abrigo no Canadá e continuam a ameaçar a soberania e a integridade territorial da Índia", disse o documento em comunicado na terça-feira.

A Índia exige há algum tempo que o Canadá tome medidas contra o movimento de independência Sikh, que é proibido na Índia, mas tem apoio em países como o Canadá e o Reino Unido, que têm populações consideráveis da diáspora Sikh. O Canadá tem uma população Sikh de mais de 770.000 habitantes, cerca de 2% de sua população.

Em março, o governo de Modi convocou o alto comissário canadense em Nova Délhi, o principal diplomata do país, para reclamar dos protestos pela independência Sikh no Canadá.

G-20

Trudeau afirmou ao Parlamento canadense que abordou o assassinato de Nijjar com Modi na reunião do G20 em Nova Deli na semana passada. O primeiro-ministro afirmou que indicou para Narendra Modi que qualquer envolvimento do governo indiano seria inaceitável e pediu cooperação na investigação. Já Modi expressou "fortes preocupações" sobre a forma como o Canadá lidou com o movimento de independência Sikh durante uma reunião com Trudeau, disse o comunicado da Índia.

A declaração apelou ao Canadá para trabalhar com a Índia no que Nova Delhi disse ser uma ameaça à diáspora da Índia no Canadá e acusou o movimento Sikh de "promover o secessionismo e incitar a violência" contra diplomatas indianos.

Aliados

Ottawa pediu aos seus aliados mais próximos, incluindo Washington, que condenassem publicamente o assassinato. Mas as propostas foram rejeitadas, sublinhando o equilíbrio diplomático que a administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e os seus aliados enfrentam enquanto trabalham para cortejar a Índia, potência asiática vista como um contrapeso crucial à China.

Michael Kugelman, analista do Wilson Center, avalia que a disputa representa um dilema para os governos ocidentais, incluindo a administração Biden, que articulou uma "política externa baseada em valores que visa enfatizar os direitos e a democracia".

"Os EUA precisam caminhar na corda bamba diplomática, já que o Canadá é um aliado e vizinho, enquanto a Índia é um parceiro estratégico fundamental", disse Kugelman. "Haverá pressão sobre Washington para apoiar o Canadá, mas ao mesmo tempo os EUA valorizam, em grande medida, a sua relação com a Índia." (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As autoridades indianas anunciaram esta semana que tentam conter uma epidemia provocada pelo vírus Nipah, um patógeno pouco comum, transmitido dos animais para os seres humanos, que provoca febre alta e tem mortalidade elevada. Confira a seguir o que se sabe sobre este vírus:

- O que é o vírus Nipah? -

A primeira epidemia de Nipah foi registrada em 1998 depois que o vírus se espalhou entre criações de suínos na Malásia. O vírus tem o nome do povoado neste país do sudeste asiático onde foi descoberto.

As epidemias provocadas por este vírus são raras, mas o Nipah foi classificado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), juntamente com o ebola, o zika e a covid-19, como uma das doenças com prioridade para estudos por seu potencial de causar uma pandemia.

É transmitido geralmente aos humanos através dos animais ou de alimentos contaminados, mas também pode ser passado diretamente de pessoa a pessoa.

Os morcegos frugívoros, portadores naturais do vírus, foram identificados como a causa mais provável das epidemias posteriores.

Os sintomas incluem febre alta, vômitos e infecção respiratória, mas os casos graves podem se caracterizar por convulsões e inflamação cerebral que leva ao coma.

Não existe vacina contra o Nipah. A doença tem uma taxa de mortalidade de 40% a 75%, segundo a OMS.

- E as epidemias anteriores? -

A primeira epidemia de Nipah deixou 100 mortos na Malásia e um milhão de porcos foram sacrificados para conter o vírus.

A doença também se disseminou em Singapura, com 11 casos e um óbito entre trabalhadores de matadouros que tiveram contato com porcos importados da Malásia.

Desde então, a doença foi detectada sobretudo em Bangladesh e na Índia, que registraram suas primeiras epidemias em 2001. Bangladesh foi o país mais afetado nos últimos anos, com mais de cem óbitos desde 2001.

Duas epidemias na Índia causaram mais de 50 mortes antes de serem controladas.

O estado de Kerala, no sul do país, registrou dois óbitos provocados por Nipah e outros quatro casos confirmados desde o mês passado, o quarto surto em cinco anos.

- A transmissão de animais para humanos está aumentando? -

As zoonoses, doenças transmitidas dos animais aos seres humanos, surgidas há milhares de anos, se multiplicaram nos últimos 20 a 30 anos.

O desenvolvimento das viagens internacionais permitiu uma propagação mais rápida. Ocupando áreas cada vez maiores no planeta, os humanos perturbam os ecossistemas e aumentam o risco de mutações virais transmissíveis aos humanos, segundo os especialistas.

A pecuária industrial eleva o risco de propagação de patógenos entre animais, e o desmatamento aumenta o contato entre a fauna silvestre, os animais domésticos e os seres humanos, favorecendo o aparecimento de novas doenças transmissíveis aos humanos.

Segundo estimativas publicadas em 2018 na revista Science, há 1,7 milhão de vírus desconhecidos em aves e mamíferos, dos quais entre 540.000 e 850.000 são capazes de infectar os seres humanos.

As autoridades de uma região do sul da Índia levantaram o alerta na quarta-feira (13) depois de confirmar o reaparecimento do vírus Nipah, que causou neste novo surto pelo menos duas mortes. Medidas estão sendo adotadas pelas autoridades para evitar a propagação da doença.

As autoridades fecharam algumas escolas em pelo menos sete aldeias no distrito de Kozhikode, no Estado de Kerala, que foram declaradas zonas de contenção, indicou a ministro da saúde do Estado, Veena George. Especialistas se espalharam para coletar amostras de fluidos de morcegos e árvores frutíferas na região onde o vírus Nipah é considerado bastante letal. Este é o quarto surto enfrentado pela região, desde 2018.

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"Estamos testando seres humanos e, ao mesmo tempo, especialistas estão coletando amostras de fluidos de áreas florestais que poderiam ser o foco da propagação", disse Veena.

Amostras de urina de morcego, excrementos de animais e frutas meio comidas foram coletadas em Maruthonkara, a aldeia onde viveu a primeira vítima, situada ao lado de uma floresta de 121 hectares que abriga várias espécies de morcegos.

Depois de convocar uma reunião de emergência na noite de quarta para analisar a situação, Veena garantiu que as autoridades estão aumentando a capacidade de resposta em Kozhikode, onde estão sendo instaladas unidades móveis para fortalecer a capacidade dos centros médicos e a realização dos estudos epidemiológicos.

Conforme o ministro-chefe de Kerala, Pinarayi Vijayan, o vírus foi detectado no distrito de Kozhikode. Nas últimas 48 horas, quase 800 pessoas foram testadas na área, com dois adultos e uma criança internados para observação após resultados positivos.

Os Estados vizinhos de Karnataka e Tamil Nadu encomendaram testes para visitantes de Kerala, com planos de isolar qualquer um com sintomas gripais.

Como é a transmissão

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), Nipah é vírus zoonótico. Os morcegos frugívoros, também conhecidos como 'raposas voadoras', são o hospedeiro natural do vírus, de acordo com a OMS. O vírus pode ser transmitido de animais para humanos - principalmente de morcegos ou porcos - ou por meio do contato entre humanos. Também pode ser transmitido pelo consumo de alimentos contaminados.

Os morcegos frugívoros, que se alimentam de frutas, da família Pteropodidae, costumam viver em tamareiras perto de mercados, e o vírus se espalhou de morcegos para humanos por meio de alimentos - como frutas e suco de tamareira - que foram contaminados por morcegos infectados.

Quando foi identificado

O vírus Nipah foi descoberto durante um surto entre criadores de porcos na Malásia em 1999. Acredita-se que os trabalhadores contraíram o vírus através de rebanhos infectados e suas secreções. Mais de 100 pessoas morreram e quase 300 foram infectadas.

Segundo dados da OMS, mais de 600 casos de infecções humanas pelo vírus Nipah foram relatados de 1998 a 2015.

Em 2018, a Índia enfrentou um surto que matou mais de 20 pessoas que contraíram o vírus Nipah. Em 2019, foram duas mortes. A ação rápida e o rastreamento generalizado de contatos impediram uma maior disseminação. Em 2021, fora registradas mais duas mortes pela doença.

Desde que foi detectado pela primeira vez, surtos também foram registrados em muitos países do sudeste asiático, incluindo Cingapura, Bangladesh e Índia. Em algumas partes da Ásia, novos casos do vírus Nipah foram registrados quase anualmente, de acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças.

Quais são os sintomas e tratamento

Não existe cura certa para o vírus Nipah e não existe uma vacina que possa ajudar a prevenir a infecção. De acordo com a OMS, o principal tratamento disponível são os cuidados de suporte - ou seja, controlar os sintomas e garantir que os infectados tenham o máximo de repouso e hidratação possível.

Os infectados apresentam inicialmente os seguintes sintomas:

Febre

Dificuldade respiratória

Dores de cabeça

Vômitos

Ainda segundo a OMS, em casos mais graves, podem ocorrer encefalite (inflamação no cérebro) e problemas respiratórios. Outros efeitos colaterais relatados incluem convulsões, que podem levar o paciente ao coma e alterações de personalidade.

Assim como acontece com o coronavírus, alguns que contraem o vírus permanecem assintomáticos.

O vírus Nipah é mais mortal do que o coronavírus?

A OMS estima que a taxa de mortalidade do vírus Nipah é alta - entre 40 e 75% - o que o torna muito mais mortal do que o da covid-19, que tem uma taxa de mortalidade entre 0,1% e 19%, dependendo do país.

No entanto, embora as chances de morrer do vírus Nipah uma vez infectado sejam altas, o Nipah é muito menos transmissível do que o coronavírus.

Cuidados preventivos

O contato físico próximo e desprotegido com pessoas infectadas pelo vírus Nipah deve ser evitado. As pessoas devem lavar as mãos regularmente após cuidar ou visitar pessoas doentes.

Entre as maneiras de prevenir infecções de animais para humanos estão: evitar alimentos contaminados por morcegos frugívoros, lavando e descascando as frutas que podem ser afetadas e evitar o contato desprotegido com morcegos ou porcos infectados.

Além disso, as pessoas que vivem em áreas onde ocorreram surtos devem lavar regularmente as mãos com água e sabão e evitar o contato com fluidos corporais ou sangue das pessoas infectadas.

O agente infeccioso está na lista da OMS de doenças e patógenos priorizados para pesquisa e desenvolvimento em contextos de emergência.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, aproveitou a presidência do G20 para se posicionar como um líder do poder e da prosperidade nacional, ao mesmo tempo que consolidou a Índia como uma potência mundial emergente antes das eleições de 2024.

Durante meses antes da reunião, o rosto do governante de 72 anos aparecia em cartazes e outdoors por toda Nova Délhi com slogans alusivos aos temas da cúpula, como “Uma voz do Sul Global”.

O encontro das 20 maiores economias do mundo, nos dias 8 e 9 de setembro, ocorreu quando a Índia ultrapassou a China e se tornou o país mais populoso do mundo, depois de desbancar o Reino Unido em 2022 como a quinta maior economia.

Agora procura um lugar no cenário global, aproveitando a cúpula do G20 para se posicionar como representante de outros países que não fazem parte do bloco.

Um dos resultados mais concretos da cúpula foi garantir um lugar para a União Africana como membro do G20, conseguindo a aceitação dos outros membros.

Além disso, Modi conseguiu reunir um grupo dividido para emitir uma declaração sobre questões complexas, como a invasão russa da Ucrânia e a crise climática. Foi um triunfo diplomático para o líder indiano.

A declaração evitou criticar a Rússia, aliada e fornecedora de armas à Índia.

No que diz respeito ao clima, não foi alcançado um acordo para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis, mas houve um acordo para triplicar as energias renováveis até 2030.

"É um sucesso para a diplomacia indiana", disse Ashok Kantha, ex-embaixador da Índia na China.

"Conseguimos persuadir os nossos amigos ocidentais e dizer a eles que não precisam insistir em uma condenação explícita da invasão russa da Ucrânia", acrescentou. "É um bom negócio."

Michael Kugelman, diretor do Instituto do Sul da Ásia no Wilson Center, disse que o resultado "justificou" a política de "autonomia estratégica" da Índia.

- Cena simbólica -

A cúpula foi carregada de símbolos hindus, uma mensagem nada sutil do populista Modi à sua base política.

Sua carreira política baseou-se no apoio de 1 bilhão de hindus e, segundo os críticos, no fomento da rivalidade com a grande minoria muçulmana do país.

O logotipo da cúpula, um globo com uma flor de lótus, lembra o símbolo do partido nacionalista hindu Bharatiya Janata.

No próximo ano ele concorrerá às eleições como claro favorito, enquanto o seu principal adversário, o Partido do Congresso, foi atingido por casos de corrupção.

Uma pesquisa recente da Pew aponta que cerca de 80% dos indianos têm uma opinião positiva sobre Modi e acreditam que ele está liderando o país para ter mais influência no cenário mundial.

Mas fora da Índia a sua reputação não tem o mesmo brilho.

Sob a liderança de Modi, a Índia caiu na classificação de direitos políticos e liberdades civis da Freedom House devido à repressão aos protestos e às restrições à liberdade de imprensa.

Mas, segundo Kugelman, Modi "sairá disto (da presidência do G20) politicamente mais forte".

Os países do G-20 decidiram abrandar o tom ao tratar da guerra na Ucrânia com objetivo de chegar a um comunicado conjunto de consenso na Cúpula em Nova Délhi. O documento poupa a Rússia. Os países ocidentais aliados da Ucrânia, sobretudo do G-7, precisaram fazer concessões para incluir palavras que agradam a Moscou, além de contemplar preocupações da China.

Os líderes reunidos na Índia aprovaram a remoção de um trecho inteiro do texto, que exigia a "retirada total e incondicional das tropas russas do território ucraniano". O novo comunicado, conhecido como "Declaração de Líderes do G-20 de Nova Délhi", não fala mais em condenação da guerra, nem sequer cita a invasão e a ocupação militar realizada pela Rússia, em fevereiro de 2022.

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Antes, o G-20 afirmava que, embora houvesse visões distintas sobre o conflito e sobre as sanções decorrentes dela contra os russos, a maioria dos membros condenava fortemente a guerra. A declaração anterior, assinada em Bali (Indonésia), no ano passado, citava ainda que a maioria dos países "deplorava nos termos mais veementes a agressão da Federação Russa contra a Ucrânia".

As sanções não são mais objeto de menção no texto. Rússia condiciona a reabertura do corredor de exportações do Mar Negro à suspensão delas. Na declaração, os países apelaram por uma implementação rápida dos acordos, intermediados na Turquia, de exportação de grãos, cereais e fertilizantes, produzidos na Ucrânie e na Rússia: "Isso é necessário para satisfazer a demanda nos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos, particularmente aqueles na África".

Em trecho considerado relevante por negociadores, exigiu-se compromisso com alguns princípios: "Todos os Estados devem abster-se da ameaça do uso da força ou de procurar a aquisição territorial contra a integridade territorial e a soberania ou a independência política de qualquer Estado. O uso ou ameaça de uso de armas nucleares é inadmissível".

A Declaração de Líderes de Nova Délhi foi adotada neste sábado, 9. O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, anunciou que os líderes das principais economias do mundo haviam chegado a um acordo, batendo na mesa repetidas vezes em comemoração.

"Com base no trabalho árduo de todas as equipes, obtivemos consenso sobre a declaração da Cúpula dos Líderes do G-20?, afirmou o indiano.

Nos últimos dias, os diplomatas que coordenam as negociações se debruçaram sobre os temos do texto. As conversas haviam travado justamente no assunto da guerra, embora houvesse entraves também no conteúdo sobre a redução do uso de combustíveis fósseis, depois superados.

Havia o risco de que as tratativas não avançassem na direção de um comunicado consensual, como de praxe, o que seria considerado um fracasso diplomático. Isso poderia significar, na prática, um esvaziamento do G-20, o que não interessa agora aos países do G-7, sobretudo depois da expansão do Brics, impulsionada pela China, para criar um mecanismo alternativo de discussões globais, em sua órbita.

Segundo fontes a par das negociações, os países do IBAS (Índia, Brasil e África do Sul) trabalharam a favor da construção de um comunicado de consenso, junto da Indonésia. Para isso, foi preciso fazer concessões e trabalhar com base numa linguagem "mais genérica" sobre a guerra, conforme diplomatas.

Os russos estavam dispostos a bloquear o avanço da declaração de líderes. No ano passado, ela ficou pronta de última hora e incluiu uma menção dura contra a Rússia, por maioria de votos, o que não é o costume. Em geral, os texto são assinados somente depois de consenso entre todos os integrantes do bloco.

Moscou protestava contra isso, e dizia que essa era uma prática forçada pelos países do G-7, liderados pelos Estados Unidos, que tentavam impor a "ucranização" da agenda global em espaços não apropriados para essa discussão, desconsiderando seus argumentos.

O G-20 também menciona agora que é o "principal fórum para cooperação econômica internacional", exatamente como argumenta a diplomacia chinesa. Essa é uma forma de Pequim explicitar que os assuntos de geopolítica e guerra, no seu entendimento, deveriam ficar em segundo plano nas reuniões do grupo.

Em paralelo ao G-20, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ecoou essas preocupações russas e chineas. Segundo a Presdiência da República, Lula afirmou ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que o G-20 "não pode fixar as discussões apenas na guerra entre Rússia e Ucrânia, porque há outras crises no mundo, como a fome, a pobreza extrema e os desafios climáticos, que demandam atenção imediata".

Com anúncio de última hora, os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da China, Xi Jinping, foram os dois principais ausentes da cúpula em Nova Délhi. Eles enviaram representantes.

O G-20 também lembrou que cada países tem posições próprias, já manifestadas no Conselho de Segurança das Nações Unidas e na Assembleia Geral da ONU e que "todos os Estados devem agir de forma consistente com os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas, na sua totalidade".

O G-20 lembrou ainda que a guerra na Ucrânia causa sofrimento humano e impactos negativos na segurança alimentar e energética, bem como nas cadeias de suprimento, na estabilidade financeira, na inflação e no crescimento econômico. Além disso, reconheceram que a guerra tornou mais complicadas ações ambientais, especialmente nos países em desenvolvimento, que se recuperam ainda da pandemia da covid-19 e suas consequências econômicas. Mais uma vez houve divergências de avaliação e visão no assunto.

"Apelamos à cessação da destruição militar ou de outros ataques a infraestruturas relevantes", diz o comunicado final. "Vamos nos unir no esforço para enfrentar o impacto adverso da guerra na economia global e saudamos todas as iniciativas relevantes e construtivas que apoiam uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia."

Os países, por fim, assinaram um acordo dizendo que o G-20 deve continuar a funcionar na base do consenso, uma preocupação russa, e mencionaram a realização da Cúpula de 2026, nos Estados Unidos, o que a China tentava objetar, no que foi interpretado como uma forma de barganha nas negociações. A edição de 2024 será no Brasil, e a de 2025, na África do Sul. A Arábia Saudita quer assumir a presdiência depois.

Diante da pressão chinesa, Índia, Brasil, África do Sul e Estados Unidos - atual e futuros anitriões do G-20, nesta ordem, de 2023 a 2026 -, divulgaram um comunicado conjunto, no qual reafirmam o compromisso com o bloco, "principal fórum para a cooperação econômica internacional, buscando soluções para o nosso mundo".

"Continuaremos avançando a partir do progresso histórico alcançado na presidência da Índia para enfrentar os desafios globais. Neste espírito, juntamente com o presidente do Banco Mundial, nós saudamos o compromisso do G-20 de tornar bancos multilaterais de desenvolvimento maiores, melhores e mais eficazes", disseram os quatro países.

O comunicado final também confirmou a adesão da União Africana, como novo membro permanente do G-20, o que havia sido anunciado por Modi.

Meio Ambiente e Europa

Em recado que repercute nas negociações do Brasil e demais países do Mercosul com a União Europeia, os países do G-20 se comprometeram a "evitar políticas econômicas verdes discriminatórias", em linha com regras previstas em acordos climáticos e na Organização Mundial do Comércio.

O Brasil reclama de legislações europeias recentemente aprovadas que, no entendimento do governo federal, podem gerar retaliações a produtos do agronegócio e fechar mercados. Elas atrapalham as negociações do acordo comercial entre os dois blocos.

Ao passo que contempla a cobrança do presidente Lula por mais recursos para financiamento da manutenção de florestas, que haviam sido prometidos no Acordo de Paris, o G-20 também exigiu a prevenção e combate a incêndios florestais e recuperação de danos provocados pela mineração clandestina.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ofereceu hoje uma muda de Jacarandá ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi. A oferta foi feita pouco antes do início da terceira sessão da cúpula de líderes do grupo das 20 maiores economias do mundo (G20), que ocorre neste fim de semana, em Nova Délhi. O Jacarandá é conhecido por ser uma árvore ornamental e costuma ter flores em cachos em tons de lilás e azul.

A imprensa não pôde acompanhar o momento, mas o Palácio do Planalto fez questão de circular as fotos da entrega. O tema sustentabilidade tem sido recorrente nas participações do governo brasileiro no exterior e o Brasil quer se tornar uma vitrine e um modelo no assunto para o mundo.

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Antes de embarcar para a Índia, viralizou na internet um vídeo do presidente comendo jabuticaba de um pé plantado pelo próprio chefe do Executivo quando estava no segundo mandato. "Quem planta, colhe", disse o presidente na gravação que foi publicada pela primeira-dama Janja Lula da Silva, após assistirem ao desfile de 7 de Setembro.

A presidência rotativa do grupo das 20 maiores economias do globo (G20) no Brasil no ano que vem terá o lema "Construindo um Mundo Justo e um Planeta Sustentável". O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu terceiro e último discurso no encerramento da cúpula de líderes do G20, que ocorreu neste fim de semana, em Nova Délhi.

O chefe do Executivo também pontuou quais serão as três prioridades da presidência brasileira: inclusão social e combate à fome; transição energética e desenvolvimento sustentável em suas três vertentes (social, econômica e ambiental) e reforma das instituições de governança global - que já haviam sido adiantadas pelo Broadcast. "Todas essas prioridades estão contidas no lema da presidência brasileira", afirmou o presidente.

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O mandatário comentou também que duas forças tarefas serão criadas: a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza; e a Mobilização Global contra a Mudança do Clima.

"Precisamos redobrar os esforços para alcançar a meta de acabar com a fome no mundo até 2030, caso contrário estaremos diante do maior fracasso multilateral dos últimos anos", disse ele para os demais chefes de Estado e de governo do grupo.

Lula lembrou que o G20 se consolidou há 15 anos como uma das principais instâncias de governança global na esteira de uma crise que abalou a economia mundial. "Nossa atuação conjunta nos permitiu enfrentar os momentos mais críticos, mas foi insuficiente para corrigir os equívocos estruturais do neoliberalismo", avaliou.

Para o presidente brasileiro, a arquitetura financeira global mudou pouco e as bases de uma nova governança econômica não foram lançadas. O governante disse que novas urgências surgiram e que os desafios se acumularam e se agravaram. "Vivemos num mundo em que a riqueza está mais concentrada. Em que milhões de seres humanos ainda passam fome. Em que o desenvolvimento sustentável está ameaçado. Em que as instituições de governança ainda refletem a realidade de meados do século passado", citou.

O chefe do Executivo analisou em seguida que esses problemas apenas conseguirão ser enfrentados se a questão da desigualdade for tratada. Lula mencionou a desigualdade de renda, de acesso à saúde, educação e alimentação, de gênero e raça e de representação.

O presidente voltou a dizer que essas diferenças estão na origem de todas essas "anomalias". "Se quisermos fazer a diferença, temos que colocar a redução das desigualdades no centro da agenda internacional." Lula agradeceu os esforços da Índia em dar voz a temas de interesse dos países emergentes e aproveitou o momento para dar as boas-vindas à União Africana como membro pleno do G20.

A primeira-dama Janja Lula da Silva publicou e apagou instantes depois um vídeo em que diz "me segura, que eu já vou sair dançando" ao desembarcar na Índia ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O gesto foi criticado por causa da tragédia que assola a cidade gaúcha de Muçum. Mais de 40 pessoas morreram por causa do ciclone que passou no local.

Lula foi até a Índia para assumir a presidência do G-20. Ele saiu em viagem logo depois da comemoração do 7 de Setembro e tem sido criticado por causa da agenda. Acompanhado da primeira-dama, o presidente foi para o compromisso no exterior sem visitar moradores de Muçum que perderam familiares e todos os bens na tragédia.

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O casal desembarcou há algumas horas na capital indiana Nova Delhi e foi recebido com música e flores. Lula e Janja receberam o "bindi", desenho vermelho no meio da testa, gesto praticados pelos hindus para proteger as mulheres casadas e seus esposos.

Antes de deixar o Brasil, a primeira-dama fez outra publicação nas suas redes sociais que atraiu críticas dos usuários. "Decolando para a Índia. 20hs de voo. Vou ter muito tempo para tuitar rsrs."

Seguidores e parlamentares da oposição criticaram o tom bem-humorado de Janja como um gesto de falta de empatia pelos afetados pela tragédia de Muçum, que nem ela e nem o presidente Lula visitaram antes de ir para o exterior.

Um dos que criticou a primeira-dama diretamente no perfil dela é o deputado federal André Fernandes (PL-CE). Ele foi investigado por supostamente incitar os ataques do 8 de Janeiro e publicar uma foto de um dos armários de Alexandre de Moraes destruído.

Na ausência do presidente, Geraldo Alckmin visitará os moradores de Muçum no próximo domingo, 10. Entre a segunda e terça-feira passadas, um ciclone extratropical passou pela cidade e provocou enchentes em todo o Vale do Taquari. A Defesa Civil já confirmou 41 mortes, mas ainda há 25 pessoas desaparecidas.

No estado do Rio Grande do Sul, 79 municípios estão em estado de calamidade. Mais de 10 mil pessoas estão desalojadas e 43 estão feridas.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, desembarcou, nesta sexta-feira (8), em Nova Délhi para participar do encontro de cúpula das 20 maiores economias do globo (G20) que ocorre no fim de semana, na mesma cidade, na Índia. O chefe do Executivo chegou acompanhado da primeira-dama, Janja Lula da Silva.

Os dois partiram na sequência para o Hotel Taj Palace.

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O chefe do Executivo inicia no sábado (9), pela manhã uma agenda intensa na cúpula e há a previsão de participar de pelo menos quatro reuniões bilaterais com outros chefes de Estado e de governo.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, tem quatro reuniões bilaterais com chefes de Estado e de governo já confirmadas às margens da reunião de Cúpula do grupo das 20 maiores economias do globo (G20), que ocorre no fim de semana em Nova Délhi, na Índia. Os encontros serão com os líderes da Turquia, Arábia Saudita, França e Holanda.

Há possibilidade de que pelo menos mais dois encontros sejam agendados para domingo. Por motivos de segurança, o governo indiano proibiu o acesso da imprensa nas dependências oficiais onde ocorrerão algumas das reuniões.

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A previsão é a de que o presidente Lula chegue ao território indiano na noite desta sexta, às 20h45 horário local (Nova Délhi está 8h45 à frente do horário de Brasília).

O chefe do Executivo parte da base aérea de Palam, no Aeroporto Internacional Indira Gandhi, e vai direto ao hotel onde será hospedado, o Taj Palace.

No sábado, a agenda oficial se inicia com uma recepção do primeiro-ministro anfitrião, Modi Narendra, no centro de convenções Bharat Mandapam, às 10h20.

Às 10h30 dá-se a abertura da Cúpula do G20, com a Sessão I, intitulada "Uma Terra". Nesta sessão, todos os líderes terão três minutos para falar, cada um. A expectativa é a de que haja apenas a transmissão do discurso do premiê indiano.

Às 12h30, será servido o almoço também no centro de convenções. Das 13h30 às 15 horas de sábado ainda, há um intervalo. É nesta janela que Lula deve se reunir com o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan.

Às 14h20, é a vez da bilateral com o príncipe herdeiro e primeiro-ministro do Reino da Arábia Saudita, Mohammad bin Salman.

Além de Lula, do lado brasileiro, participam dos encontros o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, e o assessor especial da presidência, Celso Amorim.

Biocombustíveis

Às 15 horas, tem início a sessão II, "Uma Família" E, às 17 horas, está prevista uma rápida cerimônia de lançamento da Aliança Global de Biocombustíveis (GBA). Participam representantes dos países-membros Brasil, África do Sul, Argentina, Emirados Árabes, Estados Unidos. Índia, Itália e Ilhas Maurício, além dos observadores Bangladesh, Canadá e Singapura.

Os participantes devem conversar sobre como poderão commoditizar os biocombustíveis, um pleito de Lula desde o seu primeiro mandato.

A partir das 20 horas, está prevista uma programação cultural com jantar dos chefes da delegação com acompanhantes, no salão de gala de Bharat Mandapam. A primeira-dama, Janja Lula da Silva, deve participar.

Domingo

No domingo, a programação oficial se inicia com a deposição de oferenda floral no Memorial Raj Ghat Mahatma Gandhi, às 9 horas.

Às 10h15, se inicia a terceira sessão da cúpula: "Um futuro". Enquanto o encontro ainda ocorre, Lula terá uma bilateral com o presidente francês, Emmanuel Macron.

Às 12h30, está previsto o término da cúpula, quando Modi e Lula devem discursar e o brasileiro receber o bastão da presidência do G20, de forma simbólica. Oficialmente, a transmissão será feita em 1º de dezembro.

Às 14h30, já no Taj Palace, haverá a quarta bilateral confirmada até o momento, com o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte. É possível que mais duas bilaterais sejam incluídas na sequência.

A partir das 17 horas, Lula deve conceder uma entrevista coletiva à imprensa, também no Taj Palace, onde passará a noite.

Retorno ao Brasil

Na segunda-feira pela manhã, a previsão é a de que o presidente embarque às 9 horas de volta para o Brasil, com escala programada na Tunísia.

Ainda não está confirmado, mas é possível que o chefe do Executivo faça uma Conversa com o Presidente antes de embarcar. O programa deve ter transmissão ao vivo pela EBC.

O presidente dos Estados Unidos e outros líderes do G20 chegam nesta sexta-feira (8) a Nova Délhi para participar, no fim de semana, de uma reunião de cúpula em que a Índia tentará iniciar um diálogo sobre a Ucrânia e a mudança climática, apesar das ausências de Vladimir Putin e Xi Jinping.

Os governantes estão divididos sobre temas cruciais, como a invasão russa da Ucrânia, a meta de abandonar gradualmente os combustíveis fósseis e a reestruturação da dívida mundial, o que dificulta a publicação de uma declaração final no domingo (10).

A América Latina estará representada pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, cujo país assumirá a presidência do bloco depois da Índia, e pelo argentino Alberto Fernández.

O presidente americano, Joe Biden, decolou da base aérea Andrews, perto de Washington, e deve chegar a Nova Délhi às 18H15 (10H45 de Brasília) desta sexta-feira.

A estadia de Biden na Índia começará com uma reunião bilateral com o primeiro-ministro indiano Narendra Modi, a quem recebeu com grande pompa em junho na Casa Branca.

O governo dos Estados Unidos tenta fortalecer os vínculos com a Índia em meio a uma disputa com a China, enquanto Nova Délhi tenta consolidar sua liderança internacional.

E tudo isso apesar das divergências sobre a Rússia pela recusa da Índia em participar nas sanções impostas contra Moscou pela invasão da Ucrânia, assim como sobre os direitos humanos.

- EUA monitora indicadores da China -

A ausência de dois governantes muito influentes como Putin e Xi, que atuam com frequência como contrapeso, deixam o caminho livre para que Biden tenha um papel central na cúpula.

A Rússia será representada pelo ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, que já está na Índia, e a delegação chinesa será liderada pelo primeiro-ministro Li Qiang.

Biden chegará à Índia em um momento importante no xadrez de alianças geopolíticas, com a guerra na Ucrânia como pano de fundo, além da China, que busca consolidar sua influência e desafia cada vez mais Washington.

O presidente americano espera aproveitar o encontro de cúpula para demonstrar que o bloco, apesar das divisões, continua sendo o principal fórum de cooperação econômica mundial.

O governo dos Estados Unidos monitora "cuidadosamente" os desafios econômicos da China, como o consumo interno mais frágil que o esperado, o endividamento do setor imobiliário e os desafios demográficos, destacou em Nova Délhi a secretária do Tesouro, Janet Yellen.

A secretária americana disse que tem consciência do risco da situação chinesa para o crescimento mundial, mas afirmou que, "em geral, a economia global tem sido resiliente".

Ela acrescentou que "a influência negativa mais importante é a guerra russa na Ucrânia".

- Um bloqueio 'escandaloso' -

O G20 parece dividido sobre a invasão russa do território ucraniano. Além disso, vários países em desenvolvimento do grupo estão mais preocupados com os preços dos grãos que com as condenações diplomáticas a Moscou.

Os esforços de Modi para que os líderes do G20 evitem as divisões e abordem os problemas mundiais cruciais, em particular a reestruturação da dívida mundial e a volatilidade dos preços das commodities após a invasão da Ucrânia, não apresentaram resultados nas reuniões ministeriais anteriores ao encontro de cúpula.

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, declarou nesta sexta-feira à imprensa que é "francamente escandaloso que a Rússia, depois de acabar com a iniciativa de grãos no Mar Negro, bloqueie e ataque os portos ucranianos".

Modi também reafirmou na quinta-feira o desejo de expandir o G20 com "a inclusão da União Africana como membro permanente".

"Estou muito satisfeito de receber a União Africana como membro permanente do G20 e estou orgulhoso por a UE ter reagido imediatamente de forma positiva para apoiar esta candidatura", disse Michel.

"Vamos esperar para ver qual será a decisão, mas uma coisa está: a UE apoia a adesão da África ao G20", acrescentou.

O chefe de Governo indiano também pediu aos líderes do G20 que apoiem "financeira e tecnologicamente os países em desenvolvimento na luta contra a mudança climática".

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