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Poucos pernambucanos sabem, mas o Estado tem um dos principais achados históricos para pesquisa sobre a extinção dos dinossauros, e animais contemporâneos, no mundo. O litoral norte de Pernambuco tem rochas que são ricas em informações e fósseis que servem de referência para os paleontólogos de todo o planeta. Antes guardadas e de conhecimento apenas de estudiosos da área, estes achados estão sendo divulgados através de um livro de uma professora natural do Rio de Janeiro, radicada em solo pernambucano há sete anos.
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Fósseis do Litoral Norte de Pernambuco: Evidências da Extinção dos Dinossauros, organizado por Juliana Manso Sayão, que reuniu o trabalho dela e de outros 12 paleontólogos, é o primeiro livro, voltado ao público em geral, que conta a história dos achados desta região do estado, cujas primeiras pesquisas são datadas de 1886. “Já se sabe há muito tempo que existem fósseis ali. Há muitos espécimes no local, mas a informação ficava confinada à academia. O público desconhece que existe este patrimônio”, explica a autora.
Segundo Juliana Sayão, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) no Campus de Vitória de Santo antão, o litoral norte de Pernambuco está entre os três lugares mais importantes do mundo para se pesquisa sobre a extinção dos dinossauros e o que aconteceu depois dela. “Temos aqui nas rochas, uma camada com idade do final do período cretáceo, quando existiam dinossauros, pterossauros e outros animais que conviveram com eles”, diz a professora.
As rochas do litoral norte tem um elemento químico raro, só gerado com a queda de meteoritos. “Há também uma fina camada de Irídio que representa o período da chuva de meteoros que deu início à extinção dos dinossauros e dos outros animais. Então temos aqui registro em rocha dos últimos momentos antes da extinção, há aproximadamente 65,5 milhões de anos, do período da extinção propriamente dito e também do pós, onde é possível identifica animais que sobreviveram e os que surgiram depois”, conta Sayão.
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O livro detalha, de maneira simples, quais os principais achados que evidenciam a existência de pteroussauros (répteis voadores) e diversas espécies marinhas, como crocodilos, moluscos (caracóis), peixes, tubarões, raias, mosassauros (lagartos marinhos, extintos na mesma época), o fóssil de tartaruga mais antigo da America do Sul e até o plesiossauro, réptil que inspirou a lenda do monstro do Lago Ness, na Escócia. “Os achados são tão importantes, que os principais fósseis que foram coletados aqui não estão no Brasil, mas no Museu de História Natural de Londres, um dos, se não o mais importante do mundo”, afirma a professora.
Há mais de 20 anos não era feita nenhuma pesquisa no local que tivesse uma abrangência tão grande. Isso porque, segundo Juliana Sayão, não há paleontólogos que podem apenas pesquisar no Brasil. “Escrever um livro de paleontologia, como nós fizemos, é muito raro no Brasil, enquanto que nos Estados Unidos e na Europa você tem paleontólogos vivendo de escrever livros. Aqui, o paleontólogo tem que ser professor para viver e tentar conciliar com a pesquisa”, relata.
O livro Fósseis do Litoral Norte de Pernambuco: Evidências da Extinção dos Dinossauros foi financiado pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e está sendo distribuído gratuitamente nas escolas de todo o estado, algumas com palestras dos autores e com mostras de réplicas dos fósseis encontrados. Há também um site, onde é possível obter algumas informações sobre o tema.