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Um acidente envolvendo uma kombi e um carro, no final da manhã desta quarta-feira (13), em Itaquitinga, zona da Mata Norte do estado, deixou sete feridos. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) atendeu ao chamado, enviando seis ambulâncias, sendo duas de suporte avançado, com UTI móvel, e quatro se suporte básico, para o resgate e transporte das vítimas.  

A ação contou ainda com o apoio do Corpo de Bombeiros Militares de Goiana, SAMU Goiana, Igarassu, Araçoiaba, Itambé, Nazaré da Mata. Ao menos sete pessoas foram retiradas e encaminhadas a unidades de saúde na Mata Norte e na Região Metropolitana do Recife (RMR). 

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No total, cinco mulheres e dois homens foram encaminhados para a Unidade de Pronto Atendimento (Upinha) de Goiana. Três mulheres, de 36, 47 e 65 anos, e um homem de 58 anos, tiveram o atendimento finalizado na Upinha. Já os demais, um homem de 49 anos e duas mulheres, de 41 e 49, foram encaminhados, por fim, ao Hospital Miguel Arraes, em Paulista, na RMR. 

Vídeos do acidente circularam nas redes sociais, mostrando os veículos na estada e as ambulâncias no local, realizando o resgate e atendimento das vítimas. 

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Foi inaugurada pela nesta quarta-feira (16), a primeira escola do Presídio de Itaquitinga (PIT), a escola Estadual Professor Paulo Freire, na Mata Norte de Pernambuco.

A escola terá capacidade de 200 alunos, e no máximo 40 pessoas por sala. Além disso, a escola iniciará com  turmas do Ensino Fundamental I (da alfabetização até o módulo 6). No espaço terá 5 salas de aula, sendo quatro de ensino formal e uma sala de informática, e uma sala de leitura. A equipe educacional terá um diretor, secretário, coordenador pedagógico, professores, merendeira e auxiliar de serviços gerais. 

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A gestora de Gerência Regional de Educação (GRE) Mata Norte, Edivania Arcanjo, estave presente no evento e destacou. “É um projeto que vem se desenhando há algum tempo. É um elemento importante de transformação, de diálogo, de cidadania e de dignidade porque a educação tem um poder transformador, especialmente em um ambiente prisional".  

Os detentos do Presídio de Itaquitinga (PIT), na Mata Norte de Pernambuco, e do Centro de Observação e Triagem Criminológica (Cotel), no Grande Recife, voltam a receber visitas familiares a partir deste sábado (5). Outras 12 unidades prisionais estão com os encontros suspensos por conta da pandemia.

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que avalia as unidades semanalmente para identificar a situação epidemiológica causada pelo aumento de casos da Covid-19 e da Influenza H3N2. A pasta reforçou que o acesso de familiares exige as regras de convivência com o coronavírus, como apresentação do passaporte vacinal, uso obrigatório de máscara e de álcool em gel. O Centro de Saúde Penitenciário (CSP), em Abreu e Lima, foi inserido na lista de presídios com visita suspensa.

Confira todas as unidades em que as visitas ainda não estão autorizadas:

- PJALLB (Presídio Juiz Antonio Luis Lins de Barros) – Complexo do Curado;

- PAMFA (Presídio Marcelo Francisco de Araújo) – Complexo do Curado;

- PFDB (Presídio Frei Damião de Bozzano) – Complexo do Curado;

- PIG (Presídio de Igarassu);

- CPFAL (Colônia Penal Feminina de Abreu e Lima);

- CPFR (Colônia Penal Feminina do Recife);

- PPBC (Penitenciária Professor Barreto Campelo);

- PAISJ (Penitenciária Agroindustrial São João);

- PVSA (Presídio de Vitória de Santo Antão);

- PRRL (Presídio Rorinildo da Rocha Leão) – Palmares;

- PDEPG (Penitenciária Doutor Ênio Pessoa Guerra) – Limoeiro;

- CSP - Centro de Saúde Penitenciário

Morreu na noite desse sábado (8) o prefeito da cidade de Itaquitinga, Zona da Mata Norte de Pernambuco. Pablo Moraes (PSD), de 38 anos, se envolveu em um acidente de trânsito.

A colisão ocorreu na PE-52, rodovia que liga Itaquitinga a Nazaré da Mata. Segundo informações da assessoria do prefeito, ele estava sozinho no carro, saindo da cidade para ir até Carpina.

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Por meio de nota, o governador Paulo Câmara lamentou a morte do gestor municipal:

“Lamento profundamente a morte do prefeito de Itaquitinga, Pablo Moraes, vítima de acidente automobilístico, na noite deste sábado. Pablo Moraes vem de uma família dedicada à política na Mata Norte e estava no segundo mandato à frente da Prefeitura de Itaquitinga. Minha solidariedade à família e aos amigos”.

 

Um detento de 28 anos foi assassinado dentro da cela no Presídio de Itaquitinga, na Mata Norte de Pernambuco, no sábado (20). De acordo com a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), três pessoas são suspeitas do crime.

Evandro Domingos de Freitas havia sido flagrado com entorpecentes em seus mantimentos no dia anterior. Os policiais penais encaminharam o preso para a delegacia. Ao retornar, Evandro foi encaminhado para a cela da disciplina, onde ficam os presos que cometeram alguma transgressão ou têm problemas de convívio. 

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Segundo a Seres, o homicídio ocorreu por desavença entre detentos. Os três suspeitos foram encaminhados ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O governador Paulo Câmara fez, nesta terça-feira (16.02), uma visita técnica ao Centro Integrado de Ressocialização (CIR - unidade 2), em Itaquitinga, Mata Norte do Estado. O novo estabelecimento penal tem capacidade para mil presos do gênero masculino, recolhidos sob regime fechado. É mais um investimento do Governo de Pernambuco, orçado em R$ 10,6 milhões, para desafogar as unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife. 

“É um equipamento modelo, que vai transformar o sistema. Nessa nova unidade vamos suprir uma boa parte do déficit do sistema que nós precisamos, oferecendo uma unidade segura, moderna e extremamente eficiente ao Estado”, destacou Paulo Câmara.

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O secretário de Justiça e Direitos Humanos, Pedro Eurico, anunciou que o Governo do Estado deve iniciar em breve a construção da terceira unidade prisional. “Já temos recursos para isso, inclusive, do Fundo Penitenciário Nacional, que também se associa ao Governo de Pernambuco”, enfatizou Pedro Eurico. 

Numa área total de 13.725 metros quadrados, o novo complexo abrange celas em tamanhos distintos, seis salas de aula, setor de saúde - com quatro celas de observação e duas para espera -, portarias de triagem e principal, administração geral, minifórum, área de vivência coletiva, instalações para a Polícia Militar, heliponto e central de videomonitoramento, além de um módulo de serviços com cozinha, lavanderia e padaria, canil central, subestação central, duas estações de tratamento de esgoto e 28 guaritas elevadas. Há também sala para a OAB e três parlatórios, bem como celas para concessionados (detentos trabalhadores) e para deficientes físicos. 

VAGAS - Novas 3.794 vagas no sistema prisional adulto estão em andamento, sendo 2.754 no Presídio de Araçoiaba, 532 no Presídio de Palmares, 156 na Penitenciária Juiz Plácido de Souza, em Caruaru, e 352 no Presídio de Igarassu. Ao todo, foram criadas 3.374, sendo 676 na Penitenciária de Tacaimbó; Presídio de Santa Cruz (186); Cotel (512); Unidade I de Itaquitinga (1.000) e Unidade II de Itaquitinga (1.000), totalizando 7.168 entre vagas em andamento e já concluídas. Essas obras são financiadas com recursos do Governo de Pernambuco e do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen).

*Da Secretaria de Comunicação de Pernambuco 

 

Policiais penais do Presídio de Itaquitinga, na Mata Norte de Pernambuco, apreenderam duas vassouras, tipo piaçava, com 12 materiais ilícitos dentro da madeira. O material foi encontrado na segunda-feira (5) durante procedimento de revista de materiais levados pelos familiares dos presos.

Os ilícitos foram detectados na máquina de raio-x. Os policiais retiraram de dentro da madeira três celulares, três chips, três carregadores e três fones de ouvido.

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"O plantão teve muita dificuldade para ter acesso aos ilícitos, imagino que o serviço tenha sido feito por um marceneiro", disse o gerente do presídio, Leonardo Corrêa. 

Segundo a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), o detento que receberia as vassouras foi identificado e submetido ao Conselho Disciplinar da unidade. A visitante não foi identificada.

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Na manhã desta terça-feira (10), um grupo de familiares de detentos do presídio de Itaquitinga bloqueou a Ponte Princesa Isabel, na área Central do Recife, para protestar contra as condições da unidade prisional. Com faixas e gritos de ordem, cerca de 30 pessoas seguiram para o Palácio do Campo das Princesas, na intenção de denunciar os maus-tratos e a falta de alimentação ao governador Paulo Câmara.

Segundo os manifestantes, os presos de Itaquitinga passam fome e sofrem com refeições estragadas. No fim do mês passado, o LeiaJá publicou a denúncia referente à presença de larvas na alimentação fornecida, o que culminou em uma greve de fome.

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Sem a resolução do problema, nesta semana uma nova greve de fome foi instaurada por parte dos detentos e os familiares tentam chamar a atenção do Poder Público. O grupo teve acesso ao Palácio do Campo das Princesas, onde ficou acordado que o Governo se posicionaria sobre a alimentação de Itaquitinga nesta quinta-feira (12), de acordo com um manifestante que não quis ser identificado.

Após a resposta, a via foi liberada e as famílias seguiram para frente do presídio, onde garantem que o ato será estendido. Novas manifestações são prometidas, caso a alimentação do presídio continue defasada.

Um detento da Penitenciária de Itaquitinga, considerada um presídio de segurança máxima em Pernambuco, foi morto depois de uma briga com outro preso. O caso aconteceu na madrugada desta sexta-feira (6). O Instituto de Criminalística e o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) foram acionados e devem apurar os fatos. 

Ao G1, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que o acusado do crime foi encaminhado para uma delegacia da Polícia Civil. O presídio, que fica na Zona da Mata de Pernambuco, é alvo de várias denuncias, sendo a mais recorrente os maus tratos sofridos pelos detentos. Alimentos vencidos, podres, e chaveiros 'causando o terror' em Itaquitinga é o que o LeiaJá vem denunciando.

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Após a greve de fome feita por detentos em protesto contra a administração do Presídio de Itaquitinga (PIT), na Zona da Mata de Pernambuco, familiares denunciam maus tratos e um suposto esquema ilegal de transferências. Eles acusam a administração de não cumprir com as determinações legais e relatam a rotina vivida pelos parentes que estão atrás das grades. 

Segundo a denúncia, o fato que culminou no protesto do grupo de presos foi a presença de larvas nas refeições do dia 17 deste mês. Após encontrar 'tapuru' no arroz, eles negaram-se a comer e atearam fogo em colchões. Como resposta, foram espancados pelos agentes, dizem os familiares; que também reforçam que as definições da nutricionista não são cumpridas e o horário de entrega atrasa até 5h. "Em Itaquitinga a fome é constante", declara Roberto*, irmão de um preso há cerca de um mês na unidade.

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Sem aviso prévio, os parentes deslocaram-se para a visita do dia 23, contudo, tiveram o acesso negado. Eles acreditam que foram proibidos para evitar que vissem o resultado das agressões. Em contraposição à 'opressão' e no intuito de chamar atenção de órgãos responsáveis, cerca 150 pessoas incendiaram o canavial em frente ao presídio. 

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Inaugurado em 2018 como uma referência, o PIT tem capacidade para mil presos e, atualmente, comporta 660, calcula a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres). Ainda assim, os visitantes também destacam a falta de estrutura. Na espera da revista, eles ficam aproximadamente 4h embaixo de sol e chuva, sem disponibilidade de um banheiro. Durante esse tempo, carregam garrafas de cinco litros d'água para driblar a sede dos detentos, pois garantem que a água é escassa e, junto com a luz, é 'desligada' às 17h. "Se ainda não tava pronto para garantir a integridade, por que colocou gente lá?", questiona Simone*, que tem o marido e um irmão na unidade.

Sob comando dos ‘gatos’- Trancados por 22h diárias, os detentos solicitam atividades ocupacionais pela "falta do que fazer" durante a pena. A insatisfação é potencializada diante das regalias concedidas pelos agentes aos "presos que trabalham para a polícia". Intitulados 'gatos', essa classe de reclusos são os olhos dos agentes e comercializam armas e drogas na unidade. 

O líder desse grupo seria um preso identificado apenas como "Gê", que é chaveiro do pavilhão A e posa ao lado de chocolates enquanto a maioria reclama de fome. Ele também seria responsável por castigar os demais reclusos -chamados de cachorros- a mando dos agentes e realizar cobranças do comércio ilegal. "Um pacote de biscoito não pode entrar, mas eu posso tá pagando por droga", delata Roberto. Ele conta que neste mês pagou R$ 2.100 ao Gê para quitar dívidas do irmão.

“Só bota vendido e só sai comprado”- Para presos e parentes, todos os problemas de Itaquitinga recaem sobre o Superintendente de Segurança Prisional. Supostamente, o coronel Clinton Paiva sempre age de modo prejudicial, além de comandar um esquema de transferências ilegal. Sem conhecimento dos juízes de execuções penais, ele cobra entre R$ 50 mil e R$ 150 mil para retirar detentos da rigidez de Itaquitinga, apontam.

"Só bota preso para Itaquitinga vendido e só sai comprado", garante Simone. Ela conta que o coronel Clinton destrata os familiares que tentam encontrar soluções e coloca propositalmente inimigos na mesma cela, além de presos com doenças infectocontagiosas. Para a denúncia, trata-se de um método cruel de reduzir a população carcerária em Pernambuco.

Posição da Seres-Procurada pelo LeiaJá, a Seres negou as informações, destacou a 'idoneidade' do coronel Clinton e reafirmou que as queixas são fruto da rigidez da segurança máxima da unidade. Confira na íntegra:

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informa que não procedem as denúncias relatadas e esclarece que a Penitenciária de Itaquitinga funciona no regime fechado com estrutura concebida para a segurança máxima, com rigidez do regime que pode causar insatisfação a familiares. A unidade dispõe de mil vagas com cerca de 660 detentos recolhidos. Com relação ao superintendente de Segurança Penitenciária, Clinton Paiva, a Seres informa que o servidor atua na segurança prisional com idoneidade a fim de manter a ordem necessária aos servidores, detentos e visitantes.      

*Com medo de represálias, os denunciantes preferiram não se identificar na matéria. Nomes fictícios foram utilizados.

Detentos da Penitenciária de Itaquitinga , na Mata Norte de Pernambuco, atearam fogo dentro da unidade prisional na tentativa de conseguir que as suas demandas sejam atendidas pelo Governo de Pernambuco. A confusão desta quarta-feira (2) é a segunda no período de uma semana.

Os custodiados pedem por melhorias na alimentação. Eles dizem que está havendo um racionamento da comida que é servida durante o dia. Em entrevista ao LeiaJá, uma das esposas que denunciam a situação disse: “Lá eles são obrigados a comer galinha podre, feijão azedo e um pão e meio. Quem matar nossos maridos de fome”. Além disso, ela ainda confirma que presos rivais estão sendo colocados pela direção do presídio na mesma cela. “O meu marido mesmo precisou ser socorrido porque apanhou muito”, revela Suzy*. 

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Na tentativa de denunciar para a sociedade o que está acontecendo em Itaquitinga, um grupo de mulheres está reunido em frente a penitenciária, que é de segurança máxima. “A gente só vai sair daqui quando conseguir resolver esse problema ou falar com o governador”, aponta Daniele Santos Martins que se apresentou como advogada de alguns dos detentos. Ela afirma que o grupo vai passar a noite lá até que consiga ser atendida. 

Nesta última terça-feira (1º), um vídeo feito dentro do presídio foi enviado à imprensa. Os homens reclamam que estão passando fome no local e que até os seus filhos e familiares são obrigados a comerem o que é servido no local, sem poder sequer levar a própria comida. Outra coisa que os presos alegam é que não existe medicação para eles. Diante de todas as dificuldades relatadas, os presos iniciaram uma greve de fome no último domingo (29). 

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Seres

Em nota, além de afirmar que três pavilhões encerraram a greve de fome, a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres)  negou o registro de incêndios no interior da unidade prisional. A secretaria também esclareceu que “não há restrição de direitos aos detentos da PIT (Penitenciária de Itaquitinga), pois em conformidade com a Lei de Execução Penal, os presos são assistidos materialmente como todas as outras unidades prisionais do Estado, inclusive, com a oferta de quatro refeições diárias com valor médio de 2.200 calorias. A avaliação nutricional mostrou que 96,6% da população da penitenciária apresenta peso dentro ou acima da normalidade”.

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Detentos do Presídio de Itaquitinga, Mata Norte de Pernambuco, denunciam que estão passando fome na unidade. Em vídeo enviado ao LeiaJá por familiares dos presos, eles afirmam que pela manhã os custodiados comem apenas um pão e meio com café, o almoço demora para ser servido - e quando entregue vem na maioria das vezes azedo e até com ‘bichos’. Pedindo por uma melhor atenção do Estado, os presos afirmam que estão em greve de fome.

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Uma das esposas que denunciam os descasos afirma que a situação do Presídio de Itaquitinga é de superlotação e que muitos presos estão “desmaiando de fome”. "Só para você ter noção, o meu marido pesava 110 quilos quando entrou lá. Agora se ele estiver pesando 60 quilos é muito", aponta a mulher.

No vídeo, o porta-voz dos presos aponta as dificuldades: "A situação de 'nós' é muita fome e muita opressão. Já faz três dias que estamos em greve de fome e o governo não se comove com a nossa situação. A gente não tem regalia nenhuma". 

Uma outra esposa diz que é preocupante a situação e que há 15 dias o seu marido foi colocado numa sala com um arqui-inimigo, o que resultou numa briga onde o seu esposo precisou receber atendimentos médicos. "Como é que o Estado quer ressocializar os presos se não dão assistência para isso? O governo diz que gasta mais de R$ 2 mil por preso, mas isso em Itaquitinga não funciona. O que a gente quer é uma assistência médica e comida porque fome ninguém aguenta passar", revela. 

Resposta da Secretaria Executiva de Ressocialização

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informa que não há restrição de direitos aos detentos da Penitenciária de Itaquitinga (PIT), na Mata Norte. Em conformidade com a Lei de Execução Penal, os presos são assistidos materialmente como todas as outras unidades prisionais do Estado, inclusive, com a oferta de quatro refeições diárias com valor médio de 2.200 calorias.

A avaliação nutricional mostrou que 96,6% da população da PIT está com o peso dentro ou acima da normalidade. A Seres esclarece que a unidade recolhe detentos do regime fechado e sua estrutura foi concebida para o regime de segurança máxima. A Seres informa também que revistas são realizadas rotineiramente.

179 milhões gastos com alimentação

Em julho deste ano, o LeiaJá fez uma matéria onde mostra que Pernambuco gastou, entre 2016 e 2018, quase R$ 179 milhões com alimentação para manter os 32.781 presos em regime fechado, nas 23 unidades prisionais do estado. Os valores referentes à verba destinada ao fornecimento de alimentos foram obtidos pelo LeiaJá por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Em 2019, até maio, o custo foi de R$ 16.881.184. Apesar da verba para financiar as refeições dos detentos, familiares dos presidiários custodiados em Pernambuco acusam a gestão estadual de maus-tratos, principalmente pelas péssimas condições das três refeições servidas diariamente e, muitas vezes, pela insuficiência da comida.

A unidade prisional de Itaquitinga foi inaugurada em julho de 2018. Na época do lançamento, o secretário de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Pedro Eurico, classificou a unidade prisional como "modelo a ser seguido".

Após um ano de funcionamento, Itaquitinga já apresentava uma série de problemas, principalmente com a alimentação servida aos presos - denúncia recorrente. De acordo com os familiares, por determinação da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) não é permitido entrar com comida na unidade prisional. Nem mesmo para o visitante. Todos devem comer do que é servido aos presos.

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-> PE: incêndio atinge celas do Presídio de Itaquitinga

As unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife (RMR) receberão ações em saúde, educação, psicossocial, trabalho e qualificação profissional. Tudo está sendo oferecido por uma equipe da Superintendência de Capacitação e Ressocialização. 

Fora do Grande Recife, o presídio de Itaquitinga, na Zona da Mata, foi o primeiro a ser beneficiado pela iniciativa da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres). Atualmente, os atendimentos estão ocorrendo na Penitenciária Professor Barreto Campelo, em Itamaracá, na RMR, com testes rápidos (HIV, sífilis, hepatites), coleta de material (tuberculose), avaliação odontológica, aferição de pressão arterial, pesquisa psicossocial, entre outros.

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De acordo com a Seres, a programação das demais unidades prisionais está sendo definida. O trabalho tem como meta atingir 100% da população carcerária do Grande Recife, sendo realizado pelas equipes das gerências de Atenção Psicossocial, Saúde e Nutrição (GAPSN) e de Educação e Qualificação Profissionalizante(GEQP) e profissionais de Saúde e Psicossocial das unidades prisionais.

O Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PE) informou que os eleitores das cidades de Condado e Itaquitinga, na Mata Norte de Pernambuco, podem realizar o procedimento de cadastramento biométrico sem agendamento prévio.

O eleitor que preferir poderá marcar seu atendimento, no entanto, no site do TRE. Os que optarem por fazer sem o agendamento, precisarão respeitar a ordem de chegada ao prédio do órgão.

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A medida é uma forma forma de reforçar o cadastramento biométrico neste período de férias. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h, e será feito até o limite de fichas disponíveis e por ordem de chegada.

A ação é proporcionada pela 125ª Zona Eleitoral, que abrange o Cartório Eleitoral de Condado e o Posto de Atendimento de Itaquitinga. O cadastramento é importante para que o eleitor possa votar nas eleições municipais de 2020.

Familiares se reúnem em frente ao MPPE para protocolar denúncia contra o presídio de Itaquitinga. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

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Pernambuco gastou, entre 2016 e 2018, quase R$ 179 milhões com alimentação para manter os 32.781 presos em regime fechado, nas 23 unidades prisionais do estado. Os valores referentes à verba destinada ao fornecimento de alimentos foram obtidos pelo LeiaJá por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). Em 2019, até maio, o custo foi de R$ 16.881.184. Apesar da verba para financiar as refeições dos detentos, familiares dos presidiários custodiados em Pernambuco acusam a gestão estadual de maus tratos, principalmente pelas péssimas condições das três refeições servidas diariamente e, muitas vezes, pela insuficiência da comida.

No dia 1º de julho de 2019, um grupo de mulheres com familiares presos em Itaquitinga, unidade prisional localizada na Mata Norte pernambucana inaugurada em junho de 2018, se encontraram no Ministério Público de Pernambuco, no bairro de Santo Antônio, área central do Recife para protocolar denúncias de maus tratos na unidade prisional. Elas foram ao local com uma camisa que estampava o pedido "Não a fome" e redigiram cartas para contar principalmente sobre a condição degradante quando se trata de alimentação em Itaquitinga. 

Marcela* diz que foi reivindicar os direitos do seu esposo. "Não é só o meu marido que sofre, são todos", lamentou. Ela também critica o fato da gestão não preparar uma estrutura para as mulheres aguardarem na frente do presídio. "Se chove, faz sol, não importa. Temos que esperar lá na frente por horas porque eles só abrem as portas quando querem. A escola lá não funciona, não podemos levar nada para eles lerem, nem uma fotografia. Eles não fazem nada o dia inteiro e ainda não podem comer", denunciou.

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Segundo o coordenador da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Olinda e Recife, Lenilson Freitas, a entidade religiosa monitora constantemente doze presídios, masculinos e femininos, no Grande Recife. Semanalmente, a Pastoral realiza visitas e conversa com os detentos. Lenilson aponta que a queixa mais constante é sobre a falta de alimentação com qualidade nas prisões masculinas. 

"Nas femininas até escutamos um pouco dessa reclamação, mas em quantidade menor. O número de mulheres presas é menor. Elas se queixam da comida gordurosa, principalmente as grávidas e as pacientes que precisam de uma alimentação balanceada receitada por um profissional", detalhou Lenilson ao explicar a situação da comida na Colônia Penal Feminina Bom Pastor e na Colônia Prisional Feminina de Abreu e Lima. 

O coordenador da Pastoral destaca que os homens, por estarem em uma situação de superlotação grave, denunciam as situações precárias das prisões com muita frequência. Atualmente, são 11.767 lugares nas 23 unidades prisionais, onde estão 32.781 presos em regime fechado. Considerando todos os regimes, são 40.190 detentos. "Escutamos comentários de que além de pouca, a alimentação é ruim. Quando ouvimos essas pessoas, a gente leva essa queixa ao responsável pela cozinha porque cada presídio tem um profissional de nutrição para cuidar e acompanhar esse processo", explicou. 

Itaquitinga e a promessa do modelo nacional de ressocialização

Foto: Chico Peixoto/LeiaJáImagens

Em janeiro de 2019, a unidade I do Centro Integrado de Ressocialização (CIR), em Itaquitinga, foi entregue pelo governo de Pernambuco. A obra foi iniciada em junho de 2010 e estava parada desde 2012. Só foi retomada em 2017 e custou aproximadamente R$ 10 milhões aos cofres da administração estadual. 

A capacidade do local é para abrigar cerca de mil presos no regime fechado. O processo de ocupação da primeira unidade do complexo prisional teve início em junho de 2018 para desafogar as unidades prisionais da Região Metropolitana do Recife.

Na época do lançamento, o secretário de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), Pedro Eurico, classificou a unidade prisional como "modelo a ser seguido". A imprensa visitou o local e foram percorridos diversos setores como saúde, salas de aula, central de videomonitoramento, cozinha, celas e área de convivência coletiva. "A unidade prisional de Itaquitinga é uma das mais modernas do país e deverá ser exemplo de ressocialização para todos os estados da federação”, disse o secretário, na época.

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Ao todo, 22 presos concessionados, do regime semiaberto, são responsáveis pela alimentação dos detentos do CIR, sendo oito trabalhando na padaria e 14 na cozinha. No cardápio divulgado aos jornalistas seriam servidos café da manhã, almoço e jantar com cardápio variado, tendo dias com frango, feijoada, carne bovina e carne moída.

Em junho de 2019, após um ano de funcionamento, Itaquitinga apresenta uma série de problemas, principalmente com a alimentação servida aos presos. De acordo com os familiares, por determinação da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) não é permitido entrar com comida na unidade prisional. Nem mesmo para o visitante. Todos devem comer do que é servido aos presos.

A fome e realidade distante da propaganda estadual

Familiares se reúnem em frente ao MPPE para protocolar denúncia contra o presídio de Itaquitinga. Foto: Arthur Souza/LeiaJáImagens

Feijão azedo, galinha cozinhada com as penas, macarrão estragado, pedras e outros objetos são comumente encontrados na comida, segundo relatos de familiares. Cansados da situação, alguns presidiários do Pavilhão B e C iniciaram uma greve de fome no último dia 24 e 25 de junho. Entre as alegações dos motivos da greve estavam a melhoria da comida que é servida a eles, o aumento das porções, a entrada de crianças para as visitas, a entrada de fotografias e a criação de uma estrutura para que os visitantes possam aguardar sem o risco de ficarem expostos ao sol quente ou a chuva. 

Maria* está apreensiva porque seu marido emagrece a cada dia. Ela conta que o esposo chora todos domingos de visita pedindo por providências. Ele também participava da greve de fome.

Do lado de fora, os familiares sabiam da greve e trocavam mensagens por aplicativo de conversa ansiosos por novidades. Boatos de que quem não comesse iria para o castigo e sofreria represália dos agentes penitenciários assustaram as famílias. Mesmo apavorada, Maria sabia que era necessário tomar uma atitude, mesmo que tenha sido essa a escolhida pelos presos. "Eles não aguentam mais não ter o que comer, só sabe quem passa fome", disse.

No fim da noite do dia 25 de junho, o presídio anunciado como modelo de ressocialização precisou viabilizar um diálogo com defensores dos Direitos Humanos para que os presos voltassem a comer. O próprio Pedro Eurico foi ao presídio acompanhar a situação de perto. A negociação foi coordenada por Wilma Melo, assistente social, especialista em políticas públicas e presidente do Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões (Sempri).

“Ao meu ver, o que está faltando é o estado investir em uma capacitação e melhor elaboração desses alimentos. Os presos denunciaram a qualidade, quantidade e os péssimos horários. O caso de Itaquitinga é a parte porque não há a circulação de outras mercadorias que não as fornecidas pela unidade prisional. As próprias mulheres precisam comer do que é servido no presídio e isso revolta os maridos. Eles até aguentam comer aquilo, mas não querem assistir as famílias a se alimentarem da mesma comida”, relembrou Wilma Melo, em entrevista ao LeiaJá.

Juliana* denunciou à reportagem que há um esquema de benefícios em Itaquitinga. "O diretor dá regalias a presos com mais dinheiro. Muitos têm o direito a bebida, celular e principalmente comida, chocolate e pratos cheios. Já outros presos passam muita fome. As comidas são podres e o prato é quase vazio. O cuscuz é horrível com ovo seco. Não tem outra comida para os presos. A gente já procurou Pedro Eurico e outras autoridades, mas ninguém resolve nada. A Seres falou que ia liberar uma quarta refeição, mas até então nada. Nem a gente pode levar a nossa própria comida porque eles não deixam, como em outros locais. Tem gente que não pode comer comida de porco por motivos de saúde, mas é obrigado a comer. Por isso, detentos e muitas mulheres passam mal, como já aconteceu", descreveu. Ela ainda apontou que o sistema é opressor e que os agentes ameaçam os familiares caso denunciem. 

Um das causas do protesto foi também um atraso da comida, sendo o almoço servido somente às 15h, em um dia de visita. “O preso estava com fome e a família também. Isso cria um estresse e o desejo de resolver a situação a todo custo”, explicou Wilma Melo.

A defensora dos Direitos Humanos alega ainda que é contrária a decisão da Seres de proibir a entrada de comida de fora em Itaquitinga, pelo menos para as famílias que vão visitar. “Não é nada demais as mulheres levarem um lanche, um refrigerante, um pão para passar o domingo. Acho que não é sendo repressivo que vai se resolver a situação”, comentou.

Após dois dias de greve, os presos cederam ao acordo que Wilma posteriormente apresentou à Secretaria de Ressocialização. A principal demanda é a melhoria dos alimentos servidos.

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Afinal, quem cozinha?

Nos presídios de Pernambuco são os detentos que cozinham. Apesar disso, Lenilson Freitas alega que a culpa não é dos presos a falta da comida ou a má qualidade da refeição. Para ele, o responsável deveria ser o nutricionista da unidade. "Quando escutamos o pessoal responsável por fazer a comida, eles alegam que são muitas refeições para serem feitas e não dá tempo de cozinhar tudo", contou o coordenador da Pastoral Carcerária. 

O procedimento feito pela Pastoral é também encaminhar as denúncias ao diretor da unidade prisional, caso os profissionais de nutrição não tomem providencias, que é o corriqueiro. O coordenador da Pastoral destaca ainda que o alimento chega aos presídios com qualidade e o grande problema está no manejo.

"São pessoas preparadas para cozinhar pelo próprio sistema prisional, os presos concessionados. Um dos pontos importantes é a falta de qualificação deles e a falta de tempo para dar conta do serviço. O café da manhã é servido 4h, 5h da manhã. Mas, essas pessoas precisam acordar 3h, ainda de madrugada para deixar tudo pronto", alertou.

Por isso, nas prisões, os detentos montam fogões improvisados com tijolos e panelas para assar e cozinhar seus próprios alimentos ou uma galinha que é servida crua, por exemplo.

É o que justifica Carla* ao levar alimentos para que o esposo prepare dentro da Penitenciária Professor Barreto Campelo (PPBC). Ela conta que lá o almoço é servido a partir das 10 horas e o jantar por volta das 16h. Após a janta, os presos só podem comer no outro dia. "Eu trago a feira semanal do meu esposo porque ninguém deveria comer essa lavagem. Sei que é pecado falar assim da comida, mas é porque não é humano. O café da manhã com um pão seco e meio copo de café não sustenta ninguém", criticou a mulher. 

Para Lenilson Freitas, é errado a família precisar gastar dinheiro semanalmente para levar comida aos seus familiares, já que eles estão sob responsabilidade do Estado. Ele avalia, no entanto, que a prática cresceu na região porque houve um corte na verba para alimentação nos presídios de Pernambuco. 

Em conversa com a reportagem, o coordenador da Pastoral informou a redução foi de 17% da verba. "A gente tem escutado das pessoas que estão presas, dos agentes penitenciários e de pessoas da diretoria. Ninguém deixa claro os motivos desse corte. Mas as pessoas de dentro nos falam e dificilmente a diretoria vai admitir isso em público. É o momento da gente questionar as razões para a redução e por que a família precisa levar comida para seus familiares presos”, destacou. 

Todo domingo uma feira semanal

Familiares aguardam na fila para entrar no Cotel em dia de visita. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

O domingo ainda está escuro e os ponteiros do relógio se aproximam das cinco da manhã. Mulheres descem dos ônibus e das kombis e se juntam a outras que já estavam no local. A fila em frente ao Centro de Observação e Triagem Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife, começa a ganhar forma. São milhares de esposas, irmãs e mães se espremendo para manter a sequência da ordem de chegada. 

Com elas, grandes sacolas e mochilas visivelmente pesadas. Nas bolsas de plásticos estão os alimentos trazidos para seus parentes passarem a semana. Carne de charque, feijão, fubá, arroz e bolacha são os principais itens que em algumas horas serão entregues aos detentos. A regra do Cotel é de até oito quilos de mercadoria por detento. Mais do que isso não passa pela vistoria e o visitante é obrigado a deixar do lado de fora ou desistir de entrar na prisão.

A prática de levar comida, lanches e refeições prontas aos presídios de Pernambuco se tornou comum nos dias de visita. O filho de Mariana*, nome fictício, está preso há um ano por homicídio. Ela precisa desembolsar ao menos R$ 400 por mês para comprar os mantimentos e levar todo domingo ao Cotel. “A comida nunca foi boa, a realidade é essa. Mas parece que tem piorado e muito. É crua e ninguém gosta de comer, nem mesmo os presos”, relatou a entrevistada, ao se referir a “boia”, termo utilizado pelos presos para a refeição. Mariana também faz cocada e leva para seu marido revender entre os presos. 

A regra do Cotel é de até oito quilos de mercadoria por detento. Foto: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

Carolina* também aguarda para entrar no Cotel, onde seu marido está há três meses. Ela alega que as mulheres precisam levar a feira semanal porque mesmo sendo obrigação da diretoria fornecer alimentação aos presos, a realidade é dura e bem distante disso. “Acho que eles são seres humanos e já estão pagando pelo que fizeram. O diretor daqui trata esses homens pior do que bicho quando dão para eles lavagem para comer. E muitas vezes o pão de café da manhã é servido pela metade com um copo de café. Eles passam fome e isso não vai ressocializar ninguém, pelo contrário”, lamentou. 

O LeiaJá também conversou com familiares dos presos que estão no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP), na Ilha de Itamaracá, Litoral Norte de Pernambuco. A situação é semelhante ao que encontramos no Cotel. Maus tratos e comida em poucas quantidades. A situação por lá é ainda pior porque os presos sofrem com problemas psicológicos e muitas vezes têm sua fala desacreditada pela direção da unidade prisional. 

Dois lados da mesma moeda

Nas visitas semanais, a Pastoral também constatou que são dois tipos de comida servida nas prisões. Um para os presos e outro para os trabalhadores, os policiais, agentes e a diretoria. Ele alega que o acompanhamento é feito pelos mesmos nutricionistas e o preparo é feito com os mesmo produtos. 

“O que muda é a equipe de trabalho dos ranchos, as cozinhas. Eles dizem que a diferença é evidente porque são menos pessoas para comer e o tempo é diferente. Mas a cozinha de lá é industrial, com panelas enormes. Não há justificativa para essa disparidade entre os dois pratos servidos”, reclama Lenilson Freitas.

 Ele detalha ainda que no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Abreu e Lima, prisão destinada aos policiais, não há reclamação da comida. “Eles têm celas organizadas, comida boa de qualidade. A gente sabe que é diferente, mas também são presos custodiados pelo Estado. A lei é para todos e não entendo os motivos dos presos comuns passarem por essa situação. Atualmente são 86 PMs presos e a capacidade é para 120.

Ao lado esquerdo uma fotografia da cozinha do Barreto Campelo. As duas imagens do lado direito são de celas do Cotel. Fotos: TCE/PE

Em 2017, o Tribunal de Contas do Estado de Pernambuco divulgou um documento de avaliação do sistema prisional da região. A documentação indica os problemas encontrados nos presídios visitados. A alimentação, no entanto, não é citada como fator problemático. 

"A auditoria constatou problemas, tais como: a) não implementação da separação de presos nas unidades prisionais; b) superlotação das unidades prisionais; c) precariedade/inadequação da infraestrutura das unidades prisionais visitadas; d) quantidade insuficiente de agentes penitenciários; e) deficiência na assistência jurídica prestada nas unidades prisionais; f) guaritas desativadas por falta de policiais militares; g) baixo alcance de atividades laborterápicas nas unidades prisionais; h) baixo alcance de cursos profissionalizantes nas unidades; e i) baixo alcance da oferta de emprego e de cursos profissionalizantes para o público-alvo do Patronato", trecho retirado do documento do TCE.

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"Não há como ressocializar uma pessoa se ela não tem o básico, que é uma comida manipulada adequadamente", aponta Wilma Melo

Em relação à legislação federal, a Lei de Execução Penal – LEP (Lei Federaln° 7.210/84) estabelece em seu artigo 3º que “ao condenado e ao internado serãoassegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei”. Outros dispositivos a serem ressaltados são os artigos 10 a 27 que relacionam o dever do Estado de prestar ao preso às assistências material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa.

No artigo 28 da referida lei é abordado o trabalho do condenado como “dever sociale condição da dignidade humana” e tendo dupla finalidade, educativa e produtiva. Mais adiante, nos artigos 40 e 41 são elencados os deveres do reeducando e, no artigo 41, os seus direitos, como alimentação suficiente e vestuário; atribuição de trabalho e sua remuneração; exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena.

De acordo com Wilma Melo, o investimento no sistema prisional é pouco e a política de encarceramento é ferrenha. “Mesmo que sejam contratados nutricionistas, a gente percebe que os cardápios não são equilibrados. Muitas vezes é servido cuscuz com salsicha, pão com salsicha, feijão com salsicha. Será que isso é uma comida adequada? Será que não está faltando uma qualificação para estes detentos ou um acompanhamentos mais de perto para entender a qualidade do que é servido?”, questiona a pesquisadora. 

Para ela, as denúncias são poucas porque se comprometer com o sistema é difícil, tanto para os presidiários, quanto para a família. O medo de represália é constante. “Além de escutar dos presos, eu mesma já presenciei comida estragada sendo servida. Certa vez foi um feijoada podre. É uma série de problemas dentro do sistema penitenciários que envolve também alimentação. Não há como ressocializar uma pessoa se ela não tem o básico, que é uma comida manipulada adequadamente”, complementa. 

O desvio dos alimentos e os donos das cantinas privadas

A alimentação está entre as reclamações mais constante e uma das principais causas de rebeliões dentro de um sistema penitenciário de Pernambuco. Wilma considera tanto a má qualidade do que é servido, quanto a falta de comida uma violação dos direitos mais básicos, garantido na Constituição do Brasil. 

Art. 6° - São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. (Constituição Federal, 1988, p. 20)

Mas, nas cadeias, o fornecimento de alimentos é tratado não como um direito humano, mas como um favor. É o que pensa Maurílio*, preso há dez anos. Ele conhece bem a realidade das prisões pernambucanas. Tinha uma vida estável até cometer o primeiro crime. Dentro da prisão, cometeu outros. Passou por diversos presídios e a constatação é simples. Para ele, é um sistema falido e uma fábrica do crime. 



Maurílio destaca que muitos presos não denunciam a situação e os maus tratos do cárcere porque se beneficiam dele. Ele cita as cantinas dentro da grande parte das unidades prisionais de Pernambuco. 

De acordo com Wilma Melo, a Lei de Execução Penal prevê a existência de uma cantina para materiais alimentícios não fornecidos pelo estado. Mas, a comida básica, a gestão tem obrigação de fornecer e por isso não faz sentido essa alimentação ser vendida dentro das prisões

As cantinas são muitas vezes assumidas por presos mais influentes, por agentes do sistema prisional e até por membros diretoria, que manipulam os preços por uma tabela que não obedece a qualquer lógica de mercado. 

Maurílio denuncia que há o desvio dos alimentos que chegam aos presídios para as cantinas, que são 'privadas'. "Se você for em todas as unidades prisionais, vai encontrar dentro do rancho, onde são guardadas as comidas, os materiais. Se for ao lado na cantina, será o mesmo do que é servido no refeitório. São os mesmo produtos desviados de formam irregular para serem vendidos com um preparo muito melhor", afirma. 

Ele contou ainda que no Cotel, por exemplo, os donos da cantina são os presos e rendem cerca de R$ 15 mil semanal. "Eles vendem almoço, café e janta. Esse dinheiro é repartido também com pessoas da diretoria. É por isso que há o interesse na má qualidade do que é servido no refeitório porque para eles é interessante que a gente que tá preso, compre, é rentável", dispara. Maurílio contou que um almoço na cantina custa em torno de R$ 15.

"Além desse desvio para a cantina particular, os próprios agentes penitenciários roubam os alimentos que chegam da Ceasa e revendem. A prática é muito conhecida dentro das prisões. Mas ninguém fala porque muitos têm medo e outros fazem disso um comércio", apontou. 

Lenilson Freitas declara que a injustiça é sentida na pele. Ele aponta que deveriam fiscalizar o sistema prisional o promotor de Justiça, o juiz da execução penal, o MPPE, a Defensoria Pública, o patronato e outros órgãos. Mas para ele, nada funciona. “ Eles deveriam fiscalizar, mas quando vão visitar os presos, comem no restaurante dos funcionários e por isso não sabem a realidade dessa comunidade.”

Ele não concorda com o dito “bandido bom é bandido morto”. “As pessoas acham que os presos têm que morrer de fome, mas essa é a mentalidade de uma sociedade injusta e vingativa. O estado precisa cuidar dessas pessoas, eles são humanos. Quem mantém os presos lá somos nós e nossos impostos. Temos que exigir da gestão o cumprimento do papel social dele. Se a comida chega ao presídios, tem que ter qualidade. Cadê a Comissão de Direitos Humanos, não questionam isso na Alepe?”, critica. 

Para Wilma Melo, é preciso mais efetividade para solucionar essas questões. “O Estado encarcera, coloca esses corpos presos e não oferece estrutura alguma. Quem sofre as consequências disso é a sociedade. Porque os valores humanos dão lugar aos da resistência ao aprendizado por parte dos presos, e nesse sentido, isso gera violência”, alertou.

A especialista em políticas pública aponta ainda que não se deve olhar a prisão só como um local para punir os corpos. “É algo jurídico, ele vai cumprir uma pena, há uma legislação para ser seguida. Isso não quer dizer que essa pena ultrapasse o limite e passe a provocar o sofrimento intenso ou maus tratos. 

A lógica é simples, na visão dela. Quanto mais penalizar sem o tratamento de ressocialização, mais a violência aumenta. “Essa ideia de punitivismo e encarceramento em massa não é só local, é algo maior, é nacional. O Brasil precisa mudar isso urgente”, analisou.

O que diz o poder público

Pedro Eurico, secretario de Justiça e Direitos Humanos de Pernambuco ao lado de Nickson Monteiro, diretor do Presídio de Itaquitinga. Foto: Chixo Peixoto/LeiaJáImagens

A reportagem procurou o Ministério Público de Pernambuco para questionar se o órgão tem conhecimento da situação carcerária em Pernambuco, no que tange à alimentação. Por meio de nota, o órgão informou que tramita na 8ª Promotoria de Justiça de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos um inquérito civil, o qual versa sobre a qualidade dos alimentos fornecidos às reeducandas da Colônia Penal Feminina do Recife (Bom Pastor).

O MPPE também explicou que há um Procedimento Administrativo instaurado "com o objetivo de acompanhar e fiscalizar, de forma continuada a política prisional no Complexo Penitenciário do Curado, em específico, as medidas implementadas pela Secretaria de Ressocialização para proteger a vida, a dignidade e a integridade pessoal das pessoas presas", diz um trecho da nota. 

Ainda de acordo com o órgão estadual, todas as instituições que fazem parte do Pacto Pela Vida, inclusive o MPPE, acompanharam diretamente a questão da alimentação no Presídio de Itaquitinga. "A unidade, hoje, serve como modelo a ser adotado pelas demais, que deverão se adequar ao padrão adotado naquele município", em outro trecho da resposta. 

A Secretaria Executiva de Ressocialização explicou que o fornecimento de alimentação no Sistema Prisional é feito através de um Contrato de Gestão com a Ceasa, desde 2015, por meio da implantação do Programa de Alimentação Prisional do Estado de Pernambuco.

"O recebimento dos gêneros nas unidades é realizado por 17 nutricionistas e 23 estoquistas do Centro de Abastecimento e acompanhado por um funcionário da Seres, que faz a verificação quantitativa e qualitativa. Diariamente são servidas três refeições: café da manhã, almoço e jantar. Entre os itens estão: cuscuz com leite de coco, mungunzá, inhame, macaxeira, batata-doce, pão, frango, carne bovina, carne moída, feijoada e sopas. Com relação às denúncias sobre a alimentação nos presídios, não recebemos nada oficialmente, não há registros na Ouvidoria da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH) e nem da Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres)", diz a nota oficial enviada pelo órgão. 

*Nomes fictícios para preservar a identidade dos entrevistados

O Presídio de Itaquitinga (PIT), na Zona da Mata de Pernambuco, registrou uma nova fuga de detento. Jobson Ricardo de Paula, de 24 anos, escapou do presídio mais moderno de Pernambuco na terça-feira (21).

A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) e a Corregedoria de Defesa Social estão apurando como a fuga ocorreu. Até o momento, Jobson não foi localizado.

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O foragido tem passagens por latrocínio, roubo, ocultação de cadáver e corrupção de menores. Os crimes foram cometidos em Sirinhaém e Rio Formoso, na Mata Sul do Estado.

Fugas -  As primeiras duas fugas em Itaquitinga ocorreram em fevereiro deste ano. A primeira unidade do Centro Integrado de Ressocialização de Itaquitinga foi inaugurada em junho de 2018. Foram investidos R$ 10 milhões para a conclusão da primeira unidade.

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A menina dos olhos e considerado um exemplo de presídio de segurança máxima moderno, o Centro Integrado de Ressocialização (CIR) de Itaquitinga, na Mata Norte de Pernambuco, registrou duas fugas de presos na terça-feira (12). Essas foram as primeiras fugas registradas na unidade.

Não foi divulgado o modo como os presos fugiram. A Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres) informou que um procedimento administrativo foi aberto para apurar as circunstâncias do ocorrido. A Delegacia de Captura foi acionada para o caso.

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A primeira unidade do CIR foi inaugurada e começou a receber presos em junho de 2018. O processo de construção contou com paralisações de obras, atrasos e encerramento de contrato. Foram investidos R$ 10 milhões para a conclusão da primeira unidade.

Em dezembro do último ano, o Governo de Pernambuco doou uma unidade do Presídio de Itaquitinga para o Governo Federal. Ela se tornará a primeira unidade carcerária federal em Pernambuco. A união ficará responsável por administrar e manter a instalação.

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O Presídio de Itaquitinga, na Mata Norte do Estado, registrou uma apreensão de celular na manhã desta quarta-feira (16). É a primeira vez que ocorre uma apreensão do tipo no presídio mais moderno de Pernambuco, inaugurado em junho de 2018.

O aparelho estava com o detento José Florêncio de Lima, de 48 anos. Segundo a Secretaria Executiva de Ressocialização (Seres), os agentes penitenciários encontraram o objeto na revista realizada após o detento sair de atendimento com sua advogada.

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José Florêncio e a advogada foram encaminhados à Delegacia de Itaquitinga para as providências cabíveis. O detento também será submetido ao Conselho Disciplinar da unidade.

O Centro Integrado de Ressocialização (CIR) de Itaquitinga, nome oficial da unidade, é de segurança máxima e tem o objetivo de servir de modelo de boa gestão e ressocialização. Durante o evento de inauguração, a Seres afirmou que as celas não possuem tomadas e que não há sinal de telefone no local.

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Encerra na próxima segunda-feira (7) o prazo de inscrições para o concurso público realizado pela Prefeitura de Itaquitinga, munícipio do Estado de São Paulo. O valor da inscrição é de R$ 18,50.

As oportunidades são para professor de Educação Básica (cadastro de reserva -CR) e professor de Educação Básica II nas áreas de Artes (CR), Ciências (CR), Educação Especial (CR), Educação Física (CR), Geografia (CR), História (CR), Língua Portuguesa – Inglês (CR) e Matemática (CR).

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O processo seletivo será composto por provas escritas e objetivas com três horas de duração. O salário é baseado em hora/aula no valor de R$ 14. Os candidatos podem se inscrever em mais de uma vaga, desde que sejam respeitados os critérios estabelecidos no edital do certame. A jornada de trabalho varia entre 14 horas/aula até 26 horas/aula por semana, dependendo da disciplina lecionada.

As inscrições são realizadas através do site da consultoria organizadora do certame. Os resultados e convocações vão ser afixados em quadros específicos na sede da Prefeitura da cidade.

 

Uma mulher identificada como Iris Gabriela Rodrigues da Silva, de 32 anos, foi morta dentro de uma academia de ginástica no município de Itaquitinga, na Mata Norte de Pernambuco, nesta quinta-feira (20). O autor do feminicídio foi seu ex-companheiro, Eduardo Ferreira Justino, 32, que se matou em seguida.

O assassino teria dado o primeiro tiro e a arma falhado. No segundo disparo, atingiu a cabeça da ex e, em seguida, atirou contra si, falecendo no local. A polícia investiga a origem da arma de fogo, provavelmente adquirida ilicitamente.  

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Iris manteve um relacionamento de cinco anos com o acusado. Eles estavam separados há cerca de dez dias. A mulher já estaria se relacionando com outra pessoa e o seu ex não aceitava o fim do relacionamento.

 

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