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Uma mulher sueca de 50 anos, que perdeu a mão direita durante um acidente agrícola, ganhou uma mão biônica, que se conecta diretamente aos sistemas nervoso e esquelético dela. Ou seja, a prótese, classificada como mais funcional e confortável, se funde com seus ossos, nervos e músculos residuais.

Liderado pelo professor Max Ortiz Catalán, chefe de pesquisa de próteses neurais do Bionics Institute da Austrália e fundador do Centro de Pesquisa Biônica e Dor na Suécia, o estudo sobre a tecnologia considerada inovadora foi publicado no dia 11 de outubro deste ano na revista Science Robotics. Ele envolveu cientistas da Suécia, da Itália e da Austrália.

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A prótese foi implantada em dezembro de 2018 com interface humano-máquina na paciente que perdeu a mão direita em um acidente. O membro residual foi modificado cirurgicamente para melhor integração com a mão biônica que usa inteligência artificial (IA) para entender seus comandos.

"A integração a longo prazo de uma mão biônica nos sistemas nervoso e esquelético do usuário foi relatada como bem-sucedida pela primeira vez em um paciente com amputação abaixo do cotovelo", afirma o estudo.

Segundo o estudo, a operação da mão biônica na vida diária resultou em melhora da função protética, redução da pós-amputação e aumento da qualidade de vida.

"As sensações provocadas por estimulação neural direta foram consistentemente percebidas na mão fantasma durante todo o estudo. Até o momento, a paciente continua utilizando a prótese no dia a dia. A funcionalidade dos membros artificiais convencionais é prejudicada pelo desconforto e pelo controle limitado e não confiável. As interfaces neuromusculoesqueléticas podem superar esses obstáculos e fornecer os meios para o uso diário de uma prótese com controle neural confiável fixada no esqueleto", avalia a publicação.

Mudança de vida

Segundo o Bionics Institute, desde o acidente agrícola há mais de 20 anos, a vida de Karin sofreu uma reviravolta dramática. Uma lesão que causou uma dor insuportável no membro fantasma. "Parecia que eu estava constantemente com a mão em um moedor de carne, o que criava um alto nível de estresse e eu tinha que tomar altas doses de vários analgésicos", disse ela ao instituto.

Além da dor intratável, ela descobriu que as próteses convencionais eram desconfortáveis e pouco confiáveis e, portanto, de pouca ajuda na sua vida diária.

Segundo o instituto, tudo isso mudou quando ela recebeu tecnologia biônica inovadora que lhe permitiu usar confortavelmente uma prótese muito mais funcional durante todo o dia. A maior integração da mão protética e do membro residual de Karin também aliviou sua dor e mudou sua vida.

"Tenho melhor controle sobre minha prótese, mas acima de tudo, minhas dores diminuíram. Hoje preciso de muito menos remédios", afirmou ainda Karin.

Fusão de humano e máquina

De acordo com o Bionics Institute, pessoas com perda de membros muitas vezes rejeitam até mesmo as próteses sofisticadas disponíveis comercialmente por estas razões, o que significa uma fixação dolorosa e desconfortável com controlabilidade limitada e pouco confiável.

Desta forma, um grupo multidisciplinar de engenheiros e cirurgiões resolveu esses problemas desenvolvendo uma interface homem-máquina que permite que a prótese seja confortavelmente fixada ao esqueleto do usuário por meio de osseointegração, ao mesmo tempo que permite a conexão elétrica com o sistema nervoso por meio de eletrodos implantados nos nervos e músculos.

"Karin foi a primeira pessoa com uma amputação abaixo do cotovelo a receber este novo conceito de mão biônica altamente integrada que pode ser usada de forma independente e confiável na vida diária", disse o professor Catalán.

Segundo ele, o fato de ela ter sido capaz de usar sua prótese de maneira confortável e eficaz nas atividades diárias durante anos é um testemunho promissor das capacidades potenciais de mudança de vida desta nova tecnologia para indivíduos que enfrentam perda de membros.

"Os desafios neste nível de amputação são que os dois ossos (rádio e ulna) devem estar alinhados e carregados igualmente, e não há muito espaço disponível para componentes implantados e protéticos", explicou ele.

A equipe de investigação conseguiu, no entanto, desenvolver um implante neuromusculoesquelético adequado que permite ligar o sistema de controle biológico do utilizador (o sistema nervoso) ao sistema de controle eletrônico da prótese.

Uma abordagem que, segundo o professor Catalán, traz benefícios para quem tem dor em membro fantasma. "Nossa abordagem cirúrgica e de engenharia integrada também explica a redução da dor, já que Karin agora está usando os mesmos recursos neurais para controlar a prótese que usou para sua mão biológica perdida."

Prótese por meio da osseointegração

Uma característica fundamental da nova tecnologia biônica é a fixação esquelética da prótese por meio de osseointegração. De acordo com o instituto, processo pelo qual o tecido ósseo envolve o titânio criando uma forte conexão mecânica.

Rickard Braanemark, professor associado da Universidade de Gotemburgo e CEO da Integrum, liderou a cirurgia. Ele trabalha com osseointegração para próteses de membros desde que foram usadas pela primeira vez em humanos.

"A integração biológica dos implantes de titânio no tecido ósseo cria oportunidades para avançar ainda mais no tratamento dos amputados. Ao combinar a osseointegração com cirurgia reconstrutiva, eletrodos implantados e inteligência artificial, podemos restaurar a função humana de uma forma sem precedentes. O nível de amputação abaixo do cotovelo apresenta desafios específicos, e o nível de funcionalidade alcançado representa um marco importante para o campo das reconstruções avançadas de extremidades como um todo", afirmou Braanemark.

Os nervos e músculos do membro residual foram reorganizados para fornecer mais informações de controle motor à prótese.

"Dependendo das condições clínicas, podemos oferecer a melhor solução para nossos pacientes que ora é biológica com um transplante de mão, ora é instituto com prótese neuromusculoesquelética. Estamos melhorando continuamente em ambos", avalia o dr Paolo Sassu, que conduziu esta parte da cirurgia, que ocorreu no Hospital Universitário Sahlgrenska, na Suécia.

A mão robótica, chamada Mia Hand, foi desenvolvida pela Prensilia, empresa com longa experiência em pesquisa e desenvolvimento de dispositivos robóticos e biomédicos inovadores, e possui componentes motores e sensoriais exclusivos que permitem ao usuário realizar 80% das atividades da vida diária.

"A aceitação da prótese é fundamental para o seu uso bem-sucedido", afirma o dr Francesco Clemente, diretor-geral da Prensilia.

"Além do desempenho técnico, a Prensilia lutou para desenvolver uma mão que pudesse ser totalmente personalizável esteticamente. Mia Hand nasceu para ser mostrada e não escondida. Queríamos que os usuários tivessem orgulho do que são, em vez de vergonha do que foi perdido", finalizou Clemente.

Engenheiros tunisianos desenvolveram uma mão biônica capaz de fornecer soluções inovadoras para as necessidades dos deficientes, graças a seus dedos de plástico movidos pelos músculos do braço, peças impressas em 3D fáceis de substituir e com uma bateria movida a energia solar.

Mohamed Dhaouafi, de 28 anos, concebeu seu primeiro protótipo de projeto universitário enquanto estudava na Escola Nacional de Engenharia de Susa, no leste deste país do Magreb.

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"Tínhamos planejado criar uma plataforma de distribuição de produtos farmacêuticos", lembra o engenheiro, explicando que "um membro da equipe tinha uma prima que nasceu sem uma das mãos, e os pais não tinham condições de comprar uma prótese para ela, até porque ela estava crescendo. Então decidimos projetar uma mão".

Depois de terminar a universidade, Dhaouafi criou sua startup Cure Bionics, em 2017, em seu quarto na casa de seus pais, enquanto muitos de seus colegas preferiam emigrar e procurar trabalho no exterior.

"Queria não apenas mostrar a mim mesmo que podia fazer isso, mas fazer algo importante e mudar a vida das pessoas", diz este jovem, que hoje trabalha em um escritório ao lado da universidade que reúne várias pequenas empresas inovadoras.

- Inteligência Artificial -

Dhaouafi conseguiu contratar quatro funcionários, graças ao dinheiro arrecadado em concursos e ao investimento de dezenas de milhares de dólares feito por uma empresa americana.

Sua mão biônica funciona por meio de sensores que detectam movimentos musculares. Um programa então os interpreta e transmite as indicações para a mão artificial, composta por um pulso e por quatro dedos com impulsos musculares. O polegar, com junta mecânica, deve ser manipulado manualmente.

A Inteligência Artificial permite reconhecer os impulsos musculares de movimentos complexos e, assim, facilitar o uso da prótese.

A Cure Bionics espera lançar sua invenção dentro de quatro meses. Começará pela Tunísia e, depois, espera exportá-la para outros países da África, onde mais de 75% das pessoas com deficiência que precisam de assistência técnica não lhe têm acesso, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"O objetivo é que seja acessível financeiramente, mas também geograficamente", explica o engenheiro, que faz parte da lista de empreendedores inovadores com menos de 35 anos distinguida em 2019 pela MIT Technology Review.

Sua invenção custará entre US$ 2.000 e US$ 3.000 por unidade, um preço alto, mas inferior ao de outras próteses biônicas importadas da Europa.

- Impressão em 3D: futuro das próteses? -

A Cure Bionics pretende fabricar seu produto o mais próximo possível de seus consumidores, contando com a presença de técnicos locais que permitam adaptar a mão às necessidades de seu usuário, imprimindo suas peças em 3D para se adaptarem à morfologia de cada um.

"Uma prótese importada representa hoje várias semanas, ou até meses, de espera após a compra e também a cada reparo", alega Dhaouafi.

Por esse motivo, ele desenhou uma mão com múltiplas peças montadas que podem ser obtidas com impressoras 3D, permitindo que sejam facilmente trocadas em caso de quebra, ou na adaptação de crianças em crescimento.

Já usada desde 2010 na fabricação de mãos mecânicas rudimentares, a impressão 3D está-se tornando cada vez mais comum na fabricação de próteses.

"A tecnologia ainda está em desenvolvimento, mas uma grande mudança está começando", celebra Jerry Evans, chefe da empresa canadense Nia Technologies, especializada em impressão em 3D de próteses inferiores.

"Os países menos desenvolvidos provavelmente passarão de técnicas arcaicas para esse tipo de tecnologia, que é muito mais barata" e permite poupar tempo, acrescenta.

Evans adverte, no entanto, que a impressão em 3D não é uma solução mágica, já que a fabricação de próteses realmente úteis exige notáveis conhecimentos médicos.

Pela primeira vez no mundo, especialistas implantaram, de modo permanente, uma prótese para mão sensível ao toque e que reconhece objetos, semelhante a natural, em uma sueca de 45 anos de idade.

A intervenção cirúrgica foi realizada no Hospital Universitário Sahlgrenska, em Gotemburgo, pelos especialistas Richard Brenemark e Paolo Sassu. A expectativa é de que em poucas semanas a paciente possa usar a "mão biônica" diariamente.

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O equipamento foi desenvolvido graças ao projeto europeu "DeTOP", liderado por Christian Cipriani, da Escola Superior Sant'Anna de Pisa, na Itália, que conta com a ajuda de especialistas do Politécnico de Lausanne, na Suíça, além de pesquisadores da Universidade de Freiburg, na Alemanha.

A mulher, que teve sua mão amputada em 2002, participa de um programa de reabilitação, para recuperar a força nos músculos do antebraço, e de realidade virtual, para aprender a controlar a mão robótica.

"Graças a esta interface homem-máquina tão precisa e graças à habilidade e sensibilidade da mão artificial, nós esperamos que a alguns meses a mulher reconquiste funcionalidades motoras e perceptivas muito semelhantes as de uma mão natural", observou Cipriani.

Nos ossos do antebraço da mulher foram implantadas estruturas de titânio como uma ponte entre os ossos e as terminações nervosas de um lado e a mão robótica do outro.

Graças a 16 eletrodos inseridos nos músculos, foi possível estabelecer uma ligação direta entre a prótese e o sistema nervoso. Desta forma, a mão robótica pode ser controlada de uma forma mais eficiente, além de permitir restaurar o sentido do tato.

O projeto do implante foi financiado pela Comissão Europeia no âmbito do programa Horizonte 2020. As universidades suecas de Lund e Gotemburgo, a britânica de Essex, o Centro Suíço para Eletrônica e Microtecnologia, a Universidade Campus Bio também estão participando do projeto.

Além delas, há a contribuição da Universidade Biomédica de Roma, o Centro de Prótese do Instituto Nacional de Seguro contra Acidentes de Trabalho (Inail) e do Instituto Ortopédico Rizzoli de Bolonha.

Segundo Cipriani, o grupo já está trabalhando para realizar outras duas intervenções similares na Itália e na Suécia.

Da Ansa

A italiana Almerina Mascarello, que vive no Vêneto, testou com sucesso, por seis meses, uma prótese para mão sensível ao toque, informam os pesquisadores nesta quinta-feira (4).

A "mão biônica" foi implantada no corpo dela em junho de 2016 no Policlínico Gemelli, de Roma, em cirurgia liderada pelo neurocirurgião Paolo Maria Rossini. O equipamento foi desenvolvido pelo grupo de Silvestre Micera, com especialistas da Escola Superior Sant'Anna e do Politécnico de Lousanne, na Suíça.

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Mascarello havia perdido a mão em um acidente já há alguns anos e testou uma versão melhorada do implante anterior, realizado em 2014, em um homem dinamarquês, contou o cientista Micera à ANSA.

De acordo com o líder da missão, essa prótese "atinge o sistema que registra os movimentos dos músculos e os traduz como sinais elétricos, que serão transformados em comandos para as mãos".

"Um outro sistema transforma as informações registradas pelos sensores da mão em sinais a serem enviados aos nervos e então viram informações sensoriais", explica ainda Micera. Os eletrodos usados no equipamento, por sua vez, foram criados pela universidade alemã em Friburgo.

Após a retirada da "mão biônica", os especialistas analisaram as informações, enviadas a todo instante para uma mochila que Mascarello carregava, e tem agora a missão de "tornar a tecnologia acessível".

"A mochila foi um passo intermediário e, o próximo, é miniaturizar a parte eletrônica", finaliza Micera.

Da Ansa

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