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A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro usou um ato do PL Mulher, no Rio de Janeiro, para criticar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, e o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida.

A um público de políticos e simpatizantes, Michelle classificou a gestão de Lula, neste sábado, 25, como "governo bárbaro".

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"Pai da mentira, sim. Filhos adotivos da mentira", disse Michelle, que preside o PL Mulher, ao sustentar que a administração petista acabou com políticas de respeito e valorização das pessoas com deficiência, incluindo cegos e com doenças raras.

Vestida com roupa branca e uma camiseta do PL Mulher, a ex-primeira-dama fez um discurso contra a legalização do aborto e a descriminalização das drogas. "Hoje, a gente sabe separar e a gente pode comparar um governo justo de um governo ímpio. Olha, não foi por falta de aviso", afirmou.

Michelle criticou Lula e Janja pelas viagens internacionais e disse que, no governo de Jair Bolsonaro, o marido e ela economizavam ao se hospedar em embaixadas, e não em hotéis de luxo. "Não precisa ficar fazendo tour pela Europa, fazendo tour pelo mundo. Fica mais um pouquinho no Brasil para ver a realidade do povo", disse.

"Eu tenho essa vocação do voluntariado. Quem não tem, quem tem vocação para viajar, que viaje, viaje, viaje, viaje... Faça álbum de fotos sentada em cima dos móveis. Se eu sentasse, o mundo tinha acabado", declarou Michelle, fazendo referência a uma entrevista dada por Janja ao jornal O Globo, na qual ela posou para fotos no Palácio da Alvorada.

Ao atacar o ministro Silvio Almeida, Michelle afirmou que o chefe da pasta foi condecorado um dia após a morte de um pai de família, numa alusão a Cleriston Pereira da Cunha. Preso por participar dos atos golpistas de 8 de janeiro, Cunha morreu no último dia 20.

"Para mim é desumano porque é um ministro do ‘todes’, que só tem trabalho para os ‘amigues’ e os ‘bandides’", ironizou a ex-primeira-dama, criticando a linguagem neutra usada por apoiadores do governo Lula.

Bolsonaro diz que eleição de 2022 é 'página virada'

Dando sequência a uma série de eventos do PL pelo Brasil, Michelle convidou mulheres a se filiar ao partido e a se candidatar. O partido de Bolsonaro tentará eleger o maior número de vereadoras e prefeitas em 2024, preparando o terreno para as eleições presidenciais de 2026.

Com o marido inelegível, a ex-primeira-dama é apontada como possível candidata da direita à Presidência. Sob o argumento de que é "a pessoa mais perseguida do Brasil", Michelle disse querer liderar um "movimento feminino, e não feminista".

No fim do ato, Bolsonaro subiu ao palco e fez um rápido discurso. Referindo-se aos adversários como "o lado do capeta", o ex-presidente voltou a questionar o resultado das eleições de 2022.

"Quem decidiu não foi o povo. O povo não foi respeitado", destacou Bolsonaro, insinuando que houve interferência do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no resultado das eleições, sem apresentar qualquer prova. "Mas vamos considerar o ano passado uma página virada", completou. No palco estavam o governador do Rio, Claudio Castro (PL), parlamentares e outros aliados da família Bolsonaro.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) ironizou, neste sábado (11), a delação do tenente-coronel Mauro Cid e disse que o único golpe que ela dá é durante treinos de luta. O ex-ajudante de ordens da Presidência disse à Polícia Federal (PF) que Michelle incitava o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a não aceitar a derrota para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e dar um golpe de Estado, segundo o portal UOL.

"Recebi uma mensagem que meu enteado Duda (Eduardo Bolsonaro) e eu estávamos incitando o golpe. Eu, incitando golpe? Com qual arma? Minha Bíblia poderosa?", rebateu Michelle Bolsonaro durante evento do PL Mulher no Espírito Santo. "Eu sei dar golpe e quero ensinar para vocês agora: jab, jab, direto, cruzado, up, esquiva, up", continuou a ex-primeira-dama, encenando os golpes no palco do evento. Ela disse praticar luta todas as terças e quintas-feiras.

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Citado por Michelle, "Duda" é o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-RJ). Segundo a delação de Cid, ele formava, ao lado da esposa do ex-presidente e de aliados, um grupo que dizia que Bolsonaro teria o apoio da população e de pessoas armadas, como os CAC (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores) para prosseguir com um golpe de Estado.

Essa não é a primeira vez que a ex-primeira-dama cita os treinos de luta no contexto de investigações que a atingem. Em setembro, antes comparecer para depor na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, sobre o caso da venda de joias da Presidência, Michelle postou um vídeo treinando, com a legenda: "Das porradas da vida, essas são as melhores".

Ainda na delação, Mauro Cid afirmou que o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) teria incentivado o pai a reconhecer o resultado e admitir a derrota para o petista. A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".

Responsável pela investigação, o subprocurador-geral da República, Carlos Frederico Santos, disse ao Estadão que a delação de Cid ainda é uma "narrativa" e que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ainda precisa comprovar as denúncias e informações repassadas em sua delação. "Isso aí tem que ser corroborado. Pedi uma série de diligências que estão em curso", afirmou.

Em nota, nesta sexta, 10, a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama disse que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova.

"As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas - ditas e reditas -, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração".

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) compartilhou um versículo bíblico nas redes sociais nesta sexta-feira, 10, após ser citada na delação do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência. Segundo o auxiliar de Jair Bolsonaro (PL), ela e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) incitavam o ex-chefe do Executivo a dar um golpe de Estado.

Sem citar o caso, Michelle compartilhou uma passagem da Bíblia sobre enfrentar inimigos "em nome do Senhor dos Exércitos".

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Segundo a coluna de Aguirre Talento no portal UOL, Michelle e Eduardo faziam parte de um grupo de conselheiros radicais que diziam que, em caso de um golpe, Bolsonaro teria apoio da população e de pessoas armadas, os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente.

A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".

Nesta sexta-feira, Michelle citou, em um story (publicação que desaparece em 24 horas) no Instagram, a história bíblica do confronto entre o Rei Davi e o guerreiro filisteu Golias. "Você vem a mim com uma espada, uma lança e um dardo, mas eu vou enfrentá-lo em nome do Senhor dos Exércitos, o Deus dos Exércitos de Israel, que você desafiou."

A ex-primeira-dama costuma utilizar a religião para rebater acusações das quais ela e Bolsonaro são alvos. No dia 11 de agosto, a Polícia Federal (PF) deflagrou a Operação Lucas 12:2, como parte da investigação de um esquema de venda ilegal de joias da Presidência pelo ex-presidente e seus aliados. Sem citar o caso, Michelle disse, no início de setembro, em um evento do PL Mulher - braço do Partido Liberal do qual é presidente - que a "justiça do homem pode não acontecer, mas a justiça de Deus é certa".

A operação da PF foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Trecho da investigação, constante na decisão do ministro, mostra uma conversa entre auxiliares de Bolsonaro, suspeitos de participarem do esquema, em que citam que um kit de joias "sumiu com dona Michelle".

Michelle usou religião como recurso nas eleições de 2022

O discurso religioso também foi utilizado por Michelle durante a campanha eleitoral do ano passado, quando atuou como cabo eleitoral para conquistar votos dos evangélicos. A ex-primeira-dama afirmou, em mais de uma ocasião, que não se tratava de uma disputa política entre Bolsonaro e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e sim de uma "guerra entre o bem e o mal".

Ao participar de um culto religioso com Bolsonaro em agosto do ano passado, em Belo Horizonte (MG), Michelle afirmou que Bolsonaro seria eleito presidente porque Jesus Cristo já havia vencido "na cruz do Calvário por nós".

"Como ele (Bolsonaro) mesmo fala, é uma briga, é uma guerra do bem contra o mal. Mas eu creio que vamos vencer, porque Jesus já venceu na cruz do Calvário por nós. E as promessas do Senhor irão se cumprir na nossa Nação", afirmou.

Às vésperas do segundo turno, a ex-primeira-dama discursou para evangélicos em Nova Iguaçu (RJ) e disse que os cristãos estavam sendo "perseguidos" pelos apoiadores de Lula.

"Nós somos a última barreira de defesa, estamos vivendo uma guerra do bem contra o mal. Cristãos, vocês têm que perceber que já estamos sendo perseguidos. Eu sei o que eu fiz pelos que mais precisam e eu creio em Deus. O Brasil não vai cantar o hino da música internacional socialista, vamos continuar cantando o hino do Brasil", disse Michelle.

A ex-primeira-dama também afirmou, durante a campanha eleitoral, que o PT é um "partido das trevas" e as "portas do inferno não se prevalecerão", citando a possibilidade de vitória de Lula, depois concretizada nas urnas em 30 de outubro.

"Nós selamos aqui, agora, Senhor, as portas do inferno. As portas do inferno não prevalecerão contra a Igreja do Senhor. As portas do inferno não prevalecerão contra as nossas famílias. As portas do inferno não prevalecerão contra a nossa Nação brasileira. Aleluia. Glória a Deus", discursou Michelle na "Marcha para Jesus", na Esplanada dos Ministérios, em 1º de outubro do ano passado.

Michelle compartilhou vídeo de cantora gospel presa pelos atos de 8 de janeiro

Citada por Mauro Cid como uma das incentivadoras de um golpe de Estado para barrar a posse de Lula no Planalto, Michelle Bolsonaro não fez declarações públicas sobre uma intervenção militar nem se posicionou sobre os atos antidemocráticos do 8 de janeiro.

No dia 18 de agosto, contudo, a ex-primeira-dama postou no seu perfil no Instagram a música "Liberdade", da cantora gospel Fernanda Ôliver, que se tornou o "hino" do acampamento bolsonarista no Quartel-General do Exército em Brasília. Trecho da canção diz: "Vou liderar o movimento. A maldade vai acabar".

Michelle publicou o vídeo um dia após a cantora ser presa pela 14ª fase da Operação Lesa Pátria, deflagrada pela PF. Na legenda da imagem, a ex-primeira-dama usou novamente o recurso do discurso religioso ao mencionar a detenção de Fernanda Ôliver. "Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus", escreveu.

Fernanda Ôliver é acusada de incentivar os atos golpistas nas redes sociais e de gravar uma live invadindo o Congresso Nacional. A cantora teve liberdade condicional decretada na última terça-feira, 7, pelo ministro Alexandre de Moraes.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) chamou de "cortina de fumaça" a acusação, feita por Mauro Cesar Barbosa Cid no acordo de delação premiada firmado com a Polícia Federal (PF), de que ele e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro teriam instigado o ex-presidente a dar um golpe de Estado.

"Mais uma cortina de fumaça para encobrir recorde de queimadas na Amazônia, fechamento de mais de 400 mil empresas no 1º semestre e aumento de imposto para tudo que é lado", escreveu o parlamentar no X (antigo Twitter) nesta sexta-feira, 10, alfinetando o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

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O ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL) foi preso em maio durante uma operação da PF que investigou fraude nos cartões de vacinação do ex-presidente e da sua filha Laura. Em setembro, ele foi colocado em liberdade após o acordo de colaboração premiada.

O acordo está em segredo de Justiça, mas alguns pontos já vieram a público. De acordo com o que revelou o Uol nesta sexta, Eduardo e Michelle Bolsonaro fariam parte de um grupo de conselheiros radicais do ex-presidente, que teriam insistido para que ele desse um golpe de Estado depois de perder as últimas eleições para Lula.

Segundo a delação de Cid, um dos argumentos usados pela ex-primeira-dama e pelo deputado para tentar convencer Jair Bolsonaro é de que ele teria amplo apoio da população e dos Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores, os CACs, que tiveram o acesso a armamentos e munições facilitado na gestão passada.

Na delação, Cid também disse que o ex-presidente chegou a se reunir com comandantes das Forças Armadas para avaliar a possibilidade apoio a um golpe. Na ocasião, Bolsonaro teria apresentado uma minuta - que, segundo o ex-ajudante de ordens, foi escrita por Filipe Martins, um ex-assessor da Presidência investigado por fazer um gesto supremacista dentro do Senado.

Ele fez parte também do "gabinete do ódio", uma rede de ataques virtuais e disseminação de notícias falsas contra adversários políticos do ex-presidente. O grupo era coordenado pelo vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), segundo filho de Jair Bolsonaro.

Além do que Eduardo Bolsonaro disse nas redes sociais a respeito da acusação de Mauro Cid, os advogados que representam ele e Michelle divulgaram uma nota, afirmando que as declarações "são absurdas e sem qualquer amparo na verdade" e que não têm prova. Eles tentam acessar o conteúdo da delação, mas tiveram o pedido negado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Leia a íntegra da nota no final deste texto.

O acordo de colaboração premiada é um meio de obtenção de prova. Por isso, para ser considerada eficaz e Mauro Cid não correr o risco de ter sua liberdade revogada, ele terá que indicar caminhos que levem as autoridades a comprovar as acusações feitas.

Leia a íntegra da nota da defesa de Eduardo e Michelle Bolsonaro

As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas - ditas e reditas -, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração.

O ex-ajudante de ordens do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, disse em sua delação premiada à Polícia Federal que Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e a ex-primeira dama Michelle faziam parte de um grupo que incitava o ex-presidente a não aceitar a derrota para o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, nas urnas e a dar um golpe de Estado. As informações foram dadas pela coluna de Aguirre Talento no portal UOL.

Segundo Cid, esse grupo de conselheiros radicais, que incluía a ex-primeira-dama e o filho 03 - que é deputado federal por São Paulo -, dizia que Bolsonaro teria apoio da população e de pessoas armadas: os CACs (Colecionadores, Atiradores Desportivos e Caçadores), que tiveram o acesso a armas facilitado durante o governo do ex-presidente.

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A defesa de Jair e Michelle Bolsonaro afirmou que as acusações são "absurdas", enquanto Eduardo disse que a "narrativa não passa de fantasia, devaneio".

O senador Flávio Bolsonaro, filho 01 do ex-presidente, estaria em outro grupo, que tentava convencer Bolsonaro a se pronunciar publicamente e aceitar o resultado da eleição.

O ex-presidente só falou ao público mais de 44 horas depois do fim do segundo turno, no dia 1º de novembro, mas não admitiu abertamente a derrota. Ele afirmou que as manifestações que ocupavam as ruas na época demonstravam um "sentimento de injustiça" do povo. Ficou para o ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirmar que o governo iria cumprir a lei de transição.

Segundo a delação de Cid, a resistência de Bolsonaro em admitir a eleição de Lula e desmobilizar os acampamentos golpistas em frente a quartéis-generais das forças armadas era porque o então presidente acreditava no aparecimento de algum indício de fraude nas urnas para anular o resultado. No entanto, segundo o ex-ajudante de ordens, nenhuma prova de fraude foi encontrada.

Outra esperança de Bolsonaro, de acordo com a delação, era de que os militares aderissem às propostas golpistas. Mais informações da delação de Cid à PF contaram que o ex-presidente teria se reunido com a cúpula das Forças Armadas, após o segundo turno das eleições presidenciais, para discutir a possibilidade de uma intervenção militar para reverter o resultado que elegeu Lula para a Presidência.

Segundo o tenente-coronel, apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier Santos, aderiu à proposta golpista. Bolsonaro viu a sua pretensão de permanecer no Palácio do Planalto se esvaziar após ouvir de um oficial do Exército que, em caso de um golpe, ele também acabaria sendo retirado da Presidência.

Como ajudante de ordens, Cid teve acesso livre ao Palácio do Planalto, estando ao lado do Bolsonaro em entrevistas, lives, reuniões e até mesmo em salas de cirurgias, sendo o braço direito e secretário particular do então presidente nos quatro anos do governo passado. As memórias dele e os acessos que teve tornam a delação um problema para o ex-chefe do Executivo.

Mauro Cid foi preso no dia 3 de maio, em uma operação da PF que investiga a inserção de dados falsos de vacinação da covid-19. Após ter o seu pedido de delação premiada homologada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Cid foi liberado de um quartel onde estava detido no dia 9 de setembro.

Defesa de Jair e Michelle Bolsonaro diz que acusações são 'absurdas'

Em nota, a defesa do ex-presidente e da ex-primeira-dama disse que as acusações da delação de Cid não são amparadas em elementos de prova. "As afirmações feitas por supostas fontes são absurdas e sem qualquer amparo na verdade e, via de efeito, em elementos de prova. Causa, a um só tempo, espécie e preocupação à defesa do ex-presidente Bolsonaro que tais falas surjam nestes termos e contrariem frontalmente as recentíssimas - ditas e reditas -, declarações do subprocurador da República, dr. Carlos Frederico, indicando que as declarações prestadas pelo tenente-coronel Mauro Cid, a título de colaboração premiada, não apontavam qualquer elemento que pudesse implicar o ex-presidente nos fatos em apuração."

A nota indica ainda que a família Bolsonaro nunca esteve ligada a movimentos de ruptura institucional e que a defesa ainda não teve acesso ao conteúdo da delação.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, afirmou que a acusação é fantasiosa. "Querer envolver meu nome nessa narrativa não passa de fantasia, devaneio. Se a oposição queria dar um golpe, pergunta-se, então, por que o ministro da Justiça tudo fez para que as imagens de seu ministério não se tornassem públicas?"

Veículos de imprensa foram colocados para fora de um evento do Partido Liberal (PL), em Brasília, onde a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) fará um discurso para apoiadoras neste sábado, 2, no Encontro Distrital do PL Mulher. Mesmo com credenciamento prévio, repórteres e cinegrafistas tiveram que se retirar de última hora sob a justificativa de que o local do encontro não tinha um espaço reservado para jornalistas.

Além do Estadão, profissionais do SBT, Correio Braziliense e da CNN Brasil foram impedidos de entrar no Hípica Hall, prédio onde está sendo realizado o evento. Na vistoria dos participantes, seguranças impediram que câmeras fotográficas entrassem no auditório onde a ex-primeira-dama irá discursar.

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Os jornalistas que conseguiram entrar no espaço foram convidados a se retirar pouco tempo depois, e os que ficaram do lado de fora não tiveram permissão de passar pelos portões, que ficou fechado para a realização do encontro partidário. Houve também profissionais que foram retirados após serem "dedurados" por participantes.

Assessores do PL informaram à equipe de reportagem do Estadão que estava presente no local que o impedimento do trabalho da imprensa aconteceu porque não havia um espaço reservado aos jornalistas. Porém, em outros eventos, como na posse de Michelle na presidência do PL Mulher, em março deste ano, jornalistas puderam acompanhar a cerimônia que, inclusive, reuniu mais participantes e autoridades do que o evento deste sábado.

O impedimento do trabalho da imprensa aconteceu dois dias depois de Michelle, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e mais seis pessoas serem intimadas a prestarem um depoimento simultâneo na Polícia Federal (PF), que investiga o esquema de venda ilegal de joias recebidas pela Presidência da República. O casal presidencial preferiu ficar em silêncio durante a oitiva, sob a justificativa de que o Supremo Tribunal Federal (STF), que acompanha as investigações da PF e autoriza operações, quebras de sigilo e buscas, não seria competente para o caso.

Deflagrada em 11 de agosto, a Operação Lucas 12:2 da PF revelou que aliados do ex-presidente teriam vendido joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República. Segundo a PF, essas peças, que deveriam ser incorporados ao acervo da União, foram omitidas dos órgãos públicos, incorporadas ao estoque pessoal de Bolsonaro e negociadas no exterior para fins de enriquecimento ilícito.

As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo da Arábia Saudita, que seriam posteriormente entregues para Bolsonaro e Michelle.

Em uma troca de mensagens entre Mauro Cid e Marcelo Câmara, dois auxiliares de Bolsonaro que também foram intimados a prestar depoimento simultâneo à PF nesta quinta, é discutida a legalidade da venda das joias e Marcelo cita que um item teria "desaparecido" com a ex-primeira-dama. "O que já foi, já foi. Mas se esse aqui tiver ainda a gente certinho pra não dar problema. Porque já sumiu um que foi com a dona Michelle; então pra não ter problema", disse.

Para a PF, a troca de mensagens pode indicar que outros objetos podem ter sido desviados pelo grupo. "As mensagens revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais, ressaltando inclusive que ‘sumiu um que foi com a dona Michelle", afirmou a PF.

Desde que se tornou uma das investigadas pela PF, a ex-primeira-dama aparece ironizando a situação que ameaça afetar o capital eleitoral e a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro. Antes de ir ao depoimento simultâneo na última quinta, ela postou um vídeo treinando MMA (sigla em inglês para artes marciais mistas) com a legenda: "Das porradas da vida, essas são as melhores".

No último sábado, 26, em um outro evento do PL Mulher, dessa vez em Pernambuco, ela disse que ia criar uma linha de produtos chamada "Mijoias", por ser questionada sobre o destino dos objetos no caso investigado pela PF.

"Tem um povo tão atrapalhado, se fosse lá em Brasília eu ia falar um povo tapado, que fica assim: ‘Cadê as joias, você não vai entregar?’ Querida, a joia está na Caixa Econômica Federal. Mas vocês pediram tanto, vocês falaram tanto de joias que, em breve, nós teremos lançamento: ‘Mijoias’ para vocês", disse, sob aplausos de aliadas.

Naquela ocasião, a ex-primeira-dama afirmou ainda que teve a reputação "achincalhada" e que faria "do limão uma limonada docinha".

Naquela ocasião, Michelle também disse que as indagações sobre o comércio ilegal de joias recebidas em viagens oficiais ocorrem para desviar o foco da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que investiga os atos de invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes. A ex-primeira-dama também afirmou que Bolsonaro não perdeu as eleições, já que uma grande bancada de aliados do ex-presidente foi escolhida para compor o Congresso Nacional.

Desde que se tornou uma das pessoas investigadas pelo esquema de venda ilegal de joias recebidas pela Presidência no exterior, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro aparece ironizando a situação que ameaça afetar o capital eleitoral e a situação jurídica do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nesta quinta-feira, 31, antes de ir para o depoimento simultâneo na sede da Polícia Federal (PF), em Brasília, onde ficou em silêncio assim como o marido, Michelle postou um vídeo treinando MMA (sigla em inglês para artes marciais mistas) com a legenda: "Das porradas da vida, essas são as melhores".

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O vídeo foi compartilhado por Anderson Carvalho, que se autointitula coach de muay thai e MMA e aparece treinando a ex-primeira-dama. No vídeo, Michelle brincou: "Adoro quando ele erra (os golpes)".

No último sábado, 26, a ex-primeira-dama já havia feito ironia ao tema em um evento do PL Mulher em Pernambuco. Na ocasião, ela disse que ia criar uma linha de produtos chamada "Mijoias", por ser questionada sobre o destino dos objetos no caso investigado pela PF.

"Tem um povo tão atrapalhado, se fosse lá em Brasília eu ia falar um povo tapado, que fica assim: 'Cadê as joias, você não vai entregar?' Querida, a joia está na Caixa Econômica Federal. Mas vocês pediram tanto, vocês falaram tanto de joias que, em breve, nós teremos lançamento: 'Mijoias' para vocês", disse, sob aplausos de aliadas.

A ex-primeira-dama afirmou ainda que teve a reputação "achincalhada" e que faria "do limão uma limonada docinha".

Naquela ocasião, Michelle também disse que as indagações sobre o comércio ilegal de joias recebidas em viagens oficiais ocorrem para desviar o foco da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, que investiga os atos de invasão e depredação dos prédios dos Três Poderes. A ex-primeira-dama também afirmou que Bolsonaro não perdeu as eleições, já que uma grande bancada de aliados do ex-presidente foi escolhida para compor o Congresso Nacional.

PF investiga joia que teria 'sumido' com Michelle

Deflagrada em 11 de agosto, a Operação Lucas 12:2 da PF revelou que aliados do ex-presidente teriam vendido joias e outros objetos de valor recebidos em viagens oficiais da Presidência da República. Segundo a PF, essas peças, que deveriam ser incorporados ao acervo da União, foram omitidas dos órgãos públicos, incorporadas ao estoque pessoal de Bolsonaro e negociadas no exterior para fins de enriquecimento ilícito.

As tentativas de vender as joias só foram paralisadas após o Estadão revelar, em março, que auxiliares de Bolsonaro tentaram entrar ilegalmente no Brasil com um kit composto por colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes entregues pelo governo da Arábia Saudita, que seriam posteriormente entregues para Bolsonaro e Michelle.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) afirmou que não pode se "submeter a prestar depoimento em local impróprio" ao justificar o silêncio diante da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira, 31. A estratégia também foi adotada pelo marido dela, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Nas redes sociais, Michelle repetiu a justificativa da defesa, de que o Supremo Tribunal Federal (STF), que acompanha as investigações da PF e autoriza operações, quebras de sigilo e buscas, não seria competente para o caso.

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"Não se trata de ficar em silêncio. Estou totalmente à disposição para falar na esfera competente e não posso me submeter a prestar depoimento em local impróprio", disse a ex-primeira-dama.

Michelle, Bolsonaro e outras seis pessoas foram intimadas a depor sobre o suposto esquema de venda de joias recebidas pelo ex-presidente em compromissos oficiais. As oitivas foram marcadas para ocorrerem simultaneamente nesta quinta, uma estratégia utilizada pela PF para evitar a chance de uma combinação de versões entre os investigados.

A defesa justifica que a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestou pelo "declínio da competência" sobre o caso, remetendo os autos para a 6ª Vara Federal de Guarulhos.

"Considerando ser a PGR a destinatária final dos elementos de prova da fase inquisitorial para formação do juízo de convicção quanto a elementos ou não a lastrear eventual ação penal, os peticionários, no pleno exercício de seus direitos e respeitando as garantias constitucionais que lhe são asseguradas, optam por adotar a prerrogativa do silêncio no tocante aos fatos ora apurados", diz o documento apresentado pela defesa do casal Bolsonaro.

Desde 1º de janeiro, quando deixou o Palácio do Planalto, Bolsonaro não detém mais foro privilegiado. Com isso, os processos criminais contra ele deveriam em tese tramitar na primeira instância, a não ser que a ação envolva outras pessoas com prerrogativa de foro - o que não é de conhecimento público.

O inquérito sobre as joias sauditas recebidas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e retidas no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em andamento desde março, foi remetido pela Vara Federal local para o STF no último dia 15, por ter conexão com a investigação mais ampla conduzida pela PF em Brasília.

Aliados e integrantes de grupos bolsonaristas, que mobilizaram doações de R$ 17,1 milhões para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão divulgando o Pix da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) para novas arrecadações. A informação que circula em grupos de mensagens e nas redes sociais é de que a Polícia Federal (PF) pode pedir o bloqueio das contas de Jair Bosonaro, impedindo o uso do dinheiro. 

A vaquinha on-line foi feita em junho para ajudar o ex-presidente a pagar as multas processuais pelas quais foi condenado nos últimos meses, em decorrência das recusas de usar capacete em motociatas e de utilizar máscara de proteção durante o auge da pandemia de Covid-19. 

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Nas redes sociais, aliados, como o deputado federal Mario Frias (PL-RJ), divulgam uma imagem da capa da revista IstoÉ com a manchete “Justiça vai bloquear os R$ 17 milhões do pix de Bolsonaro”. Logo abaixo, uma foto de Michelle com a legenda “já que vão bloquear Bolsonaro, vamos de Michelle”, seguido da chave pix da ex-primeira-dama, que é seu CPF. 

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Segundo a reportagem da revista, publicada na última sexta-feira (25), o pedido da PF deverá chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF) nos próximos dias. O congelamento das contas de Bolsonaro poderá permitir aos peritos analisar os recebimentos milionários na investigação de supostas fraudes realizadas para não levantar suspeitas do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). À Justiça Eleitora, Jair Bolsonaro havia declarado um patrimônio de R$ 2,3 milhões em 2022. 

Os investigadores vão os CPFs de todos os 769 mil doadores. De acordo com a reportagem da IstoÉ, os peritos da PF têm uma hipótese de que os R$ 17 milhões arrecadados são, na verdade, fruto de um esquema de lavagem de capitais, crime cuja pena pode chegar a 12 anos de prisão.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro se exaltou ao ser questionada sobre as joias que são alvo de investigação da Polícia Federal. Ela almoçava em um restaurante em Brasília, nessa sexta (11), quando foi perguntada por uma cliente sobre os presentes dados à União que teriam sido vendidos de forma ilegal, com anuência do marido. Seu maquiador Agustin Fernandez insultou a mulher e atirou um copo com gelo.

Nas imagens, o maquiador chama a mulher de "vagabunda" e faz outros xingamentos. Michelle também aparece exaltada. Ela caminha em direção à mesa da mulher que a questionou e diz: "você é tão mal-informada que sabe onde estão as joias”. Em seguida, Agustin joga um copo com gelo nela.

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O maquiador não se pronunciou sobre as agressões. A assessoria da ex-primeira-dama emitiu uma nota de repúdio e deu sua versão sobre o caso:

"Na tarde de hoje (11), durante um almoço com amigas, D. Michelle atendia a pedidos para tirar fotos com um casal, quando foi importunada com provocações e insultos injustos oriundos de duas desconhecidas.

Essas mulheres, de maneira premeditada, iniciaram uma filmagem enquanto provocavam e insinuavam acusações de crime contra Michelle disfarçando-as de perguntas, numa clara tentativa de preparar uma cilada midiática para a ex-Primeira-Dama, a qual apenas respondeu aos insultos dizendo que aquelas pessoas eram mal-informadas e retirou-se do local.

Repudiamos esse tipo de ação contra quem quer que seja e, principalmente, quando se verifica a premeditação da prática do mal com a finalidade desonesta de obter, no mínimo, ganhos midiáticos em detrimento da honra e da paz das pessoas."

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou Jair Bolsonaro (PL) inelegível e, agora, o ex-presidente vai precisar decidir se mantém a extrema-direita sob seus domínios ou se vai confiar seu antigo espaço para um nome decidido nos bastidores. Entre as duas faces dos efeitos da sentença, a emersão do substituto nos próximos oito anos pode perpetuar Bolsonaro como uma peça fundamental ou abreviar sua posição junto aos eleitores. 

Com o placar de 5x2 pela condenação, a inelegibilidade do ex-presidente foi confirmada pela maioria dos sete ministros do TSE. O julgamento foi retomado ao meio-dia desta sexta (30), com o voto de Carmen Lúcia, que sentenciou Bolsonaro. Em seguida, se pronunciaram Kássio Nunes, que votou contra a condenação, e Alexandre de Moraes, que concluiu a votação acompanhando o relator e condenando o ex-presidente por abuso de poder. 

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Em entrevista ao LeiaJá, o mestre em Ciências Jurídico Políticas Caio Sousa entende que a perda dos direitos políticos de Bolsonaro deixa "um vazio difícil de ser ocupado em curto espaço de tempo na extrema-direita".  

As últimas eleições mostraram que os brasileiros se acostumaram a personalizar o voto, sobretudo em políticos apoiados em discursos polarizados. "Bolsonaro teve como grande façanha reunir uma fatia considerável do eleitorado, seja pelo discurso que carrega ou por ser até então o único nome anti-petista", considerou. 

Com um público fidelizado para as próximas disputas, mas desqualificado para se eleger, o ex-presidente pode não ceder espaço para o surgimento de uma nova liderança de direita ou de centro-direita. Dessa forma, seria o início do seu projeto pessoal para garantir a manutenção política com um substituto dentro do seu clã. 

Na lista de sangue composta pelo senador Flávio Bolsonaro, pelo deputado Eduardo Bolsonaro, pelo vereador Carlos Bolsonaro e por Renan Bolsonaro, a esposa Michelle toma a dianteira da fila e pode surgir como a herdeira do capitão nas urnas. 

"No núcleo familiar do presidente, apenas a ex-primeira-dama representaria personagem mais fácil de ser trabalhado quanto ao marketing e à imagem, no entanto, a transferência de todo o capital político e a superação da rejeição do ex-presidente, são desafios que precisarão ser vencidos, em paralelo com a análise do êxito ou não do governo Lula", avaliou o cientista político. 

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro e o marido.  Isac Nóbrega/PR

O "fenômeno Bolsonaro" conseguiu dar visibilidade a uma série de atores de fora da política e mostrou robustez para arrastá-los ao Congresso nas últimas eleições. Inclusive, um dos pontos mais debatidos na comparação com o presidente Lula é a eficiência do antecessor em fortalecer e renovar seu campo político com quadros jovens e estreantes no cenário. 

Embora Bolsonaro tenha praticamente unificado o voto da direita e conquistado boa fatia do centro, seu impedimento como candidato é percebido por Sousa como o enfraquecimento unicamente da política construída com base no bolsonarismo. Assim, a ampla direta não sofreria grandes riscos.  

"A direita possui outras vozes, inclusive de viés mais liberal, ao contrário do perfil mais interventivo e protecionista que tinha o ex-presidente", previu. 

Nesse entendimento, o afastamento do ex-presidente dá margem para mais “um exercício de articulação e contemplação de interesses por parte de quem queira emergir como novo, manter capital político antigo ou continuar no poder”, destacou Sousa.   

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quinta-feira (29), ao desembarcar no Rio de Janeiro, que não descarta apoiar uma eventual candidatura de Michelle Bolsonaro. O ex-chefe do Executivo disse ainda que será um bom cabo eleitoral, caso seja considerado inelegível.

"Lógico que sim apoio uma candidatura de Michelle. Se eu estiver fora do jogo político, serei um bom cabo eleitoral. Tem vários bons nomes por aí, mas acredito até o último segundo na isenção e em um julgamento justo e sem revanchismo por parte do TSE", disse Bolsonaro.

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A possibilidade de inelegibilidade de Bolsonaro até 2030 abre a disputa na direita pelo espólio do ex-presidente. Nomes como dos governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, despontam como fortes candidatos a ocupar o vácuo que poderá ser deixado pelo ex-chefe do Executivo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho "01"; a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) e o general da reserva Walter Braga Netto, candidato a vice na chapa derrotada nas eleições passadas, também são cogitados para substituir o ex-presidente no grupo bolsonarista em 2026.

Anistia

Bolsonaro citou a iniciativa de deputados bolsonaristas de tentar anistiá-lo, em caso de condenação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ex-presidente afirmou que o projeto de lei deve ser apresentado até a semana que vem: "anistia é prevista em regimes democráticos."

Já antecipando o julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pode deixar o ex-presidente inelegível por oito anos, aliados querem tentar anistiá-lo. O deputado Sanderson (PL-RS) irá apresentar um projeto de lei para todos os políticos que cometeram crimes eleitorais em 2022.

Neste cenário, todos os políticos que cometeram tais delitos, com exceção daqueles que não podem ser anistiados - terrorismo, tortura, racismo e crimes hediondos - teriam a punição anulada.

Acampamentos de bolsonaristas

O ex-presidente voltou a defender os manifestantes que acamparam em frente à quartéis pelo País. Segundo Bolsonaro, "não houve lideranças nos acampamentos" e que os apoiadores "estavam lá nos quartéis de forma ordeira e permitidos pelas Forças Armadas".

"Eram pessoas idosas com a Bíblia embaixo do braço e a bandeira do Brasil nas costas no 8 de janeiro. Alguns cometeram invasão, depredação, mas jamais golpe", disse.

Bolsonaro voltou a defender as suas declarações contra o sistema eletrônico de votação. "O próprio José Dirceu já disse que o TSE não dava garantia sobre o voto eletrônico. Falar em vacina, em voto, urna e sobre o PL da Censura passou a ser crime", disse.

O senador Ciro Nogueira (PP-PI), afirmou nesta segunda-feira, 24, que o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, teria mais força política para concorrer à Presidência em 2026 do que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, aposta do PL para participar da corrida eleitoral. Segundo o parlamentar, é natural que Tarcísio venha a disputar a vaga no Planalto caso o ex-presidente Jair Bolsonaro esteja inelegível, deixando aberta a cadeira para um eventual novo nome em São Paulo.

Na manhã desta terça-feira, 25, Nogueira participou da Convenção Nacional do Partido Progressista, em Brasília, e foi reconduzido à presidência da sigla, a mesma do presidente da Câmara, Arthur Lira.

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"O Tarcísio, se não ele (Bolsonaro) não puder ser candidato, é mais forte do que ela. Me perdoem dizer isso. Política é fila", afirmou em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura. "A dona Michelle é a única pessoa que se elege senadora nos 27 Estados da federação, quer alguém mais forte do que ela?" Ciro reiterou, no entanto, que se Bolsonaro puder ser candidato, ele teria mais força neste cenário do que o governador, e que Michelle poderia disputar qualquer outro cargo em função de sua "força na política brasileira".

'Imbatível'

Ao ser questionado sobre o processo que irá analisar a inelegibilidade de Bolsonaro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devido às falas do ex-presidente em reunião com embaixadores sobre a credibilidade das urnas eletrônicas, Nogueira disse que não via "nada demais", e comparou ao encontro convocado pela ex-presidente Dilma Rousseff à época do impechment. "Eu não vejo nada demais. A mesma reunião foi feita pela presidente Dilma quando foi cassada e fez a reunião com os embaixadores para denunciar um golpe", disse.

Segundo ele, a repercussão do tema o tornaria "imbatível". "Sabe qual é a grande dúvida se vão cassar Bolsonaro ou não? É vão tornar Bolsonaro imbatível. Se ele já elegeu a quantidade de pessoas que ele elegeu, imagine ele injustiçado (...) A população não vai aceitar."

Repetindo elogios ao ex-presidente, de quem foi ministro da Casa Civil, Nogueira avaliou que os principais responsáveis pela derrota de Bolsonaro nas últimas eleições foram os próprios aliados do ex-mandatário. "Nós cometemos muitos erros. Perdemos as eleições para nós mesmos", disse. "Culpa minha e de muita gente", destacou, ao lembrar dos acontecimentos envolvendo Roberto Jefferson, que atirou em policiais federais, e a deputada federal Carla Zambelli, que apontou uma arma para um homem no meio da rua. "Se não tivesse tido esses fatos nós teríamos ganhado a eleição com uma diferença maior do que o Lula ganhou."

'A narrativa de Lula Santo e Bolsonaro Bandido não vai colar'

Nogueira defendeu ainda a integridade de Bolsonaro diante do escândalo das joias que atingiu o ex-presidente. Conforme revelou o Estadão, o ex-chefe de estado recebeu três pacotes de joias do governo da Arábia Saudita quando ainda estava na gestão do Planalto.

O conjunto recebido por Bolsonaro soma entre R$ 17 milhões e R$ 18 milhões. "Eu tenho certeza da honestidade e seriedade de Bolsonaro", pontuou, e esclareceu que "a narrativa de que Lula é um santo e Bolsonaro é bandido não vai colar".

Relações Internacionais

Questionado sobre a comparação da diplomacia durante o governo Bolsonaro e a intensa agenda externa de Lula desde que assumiu o terceiro mandato, o senador subiu o tom e disse que o primeiro ato internacional do atual mandatário foi criar "um estelionato eleitoral" na Argentina. "As pessoas não são tão tolas em um país que precisa de uma infraestrutura enorme como o Brasil para fazer um gasoduto na Argentina. O Fernandes é o Lula de amanhã", citou ao criticar as ações do governo brasileiro em solo argentino.

Nogueira ainda criticou o acordo de paz proposta por Lula na guerra entre Rússia e Ucrânia e questionou que "se ele não controlou nem o Palácio do Planalto para invadir, ele vai ensinar o mundo?", frisou. "Nós estamos sem comando. O país não iniciou o seu governo", afirmou.

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou, em entrevista concedida à rádio Jovem Pan, sobre a possibilidade de a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro disputar a Presidência da República em 2026.

"Ela falou que não quer saber de cargo no Executivo. Até porque não tem vivência. Para você ser prefeito, não é fácil. Eu vejo muitos prefeitos que quando terminam o mandato se arrependem, dado ao número de processos que respondem, por improbidade administrativa", disse Bolsonaro, que voltou dos EUA para o Brasil na manhã desta quinta-feira (30).

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"E ela é essa pessoa que não tem essa vivência política - todo mundo pode disputar um cargo eletivo desde que tenha idade e etc - mas tem que ter algo mais [...] Não vou proibi-la de fazer isso, mas ela já adiantou pra mim (que não vai)", finalizou o ex-presidente.

Na véspera do retorno de Jair Bolsonaro ao Brasil, previsto para a manhã desta quinta (30), a Polícia Federal marcou o depoimento do ex-presidente no inquérito que apura a entrada ilegal de joias no País. Bolsonaro terá de dar explicações no dia 5 de abril sobre o uso da estrutura de seu governo para liberar diamantes apreendidos pela Receita Federal por não pagamento de imposto.

A decisão da PF ocorreu horas depois de o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmar que Bolsonaro deve explicações sobre as caixas de presentes recebidos do regime da Arábia Saudita. "Ele vai ter de chegar e dar explicações sobre as joias, em várias questões que estão sendo descobertas no governo dele", disse Padilha.

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O governo nega que tenha pressionado a PF para criar um fato negativo no retorno do adversário ao País. A data do depoimento foi marcada pelos policiais que investigam o caso das joias em São Paulo.

Bolsonaro deixou o Brasil em 30 de dezembro, dois dias antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva. Nos últimos três meses, ficou nos Estados Unidos, de onde continuou contestando o resultado da eleição. O ex-presidente alega que foi prejudicado por decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que tiraram do ar perfis de apoiadores nas redes sociais, ambiente em que o bolsonarismo é atuante. Além disso, ele também contesta, sem provas, as urnas eletrônicas.

Segurança

Nas redes sociais, apoiadores do ex-presidente convocaram manifestantes para que compareçam hoje ao aeroporto de Brasília. Um dos posts dizia: "30/03/2023 - O Retorno". O superintendente da Polícia Rodoviária Federal, Igor Ramos, disse que foi identificada movimentação atípica de ônibus de viagem em Brasília nos últimos dias, mas afirmou não poder compartilhar os dados levantados.

Bolsonaro pretendia desfilar em carro aberto do aeroporto até o Condomínio Solar de Brasília, no Jardim Botânico, onde vai morar. O PL pediu reforço ao governo do Distrito Federal para a segurança do ex-presidente, pois são esperadas aproximadamente 10 mil pessoas na recepção.

A PF e também a Secretaria da Segurança Pública do DF decidiram, no entanto, impor limites à mobilização pretendida pelos bolsonaristas. Foi montado um esquema especial de policiamento. A PF informou que não permitirá que Bolsonaro use hoje o saguão principal do aeroporto. A instituição alega que precisa preservar a segurança do local.

A secretaria do DF também não pretende permitir que o ex-presidente faça desfile em carro aberto. O secretário Sandro Avelar sustentou que ações do tipo infringem o Código de Trânsito Brasileiro e não serão permitidas pelo Detran.

O diretor da PF, Cezar Luiz Busto, afirmou que a orientação na corporação é que Bolsonaro faça o desembarque por uma área restrita do Aeroporto Juscelino Kubitschek para evitar que apoiadores se aglomerem no saguão. "O determinado por enquanto é que não sairá pelo saguão. Nós decidimos em reunião que não é viável o seu desembarque pelo saguão normal", disse.

A PF não deve permitir ainda o acesso de parlamentares ligados a Bolsonaro a áreas restritas do aeroporto. Circula entre deputados e senadores bolsonaristas a versão de que deverão recepcionar o ex-presidente logo após o desembarque. Eles também têm estimulado que apoiadores compareçam ao aeroporto.

O governo do DF, contudo, tem feito apelos para que os apoiadores de Bolsonaro não se aglomerem nos arredores do aeroporto. Ao desembarcar de voo comercial vindo dos EUA, Bolsonaro será submetido ao procedimento convencional de inspeção das malas pela alfândega e deverá apresentar recibos de eventuais compras à Receita Federal.

A pasta da Segurança do DF descarta, por ora, realizar revistas dos apoiadores de Bolsonaro nos pontos de controle ao longo do trajeto de deslocamento. Segundo o governo, eventuais aglomerações de motos e caminhões nas vias próximas do aeroporto serão submetidas à "triagem". As autoridades argumentam que a revista só deve ser adotada em "situações suspeitas".

Oposição

O ex-presidente prepara uma estratégia para mostrar que ainda é o principal antagonista de Lula. Na tentativa de desviar das acusações que pesam contra ele, voltará a investir nas redes sociais para fazer um contraponto entre sua gestão e ações do governo petista. A data para o seu retorno foi planejada sob medida, às vésperas de Lula completar três meses de governo, num momento em que o petista enfrenta uma situação difícil na política e na economia.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou que tanto Bolsonaro como a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro vão trabalhar com o objetivo de fortalecer o partido para as disputas municipais de 2024, antessala da eleição presidencial de 2026. No ano passado, o PL conquistou a maior bancada na Câmara, com 99 deputados. A legenda tem, ainda, 12 senadores e um Fundo Partidário de R$ 205 milhões.

A ideia é que Bolsonaro e Michelle comecem a viajar pelo País no segundo semestre, mas não juntos. "Vamos pensar no futuro", disse o ex-presidente por videoconferência, no último dia 21, quando Michelle assumiu o comando do PL Mulher. "O PL é um grande partido, tem aproximadamente 20% dos parlamentares federais com ele. O partido está estruturado, organizado. É um partido que quer, sim, lutar para fazer mil prefeitos no ano que vem pelo Brasil", afirmou.

Receio

Apesar do clima de "festa" no PL, aliados do ex-presidente temem que antigos amigos de Bolsonaro, como o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, façam acordo de delação premiada. Ex-secretário da Segurança Pública do DF, Torres está preso há dois meses e meio. Recentemente, ele prestou depoimento ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em ação que pode tornar Bolsonaro inelegível por causa dos ataques às urnas eletrônicas.

"Nada está provado contra Bolsonaro nem contra seus principais colaboradores", disse o deputado Capitão Augusto (SP), vice-presidente do PL. "Nesse caso das joias, por exemplo, a legislação é dúbia e ele não responde a processo criminal nem administrativo por isso." (COM BROADCAST)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O advogado Paulo Amador da Cunha Bueno entregou, nesta sexta-feira (24), o segundo conjunto de joias que foi recebido ilegalmente pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O estojo é composto por relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard. O site da loja vende peças similares que juntas somam, no mínimo, R$ 400 mil.

Bueno levou o conjunto para uma agência da Caixa localizada na Asa Sul, região central de Brasília, seguindo determinação do Tribunal de Contas da União (TCU). A caixa de joias entrou no País com a comitiva do governo Bolsonaro em outubro de 2021, sem ser declarada à Receita Federal.

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Como mostrou o Estadão, o presidente Jair Bolsonaro recebeu pessoalmente o segundo pacote de joias da Arábia Saudita que chegou ao Brasil pelas mãos da comitiva do então ministro de Minas e Energia (MME), Bento Albuquerque.

Ao Estadão, o tenente-coronel do Exército Mauro Cid, ajudante de ordens e "faz-tudo" do ex-presidente, disse que o estojo estava com Bolsonaro, no "acervo privado" dele. A entrada das peças no Brasil sem declaração à Receita e a apropriação pelo presidente estão irregulares. O entendimento do TCU é que os ex-presidentes só podem ficar com lembranças de "caráter personalíssimo" como roupas e perfumes.

O Estadão teve acesso a documentos oficiais que comprovam que o pacote foi entregue no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República. O recibo indicando que Bolsonaro recebeu as joias de diamantes foi assinado pelo funcionário Rodrigo Carlos do Santos às 15 horas e 50 minutos do dia 29 de novembro de 2022. O papel da Documentação Histórica do Palácio do Planalto traz um item no qual questiona se o item foi visualizado por Bolsonaro. A resposta: "Sim".

Bolsonaro requisitou as joias faltando um mês para encerrar seu mandato e deixar o Brasil rumo aos Estados Unidos, onde se refugiou desde 30 de dezembro, quando perdeu a eleição para o seu rival Luiz Inácio Lula da Silva.

Antes, as joias ficaram por mais de um ano nos cofres do Ministério de Minas e Energia. Elas chegaram ao Brasil trazidas pelo então ministro Bento Albuquerque em outubro de 2021. Ele não declarou o ingresso do estojo, o que pela legislação é um crime.

No mesmo voo, estava o assessor do ministro com outro estojo da marca Chopard, contendo um colar, um par de brincos, relógio e anel estimados em 3 milhões de euros (R$ 16,5 milhões). Essas últimas peças, porém, foram apreendidas pela Receita Federal quando o assessor do ministro também tentou entrar com elas ilegalmente no País, como revelou o Estadão.

O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Polícia Federal (PF) a união das apurações dos respectivos órgãos sobre a tentativa do governo de Jair Bolsonaro (PL) de trazer ilegalmente para o País um conjunto de joias de diamantes avaliadas em cerca de 3 milhões de euros, o equivalente a R$ 16,5 milhões - caso revelado pelo Estadão.

Segundo a Procuradoria, após a análise preliminar de informações encaminhadas pela Receita Federal sobre o caso, o órgão entendeu pela "necessidade de investigação unindo esforços" com a PF.

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Os dados citados pelo MPF foram recebidos pelo órgão no último dia 8. Após requisição da Procuradoria, o Fisco entregou todas as informações disponíveis sobre a apreensão de joias milionárias com a comitiva do Ministério das Minas e Energia do governo Bolsonaro no aeroporto de Guarulhos.

Antes disso, o MPF informou que a Receita Federal não havia reportado o caso. A apreensão aconteceu em outubro de 2021. A denúncia, chamada de notícia de fato, só foi formalizada na última sexta-feira, 3, depois que o Estadão revelou o confisco.

Caso o pedido do Ministério Público Federal seja aceito pela PF, a Procuradoria da República em Guarulhos (SP) vai entrar no circuito das apurações iniciadas pela corporação no dia 6 de março. A investigação tramita em sigilo na Delegacia Especializada de Combate a Crimes Fazendários da superintendência da corporação em São Paulo.

O inquérito foi aberto por determinação do Ministério da Justiça. O ministro Flávio Dino argumentou que a atuação da PF no caso é necessária em razão de supostos crimes contra a administração pública. Ele destacou "lesões a serviços e interesses da União" e a "repercussão internacional" do episódio.

Como revelou o Estadão, as joias no centro da apuração foram apreendidas pela Receita durante fiscalização de rotina no aeroporto de Guarulhos. Eles estavam na mochila de Marcos André Soeiro, militar à época assessor do Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Os diamantes eram um presente do regime saudita para o então presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama, Michelle. O ex-chefe do Executivo tentou, por oito vezes, reaver as joias, mobilizando o gabinete presidencial, três ministérios (Economia, Minas e Energia e Relações Exteriores) e militares.

Enquanto as joias avaliadas em cerca de R$ 16,5 milhões acabaram apreendidas pelo Fisco, outra caixa de joias chegou às mãos do presidente - avaliada em cerca de R$ 400 mil, com relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard. O segundo pacote de peças em ouro estava com o então ministro Bento Albuquerque, que passou pela alfândega e não foi abordado.

Na última quarta-feira (15), o Tribunal de Contas da União deu prazo de até cinco dias para que Bolsonaro devolva o segundo jogo de joias que recebeu do regime da Arábia Saudita.

Em silêncio até hoje sobre o caso das joias do presidente Jair Bolsoaro apreendidas pela Receita, o ex-ministro de Minas e Energia (MME) Adolfo Sachsida tenta se desvincular do caso. As joias foram trazidas da Arábia Saudita para o Brasil pelo antecessor de Sachsida, Bento Alquerque, em outubro de 2021. Eram duas caixas. Uma foi apreendida pela Receita Federal e continha joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. Outra com relógio e outras peças valiosas que valeriam R$ 400 mil ficou guardada no cofre do MME.

Em novembro do ano passado, depois das eleições e com a derrota do então presidente, o segundo conjunto de joias foi despachado do MME para o presidente Bolsonaro já na gestão de Sachsida. "Não tenho nada a ver com isso. Não sei por que estão querendo me levar pra isso", disse Adolfo Sachsida ao Estadão, ao ser questionado sobre o assunto.

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Desde a publicação da primeira reportagem sobre o caso das joias no início de março, a reportagem vinha tentando obter esclarecimentos do ex-ministro. Localizado, Sachsida mostrou que não quer ter seu nome vinculado ao episódio. "Não tenho nada a ver com essa história", repetiu, encerrando a ligação logo em seguida.

Como revelou o Estadão em 3 de março, a comitiva liderada por Bento Albuquerque tentou entrar irregularmente no Brasil, em 26 de outubro de 2021, com duas caixas de presentes dados pelo regime saudita e uma escultura de um cavalo. Um item - o estojo que ficaria guardado por mais de um ano no MME - entrou irregularmente. Já o cavalo e o conjunto de joias de diamantes, estimado em cerca de R$ 16,5 milhões, foram retidos durante inspeção realizada pelos auditores da Receita Federal, no aeroporto de Guarulhos.

Bento Albuquerque chegou a mencionar, naquela ocasião, que se tratava de um presente para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro, e chegou a ligar para a chefia da Receita durante a apreensão, para tentar reaver o item, mas não teve sucesso. Mesmo tendo as duas caixas retidas, Bento não informou os fiscais sobre o conjunto que já tinha passado irregularmente em sua bagagem, e que seria trazido para Brasília, em um segundo voo.

Em sua defesa, Albuquerque tem afirmado que desconhecia o conteúdo das caixas, que se predispôs a trazer algo de outro país sem saber o que carregava e que, quando mencionou o nome de Michelle Bolsonaro, o fez de forma genérica. Ao Estadão, em entrevista em 3 de março, quando o escândalo foi revelado, o ex-ministro reafirmou que o kit que entrou no País era um presente para Bolsonaro e que o segundo, que ficou retido, seria para Michelle Bolsonaro.

No dia 7 de março, o Estadão revelou que o presidente Jair Bolsonaro recebeu pessoalmente o segundo pacote de joias da Arábia Saudita. No estojo estavam relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gold, anel e um masbaha (uma espécie de rosário islâmico) rose gold, todos da marca suíça Chopard. Os bens foram inseridos como itens do acervo pessoal de Bolsonaro, em afronta ao que determina o Tribunal de Contas da União (TCU). Desde 2016, o entendimento do TCU é que os ex-presidentes só podem ficar com lembranças de "caráter personalíssimo" como roupas e perfumes.

O Estadão teve acesso a documentos oficiais que comprovam que o pacote foi entregue no Palácio da Alvorada, residência oficial dos presidentes da República. O recibo indicando que Bolsonaro recebeu as joias de diamantes foi assinado pelo funcionário Rodrigo Carlos do Santos às 15 horas e 50 minutos do dia 29 de novembro de 2022. O papel da Documentação Histórica do Palácio do Planalto traz um item no qual questiona se o item foi visualizado por Bolsonaro. A resposta: "sim".

Foi o próprio ex-ministro de Bolsonaro quem revelou que as joias eram para o ex-presidente. Em entrevista ao Estadão, Bento Albuquerque contou detalhes. Disse que ele e sua comitiva estavam deixando a Arábia Saudita, onde participaram de um evento representando Bolsonaro, quando um representante do regime os encontrou no hotel e entregou dois pacotes. Segundo ele, o conjunto de brilhantes avaliado em R$ 16,5 milhões era um presente para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. O outro pacote era para o presidente. "Isso era um presente. Como era uma joia, a joia não era para o presidente Bolsonaro, né... deveria ser para a primeira-dama Michelle Bolsonaro. E o relógio e essas coisas, que nós vimos depois, deveria ser para o presidente, como dois embrulhos", disse ao jornal.

Ao desembarcar em São Paulo, a comitiva pegou um voo para Brasília e trouxe o segundo estojo, sem passar pela alfândega, como o próprio ex-ministro admitiu na entrevista ao Estadão. "Quando nós chegamos em Brasília, nós abrimos o outro pacote, que tinha relógio... era uma caixa de relógio... não sei se... tinham mais algumas coisas, e era um presente. Então, o que nós fizemos? Nós pegamos, fizemos um documento, encaminhamos para a Receita Federal ou para o Serviço de Patrimônio da União... não sei, quem fez isso foi o gabinete (do MME). E foi isso", afirmou.

Uma nova representação apresentada ao Ministério Público Federal (MPF) no Distrito Federal pede a abertura de investigação para que seja apurado possível crime de peculato pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. A notícia-crime também mira a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque e o ex-chefe da Receita Federal, Julio Cesar Vieira Gomes.

O pedido de investigação foi encaminhado no dia 7 de março ao MPF-DF pela deputada Luciene Cavalcante (PSOL-SP). É provável que essa representação da parlamentar seja encaminhada para o MPF de Guarulhos (SP), que já tinha sido acionado pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP). Os procuradores de São Paulo já receberam documentos e provas colhidas sobre o caso e, agora, avaliam a abertura de um procedimento de investigação.

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Ambas as acusações se baseiam no escândalo revelado pelo Estadão, em 3 de março, e reportagens seguintes que detalharam todas as iniciativas que Bolsonaro mobilizaria para tentar, de alguma forma, retirar as joias de diamantes estimadas em cerca de R$ 16,5 milhões e que acabaram retidas na alfândega do aeroporto de Guarulhos, quando a comitiva do governo tentava entrar ilegalmente com os itens no País.

"Há duas versões dos fatos: a primeira, na qual os presentes recebidos seriam personalíssimos da ex-primeira-dama e do ex-Presidente da República; a segunda, na qual seriam os presentes destinados ao acervo do Governo Brasileiro", afirma a deputada Luciene Cavalcante, na notícia-crime enviada à 5ª Câmara de Combate à Corrupção do MPF.

Caso se confirme a primeira versão, diz Cavalcante, houve crime de descaminho (artigo 334 do Código Penal), quando da não declaração dos bens na entrada do país com o pagamento dos impostos devidos, além dos crimes de advocacia administrativa (artigo 321 do Código Penal) e tráfico de influência (artigo 332 do Código Penal), por causa da utilização de cargo público pelos assessores, ministros e secretário da Receita Federal para favorecimento pessoal.

"Caso se confirme a segunda versão, de que as joias eram destinadas ao acervo da Presidência da República, pode-se citar o crime de peculato (artigo 312 do Código Penal), quando da tentativa de apropriação pessoal de bens públicos", declarou a parlamentar, pedindo que os denunciados sejam investigados pelas "condutas descritas eivadas de imoralidade, desarrazoabilidade e prejuízo aos cofres públicos".

O caso é apurado paralelamente pela Polícia Federal, Controladoria Geral da União, Comissão de Ética da Presidência da República, Tribunal de Contas da União e Receita Federal.

No Congresso, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado decidiu chamar o embaixador da Arábia Saudita para ajudar a esclarecer o caso das joias de diamantes que o regime saudita deu para o então presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro pousou nos Estados Unidos, na noite de terça-feira (14), para se encontrar com o ex-presidente Jair Bolsonaro, que está no país desde antes do seu mandato ser finalizado, no final de 2022. Ao chegar a um evento com empresários brasileiros, Michelle fez um discurso de cunho religioso sobre "continuar lutando", e Bolsonaro se emocionou durante a fala. O ex-chefe do Executivo afirmou que agendou o dia 29 de março com uma possível volta para o Brasil.

"Só agradecer a Deus e pedir para que Deus leve ele (Jair Bolsonaro) logo para a Nação que ele tanto ama, a nação que ele lutou tanto e continuará lutando", disse Michelle em vídeo publicado nas redes sociais do ex-ministro do Turismo, Gilson Machado Neto.

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Durante o evento, Bolsonaro respondeu a uma série de perguntas e afirmou que pretende voltar para o Brasil ainda em março. "Eu sempre marco uma data para voltar. A data marcada agora é dia 29 deste mês. Sete dias antes a gente estuda a situação: como está o Brasil, como estão os contatos aqui", disse.

No início do mês, o Estadão relevou a tentativa do governo Bolsonaro de trazer ilegalmente para o Brasil um conjunto de colar, anel, relógio e um par de brincos de diamantes avaliados em € 3 milhões, o equivalente a R$ 16,5 milhões. As joias eram um presente do regime da Arábia Saudita e foram apreendidas no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo.

A repercussão negativa do caso também respingou nos planos políticos para Michelle, que assumiu a presidência do PL Mulher. A ideia era aproveitar a data do Dia Internacional da Mulher, mas a divulgação do caso das joias levou o partido a adiar a cerimônia preparada para dar visibilidade à ex-primeira-dama. O PL diz que o evento de posse está "em organização" e que a data ainda será definida.

"Continuem orando pela nossa nação que é linda, maravilhosa, rica, prospera, abençoada e se não fosse não triamos tanto urubus em cima", disse Michelle nos Estados Unidos.

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