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O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), defendeu nesta quarta-feira (23) a legitimidade do Ministério Público na execução das multas de réus condenados no processo do mensalão. O julgamento foi interrompido depois de pedido de vista do ministro Edson Fachin.

Na sessão extraordinária do STF, os ministros do STF discutiram quem é a autoridade competente para a execução de multa decorrente do processo do mensalão - o Ministério Público ou a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional.

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"O fato de a lei se referir à dívida de valor não retirou o caráter de pena, ela também é dívida de valor, mas é essencialmente uma pena de natureza criminal, e por isso eu penso que é prioritária a legitimação do Ministério Público para a sua cobrança", disse Barroso, relator das execuções penais do mensalão no STF.

Em seu voto, Barroso sustentou que o Ministério Público é o órgão legitimado para promover a execução da pena de multa perante a vara de execução criminal. No entanto, caso o titular da ação penal devidamente intimado não proponha a execução da multa no prazo de 90 dias, o juiz da execução criminal deverá dar ciência do feito ao órgão competente da Fazenda Pública, para a respectiva cobrança na própria vara de execução fiscal.

Estratosférico

Até agora, já foram recolhidos R$ 12 milhões em multas de réus do mensalão, segundo Barroso. "Em outros tempos pareceria dinheiro relevante, hoje em dia não impressiona. Os números da Operação Lava Jato são tão estratosféricos que nada parece relevante hoje em dia", comentou o ministro, ao comparar a quantia arrecadada com as multas aos valores desviados no esquema de corrupção instalado na Petrobras.

No julgamento, o ministro Dias Toffoli acompanhou o entendimento de Barroso, enquanto que Marco Aurélio Mello abriu a divergência, defendendo a competência da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Não há previsão de quando a discussão será retomada no STF.

Mais uma declaração feita, nesta segunda-feira (14), expõe de forma negativa o ex-presidente Lula. Em uma entrevista concedida a uma rádio, o ex-senador Delcídio do Amaral declarou que Lula era atuante e acompanhava tudo o que acontecia na Petrobras. “O Lula nunca sabe de nada, né? No Mensalão também(...)Ele era um presidente protagonista, atuante”, disparou.

“Ficou muito claro quem era quem no processo do Mensalão e na Petrobras isso ficou muito claro. Dizer que isso começou agora, não é verdade. Corrupção, Caixa 2, não é privilégio do PT, isso já existia, mas, no caso do governo Lula, a Petrobras teve uma participação muito mais ampla no governo. Era política de Estado então, naturalmente, exigia um acompanhamento muito mais próximo de um presidente e dos seus ministros”, acrescentou.

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Sobre a ação de danos morais que os advogados do ex-presidente protocolou contra o ex-senador, na última sexta-feira (11), Delcídio disse que é uma estratégia deles já esperada. “Batendo na tese de vitimização e tentando desqualificar, mas, nós já esperávamos esse tipo de atitude. Não é nenhuma novidade”.

Na ação, a defesa de Lula alega que o ex-líder do governo de Dilma no Senado “em delação ter mentido ao dizer que Luiz Inácio Lula da Silva agiu para obstruir a Justiça”. O petista quer R$ 1,5 milhão.

 

 

 

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, autorizou a progressão de regime do publicitário Cristiano de Mello Paz, ex-sócio do empresário Marcos Valério, ambos condenados no julgamento do mensalão. Condenado a 23 anos, 8 meses e 20 dias de reclusão em regime fechado por peculato, corrupção ativa e lavagem de dinheiro, Cristiano de Mello Paz agora vai para o regime semiaberto.

Na avaliação de Barroso, foram preenchidos os requisitos para a progressão do regime prisional, conforme disposto na Lei de Execução Penal. Segundo a legislação, a pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena e apresentar bom comportamento.

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De acordo com parecer elaborado pelo Ministério Público Federal, o publicitário ganhou o direito à progressão de regime em julho deste ano, quando cumpriu um sexto da pena. Cristiano está preso numa unidade prisional em Nova Lima, Minas Gerais.

Multa

No julgamento do mensalão, o publicitário foi condenado a pagar R$ 2,6 milhões, mas sua defesa alega que ele não tem capacidade econômica de arcar com esse valor.

"Sem prejuízo disso, deixo consignado que por ocasião de eventual preenchimento dos requisitos para a progressão para o regime aberto, a questão do inadimplemento da multa voltará a ser apreciada com o devido rigor", escreveu Barroso em seu despacho, assinado na última quinta-feira, 3.

Ao aceitar o pedido para o publicitário ir para o regime semiaberto, o ministro destacou que sejam observadas "as condições a serem impostas pelo juízo delegatário desta execução penal, tendo em vista o procedimento geral utilizado para os demais condenados que cumprem pena na Comarca de Nova Lima/MG".

Perdão

O ministro negou ainda os pedidos de indultos apresentados pela defesa dos empresários Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg, também no julgamento do mensalão. Ao negar o perdão da pena, Barroso destacou que os empresários ainda não terminaram de pagar suas multas.

Filha do ex-presidente do PT e condenado pelo caso do Mensalão José Genoino, Murina Genoino lançou uma campanha online para arrecadar fundos para a publicação de um livro que contará como foi o relacionamento dele com a família durante o período em que ficou na cadeia. 

Genoino foi preso em 15 de novembro de 2013, após ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a uma pena de 4 anos e 8 meses por corrupção ativa. Em março do ano passado ele teve a pena extinta após um indulto natalino. 

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Segundo Murina, o livro vai reunir uma série de cartas que ela enviou para Genoino durante o intervalo de tempo em que esteve recluso, além de relatos sobre o contexto familiar. A expectativa dela é de reunir R$ 87,5 mil para a publicação do documento. Em três dias de campanha, 936 pessoas doaram um valor R$ 62,2 mil. 

Tratando sempre a condenação pelo Mensalão como “injustiça”, o livro sobre Genoino será chamado de “Felicidade fechada”. A previsão é de que seja lançado em março de 2017 em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. 

O Supremo Tribunal Federal está mudando, aos poucos, algumas convicções do ministro Dias Toffoli. Uma delas é achar que mais liberdade e menos proibição é melhor para todos. "A proibição leva à corrupção, a liberdade leva ao controle", disse, em entrevista ao Estado. "Eu penso num Estado menos intervencionista, com uma sociedade mais livre. Quanto mais a sociedade não depender do Estado, melhor."

Lembrou que era mais de esquerda, mas que se tornou mais liberal ao entrar para a Corte: "Eu tinha uma formação católica social de esquerda - e continuo com ela. Mas me tornei mais liberal. Esse tanto enorme de processos judicializados talvez fosse desnecessário se houvesse menos Estado e mais sociedade civil".

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A Operação Lava Jato, disse, está em ritmo adequado de tramitação no STF, devido a sua complexidade, e enquadrada nas leis. "Jamais existiria a Lava Jato se não houvesse as leis aprovadas nos últimos anos pelo Congresso Nacional, e sancionadas pelos últimos presidentes da República."

Questionado se algo na Lava Jato o incomoda, Toffoli respondeu que "existem meios jurídicos de tentar combater os excessos que possam ocorrer nessa operação. Não se pode falar que é golpe, exceção, que não é o juiz natural. Isso está tudo dentro do Estado Democrático de Direito."

Em resposta à crítica feita na terça-feira passada pelo ministro Teori Zavascki de "espetacularização" na apresentação da denúncia contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que "aquilo foi uma manifestação dele, que tem mais conhecimento sobre o caso", e reiterou que é melhor um Estado Democrático de Direito do que um regime de exceção. "Aqueles que se sentirem prejudicados com algum tipo de excesso vão ter a justiça para se socorrer. A mim, não causa espécie."

O chamado mensalão, ou Ação Penal 470, entrou na conversa quando o ministro observou que, às vezes, as coisas parecem não ter fundamento, mas, vistas de perto, têm. Citou o caso do ex-deputado federal José Genoino, que condenou. "Muita gente achava óbvio absolver o Genoino", disse. "Eu trabalhei com ele, que foi meu chefe na liderança do PT, era um parlamentar admirado por muita gente, tínhamos uma relação. Eu votei pela condenação, porque tinha provas contra ele." E no caso do ex-ministro José Dirceu, por ele absolvido? "Para a maioria dos colegas da Corte, o Zé Dirceu era culpado. Mas eu avaliei que não tinha prova." E acrescentou: "Eu tenho de julgar de acordo com o que está nos autos e nas provas, e não pelo meu desejo".

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro na segunda-feira, 19, o empresário Ronan Maria Pinto negou relação com o PT e com o operador do mensalão Marcos Valério. Ele também negou que os R$ 6 milhões que recebeu da Remar Agenciamento e Assessoria tinham relação com empréstimo do Banco Schahin ao PT via José Carlos Bumlai.

Na versão do empresário, o valor recebido da Remar foi por empréstimo firmado com a empresa. "Não conversei com ninguém do PT sobre esse empréstimo (com a Remar)." Para a Lava Jato, porém, a operação envolvendo o empresário de Santo André foi parte de triangulação para lavar o dinheiro que teria sido obtido pelo PT no Banco Schahin.

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O Ministério Público Federal voltou à Papuda para verificar as condições em que cumpre pena o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, condenado a 12 anos e sete meses de prisão no processo do Mensalão.

Foi a quarta vez que procuradores da República inspecionaram o Centro de Detenção Provisória da Papuda, em Brasília, seguindo o compromisso assumido com a Itália de acompanhar o cumprimento da pena de Pizzolato.

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A nova inspeção ocorreu na terça-feira, 30.

Depois de condenado na Ação Penal 470 por peculato, lavagem de dinheiro e corrupção passiva, Pizzolato fugiu para a Itália. Em 23 de outubro de 2015, ele foi extraditado para o Brasil. Pizzolato tem dupla cidadania e foi o primeiro italiano entregue ao Brasil para cumprir pena aqui.

Segundo a Procuradoria, em todas as inspeções na Papuda "verificou-se que as condições da unidade atendem aos padrões exigidos pela legislação".

Além de representantes da Secretaria de Cooperação Internacional do Ministério Público Federal, a Embaixada da Itália participou da visita.

A inspeção teve o apoio da Subsecretaria do Sistema Penitenciário (Sesipe) e da Diretoria do CDP da Papuda.

Os procuradores vão elaborar um relatório a ser encaminhado aos órgãos envolvidos na execução penal e às autoridades italianas.

A primeira inspeção ocorreu em 10 de novembro de 2015; a segunda, em 19 de janeiro de 2016; e a última em 11 de maio.

Antes da chegada de Pizzolato ao Brasil, o Ministério Público Federal conduziu uma vistoria detalhada "para se certificar de que as condições da Papuda eram adequadas para receber o extraditando e respeitar seus direitos fundamentais".

O comando da Aeronáutica decidiu cassar a condecoração concedida ao ex-ministro José Dirceu e ao ex-presidente do PT José Genoino, condenados no julgamento do mensalão. A decisão, assinada pelo comandante Nivaldo Rossato, foi publicada no último dia 18 no Diário Oficial da União e atendeu a um pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

Os dois tiveram as condecorações suspensas com base em um decreto de 2000, assinado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que exclui das honrarias aquelas pessoas foram condenados em qualquer foro ou que tiverem seus direitos políticos perdidos ou suspensos.

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Dirceu perdeu o grau de grande-oficial. E Genoino, de comendador. Em julho, a Marinha já havia retirado condecorações de ambos e de outros três ex-deputados condenados no mensalão: João Paulo Cunha (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Valdemar Costa Neto (PR-SP).

Após receber o aval para cumprir a pena do mensalão em casa, Dirceu voltou a ser preso por conta das investigações da Operação Lava Jato. Em maio deste ano, ele foi condenado a 23 anos e três meses de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e organização criminosa pela participação no esquema de corrupção da Petrobras.

Genoino, por sua vez, foi condenado por corrupção ativa no mensalão e a uma pena de quatro anos e oito meses de prisão. Ele foi preso em 15 de novembro de 2013. No ano passado, recebeu perdão judicial com base no benefício do indulto de Natal aprovado pela presidente afastada Dilma Rousseff.

O Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região confirmou nesta terça-feira, 27, a decisão que condenou o ex-deputado José Genoino (PT-SP), o ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, o empresário Marcos Valério e outros quatro ex-dirigentes do banco BMG por envolvimento em um esquema de lavagem de dinheiro.

O processo é um braço do mensalão que foi desmembrado pelo ex-ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, e tramitava na Justiça de Minas. Na denúncia, apresentada em 2006, o Ministério Público Federal afirmou que a liberação de recursos pelo BMG ao PT e às empresas ligadas a Valério se deu de maneira irregular porque a situação financeira dos tomadores era incompatível com o valor emprestado e as garantias, insuficientes.

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Com relação a Genoino, a pena foi reduzida de 4 para 2 anos, 10 meses e 20 dias a ser cumprida em regime aberto. A ele é atribuído o crime de falsidade ideológica por simular empréstimos para camuflar dinheiro ilegal para o PT, que presidia à época.

O advogado de Genoino, Claudio Alencar, disse que vai recorrer da decisão. "No final prevaleceu a tese de que os empréstimos foram simulados, mas isso não é verdade. Todos foram quitados pelo PT", disse. Ele afirmou que não houve determinação do tribunal para que a pena seja cumprida imediatamente.

Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, que defende os ex-diretores do BMG, também disse que irá recorrer da decisão. O mesmo fará Marcelo Leonardo, advogado de Marcos Valério, que ressalta o fato de algumas penas terem sido reduzidas pelo tribunal. A reportagem não localizou a defesa de Delúbio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Justiça de Minas Gerais determinou a suspensão do andamento do processo conhecido como mensalão mineiro no Tribunal de Justiça do Estado. A decisão foi a pedido da defesa do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, réu na ação.

A justificativa foi que, para que o processo continuasse, seria necessário esperar decisão sobre pedido de delação premiada feito por Valério ao Ministério Público de Minas no processo sobre esquema de financiamento ilegal da campanha à reeleição do ex-governador tucano Eduardo Azeredo em 1998. Por envolver políticos com foro privilegiado, o pedido de delação precisa ser aceito também pela Procuradoria-Geral da República, o que não tem data para ocorrer.

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A suspensão ocorreu no dia 1.º de julho. Azeredo já foi condenado a 20 anos de prisão no mensalão mineiro em ação que tramitou separadamente. Valério cumpre pena no mensalão federal. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reconsiderou sua posição sobre a pena do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no mensalão e enviou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma manifestação em que sugere a extinção da punição contra ele no caso.

A mudança de posição tem como base o decreto do indulto de Natal assinado pela presidente afastada Dilma Rousseff no ano passado.

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A prisão de Dirceu na Lava Jato ainda quando ele cumpria pena no mensalão indica falta disciplinar grave, o que o impediria de ter a primeira condenação perdoada. Na reavaliação, no entanto, Janot aponta que a má conduta do ex-ministro teria ocorrido antes do período previsto no decreto de indulto de Natal do ano passado.

Os crimes na Lava Jato teriam sido praticados até 13 de novembro de 2013, quando Dirceu já havia sido condenado no mensalão. O decreto do indulto, no entanto, impede o perdão da pena apenas a condenados que tenham cometido falta grave entre 25 de dezembro de 2014 e 25 de dezembro de 2015. Ou seja, para Janot, a regra impede que a má conduta de Dirceu seja motivo de sanção.

"É certo que, para efeitos de concessão de indulto, esta prática delitiva (falta disciplinar grave) não obsta do reconhecimento do direito ao benefício" escreve Janot.

A defesa de Dirceu já havia pedido ao STF o reconhecimento do indulto em favor dele. Mas a solicitação foi rejeitada pelo ministro Luis Roberto Barroso com base na primeira manifestação de Janot sobre o assunto, contrária a concessão do benefício.

Por causa da Lava Jato, Dirceu foi condenado em maio deste ano pelo juiz Sérgio Moro a 23 anos e três meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele está preso em Curitiba desde agosto de 2015 e cumpria prisão em regime domiciliar, decorrente da pena no mensalão, quando foi detido pela Polícia Federal acusado de envolvimento no caso Petrobras.

A defesa de Marcos Valério Souza disse que o lobista afirmou, no depoimento que prestou nesta terça-feira, 21, em Belo Horizonte, que se comprometeu a corroborar trechos da delação feita pelo senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) à Operação Lava Jato. Segundo o advogado de Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, o material será compartilhado com o Ministério Público Federal (MPF) por envolver políticos com foro privilegiado.

"O nosso acordo é que vamos chamar já um representante do MPF. Vai compartilhar, vai ser ouvido junto. Aquilo que for de competência da Justiça Federal o MPF vai tomar para ele. O que não for, vai ficar com o MP estadual", disse o advogado.

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Segundo fontes que participam das negociações, Valério teria prometido entregar documentos sobre o mensalão mineiro, gênese do mensalão federal, que envolve nomes importantes do PSDB como o ex-governador de Minas Gerais (1995-1999) e ex-presidente nacional da legenda Eduardo Azeredo, condenado a 20 anos e dez anos de prisão pelos crimes de lavagem de dinheiro e peculato. Valério está preso desde 2013, condenado por envolvimento no mensalão federal.

Delcídio, que foi relator da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobrás, em 2014, disse em delação à Procuradoria-Geral da República, que o senador Aécio Neves (PSDB-MG), teria atuado dentro da comissão para beneficiar o Banco Rural, pivô tanto do mensalão mineiro quanto do mensalão federal.

Segundo Delcídio, quando a comissão determinou a quebra de sigilo do Banco Rural, utilizado para a lavagem de dinheiro do esquema, "curiosamente" começou a surgir "um certo incômodo por parte do PSDB". Um dos incomodados seria Aécio, que teria enviado emissários para pedir a prorrogação da quebra de sigilos do banco.

Delcídio, disse que posteriormente o próprio Aécio, na sede do governo de Minas, teriam lhe dito que o tempo extra foi uma estratégia para "maquiar" os dados do Banco Rural que "atingiriam em cheio as pessoas de Aécio Neves e Clésio Andrade, governador e vice-governador de Minas Gerais (na época)". Azeredo é o único tucano condenado pelo mensalão mineiro. Aécio não foi investigado.

Dados

A delação de Delcídio, contudo, sugere que o esquema teria ido além da campanha de Azeredo. "A maquiagem consistiria em apagar dados bancários, comprometedores que envolviam Aécio Neves, Clésio Andrade, a Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Marcos Valério 'e companhia'".

Segundo o jornal O Tempo, de Belo Horizonte, Valério teria prometido aos promotores mineiros entregar os originais dos contratos com o Banco Rural que comprometeriam os tucanos, além de confirmar a delação de Delcídio. "Algumas coisas que o Delcídio falou ele vai confirmar", disse o advogado de Valério.

O empresário cumpre pena de 40 anos de prisão no complexo penitenciário Nelson Hungria, em Contagem (MG). De acordo com o advogado, seu objetivo é conseguir uma transferência para uma cadeia da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac), onde o regime é menos duro. "Umas das coisas (que Valério pede) seria a transferência para uma Apac", disse Kobayashi.

Aécio, por meio de sua assessoria, voltou a negar as declarações de Delcídio, disse desconhecer o teor do depoimento de Valério, cobrou provas das acusações e afirmou que sua inocência será comprovada pelas investigações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O empresário Marcos Valério Fernandes de Souza prestou depoimento nesta terça-feira, 21, por cerca de três horas à promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Minas Gerais. Operador do esquema que ficou conhecido como mensalão mineiro, o empresário negocia delação premiada dentro do processo que apura o escândalo, iniciado na gestão de Eduardo Azeredo (PSDB) como governador de Minas Gerais, entre 1995 e 1998. Marcos Valério atuou em esquema semelhante no chamado mensalão do PT, pelo qual cumpre pena de 37 anos na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.

Na quinta-feira, 16, o advogado de Marcos Valério, Jean Robert Kobayashi Júnior, confirmou a tentativa de delação premiada com o Ministério Público. Conforme o representante do empresário, Valério "tem muito o que falar sobre pessoas de vários partidos". Pedidos de delação só são aceitos quando podem contribuir de forma decisiva para as investigações. A promotoria ainda não se posicionou se irá ou não fechar o acordo com Marcos Valério. Caso aceite o pedido, a troca pode ser a redução de pena ou transferência de local de cumprimento de pena.

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Entre os já condenados no mensalão mineiro em primeira instância está o ex-governador Eduardo Azeredo. A pena é de 20 anos e 10 meses de prisão por peculato e lavagem de dinheiros. No esquema, recursos de estatais mineiras eram desviados por intermédio de empresas de publicidade de Marcos Valério. Pelo menos R$ 3,5 milhões saíram dos cofres públicos dessa forma e, segundo as investigações, abasteceram caixa 2 da campanha tucana pela reeleição ao Palácio da Liberdade em 1998. Na disputa, Azeredo foi derrotado por Itamar Franco, à época no PMDB.

Em mais uma tentativa de fechar um acordo de delação premiada, o operador do mensalão Marcos Valério entregou na semana passada ao Ministério Público do Estado de Minas Gerais uma proposta de colaboração para revelar novos detalhes sobre os escândalos do mensalão do PSDB e do PT. O advogado Jean Robert Kobayashi Júnior, escalado para negociar a proposta, afirma que Valério deve entregar cerca de 20 nomes, incluindo parlamentares com foro privilegiado de diversos partidos, e nomes envolvidos nos escândalos investigados na Lava Jato, a quem a defesa de Valério encaminhou uma proposta de colaboração no ano passado.

Há três anos preso na região metropolitana de Belo Horizonte, Valério pegou a maior pena entre os condenados no histórico julgamento do STF e cumpre 37 anos de prisão por corrupção ativa, peculato, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A interlocutores, ele tem dito que "cansou de apanhar" e que "agora vai começar a bater". Valério está na penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, onde trabalha para descontar dias de sua pena.

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A expectativa dele era de conseguir ir para o regime semiaberto em um ano e meio, mas ele ainda está prestes a ser julgado por envolvimento no mensalão mineiro, pela Justiça estadual, e também já foi alvo de uma denúncia da Lava Jato perante o juiz Sérgio Moro, em Curitiba, o que pode, na prática, impedir que ele deixe o regime fechado. Seu interrogatório na ação penal que responde no mensalão mineiro está marcado para o dia 1º de julho.

Diante disso, no ano passado, a defesa de Valério, sob responsabilidade do criminalista Marcelo Leonardo, encaminhou uma proposta de delação à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, que avalia os termos. Agora, com um advogado somente para a negociar a colaboração, o operador do mensalão promete contar mais detalhes também sobre o esquema operado por ele que financiou o caixa dois da campanha à reeleição do ex-presidente do PSDB Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 1998 e que pode também ter envolvido outras pessoas e políticos na década de 1990. Como o mensalão mineiro é investigado pela Justiça Estadual, essa nova proposta foi encaminhada ao Ministério Público do Estado.

A lei que define as organizações criminosas (12.850, de 2013) estabelece que a colaboração com a Justiça pode ser feita a qualquer tempo e independe de uma condenação anterior, desde que a colaboração resulte em resultados como a identificação de coautores e partícipes da organização criminosa e dos crimes; revelação da estrutura hierárquica e da divisão de tarefas da organização, entre outros.

Marcelo Leonardo continua a defender Marcos Valério nas ações penais e informou que não iria comentar sobre as eventuais tratativas de delação de seu cliente. O Ministério Público de Minas Gerais confirmou que recebeu proposta de delação, e avalia se o operador do mensalão pode trazer fatos novos para as investigações.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter acesso aos termos da delação premiada que o ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) negocia com a força-tarefa da Operação Lava Jato. Na peça, os advogados do petista criticam o vazamento de parte do conteúdo da proposta de acordo para a imprensa.

No fim de semana, a revista Veja publicou que o ex-deputado afirmou em seus depoimentos que Lula articulou o esquema de corrupção na Petrobras. O petista teria, por exemplo, imposto a nomeação do engenheiro Paulo Roberto Costa para a diretoria de Abastecimento da estatal petrolífera, em 2004.

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Nesta segunda (30), reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou um trecho do acordo no qual Corrêa sustenta que "Lula tinha pleno conhecimento de que o mensalão não era 'caixa dois' de eleição".

Em nota, o Instituto Lula classifica o ex-deputado como "mentiroso" e afirma que esses vazamentos são mais "uma evidência de que, após dois anos de investigação, a Lava Jato não encontrou um fiapo de prova ou sequer indício de participação de Lula nos desvios da Petrobras, porque o ex-presidente sempre agiu dentro da lei".

A delação premiada do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PP-PE) confirma a tese sustentada pela força-tarefa da Operação Lava Jato de que os escândalos da Petrobrás e do mensalão tiveram como origem uma sistemática única de corrupção para compra de apoio político para manutenção do poder com a participação direta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Lula tinha pleno conhecimento de que o mensalão não era 'caixa dois' de eleição, mas sim propina arrecada junto aos órgãos governamentais para que os políticos mantivessem as suas bases eleitorais e continuassem a integrar a base aliada do governo, votando as matérias de interesse do Executivo no Congresso Nacional", disse Corrêa.

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O trecho é parte do "Anexo 4" da delação de premiada de Corrêa, com o resumo do tema tratado sobre "suposto envolvimento de Lula nos esquemas de corrupção". Nele, há um item específico sobre o mensalão - primeiro grande escândalo da era PT no governo federal. Após revelação do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) descobriu-se que o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, comandava a compra de parlamentares da base aliada em troca de apoio político.

Dirceu e Corrêa foram condenados no mensalão, em 2012, em processo final no Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois foram presos em 2013 e acabaram novamente detidos e condenados no escândalo da Lava Jato. O juiz federal Sérgio Moro aplicou a Dirceu a mais longeva pena, nesses dois anos de operação: 23 anos de reclusão.

Corrêa relata as reuniões em que participava do Conselho Político criado por pelo ex-presidente da República, "nas quais sempre estavam presentes o presidente Lula, o ministro José Dirceu, o ministro Antônio Palocci e, depois, o ministro Aldo Rebello e os presidente dos partidos base aliada".

Segundo o delator, que foi presidente do PP, nesses encontros "se discutiam os assuntos que seriam tratados no Congresso Nacional e as dificuldades de vários parlamentares dos partidos presentes". "Muitas dessas dificuldades tratadas estavam umbilicalmente ligadas com o Petrolão, por aquele tempo já havia arrecadação dentro das empresas e órgãos públicos, sobretudo dentro da Petrobras."

Corrêa afirmou que nos encontros com Lula e seus ministro do "Conselhão" os presidentes ou líderes dos partidos da base aliada "faziam queixas relacionadas às dificuldades que estavam tendo junto aos dirigentes indicados para os cargos federais do governo, os quais não estavam se empenhando em atender às reivindicações dos parlamentares".

"O presidente Lula encarregava o ministro José Dirceu de fazer as cobranças sobre os dirigentes para que atendessem, com mais presteza às solicitações dos partidos". disse. "Em alguns setores as reivindicações eram de arrecadação de propina e, em outros, de interesses políticos, visando o favorecimento dos estados e municípios dos parlamentares", continuou Corrêa em seu depoimento.

Cassado em 2006 na Câmara dos Deputados, a quarentena imposta a Corrêa pela cassação terminou no ano em que foi deflagrada a Lava Jato. Depois de condenado e preso em 2013, o delator cumpria pena em regime semiaberto, em Pernambuco, quando foi detido pela Lava Jato, em abril de 2015 - alvo da 11ª etapa denominada "A Origem".

Para o juiz Sérgio Moro, que comanda a força-tarefa da Lava Jato, "a prova do recebimento de propina mesmo durante o processamento da Ação Penal 470 reforça os indícios de profissionalismo e habitualidade na prática do crime, recomendando, mais uma vez, a prisão para prevenir risco à ordem pública".

"(Corrêa) é recorrente em escândalos políticos criminais e traiu seu mandato parlamentar e a confiança que a sociedade brasileira nele depositou", escreveu Moro. "Nem o julgamento condenatório pela mais Alta Corte do País representou fator inibidor da reiteração criminosa, embora em outro esquema ilícito."

Outros alvos da Procuradoria no escândalo mensalão estão no radar da Lava Jato. Entre eles o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o ex-secretário-geral do partido Sílvio Pereira e o publicitário Marcos Valério.

Defesa

Em nota, o Instituto Lula destacou que o ex-deputado Pedro Corrêa já foi condenado pela prática de 72 crimes de corrupção. O instituto classifica de "farsa histórica" a delação do ex-parlamentar.

"Pedro Corrêa foi condenado pelo juiz Sergio Moro a mais de 20 anos de cadeia por ter praticado 72 crimes de corrupção e 328 operações de lavagem de dinheiro. Foi para não cumprir essa pena na cadeia que ele aceitou negociar com o Ministério Público Federal uma narrativa falsa envolvendo o ex-presidente Lula. É repugnante que promotores transcrevam uma farsa histórica em documento oficial e promovam seu vazamento, claramente direcionado a atingir a honra do ex-presidente Lula", diz a entidade em nota.

"Estado de Direito não comporta esse tipo de manipulação, insidiosa e covarde, nem por parte dos agentes públicos nem dos meios de comunicação que dela se aproveitam numa campanha de ódio e difamação contra o ex-presidente Lula", continua o texto.

"O vazamento dessa farsa é mais uma evidência de que, após dois anos de investigação, a Lava Jato não encontrou um fiapo de prova ou sequer indício de participação de Lula nos desvios da Petrobras, porque o ex-presidente sempre agiu dentro da lei. E por isso apelam a delações mentirosas como a do sr. Pedro Corrêa" finaliza a nota.

Chamada de Operação Repescagem, a 29ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira (23), revelou uma interligação direta do Mensalão – já julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – com o esquema de corrupção em contratos da Petrobras. Em coletiva na manhã de hoje, o delegado da Polícia Federal Luciano Flores de Lima encarou a conexão entre casos e a repetição dos personagens como um “deboche aos órgãos de justiça brasileira”. 

A nova etapa prendeu o ex-chefe de gabinete da liderança do PP na Câmara dos Deputados, João Cláudio Genu, que trabalhava para o deputado federal já falecido José Janene. De acordo com Luciano Flores, Genu foi citado desde a primeira fase da Lava Jato e, de lá para cá, ele vem sendo investigado. “Ele é um dos criadores do esquema que promove essa sangria dos cofres públicos. E mesmo sendo condenado por corrupção e lavagem de dinheiro [no Mensalão], como um verdadeiro deboche a polícia e a justiça ele continuava recebendo propina em 2013. Pelo menos entre 2005 e 2013 ele vinha recebendo propina”, frisou. 

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De acordo com o delegado, os valores eram pagos em espécie, mensalmente, e variavam entre R$ 30 mil e R$ 70 mil. “No Mensalão o João Claudio Genu foi condenado porque ele sacou R$1,5 milhão. Agora temos aí mais de R$ 2 milhões de propina para ele. Ele que nunca foi parlamentar, mas recebeu um montante grande e assessorou um dos primeiros a articular o recebimento de propina no PP [José Janene]”, detalhou o delegado. 

Outra pessoa presa nesta operação foi Lucas Amorim Alves, sócio de João Cláudio Genu em diversas empresas. João Claudio e Lucas Amorim recebiam propinas de Alberto Yousseff. “Lucas Amorim é identificado como um dos emissários de Genu”, reforça o procurador da República, Diogo Castor Mattos

Um dos três mandados de prisão foi destinado para ser cumprido em Pernambuco, onde fica localizada a residência do empresário Humberto do Amaral Carrilho. Ele, no entanto, não foi localizado e, de acordo com a PF, está sendo considerado foragido. Carrilho aparece no esquema, após propor construir um estaleiro para o uso da Petrobras no Rio Amazonas, local onde a estatal já tinha um navio. “Paulo Roberto Costa optou por abrir mão do navio e usar o trabalho de terceiros, o que garantiu uma mesada para o ex-diretor”, explicou Luciano Flores de Lima.

Humberto Carrilho também é citado como mantenedor de contas no exterior para o benefício de João Claudio Genu. As contas ainda não foram identificadas. “Já sabemos em que país ele está e esperamos um contato dele e de seus advogados para tratar sobre a sua apresentação. Vamos aguardar até o fim do dia de hoje, caso isso não aconteça vamos encaminhar o nome dele para a Interpol”, acrescentou o delegado.  

Mensalão e Lava Jato

Questionado durante a coletiva sobre como analisavam a conexão entre os esquemas, o delegado Luciano Flores de Lima adotou um discurso duro e afirmou esperar que agora os políticos passem a ter medo de ser condenados por mais de um escândalo. “Esperamos que esta impunidade que havia no pensamento dos criminosos hoje dê lugar ao medo de ser preso e de lugar para o medo de que no Brasil a investigação condena e mantêm preso quem deve ser mantido”, cravou. 

Sobre os personagens dos esquemas se repetirem, o procurador da República, Diogo Castor Mattos, garantiu que a Lava Jato passará um pente fino até o fim das investigações. “Não é o mesmo caso, são casos distintos, mas os personagens acabam se repetindo. Não são esquemas únicos, mas os personagens acabam se repetindo pelo quadro de corrupção generalizada que o país acabou passando”, frisou.

O ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no mensalão, pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para progredir de regime fechado para o semiaberto, modalidade que o autoriza a deixar o presídio durante o dia para trabalhar.

A defesa do ex-executivo alega que ele já cumpriu um sexto da pena, incluindo o período em que esteve detido na Itália, para onde Pizzolato fugiu antes mesmo de ser condenado pelo STF. Ele foi obrigado a cumprir 12 anos e sete meses de prisão pelos crimes de formação de quadrilha, peculato e lavagem de dinheiro.

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A defesa de Pizzolato alega que ele já cumpriu 17 meses e três dias de pena na Itália, onde acabou sendo preso em fevereiro de 2014. Neste período, os advogados afirmam que o ex-diretor participou de programas de trabalho e educação que lhe garantem, ainda, a remissão da pena em quatro meses e um dia.

Já de volta ao Brasil, para onde veio extraditado, o ex-diretor já cumpriu cinco meses e nove dias de pena. Somando as duas detenções mais o período requerido por remissão de pena, a defesa de Pizzolato afirma que o período necessário para progredir de regime já foi cumprido.

O pedido foi feito em março, mas só chegou ao gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, relator das execuções penais do mensalão, nesta quinta-feira, 19, após a manifestação do Ministério Público sobre o caso, recomendando ao STF que conceda a Pizzolato o direito de poder trabalhar durante o dia e voltar para a prisão à noite.

O ex-diretor foi extraditado em outubro do ano passado. Ele ficou pelo menos 23 meses foragido na Itália e acabou sendo preso por uso de passaporte falso no país europeu. Desde sua extradição, Pizzolato está detido na Penitenciária da Papuda, em Brasília.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, disse nesta sexta-feira, 22, que "não existiu um Mensalão e não existiu uma Lava Jato". Em sua avaliação, os dois escândalos que abalaram os governos Lula e Dilma representam "toda uma operação conjugada, onde o mensalão foi uma parte do iceberg que depois veio a ser descoberto".

Janot fez uma palestra na Brazil Conference e apontou vários fatos que, em sua visão, permitiram ao Ministério Público chegar ao nível de independência e profissionalismo no encaminhamento de investigações. O evento é realizado pela Universidade de Harvard e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT).

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Ao comentar sobre a Ação Penal 470, Janot explicou que o mensalão revela a organização criminosa que está sendo examinada hoje no âmbito da Lava Jato. "Estou convencido, com as circunstâncias de fatos que existem hoje, que não existiu um mensalão e não existiu uma Lava Jato".

O primeiro fato lembrado pelo procurador foi a aprovação da Emenda Constitucional (EC) 35, em 2001, que acabou com a prévia autorização da Câmara ou do Senado para investigações e processamento de parlamentares. Segundo ele, a mudança gerou um "reflexo direto no gabinete do procurador-geral da República que assumiu de vez um viés majoritariamente penal".

O procurador-geral também citou as transmissões da TV Justiça - no ar desde agosto de 2012. Para ele, a TV divulga para a população julgamentos de casos e o processo judicial entra na agenda do cidadão, o que gera acesso, transparência e controle. "O que fazemos, somos cobrados na rua e temos que explicar."

O julgamento da Ação Penal 470 - caso conhecido como mensalão - também é considerado por Rodrigo Janot como um fato que influencia a situação atual. "Pela primeira vez, o Supremo julgou pessoas com prerrogativa de foro e poder político real."

Ele destacou a dimensão do processo: 53 sessões de julgamento entre agosto e dezembro de 2012.

Nesse ponto, Janot destaca outro fator de mudança. Com a Ação Penal 470, o Supremo - até então visto com desconfiança, principalmente por conta do foro por prerrogativa de função - "afirmou-se como um tribunal que condena e de forma definitiva, pois não cabe recurso". No caso do mensalão, dos 40 denunciados, 25 foram condenados.

Condenado a sete anos e 14 dias de prisão no processo do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson obteve perdão da pena no último dia 22 e se prepara para reassumir em 14 de abril, a presidência do PTB, atualmente ocupada por sua filha, a deputada Cristiane Brasil. Quer voltar ao comando partidário ainda durante o processo do impeachment da presidente Dilma Rousseff, do qual é favorável.

Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Jefferson, de 62 anos, dispara que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente da Câmara, é o "bandido" que ele diz mais gostar, pois "foi o adversário mais à altura do Lula", que "nunca esperou encontrar um bandido da mesma qualidade moral, intelectual que ele".

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Jefferson manifestou ainda sua "preocupação" com a prisão da mulher e filha de Cunha. "São mulheres bonitas, cheirosas", que vão ser assediadas por companheiras de cela, "vão apanhar na cara".

Questionado se tinha conhecimento das irregularidades na Petrobras quando ainda atuava no Congresso, o ex-deputado disse que não sabia dos detalhes. A estatal, segundo ele, "sempre foi a empresa elite dos partidos mais poderosos".

"A estatal é a semente da corrupção no Brasil. Partidos disputam cargos nas estatais para seu financiamento. O que vão assaltar nos seis meses enquanto durar o processo de impeachment é uma loucura. Vai todo mundo querer fazer caixa, porque ela (Dilma) cai em seis meses", afirmou.

Jefferson disse que o PTB, por ser muito pequeno, nunca pleiteou alguma diretoria ou gerência importante na Petrobras. "O PTB teve a presidência da Eletronorte, a diretoria do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil) e aquela diretoria dos Correios".

O ex-deputado disse acreditar que Lula será condenado no âmbito da operação Lava Jato. "Penso que Lula não vai escapar. O mensalão parou na antessala dele, na Casa Civil. Mas o petrolão entrou dentro do Palácio (do Planalto). Ou esse (Marcelo) Odebrecht fala ou vai levar 30 anos na cadeia", afirmou.

"Marcos Valério levou uma martelada de 40 anos. O processo do petrolão é diferente do mensalão. O mensalão surgiu do embate político, da denúncia que fiz. No petrolão não tem nem voz da oposição. A oposição está em silêncio porque muito dos seus estão comprometidos, tem muita gente da oposição enroscada nas empreiteiras", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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