No começo dos anos 2000, poucos sabiam sequer o que fazia um desenvolvedor de games. Muitos ainda pensavam neles como nerds que só queriam jogar videogame. Com o avanço dos sistemas operacionais e dos próprios gadgets, o mercado bilionário dos games foi ganhando espaço, e hoje é um dos mais promissores do mundo. No Guia de Profissões, o Leia Já apresenta hoje, o mercado dos Jogos Digitais.
Gostar de videogames e jogos, não viver sem um aplicativo novo no seu celular ou tablet, e ter curiosidade em saber como tudo isso é desenvolvido, são prerrogativas para trabalhar nesse mercado. Mas não só de desenvolvedores é feita uma empresa digital. O mercado de jogos emprega desde analistas, engenheiros de softwares, técnicos, designers, programadores e muitas ideias.
##RECOMENDA##
Grande parte das empresas desenvolvedoras inclusive são Startups, pequenas empresas, recém-criadas, na maioria das vezes por jovens que acabaram de sair da universidade, que querem implementar e vender suas ideias de uma forma independente.
Marcelo Queiroz é um desses jovens promissores. Com apenas 26 anos, ocupa o cargo de líder técnico de desenvolvimento de aplicativos IOS, o sistema operacional da Apple. A frente da equipe de desenvolvedores da FingerTips, a equipe de Marcelo tem contratatos com grandes empresas do país, e já atende clientes dos Estados Unidos, Europa e até da Ásia.
Marcelo (foto 1) lembra que é preciso muita dedicação e constante aperfeiçoamento para ganhar espaço no mercado. Desenvolver seus próprios apps é uma forma de mostrar que você está preparado. “É uma área que muitas pessoas preferem trabalhar por conta própria, criando e vendendo ideias e aplicativos”, lembra Marcelo. Ele é um desses exemplos. Empregado antes mesmo de se formar, Marcelo continuou a desenvolver seus próprios Apps. Ficou três meses em primeiro lugar na loja online da Apple e já viu suas criações serem baixadas mais de 2,5 milhões de vezes.
Curso
O curso de Jogos Digitais na maioria das instituições de ensino é uma graduação técnica de dois anos e meio. Nas aulas, o aluno aprende de forma multidisciplinar, conceitos de desenvolvimento e criação, design e enredo de jogos. Nas disciplinas também há aulas de desenho, linguagem visual, imagem gráfica, áudio e sonorização, realidade virtual, princípios de animação, modelagem em 3D, animação de personagens e até cinema e vídeo.
Breno Carvalho (foto 2) é coordenador do curso de Jogos Digitais na Universidade Católica de Pernambuco. Ele lembra que apesar de parecer um curso simples e lúdico, é uma dinâmica pesada. “Queremos preparar para o mercado. As empresas são muito exigentes, querem profissionais capacitados”, afirma Breno. Segundo ele, é preciso fazer cursos extras, para aperfeiçoar algumas técnicas. “Nessa área, você não pode imaginar que só vai atuar como designer ou desenvolvedor. É preciso ser versátil e dinâmico.” Apostar em línguas é outro diferencial. Muitas empresas fazem reuniões em inglês, já que muitos clientes e até mesmo a equipe de trabalho são de diferentes países.
Atualizar-se também é essencial, já que as plataformas e os softwares são constantemente atualizados. “Seis meses sem estudar é suficiente para um profissional ficar defasado”, comenta Breno. Os alunos devem se destacar desde o começo do curso, durante os módulos cursados os estudantes desenvolvem seu próprio portfólio, para que quando formados possam apresentar as empresas de tecnologia. “Durante as seleções de emprego, o portfólio, desenvolvido durante o curso, é um grande diferencial. Hoje temos alunos trabalhando nas maiores empresas de tecnologia do mundo, entre elas a Google, Microsoft, Motorola e Samsung”, comenta Breno.
Mercado de Trabalho
De longe essa é uma das áreas que mais cresce e necessita de profissionais no país. Apenas em 2012, serão investidos R$ 450 milhões em Startups brasileiras. O mercado cresce, e com ele a demanda dispara. Esse ano, 200 mil vagas serão abertas, e até 2020 haverá um déficit de 700 mil profissionais no país.
Recife é um dos mercados mais promissores. O velho porto na capital, com armazéns e edifícios antigos, recebeu o Porto Digital, uma junção de mais de 200 empresas do setor de tecnologia, que juntas empregam seis mil pessoas e faturam mais de um bilhão de reais por ano.
Apenas o setor de games vai faturar esse ano R$ 613 milhões no Brasil. Até 2014 esse número deve chegar aos R$ 799 milhões. O mercado ainda é jovem, e muito promissor. A expansão é igualmente próspera para os criadores autônomos, que desenvolvem sozinhos seus aplicativos e os vendem nas lojas das empresas. Um dos maiores casos foi o Angry Birds. A guerra dos pássaros coloridos e porcos verdes, criado por três amigos finlandeses, ganhou outras plataformas, como Android, Xbox, PSP e até Facebook. Já foi baixado mais de um bilhão de vezes, ganhou até parque de diversões, e hoje vale bilhões.
Nesse mercado os jogos podem até ser de ficção, mas os números são muito reais.