Tópicos | Mudança climática

Durante a COP28 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2023 ou Conferência das Partes), em Dubai, Emirados Árabes Unidos, a Agrosmart, plataforma de inteligência de dados para o agro na América Latina, anuncia o lançamento do Nexus – um produto projetado para transformar dados em análises e insights capazes de impulsionar a tomada de decisão em toda a cadeia do agronegócio.

Dentre as inúmeras pautas abordadas na Conferência das Partes – evento que reúne representantes de governos, iniciativa privada, ONGs e acadêmicos – está a necessidade de informações claras para traçar estratégias de mitigação, resiliência e adaptação climáticas. Por isso, a Agrosmart optou por lançar o Nexus na ocasião e demonstrar como a tecnologia pode acelerar a agenda de transição climática na produção de alimentos.

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O Nexus oferece uma proposta de valor única ao permitir que agroindústrias, indústrias de alimentos, tradings, grupos agrícolas e instituições financeiras transformem dados em inteligência. Com recursos como score de risco, inteligência de supply chain, modelos e análises climáticas, inteligência de mercado, modelos agronômicos e indicadores ESG na cadeia de valor, a plataforma proporciona uma gestão digitalizada das cadeias e dos processos agrícolas, trazendo transparência e proporcionando a gestão de riscos.

“O que nós vemos aqui na COP28 é que, mais do que nunca, é hora de agir! Precisamos construir soluções climáticas, especialmente nos sistemas agroalimentares. Isso porque a produção de alimentos tem em si um potencial intrínseco de gerar impacto positivo, e a tecnologia vem como uma forma de transformar isso em realidade”, comenta a CEO e cofundadora da Agrosmart, Mariana Vasconcelos, “ao mesmo tempo, temos sistemas agroalimentares vulneráveis às mudanças do clima, e falar em transição desses sistemas é também falar em segurança alimentar e segurança hídrica”, complementa a Young Global Leader pelo Fórum Econômico Mundial (WEF).

A climate tech brasileira já conta com mais de 100 mil produtores engajados e monitorados, abrangendo mais de 48 milhões de hectares e processando mais de 10 bilhões de dados. Os ativos, somados à expertise em agro, clima, sustentabilidade, deep tech e inteligência artificial, garantem aos usuários do Nexus acesso a informações de qualidade para a tomada de decisões estratégicas.

Os benefícios do Nexus são tangíveis e abrangentes, incluindo: inteligência de mercado; previsibilidade de fornecimento; gerenciamento de riscos climáticos, socioambientais e reputacionais; rastreabilidade e transparência na cadeia de valor, além da centralização de informações e processos através da digitalização de dados e informações de forma eficiente.

Além disso, a Agrosmart destaca seu compromisso com a agenda ESG e a utilização da tecnologia para impulsionar soluções climáticas. O Nexus é mais do que uma ferramenta; é uma peça fundamental na transição dos sistemas agroalimentares para modelos mais produtivos, sustentáveis e resilientes ao clima.

Entre as diversas cadeias de valor atendidas pela Agrosmart estão a do açaí, com a Frooty, e a do café, com a Sucafina. O objetivo é continuar expandindo a base de clientes em 2024, estabelecendo parcerias estratégicas para impulsionar ainda mais a inovação e o impacto positivo na produção de alimentos.

A Agrosmart faz parte do programa de Corporate Venture Capital (CVC) da Positivo Tecnologia, empresa brasileira de tecnologia parceira estratégica e investidora tecnológica da startup.

 

A mudança climática é uma ameaça multidimensional e crescente para a saúde humana, a ponto de a COP28, que começa na quinta-feira, ser a primeira a dedicar um dia inteiro a esse tema.

"Para evitar efeitos catastróficos na saúde e prevenir milhões de mortes", é necessário limitar o aumento médio da temperatura da Terra a 1,5ºC, o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris, defende a Organização Mundial de Saúde, uníssona ao lado de outros especialistas em saúde e organizações ambientais.

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Ao invés disso, o planeta se encaminha para um aquecimento de 2,5ºC a 2,9ºC até 2100, segundo a ONU.

São os mais vulneráveis e desfavorecidos, como as crianças, mulheres, idosos, migrantes e habitantes dos países menos desenvolvidos, os que estão expostos de maneira mais drástica e perigosa, segundo os especialistas.

- Ondas de calor -

O ano de 2023 perfila-se como o mais quente já registrado.

As ondas de calor mais frequentes e intensas prometem testar de maneira crescente o corpo humano.

Em 2022, os habitantes da Terra estiveram expostos, em média, a 86 dias de temperaturas potencialmente mortais.

Os mais vulneráveis pagam o preço mais alto. Por exemplo, o número de pessoas com mais de 65 anos que morreram devido ao calor aumentou 85% entre 1991-2000 e 2013-2022, segundo um relatório de referência publicado pela revista médica The Lancet nesta semana.

Somente na Europa, o calor teria causado mais de 70.000 mortes no verão passado, segundo pesquisadores que esta semana revisaram para cima a estimativa prévia de 62.000 vítimas.

Quase cinco vezes mais pessoas podem morrer no mundo devido ao calor extremo até 2050, segundo a "contagem regressiva" da The Lancet.

As secas mais frequentes também expõem milhões de pessoas à fome. Com um aquecimento de 2ºC até 2100, cerca de 520 milhões de pessoas a mais estariam em situação de insegurança alimentar moderada ou grave até meados deste século.

E outros eventos climáticos extremos, como tempestades, inundações ou incêndios, causam mortes e doenças.

- Poluição atmosférica -

Cerca de 99% da população mundial respira um ar cuja poluição supera os limites estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde.

Acentuada pela mudança climática, a poluição atmosférica aumenta o risco de doenças respiratórias, acidentes cardiovasculares, diabetes ou câncer, ou, segundo alguns especialistas, tem efeitos comparáveis, e até mesmo superiores, aos do tabaco e do álcool.

A presença de gases, metais pesados, partículas e poeira, derivados principalmente das energias fósseis, no ar podem atravessar a barreira pulmonar e entrar no sangue.

O efeito mais prejudicial para a saúde está relacionado a uma exposição a longo prazo, em particular durante os picos de contaminação, quando aumentam as infecções respiratórias e as alergias.

Mais de quatro milhões de mortes prematuras, segundo a OMS, ocorrem todos os anos pela poluição.

Segundo a The Lancet, essas mortes prematuras, no entanto, diminuíram quase 16% desde 2005, graças principalmente a um menor consumo de carvão.

- Doenças infecciosas -

Ao alterar a temperatura e as chuvas, a mudança climática também agrava as doenças infecciosas e parasitárias.

Isso deve-se principalmente a novas áreas de propagação de mosquitos, aves e mamíferos envolvidos em epidemias causadas por vírus (dengue, chikungunya, zika , vírus do Nilo Ocidental...), bactérias (peste, doença de Lyma...), animais ou parasitas (malária).

A transmissão da dengue pode aumentar 36% com um aquecimento global de 2ºC até 2100, segundo o relatório da The Lancet. E com o aquecimento dos oceanos, mais áreas costeiras tornam-se propícias para a transmissão da bactéria vibrio, responsável pela cólera.

As tempestades ou enchentes também podem deixar água parada, propícias para a reprodução de mosquitos, enquanto as ondas de calor aumentam as infecções transmitidas pela água.

- Saúde mental -

Ansiedade, depressão ou estresse pós-traumático: a mudança climática também representa um risco para a saúde mental, especialmente em pessoas com transtornos psicológicos, segundo os especialistas.

Às consequências diretas de catástrofes naturais ou ondas de calor se somam efeitos indiretos, como a ecoansiedade, especialmente em adultos jovens.

Voltar a Pensacola era um retorno às origens para Jack Hierholzer, mas, três anos depois, ele considera deixar sua cidade no norte da Flórida devido ao custo do seu seguro residencial ter disparado pelos riscos climáticos.

Desde que se instalou na região, o prêmio de risco de seu seguro habitacional triplicou, chegando a 6.500 dólares (aproximadamente R$ 32 mil na cotação atual), em parte porque as seguradoras têm que considerar os efeitos do aquecimento global.

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"Meus filhos nasceram em Pensacola e temos muitos amigos e família", explicou Hierholzer em entrevista à AFP por telefone. Mas "estou em teletrabalho integralmente, posso viver em qualquer lugar que tenha conexão de internet banda larga. Se a situação ficar difícil, podemos nos mudar. E vamos fazer isso".

- Prêmios em alta -

Nos Estados Unidos, os ativos destruídos por fenômenos naturais superaram os 140 bilhões de dólares (cerca de R$ 670 bilhões, na cotação atual) em 2022, dos quais 90 bilhões (R$ 430 bilhões) estavam segurados, segundo dados da resseguradora Munich Re.

Segundo essa empresa, que oferece seguros para as seguradoras, 70% do total de perdas está ligado a danos provocados pelo furacão Ian, que passou pela Flórida em setembro.

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) recorda que o aquecimento global "já tem consequências sobre os fenômenos naturais em todas as regiões do mundo".

Diante desses fenômenos extremos e mais regulares, o custo para os segurados sobe progressivamente.

Nos Estados Unidos, os prêmios de risco das casas avançaram 9% em um ano, até mais em alguns estados, segundo o Instituto de Informação sobre Seguros (III, na sigla em inglês) que reúne os profissionais do setor.

A principal causa desse fenômeno é o aumento dos custos do resseguro e dos materiais de construção.

O aumento dos resseguros é de 30% a 40% em um ano, segundo o diretor de Comunicações do III, Mark Friedlander.

"Vemos os custos dos resseguros avançarem ano após ano e, obviamente, o risco climático é a principal causa", explicou à AFP.

Os custos de reconstrução, por sua vez, também aumentaram 30% nos últimos cinco anos, principalmente por problemas nas cadeias de suprimento provocados pela pandemia.

- Diferenças regionais -

A nível estadual, aparecem fatores locais que se somam aos desafios criados pela mudança climática.

Na Califórnia, por exemplo, os prêmios de risco são mais baixos que a média nacional, segundo o III, porque os governos locais interferem nos níveis de aumento.

Isso pode ser algo bom para os proprietários, mas complica a vida das seguradoras, que não puderam repassar os custos, por exemplo, dos incêndios florestais, um desastre natural cada vez mais frequente.

Assim, a State Farm, uma das principais companhias de seguros do país, anunciou que não terá novos clientes na Califórnia "devido ao rápido aumento da exposição a catástrofes" naturais.

Na Flórida, os prêmios aumentaram estimulados por uma lei local que permite que os clientes processem seus seguros. Somam-se a isto os custos pelos furacões.

O percentual de proprietários sem seguro residencial se mantém estável em 7%, segundo o III. Os seguros são obrigatórios quando é realizado um empréstimo hipotecário.

Em Pensacola, o seguro de Jack Hierholzer custa cada vez mais caro, a cada mês que passa.

"Se os preços do meu seguro significam comprar uma casa nova a cada 12 anos, seria mais inteligente não ter seguro, pagar o empréstimo [hipotecário] e cruzar os dedos", esperando que nada aconteça, considerou.

Nova York se tornou o primeiro estado dos Estados Unidos a proibir o uso de combustíveis fósseis, como o gás, na maioria dos novos edifícios a partir de 2026, uma vitória para os defensores do meio ambiente.

A grande vitória dos ativistas ambientais neste estado de maioria democrata tem seus desafios, diante da poderosa indústria de combustíveis fósseis e dos republicanos, relutantes em aceitar a realidade da mudança climática.

"Mudar as formas como geramos e usamos energia para reduzir nossa dependência de combustíveis fósseis ajudará a garantir um ambiente mais saudável para nós e nossos filhos", disse o presidente do Congresso do estado, Carl Heastie, após a aprovação do projeto.

A lei entrará em vigor em 2026 para os novos edifícios com menos de 7 andares e até 2029 para os mais altos.

De acordo com o texto, o gás usado para a calefação e para a cozinha será substituído por eletricidade derivada de energias renováveis.

Hospitais, infraestruturas essenciais e restaurantes vão ficar de fora destas medidas. É previsto que sejam estendidas por todo o país, uma reivindicação que se intensificou desde o início do ano.

A nova lei não afeta os prédios existentes. Entretanto, com o tempo, isso pode minar o domínio do gás no estado, onde 3 em cada 5 residências dependem do combustível fóssil para aquecimento.

De acordo com o Departamento de Energia, apenas uma em cada sete residências é aquecida por eletricidade.

Edifícios já construídos não serão afetados pela nova lei.

A proibição afeta também os aquecedores a diesel e propano, combustíveis amplamente utilizados principalmente na zona rural do estado.

Os críticos dizem que a lei limita a escolha do consumidor e aumentará os custos, já que a energia elétrica é mais cara que o gás.

Cerca de 52% dos lares de Nova York usam gás natural para aquecer os apartamentos e cozinhar, indicou o Departamento de Energia.

Os EUA são o principal produtor de gás natural do mundo. Com a ofensiva russa na Ucrânia em 2022, passou a ser o principal exportador de GNL (gás natural liquefeito).

O novo Orçamento do Estado de US$ 229 bilhões (R$ 1,5 trilhão), aprovado na noite de terça-feira (02) pelo Parlamento, contempla a criação de um Fundo de Ação Climática para ajudar o Estado na transição energética para fontes mais limpas e sustentáveis -solar, eólica e hídrica -, a fim de atender às suas metas de reduzir em 85% as emissões de gases de efeito estufa até 2050.

A declaração conjunta entre Brasil e China especificamente sobre mudanças climáticas fez um apelo para que países desenvolvidos assumam a liderança em torno da causa. O documento pede que se cumpram os termos do Acordo de Paris, segundo o qual pelo menos US$ 100 bilhões de dólares deveriam ser anualmente destinados pelos países mais ricos ao financiamento de soluções para mitigar a crise climática.

"Exortamos os países desenvolvidos a honrarem suas obrigações não cumpridas de financiamento climático e a se comprometerem com sua nova meta quantificada coletiva que vai muito além do limite de US$ 100 bilhões por ano e oferecer um roteiro claro de duplicação do financiamento da adaptação", afirma o comunicado.

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No termo do comunicado, também consta o apoio da China para que o Brasil sedie a 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP30), prevista para 2025.

O documento fala em "responsabilidade histórica" dos países mais ricos sobre a emissão de gases do efeito estufa, razão pela qual "devem assumir a liderança na ampliação das ações climáticas". O Acordo de Paris foi assinado em dezembro de 2015, durante a 21ª Conferência do Clima (COP21) das Nações Unidas. Depois do Protocolo de Kyoto, de 1977, é o acordo mundial mais importante sobre o tema.

Outro ponto que teve destaque no documento é o fortalecimento do protagonismo dos países em desenvolvimento no debate mundial sobre as mudanças no clima. "Estamos determinados a fortalecer ainda mais o multilateralismo, inclusive com todos os nossos parceiros dentro do Grupo dos 77 e da China (G77+China)." A declaração conjunta também reforça o compromisso dos dois países em refutar o unilateralismo e as barreiras verdes, restrições de comércio internacional fundamentadas em questões ambientais.

Após sua participação na 27ª conferência do clima da Organização das Nações Unidas, a COP-27, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), voltou a cobrar de países ricos a destinação de recursos para nações emergentes para a garantia de preservação de suas florestas.

Voltando a se comprometer com a proibição do garimpo ilegal e da preservação das terras indígenas, o petista pontuou: "os países mais ricos têm que assumir um compromisso com a preservação do meio ambiente".

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Segundo ele, em 2009 diversas nações se comprometeram com um fundo de US$ 100 bilhões para ajudar países emergentes a preservar suas florestas "e até agora não foi juntado um dólar do compromisso feito", criticou.

Lula também afirmou que é preciso uma governança global mais representativa, principalmente na questão climática. "A gente não pode tomar uma decisão e depois levá-la para que o Estado Nacional decida se vai cumprir ou não, porque nós temos exemplo de que o protocolo de Kyoto, que foi assinado a tanto tempo atrás, até hoje não foi cumprido por muitos países", disse.

O presidente eleito destacou ainda que a Organização das Nações Unidas (ONU) "não pode continuar sendo a mesma de 1948". "O mundo mudou, a geopolítica mudou" disse, afirmando que o conselho de segurança da organização precisa ter "mais gente representando todos os continentes".

"Precisa acabar com a ideia de que um país pode ter o direito de veto, ninguém é superior a ninguém, independente da sua riqueza, independente do seu poder bélico", disse, durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro português, António Costa, em Lisboa.

As trágicas inundações que castigaram o Paquistão recentemente e afetaram a cidade milenar de Mohenjo Daro são mais um exemplo das ameaças que a mudança climática representa para o Patrimônio Mundial.

A metrópole construída pelo povo do Indo, uma misteriosa civilização que floresceu na Idade do Bronze no vale do rio homônimo, surgiu por volta de 3.000 a.C., e o gênio de seus construtores provavelmente salvaram-na.

Este vasto sítio de tijolos e ruas geométricas foi equipado com tubulações antigas e um sistema de esgoto surpreendentemente funcional, que ajudou a drenar o dilúvio que caiu sobre o Paquistão.

As excepcionais chuvas de monção entre junho e setembro transformaram o sul do país em um gigantesco lago. E, em Mohenjo Daro, traduziram-se em "escoamentos bastante consideráveis", afirmou o especialista Thierry Joffroy.

As precipitações, cujo nível atingiu "entre 200 e 400 milímetros", "encheram casas" e provocaram "muitos deslizamentos", relatou esse especialista em arquitetura em terra, que visitou o local em outubro para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

No Paquistão, quase 1.600 pessoas perderam a vida neste episódio de chuvas, que afetou outras 33 milhões. De acordo com especialistas da rede World Weather Attribution, a mudança climática "provavelmente" agravou esses eventos.

- Do Peru à Austrália -

O sítio paquistanês é “uma vítima” do clima, mas teve “muita sorte”, afirma Lazare Eloundou Assamo, diretor do Patrimônio Mundial da Unesco, uma categoria criada em 1972 e que celebrará seu 50º aniversário na quinta e sexta-feiras na Grécia.

Mohenjo Daro deveria ter celebrado este ano o centenário de sua descoberta, em 1922, no entanto, a metrópole "poderia ter desaparecido junto com todos os vestígios arqueológicos" que contém, lamenta Assamo.

O Patrimônio Mundial da Humanidade reconhece 1.154 sítios: 897 são bens culturais; 218, zonas naturais; e 39, uma mistura de ambos. De acordo com especialistas ouvidos pela AFP, muitos deles se veem ameaçados pela mudança climática.

Entre as ameaças, Rohit Jigyasu, do Centro Internacional de Estudos de Conservação e Restauração de Bens Culturais (ICCROM), cita "inundações, furacões, ciclones e tufões", assim como incêndios "mais frequentes".

Os incêndios florestais, que aumentam no Mediterrâneo, chegaram às portas de Olímpia, na Grécia, em 2021. No caso de Machu Picchu, as enchentes atingiram a cidade mais próxima da joia inca, no Peru, em janeiro.

“Machu Picchu correu um risco muito alto de deslizamentos de terra e, quando as chuvas são mais intensas, ocorrem mais deslizamentos de terra. Esse é outro tipo de impacto”, explica Rohit Jigyasu.

A mudança climática tem, de fato, múltiplos efeitos. Na Austrália, o aumento da temperatura da água branqueia a Grande Barreira de Corais. Em Gana, a erosão destruiu parte do Forte Prinzenstein, que era usado para o tráfico de escravos.

- Impacto na "vida social" -

Os “fatores lentos”, “sem impacto imediato”, impõem “novos desafios na preservação dos sítios”, insiste o especialista do ICCROM, citando, por exemplo, o aparecimento de “cupins” em florestas antigas, devido ao aumento da umidade.

Os vinhedos franceses de Borgonha, Saint-Émilion e Champagne, assim como os italianos de Prosecco e Piemonte, também não escapariam de um eventual impacto.

“Não é apenas o patrimônio que se vê afetado quando se perde uma parte dele, mas toda vida social que o cerca”, explica Ann Bourgès, pesquisadora do Ministério francês da Cultura e secretária-geral da ONG Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (Icomos).

Na Mongólia, os sítios arqueológicos não apenas foram abandonados, porque "a população não tinha mais acesso à água", mas também foram "saqueados", relata Rohit Jigyasu.

Em outros lugares, a guerra pela água já está no horizonte, e é pouco provável que o patrimônio saia vencedor.

Ao menos dez pessoas morreram e quatro são consideradas desaparecidas nas tempestades violentas que caíram na madrugada desta sexta-feira (16) no centro da Itália, destruindo casas e ruas, uma tragédia que abriu o debate sobre as medidas a serem tomadas contra a mudança climática.

A uma semana das eleições legislativas, a tromba d'água que devastou várias cidades em poucas horas e que deixou mortos, desaparecidos e feridos, gerou um debate nacional pela ausência de alerta para o fenômeno inesperado.

"Caíram 400 mm de chuva em seis horas em uma área onde costuma cair 1.500 em um ano. Isso definitivamente está ligado à mudança climática e precisamos nos acostumar e nos adaptar. Este é o futuro, uma demonstração do futuro, precisamos construir a nossa resiliência", explicou à AFP Paola Pina D'Astore, da sociedade italiana de geologia ambiental.

Entre os desaparecidos há um menino de seis anos que estava com sua mãe em um veículo. A mulher foi socorrida pelos bombeiros, mas a força da água levou o menino.

"O centro histórico de Cantiano não existe mais. A praça principal foi tomada pela força da lama que invadiu e destruiu os bares, a farmácia, as lojas, levando todos os móveis, tudo", disse Natalia Grilli, vice-prefeita de Cantiano, na região de Marche.

A área mais afetada é a província de Ancona, mas as chuvas também abalaram a região vizinha de Umbria.

Vários meteorologistas consideram que esses fenômenos se multiplicarão por todo o país nos próximos meses devido ao verão anômalo e à extensa onda de calor, com temperaturas recordes de até 42 graus em meio à maior seca dos últimos 70 anos.

"Morreram pessoas e é por isso que hoje o interesse pela catástrofe climática é maior. Isso deve nos fazer refletir. A morte nos coloca em contato com nossos valores. O que queremos fazer com nossas vidas enquanto o Estado italiano não faz nada para reduzir emissões e evitar dezenas de milhares de mortes semelhantes nos próximos anos?" lamentou Michele Giuli, ativista do movimento ambientalista Última Geração.

"Isso se chama crise climática, não mau tempo", reagiu no Twitter a filial italiana do "Fridays for Future", movimento juvenil em defesa do clima, enquanto o presidente da Cruz Vermelha italiana, Francesco Rocca, reconheceu que "está preocupado com o aumento de eventos climáticos extremos" em toda a península.

Alguns prefeitos da região lamentaram que ninguém os avisou do perigo, enquanto o especialista Bernardo Gozzini, do Centro Nacional de Pesquisa, afirmou que este foi "um fenômeno impossível de prever".

O Paquistão mobilizou ontem milhares de militares e voluntários em uma operação para resgatar pessoas isoladas pelas enchentes que atingiram o país nas últimas semanas e ameaçam deixar um terço do país - uma área do tamanho do Reino Unido - debaixo d'água. Desde junho, 1.136 pessoas morreram em decorrência das chuvas, número que pode ser ainda maior, pois equipes de emergência não conseguiram chegar a todas as regiões.

Mais de 33 milhões de pessoas foram afetadas pelas inundações provocadas pelas chuvas de monções excessivamente fortes deste ano. Segundo o primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, a situação não tem precedente em 30 anos. "Há um oceano de água de enchente por todos os lados", afirmou.

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As províncias de Sindh e Baluquistão, no sul do país, sofreram a maior destruição. Somente em Sindh, 1.800 acampamentos foram montados para os que perderam suas casas. No Baluquistão, mais de 61 mil casas foram parcial ou totalmente danificadas pelas inundações.

ISOLAMENTO

Grandes áreas do Paquistão estão isoladas e inacessíveis às equipes de ajuda humanitária, pois estradas e pontes ficaram submersas. O receio de que o número de mortos possa aumentar de forma significativa ao se chegar a essas regiões fez com que algumas autoridades já considerassem a atual crise pior do que as enchentes de 2010, quando aproximadamente 1.700 pessoas morreram.

O governo paquistanês tem atribuído os fenômenos extremos deste ano às mudanças climáticas causadas pelo homem. A ministra do Meio Ambiente, Sherry Rehman, descreveu a chuva incomum como uma "monção monstruosa" exacerbada pelas mudanças climáticas. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Documentos vazados ao Congresso dos Estados Unidos em outubro do ano passado mostram a negligência do Facebook com os discursos negacionistas sobre as mudanças climáticas que ocorrem na plataforma.

Segundo a Agência Pública, que teve acesso aos documentos, desde 2019 que funcionários, que tiveram os seus nomes omitidos por questão de segurança, tentam levantar o debate sobre a necessidade do Facebook desenvolver políticas para combater o negacionismo climático e, consequentemente, a desinformação. 

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Ainda no mesmo ano, um dos funcionários registrou que quem buscava por "climate change" (mudança drástica) na rede social, recebia como sugestões frases negacionistas como "climate change debunked" (mudança climática desmascarada) ou "climate change is a hoax (a mudança climática é uma farsa).

O funcionário ressaltou que "os algoritmos de sugestão de buscas parecem ser um alvo importante para pessoas que tentam manipular a opinião pública, então devemos ter proteções em vigor".

Ainda no entendimento do colaborador da plataforma, o aquecimento global é uma ameaça direta à missão da empresa. “Nossa missão no Facebook é construir comunidades. Hoje, no entanto, a taxa de aquecimento global e o colapso ecológico estão ameaçando comunidades em todo o mundo. Há mais refugiados do clima a cada ano, muitos dos quais nas áreas de crescimento do Facebook”, declara.

Segundo A Pública, o autor do post salienta que, além de combater a desinformação, o Facebook deveria reduzir sua pegada de carbono e exercer um papel na proteção das comunidades mais vulneráveis, que são atingidas, também, pelo desmatamento.

O governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) foi citado no documento. “A Amazônia está severamente machucada e o Brasil está queimando”, diz o funcionário referindo-se aos quilômetros de desmatamento, queimadas e destruição que ocorrem na Amazônia. 

Em resposta ao site A Pública, o Facebook - que agora se chama Meta -, afirmou que algumas interpretações dos funcionários são falsas e não representam as intenções da empresa. 

“A Meta tem o compromisso de colaborar para o enfrentamento da mudança climática e tem feito mudanças de produto para combater a desinformação climática, incluindo rótulos informativos a resultados de buscas e a posts no Facebook sobre mudança climática. Esses rótulos direcionam as pessoas para nossa Central de Informações sobre o Clima, que está disponível em português e possui recursos como informações oficiais das principais organizações de mudança climática do mundo e uma seção apresentando fatos que desmentem mitos climáticos comuns”.

O Reino Unido se esforça para exibir internacionalmente suas credenciais ambientais antes da próxima cúpula da ONU sobre a mudança climática em Glasgow, enquanto ao mesmo tempo procura lidar com os crescentes protestos de ambientalistas.

O grupo de desobediência civil Extinction Rebellion paralisou cidades e promete fazê-lo novamente em Glasgow no final do mês.

Nas últimas semanas, uma facção até então desconhecida, a Insulate Britain, bloqueou várias rodovias e estradas, levando a dezenas de detenções.

Na quarta-feira (6), o primeiro-ministro Boris Johnson os chamou de "incômodo" e aplaudiu sua ministra do Interior, Priti Patel, por promover "novos poderes para colocá-los na prisão, onde deveriam estar".

Seu governo afirma querer liderar a redução das emissões de carbono para limitar o aquecimento global, mas segue o exemplo da imprensa britânica conservadora, cada vez mais hostil aos ativistas, a quem chama de "ecomáfia" e "ambientaidiotas".

Os ativistas são acusados de arriscar vidas com suas táticas, que incluem grudar-se no asfalto e ficar sentado no meio do trânsito da hora do rush.

Na segunda-feira, a televisão mostrou uma motorista desesperada implorando para que a deixassem passar para seguir a ambulância que levava sua mãe ao hospital.

- Barbas e gorros de lã -

"Estamos arrasados com isso. Não saímos às ruas para impedir a passagem de ambulâncias", disse à AFP Tim Speers, de 36 anos, membro do Insulate Britain.

Originário do sudoeste da Inglaterra, ele está longe de ser a caricatura midiática de um "hippie", como Johnson o chamou, de barba e gorro de lã.

Bem barbeado e de fala rápida, este ex-jogador profissional de pôquer afirma ter deixado sua antiga vida para trás para lutar contra a mudança climática por meio da desobediência civil.

"Assim que fizerem uma declaração significativa de que começarão a trabalhar, de que alcançarão seus próprios objetivos, vou sair da estrada", garante. Mas "não posso ficar parado enquanto este governo falha completamente com os cidadãos que é obrigado a proteger".

Os britânicos têm uma longa história de protestos ambientais contra projetos de infraestruturas, como um desvio rodoviário no oeste da Inglaterra na década de 1990.

Um dos ativistas que então tentou bloquear a construção com um túnel sob a obra, Daniel Hooper, conhecido como "Swampy", reapareceu no início deste ano em outro protesto.

Ele foi julgado junto com outros ambientalistas, incluindo os filhos de um proprietário de terras e editor milionário, por tentar impedir a construção de uma linha férrea de alta velocidade.

O grupo passou dias entrincheirado em túneis extremamente estreitos que cavaram secretamente perto da estação ferroviária de Euston, no centro de Londres.

- "Não haverá amanhã" -

Na segunda-feira, Speers protestava em frente aos tribunais quando mais de 100 membros do grupo receberam ordens judiciais contra o bloqueio de estradas.

As suas origens são muito diversas, desde pais com seus filhos, a idosos ou membros do clero.

Janine Eagling, uma consultora de TI aposentada de 60 anos, explica que ingressou no Insulate Britain porque precisava agir com urgência.

"A situação está pior do que nunca. Estamos emitindo C02 como se não houvesse amanhã e, se continuarmos assim, literalmente não haverá amanhã", afirma.

Garantindo que não toleraria "eco-guerreiros, que atropelam nosso modo de vida e esgotam os recursos policiais", Patel anunciou na terça-feira novas medidas para enfrentar esses grupos.

"Atirar no mensageiro não destrói a mensagem: nosso país enfrenta o maior risco da história e nosso governo está falhando conosco", defendeu a Insulate Britain, que defende que todos os lares britânicos sejam ambientalmente eficientes.

Glasgow, com uma concentração planejada de 50.000 a 100.000 pessoas durante a cúpula, pode ser o cenário de um novo confronto.

A polícia da Escócia, que enviará cerca de 10.000 policiais por dia durante duas semanas, anunciou que facilitará manifestações pacíficas e permitirá "protestos ilegais até certo ponto".

Mas avisou que tomaria medidas "quando o protesto começar a afetar a capacidade de funcionamento da conferência".

Na última semana, foi divulgado um relatório de 4 mil páginas pelo 'Painel Intergovernamental Sobre as Mudanças Climáticas (IPCC)', órgão da Organização das Nações Unidas (ONU). Nele, é apresentado um prognóstico do que pode acontecer com o planeta Terra daqui a 30 anos, como mudanças climáticas que vão afetar a vida humana, além de risco de extinção de espécies, disseminação de doenças, calor insustentável e colapso de ecossistemas.

De acordo com Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente, Mudanças Climáticas e Saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma das questões que a nossa geração vai enfrentar é a falta de acesso à água potável, que pode afetar a vida humana com doenças relacionadas à ausência de saneamento. Além disso, a projeção indica que até 2050, mais de 30 milhões de pessoas terão que se deslocar de seus lugares por conta de questões agrícolas e aumento do nível do mar.

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Outro ponto que está na projeção é o aquecimento da temperatura média do planeta, e junto a isso, aumento do nível dos oceanos. São consequências do problema as ondas de calor marinhas, que podem prejudicar e até mesmo matar corais e conjuntos de algas marinhas.

De acordo com o relatório, entre os anos de 1925 e 2016, as ondas de calor aumentaram em 34%. Dentre as consequências que mais preocupam, está a exposição que os humanos terão a doenças transmissíveis, especialmente enfermidades que estão associadas a má qualidade do ar. De acordo com Stephanie Tye, pesquisadora associada da 'Prática de Resiliência Climática do Instituto Mundial de Recursos', a Covid-19 é um exemplo de que as fissuras dos sistemas de saúde estão visíveis. Os efeitos das mudanças drásticas no clima podem impactar esses mesmos sistemas em um plano maior.

Um estudo sobre os níveis de poluição das grandes metrópoles em meio à pandemia constatou que o chamado lockdown, que fecha empresas atuantes nos segmentos não-essenciais, contribuiu pouco para a redução de gases tóxicos lançados na atmosfera. Embora as 11 cidades analisadas no levantamento encabeçado pela Universidade de Birmingham, na Inglaterra, tenham emitido menos poluentes, o número foi abaixo da expectativa dos cientistas.

De acordo com a pesquisa, publicada na revista científica Science Advances, os índices de dióxido de nitrogênio produzidos pelo tráfego de veículos, que chegaram a atingir redução média de 60% em estudos realizados entre 2015 e 2020, caíram apenas 30% na atual análise. O levantamento também confere uma alta da emissão de ozônio, prejudicial à saúde e às plantações. Segundo os pesquisadores, embora veículos poluentes como automóveis, caminhões e aviões tenham circulado menos durante a recomendação de isolamento social, outras fontes de poluição, como as caldeiras industriais, refinarias e usinas de energia não deixaram de funcionar e acabaram sendo os maiores responsáveis pelo lançamento dos gases tóxicos na atmosfera.

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O estudo elaborado pelos ingleses teve como base os índices de poluição captados em cidades como Berlim (Alemanha), Pequim e Wuhan (China), Madri (Espanha), Nova York e Los Angeles (Estados Unidos), Paris (França), Nova Déli (Índia), Milão e Roma (Itália) e Londres (Reino Unido).

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, está "decepcionado" com os resultados da cúpula do G20 sobre mudança climática e dívida externa, embora tenha saudado os compromissos relacionados às vacinas covid-19, disse nesta segunda-feira seu porta-voz.

Guterres está "satisfeito" que a cúpula organizada neste fim de semana pela Arábia Saudita resultou em "um forte compromisso" no comunicado final "para tornar as vacinas covid-19 um bem público global e promessas financeiras para (o programa) Covax, embora a falta de dinheiro persista", disse Stéphane Dujarric em sua coletiva diária.

O programa global de imunização, apelidado de Covax e co-liderado pela Gavi (Vaccine Alliance), ainda precisa de cerca de 4 bilhões de dólares para garantir a distribuição equitativa de vacinas e equipamentos médicos.

"Com respeito à dívida, o comunicado de imprensa final é um passo na direção certa, mas o secretário-geral o considera insuficiente", acrescentou o porta-voz, indicando que "ele gostaria de ver iniciativas mais abrangentes sobre dívida e liquidez".

Os líderes do G20 “prometem implementar” uma iniciativa de suspensão do serviço da dívida já adotada que permite aos países menos desenvolvidos adiarem o pagamento de juros até junho de 2021.

Antes da cúpula, Antonio Guterres havia pedido que essa suspensão fosse estendida aos países de renda média em grande dificuldade e durasse até o final de 2021.

O G20 limitou-se a "examinar" essa questão. Dujarric também especificou que "na questão das mudanças climáticas, [Guterres] está decepcionado com o texto final que não reflete o movimento global observado na comunidade empresarial e entre vários governos com respeito à neutralidade de carbono."

O volume dos lagos que se formam ao redor do mundo conforme as geleiras derretem, como consequência da mudança climática, aumentou 50% em 30 anos - aponta um novo estudo baseado em dados de satélite.

"Já sabíamos que nem toda a água derretida chega imediatamente ao oceano", disse o principal autor do estudo Dan Shugar, geomorfologista e professor associado da Universidade de Calgary, em um comunicado.

"Mas, até agora, não havia dados para estimar quanto dele estava armazenado em lagos, ou em lençóis freáticos", completou.

A descoberta, publicada na segunda-feira (31) na Nature Climate Change, ajudará os cientistas a identificarem perigos potenciais para as comunidades que vivem abaixo desses lagos instáveis, disse Shugar.

Os dados também permitirão aumentar a precisão das estimativas de elevação do nível do mar, entendendo melhor como e a que taxa a água dos lagos chega ao mar.

Entre 1994 e 2017, as geleiras do mundo, especialmente nas regiões de alta montanha, perderam cerca de 6,5 trilhões de toneladas em massa, de acordo com pesquisas anteriores.

"Nos últimos 100 anos, 35% do nível global de aumento do nível do mar veio do derretimento das geleiras", disse à AFP Anders Levermann, professor do Institute for Climate Change Impact, em Potsdam.

As outras principais causas do aumento do nível do mar são as calotas polares e a expansão da água do oceano, à medida que se aquece.

A temperatura média da superfície da Terra aumentou 1°C desde a era pré-industrial, mas as regiões de alta montanha ao redor do mundo aumentaram a temperatura duas vezes mais, acelerando o derretimento das geleiras.

Ao contrário dos lagos normais, os lagos glaciais são instáveis e frequentemente inundados por gelo, ou por sedimentos compostos por rochas soltas e detritos.

Em janeiro, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas estimou em mais de 3.000 lagos glaciais que se formaram na região do Hindu Kush-Himalaia, com 33 deles representando um risco iminente que pode afetar sete milhões de pessoas.

Baseado em 250.000 imagens das missões do satélite Landsat da NASA, o novo estudo considera o volume atual dos lagos glaciais em mais de 150 quilômetros cúbicos, o equivalente a um terço do volume do Lago Erie nos Estados Unidos.

Diante de todas as causas da Covid-19 no mundo, a ativista Sueca Greta Thunberg, de 17 anos, afirma que a questão da mudança climática é "tão urgente" quanto o novo coronavírus. Para ela, o mundo precisa aprender com as lições da Covid-19 e tratar das mudanças climáticas com uma urgência semelhante. 

Em entrevista à BBC, a jovem relatou que o único ponto positivo que poderia surgir da pandemia do novo coronavírus seria se ela mudasse a forma como lidamos com as crises globais. Além disso, a ativista espera que comece uma discussão sobre a urgência de tomar medidas para ajudar as pessoas que morrem de doenças relacionadas às mudanças climáticas e à degradação ambiental.

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"De repente, as pessoas no poder estão dizendo que farão o que for preciso, já que você não pode colocar um preço na vida humana", revela Thunberg.

Como ativista, a sueca diz que a única maneira de evitar uma crise climática é rescindir contratos e abandonar acordos existentes que empresas e países assinaram. "A crise climática e ecológica não pode ser resolvida nos sistemas políticos e econômicos de hoje", pontuou na entrevista.

O tema das mudanças climáticas está no centro do encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), que teve início na terça-feira (15). Estão previstas ao menos 16 reuniões para tratar de políticas fiscais que ajudam a mitigar aquecimento global, além de falar de biodiversidade, governança ambiental e uma "transição verde".

"No FMI, sempre olhamos para os riscos. E essa (mudança climática) é uma categoria de risco que tem de ser absolutamente central no nosso trabalho", disse a diretora-geral do fundo, Kristalina Georgieva.

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Horas antes, o fundo divulgou o Monitor Fiscal de outubro, que teve como tema central o aquecimento global como uma ameaça ao planeta. "A ação até agora tem sido inadequada. O Acordo de Paris de 2015 vai na direção certa, mas os compromissos que os países fizeram são menores do que o necessário", considera o fundo.

Taxa

Limitar o aquecimento global ao padrão seguro de 2ºC ou menor exige políticas de escala ambiciosa, argumenta o FMI, como a imediata taxa sobre carbono que cresça rapidamente para US$ 75 a tonelada de CO2 até 2030. "Tenho esperança de que, no ano que vem, eu possa dizer que estamos um passo à frente", afirmou a diretora-geral do FMI. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Centenas de ativistas ecologistas formaram uma corrente humana ao redor do Parlamento alemão em Berlim nesta sexta-feira (28), um ato simbólico para "trancar" os deputados, que segundo os manifestantes devem adotar medidas decisivas contra a mudança climática.

O protesto diante do Reichstag alemão começou com uma passeata de quase 500 pessoas. Quando chegaram ao Parlamento, os ativistas abriram um longo pedaço de pano vermelho.

Um dos cartazes exibia a frase "2038 é muito tarde", uma referência à data prevista pelo governo para acabar com o uso do carvão na geração de energia elétrica.

"Enquanto os políticos se apressam nos últimos minutos antes das férias de verão, estamos aqui fora para declarar: 'as pessoas que não cuidam da política do clima não merecem férias'", afirma uma mensagem no Twitter do movimento "Sextas-feiras para o futuro".

"É por isto que formamos uma corrente humana e pedimos que permaneçam sentados na Câmara, para legislar", completa a mensagem.

O movimento "Sextas-feiras para o futuro" foi criado pela jovem ativista sueca Greta Thunberg, que se tornou uma figura de renome mundial.

O cemitério já foi mudado duas vezes, a velha escola está debaixo da água e a nova enfrenta o mesmo destino com a erosão constante que está devorando as terras em Napakiak.

Esta pequena aldeia localizada no sudoeste do Alasca, por onde passa o sinuoso rio Kuskokwim, é uma das várias comunidades indígenas costeiras deste estado dos Estados Unidos, cuja própria existência e estilo de vida estão ameaçados pela altas temperaturas.

"O litoral sofre erosão muito mais rápido do que o esperado e temos que nos afastar continuamente do rio para áreas mais altas", explica Walter Nelson, vereador da cidade, a uma equipe da AFP em recente visita a uma isolada população de apenas 350 habitantes, a maioria esquimós Yupik.

"Aqui lidamos com a mudança climática diariamente", acrescenta.

Ele mostra casas e outras construções, principalmente sobre palafitas, que são afetadas pela rápida erosão costeira e o derretimento do "permafrost", uma camada de solo que costumava ser permanentemente congelada e sobre a qual muitas aldeias nativas do Alasca foram construídas.

"É uma corrida constante contra o tempo. Agora o mercado local, o corpo de bombeiros e o prédio da cidade são os primeiros da lista de relocação", explicou Nelson. "A escola vem depois, mas não podemos movê-la; teremos que derrubá-la e construir uma nova".

- Isolamento -

O mesmo drama é experimentado em outras comunidades costeiras do Alasca, que estão cada vez mais isoladas porque as rotas que são formadas no inverno com o rio congelado são cada vez mais escassas com o aumento das temperaturas.

De acordo com um relatório de 2009 do Government Accountability Office, a maioria das mais de 200 aldeias indígenas no estado são afetadas pela erosão e inundação, e 31 enfrentam "ameaças iminentes".

Newtok é uma das comunidades que podem ficar debaixo d'água. Seus 350 moradores terão que se mudar em breve para um novo assentamento a cerca de 15 km de distância.

Mais ao sul, em Quinhagak, que faz fronteira com o Mar de Bering e está localizado na foz dos Kuskokwim, os líderes comunitários também estudam a possibilidade de mudar a vila de 700 habitantes para uma área mais segura.

"Já mudamos duas vezes, a última em 1979", conta Warren Jones, presidente de uma corporação Yupik local conhecida como Qanirtuuq Inc.

"Mas a erosão está acontecendo tão rápido que estamos preparando um pedaço de terra para o novo local muito mais longe do mar", explica.

- "Ameaças existenciais" -

Segundo os cientistas, o Alasca está aquecendo duas vezes mais rápido que a média mundial, com temperaturas em fevereiro e março batendo recordes.

"Entre 1901 e 2016, as temperaturas médias do continente dos Estados Unidos aumentaram 1,8 graus Fahrenheit [1ºC], enquanto no Alasca aumentaram 4,7 graus [2,6ºC]", alertou Rick Thoman, do Centro de Avaliação e Políticas do Clima do Alasca.

"Isso está afetando desproporcionalmente as comunidades rurais do Alasca, muitas das quais enfrentam ameaças existenciais de longo prazo", acrescentou.

Em Napakiak, que é cercada por quilômetros de tundra plana pontilhada por pequenos lagos e acessível apenas de avião ou barco, o trabalho em tempo integral de Harold Ilmar na última década tem sido proteger a vila de tempestades, inundações e a constante erosão do rio que cobre grandes extensões de terra.

Em média, movimenta cerca de cinco estruturas por ano para terrenos mais altos e, com poucos meios a sua disposição, tenta controlar as ondas colocando sacos de areia e folhas de plástico nas bordas.

"Isso não para e durante as emergências, eu trabalho até nos fins de semana", disse ele. "Acho que seria melhor se mudássemos toda a aldeia para um lugar mais alto", acrescentou, apontando para uma pedra a cerca de um quilômetro da costa.

- Fossas comuns -

Os líderes da Napakiak, assim como de outras comunidades, têm feito nos últimos anos viagens a conferências por todo o país para dar o alerta sobre a mudança climática e o afundamento de suas aldeias.

"Passamos a dizer às pessoas para virem nos visitar porque é preciso para acreditar", disse Nelson.

"Eles não vão entender o que está acontecendo através de um telefonema", acrescenta, explicando que sua aldeia até começou a usar caixões de metal em vez de madeira, que são mais resistentes, já que muitos corpos não puderam ser recuperados quando os dois cemitérios anteriores foram levados pela água.

"Temos duas valas comuns agora cheias de restos de pessoas que não conseguimos identificar", contou.

E ele aceita resignadamente que, em longo prazo, dada a velocidade da erosão e o aumento das inundações, Napakiak poderá acabar sob as águas e seus moradores terão de se juntar ao crescente número de refugiados do clima, forçados a abandonar suas terras.

"Nós achamos que 2016 e 2018 foram os anos mais quentes, mas 2019 está quebrando todos os recordes", lamentou.

"Todo ano acaba sendo o mais quente".

"Quem sabe o que vamos enfrentar nos próximos 10 anos?", conclui.

"Se o clima muda, por quê nós não mudamos?". Estudantes de todo o mundo, de Hong Kong a Madri passando por Kampala, deixaram as salas de aula e seguiram paras as ruas para medidas decisivas contra o aquecimento do planeta.

Wellington, Sydney, Bangcoc, Atenas, Roma: milhares de jovens aderiram à greve estudantil internacional, idealizada pela adolescente sueca Greta Thunberg, para denunciar a inação dos governos.

"123 países!" , tuitou a jovem, de 16 anos. Quase 2.000 eventos estavam previstos no planeta, segundo o site da campanha FridaysForFuture.

Centenas de estudantes acompanharam Thunberg, que virou o símbolo do movimento, diante do Parlamento de Estocolmo, onde a jovem protesta todas as sextas-feiras para exigir que o governo cumpra os requisitos do Acordo de Paris de 2015.

"Não sou a origem do movimento. Já existia. Precisava apenas de uma faísca para acender", disse Thunberg, enquanto um manifestante agitava um cartaz com um jogo de palavras em referência à ativista, que teve o nome indicado ao Nobel da Paz: "Make the planet Greta again".

A Nova Zelândia foi o ponto de partida, com manifestações de centenas de estudantes, inclusive em Christchurch, onde dois atentados contra mesquitas obrigaram a polícia a isolar o centro da cidade.

"Não há um planeta B", afirmavam cartazes. A frase mais repetida era: "Se vocês não vão agir como adultos, nós faremos isto".

Em Nova Delhi, 200 pessoas se reuniram e reclamaram da poluição do ar.

Na França, onde milhares de estudantes protestaram nas principais cidades, um grupo bloqueou por três horas a entrada da sede do banco Société Générale no bairro de negócios de Paris, com o objetivo de denunciar o financiamento nocivo da instituição para o clima.

Em Londres, milhares de estudantes caminharam de Downing Street até o Palácio de Buckingham.

Na Espanha, manifestações aconteceram em Madri e Barcelona. Um jovem denunciou que há "mais plástico que senso comum".

Muitos jovens não compareceram às aulas em diversas escolas de Uganda, país que "sofre deslizamentos de terra, inundações, onde as pessoas morrem em consequência da mudança climática", denunciou à AFP Leah Namugera, 14 anos, durante um protesto em uma estrada entre Kampala e Entebbe.

Na Nova Zelândia, as escolas advertiram que marcariam a falta dos estudantes.

Na Austrália, o ministro da Educação, Dan Tehan, também questionou os protestos.

"Que os estudantes abandonem as escolas durante o horário de aula para protestar não é algo que deveríamos estimular", disse.

Mas os ativistas receberam o apoio da primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, que destacou a importância para as jovens gerações de enviar uma mensagem.

Vários prefeitos da aliança de cidades C40 contra o aquecimento global, como os de Paris e Milão, também anunciaram apoio.

- Aquecimento persiste-

Apesar dos 30 anos de advertências sobre as graves consequências doa aquecimento global, as emissões de dióxido de carbono atingiram níveis recorde nos últimos dois anos. Muitos cientistas afirmam que se o ritmo atual persistir, o planeta pode se tornar um lugar inabitável.

"Sobre a mudança climática, temos que reconhecer que falhamos", disse Thunberg no Fórum Econômico Mundial de Davos, em janeiro último.

O Acordo de Paris sobre o clima anunciado em 2015 exige limitar o aumento da temperatura no planeta abaixo de 2ºC, se possível 1,5ºC. Atualmente, porém, o aquecimento do planeta segue a caminho do dobro deste índice.

O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU advertiu em outubro passado que apenas uma completa transformação da economia global e dos hábitos de consumo poderia impedir uma catástrofe climática.

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