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Mais de 150 pessoas ficaram feridas nesta sexta-feira (15) em confrontos entre manifestantes palestinos e policiais israelenses na Esplanada das Mesquitas de Jerusalém, os primeiros distúrbios no início do mês do Ramadã, que levantam temores de um novo surto de violência nos Territórios Palestinos.

Um total de "153 palestinos feridos foram transferidos" para hospitais de Jerusalém e "dezenas" foram tratados no local, disse à AFP um funcionário do Crescente Vermelho palestino.

Por sua vez, a polícia israelense relatou três feridos entre suas tropas.

Segundo uma ONG de defesa dos prisioneiros palestinos, cerca de 400 pessoas foram presas.

Os distúrbios começaram nesta sexta-feira, quando vários palestinos atiraram pedras e as forças de segurança israelenses responderam com balas de borracha e bombas de efeito moral contra os manifestantes.

Por volta das 04h00 da manhã, "dezenas de jovens desordeiros encapuzados", alguns acenando com a bandeira do movimento islâmico palestino Hamas, "começaram uma procissão" pela Esplanada das Mesquitas e atiraram pedras contra o Muro das Lamentações, disse a polícia israelense.

Esses confrontos na Esplanada são os primeiros a serem registrados este ano durante o mês do Ramadã, um período de jejum e oração em que os palestinos muçulmanos rezam na Mesquita de Al Aqsa, o terceiro lugar sagrado para o Islã.

"Não há lugar para invasores e ocupantes em nossa sagrada Jerusalém", reagiu o chefe do escritório político do Hamas, Ismail Haniyeh, nesta sexta-feira.

O Hamas, que controla Gaza, viu suas capacidades militares reduzidas nos confrontos de 2021 e buscaria manter o conflito ativo na Cisjordânia e em Jerusalém, mas não na Faixa, estimam analistas.

"O confronto será mais difícil" para as forças israelenses "se não acabarem com a agressão contra nosso povo", disse a Jihad Islâmica, outro movimento palestino, em comunicado nesta sexta-feira.

"Não temos interesse em que o Monte do Templo se torne um centro de violência. Isso prejudicaria tanto os muçulmanos de lá quanto os judeus no Muro das Lamentações", disse o ministro da Segurança Pública israelense, Omer Bar-Lev.

A Jordânia administra a Esplanada, mas o acesso é controlado por Israel. Pouco antes do início do mês do Ramadã deste ano, em 2 de abril, altos funcionários israelenses e funcionários jordanianos intensificaram as trocas para evitar distúrbios.

Esses confrontos no coração de Jerusalém, que coincidem este ano com o início da Páscoa católica e da Páscoa judaica, Pessach, ocorrem após semanas de tensão em Israel e na Cisjordânia, território ocupado desde 1967 por Israel.

Desde 22 de março, Israel sofreu quatro ataques que deixaram 14 mortos. Dois deles foram reivindicados pela organização jihadista Estado Islâmico e outros dois foram perpetrados por palestinos da região de Jenin, no norte da Cisjordânia.

Do lado palestino houve 22 mortes, contando os agressores.

A maioria das vítimas foi morta em operações do exército israelense na Cisjordânia, segundo uma contagem da AFP.

Desde quinta-feira, quatro palestinos foram violentamente mortos em operações militares israelenses na Cisjordânia, segundo fontes oficiais palestinas.

Escolas e restaurantes paquistaneses estão fechados, lojas fecham cedo e os militares se mobilizam para combater a epidemia da covid-19. Mas, noite após noite, hordas de fiéis lotam as mesquitas para orar.

Temendo que a catastrófica situação de saúde na vizinha Índia se espalhe para seu país, as autoridades paquistanesas endureceram as restrições e proibiram as viagens por ocasião do Eid al-Fitr, feriado que marca o fim do mês de jejum do Ramadã.

Fecham os olhos, porém, às concentrações religiosas - onde não há distanciamento social - para evitar enfurecer os movimentos mais conservadores neste país muçulmano.

"Há muito medo de uma reação violenta de grupos religiosos", explica Saeedullah Shah, médico encarregado de supervisionar a luta contra a covid-19 peça Associação Médica Islâmica do Paquistão. "É um governo muito fraco", acrescenta.

O Paquistão registrou 18.500 mortes em 840.000 casos positivos de coronavírus, números bastante baixos para um país de 220 milhões de habitantes. Os especialistas acreditam em uma subnotificação, porque poucos exames são feitos.

Em várias cidades, os hospitais estão sobrecarregados, com recordes diários de casos, devido à chegada de novas variantes.

O governo pede que a população respeite as recomendações, mas as mesquitas permanecem intocáveis.

Muhammad Iqbal Rizvi, um maulana (título honorário no Islã) da mesquita Markazi Jamia em Rawalpindi, uma cidade perto da capital Islamabad, diz que os fiéis não têm nada a temer e rejeita comparações com a Índia.

- 'Alá é bondoso' -

"Nossas orações são diferentes", diz à AFP, garantindo que aplica medidas de distanciamento social.

"(Os indianos) são não crentes, e nós somos muçulmanos. Arrepender-nos diante de Alá é a nossa fé. Eles não se arrependem, essa é a razão", porque a Índia é tão afetada pela pandemia, afirma.

Uma convicção presente em todas as classes sociais.

"Na Índia, as pessoas estão morrendo nas ruas (...) Alá tem sido bondoso conosco", declarou o primeiro-ministro Imran Khan na quinta-feira. Mas ele pediu cautela.

"As próximas duas semanas são muito importantes. Temos que diminuir o número de casos de coronavírus", reconheceu.

No início da semana, milhares de xiitas se reuniram em várias cidades para marcar a morte do imã Ali, genro do profeta Maomé e figura fundadora do xiismo.

Em Islamabad, os fiéis tiraram as máscaras para entoar canções religiosas.

Em Lahore (leste), quase 10.000 pessoas se reuniram. Algumas se flagelaram.

"Estamos prontos para sacrificar nossas vidas, nossos filhos e nossas famílias", garantiu à AFP o xiita Haji Shahzad Jaffry em Islamabad.

Na Índia, as concentrações religiosas das últimas semanas, como a enorme peregrinação hindu Kumbh Mela que reuniu milhões de pessoas, foram parcialmente responsáveis pela tragédia no país, onde mais de 21 milhões de casos e 230.000 mortes foram registrados.

Mas isso não detém os paquistaneses. De volta do Reino Unido, Ashfaq Ahmed ficou surpreso ao ver mesquitas lotadas de pessoas ignorando as medidas sanitárias. "Parece que as pessoas estão em total negação", comentou.

Apesar das evidências, as autoridades paquistanesas afirmam que suas recomendações estão sendo seguidas. "Se há um lugar onde as diretrizes se aplicam, é nas mesquitas", afirmou o porta-voz do Ministério de Assuntos Religiosos, Imran Siddiqui.

De acordo com uma pesquisa divulgada esta semana pelo Gallup Paquistão, 64% das pessoas ainda pensam que o coronavírus não é tão perigoso quanto afirmam.

E, apesar das advertências e das mortes, os fiéis não deixam de ir às mesquitas.

"Deus é misericordioso conosco", sustenta Sohail Arshad, na mesquita Markazi Jamia. "Se ele enviou a doença, será ele que vai nos curar", completou.

O autor dos ataques a mesquitas de Christchurch, Brenton Tarrant, foi condenado nesta quinta-feira (27) a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional pelo assassinato de 51 muçulmanos em 2019, na Nova Zelândia.

A primeira-ministra do país, Jacinda Ardern, comemorou a sentença e desejou que o assassino tenha uma vida de "silêncio total e absoluto".

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O juiz Cameron Mander afirmou que, por trás da ideologia "deturpada" de Tarrant, esconde-se um "ódio profundo" que o levou a atacar homens, mulheres e crianças indefesas.

"Corresponde ao tribunal dar uma resposta de rejeição categórica diante de uma maldade tão abjeta", declarou o magistrado ao pronunciar a sentença sem precedentes na história judicial da Nova Zelândia.

O juiz, que lembrou do alto preço pago pela comunidade muçulmana neozelandesa, afirmou que Tarrant fracassou na tentativa de promover a ideologia de extrema-direita.

"Foi brutal e cruel. Suas ações foram desumanas", classificou.

Em 15 de março de 2019, o supremacista branco australiano Brenton Tarrant matou a sangue frio 51 fiéis em duas mesquitas de Christchurch, cidade do sul da Nova Zelândia, durante as orações de sexta-feira, e transmitiu ao vivo o massacre pela internet, provocando uma onda de indignação no mundo.

Tarrant foi declarado culpado por 51 assassinatos, 40 tentativas de assassinato e por um ato terrorista, depois de se declarar culpado em março.

O procurador Mark Zarifeh disse que a matança "não tem precedentes na história criminal da Nova Zelândia" e que foi motivada por uma ideologia racista e xenófoba enraizada".

Para Zarifeh, a prisão perpétua era "a única condenação apropriada".

O presidente do Irã, Hassan Rouhani, anunciou neste sábado a retomada das orações coletivas nas mesquitas, apesar de o novo coronavírus não dar trégua no país.

"Decidiu-se abrir as mesquitas em todo o país, não apenas nas zonas brancas, o que dá possibilidade aos fiéis de realizar suas orações diárias respeitando as regras em vigor", disse Rohani em pronunciamento na TV.

O Irã é o país do Oriente Médio mais afetado pela pandemia, mas começou, em abril, a flexibilizar as restrições impostas à população para evitar a propagação do vírus e dividiu seu território em zonas brancas, laranjas e vermelhas, em função da menor e maior presença do vírus.

As mesquitas iranianas fecharam progressivamente desde o registro dos primeiros casos, em fevereiro, mas reabriram durante o Ramadã, mês de jejum e oração para os muçulmanos, concluído no último dia 24, apenas nas zonas brancas e para orações individuais.

Apesar do anúncio, Rouhani pediu à população que não pense que o país se livrou do vírus, e advertiu que o mesmo tardará para desaparecer. Por isso, pediu que os cidadãos respeitem as regras de distanciamento social.

O Irã registra 7.734 mortos pelo novo coronavírus e mais de 148 mil casos de contágio. Nas últimas 24 horas, houve 57 mortes e 2.282 novas infecções, o que mostra que a doença continua se espalhando com força.

O Irã, o país do Oriente Médio mais afetado pelo novo coronavírus, está se preparando para reabrir suas mesquitas por duas horas durante as três noites consideradas as mais sagradas do ano, informou nesta terça-feira (12) o ministro da Saúde iraniano.

As mesquitas foram fechadas em março para impedir a propagação da Covid-19 neste país que vive desde 25 de abril ao ritmo do Ramadã.

A reabertura temporária foi acordada por ocasião das celebrações do Laylat al-Qadr, ou Noite do Destino, a 27ª noite do Ramadã, na qual, segundo a tradição muçulmana, os primeiros versículos do Alcorão foram revelados a Maomé.

O ministro da Saúde, Said Namaki, anunciou a reabertura das mesquitas entre meia-noite e 2 da manhã em três das cinco noites seguintes, a partir de quarta-feira.

"O maior erro estratégico seria pensar que o coronavírus acabou", alertou Namaki na televisão estatal, pedindo vigilância.

O ministro enfatizou que a reabertura temporária responde a uma "preocupação" do aiatolá Ali Khamenei, que, no entanto, "apoia todas" as medidas governamentais contra a pandemia.

O ministro instou os fiéis a respeitar "o máximo possível os protocolos sanitários" durante as cerimônias.

Também anunciou nesta terça-feira 48 mortes adicionais causadas pela Covid-19, elevando o saldo nacional para 6.733 mortes.

O Irã reabriu as mesquitas nos municípios menos afetados pela pandemia de Covid-19, mas nesta segunda-feira (4) registrou um aumento significativo do número de mortes e novos casos de infecção.

Entre domingo (3) ao meio-dia e esta segunda-feira, no mesmo horário, foram registradas 74 mortes, aumentando para 6.277 o número total de mortos pela doença, informou o porta-voz do ministério da Saúde, Kianuche Jahanpur.

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O novo saldo representa um grande rebote desde o dia anterior, quando a República Islâmica relatou 47 mortes, a menor quantidade diária em 55 dias.

Jahanpur afirmou que foram registrados 1.223 novos casos de contágio nestas 24 horas, elevando o total de casos confirmados para 98.647.

Com a maioria das mesquitas fechadas desde o final de fevereiro, o Estado autorizou a reabertura em 132 municípios considerados com baixo risco de propagação do coronavírus. O Irã possui 434 municípios divididos em 31 províncias.

O ministério da Saúde decretou que os fiéis devem usar máscaras e luvas ao entrar nas mesquitas, e podem permanecer somente por meia hora, no momento da oração, e utilizando seus objetos pessoais de culto, como o 'tasbih' (semelhante a um rosário católico).

As mesquitas não podem oferecer alimentos e bebidas, devem ter desinfetantes para as mãos e todas as superfícies devem estar esterilizadas, de acordo com um comunicado do governo, citado pela agência de notícias Isna.

Jahanpour também afirmou que 79.397 dos pacientes hospitalizados desde que se anunciaram os primeiros casos de coronavírus, em fevereiro, deixaram o hospital, embora 2.676 se encontrem em estado grave.

Além disso, afirmou que o Irã está entre os "cinco primeiros países do mundo" com maior número de recuperados.

No exterior, mas também dentro do país, há suspeitas de que os dados oficiais estejam muito subestimados.

O presidente Hassan Rohani afirmou nesta segunda-feira que o Irã "evitou com eficácia a propagação do coronavírus em inúmeras" regiões do país.

No entanto, acrescentou que as sanções americanas contra a República Islâmica dificultaram seus esforços para controlar a COVID-19, impedindo que as empresas internacionais vendam material de saúde ao Irã.

Desde 11 de abril, o Estado autorizou a reabertura gradual do comércio e suspendeu as restrições de movimento dentro do país, impostas para combater a propagação do coronavírus.

Escolas, universidades, cinemas, estádios e outros locais de encontro estão fechados em todo país. Desde sábado, o Irã se encontra ao ritmo do Ramadã, o mês do jejum sagrado muçulmano.

Todas as mesquitas e igrejas do Egito fecharam neste sábado (21) por duas semanas para frear a propagação do coronavírus, anunciaram as autoridades religiosas do país.

O ministério de Bens Religiosos e a Igreja copta ortodoxa alertaram, em dois comunicados, sobre o "risco" de propagação da COVID-19 que "representam as congregações em massa".

O ministério decidiu "proibir as orações coletivas e fechar as mesquitas (...) a partir de hoje (sábado) e durante duas semanas", declarou em sua página do Facebook.

Apelando à "responsabilidade patriótica" na luta contra o vírus, o Santo Sínodo da Igreja copta ortodoxa ordenou o fechamento do conjunto de igrejas, assim como a "suspensão das missas" durante este mesmo período.

Na sexta-feira, a Igreja copta católica (minoritária) anunciou a suspensão das missas até nova ordem.

Os cristãos coptas, que constituem a maior minoria cristã do Oriente Médio, representam entre 10% e 15% da população egípcia de cerca de 100 milhões de habitantes.

As medidas de fechamento foram anunciadas no dia seguinte à oração das sextas-feiras, nas quais os fiéis chegaram em massa nas mesquitas, apesar do surgimento de novos casos no país todos os dias.

O Egito registrava oficialmente na sexta-feira à noite 285 pessoas infectadas e oito mortos, segundo o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Mas ainda persistem as dúvidas sobre a veracidade destes dados, já que muitos países registraram casos do novo coronavírus em pessoas que estiveram no Egito recentemente.

Para limitar a propagação do vírus, o Cairo fechou escolas e universidades, museus, aeroportos e o fechamento noturno de cafés, restaurantes e casas de show até 31 de março.

Mesmo com o alto índice de pacientes portadores de coronavírus e a sem restrição para visitar locais sagrados, iranianos demonstram a fé lambendo símbolos religiosos e portões de mesquitas. O Irã já registrou, pelo menos, 92 mortes decorrentes da epidemia e parte do parlamento contraiu o vírus. Ainda assim, os radicais xiitas garantem que não temem o contágio.

A maior parte da população iraniana segue a crença islâmica e, os vídeos que circulam nas redes sociais, mostram fiéis reafirmando a religião dentro de mesquitas. "Parem de brincar com a fé das pessoas. O coronavírus não é nada nas mesquitas xiitas", declara um dos crentes. Segundo a jornalista independente Masih Alinejad, crianças estariam sendo forçadas a beijar e lamber os símbolos.

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Na semana passada, o representante do aiatolá Ali Khamenei - o mais alto posto religioso do islamismo xiita - pediu que os fiéis não deixem de visitar os locais sagrados. "Mesquitas são locais de cura", declarou o clérigo Mohammad Saeedi.

Em contrapartida, a tensão causada pelo covid-19 fez com que líderes religiosos sauditas impusessem limites de acesso à Meca. A cidade é tida como o local mais sagrado do islã, pois seria a terra natal do profeta Maomé.

Confira

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Entre restaurantes de fast food e barracas que oferecem lembranças feitas na China dia e noite, Meca parece um grande bazar durante o hajj, a grande peregrinação anual dos muçulmanos.

"Os negócios vão muito bem, louvado seja Deus", diz Fayzal Addais, que administra uma barraca em uma avenida comercial a alguns metros da Kaaba, o santuário mais sagrado do islã, na Grande Mesquita.

"Os clientes são estrangeiros e falam todos os idiomas", acrescenta este comerciante iemenita de 41 anos, que vende lembranças religiosas.

Nesta avenida movimentada, fileiras de barracas e vitrines se sobrepõem, sobressaem na calçada e disputam com cartazes variados para atrair os clientes.

O comerciante Ali "multiplica por cinco" seu volume de negócios durante o hajj, que entre 9 e 14 de agosto atrairá cerca de 2,5 milhões de fiéis peregrinos que vêm do mundo inteiro.

Esta peregrinação é um dos cinco pilares do islã, e todo muçulmano deve realizá-a ao menos uma vez na vida, se tiver condições para isso.

"Culto do dinheiro"

"Em qualquer lugar da cidade há, muito perto, alguém para vender algo", resume o intelectual britânico de origem paquistanesa Ziauddin Sardar, em sua obra "História de Meca", publicada em 2014.

O comércio em Meca é "onipresente e onipotente" e os peregrinos se veem "incitados sem cessar a gastar seu dinheiro", ressalta o autor, que aponta um "culto do dinheiro e do consumismo".

Há itens que os peregrinos compram em grande quantidade: tapetes de oração, incenso, exemplares do Corão, terços de madeira ou de pérolas de plástico brilhantes, lenços, água de Zamzam (um poço) que supostamente tem virtudes milagrosas, relógios que emitem cantos de chamada à oração, estatuetas da Kaaba fabricadas na China, etc.

Mas também se encontra ouro saudita (muito cobiçado), relógios, roupas 'prêt-à-porter' ou produtos tecnológicos.

Mesmo que às vezes a comunicação entre os vendedores e os peregrinos seja difícil, devido à diversidade de idiomas, a barganha continua sendo possível: uma calculadora permite a compreensão entre as duas partes.

Perto da esplanada da Grande Mesquita, shopping centers climatizados recebem incessantemente milhares de fiéis. As lojas, incluindo as de luxo, sempre estão cheias ou quase - suas persianas estão fechadas apenas durante a oração.

A isto se somam os inúmeros restaurantes baratos e de fast food nas ruas estreitas e nas ruidosas artérias desta cidade do oeste saudita.

"A mesquita e o comércio"

Esta tendência ao consumo desenfreado não é nova: "Ao longo dos séculos, os peregrinos dividiam seu tempo entre a mesquita e o comércio", resume Abdellah Hamudi, antropólogo na universidade de Princeton nos Estados Unidos, em seu livro "Uma temporada em Meca".

"As dimensões mercantil e religiosa sempre estiveram relacionadas em Meca, [...] já estavam presentes na peregrinação pré-islâmica", afirma Luc Chantre, professor na universidade francesa de Rennes 2, autor de várias obras sobre o hajj na época contemporânea.

"O que é novo são essas imensas galerias comerciais de vários andares que substituíram os velhos souks (mercados) em volta da Grande Mesquita", explica à AFP.

Nos grandes lugares de peregrinação, como em San Giovanni Rotondo na Itália, em Lourdes na França ou em Nuestra Señora de Guadalupe no México, comércio e fé costumam caminhar juntos.

Mas "é um comércio ligado exclusivamente às lembranças e às oferendas", afirma o professor francês.

A porta de entrada de Meca, a cidade de Jidá, a menos de 90 km de distância, é o reduto histórico das famílias comerciantes, em parte devido a seu imenso porto.

Além do hajj, os muçulmanos podem realizar a peregrinação ao longo de todo o ano.

Este turismo religioso contribui com bilhões de euros ao ano. O reino rico em petróleo, que busca diversificar sua economia, aposta nele.

O autor dos ataques a duas mesquitas na Nova Zelândia, nos quais morreram 50 pessoas no dia 15 de março, será submetido a exames psiquiátricos para a Justiça local saber se pode ou não levá-lo a julgamento, segundo informações oficiais divulgadas nesta quinta-feira (4).

O australiano Brenton Tarrant será examinado por dois especialistas para determinar "se está preparado para ser submetido a julgamento ou se é inimputável", ordenou o juiz Cameron Mander, da Alta Corte, numa breve audiência em Christchurch, cidade onde ocorreram os ataques, localizada na ilha sul da Nova Zelândia.

O atirador, de 28 anos, enfrenta 50 acusações de assassinato e 39 de tentativa de assassinato, informou nesta quinta-feira a polícia neozelandesa.

Tarrant ouviu a determinação do juiz através de videoconferência, pois está detido em Auckland (na ilha norte), isolado numa cela de um presídio de segurança máxima após a maior matança da história moderna da Nova Zelândia.

O criminoso, que se declara supremacista branco, permaneceu em silêncio durante toda a audiência, na qual não lhe foi exigido se declarar culpado ou inocente.

Vários familiares das vítimas estavam na corte para ver pela primeira vez o autor do massacre.

"Só quero ver o que tem a dizer, que tipo de sentimento tem, (sua) emoção, ver qual é sua reação, boa ou má", disse à Rádio Nova Zelândia Yama Nabi, cujo pai de 71 anos foi assassinado.

Tarrant ficará em prisão preventiva até a próxima audiência no tribunal, no dia 14 de junho.

Os investigadores não excluem outras acusações contra o supremacista branco, mas não revelaram quais poderiam ser. Especialistas dizem que podem estar relacionados com a qualificação do atentado como terrorista.

Em 15 de março passado, Tarrant matou 50 muçulmanos que estavam em duas mesquitas de Christchurch e transmitiu o ataque ao vivo através do Facebook.

Tarrant dispensou seu advogado após a primeira audiência, no dia 16 de março, o que levanta suspeitas de quer se defender sozinho e usar o julgamento como una plataforma de propaganda.

A imprensa está proibida de registrar qualquer tipo de imagem do acusado.

Milhares de pessoas e representantes de dezenas de países participaram nesta sexta-feira (29), em Christchurch, de uma cerimônia em memória das 50 vítimas do ataque a duas mesquitas na Nova Zelândia em 15 de março.

A cerimônia começou com um canto de lamento maori, e contou com a presença da primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, e do premier australiano, Scott Morrison.

No dia 15 de março, o jovem australiano Brenton Tarrant, um fanático de extrema direita, invadiu duas mesquitas de Christchurch e abriu fogo indiscriminadamente contra os fiéis, muitos refugiados procedentes de países muçulmanos.

Nesta sexta-feira, a multidão acompanhou em silêncio a leitura dos nomes do mortos no ataque e das 22 pessoas feridas que permanecem internadas nos hospitais.

Ardern, vestida com a tradicional capa maori, estava acompanhada por representantes de dezenas de países e integrante de diversas comunidades neozelandesas.

"O racismo existe, mas não é bem-vindo aqui. Um ataque à liberdade de cada um de exercer sua fé ou sua religião não é bem-vindo aqui. A violência e o extremismo, sob todas as formas, não são bem-vindos", disse Ardern sob aplausos.

Em um dos momentos mais emocionantes da cerimônia ocorreu com o testemunho de Farid Ahmed, cuja esposa Sônia foi morta ao tentar escapar de uma das mesquitas.

Em uma cadeira de rodas, Ahmed disse que perdoava Tarrant.

"Me perguntaram: como você pode perdoar quem matou sua esposa? Posso dar muitas respostas (...), que não quero um coração cheio de ódio, que quero um coração cheio de amor, por este motivo escolhi a paz e o perdão".

A prefeita de Christchurch, Lianne Dalziel, declarou que o massacre "foi um ataque contra todos nós".

"Inspirados pelo ódio, estes atos buscam nos dividir, mas têm nos unido na compaixão e no amor que professamos uns pelos outros, não importa onde nascemos".

O cantor britânico Cat Stevens, muito popular na década de 1970 e que se tornou muçulmano sob o nome de Yussuf Islã, cantou um dos seus maiores sucessos: "Peace train".

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, ordenou nesta segunda-feira (25) uma investigação judicial independente para saber se o massacre de 15 de março em duas mesquitas da cidade de Christchurch, que deixou 50 mortos, poderia ter sido evitado.

A chefe de Governo destacou que uma comissão real - o mais poderoso mecanismo judicial na legislação do país - é necessária para saber como um homem armado conseguiu matar tantas pessoas em um ataque que comoveu o planeta.

"É importante que não fique pedra sobre pedra para entender como este ato terrorista aconteceu e como poderíamos ter evitado", disse Ardern, antes de informar que a investigação poderá incluir a polícia e os serviços de inteligência.

As agências de inteligência neozelandesas foram muito criticadas após o massacre, já que pareceram concentradas apenas no extremismo islamita, sem perceber os riscos representados pelos supremacistas de extrema-direita.

"Uma pergunta que deve ser respondida é se poderíamos ou não saber mais sobre o risco que os grupos supremacistas representam", afirmou Ardern.

"A Nova Zelândia não é um Estado de vigilância permanente. Mas há perguntas que devem ser respondidas", declarou.

Ardern descartou a possibilidade de que o país restabeleça a pena de morte para o caso de extremista australiano Brenton Tarrant, 28 anos, que foi preso poucos minutos depois dos massacres nas mesquitas de Christchurch.

A premier indicou que os detalhes sobre a comissão ainda estão sendo definido, mas que será ampla e informará rapidamente suas conclusões.

A ideia inicial é que a investigação se concentre nas atividades dos serviços de inteligência, da polícia, guarda de fronteira, imigração e qualquer outra agência oficial relevante.

Ardern voltou a insistir que o vídeo registrado durante o ataque, graças a uma câmera usada por Tarrant para transmitir ao vivo o massacre, não deve ser compartilhado. O governo da Nova Zelândia declarou o vídeo ilegal.

"Este vídeo não deve ser compartilhado. Seu conteúdo é prejudicial", afirmou Ardern em referência ao gesto do presidente de Turquia, Recep Tayyip Erdogan, que exibiu trechos do polêmico vídeo durante eventos de campanha eleitoral.

O ministro neozelandês das Relações Exteriores, Winston Peters, viajou a Istambul para reunir-se com Erdogan e participar em uma reunião de emergência da Organização de Cooperação Islâmica.

De acordo com Peters, os integrantes da organização elogiaram o apoio que o governo da Nova Zelândia ofereceu à pequena mas ativa comunidade muçulmana do país depois dos ataques.

Um refugiado sírio e seu filho foram enterrados nesta quarta-feira (20) na Nova Zelândia, nos primeiros funerais de vítimas do atentado contra duas mesquitas em Christchurch.

Centenas de pessoas, principalmente muçulmanas, se reuniram na manhã desta quarta-feira em um cemitério próximo à mesquita de Linwood, o segundo alvo do ataque da sexta-feira (15), quando um supremacista branco australiano armado com um fuzil de assalto matou 50 fiéis.

A multidão se despediu de Khalid Mustafa, 44 anos, e de seu filho Hamza, 15. A família Mustafa chegou à Nova Zelândia no ano passado como refugiada da guerra civil na Síria.

Zaid, 13 anos, outro filho de Mustafa, foi ferido no ataque mas sobreviveu e hoje assistiu ao enterro em uma cadeira de rodas. O refugiado afegão Abdul Aziz, que enfrentou o atirador na mesquita de Linwood, também compareceu ao enterro.

A dor pela perda dos entes queridos foi ampliada pelo fato de que as autoridades não entregaram os corpos no prazo de 24 horas para o enterro, como determina a tradição muçulmana.

Até o momento, apenas seis corpos das 50 vítimas foram liberados pelas autoridadesAs autoridades afirmam fazer o possível para acelerar as autopsias e a identificação das vítimas.

O comissário Mike Bush explicou que o processo é lento diante da necessidade de identificar os corpos e a causa da morte sem qualquer dúvida, para não prejudicar o processo judicial. "Seria imperdoável entregar a uma família o corpo incorreto". Até o momento foram identificadas 21 vítimas, assinalou Bush.

A primeira-ministra Jacinda Ardern visitou nesta quarta-feira o colégio Cashmere, onde estudavam Hamza, Zaid e outra vítima, Sayyad Milne, de 14 anos. Ao ser perguntada por um aluno sobre como se sentia, Ardern respondeu: "Estou triste".

O supremacista branco australiano Brenton Tarrant matou os 50 fiéis nas duas mesquitas alegando lutar contra o que considera "invasores" muçulmanos e contra o islamismo radical.

O primeiro-ministro australiano Scott Morrison anunciou nesta quarta-feira que convocará o embaixador turco em Canberra pelas declarações "muito ofensivas" do presidente Recep Tayyip Erdogan sobre os ataques.

Erdogan apresentou os ataques perpetrados pelo australiano como um atentado à Turquia e ao Islã e advertiu os antimuçulmanos daquele país que eles sofrerão o mesmo destino que os soldados de Gallipoli - uma sangrenta batalha da Primeira Guerra Mundial.

Gallipoli foi uma batalha da Primeira Guerra Mundial em que os otomanos deram uma sangrenta derrota a uma força aliada composta basicamente de australianos e neozelandeses.

"O presidente turco Erdogan fez declarações que considero muito ofensivas para os australianos e muito insensatas nesta delicada situação", declarou Morrison.

"Espero e pedi que esclareçam estes comentários, que se retratem", disse Morrison, avaliando que as declarações sobre a Austrália e sobre a resposta da Nova Zelândia ao ataque às mesquitas foram "infames".

A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, enviou nesta terça-feira (19) uma mensagem de paz aos muçulmanos e prometeu que jamais pronunciará o nome do autor dos ataques contra duas mesquitas em Christchurch, em um discurso que iniciou com a saudação em árabe "salam aleikum".

Em uma sessão especial do Parlamento, Ardern declarou que o supremacista branco responsável pelo massacre de Christchurch, cidade da Ilha Sul da Nova Zelândia, enfrentará toda a força da lei.

Cinquenta fiéis foram mortos na sexta-feira (15), durante as orações da tarde, por um australiano de 28 anos que transmitiu ao vivo as imagens dos ataques, após ter publicado um "manifesto" racista.

"Com este ato terrorista buscava várias coisas, entre elas notoriedade, por isto jamais me ouvirão dizer seu nome", declarou Ardern aos deputados em Wellington, capital do país.

"Peço a vocês: digam os nomes dos que morreram no lugar do nome do homem que provocou tais mortes. É um terrorista, um criminoso, um extremista, Mas, quando eu falar, não terá nome".

Com o discurso, muito emocionado, ela também enviou uma mensagem à comunidade muçulmana. Vestida de preto e com um gesto solene, a chefe de Governo, de 38 anos, abriu a sessão com a expressão "salam aleikum" ("que a paz esteja sobre vós", em árabe), habitual no mundo muçulmano.

- Processo de identificação lento -

"Na sexta-feira terá passado uma semana desde o ataque e os membros da comunidade muçulmana se reunirão para a oração neste dia. Reconheçamos sua dor".

Dezenas de famílias de vítimas de todo o mundo são aguardadas em Christchurch para os funerais.

Mas a lentidão do processo de identificação e as necessidades das investigações médico-legais agravam a dor dos parentes das vítimas. A tradição muçulmana prevê o sepultamento do corpo em um prazo de 24 horas após a morte.

A polícia anunciou nesta terça-feira que entregou às famílias seis corpos de vítimas do massacre de Christchurch, mas advertiu que apenas 12 das 50 vítimas foram identificadas formalmente.

"A polícia é consciente da impaciência das famílias com o período de tempo necessário para o processo de identificação após o ataque terrorista de sexta-feira", afirma a força de segurança em um comunicado.

De acordo com uma lista que circula entre as famílias, as vítimas tinham entre 3 e 77 anos. Muitos eram da região, mas outros procediam de países distantes como Egito e Jordânia.

Após o ataque, a primeira-ministra Ardern prometeu uma reforma na legislação sobre armamentos na Nova Zelândia, que permitiu ao atirador comprar o arsenal que usou no massacre, incluindo armas semiautomáticas.

Os neozelandeses começaram a responder ao apelo do governo para que entreguem suas armas.

Ardern afirmou que nos próximos dias serão anunciadas medidas precisas sobre as restrições, mas deu a entender que entre elas podem estar a compra de armas e a proibição de alguns fuzis semiautomáticos.

O extremista Brenton Tarrant, de 28 anos, foi acusado de assassinato, mas a primeira-ministra afirmou que ele responderá a mais acusações. "Enfrentará toda a força da lei na Nova Zelândia", prometeu.

Ardern também anunciou uma investigação para determinar como o australiano planejou e executou os ataques na Nova Zelândia sem ser identificado pelos serviços de segurança.

O presidente Donald Trump reclamou, nesta segunda-feira (18), de estar sendo apontado como culpado por parte da imprensa, segundo ele, dos ataques contra duas mesquitas na Nova Zelândia.

"A mídia fake news está fazendo hora extra para me culpar pelo terrível ataque na Nova Zelândia", tuitou Trump.

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"Vão ter de trabalhar muito duro para provar essa. Tão ridículo!", completou.

Trump pareceu se referir à crítica a sua resposta ao ataque, cometido por um supremacista branco de 28 anos, alegando se tratar de uma resistência contra o genocídio do povo branco.

Em um longo manifesto, o assassino citou Trump como "um símbolo da identidade branca renovada".

Em diferentes momentos, Trump tuitou e condenou o "terrível" ataque, além de oferecer ajuda às autoridades neozelandesas.

Abriu espaço para a polêmica, na sexta-feira, porém, ao minimizar as implicações da ideologia do atirador. Segundo ele, o violento nacionalismo branco não é um problema que avança.

"É um pequeno grupo de pessoas", afirmou.

A declaração recebeu uma enxurrada de críticas de democratas, que disseram ver nisso sinais ambíguos, em vez de mensagens claras contra o que muitos especialistas independentes veem como um crescente problema de nacionalistas brancos contra muçulmanos, judeus, imigrantes e outras minorias.

Donald Trump foi alvo neste domingo de críticas dos democratas, que, liderados por uma deputada árabe-americana, questionaram o silêncio do presidente americano sobre o auge da supremacia branca, após um massacre em mesquitas da Nova Zelândia.

Diante da polêmica gerada pela resposta morna de Trump ao ataque, o chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, quis negar qualquer tipo de afinidade entre a retórica anti-imigração do presidente e a visão extremista do atirador de Christchurch.

"O presidente não é um supremacista branco", afirmou Mulvaney neste domingo, em entrevista ao canal Fox News.

A democrata de Detroit Rahida Tlabi, que se tornou em 2018 uma das duas primeiras mulheres muçulmanas a chegar ao Congresso americano, considerou hoje, em um talk-show, que o fato de o presidente não se manifestar abertamente contra a supremacia branca torna o país menos seguro.

"Trump é, atualmente, o homem mais poderoso do mundo", assinalou, durante o programa "State of the Union", da CNN. "Desde esta posição de poder, ele está em condições de enviar um sinal muito forte e claro."

"Fizemos isso no passado, contra o terrorismo estrangeiro. Precisamos fazê-lo com o terrorismo local, contra a supremacia branca, que cresce a cada dia que nos mantemos em silêncio", afirmou.

Após o ataque de sexta-feira em Christchurch, Trump expressou pesar e solidariedade às vítimas e à população da Nova Zelândia. Pouco depois, em entrevista coletiva no Salão Oval, disse não considerar que o nacionalismo branco represente um perigo cada vez maior no mundo: "Acho que se trata de um pequeno grupo de pessoas que têm problemas muito, muito graves."

O atirador de Christchurch, identificado como um nacionalista branco australiano, publicou um manifesto repleto de teorias da conspiração racistas, e se referiu a Trump como "um símbolo de identidade branca e objetivo comum".

Os ataques na Nova Zelândia geraram uma onda de solidariedade de parte das comunidades judaicas e cristãs nos Estados Unidos, onde centenas de pessoas participaram de vigílias, de Cincinnati à Filadelfia, e de Pasadena a Nova York. Mas também repercutiram no âmbito político, já tenso devido à polêmica causada pelas declarações sobre Israel de Ilhan Omar, a outra muçulmana no Congresso, que foram percebidas por muitos, incluindo democratas, como antissemitas.

O debate sobre a intolerância se transferiu rapidamente para Trump após o massacre na Nova Zelândia. "Vez ou outra, este presidente abraçou e incentivou os supremacistas brancos, e, em vez de condenar os terroristas racistas, protege-os. Isto não é normal, nem aceitável", tuitou a senadora Kirsten Gillibrand, que oficializou hoje que deseja ser candidata democrata nas eleições presidenciais de 2020.

Mulvaney ironizou a ideia de que a retória e as políticas anti-imigrantes de Trump tenham relação com o ataque na Nova Zelândia: "Tomemos o que aconteceu ontem na Nova Zelândia como o que foi, um ato terrível, nocivo e trágico, e pensemos por que essas coisas acontecem com tanta frequência no mundo. É por causa de Donald Trump? Certamente, não."

O Facebook disse nesta sexta-feira (15) que rapidamente removeu o vídeo do ataque a mesquitas em Christchurch, Nova Zelândia, transmitido ao vivo pelo terrorista através da rede social, e ofereceu condolências às vítimas.

"A polícia nos alertou sobre um vídeo no Facebook logo após o início da transmissão ao vivo e rapidamente eliminamos as contas do Facebook e do Instagram do atirador, bem como o vídeo", afirmou o grupo no Twitter.

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"Também estamos eliminando qualquer elogio ou apoio a esse crime ou ao (s) atirador (es)", acrescenta o tuíte.

"Nossos pensamentos estão com as vítimas, suas famílias e a comunidade afetada pelos terríveis tiroteios na Nova Zelândia", afirma ainda.

A mãe de uma menina sueca morta em um ataque jihadista em 2017 condenou nesta sexta-feira o ataque às mesquitas na Nova Zelândia por um atirador que afirmou, em um manifesto racista, que desejava vingar a morte de sua filha.

O ataque a duas mesquitas nesta sexta-feira (15) na cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, "vai contra tudo o que Ebba defendia", declarou Jeannette Åkerlund, à TV pública SVT.

"Ela espalhava atenção e amor a seu redor, não o ódio. Estou sofrendo com as famílias afetadas e condeno todas as formas de violência", acrescentou.

Ebba Åkerlund, 11 anos, morreu no dia 7 de abril de 2017, quando foi atropelada por um caminhão em uma rua comercial de Estocolmo, por Rakhmat Akilov, um imigrante do Uzbequistão.

O atirador australiano preso após o ataque a mesquitas na Nova Zelândia publicou um manifesto racista no Twitter no qual ele escreveu que queria "vingar Ebba Åkerlund". Ele também escreveu o nome da menina em uma das armas usadas no massacre que matou pelo menos 49 pessoas.

A morte de Ebba abalou a Suécia.

A menina foi morta ao sair da escola e a caminho de encontrar a mãe no centro de Estocolmo. Tinha acabado de enviar uma mensagem pedindo que a mãe comprasse um sorvete para ela.

Seu túmulo, em um cemitério na capital sueca, é regularmente profanado por um homem de nacionalidade estrangeira que aguarda julgamento. O autor do atentado de Estocolmo foi condenado à prisão perpétua em junho de 2018.

Antes do ataque, que matou cinco pessoas no total, ele prometeu fidelidade ao grupo Estado Islâmico (EI).

Ao menos 49 pessoas morreram em ataques nesta sexta-feira (15) contra duas mesquitas da cidade neozelandesa de Christchurch e, segundo as autoridades locais, um dos autores foi identificado como um extremista australiano.

Os ataques nesta cidade da Ilha Sul também deixaram 20 pessoas gravemente feridas, informou a primeira-ministra Jacinda Ardern. Ao citar um dos "dias mais obscuros" do país, ela denunciou uma violência "sem precedentes".

Testemunhas descreveram cenas caóticas e corpos ensanguentados. Crianças e mulheres estão entre as vítimas fatais.

A polícia fez um apelo para que as pessoas não compartilhem nas redes sociais "imagens extremamente insuportáveis", depois que foi divulgado na internet um vídeo feito por um homem branco no momento em que atirava contra os fiéis em uma mesquita.

"Está claro que isto só pode ser descrito como um ataque terrorista. Pelo que sabemos parece que estava bem planejado", disse Ardern. "Foram encontrados dois artefatos explosivos em veículos suspeitos e foram desativados", completou.

O atirador de uma das mesquitas era um cidadão australiano, revelou em Sydney o primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison. "É um terrorista extremista de direita, violento", disse.

O número exato de criminosos não foi revelado, mas, de acordo com Ardern, três homens estavam detidos. A polícia afirmou que um homem com pouco menos de 30 anos foi acusado de assassinato. Esta pessoa será apresentada a um tribunal de Christchurch no sábado.

A polícia afirmou ainda que não procura outros suspeitos. As duas mesquitas atacadas são as de Masjid al Noor, no centro de Christchurch, e Linwood. As duas estavam lotadas nesta sexta-feira para a sessão vespertina das orações.

- "Corpos por todos os lados" -

Um imigrante palestino que pediu para não ser identificado afirmou que viu o momento em que um homem foi atingido por um tiro na cabeça.

"Escutei três disparos rápidos e depois de uns 10 segundos tudo começou de novo. Deve ter sido uma arma automática porque ninguém consegue apertar o gatilho tão rapidamente", disse o homem à AFP.

"As pessoas começaram a correr, algumas estavam cobertas de sangue". Outro homem contou à imprensa local que viu o momento em que uma criança foi atingida por tiros.

"Havia corpos por todos os lados", declarou. Em uma das mesquitas estava a equipe de críquete de Bangladesh, mas os jogadores conseguiram fugir do local.

"Estão sãos e salvos, mas em estado de choque. Pedimos ao time que permaneça confinado no hotel", afirmou uma fonte da delegação. A partida entre as seleções de Bangladesh e Nova Zelândia foi cancelada.

Diversos vídeos e documentos que circulam na internet, mas que não foram confirmados oficialmente até o momento, indicam que o autor transmitiu o ataque no Facebook Live.

Uma equipe da AFP examinou as imagens, que pouco depois foram retiradas dos sites. De acordo com os jornalistas, especialistas em fact check, são autênticas.

Um "manifesto" vinculado às contas desta página do Facebook faz referência à "teoria da substituição", que circula entre a extrema-direita e que fala do desaparecimento dos "povos europeus".

As forças de segurança bloquearam o centro da cidade, mas poucas horas depois suspenderam a medida. A polícia pediu aos fiéis que evitem as mesquitas em toda Nova Zelândia.

O município abriu uma linha direta para os pais dos estudantes que participavam em um protesto contra as mudanças climáticas em uma área próxima aos ataques.

Todas as escolas da cidade foram fechadas. A polícia pediu a "todos os que estavam presentes no centro de Christchurch que não saiam às ruas e apontem qualquer comportamento suspeito".

Os tiroteios são raros na Nova Zelândia, um país que em 1992 restringiu a legislação que permite acesso às armas semiautomáticas após um massacre de 13 pessoas na cidade de Aramoana, na Ilha Sul.

Qualquer pessoa com mais de 16 anos, no entanto, pode solicitar uma licença para ter acesso a uma arma depois de participar de um curso sobre segurança.

O presidente da França, Emmanuel Macron, planeja emendar a mais célebre legislação francesa: a lei de 1905 que estabeleceu a separação entre Igreja e Estado. Texto de referência do secularismo do poder público na Europa, a lei deverá ser alterada para enfrentar um problema contemporâneo, ligado ao radicalismo islâmico e ao terrorismo: o financiamento estrangeiro de grupos religiosos no país.

O objetivo do projeto de emenda é responsabilizar os diretores de centros de culto para impedir que recursos internacionais possam financiar atividades extremistas em território francês. O governo por ora confirma apenas a intenção, mas não revela detalhes.

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Um processo de consulta de líderes religiosos deve começar na próxima semana, em um trabalho coordenado por dois ministérios: o da Justiça e o do Interior - este último responsável pela segurança interna e pelo combate ao terrorismo.

Nenhum dos maiores princípios da lei seria atingido, e a separação entre Igreja e Estado, assim como a liberdade de culto e a neutralidade do Estado, serão mantidas no novo texto. Por outro lado, a emenda exigirá mais transparência no financiamento de grupos e organizações religiosas que atuarão na França. "Não se trata de reescrever a lei de 1905", afirmou a ministra da Justiça, Nicola Belloubet, à rádio France Inter, tentando tranquilizar os críticos.

Segundo o ministro do Interior, Christophe Castaner, as "reflexões" estão em curso no governo e serão transformadas em um projeto uma vez que as partes envolvidas sejam ouvidas. Ainda conforme o ministro, a expectativa é a de que o projeto seja apresentado ao Parlamento no início de 2019.

Pelo rascunho obtido pelo jornal L’Opinion, o governo pretende incitar associações culturais e adotar padrões mais transparentes de financiamento em troca de uma espécie de "selo" de garantia emitido pelo Estado francês. Esse carimbo definiria a associação religiosa como "cultural", abrindo as portas a uma série de subvenções fiscais. Em troca dos subsídios, as associações culturais - em especial mesquitas e centros de culto islâmico - terão de declarar doações superiores a € 10 mil provenientes de Estados, empresas ou pessoas físicas estrangeiras. A pena para o descumprimento da medida de transparência seriam multas ou o confisco dos recursos.

A questão do financiamento do culto muçulmano está no centro do projeto de Macron de criar o chamado "islã francês", ou seja, uma derivação do islamismo praticado no país e mais integrado aos valores da França.

Esse "islamismo à la francesa" existiria em detrimento de versões do culto muçulmano praticadas no Norte da África, no Catar ou na Arábia Saudita, países que influenciam os rumos da religião muçulmana na França por meio de programas de formação de imãs ou de sustento de mesquitas.

Por trás da medida também está o combate ao radicalismo islâmico e ao terrorismo. Mas, para Tareq Oubrou, imã da mesquita de Bordeaux, o Estado está interferindo no que não deveria.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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