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Durante todo o mês de maio, diversas instituições promovem o “Maio Roxo”, campanha que visa esclarecer e conscientizar a população sobre a existência de doenças reumáticas, como lúpus, espondilite anquilosante e doenças inflamatórias intestinais. Estas são responsáveis por comprometer o desempenho de ossos, articulações e músculos. Em casos mais avançados, as doenças podem danificar outras partes do corpo, como coração, intestino, olhos, pele, pulmão, pele e até os rins. 

De acordo com a reumatologista Marlise Simões, os primeiros sintomas de uma pessoa que possui doença reumática geralmente são dores nas articulações e dores musculares, em diversas regiões do corpo. “Os pacientes também podem apresentar inchaço associado a calor e vermelhidão nas articulações [artrite], limitação de movimentos e de suas atividades diárias e lesões de pele”, explica. 

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Assim aconteceu com Luiz Fernando Damasceno Santos, assessor de comunicação, 26 anos. Já aos 17, Santos tinha fadiga e não sabia do que se tratava. “Um dia eu estava com manchas vermelhas e fui à dermatologista. Ela me deu uma guia de exames e constava que poderia ser alguma doença relacionada à alergia ou lúpus”. Após o falecimento de seu tio, o quadro se agravou. O assessor de comunicação não conseguia se movimentar e precisava de ajuda até para ir ao banheiro.

A partir deste momento, Luiz Fernando foi ao médico novamente e recebeu a orientação para procurar um reumatologista, que poderia identificar com mais precisão qual era a doença ao certo. E assim foi a descoberta. “Foi um baque descobrir que eu tenho uma doença autoimune rara [lúpus]. A primeira coisa que eu pensei foi que poderia morrer”. O assessor de comunicação conta que desde então, vive com esse fantasma. 

O paciente conta que no seu caso, o lúpus, havia inflamado o rim, além das articulações que também foram afetadas. Por  conta disso, sentia muitas dores. “O nosso corpo tem o sistema de defesa e ele identifica corpos estranhos para nos defender, mas no paciente com doenças autoimunes como o lúpus, o corpo reconhece órgãos vitais, como rins, coração como se fossem um corpo estranho e os ataca. Por isso, tem essa inflamação”, explica. 

Segundo a reumatologista, cada doença reumática possui suas características e, portanto, afetam diferentes grupos. Quando se trata de doenças osteodegenerativas, o foco podem ser pessoas idosas. Já outras doenças são mais frequentes em homens como a gota, uma espécie de artrite provocada pelo aumento de ácido úrico. E até mesmo crianças podem desenvolver algumas dessas doenças, como a Artrite Idiopática Juvenil. “Mas de forma geral, podemos dizer que as mulheres em idade fértil, 20 a 45 anos, costumam ser as mais atingidas na maioria das doenças reumatológicas, principalmente as doenças de cunho autoimunes", conta a médica.

Luiz Fernando conta que por causa deste fantasma da doença sua vontade de viver aumentou e passou a realizar seus sonhos de infância, assim como a faculdade de jornalismo. “Eu nem imaginava que iria conseguir terminar o curso, porque eu não sabia se ia sobreviver, esse era meu sentimento, mas eu me formei no ano passado. A doença me priva de algumas coisas, mas eu acho que me tornei uma pessoa melhor, mais grata, com mais empatia”, assegura. 

Existem inúmeros fatores responsáveis por motivar uma paciente com doença autoimune. Para Luiz Fernando, seus meios de incentivo são duas figuras públicas que também possuem doença reumática e servem como referência. “Astrid Fontenelle foi o maior exemplo no começo da doença, porque eu via que ela era jornalista e tinha um bom emprego. Ela estava bem. Se ela estava bem, eu podia ficar bem”, diz ele.  

O assessor de comunicação conta que Selena Gomez também é uma referência. Além da cantora ter sido acometida com a doença, ela já teve quadros piores ao ponto de fazer transplante real. Hoje é ativista e luta por diversas causas. Ter relações construtivas também ajudaram durante o tratamento da doença, assim como sua reumatologista. “Essas pessoas que estão no seu cotidiano servem como rede de apoio, é fundamental para passar por esses processos”, afirma. 

Importância do Maio Roxo

Para a especialista Marlise Simões, as campanhas que visam conscientizar e trazer uma reflexão sobre determinado tema são extremamente importantes. “Quando trazemos à tona o debate sobre uma doença como o Lúpus, as pessoas aprendem sobre aquele tema. Podemos disseminar o conhecimento sobre o assunto, como os diagnósticos, tratamentos e meios de prevenção. Os temas ganham destaque e ficam gravados na memória das pessoas. Tudo que nossa sociedade precisa é de informação de qualidade, e campanhas como estas cumprem o seu papel”, garante.

Já Luiz Fernando, tem um apego sentimental com a campanha por se tratar de um tema que ele vive cotidianamente. Este ano o assessor passou a dialogar com seus seguidores nas redes sociais para tratar de temas como as doenças reumáticas, em específico, o lúpus. “O Maio Roxo é fundamental. A gente precisa dessas campanhas, dessas reflexões, desses exemplos, desses símbolos, para que a gente consiga se entender como ser humano, criar empatia e compreensão pela própria vida. Saber que não é o fim. E que as pessoas não estão sozinhas”, finaliza.

 

Uma das campanhas de saúde no quinto mês do ano é o maio roxo, que alerta e conscientiza sobre as doenças inflamatórias intestinais (DIIs), sendo o dia mundial lembrado em todo dia 19 de maio. A doença de Crohn e a retocolite ulcerativa são duas das DIIs mais comuns e os sintomas envolvem dor abdominal, perda de peso, diarreia e sangramento retal.

O ator Tyler James Williams, que conquistou sucesso ao interpretar o protagonista da série Todo Mundo Odeia o Chris, sofre com a síndrome de Crohn e usou as redes sociais, em abril, para desabafar sobre seu estado de saúde.

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As doenças inflamatórias intestinais prejudicam significativamente a vida de 78% dos pacientes, segundo a pesquisa Jornada do Paciente com DII, feita pela Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD) com mais de 3 mil brasileiros afetados por essas condições.

Reconhecer os sintomas para o diagnóstico e o início do tratamento adequado são essenciais para proporcionar o bem-estar das pessoas. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o tema, a gastroenterologista Marta Machado, presidente da ABCD, responde dez questões sobre as DIIs.

A retocolite ulcerativa e a doença de Crohn são iguais?

Não. As duas principais enfermidades que compõem o grupo das DIIs são inflamatórias, crônicas, sem cura e podem ter diversos fatores de origem. Entretanto, são enfermidades distintas. A doença de Crohn pode acometer desde a boca ao ânus, atingindo todas as camadas do trato digestivo e, por isso, pode evoluir para perfuração e estreitamento no intestino. Já a retocolite ulcerativa é restrita ao reto e ao intestino grosso, com o acometimento restrito à mucosa.

O paciente com DII tem febre e dor como sintoma?

Sim. A dor abdominal está presente quando a doença está em atividade e o paciente pode ter quadros de febre. Além disso, os principais sinais das doenças são diarreia ou constipação, presença de sangue ou muco nas fezes e distensão abdominal.

É possível ocorrer perda de peso e queda de cabelo?

Sim. A pessoa com DII pode sofrer um emagrecimento excessivo e também queda de cabelo. Isso ocorre por questões secundárias como a desnutrição, a falta de vitaminas ou como efeito colateral de alguma medicação.

As DIIs apresentam sinais apenas no trato gastrointestinal?

Não. As enfermidades podem apresentar manifestações além do intestino, como uveíte (inflamação no olho), artrite (inflamação das articulações), sacroileíte (inflamação na articulação do sacro, osso localizado na base da coluna vertebral), eritema nodoso (inflamação na pele), piodermite gangrenosa (feridas na pele), hidrosadenite supurativa (doença crônica de pele), hepatites, colangite (inflamação nos canais biliares), tromboses (coágulo no sangue), entre outras.

As DIIs podem ser confundidas com outras doenças?

Sim. Essas enfermidades podem ter inúmeras formas de apresentação com uma gama enorme de manifestações. Dessa forma, é essencial a realização correta e bem detalhada da história clínica do paciente e exame físico completo para o diagnóstico final.

Como é feito o diagnóstico?

As doenças inflamatórias intestinais são diagnosticadas por história clínica completa, exames físicos e laboratoriais, incluindo estudos de imagem endoscópica e radiológica.

A síndrome do intestino irritável é uma doença inflamatória intestinal?

Não. A SII não é considerada uma doença inflamatória intestinal, principalmente porque não causa inflamação no intestino. Trata-se de um transtorno funcional, uma vez que não há uma origem aparente para os sintomas, ao contrário das DIIs, que são enfermidades orgânicas. Além disso, muitos indivíduos com SII não apresentam quaisquer alterações em seus exames.

Como é o tratamento para DIIs?

Existem diversas opções de terapias e a escolha do tratamento indicado para cada paciente depende da gravidade e da localização da doença após uma criteriosa avaliação médica. Entre as alternativas terapêuticas estão os aminossalicilatos, os corticoides, os imunomoduladores, os antibióticos e os medicamentos biológicos, sendo que, nesta última classe, há três mecanismos de ação diferentes: os anti-TNF, anti-integrina e anti-interleucinas 12 e 23. Os tratamentos biológicos mais inovadores são capazes de aliviar os sintomas da doença de maneira rápida e manter a resposta por um período de tempo prolongado, sendo hoje mais indicados em quadros moderados e graves das DIIs, embora já se discuta a adoção mais precoce pelos benefícios que proporcionam.

 

Cuidar da alimentação é suficiente para o tratamento das enfermidades?

Não. Em casos mais leves, a mudança dos hábitos alimentares pode ser suficiente, mas essa situação é muito rara. Normalmente, é recomendado que o paciente evite os alimentos que pioram os sintomas das doenças. Além disso, em algumas fases, pode ser necessário diminuir o consumo de fibras e, em outras, de lactose. Um acompanhamento com nutricionista é muito importante.

O estilo de vida está relacionado com o desenvolvimento de DIIs?

Depende. Não há confirmações científicas sobre essa influência, porém é possível afirmar que estresse, uso abusivo de medicamentos desde a infância, consumo em excesso de alimentos industrializados, gordurosos e com agrotóxicos afetam o funcionamento do aparelho digestivo.

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