As micro e pequenas empresas estão contratando mais e aumentando os salários dos funcionários. Esses são alguns dos resultados apresentados no Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa, realizado pelo Sebrae em parceria com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). A nova realidade é fruto da política de unificação de tributos e ampliação do acesso ao Simples Nacional.
No Brasil, mais de seis milhões de MPEs estão em funcionamento, representando 99% do mercado empresarial. Em Pernambuco, são 173.578, distribuídas em quatro segmentos: comércio (43,9%), serviços (27, 1%), indústria (20) e construção (9%). Como em quase todo o país, a maior parte dos empreendimentos estão concentrados no interior do Estado – 68,5%. “Esses são dois dos motivos de Pernambuco estar crescendo tanto. Além de o desenvolvimento acontecer em todo o Estado, as atividades econômicas são diversificadas. Temos pólos de gesso, têxtil, da fruticultura, de construção (principalmente relacionados às obras da transposição). São diversos setores em expansão”, salientou o superintendente do Sebrae/PE, Roberto Castelo Branco.
As MPEs também representam uma importante fonte de emprego. No Recife, 67,4% da população de pessoas ocupadas estão nesse segmento, ficando bem à frente das médias e grandes empresas, que empregam 7,3% e 25,3% da população, respectivamente. De acordo com o estudo, na última década, as MPEs geraram 6,1 milhões de novos empregos formais – 48% do total de postos de trabalho criados no período.
O número de pessoas com carteira de trabalho assinada por MPEs saltou de 8,6 milhões em 2000 para 14,7 milhões em 2010, correspondendo a 51,6% do total de postos de trabalho do Brasil. De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego, dos 98.505 empregos gerados em Pernambuco em 2010, 72.438 foram nas MPEs, que já empregam 48% da mão de obra no Estado.
Na Campo Fertile Delicatessen, em Igarassu, 100% da mão de obra já chegou a ser de pessoas que não tinham experiência anterior. “Formamos todas elas na área de panificação, tentando captar o talento de cada uma. À medida que o negócio foi crescendo, fomos atraindo pessoas mais qualificadas”, conta a proprietária Inês Helena Gugel. Atualmente, 60% dos trabalhadores da empresa estão no primeiro emprego com carteira assinada.
O esposo dela, Marcos Gugel, é quem produz os pães, bolos, panetones e demais produtos comercializados na delicatessen. Além dos pães tradicionais, ele cria uma linha diferenciada, atitude que projetou o empreendimento para as cidades vizinhas e ganhou destaque em premiações para empresas de todo o Brasil. Um dos produtos especiais é o pão de batata com filé de siri, que venceu a terceira edição da Copa Bunge de Panificação. “Estamos sempre criando coisas novas. Reinventamos todos os dias e ficamos antenados para saber como está o mercado e para medir a satisfação do cliente”, conta Inês Helena.
SALÁRIOS – Dados do Anuário mostram que os salários dos empregados de pequenas e médias empresas cresceu 14,3% de 2000 até 2010. Já nas grandes e médias empresas, o avanço foi de apenas 4,3%. “Para muitas pessoas, o primeiro emprego surge nas micro e pequenas empresas. O segmento responde por mais da metade das vagas formais, emprega quase 15 milhões de brasileiros, por isso é tão significativo esse avanço da remuneração. Demonstra o fortalecimento dos pequenos negócios e gera impacto direto na renda da população“, afirma o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barretto. “Os micro e pequenos negócios respondem por 40% da massa de salários paga no país”, completa.