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Dezenas de iraquianos conseguiram entrar brevemente na embaixada sueca em Bagdá, nesta quinta-feira (29), em protesto depois que uma cópia do Alcorão foi queimado em Estocolmo, o que provocou uma onda de indignação entre a comunidade muçulmana.

Os manifestantes, apoiadores do líder xiita iraquiano Moqtada al Sadr, permaneceram na embaixada sueca por cerca de 15 minutos e saíram pacificamente quando as forças de segurança chegaram, segundo um fotógrafo da AFP.

Antes de entrar, os manifestantes se reuniram em frente à embaixada após a convocação do líder xiita.

Sadr pediu a "saída do embaixador" depois que Salwan Momika, um refugiado iraquiano, queimou várias páginas do Alcorão na quarta-feira do lado de fora da maior mesquita de Estocolmo.

O gesto de Momika ocorreu no primeiro dia do Eid al-Ada, um dos maiores feriados religiosos para os muçulmanos, e durante o protesto, autorizado pela polícia sueca, ele também pisou no livro sagrado.

O governo iraquiano condenou na quarta-feira "atos racistas, incitação à violência e ao ódio" que ocorrem "repetidamente" em países que "se orgulham de abraçar a diversidade e respeitar as crenças dos demais".

O Ministério das Relações Exteriores do Iraque denunciou "a permissão das autoridades suecas a um extremista para queimar uma cópia do Sagrado Alcorão".

- Onda de indignação -

O gesto de Salwan Momika foi condenado em muitos países de maioria muçulmana, incluindo Arábia Saudita, Egito, Marrocos, Irã e Turquia.

"Ensinaremos aos ocidentais arrogantes que insultar os muçulmanos não é liberdade de expressão", declarou o presidente turco Recep Tayyip Erdogan durante uma aparição na televisão.

A Arábia Saudita, por sua vez, denunciou "atos odiosos e repetidos (...) que incitam ao ódio, à exclusão e ao racismo, e contradizem esforços que buscam difundir valores de tolerância".

O Kuwait, outra monarquia do Golfo, pediu que os autores de tais "atos hostis" fossem processados e impedidos "de usar o princípio das liberdades (...) para justificar sua hostilidade contra o Islã".

O Irã também criticou o gesto do refugiado iraquiano. "O governo e o povo da República Islâmica do Irã (...) não toleram tal insulto", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Nasser Kanani.

Marrocos, por sua vez, convocou seu embaixador na Suécia para consultas e condenou o ato "irresponsável" e as "provocações repetidas, cometidas sob o olhar complacente do governo sueco".

A queima do Alcorão também provocou reação do Egito, o mais populoso dos países árabes, que condenou um "gesto vergonhoso e uma provocação aos sentimentos dos muçulmanos".

Síria, Bahrein, Emirados Árabes Unidos, Afeganistão e Líbano também aderiram às condenações.

- "Sim ao Alcorão" -

Durante o protesto em frente à embaixada do país nórdico em Bagdá, os manifestantes distribuíram panfletos nos quais se lia em inglês e árabe "Nossa Constituição é o Alcorão. Nosso líder, Al Sadr".

Também queimaram bandeiras arco-íris, símbolo da comunidade LGBTQIA+, e escreveram "sim ao Alcorão" na entrada da embaixada.

O gesto do refugiado iraquiano na Suécia também provocou a indignação de organizações como a Liga Árabe, que condenou uma "agressão no coração da nossa fé muçulmana".

O Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo culpou as "autoridades suecas por qualquer reação derivada desses atos" e a Organização para a Cooperação Islâmica os condenou "veementemente".

Não é a primeira vez que esse tipo de ação é registrado na Suécia e em outros países europeus.

No passado, algumas delas foram promovidas por movimentos de extrema direita, gerando manifestações e tensões diplomáticas.

Israel discute em segredo com vários líderes de países árabes e muçulmanos para normalizar as relações com o Estado hebreu, afirmou neste domingo o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu.

"Há muitos encontros não acompanhados pela mídia com líderes árabes e muçulmanos para normalizar as relações com o Estado de Israel", declarou Netanyahu em Jerusalém, antes de informar que conversou com governantes do Sudão, Chade e Omã.

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Netanyahu fez as declarações na véspera do primeiro voo comercial direto" entre Israel e Emirados Árabes Unidos, após o acordo de normalização entre os dois países anunciado em 13 de agosto, o que o Estado hebreu tenta ampliar para outros países da região.

O primeiro-ministro israelense estava ao lado de Jared Kushner, conselheiro da Casa Branca e genro do presidente Donald Trump.

"Os avanços de hoje serão as normas de amanhã e abrirão o caminho a outros países que querem normalizar suas relações com Israel", completou Benjamin Netanyahu.

Jared Kushner chamou o acordo com os Emirados Árabes de "passo gigante" a favor da paz no Oriente Médio.

Um reflexo da vontade de acelerar a normalização é a viagem de uma delegação israelense-americana, na segunda-feira, no primeiro voo comercial direto entre Tel-Aviv e Abu Dhabi.

No voo "histórico" estarão presentes, além de Kushner, o diretor do Conselho Nacional de Segurança Israelense, Meir Ben-Shabbat, assim como o conselheiro presidencial americano de Segurança Nacional, Robert O'Brien.

Ao mesmo tempo, o líder do Hezbollah libanês, Hassan Nasrallah, afirmou neste domingo que o movimento mataria um soldado israelense para cada membro do grupo morto por Israel, dando a entender que ainda não vingou uma vítima de um bombardeio recente na Síria.

"Os israelenses devem compreender: quando matam um de nossos combatentes, nós mataremos um de seus soldados. É a equação", afirmou Nasrallah em um discurso.

Um combatente do Hezbollah morreu em um bombardeio israelense em 20 de julho na Síria, onde o movimento apoia o regime de Bashar al-Assad.

Afetados pela pandemia de coronavírus, como o restante da população, os muçulmanos italianos reclamam da falta de espaço para seus mortos nos cemitérios da península.

"Tudo isso foi a vontade de Deus", diz Mustafa, em frente a uma tumba acinzentada no setor muçulmano do cemitério de Bruzzano, nos arredores de Milão (norte). O marroquino, na casa dos cinquenta anos, lamenta a perda de sua esposa, que morreu em 7 de abril, aos 55 anos, de Covid-19.

"Ela pegou o vírus no hospital" em Milão, onde "havia sido internada um mês antes" para uma operação na perna, diz. Um buquê solitário de flores no meio de um retângulo desenhado por pedras alinhadas no chão indica o local onde ela foi enterrada.

- Cadáveres em casa -

Por enquanto, não há estatísticas oficiais sobre o número de muçulmanos, nem estrangeiros nem italianos, que morreram durante a pandemia. A doença afetou, principalmente, a região industrializada da Lombardia (norte) e causou a morte de 34.000 pessoas em toda península.

A minoria muçulmana (quase 2,6 milhões de fiéis em 2018, ou seja, 4,3% da população total, de acordo com um estudo recente) foi duramente atingida. A maioria reside no norte e é composta por 56% de estrangeiros, procedentes de Marrocos, Albânia, Paquistão, Bangladesh e Egito.

Os 44% restantes são italianos, e esse percentual está aumentando. Durante a pandemia, com a interrupção de todas as ligações aéreas, os corpos dos muçulmanos falecidos não puderam ser repatriados para seus países de origem, como é tradição.

"Isso gerou situações dramáticas, com corpos nos necrotérios por vários dias, devido à falta de lugar nos cemitérios islâmicos", informou o jornal "La Repubblica".

Foi o caso de Hira Ibrahim, uma macedônia que perdeu a mãe para a Covid-19 em Pisogne (norte) e foi forçada a velar o corpo em sua casa por mais de dez dias.

"Dezenas de famílias muçulmanas passaram pelo mesmo pesadelo", reconhece. "O sofrimento se multiplica sem um lugar para enterrar seus mortos", diz Abdullah Tchina, um imã na mesquita de Milão-Sesto.

"Na semana passada, um muçulmano morreu aqui em Milão-Sesto. Seu corpo teve que ser transportado por 50 quilômetros para ser enterrado", disse Tchina.

"Algumas famílias em Brescia, ou Bérgamo, tiveram que esperar muito tempo para enterrarem seus mortos", conta Guedduda Boubakeur, presidente do Centro Islâmico de Milão, que recebeu ajuda do Ministério do Interior para encontrar sepulturas em lotes habilitados para muçulmanos em cemitérios públicos.

- A terra e os mortos -

Segundo a União das Comunidades Islâmicas da Itália (Ucoii), existem 76 cemitérios islâmicos em todo país, para cerca de 8.000 municípios.

O mais antigo foi construído em 1856, em Trieste, no extremo norte. O de Roma, centro do cristianismo, foi construído em 1974.

Dada a falta de sepulturas, Ucoii solicitou ajuda dos municípios.

Boubakeur assegura que "150 responderam que são a favor da organização de um setor muçulmano em seus cemitérios".

A emergência de saúde desencadeada pela Covid-19 também revelou como a comunidade muçulmana evoluiu na Itália, a segunda religião do país.

"Alguns idosos querem ser enterrados no país de origem. Mas agora seus filhos e netos preferem ser enterrados aqui, porque se sentem e são italianos", enfatizou.

Para o líder muçulmano, é um sinal eloquente de "maior integração".

O papa Francisco celebrou, neste sábado (28), uma missa no Cairo diante de milhares de fiéis, no segundo dia de uma visita dedicada a apoiar a minoria cristã e promover o diálogo com os muçulmanos. O Papa, de pé na parte traseira de um veículo, chegou ao estádio cumprimentando os fiéis pouco antes das 10h (às 5h no horário de Brasília).

Em meio a um enorme dispositivo de segurança em toda a capital, Francisco entrou cercado por guarda-costas. Sorridente, saiu do veículo para cumprimentar um pequeno grupo de crianças. Nas arquibancadas, a multidão agitava bandeiras com as cores amarela e branca do Vaticano.

O pontífice argentino de 80 anos subiu posteriormente em um grande palco e iniciou sua homilia, pronunciada em italiano e traduzida ao árabe por um intérprete.

Os fiéis haviam chegado mais cedo em ônibus que precisaram atravessar vários postos de controle das forças de segurança para alcançar o estádio, com capacidade para 30.000 pessoas e sobrevoado por um helicóptero.

Freiras, famílias, homens de terno, jovens de jeans, padres ortodoxos e católicos ou idosos avançavam lentamente pelas diferentes entradas do estádio. 

"Estamos tão felizes que não nos importamos de esperar. (...) Estamos orgulhosos com o fato de (o papa) estar no Egito", disse à AFP Kanzi Bebawi, de 33 anos, com um longo vestido branco, presente na fila ao lado de seu marido.

"É muito importante que esteja aqui. Não temos medo de ir à igreja no Egito", disse Nabil Shukri.

A concentração religiosa reúne todos os ritos católicos do país, especialmente as igrejas copta, armênia, maronita e melquita. Líderes religiosos muçulmanos também participavam da missa.

Depois da missa e de um encontro com os bispos egípcios, Francisco se reunirá com os futuros sacerdotes de um seminário copta-católico no Cairo. O pontífice argentino planeja deixar o Egito durante a tarde, após sua curta visita de 27 horas, marcada pelos visíveis reforços da segurança.

O país de maioria muçulmana conta com uma comunidade católica de 272.000 fiéis, ou seja, 0,3% da população egípcia. Os católicos estão presentes no Egito desde o século V.

Nos séculos XVIII e XIX, várias ordens católicas, entre elas os franciscanos, os dominicanos e os jesuítas, se instalaram no país, onde desenvolveram uma rede de escolas, hospitais e instituições de caridade.

A viagem do Papa, que ocorre três semanas após o grupo extremista Estado Islâmico (EI) lançar dois ataques contra igrejas coptas ortodoxas que deixaram 45 mortos, adquire um caráter simbólico para os cristãos no país.

O líder espiritual de cerca de 1,3 bilhão de católicos no mundo defendeu a tolerância e o diálogo entre muçulmanos e cristãos ao chegar na sexta-feira ao Cairo.

O sumo pontífice abordou vários assuntos de importância no Oriente Médio, como a proliferação de armas ou os "populismos demagógicos" que "não ajudam a consolidar a paz e a estabilidade".

Ao menos quatro muçulmanos foram mortos, três deles carbonizados, quando suas casas foram incendiadas durante um confronto entre grupos muçulmanos e hindus no leste da Índia, afirmou nesta segunda-feira (19) um oficial do governo.

De acordo com a polícia, 14 pessoas foram presas sob a acusação de incêndio culposo e assassinato. A segurança também foi reforçada na região de Bihar, com cerca de 500 policiais.

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Segundo um oficial do governo em Bihar, a onda de violência começou no domingo, depois que o corpo de uma criança hindu foi encontrada na cidade de Sarayian, mais de uma semana depois de seu desaparecimento. Pescadores hindus culparam os muçulmanos pela morte do garoto, que era amigo de uma garota muçulmana. Este mesmo oficial afirmou que a situação na região continua tensa, porém sob controle.

Cerca de 80% da população da Índia é hindu, e convive pacificamente com os cerca de 13% da população muçulmana. Entretanto, incidentes violentos ocorrem ocasionalmente no país. No ano passado, cerca de 50 pessoas morreram em um confronto entre as dois grupos na cidade de Muzaffarnagar. Fonte: Associated Press.

As principais organizações muçulmanas na França pediram nesta terça-feira (13) calma a sua comunidade e apelaram para que ela evite as reações emocionais, diante do lançamento na quarta-feira (14) do primeiro número da Charlie Hebdo desde o atentado contra a revista satírica.

Este número traz em sua capa Maomé, com uma lágrima nos olhos, segurando um cartaz com a frase "Je suis Charlie", como fizeram as milhares de pessoas que se manifestaram no domingo na França e em muitas cidades do mundo.

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Acima do desenho aparece o título "Tudo está perdoado", um sinal de apaziguamento que contrasta com a habitual feroz ironia da revista.

Para esta edição, a publicação voltou a escolher uma caricatura do profeta, desta vez assinada pelo cartunista Luz, para um número especial com tiragem de três milhões de exemplares, que será publicado na quarta-feira, após o atentado jihadista de 7 de janeiro contra a sede do jornal, que matou 12 pessoas, entre elas 5 chargistas.

Este número - denominado "a edição dos sobreviventes" - terá três milhões de exemplares, contra os 60.000 normalmente impressos, será traduzido para 16 idiomas e vendido em 25 países.

Seu distribuidor já recebeu uma avalanche de pedidos da França e do exterior, e por isso decidiu ampliar a 3 milhões a tiragem desta edição especial, inicialmente prevista para 1 milhão de exemplares.

Em 2006, o Charlie Hebdo reproduziu as caricaturas de Maomé cuja publicação no jornal dinamarquês JyllandsPosten desencadeou violentos protestos. A partir de então, o jornal satírico francês sofreu um incêndio criminoso e várias ameaças.

Os dois jihadistas que mataram 12 pessoas na sede do jornal, na semana passada, saíram gritando, "Vingamos o profeta! Matamos o Charlie Hebdo!".

O Papa Francisco enviou nesta sexta-feira (2) uma mensagem pessoal aos muçulmanos e cristãos, na qual defende o respeito mútuo, no momento em que a radicalização islâmica coloca em risco os cristãos, e que os muçulmanos sofrem discriminação no Ocidente. Para o Aid al-Fitr, o fim do Ramadã, o papa assinou a mensagem anual do Conselho Pontifício para o diálogo interreligioso do Vaticano, dirigido pelo cardeal francês Jean-Louis Tauran.

"Este ano decidi assinar pessoalmente esta mensagem tradicional, como expressão de estima e amizade para com todos os muçulmanos", escreveu o papa. No texto, o papa convidou os muçulmanos de todo o mundo, a quem chama de "meus amigos", a refletir, pedindo "a promoção do respeito mútuo através da educação para evitar "críticas injustificadas e difamações" por parte das duas religiões.

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O papa ressalta que seu nome 'Francisco' é o mesmo de um santo que foi chamado de 'o Irmão universal'. Em 1219, Francisco atravessou as linhas de frente da quinta cruzada para ver o sultão al-Malik al-Kâmil. "Somos chamados a respeitar em cada pessoa, primeiramente sua vida, sua integridade física, sua dignidade, seus direitos, sua reputação, seu patrimônio, sua identidade étnica e cultural, suas ideias e suas escolhas políticas. É por isso que nós somos chamados a refletir, a falar e a escrever de maneira respeitosa do outro, não apenas em sua presença, mas todos os dias e em todos os lugares, evitando a crítica injustificada ou difamatória", insistiu.

"Para este fim, a família, a escola, a educação religiosa e todas as formas de meios de comunicação desempenham um papel determinante", prosseguiu na mensagem, que leva o selo do cardeal Tauran, que ocupa este cargo sensível desde 2007. Nas relações entre cristãos e muçulmanos, "somos chamados a respeitar a religião dos outros, seus ensinamentos, símbolos e valores. É por isso que reservamos um respeito particular aos líderes religiosos e locais de culto".

Os jovens, segundo a mensagem, devem ser "encorajados a pensar e a falar de maneira respeitosa das outras religiões e daqueles que as praticam, evitando ridicularizar ou denegrir suas convicções e ritos". As piores caricaturas e o ódio religioso são veículados não apenas por certos meios de comunicação, sejam eles canais de extremistas muçulmanos ou sites de extrema-direita na Europa, mas também pela educação, quando a religião do outro é explicada de maneira caricatural, por vezes, ofensiva. "Como são dolorosos esses ataques contra um ou outro!", escreveu o papa.

Várias igrejas têm sido incendiadas por islamitas, por exemplo, na Nigéria pelo grupo Boko Haram. As relações entre o islã e o cristianismo foram prejudicadas em 2006 após as declarações do Bento XVI, que pareceu relacionar o islã e a violência. A mesquita de Al-Azhar do Cairo, umas das autoridades do sunismo, rompeu suas relações com o Vaticano no início de 2011, depois que o papa condenou um atentado em Alexandria na qual muitos cristãos foram mortos.

"Os problemas não se davam com o Vaticano, mas com o ex-papa, agora as portas de Al-Azhar estão abertas", defendeu na primavera Mahmoud Abdel Gawad, influente conselheiro do imã Ahmed Al-Tayeb de Al-Azhar. Na ocasião, ele desejou "um passo em frente da parte de Francisco, sugerindo uma intervenção onde ele diria que o Islã é uma religião pacífica, que os muçulmanos não buscam a guerra ou a violência", por ocasião do Ramadã.

O papa Francisco, em sua mensagem, não citou esses termos, mas ressaltou, no entanto, uma comunidade de valores sobre a "família". A mensagem de 2013 é publicada em um contexto de tensão, onde, na educação e nos meios de comunicação, no Ocidente e no mundo Muçulmano, caricaturas são criadas sobre outras religiões. E no momento em que muitos cristãos, principalmente no berço do cristianismo, são impedidos de exercer sua religião e são perseguidos por grupos islamitas.

A conversão ao cristianismo é severamente punida. Em países como a Arábia Saudita, onde vários milhões de imigrantes cristãos vivem, não é possível construir uma única igreja.

O decreto de um religioso do alto escalão iraniano que afirma que um muçulmano que sofrer de "sede extrema" pode beber água durante o Ramadã provocou polêmica no clero, informou nesta quinta-feira (18) a imprensa iraniana.

"Os que não conseguem suportar a sede podem beber só um pouco para acalmar a sede (...) e o jejum não será invalidado", afirmou em uma fatwa (decreto religioso) o grande aiatolá Asadola Bayat Zanjani, de tendência reformista, em pleno mês sagrado do Ramadã.

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Este decreto foi rapidamente criticado por outro grande aiatolá, Naser Makarem Shirazi, que descartou que seja possível "fazer ao mesmo tempo o jejum e beber", e repetiu que a ruptura do jejum deveria ser compensada mais tarde durante o ano.

A imprensa lembrou os decretos do guia supremo iraniano, Ali Khamenei, e do grande aiatolá iraquiano Ali Sistani, segundo os quais "o estado de debilidade ou a sede não justificam que se rompa o jejum", embora o islã o dispense a certos doentes.

A maioria dos muçulmanos quer instaurar a sharia, lei islâmica baseada no Alcorão, nos dizeres do profeta Maomé e nas normas dos religiosos, mesmo com opiniões divergentes sobre o que deve ser contemplado, indica um estudo publicado nesta terça-feira. A pesquisa, realizada pelo Pew Research Center, dos Estados Unidos, foi feita entre 2008 e 2012 e consultou 38.000 pessoas de 39 países. A pesquisa se concentrou no tema "Religião, Política e Sociedade" na grande comunidade muçulmana de 1,6 milhão de pessoas, a segunda maior religião do mundo depois do cristianismo.

A maioria dos muçulmanos, especialmente em Ásia, África e Oriente Médio, quer instaurar a sharia, com diferenças de acordo com a área geográfica -- 8% no Azerbaijão contra 99% no Afeganistão --, afirma o instituto Pew, que atribui essas divergências à história dos países e à separação entre igreja e estado. O estudo mostra que a aplicação da sharia é particularmente desejável no âmbito privado, para regular os negócios familiares ou de propriedade.

A execução dos muçulmanos convertidos a outra religião, o castigo com chibatadas e o corte das mãos por roubo recebem uma minoria de opiniões favoráveis, exceto por uma ampla maioria no Afeganistão e no Paquistão, e com pouco mais de uma em cada duas pessoas no Oriente Médio e no norte da África.

Também são maioria os que concordam com a liberdade de culto de outras religiões. No Paquistão, por exemplo, 84% quer ver a sharia instaurada como lei no país e 96% acredita que a liberdade de culto é "algo bom". Metade dos muçulmanos está preocupada com o extremismo religioso no país, sobretudo no Egito, na Tunísia e no Iraque.

Na maior parte dos países, uma maioria de mulheres e homens acredita que a mulher deve obedecer o marido, principalmente em Iraque, Marrocos, Tunísia, Indonésia, Afeganistão e Malásia, mas a maioria também acredita que uma mulher deva ser capaz de decidir sozinha se usa ou não o véu.

A maioria dos muçulmanos não sente tensão entre sua religião e a vida moderna, prefere um regime democrático, gosta de música e dos filmes ocidentais, mesmo que acreditem que a cultura ocidental seja moralmente nociva.

Uma grande maioria considera imorais a prostituição, a homossexualidade, o suicídio e o álcool, mas a opinião sobre a poligamia é divergente (4% considera moralmente aceitável na Bósnia-Herzegovina, contra 87% na Nigéria). Só o Afeganistão e o Iraque dispensam majoritariamente os "crimes de honra".

A violência em nome do Islã é amplamente rechaçada, mas aprovada por significativas minorias em Bangladesh, Egito, Afeganistão e Palestina. Para 81% dos muçulmanos norte-americanos, este tipo de violência "nunca" é justificável, contra uma média de 72% no restante do mundo, revelou o estudo.

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Pelo menos 50 pessoas morreram e 171 ficaram feridas em uma série de atentados em Bagdá, no Iraque, na última terça-feira (19). Há relatos ainda de assaltos à mão armada, principalmente contra muçulmanos xiitas. Estima-se que a capital sofreu 20 explosões, sendo 11 por carros-bomba.

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De acordo com o Iraq Body Count, com sede da Grã-Bretanha, mais de 112 mil civis iraquianos perderam a vida em atentados desde março de 2003. A rrportagem da AFP traz mais detalhes sobre a situação no Iraque.

Milhares de pessoas que fogem da nova onda de violência entre budistas e muçulmanos no oeste de Mianmar se dirigem aos já superlotados campos de refugiados da capital do Estado de Rakhine, Sittwe, informaram neste sábado as Nações Unidas à AFP.

Após várias semanas de tranquilidade relativa em uma região sob estado de emergência desde os primeiros confrontos de junho, a violência voltou a aparecer entre budistas da etnia rakhine e os rohingyas, uma minoria muçulmana apátrida considerada pela ONU uma das mais perseguidas do planeta.

Segundo os meios de comunicação estatais, desde o último domingo 67 pessoas perderam a vida e mais de cem ficaram feridas. Cerca de 3.000 casas foram incendiadas.

A organização não governamental Human Rights Watch teme que o balanço "seja muito maior", expressou a entidade em um comunicado, que se baseia em declarações de testemunhas.

Por sua vez, a Anistia Internacional pediu que as "autoridades intervenham para proteger toda a população e romper o ciclo de discriminação e violência".

A nova onda de confrontos levou milhares de pessoas a fugir novamente. "Até o momento, temos conhecimento de 3.200 novos deslocados que chegaram aos campos e arredores", que já acomodam outros desabrigados, em Sittwe, disse Vivian Tan, porta-voz do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).

"Outros 2.500 estariam a caminho", acrescentou.

Na sexta-feira, o porta-voz do governo rakhine, Win Myaing, afirmou que 3.000 rohingyas chegaram de barco a Sittwe, mas foram proibidos de entrar nos campos de refugiados e foram expulsos para uma ilha próxima.

A violência intercomunitária deixou mais de 150 mortos desde junho no estado de Rakhine e mais de 75.000 desabrigados.

Fartos da atenção concedida à minoria muçulmana perseguida dos rohingyas, os budistas da etnia rakhine decidiram fazer com que suas vozes fossem ouvidas, com tons racistas.

"Não temos o direito de falar. Estamos marginalizados no cenário internacional", disse Oo Hla Saw, secretário-geral do Partido para o Desenvolvimento das Nacionalidades Rakhines (RNDP).

"Podemos viver com todo tipo de gente, mas não com os muçulmanos daqui (...), que são como animais", afirmou U Ohattama, superior do monastério Klak Kha Mout em Sittwe.

Muitos denunciam a presença em suas terras de 800.000 rohingyas, vistos como imigrantes procedentes da vizinha Bangladesh.

E se rebelam contra a atenção concedida pela ONU e por ONGs estrangeiras há anos a esta minoria.

Os rohingyas estão submetidos há décadas a restrições de deslocamento, têm acesso limitado à educação e à saúde e são condenados ao trabalho forçado.

A comunidade rakhine queria que o mundo se interessasse por sua situação, já que, com 44% da população abaixo da linha da pobreza, segundo um relatório da ONU publicado em 2011, o Estado Rakhine é o segundo mais pobre de Mianmar, que, por sua vez, é um dos países mais pobres do planeta.

Mais de dois milhões de muçulmanos de 189 nacionalidades se reuniram nesta quinta-feira no Monte Arafat, um ritual que marca o principal momento de uma peregrinação que acontece sem incidentes.

Muitos fiéis passaram a noite em barracas na árida planície de Arafat, enquanto outros, totalmente vestidos de branco, começaram a chegar durante a madrugada.

Entre os peregrinos estavam muitos sírios, que exibiam uma grande bandeira da rebelião iniciada há 19 meses contra o regime do presidente Bashar al-Assad.

"Deus, provoca o fim de Bashar al-Assad", implorou em voz alta Ahmad Al Mohamad, um peregrino sírio de 30 anos que chegou ao topo do Monte da Misericórdia, uma pequena colina que domina a área.

Muitos peregrinos subiram o monte orando, enquanto outros choravam de emoção.

O profeta Maomé pronunciou o "discurso do adeus" ao pé deste monte, dois meses antes de sua morte.

Até o momento não foi registrado nenhum incidente durante a peregrinação. Mais de 100.000 membros das forças de segurança foram mobilizados para garantir que o evento aconteça de maneira ordenada.

Durante a noite os peregrinos devem seguir para Muzdalifah, onde reunirão pedras para a lapidação de satã, um dos rituais que começam na sexta-feira, o primeiro dia da Aid al-Adha, ou festa do sacrifício.

O hajj (peregrinação) é um dos cinco pilares do islã que todo fiel deve cumprir pelo menos uma vez na vida, caso tenham os meios econômicos.

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