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Cerca de 25% das crianças de todo o mundo provavelmente viverão na miséria este ano por causa da invasão russa da Ucrânia, que fez os preços dos alimentos e da energia dispararem, advertiu a ONG KidsRights nesta segunda-feira (26).

Feita com base em números de agências da ONU, a classificação KidsRights também mostra que as crianças estão ameaçadas pela mudança climática e pelo impacto sanitário da pandemia da Covid-19.

"Tudo isso equivale a uma 'policrise' de extrema gravidade, já que as tensões mundiais continuam destruindo os direitos e os meios de subsistência das crianças", disse a ONG KidsRights, com sede na Holanda.

Suécia, Finlândia e Islândia são os países mais bem classificados na lista, de 193 Estados.

Chade, Sudão do Sul e Afeganistão são, segundo a ONG, os piores países para crianças.

A invasão russa da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, foi incluída em uma lista de crises que afetam os direitos das crianças, explicou a organização.

“Uma em cada quatro crianças deve estar vivendo abaixo da linha da pobreza este ano, em consequência da guerra na Ucrânia, que provocou uma explosão nos preços da energia e dos alimentos em todo o mundo”, afirma a KidsRight em seu relatório.

Os 7,5 milhões de menores ucranianos foram "afetados pela guerra de forma desproporcional", e um número significativo deles teve de se deslocar, relata o documento.

A inflação pós-pandemia e um enfraquecimento mundial dos sistemas de saúde devido à covid-19 também têm impacto negativo, sobretudo, nos programas de vacinação, segundo a mesma fonte.

Ao todo, 67 milhões de crianças não foram vacinadas adequadamente entre 2019 e 2021, devido a distúrbios causados pela pandemia.

A mudança climática também é um perigo, especialmente em alguns países asiáticos, onde os menores estão "particularmente expostos a fenômenos climáticos imprevistos".

Todos os dias dezenas de milhões de pessoas sofrem na Índia em rodovias engarrafadas ou em vagões de trens lotados de passageiros.

Para os moradores das megacidades hiperdensas da Índia, que em breve será o país de maior população do mundo, o aumento populacional não é motivo de alegria.

A ONU informou na segunda-feira que a Índia, que tem 1,43 bilhão de habitantes, vai superar esta semana a China como o país superará esta semana a China como o país mais populoso do planeta.

As previsões indicam que até 2040 a população urbana do gigante do sul da Ásia aumentará em quase 270 milhões de habitantes.

A superpopulação gera frustração entre os habitantes das grandes cidades.

"As estradas estão bloqueadas com os veículos, então você passa horas em engarrafamentos", declarou à AFP Satish Manchanda, proprietário de uma loja de smartphones em Nova Délhi, antes de iniciar o trajeto de volta para casa.

Satish Manchanda e milhões de indianos dedicam horas do dia para viajar de suas casas nos subúrbios da cidades até os locais de trabalho - e para retornar. Também enfrentam a escassez de água, poluição e bairros lotados.

Quase 70% dos bilhões de litros de águas residuais gerados diariamente nos centros urbanos acabam sem tratamento, de acordo com um relatório do governo de 2021.

Nova Délhi, onde moram 20 milhões de pessoas, é coberta por uma nuvem de poluição tóxica a cada inverno, um problema que provocou pelo menos 17.500 mortes prematuras em 2019, segundo um estudo publicado na revista médica The Lancet.

As cidades indianas também enfrentam grandes desafios para fornecer energia elétrica, moradia, serviços e empregos para sua crescente população.

Sonam Vardan, que trabalha no setor bancário, lamenta a "competição acirrada" em sua profissão e as lutas intermináveis que acompanham sua vida diária em Nova Délhi.

"A população está crescendo, assim como a concorrência, o que significa muita luta", disse à AFP. Ela citou algumas frentes de batalha: outros candidatos a vagas de emprego, outros pais e motoristas que disputam a mesma parte de recursos limitados.

"Também há uma luta para a matrícula das crianças nas escolas", acrescentou. "As vagas são limitadas, mas há muitas crianças."

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, nesta quarta-feira (8), em reunião com líderes partidários do Conselho Político da coalizão que tem confiança de que vai repetir o sucesso dos seus primeiros anos de governo no combate à miséria.

"Confio que a economia vai voltar a crescer, depende muito de nós. A gente não tem que pedir licença para governar, a gente foi eleito, a gente não tem que tentar agradar ninguém, tem que agradar só o povo brasileiro que acreditou no programa que nos trouxe até aqui e isso que vamos cumprir", disse o presidente.

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Lula ainda completou que todo governo tem direito de estabelecer sua política econômica e social. "Temos que tentar fazer dentro das nossas possibilidades o propósito pelo qual ganhamos as eleições."

Além dos parlamentares, os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, da Casa Civil, Rui Costa, e da secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também participam do encontro desta quarta-feira. Na abertura da reunião, Padilha disse que o ministro da Fazenda faria um discurso em defesa da reforma tributária, mas a imprensa não teve acesso a esse trecho do evento.

Diante dos efeitos da mudança climática, do risco de fome e da guerra na Ucrânia, a ONU apresentou nesta quinta-feira (1) um apelo para arrecadar a quantia recorde de 51,5 bilhões de dólares em 2023 para oferecer ajuda humanitária a 230 milhões de pessoas.

"O próximo ano representará o maior programa humanitário já lançado a nível mundial", afirmou à imprensa o subsecretário-geral das Nações Unidas para Assuntos Humanitários, Martin Griffiths.

As agências humanitárias da ONU precisarão de 51,5 bilhões de dólares no próximo ano, 25% a mais que em 2022.

Os recursos permitirão financiar os programas de ajuda a 230 milhões de pessoas particularmente vulneráveis em 68 países.

A ONU não tem capacidade, no entanto, de ajudar todas as pessoas necessitadas

No total, 339 milhões de pessoas precisarão de auxílio de emergência em 2023, número consideravelmente superior que as 274 milhões que precisaram de ajuda neste ano.

"É um número enorme e deprimente", declarou Griffiths.

O alto funcionário da ONU destacou que as necessidades humanitárias não diminuíram desde que atingiram o pico durante a pandemia.

"As secas e inundações estão causando estragos (...) do Paquistão à região do Chifre da África. A guerra na Ucrânia transformou parte da Europa em um campo de batalha. Mais de 100 milhões de pessoas estão deslocadas, e tudo isso é adicionado à devastação que a pandemia provocou entre os mais pobres", explicou Griffiths.

O pedido de recursos apresentado pela ONU nesta quinta-feira é baseado em um cenário sombrio.

Ao menos 222 milhões de pessoas de 53 países enfrentarão uma situação de "insegurança alimentar aguda" no final de 2022.

Do total, 45 milhões de pessoas em 37 países correm o risco de morrer de fome.

- Generosidade insuficiente -

"Cinco países já estão vivendo o que conhecemos como condições próximas à fome", enfatizou Griffiths.

Os países afetados são Afeganistão, Etiópia, Haiti, Somália e Sudão do Sul, informou à AFP o porta-voz do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Jens Laerke.

A saúde pública também está sob pressão em muitos pontos do planeta, consequência da persistência da covid-19 e da varíola do macaco, do ressurgimento do vírus do ebola em Uganda e da presença de múltiplas epidemias de cólera em vários países, em particular Haiti e Síria.

Tudo isto em um contexto de mudança climática, que aumenta os riscos e vulnerabilidades nos países mais pobres. De acordo com a ONU, até o final do século o calor extremo pode provocar o mesmo número de vítimas que o câncer.

Em 2022, a ONU conseguiu 47% dos fundos solicitados, explicou Griffiths. O déficit nunca foi tão grande, o que obriga as organizações humanitárias a escolher entre as populações que podem receber ajuda.

O país em que as Nações Unidas apontam a maior necessidade de recursos para 2023 é o Afeganistão (4,63 bilhões de dólares), seguido por Síria, Iêmen e Ucrânia.

A pré-candidata ao Governo de Pernambuco pelo Solidariedade, Marília Arraes, prometeu dobrar o Fundo Estadual de Combate à Miséria e destinar R$ 1 bilhão em recursos para o orçamento. A proposta visa redistribuir a arrecadação com multas de impostos atrasados.

O valor da arrecadação com o atraso no pagamento de multas alcançou R$ 460 milhões em 2021, apontou a deputada federal. Com metade da população abaixo da linha da pobreza, ou seja, com renda mensal menor que R$ 497, Marília alerta para o aumento da fome em Pernambuco. 

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“Erradicar a miséria em Pernambuco será uma das nossas prioridades a partir de 2023, ao lado da geração de emprego e renda para a população pernambucana”, prometeu a pré-candidata. “São 4,8 milhões de pernambucanos nessa situação e o governo do PSB assiste a tudo isso sem fazer nada. De 2019 a 2021, a pobreza cresceu mais de 8% em Pernambuco, quase o dobro da média nacional (4,5%), da taxa na Bahia (4,9%) e duas vezes e meia a taxa do Ceará (3,8%)”, comparou.

Investimento sem novos impostos

Marília reforçou que a proposta não será implementada com o aumento de impostos. “As multas já são cobradas naturalmente quando as empresas pagam os impostos em atraso. Não teremos nenhum aumento”, acrescentou.

“O presidente Lula já tirou o Brasil do Mapa da Fome e tenho certeza que fará isso novamente. E aqui em Pernambuco, nós vamos fazer a nossa parte para que isso aconteça o mais rápido possível”, concluiu.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu informações ao presidente da República, aos governadores dos estados e aos prefeitos das capitais sobre a situação da moradores de rua no Brasil. O prazo é de cinco dias.

Os dados subsidiarão a análise da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 976, em que a Rede Sustentabilidade, o Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) pedem providências para minorar as “condições desumanas de vida” dessas pessoas.

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De acordo com o ministro, o pedido de informações está restrito aos prefeitos de capitais por razões de viabilidade e da celeridade do rito. Em seguida, os autos devem ser remetidos, sucessivamente, à Advocacia-Geral da União (AGU e à Procuradoria-Geral da República (PGR), para que se manifestem.

Na ADPF, a Rede, PSOL e o MTST pedem que a Corte determine aos Executivos federal, estaduais e municipais a adoção de providências em relação às condições desumanas de vida da população em situação de rua no Brasil.

Segundo os autores da ação, tem sido verificado um aumento significativo do número de pessoas nessa situação, e não há política pública eficaz de atendimento nem censo coordenado nacionalmente.

Entre as medidas para garantir direitos fundamentais estão a destinação de recursos, um estudo ampliado sobre o tema e a garantia de estrutura que comporte a população como um todo, inclusive, se necessário, com a requisição administrativa de bens e serviços.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) usou as redes sociais, nesta segunda-feira (4), para afirmar que o ministro da Economia, Paulo Guedes, "lucrou" com a fome dos brasileiros. A afirmativa de Randolfe acontece após a revelação feita pela Pandora Papers, apontando que Paulo Guedes mantém uma offshore no exterior. Além dele, diversos empresários brasileiros compõem a listagem. 

"Paulo Guedes lucrou com a FOME e a MISÉRIA do povo brasileiro!", escreveu Randolfe, listando o aumento do gás de cozinha, da gasolina e da carne. 

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Randolfe afirmou também que pretende convocar o ministro para esclarecimentos e apresentar uma notícia-crime no Supremo Tribunal Federal. "Para o povo, a alta do dólar representa tudo mais caro. Para Paulo Guedes, representa lucro milionário de sua empresa no exterior. Iremos convocar o Ministro e o Presidente do BC [Roberto Campos Neto] para se explicarem ao Senado, além de apresentar notícia-crime ao STF!", emendou.

O senador não foi o único político a repercutir o assunto. O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, também falou sobre a revelação no Twitter. Segundo o petista, manter contas em paraísos fiscais é antiético e pode causar improbidade.

"É antiético manter contas em paraísos fiscais para não pagar impostos. Se a conta é de uma autoridade econômica e foi declarada, pode ser legal, mas é grave. Se houve movimentação financeira é improbidade. Se usou informação privilegiada é crime! Se não apurar, é conivência!!", argumentou o Haddad.

Além deles, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) disse que irá acionar o Ministério Público Federal contra Guedes e Campos Neto. "Eu e os demais líderes da oposição na Câmara vamos acionar o MPF para que Paulo Guedes e Roberto Campos Neto sejam investigados por manterem empresas num paraíso fiscal. A legislação brasileira proíbe que membros da cúpula do governo mantenham esse tipo de negócio", esclareceu.

A quantidade de famílias na faixa de extrema pobreza no Brasil que se cadastraram no Cadastro Único (CadÚnico) ultrapassou a marca de 14 milhões, sendo o maior número desde o ano de 2014.

De acordo com informações do Ministério da Cidadania, quase 40 milhões de indivíduos no país estão na miséria, que são famílias que possuem renda de até R$ 89 por pessoa.

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Já até o mês de outubro, 2,8 milhões de famílias ocupavam a faixa de pobreza, com renda entre R$ 90 e R$ 178 por morador.

Até o mês de dezembro de 2018, o último do governo de Michel Temer, 12,7 milhões de famílias estavam cadastradas na faixa de extrema pobreza. Já sob a presidência de Jair Bolsonaro, a quantidade subiu em 1,3 milhão.

Com o fim do auxílio emergencial e de outros programas colocados em ação por conta da pandemia do novo coronavírus, é esperado que os dados cresçam ainda mais. Até o mês de novembro, 14,3 de famílias estavam aprovadas no Bolsa Família.

Da Ansa

Cerca de 27 entidades e núcleos assistenciais assinaram, nesta quinta-feira (3) uma carta-denúncia, que cobra respostas imediatas do Governo de Pernambuco e da Prefeitura do Recife sobre a situação do povo indígena de etnia Warao, que tem migrado de forma expressiva para a capital e cidades do interior desde 2019. No documento, representantes chamam de xenofóbica e despreparada a gestão local, responsável pelas políticas públicas de manutenção da diversidade étnica e cultural.

Os tópicos de denúncia vão da solução habitacional à segurança alimentar dessa população. O povo Warao está distribuído pelo Brasil, e atualmente tem maior concentração no Nordeste, estando, em Pernambuco, na capital e nos municípios de Jaboatão dos Guararapes, Garanhuns e Caruaru.

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Vivendo em ocupações irregulares e com pouca ou nenhuma assistência sanitária, essas pessoas estariam em espaços insalubres, prejudiciais ao desenvolvimento social, à qualidade de vida e adaptação à cidade. O documento também lembra que, além das diferenças culturais próprias da etnia, os Warao também possuem dialeto próprio homônimo e enfrentam dificuldades de comunicação. 

“Diante do exposto, é revelado que, para além dos casos graves e emergentes que vêm assolando os migrantes indígenas Warao, é notória a paulatina falta de atenção estatal que acarreta em fome, desnutrição, habitações insalubres, mortes precoces e a inexistência de políticas públicas específicas para migrantes internacionais em condição de vulnerabilidade e/ou com necessidades culturais próprias”, diz um dos trechos finais da carta.

Em lista, as organizações cobram, primeiramente, a aplicação dos recursos federais repassados para a oferta de ações socioassistenciais a migrantes e refugiados, instituído pela Portaria nº 468/2020, para a locação de imóveis destinados ao alojamento dos migrantes indígenas Warao.

A portaria de 13 de agosto de 2020 se refere ao repasse emergencial de R$ 288 mil, feito pelo Ministério da Cidadania ao Poder Público do estado para ser aplicado em soluções socioassistenciais específicas para 120 imigrantes e refugiados no município do Recife.

Em consequência de uma determinação da Defensoria Pública da União (DPU), foi firmado um acordo extrajudicial em que a PCR teria se comprometido a realizar, mensalmente, depósitos bancários, em valor equivalente a 15 benefícios eventuais, totalizando R$ 3 mil, a serem destinados ao custeio de aluguéis de imóveis que oferecessem condições adequadas de habitação até dezembro de 2020. Essa ação, segundo as entidades, “ocorreu de forma mitigada e incipiente, pois não contempla a integralidade dos migrantes indígenas Warao”.

A carta-denúncia cobra também a criação de um Plano de Ação com foco na assistência social inclusiva, e que leve em conta as particularidades do povo suportado em questão. Além disso, os Warao têm necessidade de atendimento inclusivo em unidades de saúde, sobretudo com a presença da Covid-19, que expõe a essa população riscos agravantes.

Sobre a proteção à vida, as entidades expõem a morte de duas menores Warao. Segundo os representantes, os óbitos poderiam ter sido evitados com a intervenção do Poder Público. 

“Recentemente, ganhou grande notoriedade o falecimento de uma adolescente por tuberculose pulmonar em uma das casas que alojam os migrantes indígenas Warao na cidade do Recife, o que enfatiza a grave ineficiência do sistema público em proporcionar um acompanhamento médico adequado às pessoas e acarreta, nos casos mais extremos, a perda de uma vida por uma doença curável. É de se destacar também o caso de internação de uma criança três anos de idade, já no pregresso mês de novembro, em estado gravíssimo com meningite meningocócica”, argumentam.

A carta destaca a urgência das situações expostas e lembra que o programa assistencial, supostamente não cumprido da forma acordada, só contempla essa população até o mês de dezembro.

Procurada pelo LeiaJá, a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude (SDSCJ) do Estado de Pernambuco disse não estar ciente das denúncias e que precisaria apurar os fatos. Até o momento desta publicação, não houve atualização por parte da secretaria.

Cálculos do economista Daniel Duque, pesquisador da área de Economia Aplicada do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), mostram o peso da redução do auxílio emergencial no bolso dos brasileiros. O número de pessoas vivendo em situação de pobreza aumentou em mais de 8,6 milhões na passagem de agosto para setembro, enquanto a população em situação de miséria avançou em mais de quatro milhões. Pago pelo governo federal para amenizar os efeitos da pandemia, o auxílio teve seu valor reduzido no período de R$ 600 para R$ 300.

Para chegar a esses números, Duque considerou as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid-19) de outubro, divulgada na terça-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). "O pior momento vai ser em janeiro (de 2021)", afirmou o pesquisador, em referência à data prevista para o fim do benefício - a despeito de o mercado de trabalho ainda não ter recuperado o ritmo pré-covid. Pressionada a manter o pagamento por mais alguns meses, a equipe econômica diz que trabalha na criação de programa para expandir o microcrédito.

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Pesquisador da consultoria IDados, Bruno Ottoni, também fala com preocupação sobre o início do próximo ano. "O auxílio vai acabar, e os trabalhadores que puderam ficar em casa com alguma renda no período de pandemia não terão alternativa, terão de buscar trabalho. Vai acabar também o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que beneficiou até 9,5 milhões de trabalhadores da iniciativa privada. Então, teremos um corte expressivo e abrupto de dois programas muito relevantes", disse ele.

Pelos números pesquisados por Duque, a população vivendo na extrema pobreza saltou de 5,171 milhões, em agosto, para 9,251 milhões em setembro - um aumento de cerca de 4,080 milhões. A proporção da população brasileira vivendo nesta condição cresceu no período de 2,4% para 4,4%. Já a proporção de brasileiros vivendo na pobreza subiu de 18,3%, em agosto, para 22,4% em setembro. Em números absolutos, esse grupo passou de 38,766 milhões para 47,395 milhões.

Pelos critérios das Nações Unidas, a pobreza extrema engloba pessoas com renda disponível familiar per capita inferior a US$ 1,90 por dia, na conversão pelo método de Paridade de Poder de Compra - que não leva em conta a cotação da taxa de câmbio, mas o valor necessário para comprar a mesma quantidade de bens e serviços no mercado interno de cada país em comparação com o mercado nos Estados Unidos. Já a população que vive abaixo da linha de pobreza é aquela com renda disponível de US$ 5,50 por dia. "Boa parte dessa população tem a renda altamente dependente do auxílio", lembrou Duque.

Os dados da Pnad Covid de outubro mostraram que os 10% de brasileiros mais pobres tinham renda domiciliar per capita de apenas R$ 31,69 por mês no período, se excluído o auxílio emergencial. Ou seja, mais de 21 milhões de brasileiros tinham apenas R$ 1,05 por dia para sobreviver considerando todo o restante de renda disponível. Com a ajuda do auxílio, esse valor subiu a R$ 219,96 mensais, o equivalente a R$ 7,33 por dia.

Sem emprego. Segundo o pesquisador do Ibre/FGV, a expectativa é que haja alguma melhora na desigualdade de renda nos próximos meses a partir de uma recuperação mais consistente do mercado de trabalho e mesmo com a estabilidade do valor do auxílio emergencial até dezembro deste ano. No entanto, a melhora no emprego não deve chegar a mudar a situação dos miseráveis, que têm mais dificuldade de se inserir no mercado de trabalho. "A melhora do emprego, sem dúvida, dificilmente afeta positivamente a pobreza extrema. A pobreza não extrema é mais sensível ao mercado de trabalho", disse Duque.

"Elas estão em regiões ou localidades que são muito pouco dinâmicas, com a economia mais fraca, que terá mais dificuldade para ter um dinamismo na geração de vagas, como o interior do Nordeste, por exemplo", justificou Duque.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A insegurança alimentar grave, em que as pessoas relataram chegar a passar fome, atingiu 4,6% dos domicílios brasileiros, o equivalente a 3,1 milhões de lares, em 2017-2018. Esse percentual significa que 10,3 milhões de pessoas residem em domicílios nessa situação, sendo 7,7 milhões moradores na área urbana e 2,6 milhões na rural.

Os dados constam da Pesquisa de Orçamentos Familiares 2017-2018: Análise da Segurança Alimentar no Brasil, divulgada hoje (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A insegurança grave aparece quando os moradores passaram por privação severa no consumo de alimentos, podendo chegar à fome.

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Em 2017-2018, dos 68,9 milhões de domicílios no Brasil, 36,7%, o equivalente a 25,3 milhões de lares, estavam com algum grau de insegurança alimentar: leve (24%, ou 16,4 milhões), moderada (8,1%, ou 5,6 milhões) ou grave (4,6%, ou 3,1 milhões).

Segundo o IBGE, na população de 207,1 milhões de habitantes em 2017-2018, 122,2 milhões eram moradores em domicílios com segurança alimentar, enquanto 84,9 milhões moravam aqueles com alguma insegurança alimentar, assim distribuídos: 56 milhões em domicílios com insegurança alimentar leve, 18,6 milhões em domicílios com insegurança alimentar moderada e 10,3 milhões de pessoas residentes em domicílios com insegurança alimentar grave.

De acordo com a Escala Brasileira de Medida Direta e Domiciliar da Insegurança Alimentar, a segurança alimentar está garantida quando a família tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais.

Na insegurança alimentar leve, há preocupação ou incerteza quanto acesso aos alimentos no futuro e qualidade inadequada dos alimentos resultante de estratégias que visam a não comprometer a quantidade de alimentos. Na moderada, há redução quantitativa de alimentos entre os adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos.

Na insegurança alimentar grave, há redução quantitativa severa de alimentos também entre as crianças, ou seja, ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de alimentos entre todos os moradores. Nessa situação, a fome passa a ser uma experiência vivida no domicílio.

Captada por três suplementos da antiga Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), a prevalência nacional de segurança alimentar era de 65,1% dos domicílios do país em 2004, cresceu para 69,8% em 2009 e para 77,4%, em 2013.

Já a POF 2017-2018 mostra que essa prevalência caiu para 63,3%, ficando abaixo do patamar encontrado pela PNAD em 2004. A insegurança alimentar leve teve aumento de 33,3% frente a 2004 e 62,2% em relação a 2013. A insegurança alimentar moderada aumentou 76,1% em relação a 2013 e a insegurança alimentar grave, 43,7%.

Segundo o gerente da Pesquisa de Orçamentos Familiares, André Martins, o aumento da insegurança alimentar está relacionado, entre outros motivos, à desaceleração da atividade econômica nos anos de 2017 e 2018.

Menos da metade dos domicílios do Norte (43%) e Nordeste (49,7%) tinham segurança alimentar, isto é, acesso pleno e regular aos alimentos. Os percentuais eram melhores no Centro-Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%). A prevalência de insegurança alimentar grave do Norte (10,2%) era cerca de cinco vezes maior que a do Sul (2,2%).

A rede geral de esgotos está presente em menos da metade dos domicílios em insegurança moderada (47,8%) e grave (43,4%). Em ambos os casos, a existência de fossa não ligada à rede é bastante relevante (43%).

O uso de lenha ou carvão na preparação dos alimentos foi mais frequente nos domicílios com insegurança alimentar moderada (30%) e grave (33,4%). Já o uso de energia elétrica foi mais frequente (60,9%) nos lares em segurança alimentar e menos (33,5%) nos lares com insegurança alimentar grave.

A POF pediu a avaliação subjetiva (bom, satisfatório ou ruim) dos moradores sobre seus padrões de alimentação, moradia, saúde e educação. Quase a metade (49,7%) das famílias com insegurança alimentar grave classificaram como ruim o seu padrão de saúde, enquanto quase dois quintos (33,9%) dessas famílias avaliaram como ruim o seu padrão de alimentação.

Cerca de 14% dos imigrantes venezuelanos recorreram à mendicância durante a fuga da Venezuela e 2% apelaram ao "sexo de sobrevivência", revelou um relatório divulgado ontem pela agência da ONU para refugiados (Acnur), com base em milhares de entrevistas em oito países da região: Colômbia, Equador, Peru, Chile, Argentina, Uruguai, Brasil e República Dominicana.

Apresentado em Genebra, o relatório revela que 34% dos imigrantes não tinham nenhum tipo de permissão de entrada ou permanência no país onde foram entrevistados, 29% disseram ter um visto de turista e apenas 4%, uma autorização permanente.

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"Temos visto um aumento de restrições fronteiriças e exigências para que os venezuelanos possam entrar em certos países. Já alertamos que isso pode levá-los a usar rotas irregulares e expô-los ao tráfico de pessoas", afirmou Liz Throssell, porta-voz do Acnur.

A metade de todos os entrevistados disse que ao menos um membro de sua família esteve ou está em risco em razão de sua origem ou porque teve de recorrer à mendicância, à prostituição ou porque foi obrigado a enviar crianças menores de 15 anos para trabalhar.

Fuga em massa. Segundo o relatório, 52% das crianças não frequentam a escola porque fazia pouco tempo que haviam chegado ao país ou porque estavam em trânsito, apesar de muitas não terem acesso à educação por não ter documentos pessoais ou escolares.

A crise política e econômica na Venezuela já provocou, segundo dados do Acnur, desde 2015, a fuga de cerca de 3 milhões de cidadãos. Atualmente, estima-se que cerca de 5 mil pessoas deixem o país a cada dia. O principal destino dos venezuelanos é a Colômbia, que já recebeu cerca de 1 milhão de pessoas. Para o Peru já foram cerca de 500 mil. Equador, Chile, Argentina e Panamá também são destinos bastante procurados, bem como o Brasil.

Se a crise política é resultado do fechamento do regime chavista, principalmente após a morte de Hugo Chávez, em março de 2013, e da reeleição de Nicolás Maduro, em maio de 2018, os problemas econômicos são resultados do descontrole financeiro do governo venezuelano.

A hiperinflação atingirá 10.000.000% neste ano, de acordo com estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). Com o salário mínimo em torno de US$ 5 (R$ 20), a maioria das pessoas tem dificuldades de pagar por uma dúzia de ovos ou por um simples saco de arroz. Mesmo quem tem dinheiro sofre com a escassez de comida e remédios. Segundo estimativas da ONU, a crise econômica fez com que cerca de 90% das pessoas vivessem na pobreza.

Em abril, o Banco Mundial classificou a crise como a "pior da história moderna na América Latina". Após uma contração de 17,7% em 2017, o PIB venezuelano recuará 25% em 2019. A penúria econômica afetou a indústria petroleira, principal fonte de entrada de dólar da Venezuela.

Sem investimentos e em razão do sucateamento da estatal PDVSA, a produção chegou ao nível mais baixo em 30 anos. Em maio, a produção foi tão baixa que a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) anunciou que a vizinha Colômbia havia ultrapassado a Venezuela pela primeira vez em décadas.

Sanções americanas

Ainda ontem, os EUA impuseram sanções contra outros quatro militares da Direção-Geral de Contrainteligência Militar da Venezuela, em razão da morte, aparentemente durante tortura, do militar Rafael Acosta, detido por suspeita de conspiração contra o presidente Nicolás Maduro.

As novas sanções americanas envolvem o bloqueio dos bens e ativos que os chavistas possam ter direta ou indiretamente sob a jurisdição dos EUA, assim como a proibição de todas as transações legais que envolvam indivíduos e entidades americanos. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Na última terça-feira (23), um homem foi detido na Delegacia Regional de Iguatu, no Ceará, após ser pego em flagrante pelo furto de 25 salgados e massa de pastel em um mercado.

O homem não tinha passagem pela polícia e cometeu o furto para alimentar a esposa e o filho e apenas um ano de idade. Em entrevista a um jornal local, o homem declarou que estava desempregado há duas semanas, afirmou que o que fez não foi certo e que tomou a decisão de furtar por desespero.

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Os policiais decidiram checar a história e foram até a casa do homem, onde só encontraram água. O delegado responsábel pelo caso, Glauber Ferreira, afirmou que a situação da família era crítica e, por isso, ao caso foi aplicado o Princípio da Insignificância, ou seja, quando o ato praticado não é considerado crime e o suspeito é pode ser então liberado.

Comovidos com a situação, policiais da delegacia fizeram uma vaquinha e doaram uma cesta básica à família. O caso ganhou repercussão no programa "A Voz do Centro Sul" (TV Centro Sul) e, durante a transmissão, uma representante do grupo empresarial KG se prontificou a ajudar o homem em nome da empresa. "Estamos sensibilizados com a situação deste rapaz. Nós já realizamos várias ações sociais com muitas pessoas, e neste caso, iremos dar uma oportunidade de emprego, para esta pessoa que está numa situação tão difícil, e doaremos cestas básicas".

por Valéria Campello

Aproximadamente uma em cada sete crianças que vivem em um dos países da OCDE é pobre, e a taxa de pobreza infantil aumentou nos últimos anos na maioria desses países, de acordo com um relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Em média, a taxa de pobreza infantil para o período 2015-2016 foi de 13,4% nos países da OCDE, o que corresponde a uma criança em sete, de acordo com a nota publicada nesta quarta-feira, Dia Internacional da Para a Erradicação da Pobreza.

A situação é particularmente preocupante no Chile, na Espanha, nos Estados Unidos, em Israel e na Turquia, onde mais de uma em cada cinco crianças vive em uma família de baixa renda, sete vezes mais do que na Dinamarca ou na Finlândia.

Segundo a OCDE, que considera 2007 como ano de referência, a pobreza infantil aumentou em quase dois terços dos países da Organização na última década.

A Eslováquia registou o maior aumento desde 2007 (5,4 pontos), mas "França, Hungria, Grécia, Itália, Lituânia e Suécia tiveram crescimento de dois pontos ou mais no mesmo período", disse a OCDE.

O organismo internacional também enfatiza que crianças de famílias monoparentais correm maior risco de serem pobres porque "a separação dos pais raramente é compensada com pensão alimentícia".

"A guarda dos filhos geralmente corresponderá à mãe que muitas vezes tem renda pessoal menor que seu ex-parceiro. Portanto, não é surpreendente que o risco de pobreza das famílias monoparentais (31%) seja três vezes maior do que o de famílias com dois pais (10%) em toda a OCDE, em média".

O relatório também observa que "ajudar os pais a obter empregos de boa qualidade é decisivo para reverter" a pobreza infantil. "Isso significa ajudar os pais a ter um emprego estável em tempo integral", acrescenta ela.

Para reduzir a pobreza infantil, a agência também recomenda "melhorar a cobertura" dos benefícios sociais, "fundamental" para reduzir a pobreza infantil.

O índice de famílias que vivem em extrema pobreza aumentou em quase todos os estados do Brasil nos últimos quatro anos, mas principalmente no Nordeste, de acordo com um estudo realizado pela Tendências Consultoria.

A condição de miséria atinge pessoas com renda familiar per capita de até R$ 85 por mês, de acordo com a medição do governo federal. Na média do país, a extrema pobreza subiu para 4,8% da população em 2017, contra 3,2% em 2014. O percentual só não aumentou em dois estados, Paraíba e Tocantins.

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No Nordeste e em parte do Norte, segundo o estudo, a situação é pior que em outras regiões. Sete estados nordestinos registraram piora no índice. Bahia, Piauí e Sergipe foram os estados com o maior aumento da pobreza extrema. A direção da Tendência Consultoria aponta que apesar de não ter ocorrido cortes de benefícios e programas sociais, a redução de gastos públicos afetou diretamente os projetos de investimento do governo na região.

No Maranhão, o índice de pobreza extrema chegou a 12% em 2017, o pior resultado do país. Já o Acre foi o estado em que a miséria mais cresceu entre 2014 e 2017, com alta de 5,6%. Os estados do Sul e do Sudeste estão entre os menos prejudicados, apesar de também terem registrado piora. 

O estudo ainda não levantou os dados de 2018, mas a expectativa é de que a taxa de miséria tenha uma melhora muito discreta devido à lenta recuperação da economia.

De acordo com o relatório do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) oito países apresentam um quarto ou mais de sua população em situação de extrema fome e miséria.

O documento, divulgado hoje (29), mostra que regiões afetadas por conflitos internos apresentam as piores situações de saúde e alimentação e pede que os demais países prestem auxílio aos necessitados.

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O caso mais preocupante é o do Iêmen, onde 60% dos habitantes (17 milhões de pessoas) sofrem fome severa, seguido do Sudão do Sul, com 45% da população (4,8 milhões) em situação semelhante. Outros países em situações emergenciais são: República Centro-Africana (1,1 milhão de pessoas); Ucrânia (1,2 milhão); Afeganistão (7,6 milhões); Somália (3,1 milhões), Síria (6,5 milhões) e Líbano (1,9 milhões).

Em um dos lados da pista do Cais de Santa Rita, no bairro de São José, as luzes coloridas piscam nas varandas e o som de conversas familiares ecoam pelos apartamentos das duas torres gêmeas construídas pela Moura Dubeux, na área central do Recife. Na mesma calçada, escorados no muro do residencial, famílias aguardam ansiosamente por pedaços de comida, doações de roupas e utensílios. É noite de véspera de Natal, mas para o grupo em situação de rua parece ser só mais um longo dia enfrentando as adversidades de não ter uma moradia digna.

Com lençóis, papelões, mochilas velhas para guardar as doações, roupas do corpo e muitas vasilhas, os 'moradores' da calçada do Cais de Santa Rita evidenciam o centro do Recife de contrastes, da miséria ao luxo. As torres gigantes representam o sucesso das empreiteiras e construtoras em uma área pouco habitável da capital pernambucana. Mas, a poucos metros daquele local, a problemática do fenômeno da especulação imobiliária é evidenciada: a habitação é para poucos.

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Pessoas que foram abandonadas, crianças sem perspectiva de futuro, gente sem apoio governamental, dependentes químicos, doentes e até quem sofreu desilusões com a vida e desistiu de tudo. A rua é um palco cheio de personagens, mas não basta estar ali para ser visto e notado.

A moradora da invasão da Linha do Trem Edivânia Santos de Lima, 38, vive há mais de dez anos entre temporadas nas ruas do centro e em seu barraco. Mãe de três filhos, dois presos e uma que vive distante, ela decidiu passar a véspera de Natal como em outros anos: na rua. “Em dezembro, a gente decide morar nas calçadas para poder pegar roupas, comidas e brinquedos para as crianças. A gente sente falta de muita coisa, de uma casa com uma ceia e os nossos filhos em uma mesa. Mas, somos desempregados e temos que nos virar com as doações”, conta a moradora em situação de rua.

Edivânia é carroceira e trabalha carregando papelão pela cidade para conseguir se manter financeiramente. Ela lamenta que ninguém da sua família vai ter uma ceia de natal das que passam nos filmes. “A gente se sente abandonado pelo prefeito, que promete tanto e não faz nada. Eles querem crescer acima dos pobres. Olhando essas torres, a gente se sente pequeno. Pra eles, somos todos bandidos, mas eles têm que entender que nem todos estão incluídos”, explica.

Do outro lado da calçada, a poucos metros do local onde Edivânia mora, um grupo com mais de trinta pessoas ocupa parte da calçada de um armazém nas proximidades do Cais de Santa Rita.


Qualquer carro que se aproxima, a expectativa já é grande e eles cercam o veículo. As crianças, principalmente. Todos acham que são novas doações chegando. Comida, material de higiene, roupas e brinquedos. Qualquer donativo é bem-vindo e aceito pelos moradores. Na véspera de Natal, a esperança deles aumenta justamente porque muitas instituições e grupos se unem para ajudar pessoas em situação de risco.

Eles contam que receberam comidas prontas em quentinhas, algumas roupas e as crianças receberam alguns brinquedos mais simples. Muitos querem bicicletas, patins e bolas de futebol. Um deles, no entanto, pediu um milhão de cestas básicas. Disse que seria suficiente para alimentar todo mundo nesta véspera de Natal.

Ângela Maria de Araújo, 20, tem quatro filhos e residia na comunidade do Coque. Se mudou para a rua há alguns meses em busca de melhores condições. Na rua. Sem querer ser fotografada com medo de retaliações de órgãos públicos que já tentaram retirar o grupo daquela localidade, ela é sucinta ao dizer que o Natal está bom. “Estamos todos com saúde e com vida. Isso é o importante pra mim”, diz.

Outras colegas de moradia se juntam a Ângela e reclamam que as pessoas não podem exigir a saída deles dali. Estão na rua e é pública. “A gente não mexe com ninguém, se estamos aqui em pleno Natal é porque não temos para onde ir”, diz uma moradora que preferiu não se identificar. Para Ângela, o Natal dos sonhos ainda está distante, já que a única certeza que tem é sua permanência nas calçadas do centro do Recife. “Eu queria uma casa própria e condições para me manter. Uma ceia bem bonita. Mas o Brasil é de poucos com muito e muitos com pouco”, lamenta.

Já é quase 22h da véspera de Natal e o grupo começa a cantar uma canção religiosa. As crianças brincam, correm e pedem brinquedos. Curiosos, querem saber que horas chega a feira. Conversas, sussurros, disputa por comida. Apesar de tudo isso, o Natal de quem não tem uma moradia é silencioso e taxativo.

Everaldo Bezerra, 30, vive com os dois filhos e a esposa em uma lona posta de forma improvisada na calçada. Desempregado, sem receber auxílio, reclama da falta de humanidade da Prefeitura do Recife. “Muitas vezes eles vêm e levam tudo nosso. Dizem para sairmos daqui, batem na gente, mas a gente não têm para onde ir”, fala. 

“Já tive ceia em casa e morava de aluguel. Fiquei desempregado e perdi tudo”, lamenta. Com esperança de ter uma véspera natalina recheada de doações, Everaldo segue com os olhos atentos nos carros que passam e aguarda pelo jantar de Natal. “Queria comer uma janta boa, com peru e tudo, mas já recebemos sopa e algumas comidas, estamos alimentados”.

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Depois de mais de dez anos de retrocesso constante, a fome avançou novamente no mundo em 2016, afetando 815 milhões de pessoas, 11% da população mundial, revelou nesta sexta-feira um relatório da ONU.

O aumento no ano passado de 38 milhões de pessoas que sofrem fome é devido em "grande parte à proliferação" de conflitos e os fenômenos climáticos, indica o relatório sobre segurança alimentar mundial. No total, 155 milhões de crianças menores de 5 anos sofrem um déficit de crescimento por causa da fome e 52 milhões de crianças sofrem uma insuficiência de peso em relação a sua altura.

Os índices mais elevados de crianças que passam fome ou estão desnutridas são registrados nas zonas de conflito. O estudo destaca ao mesmo tempo que 41 milhões de crianças com menos de cinco anos sofrem sobrepeso, o que aumenta o risco de sofrer obesidade e doenças durante a idade adulta.

"A anemia entre as mulheres e a obesidade entre os adultos também são preocupantes", afirma o relatório publicado por várias agências da ONU: a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), o FIDA (Fundo Internacional da ONU para o Desenvolvimento Agrícola), o PAM (Programa Mundial de Alimentos), além do Unicef e da OMS (Organização Mundial da Saúde).

"Estas tendências não são apenas consequência dos conflitos e da mudança climática, mas também de mudanças profundas nos hábitos alimentares e da pobreza ligada às desacelerações econômicas".

De acordo com as agências da ONU, 520 milhões de pessoas sofrem fome na Ásia (11,7% da população do continente), 243 milhões na África (20%) e 42 milhões (6,6%) na América Latina e Caribe. Das 815 milhões de pessoas afetadas em 2016 no mundo, 489 milhões vivem em países afetados pelos conflitos.

Existe no mundo um estado mais caro, ineficiente e cruel do que eu, Estado brasileiro? – A Venezuela não morreu. A rima é inevitável, verdadeira e o povo sofrido digno de compaixão – o Espelho respondeu com realismo e piedade. – Então, você está dizendo que meu futuro é uma grande Venezuela? Indagou o Estado. – Depende, retrucou o espelho, as nações são diferentes, mas os destinos podem coincidir. Você toma das pessoas quase 40% da riqueza nacional, investe 1% e os 39% vão para gastos correntes, tem um déficit nominal de 5% e uma dívida pública de acima de 70% do PIB. Você foi capturado pelo corporativismo, pelo patrimonialismo e pela corrupção. É um pau mandado do estamento burocrático que invade e dirige a esfera política, econômica e financeira. É um Brasil que pode mais do que trabalha e suga o Brasil anêmico que trabalha mais do que pode.

O Estado reagiu: - Então sou um monstro frio que compromete o futuro das criancinhas; que permite a violência dizimar a juventude; que humilha aposentados e é generoso com a minoria dos privilegiados? Ora, espelho, eu não sou filho de chocadeira, não sou produto de geração espontânea, sou esta criatura disforme, malévola, mas vocês me criaram a partir de seus defeitos e virtudes! O Espelho, serenamente, prosseguiu: – É verdade! Você é reflexo dos nossos vícios e virtudes. Mais dos vícios: boquinhas, espertezas, jeitinhos, carteiradas. De fato, fez muito pelo País. Somos a oitava economia do mundo. Temos ilhas de excelências universalmente reconhecidas. Porém, o que você faz com as mãos desfaz com pesados pontapés. Basta olhar e comparar os indicadores internacionais para constatar nossas decepcionantes posições no contexto global.

Entendi: não tenho salvação! Afundarei no pântano das misérias e levarei comigo uma nação que tem todas as possibilidades de ser próspera, mais justa e... – Não, interrompeu o Espelho, você e o Brasil têm salvação, contanto que não se entregue o Brasil a um “salvador da pátria”, a um herói/malandro ou a um mito macunaímico; que não se jogue a culpa das nossas escolhas erradas em entidades fantasmagóricas; que prevaleça a sábia lição de Millôr Fernandes que ensina “quando as ideologias ficam bem velhinhas, elas vêm morar no Brasil”. As dores do parto ensinaram às novas gerações: o valor da liberdade, o valor da moeda estável e que empreender vale mais do que se tornar um “servo da glebaestatal. 

Pouco mais de 4,1 milhões de brasileiros entraram na faixa de pobreza no país em 2015, sendo que 1,4 milhão deles voltaram para a extrema pobreza no mesmo ano, informou o relatório "Radar IDHM 2015" nesta segunda-feira (14).

O relatório foi elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pela Fundação João Pinheiro.

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Segundo o estudo, a faixa de pobreza concentra "pessoas com renda domiciliar per capita inferior a um quarto de salário mínimo, de agosto de 2010". Já na extrema pobreza estão as pessoas com "renda domiciliar per capita inferior a R$ 70 em agosto de 2010".

"Os dados trazidos pelas PNADs mostram que houve redução na renda per capita da população brasileira (passando de R$ 803,36 em 2014 para R$ 746,84 em 2015) e ingresso de 4,1 milhões de pessoas na pobreza sendo que, deste total, 1,4 milhão de pessoas ingressaram na extrema pobreza. Esses dados alertam para a necessidade das políticas públicas voltadas ao crescimento do emprego e da renda, sem deixar de lado o combate à desigualdade", informa ainda o documento.

O texto ainda ressalta que o "Índice de Desenvolvimento Humano Municipal do Brasil parou de crescer em 2015, mas ainda permanece na faixa de alto desenvolvimento humano, com 0,761".

Entre os motivos apontados pelos índices piores é o fato da crise econômica ter atingido fortemente a população naquele ano. "O estudo analisa três dimensões - Longevidade, Educação e Renda - e constata que 'a taxa média de crescimento anual do IDHM entre 2011 e 2015 foi de 0,8%, inferior à observada entre 2000 e 2010, que foi de 1,7%'".

O Radar IDHM usa informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).

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