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Neste sábado (9), a Praça Central de Jardim São Paulo, na Zona Oeste do Recife, recebe o Sarau ‘Ensaio no Jardim’, com música e oficinas diversas que irão marcar a inauguração da biblioteca popular Suely Magna. O evento, que ocorre das 13h às 22h, é uma realização do coletivo Gelateca Cultural, que entende a necessidade e a importância da leitura e da cultura como um instrumento de mudança social.

Será um encontro com muita música, dança, poesia, feira gastronômica e de artesanatos, oficinas, teatro de bonecos, contação de história e muitas outras atividades.

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Entre as atrações musicais, o Sarau terá as bandas Jahfé Roots, Se7epalhas, Verdes & Valterianos e ainda Mayara Pera, que fará apresentação repleta de convidados, como Isaar França, Igor de Carvalho, Zeca Viana e Ylana Queiroga. A discotecagem fica com a DJ Mana Rapha.

Poesia

O microfone estará aberto para poetas e poetisas. Lucas Marafa, Joy Tamiris, Giuseppe Massena, Gleison Nascimento, Valmir Jordão, Fábio Melo, Paulo de Carvalho, Jailson Poesis, Professor Emerson e Wilson Maraca já confirmaram participação.

Oficinas

Vai ter contação de histórias com Camilla Zilár e Maria do Socorro. Confecção de Máscara com os Palhaço Pimbo Batata Jonica Doce e a Palhaça Espirro, Teatro de Bonecos Mamulengo Jurubeba e Banda Vôte, o que é isso?; Oficina de Agroecologia e oficina de Design de sobrancelha; Roda de diálogo com Cannibal e vivencia de Yoga com Camilla Zilár; Atendimento psicológico inicial para Mulheres, com Mirthes Terapeuta; Mutirão do NPJ ( Núcleo de pratica Jurídica e Serviço Social da UNINASSAU); Além de uma feira gastronômica e de artesanato durante todo o dia.

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Abrindo espaço para a música autoral de Pernambuco, o Noites Recife Lo-Fi estreia sua terceira temporada na próxima quarta (5). Dessa vez ocupando a Venda Bom Jesus, no Bairro do Recife, o evento abre os trabalhos com os shows da cantora Mayara Pera e da banda Janete Saiu Para Beber, a partir das 19h. 

Para abrir a terceira temporada do Noites Recife Lo-Fi, Mayara Pera e Janete Saiu Para Beber criaram um repertório em conjunto. O show marca a parceria dos artistas e a noite conta ainda com a discotecagem de Zeca Viana. Já na semana seguinte, no dia 12 de janeiro, sobem ao palco a banda Sargaço Nightclub e Cassio Sette, tocando repertórios de ambos.

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Além de abrir espaço para a música local autoral, o Noites Recife Lo-Fi tem o objetivo de ressignificar as quartas-feiras no Bairro do Recife. Esta edição do evento é uma contrapartida pelo incentivo do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura - FUNCULTURA. Os shows são abertos ao público.

Serviço

Noites Recife Lo-Fi

Mayara Pera e Janete Saiu Para Beber

Quarta (5) - 19h

 

Sargaço Nightclub e Cassio Sette

Quarta (12) - 19h

 

Venda Bom Jesus - Bairro do Recife

Gratuito



 

A música sempre foi usada para firmar posicionamentos e questionar situações ocorridas na sociedade. Muito embora há algum tempo tenha se instaurado, em torno da atual produção musical brasileira, a sensação de que os artistas não estão mais se colocando politicamente, tal afirmação não é de todo verdadeira. Nos mais diferentes segmentos, vários são os nomes que têm usado suas letras e melodias para protestar contra o atual governo e até convocar o público para pensar e agir. 

Confira uma playlist com 10 músicas - que vão do rock ao arrocha, passando pelo reggae e o trap - que convidam para pensar e contestar alguns problemas que têm acometido o país. 

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Mayara Pera e Tonho Nolasco - Genocida

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Os pernambucanos Mayara Pera e Tonho Nolasco fizeram questão de se posicionar, porém, sem deixar de lado a pegada humorística no vídeo da música Genocida. 

N’Zambi - Derruba o Bozo

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Os regueiros da N’Zambi preferiram mencionar o presidente fazendo uso de um dos apelidos que os opositores costumam usar. 

Detonautas - Micheque

Também se valendo do humor, a banda Detonautas registrou uma polêmica envolvendo a primeira dama Michelle Bolsonaro e Fabrício Queiroz, ex-assessor e ex-motorista do senador Flávio Bolsonaro. Michelle chegou a recorrer à Justiça na tentativa de proibir a veiculação da música, alegando injúria, calúnia e difamação. 

Maderada do Arrocha - Fora Bolsonaro

Nem só de bebida, sofrência e ‘sobe e desce’ vive a música popular brasileira. Prova disso é essa música-protesto da banda baiana Maderada do Arrocha. 

MC Jonas Valdivia o Brinkedo - Diss Graças a Bolsonaro

A pandemia gerou muitos problemas ao povo brasileiro, para além da questão sanitária. As polêmicas acerca dos auxílios emergenciais são um dos temas nesta música de MC Jonas Valdivia o Brinkedo.

Biscó - Genocida no Poder

A banda baiana Biscó usa todo o peso do seu hardcore para questionar quem é o verdadeiro “cidadão de bem”. 

Francisco, el Hombre - Bolso Nada

Aqui, a banda Francisco, el Hombre se juntou a Liniker e os Caramelows para protestar, porém de maneira dançante e cheia de suingue.

Falcão - Você está certo quem tá errado é o papa

No início de 2020, o presidente Bolsonaro rebateu algumas críticas do Papa Francisco a respeito da preservação da Amazônia. O cantor Falcão pegou a deixa e mandou essa canção. 

Doralyce - Vamos derrubar o governo

Não satisfeita em apenas criticar, a pernambucana Doralyce fez até um chamado e deixou claro: “Eu não vou caminhar com medo”. 

Avoada - A Pedra e a Janela

Outra canção nascida de uma fala do chefe de estado brasileiro. Após ele ter afirmado estar vivendo um verdadeiro “inferno” no comando do país, o coletivo pernambucano Avoada mandou essa daqui. 

Para encerrar o festival Terra por Elas, o Terra Café leva para seu palco virtual uma performance da bailarina Lili Rocha sob o som da cantora Mayara Pera. Nesta quinta (15),  a última live do projeto que teve como objetivo destacar a força feminina em diversas áreas. A apresentação é transmitida pelo Instagram. 

Após quatro semanas, o Terra por Elas encerra a temporada com dança e música. A bailarina e atriz Lili Rocha apresenta uma performance na qual encena algumas canções de Mayara Pera, cantora e compositora baiana radicada em Pernambuco que, desde 2017, vem se dedicando à carreira solo e autoral. A apresentação começa às 19h, com transmissão pelo @terra_cafebar e pelo youtube do Terra CaféBar.

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Com o objetivo de destacar a força feminina em diversas áreas, o Terra por Elas teve apoio da Lei Aldir Blanc e foi totalmente produzido apenas por mulheres. Passaram pelo palco virtual do festival nomes como  Gabi da Pele Preta, Luna Vitrolira, Isabela Moraes, Larissa Lisboa e Amanda Bú.



 

 

Não que uma roqueira não possa falar sobre tão nobre sentimento. Não. A própria Mayara Pera, cantora e compositora baiana radicada em Pernambuco, já abordou o tema em trabalhos anteriores. Mas no EP Lado Bê, com lançamento marcado para o dia 14 de dezembro, a artista decidiu ignorar  eventuais pudores para cantar o amor de forma íntima e sincera. Na próxima segunda (7), às 21h, em seu Instagram, ela mostra o resultado em uma live que antecede o lançamento do mini álbum, no dia 14 de dezembro. 

Em cinco músicas, e uma faixa bônus, compostas, produzidas e gravadas por ela em seu home estúdio, Mayara parece querer nos lembrar que o amor ainda existe (e nunca deixará de existir). Em tempos de relações frívolas, joguetes indiscriminados e de uma das maiores crises humanitárias da história, a artista traz o sentimento de forma leve, livre, corajosa e até divertida. E não é assim que deveria ser?

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O trabalho foi produzido ao longo do confinamento imposto pela pandemia do coronavírus,   na segurança de seu seio familiar, entre cafés com o marido - o guitarrista e produtor Danillo Campelo -, e a rotina atarefada e carinhosa com os filhos pequenos. Talvez por isso soe tão acolhedor. As agruras do momento de reclusão também a colocaram em uma espécie de limite, levando a artista à terapia e, em seguida, ao estúdio, para colocar a mão na massa e produzir ao passo que aprendia novas habilidades. 

Em entrevista exclusiva ao LeiaJá, Mayara abriu mais uma vez o seu coração; dessa vez, para falar do processo criativo que culminou em Lado Bê, um disco que, certamente, vai acender em muita gente a vontade de ter um bem só pra enviar uma dessas canções pela DM. 

Mayara produziu o EP sozinha, em seu home studio. Foto: Reprodução/Instagram

LJ - O disco foi totalmente produzido apenas por você? ‘Lado B’ foi uma espécie de auto-desafio da quarentena?

Mayara - Só tem eu. A única coisa que teve de outra mão foi a arte da capa, que é de Pally Siqueira, artista plástica e atriz;  e as artes que vão pro YouTtube e depois pro Instagram, que são de Bárbara Guerra. Acho que (foi) sim (um desafio), porque na verdade, eu tava entristecida pela falta de fazer show, tem toda aquela questão de o quanto isso mexe financeiramente mas pra mim o que estava mais pesado era a saudade das pessoas, de tocar… Eu não sou cantora de estúdio, sou uma cantora de palco e estar longe do palco é uma tristeza. Eu não tava com vontade de fazer nada porque eu ia fazer pra quem? Fui pra terapia e aí comecei a ter vontade de aprender outras coisas, eu já via Danilo mexendo nos programas de gravação já, tinha uma certa familiaridade, já tinha aprendido a deletar e apertar o Rec.  Quando eu me meti a fazer as coisas, focar, aí rolou, começou a ficar bonitinho. Na primeira música que eu testei, acabei decidindo fazer o EP pra continuar estudando. 

LJ - As composições do disco já existiam ou elas surgiram durante esse período?

Mayara - As canções já existiam. Quando eu decidi fazer o EP, eu usei um critério pra escolher as canções, que eram: músicas que eu já era habituada a tocar no violão, porque a princípio só seria voz e guitarra e  que ainda não tivessem sido lançadas; eu não ia me atrever a fazer mais nada, só que aí não tem como, você vai produzindo e querendo colocar mais elementos. A primeira canção é uma música antiga, já estava em outro projeto, as outras são inéditas, nunca foram gravadas nem apresentadas. 

LJ - Por que você escolheu esse momento para falar assim de amor?

Mayara - (Risos)  Eu tenho a impressão que a coisa está forte nesse momento e na verdade é por ele que a gente tá aguentando todo esse processo de pandemia, com a grande força e potência do amor é que a gente vai conseguir resistir. Também é  outra vocação (minha),  porque as pessoas não esperam que eu vá fazer um trabalho desse tipo, elas esperam a potência, dedo na cara, mas também existe esse lado, que existe em qualquer ser humano. Eu sou romântica que só. Uma das coisas que eu tava conversando na terapia e que eu tinha dificuldade muito grande é com vulnerabilidade, não gostava de me mostrar frágil, chorar, nem que fosse de amor na frente de alguém e a coisa que eu mais fiz na pandemia foi chorar, seja de saudade, de emoção... Mas pra mim, é um lugar novo, de vulnerabilidade total, mas eu disse: ‘isso é uma bobagem, é hora de realmente mostrar sensibilidade’. 

A capa do EP foi ilustrada pela artista plástica e atriz Pally Siqueira. Imagem: Reprodução

LJ - Foi preciso muita coragem para assumir esse lugar? 

Mayara - Não foi tão difícil não, difícil mesmo é você ir na terapia e dizer: ‘tenho problemas’, em voz alta. Não foi muito trabalhoso porque eu gosto muito das músicas, foi mais um prazer porque eu não queria deixar essas músicas de lado. Eu achava que não tinha nada a ver cantar, tanto que eu fiquei em dúvida no nome do EP que seria ‘Músicas de amor que você nunca vai me ouvir cantar ao vivo’, aí eu disse, não, vou fazer ‘Lado Bê’, acho que é um nome legal porque o lado B é sempre o lado diferente do que você é acostumado a ouvir no artista, e o meu é  esse bonitinho. 

LJ - Você vai dar uma prévia do disco na próxima segunda (7) em uma live que vai contar com uma contribuição espontânea. Esse período continua bastante difícil para a classe artística apesar do relaxamento das medidas de segurança, não é?  

Mayara - Ainda que fosse aberto tudo e o presidente dissesse que pode, eu não ia fazer (show). Primeiro que o presidente é um doido, não existe você seguir nada do que parte dali, então eu só posso sair de casa realmente quando tiver uma vacina e quando tiver segura pra isso. Até lá, são muitos discos, EPs, lives... Não fiz muitas (lives) porque me sinto muito só, mas vou fazer essa live e coloquei um valor acessível pra incentivar a galera a contribuir. Os ingressos vão estar disponíveis até um dia após o lançamento do EP, que estará disponível inicialmente somente no Spotify,  depois vou organizar com as ilustrações de Bárbara pra colocar no YouTube, devagarzinho.



 

O cantor e compositor recifense Mazuli marcou para a próxima quarta (9) o lançamento de seu novo single, 8 ou 80. A música conta com a  participação de Otto além de outros artistas pernambucanos, como a cantora Mayara Pera. 

Com produção de Guilherme Assis, o novo single de Mazuli traz o cantor dividindo os vocais da canção com o também pernambucano Otto. Em seu Instagram, Mazuli, que atualmente é integrante a Mostra Reverbo, falou com alegria sobre o projeto: "É uma felicidade gigante tá lançando essa música com a participação de um artista que tanto admiro e uma equipe tão talentosa".

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A equipe a qual o músico se refere conta com a cantora Mayara Pera nos backing vocals; Carlos Filizola também nos backings, na guitarra e craviola; Guilherme Barreto co-assinando a composição; e Ian Medeiros na bateria. Guilherme Assis assina a produção. O single estará disponível nas plataformas digitais na próxima quarta (9). 

Não parece exagero dizer que plataformas de streaming e redes sociais mudaram nossa maneira de consumir música. Quando popularizaram o videoclipe, lá no princípio dos anos 1960, os Beatles mal poderiam vislumbrar que o auge daquele formato se daria no século 21, quando áudio e imagem selaram um casamento feliz e sólido. O ano de 2020, no entanto, trouxe o que talvez seja a primeira grande crise para esse matrimônio. A pandemia do novo coronavírus confinou músicos e videomakers em suas casas, por conta das medidas de prevenção à contaminação do vírus, obrigando a produção e a criatividade dos artistas a irem além.

E foram mesmo. Presos em suas casas, artistas têm usado das estratégias mais mirabolantes - às nem tão mirabolantes assim - para continuarem criando sem deixar nenhuma das etapas do trabalho de lado. A quantidade de videoclipes lançada no período da quarentena é uma prova de que o ‘novo’ modelo de consumo da música tem força, e ela é suficiente para driblar até as distâncias físicas e geográficas, sem falar nas dificuldades práticas do processo criativo. 

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Reprodução/Facebook

Mayara Pera já fazia de seu lar um espaço de criação desde 2017. Com os dois filhos ainda bem pequenos à época, essa foi a solução que a cantora encontrou para dar continuidade ao trabalho ao passo que se dedicava à maternidade. No entanto, a quarentena se instalou justamente no momento em que a artista havia decidido entrar em estúdio e não só a gravação de um disco sofreu alterações como a parte imagética de seu trabalho também. 

“Palhaço tinha um destino totalmente diferente antes da quarentena. Fechei com uma pequena equipe para produção do clipe, fiz um roteiro com sua maioria cenas externas , o que no momento que a gente vive seria impossível fazer essas gravações na rua”. Palhaço é o último single lançado por Mayara (no dia 13 de junho), e  chegou devidamente acompanhado de um clipe. A produção sofreu uma reformulação em virtude da pandemia, mas acabou também trazendo um novo tom à criação da artista.

Em meio às reflexões acerca do desenrolar da crise de saúde no mundo e de como ela própria lidaria com a situação, Pera passou cerca de 30 dias maturando o seu fazer artístico. Ela diz que, embora tenha atuado sozinha, esse trabalho foi o resultado de várias pequenas parcerias que se deram em conversas com colegas de profissão e pessoas que compõem sua equipe, como Pedro Gonçalves, seu figurinista. “Como artista, esse momento tem sido uma escola. Me lembro que tava querendo tempo pra  conseguir produzir as coisas sem a correria dos shows e dos compromissos sociais, hoje eu tô com esse tempo, tirei os dias de hoje pra aprender, e para compreender, porque além da música ser um trabalho, é um sentimento, é um ser espiritual pelo qual tenho bastante devoção”.

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Para Mayara, trabalhar ‘sozinha’, confinada em sua casa, tem sido uma rica experiência que além de provar sua própria capacidade tem feito com que ela também reveja a importância do coletivo em suas produções. “Acho que o mais importante nesse processo é a gente entender que é bom demais trabalhar com uma equipe que tem suas funções delegadas e que o trabalho em equipe vai sair muito mais massa, mas a gente também precisa saber que se por algum momento, esse trabalho em equipe não seja possível, temos a capacidade de botar a cabeça pra funcionar e fazer também, porque é o que a gente tem pra hoje e isso é um exercício importante pra nossa capacidade cerebral”.

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O multiartista caruaruense Gabriel Sá também está aproveitando a quarentena para se dedicar aos videoclipes. Durante este período, a impossibilidade de juntar as pessoas e se deslocar por grandes distâncias, fez o cantor se debruçar em trabalhos possíveis de serem desenvolvidos com o  mínimo de participações externas possível. 

Para a produção do clipe de Ser Negro, Gabriel apostou no formato lyric video, em parceria com Jackson Freire, mas também não abriu mão de uma produção que desse ao tema a visibilidade que merece. “A questão (era) mostrar o negro em várias formas, o negro em totalidade de suas belezas, que todo negro tem sua beleza. Por vezes todo mundo acha que ser preto é todo mundo igual, mas existem diferenças assim como qualquer ser humano, existe negro gordo, baixo, alto, de todas as formas como qualquer ser”.

Tentando atender aos protocolos de segurança relativos ao coronavírus, Gabriel contou com apenas uma pessoa para captar as imagens e oito no elenco do vídeo. “Foi bem corrido. Uma pessoa chegava, gravava 30 minutos, a gente higienizava tudo e assim foram com as oito”. O clipe de Ser Negro foi lançado no dia 29 de maio, em comemoração ao aniversário de 34 anos do artista e suas duas décadas de carreira. Mas os fãs  também foram levados em conta na hora de decidir a data de lançamento do trabalho: “Para não deixar o público ocioso por conta de tanto atraso do disco Pássaro Mensageiro - que já era pra tá saindo no começo do segundo semestre -, (foi) pra não deixar o público esperando”. 

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Da quarentena para a vida

Mayara e Gabriel são artistas de estilos bem diferentes, mas ambos têm a mesma opinião quanto a importância dos videoclipes, sobretudo em um período tão atípico quanto esse de quarentena. “Sem previsão de show, a maneira que o artista tem de permanecer ativo é produzindo não somente canções, mas as imagens. Isso vem sendo algo tão forte, que muitas vezes a gente prefere fazer uma chamada de vídeo do que uma chamada de telefone e isso não é diferente com relação ao que a gente consome musicalmente”,  diz a cantora. 

Apostando nisso, Mayara já tem engatilhados outros dois clipes, um com previsão de lançamento ainda para 2020 e o outro para o próximo ano. Além disso, seu canal no YouTube conta com várias outras produções, todas feitas em casa e segundo ela, para “maratonar”. 

Divulgação

Gabriel também acredita que a força dos videoclipes ganhará impulso no pós-quarentena. “A gente sabe que o quanto a música com a imagem hoje em dia ela tem mais acesso.  Acho que agora é que vai fortalecer esse tipo de presença no nosso trabalho porque as pessoas já vinham com esse hábito, você soltar só a música ela tem um alcance e quando você solta com uma imagem a gente alcança outro nível”. O artista já  tem uma série de produções pensadas para os próximos meses. Em julho e agosto chegarão outros dois lyric videos e a previsão do músico é que o disco Pássaro Mensageiro seja lançado no final de 2020. 

 

Um grande caldeirão cultural, é o que promete o Espiral das Artes, evento que estreia no próximo domingo (3), no complexo Greenpark, em Boa Viagem. A proposta do evento é unir várias linguagens oferecendo ao público uma grande programação com música - com shows de Mayara Pera e Banda Triinca -, gastronomia, teatro e circo, entre outras atrações. As atividades começam às 9h e seguem ao longo de todo o dia. 

Em sua edição de estreia, o Espiral das Artes terá programação para todos os gostos e todas as idades. No Polo Gastronômico, haverá opções de petiscos, cervejaria e cantina vegetariana. Uma feira típica reúne 30 artesãos locais e o Núcleo de Terapias Integradas vai oferecer Shiatsu Massoterapia, Ayurveda e Do-in. Na Tenda Espiral das Artes, o orientador espiritual e Zelador de Orixá, João Paulo de Xangô, vai jogar os búzios a fim de orientar os visitantes em questão diversas. 

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A criançada também será contemplada com oficinas de artesanato e bonecos, contação de histórias e recreação. Botando o som da festa, o DJ Caio Zé, a Banda Triinca e a cantora e compositora Mayara Pera. Os shows começam a partir das 16h. Também haverá Baú Solidário, que vai receber doação de brinquedos e Sarau de Poesia e Cordel. 

Serviço

Espiral das Artes

Domingo (3) - 9h às 20h

Complexo GreenPark (Rua Guabiraba, 639 - Boa Viagem)

R$ 10 + 1kg de alimento não perecível

 

Estreia, nesta terça (15), a segunda temporada da série Pareia, da Rádio Universitária FM. O programa traz, a cada semana, uma dupla de músicos pernambucanos que, juntos, falam e cantam sobre suas trajetórias, influências e inspirações. Abrindo a nova temporada, participam as cantoras Ylana Queiroga e Mayara Pera. 

No programa, as convidadas falam sobre os laços de amizade que as unem e suas afinidades musicais, além de contarem sobre suas trajetórias na música. Ylana e Mayara também apresentam duas canções gravadas por elas nos estúdios da rádio. 

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O objetivo de Pareia é promover encontros e, a partir deles, movimentar a cena cultural e musical de Pernambuco. A série tem sete programas que vão ao ar na Rádio Universitária FM, às terças, 18h30, com uma versão em vídeo a ser transmitida pela TV Universitário, também às 18h30m e nas redes sociais da rádio.

Quem tem filhos sabe que toda mãe precisa ser um pouco artista. Dar conta da atenção aos pequenos, conter as birras, mantê-los banhados e alimentados, além de entretidos, ensinar repetidamente aquelas coisas que para eles parecem relevantes enquanto são crianças mas que farão toda a diferença em algum momento futuro da vida, entre tantas outras milhares de coisas que devem 'funcionar' ao mesmo tempo em que se é indivíduo ativo no mundo e mulher em uma sociedade dominada pelo patriarcado, demanda, de fato, certos traquejos.

Para aquelas mulheres que escolhem a arte como ofício, as artistas de profissão, não costuma ser diferente. A despeito de certa glamourização adquirida por conta das luzes dos shows e dos filtros das redes sociais, mães que sobem ao palco para trabalhar precisam lidar com as mesmas dificuldades - e delícias -  encontradas em qualquer lar. É quase como uma comprovação daquele ditado popular que diz que 'mãe é tudo igual, só muda de endereço', mas com um pequeno diferencial que é poder repercutir tudo isso em sua própria arte.

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Lulu Araújo, arte-educadora, cantora e percussionista, mais conhecida como Fada Magrinha, é mãe de Fernanda, uma garotinha de olhos vivos e jeitinho doce, prestes a completar nove anos. Quando a menina nasceu, Lulu se dividia entre aulas de música para crianças e trabalhos junto a artistas pernambucanos, como Renata Rosa e Naná Vasconcelos, e como acontece com quase todas as mães, viu seu ritmo de vida se transformar, até mesmo porque Fernanda nasceu prematura, o que exigiu uma atenção maior. "Quando os filhos nascem, a gente para tudo. Eu acho que não teria condições de continuar se tivesse um ritmo mais frenético", relembra.

Depois que mãe e filha devidamente se acomodaram à nova vida, era chegada a hora de Lulu retomar suas atividades. Mas, então, já não era mais a mesma mulher de antes e as transformações ultrapassaram o âmbito pessoal, invadindo sua área profissional e mexendo com sua sensibilidade de artista: "Quando nasceu a mãe junto com a filha, nasceram várias sensações e muito material que virou uma preciosidade. Tanto que o projeto ‘Fada Magrinha’ nasceu a partir do nascimento dela. Eu cantava pra ela e aquilo foi me alimentando e eu disse: 'como nunca pensei em fazer isso?', era uma coisa tão óbvia, mas só caiu a ficha quando ela nasceu".

Lulu se descobriu compositora após a chegada de Fernanda. A primeira música foi uma canção de ninar surgida no conforto do quarto da menina quando a mãe ia lhe colocar para dormir. Em Soninho Danado, a Fada canta: "...o tempo vai passando e eu vou me entregando, com a mamãe tudo é tão gostoso que a gente sonha embalado assim". E o sonho, para essa mãe e sua cria, se transforma em realidade quando as duas compartilham a música em casa, nos palcos - a pequena já acompanha Lulu em algumas apresentações; às vezes por necessidade mas quase sempre por vontade própria da pequena - e tantas outras coisas rotineiras da própria vida.

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Compor também ficou bem diferente para Mayara Pera depois que ela deu à luz os pequenos Dom, de quase quatro anos, e Martin, de dois. A duplinha alterou o tempo da mãe cantora e compositora e aguçou sua sensibilidade para um tema que a acompanhou durante toda a vida mas que só se evidenciou com a chegada dos rebentos. "A maternidade ajudou a me lembrar o quanto eu sou mulher. Acho que eles me lembraram o quanto eu sou poderosa, e isso me faz ter vontade de colocar isso na minha música", diz a artista.  

Ela também precisou adaptar o exercício da escrita às demandas dos filhos. Antes, ela precisava de um tempo só para ela, sem que ninguém a incomodasse, mas depois dos meninos, foi preciso readequar a atividade: "Eles exigem uma atenção e não vão poder esperar, eles não vão entender que eu estou escrevendo uma coisa importante e eu tenho que entender isso também, porque essa fase passa muito rápido. Então a minha fase de compreender é agora, quando eles crescerem eles que vão ter que me compreender. (risos)  Eu me adaptei e acho que ficou até melhor".

Na hora de pegar no batente, Mayara conta com uma rede de apoio para conciliar os filhos com os palcos. Com o marido e os dois filhos, ela tem "uma equipe", e a sua mãe também soma no apoio. No entanto, por vezes, ainda é preciso colocar a meninada no meio da música. Eles já acompanharam a cantora em shows e em gravações, e talvez por haver um estúdio improvisado em um dos quartos de sua casa, costumam se sentir bem confortáveis nessas situações - tirando um 'tédiozinho' aqui e ali. Tal qual sua própria mãe parece cumprindo seu papel na maternidade, muito à vontade; algo que ela garante não ter aprendido nos livros que leu durante a gravidez: "É como tem que ser. Não existe fórmula. Quando eu aprendi isso, aprendi a ficar à vontade nesse papel. Mães felizes, filhos felizes”.

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Também não foi em livros que a cantora, sambista, bancária e ativista feminista, Karynna Spinelli, aprendeu que as mães também erram. A artista é mãe de vários filhos - biológicos, "do coração" e de santo - e sua experiência com todos eles lhe deu a segurança e serenidade necessárias para assumir suas próprias limitações e anseios com a caçula, Klara Lua, de 13 anos. Foi com a filha mais nova que ela conseguiu entender algumas minúcias da maternidade que fazem toda a diferença para uma relação saudável com os herdeiros e consigo mesma: "Quando eu tive meus filhos tudo era muito romantizado pra mim. Então, por mais que houvesse dificuldade, eu não me permitia, porque a sociedade não espera isso de você, a sociedade quer mães perfeitas, que se anulam, que desistem das suas vidas em detrimento do filho e do marido. Isso eu só enxergo agora, com quase 40 anos".

Nessa caminhada, a cantora tomou como ferramenta de sobrevivência o feminismo, que além de luta é lição diária em sua casa e acabou por transformar a filha em mais uma "parceira". A mãe que já foi "taxada de mãe solteira", também já viu a própria cria ser xingada na escola por ter uma "mãe cantora". A solução para as limitações da sociedade, elas encontram nessa parceria nutrida no cotidiano de ambas: "A gente passa (preconceitos) até hoje e não é fácil, ser mulher, cantora, mas eu acho que passei bem por esse processo, sempre aparada, com amigos e de uns anos pra cá ativista. Me reconheço como mulher feminista; eu ensino ela a se defender e não deixar isso abalar".

Para dividir com Klara os ensinamentos que a vida lhe imprimiu, Karynna decidiu também convidá-la para participar de seu trabalho artístico. A menina começou a fazer participações cantando no Clube do Samba do Recife, projeto encabeçado pela mãe há quase 10 anos, e também já encarnou sua xará, Clara Nunes, em um espetáculo que homenageou a sambista. A intimidade entre as duas, visível a olhos nus, se intensificou ainda mais após a parceria musical: "A gente tremeu pra entrar no palco, mas foi muito bacana, é um elo que a gente fortalece", diz a mãe derretida.

 

*Fotos: Rafael Bandeira/LeiaJáImagens

*Ilustração: Fernanda Araújo, filha da Lulu

No próximo sábado (6), a cantora Pitty chega ao Recife com sua Turnê Matriz. Para essa circulação pelo país, a roqueira armou um projeto para dar vez e voz aos artistas autorais e independentes das regiões por onde a tour vai passar, o Palco Aberto. No Recife, a selecionada foi Flaira Ferro que, por sua vez, convidou outras cantoras e compositoras pernambucanas para dar uma canja ao lado dela, no show de abertura da noite; elas são Dani Carmesim, Mayara Pera e Joanna D'arc.

Após inúmeros compartilhamentos com as hashtags do projeto, feitos pelo público, e de passar pela curadoria do Palco Aberto, Flaira foi convidada para abrir o show de Pitty no Recife. A bailarina, compositora e cantora, que tem sido apontada como um sopro de renovação do centenário ritmo pernambucano frevo, comemorou a notícia com seus fãs nas redes sociais afirmando estar realizando um sonho: "Subirei naquele palco carregando o sim de cada ser que vibrou pra essa magia ser real. E no que depender de mim, levarei outros artistas locais que também estavam afim desse rolê para cantarem em coro comigo", disse através de seu Instagram.

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E a artista cumpriu sua promessa. Na última terça (2), Flaira anunciou que levaria com ela, para essa apresentação, três cantoras e compositoras da cena independente do Recife, Dani Carmesim, Mayara Pera e Joanna D'arc: "Eu não podia perder a oportunidade de celebrar esse sonho em coro com essas 'mulé rocheda'", anunciou pelas redes sociais. As convidadas dão uma canja, ao lado de Flaira Ferro, no próximo sábado (6), no show que acontece no Baile Perfumado.

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Serviço

Pitty - Turnê Matriz - show  de abertura com Flaira Ferro e convidadas

Sábado (6) | 21h

Baile Perfumado (R. Carlos Gomes, 390 - Prado)

R$ 60

O Brasil tem uma forte tradição de grandes cantoras. Elis Regina, Maria Bethânia, Gal Costa, Angela Ro Ro são mulheres que integram o rol de elite das vozes femininas brasileiras. Porém, as mulheres estão querendo mostrar mais que suas belas vozes ao chegar ao microfone. A necessidade de cantar o que se vive e sente tem feito o número de compositoras crescer de maneira exponencial. Em Pernambuco, o momento é de explosão nesse segmento e a música autoral feita por elas tem movimentado cenas que vão da música popular ao Hip Hop.

Conhecido como berço de grandes músicos, o estado também tem se revelado um celeiro de compositoras; mulheres que através de sua musicalidade, independente de estilo, estão expressando não só suas próprias verdades e anseios como, também, os de tantas outras. Um exemplo disso é Mayara Pera (@mayarapera); com passagem pela banda Lulu Champanhe, mãe de Dom e Martin, e que desde 2017 vem se dedicando intensamente ao seu trabalho autoral, tendo passado já por importantes palcos como o do Carnaval do Recife em 2019.

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Mayara vai lá atrás para falar sobre mulheres que, assim como ela, compõe: “Quando se fala nas mulheres compositoras e intérpretes de suas próprias obras como algo recém aquecido me vem à cabeça citar Chiquinha Gonzaga, com sua chama musical lá em 1877. Sempre teve mulher compondo e criando, só que esse era um espaço às vezes tido como se não fosse nosso, ele sempre foi, hoje não é uma novidade”. Para ela, essas mulheres, de ontem e de agora, estão fazendo “história” e que talvez estejam se multiplicando pelo momento atual que o mundo atravessa: “Acredito que esse aquecimento tem muito mais a ver com um aquecimento de militância feminista, de compor o que se luta e se acredita, do que de fato compor ao que lhe é conveniente”.

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Olhar para trás, ou ainda para os lados, e espelhar-se em quem já trilhou ou está trilhando o caminho das pedras é algo que faz diferença. Sobre isso, Dani Carmesim (@danicarmesim), roqueira pernambucana com um disco lançado em 2014 e outro na agulha, para este ano, entende bem. No início da carreira, em 2004, ela temia se jogar na cena por não encontrar outras mulheres. Só em 2011 é que ela se sentiu à vontade para assumir a carreira e colocar seu nome ‘na roda’: “Descobri que tinham muitas meninas que passavam pelo mesmo que eu, tinham medo de sofrer machismo. Agora com esse ‘boom’ feminino de não querer se calar, de querer mostrar que a mulher pode fazer tudo, a gente se sentiu mais encorajada”.

A onda feminista que vem tomando o mundo, nos mais diversos contextos, também é citada como ‘culpada’ pela proliferação de compositoras por Lady Laay e Sam Silva (@silvasam_). A primeira, MC, Bgirl, grafiteira, analista de sistemas e programadora, fazendo música desde 2012. A segunda, baterista, cantora e compositora da cidade de Goiana, no interior pernambucano, ‘correndo atrás’ desde 2009 e prestes a gravar seu primeiro EP solo. Sam também volta ao passado para justificar o presente, e relembra das muitas mulheres que se escondiam atrás de pseudônimos para compôr sem serem descobertas. Hoje, diante desse novo cenário, a liberdade de escrever se tornou algo real e está se multiplicando: “Eu atribuo isso a uma questão de empoderamento mesmo que vem acontecendo no contexto geral das coisas mas principalmente na música. A gente está se sentindo mais à vontade de botar a cara à tapa”

Já Lady Laay (@ladylaaine_elaine), que precisou garantir seu espaço em meio à cena Hip Hop, durante muito tempo dominada exclusivamente por homens, entende que este é um momento em que não é mais preciso para as mulheres ‘pedir permissão’: “A mulher no rap passa por algumas fases: na primeira, a gente tenta se inserir, mostrar que é capaz, mas sempre muito angustiadas com essa falta de espaço, tem meio que pedir licença pra entrar; na segunda fase é o enfrentamento, mas depois a gente já sabe que ali é nosso lugar e não vamos mais pedir licença. Ou fazemos nosso próprio espaço ou a gente arromba as portas, quer eles queiram quer não. Eu não tenho mais paciência de provar minha capacidade”.

Música 'de Mulher'

O momento favorável à composição feminina não exime as mulheres que escolhem esse caminho dos desafios de se inserir no mundo musical. A necessidade de provar sua capacidade, lidar com o descrédito, olhares tortos e, muitas vezes, boicote por parte dos outros, ainda é uma constante na labuta diária. A estereotipação do trabalho dessas mulheres também é algo que precisa ser combatido por elas.

Sam Silva relembra o início da carreira quando se deparou com esse tipo de barreira pela primeira vez: "Comecei como baterista, na banda Vênus em Fúria, e eu lembro dos olhares que eu recebia ou da cara de surpresa ou de desprezo por me verem na bateria. Quando eu fui pro violão as coisas mudaram um pouco, mas também tem o estereótipo de você ser lésbica e as pessoas acharem que a mulher lésbica tocando violão combina só com MPB".

A artista goianense diz que lutar pela quebra desses estereótipos é uma tarefa diária mas, apesar de parecer difícil, é possível: "Sempre há a especulação da imagem quando você vê, mas a gente vai tentando quebrar devagar, não só comigo mas com várias compositoras que eu observo, como Flaira Ferro (@falira_ferro), Mayra Clara (@cantoramayraclara), Sofia Freire (@sofia_freire). A gente tem os exemplos  delas que fazem um som totalmente novo, isso é importante".

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Dani Carmesim vai além quanto ao assunto revelando que esta não é uma exclusividade do mundo musical: "É uma realidade, tudo que a mulher faz, não só na música, é sempre uma coisa 'da mulher'. Infelizmente é como se a mulher sempre tivesse que provar pra sociedade, pros homens, que ela é capaz de fazer as coisas; e o que ela faz é igual e até melhor do que um homem faz". A compositora dá a receita para driblar o que poderia ser um empecilho: "A gente consegue se desvencilhar disso trabalhando, fazendo mais música, nao baixando a cabeça, não calando a boca, não aceitando que sejam impostas regras ou limites. Ninguém tem que passar por isso. Dessa maneira a gente mostra que nada precisa ser dividido".

Já Mayara Pera tem uma visão um pouco mais diluída sobre o assunto."Essa expressão 'rock de menina' eu já ouvi vagamente, mas nunca dei muita importância. É uma expressão que só se dói quem se encaixa, por isso nunca dei importância; é uma expressão que não existe onde eu ando. Pra mim rock é rock. Não faço a menor ideia do que seja 'rock de menina'". Demonstrando já estar calejada, a compositora parece acreditar que alimentar certas 'pilhas' é algo dispensável: "Nunca liguei em fugir de estereótipos, aliás fugir de nada. Eu tô fazendo meu som, cantando minhas histórias. As interpretações são todas bem vindas. A mulher que se conhece e sabe o que tá fazendo não liga para rótulos, ela vai lá e faz. E ponto final”.

Cota no mercado

As mulheres estão mais disponíveis e dispostas a compor e fazer sua música acontecer e o mercado parece estar abrindo os olhos para o trabalho delas. Porém, ainda não o suficiente. Para Lady Laay, a repercussão que as lutas feministas vêm ganhando na mídia estão contribuindo para que haja uma abertura: "Esses discursos têm tido mais espaço porém, ainda é um desafio. Ainda mais quando a gente vê o quanto as mulheres ainda ficam de lado comparadas aos homens. A gente já avançou bastante, mas ainda tem que avançar mais. Ainda é um protagonismo meio autorizado".

Mayara também não acredita que o mercado tenha "abraçado a causa" de fato, e comenta que recebe mais propostas durante Março, quando é celebrado o mês da mulher. "No resto do ano, canso de ver festivais onde tem quatro bandas compostas exclusivamente por homens e uma por mulher, pra não dizer que não colocaram as minas. É como se a gente tivesse uma 'cota' feminina de adentrar em um espaço que é nosso, que sempre foi nosso como citei anteriormente, desde 1887".

Já Dani faz uma ressalva quanto ao cenário recifense: "Aqui não há muita oportunidade para o novo, ainda tem muitas cartas marcadas que meio que controlam o que vai dominar nos palcos. Além de haver poucos espaços para a música autoral. A gente tenta quebrar isso ao máximo, a gente tenta diminuir o preço das entradas, fazer sorteios, mas o pessoal ainda é meio travado nessa parte de colaborar".

Juntas

Para além do mercado, uma outra fonte de apoio primordial para essas mulheres vem do público. Este precisa estar presente, compartilhando, indo aos shows e repercutindo os trabalhos que por vezes, ou sempre, se confundem com luta. Lady Laay lamenta: "As mulheres ainda não estão consumindo o produto de outras mulheres, existe muito apoio verbal, mas às vezes, o apoio real, que move as coisas, ainda não vem tanto".

Para Dani, essa necessidade transformou-se em campanha. Ela tira um dia da semana para publicar lançamentos e trabalhos de outras artistas locais nos seus stories do Instagram, com a hashtag #euindico. A cantora acredita que dessa forma, além de estimular o público, ela também coopera para que o seu próprio som tenha um maior alcance. "Se eu quero que as pessoas me escutem, e outros artistas também, eu  tenho que dar o exemplo. Tanto eu ajudo as outras meninas como eu também de certa forma me ajudo como artista, porque ao divulgar outras mulheres eu tô incluída nessa rede, essa rede também vai se expandir pra mim. A gente tem que se ajudar, a gente não pode ficar esperando. Acho que todo artista deveria pensar nisso e nao ter esse sentimento de competição e isso se quebra com luta".

‘Escute as mulheres’

O LeiaJá preparou uma lista de indicações de mulheres compositoras que estão movimentando a cena musical pernambucana. Confira o trabalho dessas minas.

Marília Parente - @mariliaparente

Doralyce Gonzaga - @doralyceg

Isabella Moraes - @isaisabelamoraes

Siba Carvaho - @sibacarvalho

Carol Ribeiro - @carolribeiromusic

Arrete (Ya Juste, Nina Rodrigues e Weedja Lins) - @oarrete

Una Martins - @unamartins

Joanah Flor - @joanahflor

Jessica Caitano - @jessica.caitano

Gabi da Pele Preta - @gabidapelepreta

Joana Terra - @joana.terra

Joana Knobbe - @joana.knobbe

Maria Flor - @mariaflor_multiartistalarissalisboamusic

Carina Maiara - @carinamayaraoficial

Luiza Fittipaldi - @luizafittipaldi

Laís Xavier - @laisxavierf

Fotos Mayara Pera: André Sidarta e Deyvid Saborido

Fotos Lady Laay e Dani Carmesim: Reprodução/Instagram

Foto Sam Silva: Divulgação

A cantora e compositora Mayara Pera sobe ao palco do Terra Café Bar, nessa sexta (15), para apresentar seu novo show. Na ocasião, ela registra a estreia de dois novos integrantes em sua banda e recebe convidados.

Além das novidades na banda, Mayara vai apresentar um repertório novo, com músicas que estarão no seu primeiro álbum. A artista também vai receber convidados como as cantoras Ylana Queiroga, Flaira Ferro e Sofia Freire, e os músicos Victor Camarote e Igor de Carvalho, entre outros. Os ingressos já estão à venda pela internet.

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Serviço

Mayara Pera

Sexta (15) | 21h

Terra Café (Rua Monte Castelo, 102 - Boa Vista)

R$ 15

A cantora e compositora pernambucana Mayara Pera abre o ano de 2019 com lançamentos. Na próxima quinta (7), ela lança o single 'Eu sou uma Farsa', juntamente com o clipe que ilustra a canção. O dia do lançamento será celebrado com a realização de um show de Mayara, ao lado de Ylana Queiroga, no café Liberal, Bairro do Recife.

Mayara Pera imprime em suas composições suas vivências, com direito a dedicatórias e críticas. Suas músicas, em sua maioria, rocks, baladas, folks e blues, variam entre canções mais suaves e outras carregadas de sarcasmo.

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Para o clipe de 'Eu sou uma farsa', a artista apostou em um vídeo minimalista, com uma performance simbiótica à letra da canção. O trabalho foi produzido, filmado e montado por Danillo Campelo; com direção e roteiro da própria Mayara; e cenário e iluminação de Manno Lee.

Serviço

Mayara Pera - lançamento do single e do clipe de 'Eu sou uma farsa'

Quinta (7) | 20h30

Café Liberal (Av. Marquês de Olinda, 174 - Bairro do Recife)

R$ 20

Artistas pernambucanas se juntaram para ajudar a comunidade indígena Pankararu, de Jatobá, no Sertão de Pernambuco. Um show coletivo realizado na próxima sexta (16), no Mundo Lá de Casa, vai arrecadar fundos para a reconstrução da escola e da unidade de saúde da família (PSF) da comunidade que foram destruídos, no final do mês de outubro, após um incêndio.

A iniciativa vai reunir as vozes de Marília Parente, Mayara Pera, Luiza Fittipaldi, Una Martins, Mayra Clara, Ligia Fernandes e Nana Milet em um grande show em prol do Povo Pankararu. Toda a renda da bilheteria, com ingressos ao valor de R$ 25, será doado à comunidade para ajudar na reconstrução dos equipamentos destruídos pelo fogo. O público poderá colaborar, também, com a doação de livros para a escola.

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Além do show da próxima sexta (16), outras iniciativas estão acontecendo para auxiliar o Povo Pankararu. Uma campanha de financiamento coletivo foi lançada na internet para arrecadação de dinheiro para o reparo na escola e no PSF da comunidade. Também há lugares coletando livros para a unidade de ensino do território indígena lesado, são eles a Biblioteca da UNICAP, Centro de Educação da UFPE, Edifício Pernambuco (centro do Recife) e o restaurante Flô de Jambo (Poço da Panela).

Serviço

Show em prol do Povo Pankararu

Sexta (16) | 20h

O Mundo Lá de Casa (Rua Martins Ribeiro, 381 - Hipódromo)

R$ 25

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