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Um total de 41 pessoas, incluindo três crianças, estão desaparecidas depois que uma embarcação que partiu de Sfax (Tunísia), com 45 migrantes a bordo, naufragou na semana passada, segundo o depoimento de quatro sobreviventes citados nesta quarta-feira (9) pela ONU na Itália.

Em comunicado conjunto, as agências da ONU para refugiados (ACNUR), para a infância (Unicef) e para a migração (OIM) lamentaram este "terrível naufrágio ocorrido entre quinta-feira (3) e sexta-feira (4), no Mediterrâneo".

A embarcação de metal virou devido ao mau tempo na madrugada de sexta-feira, após deixar o porto de Sfax.

"Isso demonstra a absoluta falta de escrúpulos dos traficantes que, desta forma, expõem migrantes e refugiados a altíssimos riscos de morte no mar", denunciaram as três agências da ONU.

Os sobreviventes - um menor desacompanhado de 13 anos, uma mulher e dois homens - foram resgatados por um navio mercante e levados para Lampedusa pela Guarda Costeira italiana, disseram.

Os migrantes, originários da Guiné e da Costa do Marfim, sobreviveram flutuando em boias à deriva por vários dias e chegaram em bom estado de saúde, disse a Cruz Vermelha italiana, que administra o centro de recepção de migrantes.

A organização confirmou que, segundo os depoimentos, havia 45 pessoas na embarcação quando afundou. Nenhum dos desaparecidos era parente dos sobreviventes.

A Frontex, a agência de fronteira da UE, afirmou que um de seus aviões detectou "um barco à deriva com quatro pessoas a bordo" nas águas da Líbia na manhã de terça-feira e deu o alerta para que fossem resgatados.

A frágil embarcação de sete metros virou devido a uma grande onda, que jogou todos os passageiros no mar. Apenas 15 usavam coletes salva-vidas, mas mesmo assim se afogaram.

"O mar estava muito agitado (...). Embarcar com aquele mar é realmente criminoso. Os traficantes realmente não têm escrúpulos", denunciou o assessor de imprensa da OIM na Itália, Flavio Di Giacomo, entrevistado pela AFP nesta quarta-feira.

"As embarcações de metal usadas são as mais frágeis que já vi no Mediterrâneo central", observou. "Os migrantes subsaarianos são obrigados a usar esses barcos 'low cost' que quebram após 20 ou 30 horas de navegação", lamentou.

Portanto, "é provável que haja muito mais naufrágios do que sabemos, esse é o meu maior medo", disse Di Giacomo.

Uma hipótese sustentada pelo grande número de corpos encontrados no mar na rota migratória entre a Tunísia e a Itália.

Este acidente se soma a vários naufrágios mortais registrados nos últimos dias após um período de mau tempo.

Incêndios fora de controle estão queimando nove países da bacia do Mar Mediterrâneo. As chamas fogo vêm se espalhando da Grécia até Portugal, além do Norte da África, alimentadas pelo tempo seco, calor extremo e ventos fortes. O fogo destruiu casas, forçou remoção de pessoas e ameaçou reservas naturais. Pelo menos 40 pessoas morreram nos últimos dias.

A Grécia tem sofrido mais do que o normal com o calor este ano. Na cidade de Cálcis, norte de Atenas, a temperatura chegou a 48ºC. Autoridades retiraram mais de 20 mil pessoas de casas e resorts nas ilhas de Rodes, Corfu e Evia. Cerca de 3 mil turistas tiveram de voltar às pressas para casa, segundo o Ministério dos Transportes - novas viagens foram canceladas.

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Na terça-feira, 25, dois pilotos de combate a incêndios morreram na queda de um avião perto da cidade de Karystos, na ilha de Evia. O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, parecia desolado. "Diante do que todo o planeta está enfrentando, especialmente o Mediterrâneo, não há mecanismo mágico de defesa. Se houvesse, teríamos implementado."

Na Itália, o clima extremo é responsável por uma dupla tragédia: chuvas no norte e incêndios na Sicília. Sete pessoas morreram. Em Milão, uma tempestade seguida de uma chuva de granizo inundou a cidade e derrubou centenas de árvores. Uma delas matou uma jovem de 16 anos que acampava perto de Brescia.

Os corpos de dois idosos foram encontrados em uma casa consumida pelas chamas perto do aeroporto de Palermo, na ilha da Sicília, que foi temporariamente fechado por causa das chamas. Bombeiros lutam contra o fogo também na Sardenha.

"Vivemos na Itália os dias mais complicados das últimas décadas: tempestades, tornados e granizo no norte, e calor escaldante e incêndios devastadores no centro e no sul. A convulsão climática que atingiu nosso país exige de todos nós uma mudança de atitude", disse Nello Musumeci, ministro da Proteção Civil.

Crime

Mas nem todo fogo é culpa das mudanças climáticas. Os promotores de Palermo iniciaram nesta quarta-feira, 26, uma investigação sobre os incêndios florestais que atingiram a Sicília. De acordo com os investigadores, dezenas deles podem ter sido provocados deliberadamente.

Durante anos, a máfia foi suspeita de envolvimento em incêndios florestais, impulsionada pelos lucrativos contratos de reflorestamento, embora essa ligação ainda não tenha sido comprovada desta vez. Ontem, autoridades da Calábria divulgaram imagens capturadas por um drone de um piromaníaco começando um incêndio. O governador da Calábria, Roberto Occhiuto, disse que ele estava sendo procurado pela polícia.

Do outro lado do Mar Adriático, o fogo se espalhou pela cidade medieval de Dubrovnik, na Croácia, No entanto, os ventos eram tão fortes que os aviões de combate a incêndios não conseguiam decolar. "Temos de ter cuidado, porque o vento está aumentando e o fogo pode crescer novamente", disse Stjepan Simovic, comandante dos bombeiros. A força dos ventos também causou estragos em Montenegro, onde duas pessoas morreram afogadas e várias ficaram feridas nas cidades costeiras de Ulcinj e Petrovac.

Espanha

Incêndios também queimaram o centro da ilha de Gran Canária, na Espanha. Autoridades tiveram de remover centenas de moradores, fechar estradas e enviar helicópteros para combater as chamas. Em Portugal, vítima de uma seca que afeta 90% do país, os bombeiros lutam para apagar o fogo perto de Cascais, mas os fortes ventos complicam o trabalho. As chamas já consumiram 145 quilômetros quadrados do Parque Natural de Sintra-Cascais.

África

A maior quantidade de mortes até agora foi registrada na Argélia, onde a temperatura passou de 50ºC, segundo o Escritório Nacional de Meteorologia. Entre os 34 mortos estão 10 militares que ficaram presos pelas chamas em Beni Ksila, na Província de Bejaia.

O Exército argelino disse em comunicado que as temperaturas recordes e as difíceis condições climáticas estão dificultando os esforços de socorro. Na vizinha Tunísia, para onde a União Europeia enviou dois aviões de combate a incêndio, os termômetros chegaram a 49ºC. Segundo a TAP, agência oficial de notícias, o diretor de um escola de Nafza, no noroeste do país, morreu asfixiado pelas chamas.

Os incêndios também se espalharam pelas florestas de Latakia, província no noroeste da Síria. Helicópteros estão sendo usados para tentar extinguir o fogo. "Equipes de combate a incêndios estão trabalhando para apagar os enormes incêndios florestais nas florestas de Latakia, que estão fora de controle", informaram os bombeiros sírios. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O barco humanitário "Ocean Viking" resgatou 113 migrantes no mar Mediterrâneo em sua primeira operação desde que atracou no porto de Toulon, no sul da França, em novembro - anunciou nesta terça-feira (27) a ONG francesa SOS Méditerranée, que opera o navio.

Entre as pessoas resgatadas, estão "23 mulheres, algumas delas grávidas, cerca de 30 menores desacompanhados e três bebês, o mais novo com apenas três semanas de vida", disse a SOS Méditerranée, com sede em Marselha, no sudeste da França.

Os migrantes foram resgatados no início da manhã desta terça em águas internacionais que dependem da zona de busca e resgate maltesa, perto da zona líbia, acrescentou.

As pessoas estavam em "um barco inflável preto sobrecarregado, na escuridão total", acrescentou a instituição.

A Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho participaram do resgate.

Por enquanto, o "Ocean Viking" "continua patrulhando" e "ainda é muito cedo" para saber onde poderá desembarcar as pessoas resgatadas, disse à AFP a porta-voz da SOS Méditerranée, Meryl Sotty.

Em meados de novembro, o "Ocean Viking" atracou em Toulon com 230 migrantes que havia resgatado no Mediterrâneo, após três semanas no mar em busca de um porto para desembarcá-los.

O governo francês concordou em receber o navio "em caráter excepcional", depois que a Itália se recusou a fazê-lo. O episódio gerou um conflito diplomático entre os dois países.

Os migrantes foram levados para uma zona de espera internacional, enquanto aguardam a tramitação de suas solicitações de asilo.

Desde o início do ano, 1.998 migrantes desapareceram no Mediterrâneo, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Milhares de pessoas que fogem da guerra, ou da pobreza, tentam chegar à Europa todos os anos, cruzando o Mediterrâneo a partir da Líbia.

Nas profundezas, no estômago das tartarugas, nas praias: o plástico está em todo Mediterrâneo, o mar mais poluído do mundo. E mesmo que as operações de limpeza se multipliquem, apenas uma redução drástica de resíduos pode parar a catástrofe.

Em Mônaco, uma equipe científica internacional descobriu um verdadeiro lixão subaquático com mais de dois quilômetros de profundidade que inclui sacos, copos, ou um iogurte de uma marca francesa que desapareceu há 20 anos.

Cerca de "95% dos resíduos plásticos na água vão parar nos abismos. Quando encontram esse lixo, os pilotos dos submarinos sabem que chegaram ao fundo", explica à AFP um dos cientistas, François Galgani, especialista em plásticos do Instituto Francês de Pesquisa sobre a Exploração do Mar (Ifremer).

Principal destino turístico do mundo e com em torno de 25% do tráfego marítimo internacional, o Mediterrâneo está sob intensa pressão humana. Entre 5% e 10% do plástico do mundo é encontrado neste mar semifechado, que atinge um nível de saturação, alerta o Fundo Mundial para a Natureza (WWF).

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o plástico causa a morte de um milhão de aves e mais de 100.000 mamíferos marinhos no mundo todos os anos.

"Não temos escolha, temos que fechar a torneira", diz François-Michel Lambert, presidente do Instituto de Economia Circular.

De Tel Aviv a Barcelona, as operações de coleta de lixo são abundantes, transformando-o em cestas, joias, ou outros itens de consumo.

Mas o esforço é insuficiente, segundo Lucie Courtial, da associação monegasca Plastic Med. Além disso, as expedições de barco podem "deslocar o problema", devido às suas altas emissões de carbono.

- De macroplásticos a nanoplásticos -

A coleta nas praias "pode fazer sentido antes que o plástico se disperse no mar", diz a cientista. Ainda assim, estas operações servem, sobretudo, para "alertar o público em geral".

No mar, algumas iniciativas recebem apoio científico, como o navio Ekkopol, empresa francesa que aluga seus serviços para o poder público local.

Em áreas altamente poluídas, este catamarã pode tratar até 1.000 metros cúbicos de água por hora, capturando resíduos e hidrocarbonetos com um filtro.

Na baía de Saint-Florent, na ilha francesa da Córsega, Eric Dupont, seu cofundador, apresenta uma garrafa esmagada, uma amostra de "resíduo altamente degradado que geralmente acaba enterrado, ou incinerado".

Para "cada macroplástico recuperado, há dezenas de milhares de microplásticos a menos", diz ele, enquanto mostra um pedaço de uma espuma expansiva amplamente utilizada na construção civil.

"Ela se degrada em pó e é muito tóxica, principalmente para o fitoplâncton", explica.

"O plástico representa uma ameaça física, biológica e química à fauna e à flora e permanece no meio ambiente por muito tempo, o que o torna mais nocivo e prejudicial do que outros materiais no mar", insiste Lucie Courtial.

O plástico é prejudicial como material onde se fixam outros contaminantes como hidrocarbonetos, mas também por causa de suas próprias substâncias químicas, principalmente quando se degradam em micro ou nanoplásticos menores que um milésimo de milímetro, "pequenos o suficiente para passar pelos tecidos" diz Galgani.

Nesse momento, já "não há como voltar atrás, porque uma vez no ecossistema não podem ser recuperados", alerta.

- "Balsas" -

De acordo com os primeiros estudos, algumas espécies são especialmente vulneráveis: 80% das tartarugas ingerem sacolas plásticas, as gorgônias (uma espécie de coral) são cortadas por linhas de pesca à deriva, ou mictofídeos engolem microplásticos na superfície.

O plástico está tão presente no Mediterrâneo que, em algumas partes, já se integrou ao ecossistema: as espécies de "neuston", um conjunto de organismos invisíveis que vivem na superfície da água, usam-no como espaços flutuantes para se reproduzir.

"Seu impacto é difícil de quantificar. É ingerido pela fauna, mas também favorece a multiplicação de uma fauna microbacteriana", afirma Lucie Courtial.

"Cerca de 24 trilhões de microplásticos flutuam na superfície dos oceanos, de um continente para o outro", descreve François Galgani. E essas "balsas de plástico", que transportam vírus pelas correntes, representam "um risco de desestabilizar os ecossistemas".

"É bastante perigoso, também para a saúde humana", garante.

Diante da estimativa de que 80% do plástico no mar seja proveniente dos continentes, ambientalistas e cientistas fazem campanha pela gestão de resíduos em terra, que é mais eficiente e menos dispendiosa do que recolhê-los no mar.

Mas o problema é que nas margens do Mediterrâneo não existe uma gestão homogênea de resíduos. Nos países mais pobres, "lixões a céu aberto ainda são a norma", lamenta Lucie Courtial.

- "Mundo sem plástico" -

A consultoria ambiental britânica SystemIQ estima que, para reverter a tendência, é necessário atingir 85%-90% de plástico reciclado em 2050, contra os atuais 35% na Europa.

Mas mesmo que acabem no local apropriado, Lucie Courtial lembra que, "com os resíduos de plástico, não há reciclagem, mas 'deciclagem': uma garrafa de leite pode virar um tubo, por exemplo, mas temos que reinjetar matéria-prima".

O diretor na França da associação Plastics Europe, Jean-Yves Daclin, destaca que existem "novas tecnologias de reciclagem química, que permitirão reciclar produtos que hoje não podem ser reciclados", ou mesmo "fabricar plástico a partir de carbono capturado na produção industrial".

No Mediterrâneo, são os plásticos de uso único, com embalagens de alimentos na liderança, que compõem a maioria dos resíduos.

Para François-Michel Lambert, que fez lobby como deputado na França pela proibição de sacolas plásticas e utensílios descartáveis, "imaginar um mundo sem plástico é tão difícil quanto imaginar o fim do mundo".

A embarcação humanitária da ONG SOS Mediterranée, Ocean Viking, resgatou neste domingo (26) 75 migrantes que estavam em "uma embarcação inflável sobrecarregada e em perigo" em águas líbias, aumentando para 90 o número de sobreviventes a bordo, indicou a ONG em comunicado.

Entre os resgatados neste domingo, "nenhum dos quais possuía coletes salva-vidas, estão 34 menores desacompanhados, quatro mulheres grávidas, oito crianças e um bebê de 9 meses", detalhou a ONG sediada em Marselha, no sul da França.

Na sexta, o Ocean Viking já havia resgatado 15 pessoas "que estavam em perigo em uma embarcação de fibra de vidro em águas internacionais em frente à Líbia", indicou a SOS Mediterranée. Estes resgatados também não levavam coletes salva-vidas.

Com a ação deste domingo, o número de resgatados a bordo da embarcação humanitária, fretada pela ONG em associação com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho, chega a 90.

Cerca de 17.000 pessoas cruzaram o Mediterrâneo Central desde o início deste ano, segundo Ministério do Interior italiano.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 1.553 pessoas perderam a vida ou desapareceram no Mediterrâneo em 2021.

O navio de resgate SOS Méditerranée resgatou 114 pessoas nesta quinta-feira (16), incluindo dois recém-nascidos, que viajavam a bordo de "um barco em dificuldades na costa da Líbia", para tentar chegar à Europa, disse a ONG.

“O resgate ocorreu em águas internacionais após uma noite inteira de buscas por esta embarcação em dificuldades”, informou a SOS Méditerranée, com sede em Marselha. Seu navio, Ocean Viking, opera em colaboração com a Federação Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho.

Entre os resgatados estão "30 menores, 26 deles desacompanhados" e dois recém-nascidos, o mais jovem com apenas 11 dias de idade, disse a porta-voz da ONG Meryl Sotty à AFP.

Em sua última missão, o Ocean Viking resgatou 314 migrantes no início de novembro. Após várias evacuações por motivos médicos, 306 puderam desembarcar no dia 11 de novembro em um porto da Sicília (sul da Itália).

Apesar da insegurança persistente, a Líbia continua sendo o principal ponto de passagem para dezenas de milhares de imigrantes que a cada ano procuram entrar na Europa através da Itália, a 300 quilômetros da costa da Líbia.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), quase 23.000 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo desde 2014 tentando chegar à Europa, incluindo mais de 1.600 desde o início de 2021.

O "Ocean Viking", um navio de resgate da ONG europeia SOS Méditerranée, resgatou outros 88 migrantes no mar nos últimos dias, depois de ter socorrido 44 pessoas na última quinta-feira, disse a organização no domingo.

Com um total de três operações desde quinta-feira, com quatro barcos resgatados, o "Ocean Viking" ajudou 132 pessoas no total, entre elas 9 mulheres e 40 menores, informou um porta-voz da SOS Méditerranée.

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Esses resgates, que ocorreram principalmente em uma zona de busca e salvamento perto de Malta, na costa da Líbia, incluíram três barcos de madeira e um de fibra de vidro, que tinham sido infiltrados por água e combustível.

Entre os resgatados estão líbios, sudaneses do sul, egípcios, gambianos, tunisianos e sírios.

Em 1º de maio, o "Ocean Viking" desembarcou na Sicília, na Itália, 236 migrantes resgatados do Mediterrâneo.

Depois, o navio passou várias semanas em um dique seco em Nápoles para fazer reparos.

Recentemente, a ONU solicitou que a Líbia e a União Europeia (UE) reformem suas operações de busca e resgate no Mediterrâneo, alegando que suas práticas atuais privam os migrantes de seus direitos e dignidade, quando não os levam à morte.

Desde o início de 2021, 866 migrantes perderam a vida tentando cruzar o Mediterrâneo para chegar à Europa, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM, uma agência da ONU).

A SOS Méditerranée afirma, por sua vez, ter ajudado mais de 30.000 pessoas desde fevereiro de 2016, primeiro com o navio "Aquarius" e depois com o "Ocean Viking".

O papa Francisco chamou, neste domingo (25), de "vergonha" o desaparecimento de 130 migrantes desde quinta-feira após um naufrágio no Mediterrâneo, e se declarou "muito entristecido por esta tragédia".

"Confesso que estou muito triste com a tragédia que, mais uma vez, ocorreu nos últimos dias no Mediterrâneo. Irmãos e irmãs, devemos nos questionar sobre esta enésima tragédia. É um momento de vergonha", disse o sumo pontífice aos fiéis após a oração Regina Coeli, na praça São Pedro do Vaticano.

A ONG SOS Méditerranée anunciou na quinta-feira que detectou perto da costa da Líbia dezenas de corpos ao lado de uma embarcação inflável, que naufragou com cerca de 130 migrantes a bordo.

"Cento e trinta migrantes morreram no mar, são pessoas, são vidas humanas que durante dois dias inteiros imploraram em vão por ajuda. Uma ajuda que não chegou", continuou o papa.

As ONGs humanitárias acusam os países da União Europeia de não quererem ajudar os imigrantes em perigo, mas também de impedirem as suas atividades de resgate.

De acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 453 migrantes morreram afogados no Mediterrâneo desde o início de 2021, a maioria deles na rota central que conecta as costas da Tunísia e da Líbia com as da Itália.

O chefe da diplomacia americana Mike Pompeo acusou nesta terça-feira (15) a Rússia de "ameaçar a estabilidade do Mediterrâneo" e de "semear o caos" nos países da região.

Em um comunicado, o secretário de Estado respondeu ao seu homólogo russo, Serguei Lavrov, "que acusou os Estados Unidos de fazer jogos políticos" na região. "O senhor Lavrov está claramente equivocado e tenta reescrever a história", disse.

"Na verdade, Estados Unidos trabalha de forma produtiva com os sócios regionais e apoia os processos políticos da ONU na Líbia", afirmou Pompeo em sua conta oficial no Twitter.

"Rússia, por sua vez, mina a política interna dos países do Mediterrâneo, apoia o ditador brutal da Síria [Bashar Al-Assad, ndlr] e alimenta o conflito na Líbia por meio de grupos aliados", acrescentou.

E ampliou no comunicado: "A Rússia continua ameaçando a estabilidade do Mediterrâneo usando várias técnicas para propagar desinformação, prejudicar a soberania nacional e semear o caos, os conflitos e a divisão nos países da região", acrescentou.

Pompeo denunciou o comportamento de Moscou na Líbia, Grécia e Síria, no mesmo dia em que o presidente russo Vladimir Putin parabenizou o democrata Joe Biden por sua vitória contra Donald Trump nas eleições de novembro.

O magnata republicano nunca conseguiu cumprir de fato sua promessa de melhorar as relações com Moscou ao tropeçar desde o início nas acusações da suposta interferência russa em sua vitória de 2016 e com a hostilidade da classe política dos Estados Unidos contra o Kremlin.

Vladimir Putin aguardou mais de um mês para felicitar Joe Biden por sua vitória eleitoral.

"Por mim, estou pronto para uma colaboração e para estabelecer contatos com você", disse Putin nesta terça-feira em um telegrama, de acordo com o Kremlin.

Um navio com quase cem migrantes, que tentam atravessar o Mediterrâneo da Líbia até a Europa, está à deriva e pode naufragar, alertou nesta segunda-feira (27) a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

"Cerca de 95 migrantes estão à deriva no Mediterrâneo central e podem se afogar após terem tentado fugir da Líbia", alertou em um tuíte a agência da ONU, que não forneceu mais detalhes.

"Os governos e as embarcações têm a obrigação legal e moral de responder a qualquer pedido de ajuda no mar", destacou a OIM.

Mais de 100.000 migrantes tentaram atravessar o Mediterrâneo em 2019 e mais de 1.200 perderam a vida em alto mar, segundo a ONU.

A chegada do verão e a melhora das condições marítimas favorecem um aumento das tentativas dos migrantes que fogem da Líbia, um Estado falido após a queda do regime de Muammar el Khadaffi.

A situação dos migrantes piorou ainda mais com o coronavírus e o início de uma ofensiva sobre a capital Trípoli de parte das tropas do general Khalifa Haftar, que controla o leste da Líbia e enfrenta o governo reconhecido pela ONU.

O número de migrantes que partem das costas da Líbia triplicou entre janeiro e abril de 2020, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a ONU.

O Mediterrâneo atravessa uma "tragédia" sem testemunhas, ofuscada pelo coronavírus, com cada vez mais migrantes que tentam entrar numa Europa que fecha seus portos e sem navios humanitários para resgatá-los, denunciam organizações internacionais e ONGs.

Quando a Europa se tornou o epicentro global da pandemia, apenas dois navios de resgate continuaram suas operações, mesmo depois que a Itália e Malta fecharam seus portos devido ao coronavírus no início de abril: o "Alan Kurdi" da ONG alemã Sea-Eye e o "Aita Mari", fretado por uma ONG basca.

Nas últimas semanas, houve poucos desembarques de migrantes, como alguns dias atrás, quando 79 pessoas atracaram na Itália, onde a questão migratória é delicada.

Na vizinha Malta, o primeiro-ministro Robert Abela está sob investigação após a morte de migrantes no mar. O Exército e as autoridades são acusados de não os terem ajudado.

Mas desde a semana passada, todas as operações de resgate foram interrompidas.

A guarda costeira italiana imobilizou O "Alan Kurdi" e o "Aita Mari" devido a problemas "técnicos". As ONGs denunciam uma manobra injustificada para "interromper suas missões de primeiros socorros".

- Partidas aumentam 290% -

"Se não houver resgate no mar e os países enrolarem para socorrer e desembarcar as pessoas, acabaremos com situações humanitárias bastante sérias", lamentou Vincent Cochetel, enviado especial para o Mediterrâneo central da Agência de Refugiados da ONU, que estima que o número de mortes na região desde janeiro seja de 179.

Uma situação particularmente delicada porque as partidas da costa da Líbia aumentaram 290%, ou seja, 6.629 tentativas entre janeiro e o final de abril, em comparação com o mesmo período do ano passado, e 156% da Tunísia, detalhou Cochetel.

"A existência ou não de navios no mar não influencia de maneira alguma as partidas; este período de coronavírus demonstrou isso para nós", apontou.

"Cerca de 75% dos migrantes na Líbia perdeu o emprego desde as medidas de confinamento, o que pode causar desespero", acrescentou.

Duas imobilizações de navios, "uma após a outra, levantam questões sobre o porquê", denunciou Sophie Beau, diretora-geral da SOS Mediterranean, uma ONG francesa que fretou o "Ocean Viking", um navio humanitário que, segundo ela, retornará ao mar "o mais rápido possível", apesar da "criminalização" das ONGs.

"É realmente dramático (...) e contradiz o direito marítimo internacional que insta o socorro a qualquer pessoa em perigo o mais rápido possível. Agora, como não há testemunhas, não sabemos a extensão da possível tragédia que está ocorrendo" no Mediterrâneo, protestou.

- "Naufrágios invisíveis" -

O Mediterrâneo central "continua sendo a rota de migração marítima mais perigosa do mundo e, no contexto atual, o risco de naufrágios invisíveis aumentou aos olhos da comunidade internacional", alertou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

"O período é muito complexo. Acumulamos dificuldades", diz Beau. "Gestão da epidemia, fechamento de portos e fronteiras... E além dessas limitações, a falta de um mecanismo coordenado", resumiu, referindo-se ao acordo entre os países europeus de distribuir migrantes após o desembarque, esboçado no final 2019 em Malta, mas que ainda não se materializou.

Em uma carta conjunta enviada à Comissão Europeia e à qual a AFP teve acesso, os ministros do Interior da França, Itália, Espanha e Alemanha pedem um "mecanismo de solidariedade" para "busca e salvamento" no mar.

Explicam que "atualmente um punhado de Estados-membros carrega um fardo excessivo, o que ameaça causar disfunção em todo o sistema".

Na pendência de um hipotético acordo europeu, e na ausência de navios humanitários, 162 migrantes estão atualmente bloqueados no mar em dois barcos turísticos.

Organizações internacionais e ONGs alertaram neste domingo sobre a situação de um barco com dezenas de migrantes a bordo que teria naufragado na costa de Malta.

A agência de controle de fronteiras europeia Frontex disse à AFP que um de seus aviões "decolaria [na segunda-feira] de manhã para procurar" o barco. A Frontex especificou em um comunicado que seria uma das quatro embarcações que havia detectado na sexta e no sábado.

A agência disse, ainda, que informou o caso às autoridades competentes, italiana, maltesa, líbia e tunisiana.

No sábado, a ONG alemã Sea-Watch International levantou preocupações sobre a situação de 250 migrantes navegando em quatro barcos.

Procuradas pela AFP, as autoridades maltesas e a Guarda Costeira italiana não deram nenhuma resposta.

O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) e a Organização Internacional para as Migrações (OIM) expressaram preocupação.

"Estamos muito preocupados. Parece que pelo menos um barco afundou e não houve mais contato com outro. Mas não temos confirmação das autoridades [de que ocorreu um naufrágio]", disse Carlotta Sami à AFP, porta-voz do ACNUR na Itália.

Flavio Di Giacomo, porta-voz da OIM, explicou à AFP que "na ausência de barcos presentes na área, é muito difícil no momento confirmar se ocorreu um naufrágio e o número de vítimas".

A Itália autorizou o desembarque em seu território de 182 migrantes socorridos no mar, na segunda decisão semelhante em uma semana após 15 meses de fechamento de seus portos a navios humanitários, anunciou neste domingo a organização não governamental SOS Mediterrâneo.

Esses migrantes haviam sido resgatados no mar há uma semana, na costa da Líbia, pelo Ocean Viking, um navio da SOS Mediterranean e pelo grupo humanitário Médicos Sem Fronteiras.

Em uma mensagem no Twitter, a SOS Mediterráneo informou que esses migrantes agora poderão desembarcar em Messina, na Sicília. A informação foi confirmada por fontes do Ministério do Interior italiano citadas pelo jornal La Stampa em sua edição eletrônica.

Enquanto esperam a Europa abrir as portas para os 356 migrantes que resgataram no Mediterrâneo, os socorristas do "Ocean Viking", único navio humanitário que ainda navega na zona, tiveram que renunciar a salvar mais pessoas que zarpam da costa da Líbia.

Os dez socorristas a bordo do navio fretado pelas ONGs SOS Méditerranée e Médicos sem Fronteiras (MSF) têm experiência como marinheiros, ou salva-vidas.

"Sem nenhuma das duas seria difícil estar aqui", reconhecem.

Com ar um tanto rebelde, o francês Tanguy, de 38 anos, é o homem de proa da equipe, treinado para andar e subir pela ponte, tudo segundo um protocolo meticuloso.

Assim que chegou à zona de busca e resgate em frente à costa da Líbia, em 9 de agosto, o navio "Ocean Viking", sucessor do "Aquarius", resgatou quatro botes infláveis lotados, com entre 80 e 100 pessoas a bordo cada, em quatro dias.

No último salvamento, em 12 de agosto, o bote de borracha azul estourou quando os socorristas chegaram para distribuir os coletes salva-vidas, levando uma dúzia dos 105 passageiros a se jogar na água.

Os migrantes que chegaram ao "Ocean Viking" informaram que uma balsa similar havia saído da Líbia ao mesmo tempo que eles, mas não foi encontrada.

Doze horas depois, o vento do norte levantou ondas de dois metros e meio.

- Sem fôlego -

Desde então, o "Ocean Viking" navega entre Malta e Itália. A zona dos naufrágios foi abandonada e, no melhor dos casos, é a Guarda Costeira líbia - o terror dos migrantes - que está encarregada de resgatá-los.

Uma ideia que os aterroriza, já que costumam enviar os sobreviventes, sistematicamente, para os centros de detenção da Líbia, que eles chamam de "prisões".

"O pior é que dois dos quatro barcos puderam ser resgatados, porque haviam sido descobertos com binóculos", contou Nicholas Romaniuk, coordenador anglo-canadense das operações de resgate.

Ao chegar à zona de resgate, ordenou-se uma tarefa implacável de observação com binóculos 24 horas por dia.

Na ausência de um centro de coordenação efetiva dos resgates marítimos por parte de Trípoli, a observação permanente é indispensável e mais confiável do que qualquer sonar para detectar embarcações.

As outras duas embarcações foram localizadas, graças ao voo de aviões europeus.

- Mais afogados, menos migrantes -

Durante os últimos dez dias, os socorristas deixaram de estar na passarela para vigiar os náufragos. Agora, passam mais tempo na ponte, ajudando os voluntários da MSF a distribuir as porções de chá e comida, organizando a hora de dormir entre homens e mulheres e garantindo a paz entre cerca de 300 jovens exaustos e com pouca paciência.

"Estamos acostumados a acompanhar as pessoas até o desembarque, mas antes durava uns dois, ou três dias", afirma Tanguy, que acrescenta com voz baixa: "É que, quanto mais afogados, há menos migrantes...".

"Não acredito que os governos decidam isso, mas é o resultado de sua política", diz.

"Para mim, é como ter um paciente na ambulância, e o hospital se nega a recebê-lo. De modo que você tem que ir cada vez mais longe, a Milão, Berlim, Moscou... E assim, você não está fazendo seu trabalho", resume Alessandro, um paramédico da Cruz Vermelha, que sente "mais tristeza do que frustração".

"Sugam sua energia", desabafou.

Portugal anunciou nesta quinta que está "disposto" a acolher 35 migrantes do barco.

Sam Turner, chefe da missão da MSF na Líbia, denunciou a prolongada ausência de navios humanitários nessa zona do Mediterrâneo.

"Além destas pessoas continuarem sofrendo por uma estada prolongada no mar, outras continuam morrendo, porque somos impedidos de ajudá-las", lamentou.

Segundo estimativas da Guarda Costeira líbia, "aproximadamente metade dos barcos que partem se perde no mar, e centenas de pessoas desaparecem sem deixar rastro".

A Bienal de Veneza começará no sábado como um convite para refletir sobre as migrações, um dos fenômenos do século XXI. A partir desta terça-feira (7) já é possível ver os restos do maior naufrágio no Mediterrâneo e uma instalação em referência ao muro entre o México e os Estados Unidos.

Os destroços da embarcação do maior naufrágio do Mediterrâneo, ocorrido em abril de 2015, no qual cerca de 800 imigrantes perderam a vida no Canal da Sicília, permanecerão ancorados nas águas do Arsenal, imenso estaleiro veneziano onde se exibem obras de arte de artistas renomados de todo o mundo, em homenagem à memória e aos imigrantes que fogem de suas terras em busca de refúgio e uma vida melhor.

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"Os restos foram instalados em um lugar calmo, longe do barulho, um convite ao silêncio e à reflexão", explicou à imprensa o presidente da Bienal, Paolo Baratta.

Sob o título "Barca Nostra", o artista suíço Cristoph Buchel, solicitou autorização do Ministério da Defesa italiano, ao Comitê em 18 de abril, que representa as vítimas, e ás autoridades da cidade siciliana de Augusta, para expô-los por um ano em Veneza. Depois esses destroços retornarão à Sicília para fazer parte do "Jardim da Memória", um monumento coletivo sobre a migração.

O navio pesqueiro de madeira, que quase perdeu as cores azul e vermelha e que tinha capacidade para apenas 20 pessoas, percorreu em uma balsa o grande canal de Veneza com o imenso buraco visível que provocou seu dramático colapso. A imagem pareceu surreal entre os elegantes palácios bizantinos e as pontes da bela cidade de Marco Polo.

A recuperação a 370 metros de profundidade, em uma operação que custou cerca de nove milhões de euros ao Estado italiano, permitiu recuperar um elevado número de corpos que haviam ficado presos na vinícola.

"É um símbolo universal", disse o jornal local, Il Gazzettino, que lembrou a equipe de médicos coordenados pela doutora Cristina Cattaneo, que identificou muitos corpos com o desejo de dar-lhes uma identidade. Na jaqueta de um dos corpos, descobriu costurado no bolso as qualificações de uma escola de um menino africano. Foi o seu passaporte para o primeiro mundo.

- Muros e naufrágios -

Essa não será a única obra ou instalação dedicada aos dramas do mundo moderno exibida na competição veneziana. Sob o título "Que você viva em tempos interessantes", o curador da Bienal, o norte-americano Ralph Rugoff, convidou 79 artistas para dar sua visão dos tempos em que vivemos.

O trabalho da mexicana Teresa Margolles, sobre a violência em seu país desencadeada pelo narcotráfico, gera impotência, raiva e indignação.

A artista expõe um de seus muros em Ciudad Juárez, formado por blocos de cimento de uma escola, com buracos onde quatro pessoas foram baleadas. Um muro com arame farpado, uma clara alusão ao "muro de Trump" contra os imigrantes e o que isso implica.

Surpreendem, ainda, as obras com forte conteúdo social, impregnadas de pensamentos críticos, como a do coreano Lee Bul, com uma instalação dedicada a outro naufrágio, ocorrido em 2014 em Sewol, nas águas da Coreia do Sul, quando 304 estudantes morreram. A montanha de trapos velhos que se inflam representa dor, medo, perplexidade e impotência.

"Nestes tempos, a arte desempenha um papel fundamental", explicou Rugoff, ilustrando os sacos de lixo preto de mármore do artista albanês Andreas Lolis colocados na entrada principal do pavilhão Central.

O papa Francisco falou, neste domingo (20), das "duas dores" que tem em seu coração, referindo-se às vítimas do atentado na Colômbia esta semana e aos imigrantes mortos no Mediterrâneo recentemente.

"Tenho duas dores no coração: Colômbia e o Mediterrâneo", desabafou o papa na tradicional oração do Ângelus, em Roma.

"Quero expressar meu apoio ao povo colombiano depois do ataque terrorista de quinta-feira passada contra a Escola Nacional de Polícia", afirmou.

"Rezo pelas vítimas e por suas famílias e continuo rezando pelo caminho da paz na Colômbia", acrescentou ele, que viaja esta semana para o Panamá para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ).

Na quinta-feira, um atentado atribuído ao Exército de Libertação Nacional (ELN) matou 20 jovens estudantes de uma academia de polícia em Bogotá e deixou cerca de 70 feridos.

Francisco também evocou as 170 pessoas que morreram no Mediterrâneo recentemente.

O número de migrantes mortos no Mar Mediterrâneo caiu 28% em 2018, situando-se em 2.262, enquanto 113.482 conseguiram chegar na Europa por via marítima, informou a ACNUR.

Em 2017, 3.139 migrantes morreram ou foram dados como desaparecidos no Mar Mediterrâneo e 172.301 conseguiram chegar à Europa, de acordo com números divulgados pela Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em seu site.

O número de chegadas caiu drasticamente em relação ao boom de 2015, quando mais de um milhão de migrantes atingiram as costas europeias.

Se somados os quase 7.000 migrantes registrados nos enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla, que estão em território africano, tem-se um total de 120.205 pessoas chegadas na Europa em 2018.

A Espanha se tornou no ano passado a principal porta de entrada para a Europa, com 55.756 chegadas por via marítima (em comparação com 22.103 em 2017).

A Itália, onde o governo anti-imigração fechou seus portos para navios humanitários este verão, registrou 23.371 chegadas no ano passado, uma queda significativa em relação a 2017 (119.369).

A Grécia, que também foi um dos principais países de entrada no Velho Continente, contabilizou 32.497 chegadas em 2018.

Os migrantes vêm principalmente da Guiné (13.068 pessoas), Marrocos (12.745) e Mali (10.347). A Síria ocupa a quarta posição, seguida pelo Afeganistão e pelo Iraque.

A recepção dos migrantes resgatados no mar causou uma crise diplomática europeia no ano passado, depois que a Itália fechou seus portos e vários navios tiveram que vagar pelo mar em busca de um porto para recebê-los.

Cada caso foi resolvido graças a acordos pontuais entre países europeus que dividiram os migrantes recuperados pelos navios humanitários. A Espanha e Malta abriram seus portos para que essas pessoas pudessem desembarcar.

"Em 2019 é essencial acabar com o enfoque atual de 'navio por navio'", estimou no domingo a ACNUR, que exortou os Estados a "lançar um mecanismo regional que dê aos capitães das embarcações diretivas claras e previsíveis sobre o lugar onde os refugiados e migrantes resgatados no Mediterrâneo podem desembarcar".

As autoridades de La Valletta autorizaram na quarta-feira a entrada em águas maltesas de dois barcos de ONGs alemãs com 49 migrantes resgatados no Mar Mediterrâneo, devido à deterioração das condições a bordo.

Duas mil pessoas já morreram tentando atravessar o mar Mediterrâneo este ano, de acordo com a Agência de Refugiados da ONU (ACNUR). Ainda de acordo com a organização, o Mediterrâneo é a rota marítima que mais mata refugiados e migrantes há anos.

Aproximadamente 100 mil candidatos a asilo e migrantes chegaram à Europa este ano, todavia os dois mil afogamentos significam que o número de mortes, principalmente no Mediterrâneo Central, aumentou de maneira preocupante.

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Mais da metade da mortes registradas aconteceu em trajetos para a Itália, mesmo que a Espanha tenha se tornado o principal destino. Cerca de 48 mil pessoas chegaram à Espanha por via marítima, em comparação com 22 mil na Itália e 27 mil na Grécia.

 

Os serviços de resgate da Espanha anunciaram nesta terça-feira (24) terem resgatado no Mediterrâneo quase 500 pessoas que tentavam chegar à costa espanhola a bordo de 30 barcos.

O Salvamento Marítimo informou no Twitter que socorreu 484 pessoas no estreito de Gibraltar e no Mar de Alborão, entre Espanha e Marrocos.

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 18.653 imigrantes chegaram à costa da Espanha entre o início do ano e 18 de julho passado.

Os emigrantes procediam especialmente dos países da África subsaariana, como Guiné, Mali e Mauritânia, além do Marrocos.

Ao menos 294 pessoas morreram tentando chegar à Espanha este ano, do total de 1.489 óbitos no Mar Mediterrâneo, segundo a OIM.

A Espanha aceitou em junho acolher 630 imigrantes que chegaram a bordo de três navios, entre eles o barco humanitário 'Aquarius', que Itália e Malta haviam rejeitado.

No dia 4 de julho, um barco da ONG espanhola Proactiva Open Arms atracou em Barcelona com 60 emigrantes resgatados diante da costa líbia, após a Itália se negar a aceitá-los.

O papa Francisco fez neste domingo (22) um novo apelo para a comunidade internacional agir contra as recorrentes mortes de refugiados e migrantes forçados no Mediterrâneo, que atingiram em junho o número mensal mais alto desde novembro de 2016.

"Caros irmãos e irmãs, chegaram nas últimas semanas dramáticas notícias de náufragos de barcos carregados de migrantes nas águas do Mediterrâneo. Exprimo minha dor frente a tais tragédias e asseguro para os desaparecidos e suas famílias minha lembrança e minha oração", declarou.

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Em seguida, Francisco se dirigiu à comunidade internacional, a quem pediu que aja com "decisão e prontidão" para evitar que "tais tragédias se repitam e para garantir a segurança, o respeito dos direitos e a dignidade de todos".

Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), 629 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo em junho passado, o maior número desde novembro de 2016, quando foram registradas 718 fatalidades.

Ainda assim, no acumulado do ano a quantidade de mortes no Mediterrâneo tem queda de 37,4% em relação ao mesmo período de 2017 (1.490 contra 2.382). Em 2018, 74,3% das mortes e desaparecimentos na região aconteceram no Mediterrâneo Central, entre as costas de Líbia e Tunísia e da Itália. 

Da Ansa

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