Tópicos | Museu da Abolição

Afrografia, exposição fotográfica que se debruça sobre a cultura, a beleza, a memória e a resistência do povo negro de Pernambuco, chega a sua 2ª edição, com realização do Museu da Abolição do Recife (MAB) e do IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus). A abertura acontece sábado (21/01), na área externa do MAB, às 16h, sendo agitada por uma programação musical com atrações pernambucanas: Abulidu, banda antirracista, Maracatu de Baque Virado Leão Coroado, de Olinda, e Coco Xexéu de Bananeira, do município de Paulista. A entrada é gratuita.

A mostra fica em cartaz no MAB (Rua Benfica, 1150 - Madalena, Recife) por tempo indeterminado, reunindo 20 artistas da Região Metropolitana do Recife (RMR) que utilizam a imagem fotográfica como forma de expressão e reivindicação do seu local de fala e de imagem. A curadoria é assinada por Rennan Peixe, artista, fotógrafo e realizador audiovisual negro.

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“A Afrografia II tem como principal intenção mostrar a importância da fotografia na construção da identidade negra. A exposição conta com fotografias que não somente narram o cotidiano do povo preto, mas que também agenciam uma luta contra a invisibilidade e o apagamento histórico do seu protagonismo”, define Rennan Peixe.

Em sua edição de estreia, promovida em 2019, também no Museu da Abolição, a Afrografia contou com a participação de 12 artistas.

“A gente propõe um diálogo entre fotógrafos e fotógrafas com o espelho da alteridade, que se reconhecem enquanto artistas negros no contexto branco e elitizado dos espaços artísticos”, comenta o curador.

Serviço

Afrografia II

Data de abertura: 21/01/2023 (sábado)

Local: Museu da Abolição (área externa) - Rua Benfica, 1150 - Madalena, Recife

Horário: 16h

Entrada: gratuita

Atrações musicais (abertura): Abulidu, Maracatu de Baque Virado Leão Coroado e Coco Xexéu de Bananeira

*Via assessoria de imprensa.

 

A Prefeitura do Recife realizará, nesta terça-feira (21), no Museu da Abolição, no bairro da Madalena, Zona Oeste do Recife, a 1ª Mostra de Saúde dos Terreiros: práticas de cuidado na saúde. O encontro faz referência ao Dia Nacional de Combate ao Racismo Religioso, presente no calendário brasileiro desde 2007. A data traz o marco da resistência pela liberdade de culto de religião de matriz africana no Brasil.

Das 8h30 às 12h, a mostra contará com apresentações culturais, discussões sobre as religiões de maior expressividade no culto afro-brasileiro, como Candomblé, Jurema e Umbanda, além de pensar estratégias de combate ao racismo religioso na saúde.

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O encontro é promovido pela Secretaria de Saúde (Sesau) do Recife, através da Coordenação da Política de Saúde da População Negra, e pela Secretaria de Assistência Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos do Recife, através da Gerência de Igualdade Racial. Os principais objetivos são o reconhecimento dos terreiros como espaços de promoção à saúde e o resgate de histórias africanas e afro-brasileiras. Além disso, a Mostra de Saúde nos Terreiros busca desconstruir imagens estigmatizadas do negro e de suas manifestações culturais e religiosas.

A coordenadora da Política de Saúde da População Negra do Recife, Kéthully Silva, explica que a Organização das Nações Unidas (ONU) reconhece o preconceito com os cultos afro-brasileiros como racismo religioso, e não apenas intolerância religiosa. “A religiosidade praticada pela população negra é muitas vezes demonizada. Há muito mais violência direcionada às religiões de matriz africana e afro-brasileira do que direcionada às demais religiões que seguem um padrão eurocêntrico. E não se trata apenas de uma aversão à religiosidade em si, mas sim uma coisificação das tradições africanas e afro-brasileiras, não ferindo somente a religiosidade, mas toda população negra, sendo um resquício do racismo”.

*Da assessoria

Nesta segunda-feira (12), a partir das 9h, o Museu da Abolição, no Bairro da Madalena, vai abrir as portas para receber a exposição "Culturas Africanas - arte, mitos e tradições". Em parceria com o Departamento de Artes, do Centro de Artes e Comunicação – CAC, da UFPE, a mostra ficará no museu até o dia 9 de novembro. 

A exposição é fruto do resultado dos trabalhos realizados, por 16 pesquisadores, sobre modelagem em argila. "Percebemos que muitas vezes os estereótipos que se fazem, com relação a África e os africanos, são devidos a uma falta de conhecimento e de abertura com relação a riqueza e o potencial da estética africana", declarou Paulo Lemos de Carvalho, curador da mostra.

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A segunda edição da mostra promete apresentar o resultado das pesquisas, desenvolvidas durante o curso, sobre - um pouco – da cultura tradicional africana e suas representações. A exposição se apresenta em forma de releitura de totens, máscaras, escudos, objetos rituais, de uso lúdico e utilitário. Algumas peças originais de vestuário da nobreza tradicional também fazem parte da expografia, propondo uma imersão. "Pensando em muitas pessoas que não podem visitar museus do mundo a fora, que são especializados em arte africana, nós fizemos essa pesquisa que resultou nesta exposição didática no Museu da Abolição", ressaltou Paulo.

Com 111 peças no acervo do museu, legitimas do continente africano, em exibição na exposição "Novos Objetos, Novas Coleções", se constata a importância de aproximar, ainda mais, as pessoas da cultura africana e afro-brasileira. "Essa exposição, fruto do trabalho coletivo de pesquisa sobre a cultura material dos diversos grupos étnicos africanos, contribui para uma conscientização da potencialidade estética, histórica, artística e cultural presente no continente africano" afirma Daiane Carvalho, diretora do Museu da Abolição.

No caso das peças desta nova mostra, em vez da madeira - tradicionalmente utilizada em sua confecção - empregou-se inicialmente como matéria prima a argila, cuja experimentação em modelagem, resultou em um efeito estético/expressivo. O projeto tem a direção da professora Suely Cisneiros Muniz, do Departamento de Artes, do Centro de Artes e Comunicação da UFPE, e orientação e curadoria do professor Paulo Lemos de Carvalho, pesquisador em Antropologia da arte tradicional africana, além dos 16 pesquisadores do CAC.

*Da assessoria

Racismo e gordofobia serão os temas de um bate-papo no auditório do Museu da Abolição, nesta sexta (2), às 18h. Integrando a programação da mostra Entremoveres, do levante nacional Trovoa, o debate Efeitos do Racismo e Gordofobia com convidadas como a psicoterapeuta  representante da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia Jesus Moura .

Dentre os assuntos que serão abordados, estão saúde mental, auto-ódio, espaço de protagonismo dos corpos das mulheres gordas e emoções reprimidas. Para falar sobre os temas, estarão na mesa a publicitária e influenciadora Larissa Santos, a modelo plus size Thalinda, além da representante da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, Jesus Moura.

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Na mediação, a fotógrafa e artista visual Aline Sales, idealizadora do projeto Bonita de Corpo. Em seu trabalho, Aline perpassa pelo campo da narrativa visual acerca da pressão estética, social e econômica buscando provocativas a partir de suas próprias vivências quanto mulher negra periférica e não inserida nos padrões socialmente estabelecidos. 

Serviço

Debate: Efeitos do Racismo e Gordofobia

Sexta (2) - 18h

Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150 - Madalena)

Gratuito

 

O coletivo Trovoa abre, no próximo sábado (4), no Museus da Abolição, no Recife, a exposição Entremoveres. A mostra reúne os trabalhos de 30 artistas negras mulheres (travestis, trans e cis) e pessoas não binárias. A ocupação artística fica em cartaz até 4 de agosto.

Além dos trabalhos artísticos, a mostra também vai promover atividades formativas. As ações pretendem abordar uma pluralidade de linguagens, discursos e pesquisas de mídias produzidas por profissionais mulheres que têm sua atuação realizada no campo artístico.

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Dentre as expositoras estarão  Aline Sales,  Amanda Souza, Ana Lira, Anne Souza, Ariana Nuala, Benedita Arcoverde, Biarritzzz, Deba Tacana, Erzulie Timboiá, Gi Vatroi, Ianah, Juma Gitirana, Kalor, Karla Fagundes, Kildery Iara, Letícia Barros, Lia Letícia, Liz Santos, Magú, Mariana de Matos, Mitsy Queiroz, Nathê Ferreira, Nena Callejera, Polly Souza, Priscilla Buhr, Priscila Ferraz, Priscilla Melo, Preta Aoita, Rebeca Gondim e Mun-Ha. 

Serviço

Exposição Entremoveres

Abertura

Sábado (4) - 16h

Visitação

Até 4 de agosto

Segunda à sexta | 9h às 17h; Sábado | 13h às 17h

Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150 - Madalena)

Gratuita

O Museu da Abolição abre suas portas para promover debates sobre produções que envolvem a temática afro e a visibilidade afirmativa dos afrodescendentes na sociedade brasileira. O projeto Conversas Autorais inicia temporada, na próxima sexta (22), recebendo a escritora Marileide Alves.

Ela participa do projeto falando sobre seu livro mais recente, Povo Xambá Resiste: 80 Anos de Repressão. Dentre os temas, Marileide vai mostrar como este trabalho atua na promoção de visibilidade dos terreiros de Pernambuco, sobretudo a nação Xambá, que sofreu oito décadas de repressão.

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Serviço

Conversas Autorais

Sexta (22)  | 15h

Museu da Abolição (R. Benfica, 1150 - Madalena)

Gratuito

Nesta sexta (19), ocorre a abertura da exposição coletiva “Os da Minha Rua: Poéticas de R/existência de artistas afro-brasileiros” no Museu da Abolição (rua Benfica, nº 1150, Madalena). O projeto vai reunir obras de mais de dez artistas afro-brasileiros contemporâneos que vêm das mais diversas regiões do pais.

O objetivo do projeto é levantar questões importantes sobre as culturas africana e afro-brasileira, além de questionamentos sobre a posição da negra e do negro na sociedade brasileira. Uma segunda opção que as pessoas irão encontrar na exposição são, a oficina/performance ministrada por Moisés Patrício, entre os dias 16 e 19 de outubro, e um curso de arte, realizado por Rosana Paulino, no sábado (20).

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Confira os artistas presentes: Ana Lira (Pernambuco), Dalton Paula (Goiás), Edson Barrus (Pernambuco), Izidoro Cavalcantti (Pernambuco), José Barbosa (Pernambuco), Maré de Matos (que nasceu em Goiás e vive em Pernambuco), Moisés Patrício (São Paulo), Priscila Rezende (Minas Gerais), Rosana Paulino (São Paulo), Renato Felinto (Ceará)

Serviço

Os da Minha Rua: Poéticas da R/existência de Artistas afro-brasileiros I

Abertura, 19 de outubro, ás 19:00h

Com a Curadoria de Joana D´Arc

Museu da Abolição – Rua Benfica, nº 1150, Madalena, Recife-PE

09:00 ás 17:00 (Seg a Sex) 13:00 ás 17:00 (Sábados)

Pietro Papaleo

Os museus do Recife recebem, na próxima semana, a 12ª edição da Primavera dos Museus. O evento começa no domingo (16), e se estende até o sábado (22), trabalhando o tema Celebrando a Educação em Museus. A programação passará por diferentes equipamentos culturais da capital pernambucana. 

Museu da Abolição (MAB)

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No MAB, a programação dará destaque à Política Nacional de Educação Museal - PNEM, a partir do Seminário de Educação Museal das incertezas, os Futuros, planejado em parceria com o Paço do Frevo, o Museu de Arte MOderna Aloisio Magalhães e a Remic/PE. As inscrições para o seminário podem ser feitas através do site do Paço do Frevo. Além disso, o público poderá conferir o Memorial do Sobrado Grande da Madalena, em comemoração aos 35 anos de abertura da instituição. A programação completa pode ser vista no site do evento. 

Museu do Homem do Nordeste (Muhne)

No Muhne, a programação do Primavera dos Museus começa no domingo (16), com o Domingo dos Pequenos. A criançada poderá assistir ao espetáculo de bonecos A sanfoninha choradeira do Rei do Baião, do Grupo Scenas. Na segunda (17), o museu promove o deate Museus, Educação e Comunidades e, no sábado (22), as atividades se encerram com o Circuito de Museus, uma parceria com o Museu Murillo La Greca e a Fundação Gilberto Freyre, que busca fortalecer a conexão entre os equipamentos culturais. A programação completa pode ser vista no site do evento. 

Instituto Ricardo Brennand (IRB)

No IRB, o foco da programação estará voltado para as ações formativas. Na terça (18), terá início o Curso Gestão de Acervos Musicais Históricos, com o musicólogo Paulo Castagna; na quarta (19), a formação de docentes do EJAI sobre Educação Patrimonial, Identidade e Pluralidade Étnica; e na quinta (20), a formação de docentes de Artes e Bibliotecários. A programação completa pode ser vista no site da Primavera dos Museus. 

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A partir do próximo sábado (5), o Museu da Abolição, no bairro da Madalena, Recife, recebe a exposição "Tiririca dos Crioulos: pessoas fortes na luta", que é parte do projeto "Do Buraco ao Mundo: percepções sobre o patrimônio cultural da Tiririca dos Crioulos". A mostra foi fruto de três anos de pesquisas colaborativas, dentro desse quilombo-indígena do município de Carnaubeira da Penha, no sertão de Pernambuco.

Estarão expostos objetos marcantes para a comunidade como o primeiro rádio e a máquina de costura do quilombo, saias de caroá (espécie de fibra vegetal) utilizadas no ritual do Toré e Gira, potes de barro, colares, antigos ferros de passar roupa à carvão, fotos, desenhos criados pelas crianças. A mostra também terá vídeos sobre algumas referências culturais que foram mapeadas, como as artes no barro, os benditos, as parteiras e sobre a primeira casa de alvenaria do quilombo, onde ainda são realizados rituais. 

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Os visitantes ainda poderão manusear o livro "Tiririca dos Crioulos: um quilombo-indígena" e ouvir um documento sonoro, contendo músicas ritualísticas. Os idealizadores explicam que a Tiririca dos Crioulos é uma coletividade que ainda hoje luta por seus direitos constantemente ameaçados, assim como tantas outras comunidades quilombolas, indígenas e tradicionais espalhadas pelo Brasil.

SERVIÇO:

Exposição Tiririca dos Crioulos: pessoas fortes na luta

Abertura: 5 de agosto

Entrada gratuita

Programação:

Roda de Diálogo Arte, Patrimônio e Políticas Culturais: construindo pontes para a educação das relações étnico-raciais (das 14h às 17h)

Ritual de abertura com as moradoras e moradores da Tiririca dos Crioulos (às 17h)

Museu da Abolição - Rua Benfica, 1150 - Madalena

Usar a arte como agente transformador da realidade de mulheres periféricas, além de promover visibilidade do trabalho de artistas do gênero feminino do Recife. Esses são os objetivos da primeira edição do festival Todo Poder a Elas. No próximo domingo (10), o evento realiza diversas atividades no Museu da Abolição, visando oferecer conscientização e empoderamento às participantes.

Promovido pelo coletivo Poder Feminino Crew, o festival contará com palestras, cine-debate, rodas de diálogos, oficinas, palestras motivacionais e serviços gratuitos de estética. Tudo será feito por mulheres, e para mulheres, discutindo e abordando temas de interesse do público feminino como direitos e padrões de beleza, entre outros.

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A programação focará nas mulheres da periferia, oferecendo a elas mais informações e diversão com apresentação teatral e shows de rap, reggae, coco, maracatu e MPB. Confira o cronograma do festival.

Manhã (Autoestima):  

Palestras motivacionais/Cases de sucesso  

- Mulher da periferia e sua necessidade de lutar 

- Como ser uma mulher bem-sucedida?  

- Ser mulher no mercado de trabalho  

- Como é ser mulher no hip-hop  

- Como uma mulher pode transformar a realidade a sua volta  

* Serviços gratuitos de estética (escova, corte, penteados, maquiagem, tranças, penteados afro e etc).   

Tarde (Conhecimento):  

Palestras (in)formativas  

- Como uma mulher começar seu próprio negócio?  

- A luta em prol da mulher e da igualde de gêneros (Feminismo)  

Cine-debate no auditório do museu  

Rodas de diálogo  

Mostra de graffiti subversivo  

Oficina de crochet  

Oficinas Vivências do Hip Hop  

- Graffiti / Dança / Música /  Lambe-lambe  

Oficinas Raízes

- Tranças afro / Trança Jamaicana e Rasteira, Alongamento, Dreads/  Turbantes   

Noite (Cultural):  

- Espetáculos de dança

- Sarau de poesia  

-Teatro feminino  

- Shows com atrações femininas:

Rap/  Reggae / Coco/ Maracatu / MPB  

Confira este e oputros eventos na Agenda LeiaJá.

Serviço

Todo Poder a Elas

Domingo (10) | 9h

Museu da Abolição (R. Benfica, 1150 - Madalena)

Gratuito

LeiaJá também

--> Produção audiovisual feminina em cartaz no festival FINCAR

--> Arte pelas minorias em exposição na Casa do Cachorro Preto

--> Arte e engajamento político nas paredes do Recife e Olinda

 

 

Março de 2015, por volta das 18h30. A estudante Maria Eduarda Barbosa, de 22 anos, vinha caminhando da Rua dos Remédios até a estação da Abolição do BRT, na Avenida Caxangá. Tão distraída, ouvindo música no celular, ela mal percebeu a aproximação de um rapaz que tentou puxar seu aparelho telefônico, ali na praça inacabada do Túnel da Abolição. Eduarda segurou o celular e saiu correndo. Ela percebeu que outro rapaz em uma bicicleta começou a segui-la. A estudante avistou um guarda da CTTU e se aproximou, o que espantou os suspeitos. 

Junho de 2016, por volta das 18h30. A fotógrafa Ana Lira, de 38 anos, vinha da Rua Real da Torre com destino a uma rua no bairro do Prado, localizada próxima à casa de eventos Baile Perfumado, precisando cortar a praça inacabada acima do Túnel da Abolição. No cruzamento com a Avenida Caxangá, ela notou quatro mulheres apreensivas. Ao abordá-las, soube que um rapaz em uma bicicleta havia assaltado aquele grupo de mulheres dias atrás. Ana só continuou o trajeto quando o homem deixou o local. Poucos metros depois, ela foi abordada por uma outra pessoa, também em uma bicicleta. Conseguiu convencê-lo de que a mochila não tinha nada de valor. O rapaz desistiu do assalto e foi embora tranquilamente, inclusive esperando o semáforo ao lado abrir.

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Mais de um ano separam as duas ocorrências. Há pelo menos um ano e três meses, o entorno do Túnel da Abolição virou um lugar inseguro de se transitar. Mas sabe-se que, na verdade, é muito mais tempo: desde que as intervenções da obra do túnel começaram a mudar aquele local.

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A Secretaria de Cidades de Pernambuco comemora o aumento da capacidade viária do cruzamento da Rua Benfica com a Rua Real da Torre. Com a inauguração do túnel, a capacidade deve estar em torno de 8.250 veículos por hora, longe dos 4.260 de anteriormente. Segundo a pasta, o túnel vem cumprindo sua missão principal que é “proporcionar a melhoria considerável da velocidade média do tráfego misto e do corredor de transporte da Avenida Caxangá”. 

Para que o projeto seja completamente entregue - o que estava previsto para ocorrer em janeiro de 2014 - ainda faltam entregar o elevador que liga o túnel à praça, acabamento da escada, a própria praça e o acesso ao Museu da Abolição; todas consideradas obras de urbanização. O problema é que o planejamento urbano que privilegia a entrega incompleta de uma obra para aumentar a fluidez dos carros e deixa a urbanização para segundo plano tem, aparentemente, criado mais uma região do medo no Recife, deixando as pessoas que frequentam aqueles espaços traumatizadas.

Tanto a estudante Maria Eduarda quanto a fotógrafa Ana Lira tiveram suas vidas afetadas pelas abordagens sofridas. Desde outubro de 2015, Eduarda precisa ir semanalmente a uma consulta em um prédio da Rua dos Remédios. Ela não utiliza mais o BRT, para não ter que ir andando do final da Caxangá até o endereço da consulta. Eduarda prefere pegar um ônibus convencional, de viagem mais demorada, e descer na Rua Benfica, que fica mais próximo. “Eu tenho muito medo do que aconteceu antes. A parada que eu desço é perigosa também mas eu evito passar pela praça”, conta a estudante. 

Dias depois do ocorrido na área do Túnel da Abolição, a fotógrafa Ana Lira pretendia imprimir um portfólio com uma amiga em Setúbal, na Zona Sul do Recife. “Na hora de sair, desisti porque ia ter que sair com meu equipamento e fiquei com medo de ser assaltada. Pedi para ela esperar eu colocas as fotos no Dropbox. É como se a cidade passasse a ser uma preocupação para você e isso é uma questão de planejamento urbano”. 

Efeitos diretos e indiretos da insegurança

Quem é obrigado a conviver com aquela área está sempre com a sensação de vulnerabilidade. É o caso do professor Paulo Alexandre, que trabalha na Escola Estadual Joaquim Távora, na Rua Real da Torre, bem próximo da obra. “Eu passo correndo”, ele confessa e continua: “E se vem uma pessoa no sentido contrário eu já acho que vou ser assaltado. Semana passada, uma funcionária da escola foi assaltada aqui bem perto”. O professor diz que não vê policiamento em momento algum e que as pessoas marcam de ir embora da escola juntas para não encarar o caminho sozinhas. 

À noite, quando os comércios próximos fecham, a escuridão predomina no local. A praça não é iluminada e o entorno é escuro e deserto. Para as obras, o governo decretou a desapropriação de 13 imóveis. Casas foram retiradas, assim como uma unidade da Igreja Assembleia de Deus. O transitar de pessoas foi drasticamente reduzido.

Em janeiro deste ano, a estudante Flávia Banastor, na época estagiária do Museu da Abolição – localizado ao lado do túnel -, chegou a assinar um abaixo-assinado que denunciava a onda de assaltos no entorno da obra. “Foi uma iniciativa dos próprios comerciantes da área”, ela lembra.

A questão da escuridão no local é agravada também porque o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) exigiu, como contrapartida da obra, que a fiação do museu fosse embutida, já que se trata de um prédio tombado desde a década de 60. A fiação até foi embutida, mas os postes específicos para este tipo de instalação não foram colocados. 

O Museu da Abolição, importante na difusão dos valores da cultura afro-descendente, é um dos que mais sofre com a obra. O embutimento da fiação, por exemplo, ainda mexeu com a rede de esgoto do local. De acordo com a diretora do museu, Elisabete Assis, os funcionários sentem um mau cheiro desde então e eles não sabem onde está a caixa de esgoto atualmente. 

Ainda de acordo com Assis, houve uma diminuição de 60% do público escolar porque o acesso ao prédio foi perdido – ou seja, os motoristas não conseguem entrar no prédio sem ter que entrar na contramão. “Além disso, tem a questão do patrimônio. Um caminhão não pode entrar aqui, o transporte de uma obra tem que ser feito na rua”, relata a diretora. Assis também tem ouvido dos funcionários que o número de assaltos cresceu vertiginosamente. 

O Túnel da Abolição faz parte do pacote de obras do Corredor Leste-Oeste, que está com as obras paralisadas. Em 2015, o contrato com o consórcio Mendes Jr/Servix foi desfeito por abandono das obras e quebras de contrato. A empresa projetista Policonsult foi contratada para fazer o levantamento do que falta ser concluído.

Segundo a Secretaria de Cidades, com base no levantamento, será elaborado o Termo de Referência que norteará o novo edital de licitação. A previsão é que o processo licitatório da conclusão das obras seja aberto em outubro de 2016 e a entrega das obras ocorra um ano após a contratação da empresa. A Polícia Militar informou que a área tem patrulha do bairro, motopatrulhamento e câmera de videomonitoramento. 

Nesta sexta-feira (27), a UNINASSAU – Centro Universitário Maurício de Nassau promoveu a 1ª Mostra AfroRec, com o intuito de apresentar visões atualizadas sobre a estética negra. Durante o dia, o evento contou com palestras, desfiles, artesanato, oficinas e estandes sobre o tema central. Mas, além de exibir os resultados práticos desse lado da moda, o lado social também faz parte do evento, com a exaltação da raça negra na sociedade e o repasse de mensagem em combate ao racismo que ainda insiste em fazer parte da realidade brasileira.

Em entrevista ao Portal LeiaJá, a coordenadora do curso de estética e cosméticos da instituição de ensino, a fisioterapeuta Priscila Sá, explicou esse lado social do evento. “Procuramos impulsionar a importância da conscientização do negro em meio à moda. Atentamos os participantes para uma autoaceitação sincera, mesmo com essa imposição de padrões de beleza feita pela sociedade atual”, pontuou.

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Reforçando o caráter de ‘conscientização negra’, a coordenadora revelou que o evento surgiu através de uma parceria com o Museu da Abolição, que é referência local no estudo da cultura afro. “O Museu nos procurou e, juntos, pensamos num evento que atendesse bem a proposta. Assim, veio a ideia do evento, com base, também, na disciplina de visagismo, oferecida pelo nosso curso, em que o foco é adequar a produção estética à personalidade dos modelos”, finalizou. 

 

 

Neste sábado (21), o Museu da Abolição recebe o 1º Encontro de Artes Negras de Pernambuco. O evento reúne coletivos, grupos e artistas negros da cena cultural do estado em um espaço de troca de experiências e debates. Durante o dia, o público poderá conferir oficina de dança, roda de diálogo e apresentações artísticas, será norteado pelo tema 'O artista da dança do fazer do agora'.

A programação começa às 9h, com a oficina Corpo negro dança, com o bailarino Orun Santana. A roda de diálogos, mediada pela cantora Uana Mahin, começa às 14h e vai até às 17h discutindo 'O artista negro no fazer do agora: desafios e perspectivas de atuação na dança'. Participam do debate Dona Antônia (Bacnaré), Gilson (Magê Molê), Vilma Moura (Daruê Malungo) e Hellayne Sampaio (Ilê Obá Aganjú Okoloyá – Terreiro de Mãe Amara).

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As apresentações artísticas começam às 17h com o coletivo de arte negra Carne, a companhia de dança afro Daruê Malungo, o balé Afro Raízes, balé Nago Ajô e Bacnaré. A ideia da iniciativa é dar ênfase em uma linguagem artística sem perder a perspectiva de transdisciplinaridade entre as artes.

1º Encontro de Artes Negras de Pernambuco

Sábado (21), 9h

Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150, Madalena)

Programação

Oficina Corpo negro dança, Orun Santana (09:00 as 12:00)

Roda de diálogos: (14:00 às 17:00)

Tema: O artista negro no fazer do agora: desafios e perspectivas de atuação na dança

Mediação:Uana Mahin

Convidados

Dona Antônia ( Bacnaré)

Gilson (Magê Molê)

Vilma Moura (Daruê Malungo)

Hellayne Sampaio (Ilê Obá Aganjú Okoloyá – Terreiro de Mãe Amara)

Apresentações artísticas (a partir das 17:00 às 21:00)

Carne coletivo de arte negra

Cia de dança afro daruê malungo

Balé afro raízes

Balé nagô ajô

Bacnaré

O Museu da Abolição celebra o Dia da Consciência Negra com uma programação especial, neste sábado (20). O equipamento recebe o Balé Afro Raízes, de Peixinhos, em Olinda. O grupo fará uma apresentação beneficente e toda renda das contribuições espontâneas será revertida para o projeto social do grupo.

O evento também traz o espetáculo Guerreiros, oficina de dança afro, com o professor Paulo Queiroz, que é direcionada ao público em geral. A oficina consiste em 30 minutos de demonstração de passos de dança afro primitiva. Em seguida, haverá uma roda de diálogo sobre gênero e raça com o professor Euclides Ferreira.

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Segundo Paulo Queiroz, o espetáculo é composto por 13 bailarinos que narram a história de duas tribos em disputa pelo seu território, o que seria uma metáfora da luta do povo negro e também da luta do próprio Balé Afro. Ambos lutam pela cultura afro-brasileira em meio à guerra que é enfrentar o preconceito e o racismo no dia a dia. 

Já de 25 a 27 de novembro será realizada a Mostra Abolicine. Durante esse período serão exibidas 14 produções cinematográficas entre curtas e longas metragens. Um dos destaques da programação são os filmes do cineasta pernambucano Felipe Calheiros Malunguinho e Até Onde a Vista Alcança e Cambinda, do Coletivo Gambiarra.

Utilizando a arte cinematográfica como ponte para discussões atuais a respeito da afro descendência e diáspora africana, haverá um momento de debate logo após as exibições diárias. Entre os debatedores, estarão presentes grande parte dos realizadores dos filmes da mostra, pesquisadores e representantes do movimento negro pernambucano. A programação completa está disponível na página do Eevento

Serviço

Guerreiros

Sexta-feira(20) | 19h

Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150 - Madalena)

1ª Mostra Abolicine

De Quanta (25) à Sexta(27) | das 14h às 18h

Museu da Abolição (Rua Benfica, 1150 - Madalena) 

O Olha! Recife deste fim de semana passará por roteiros que revelam a luta pela abolição da escravatura e as mais tradicionais pontes da cidade. Seja de ônibus, de barco, a pé ou de bicicleta, os passeios são gratuitos e contam com a orientação de guias de turismo.

No sábado (16) pela manhã, o passeio de catamarã vai contornar o Bairro do Recife. Será possível apreciar o Cais do Porto, os edifícios antigos do bairro e ainda o painel de Luiz Gonzaga. A embarcação sai às 9h do Catamaran Tours, que fica no Cais das Cinco Pontas.

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No mesmo dia, a partir das 14h, o tour de ônibus traz o tema Circuito da Abolição. Com saída da Praça do Arsenal, o roteiro levará os participantes para conhecer a estátua de Joaquim Nabuco, um dos grandes nomes na luta para o fim da escravatura, no bairro de Santo Antônio. 

O trajeto ainda inclui o Teatro de Santa Isabel, Museu da Abolição e o bairro do Poço da Panela, onde viveu José Mariano que também lutou contra a escravidão em Pernambuco.

Quem prefere um passeio a pé, pode optar pela caminhada no domingo (17), com saída às 9h, da Praça do Arsenal. O passeio vai abordar especialmente a vida de Joaquim Nabuco e toda sua trajetória na luta contra a escravidão no Estado. 

O roteiro conta com o Teatro de Santa Isabel, Praça Joaquim Nabuco, Rua Imperatriz (onde nasceu Joaquim Nabuco), Palácio Joaquim Nabuco, Rua da Aurora e Cemitério de Santo Amaro (onde fica o túmulo do abolicionista).

Já o passeio de bicicleta será pelas pontes da cidade, um dos principais atrativos turísticos recifenses. Saindo também às 9h da Praça do Arsenal, os ciclistas vão seguir pelo Cais do Apolo, pegar a Ponte do Limoeiro, continuar pela Rua da Aurora até chegar às pontes Princesa Isabel, Duarte Coelho e Boa Vista. Irão passar ainda pela Ponte 6 de Março, Praça da República, Ponte Buarque de Macedo, Maurício de Nassau, Avenida Martins de Barros, Cais de Santa Rita e Ponte Giratória. 

Interessados em participar de qualquer um dos roteiros precisa se inscrever pelo site, da partir das 8h desta sexta-feira (15). Cada participante deve levar um quilo de alimento perecível, que será doado para instituições de caridade. 

Serviço

Olha! Recife no Rio

Tema: Cais das Cinco Pontas

Quando: Sábado (16), às 9h

Saída: Catamaran Tours, bairro de São José

 

Olha! Recife de Ônibus

Tema: Circuito da Abolição

Quando: Sábado (16), às 14h

Saída: Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo

 

Olha! Recife a Pé

Tema: Circuito Joaquim Nabuco

Quando: Domingo (17), às 9h

Saída: Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo

 

Olha! Recife Pedalando

Tema: Circuito das Pontes

Quando: Domingo (17), às 9h

Saída: Praça do Arsenal da Marinha, no Recife Antigo

Com informações da assessoria

Para marcar a Semana da Abolição, um evento debaterá sobre a formação e consequências do processo abolicionista da sociedade brasileira na contemporaneidade, nesta quarta (13) e sexta (15), no Museu da Abolição (MAB), na Madalena. Educadores, historiadores, antropólogos e representantes de terreiros do Estado estarão presentes no “Seminário (Re)pensando a Abolição”. Os encontros são gratuitos e direcionados a estudantes das áreas de história, museologia, ciências sociais, pedagogia e sociologia.

Na quarta-feira, o seminário acontece das 14h às 17h30 com a palestra “História da abolição: lutas pelo direito à liberdade”, ministrada pelos historiadores Leonardo Dantas, do Instituto Ricardo Brennand (IRB), e Robson Costa, professor do Instituto Federal de Pernambuco (IFPE). Ambos irão tratar sobre o processo abolicionista de forma geral e, em particular no caso brasileiro, destacando personagens importantes deste processo e o papel por eles desempenhado. Será abordada ainda a questão da escravidão e a liberdade das populações indígenas e afrobrasileiras.

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Já na sexta-feira, das 14h às 16h, será a vez da palestra “O museu como espaço reflexivo”, exposta pelo Pai Lupércio e pelo antropólogo Antônio Mota, professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que irão promover uma reflexão sobre a contribuição do MAB na sua abordagem quanto às questões que afligem a população afrobrasileira, buscando o diálogo e a escuta das demandas da sociedade. Em seguida, das 16 às 18h, o tema será “As consequências do Processo abolicionista na contemporaneidade” proferido pelos sociólogos Caetano de Carli e Francisco de Sá Barreto, professor da UFPE, e pelo museólogo Alexandro da Silva, também professor da UFPE.

Na ocasião, eles irão destacar questões acerca do processo abolicionista na formação da sociedade brasileira contemporânea e suas consequências. Também irão apontar o papel das políticas públicas quanto às reparações e os processos sociais na busca de empoderamento.

Ainda como parte do evento que marca a Semana da Abolição, no sábado (16), das 14 às 17h, haverá oficina gratuita de confecção de bonecas Abayomi Nenê, destinada para todas as idades, porém com vagas limitadas.

Para cada dia, serão disponibilizadas 50 vagas com direito a certificado digital para aqueles que comparecerem aos dois dias do evento. Interessados podem conseguir mais informações no telefone 3228.3248 ou pelo e-mail: mab@museus.gov.br.

Prometido para a Copa do Mundo, o Túnel da Abolição ganhou várias datas de inauguração, e após um ano de atraso, o equipamento foi entregue. Completando um mês de liberação, nesta terça-feira (12), o espaço ainda apresenta problemas estruturais. Com a proposta de extinguir os ‘gargalos’ do trânsito, a obra ainda continua inacabada e diferente do projeto que foi apresentado. Já os comerciantes alegam prejuízo financeiro, após o início da construção.

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Para erguer o túnel, parte integrante de uma das etapas do Corredor Exclusivo de Bus Rapid Transit (BRT), foi necessário o investimento de R$ 16 milhões. Além disso, aproximadamente 17 residências tiveram que ser demolidas. Tudo isso para o fluxo de 56 mil carros de passeio e seis mil ônibus trafegarem com menos retenção.

A obra que começou em março de 2013 - na época do governo Eduardo Campos - e foi prometida para ser entregue na Copa, só foi liberada há um mês, na atual gestão. Comparando o projeto que foi idealizado e o equipamento inaugurado é possível observar outros grandes diferenças.

Um exemplo é a escadaria, que no escopo do projeto era rolante, e hoje se apresenta em uma estrutura íngreme e completamente de concreto. Não existe elevador, dessa forma não há acessibilidade para cadeirantes ou pessoas que possuam limitação na locomoção. Não há acesso para o Museu da Abolição e consequentemente não existe saída para veículos. Além disso, a obra apresenta infiltrações.

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Segundo a diretora do Museu da Abolição, Maria Elisabete Assis, a construção do Túnel resultou em um declínio médio de 60% das visitações, principalmente as escolares. “Dos frequentadores do Museu, 90% eram de escolas particulares e estaduais. Após o inicio das obras houve uma queda drástica de 60%, e ainda não há uma solução prevista”, criticou.

Para resolver o impasse, Assis relatou o que foi definido pela Secretaria das Cidades, juntamente com o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). “Para o ônibus poder entrar no local foi necessário recuar o muro da escola estadual vizinha. Fora isso, está prevista a demolição do prédio de apoio e do muro do Museu”, apontou a diretora.

“Para piorar, nada disso tem prazo porque ainda depende de licitação. Já que as empresas que realizaram o serviço faliram e estão envolvidas no esquema da Lava-Jato”, disse. Ainda de acordo com ela, para os veículos poderem sair será modificada a atual entrada. Sendo assim, haverá uma pequena mudança no trânsito.

Comércio

Comerciantes se queixam. Vendedora de uma loja de confecção, Verônica Soares anda descontente com as consequências das mudanças. Ela conta que seu público aninda não foi atingido, mas muitos proprietários já se mudaram. “Aqui, ao lado do Museu houve uma queda nas vendas, devido a dificuldade de acesso, mas não foi tanta como na área lateral direita do Túnel, onde muitos empreendedores tiveram que sair para outro local ou até mesmo fechar o negócio”, lamentou. “Essas novas mudanças para a entrada e saída de ônibus me assusta”, concluiu.

O empresário Marcos Vasconcelos, dono da ‘Marcos Equipadora’, teve que fechar dois dos três estabelecimentos. “Quando fecharam a via, simplesmente os clientes deixaram de procurar a loja. Isso acarretou no lucro nas demais lojas e precisei fechar lojas da Real da Torre e da Imbiribeira”, contou. “Como fazem uma obra desse tipo e não avaliam o impacto que os comerciantes vão sofrer? Agora é trabalhar mais para conseguir erguer o que foi perdido”, reclamou Vasconcelos.

Há dez anos comercializando móveis na Real da Torre, Felipe dos Santos afirmou que a loja permanece aberta devido às vendas externas. Já que sofreu redução de 60% das visitas de clientes. “Não vejo nenhum lado positivo dessa construção. Os clientes não podem parar e as vendas simplesmente estão estagnadas”, falou.

Os impactos da construção do Túnel da Abolição, no museu que carrega o mesmo nome, será tema de audiência pública promovida pela Câmara dos Vereadores do Recife, na próxima quarta-feira (8). 

A proposta da vereadora Isabella de Roldão promete debater os transtornos ocasionados pelas obras no equipamento cultural e no trânsito, nas proximidades da Rua Real da Torre. A finalização do túnel foi adiada algumas vezes. Em entrevista concedida ao Portal LeiaJá, no mês de fevereiro, a Secretária das Cidades informou que a liberação do tráfego no local estava prevista para o mês de março. Mas a conclusão do túnel se daria apenas em maio. 

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De acordo com o gerente de projetos especiais da secretaria, Gustavo Gurgel, o gestor da pasta está ciente dos impactos negativos da obra no museu e já estaria viabilizando a construção. No entanto, as obras acordadas entre a direção do equipamento cultural e a Secretaria ainda não foram realizadas.

Segundo a diretora substituta do Museu da Abolição, Telma Maia, na primeira quinzena de março o secretário executivo de mobilidade esteve no local para avaliar as solicitações. Mas para viabilizar as obras seria necessária a autorização prévia do IPHAN.  Telma ressaltou que as demais solicitações, como construção da nova guarita e reforma do anexo demandará um pouco mais de tempo, pois exige que seja realizada uma licitação para o andamento nas obras. 

“Eles irão aproveitar o pessoal para dar andamento à construção do muro do portão de acesso, mas estão precisando da autorização do IPHAN, pois se trata de um patrimônio tombado”, afirmou Telma Maia.  A gestora ainda adiantou que além da abertura do novo portão outra obra é tida como urgente, pois durante as manobras de caminhões grades os portões do museu também foram danificados. Mas para que todos os reparos sejam realizados é necessária a autorização oficial do Iphan, que deve ser entregue ainda esta semana. 

A audiência pública será realizada no Plenarinho da Casa José Mariano, a partir das 9h. Dentre os convidados a compor a mesa de discussão estão o secretário das cidades, André de Paula, o secretário da mobilidade da cidade do Recife, João Braga, a diretora do museu da Abolição, Elisabete Arruda, o superintendente do IPHAN em Pernambuco, Frederico Neves, além do representante dos Direitos URBANOS do Recife, Lucas Alves.

Quem passa pela Rua Real da Torre, na Madalena, Zona Oeste do Recife, se depara com uma obra que promete desafogar o trânsito no entorno da Avenida Caxangá. A construção do Túnel da Abolição se arrasta há dois anos. No entanto, a solução encontrada para amenizar os problemas de mobilidade urbana tem causado dano à cultura. O motivo é simples: as obras do túnel estão sendo realizadas em frente ao único museu que estimula a reflexão crítica acerca da população e da cultura negra no Estado, o Museu da Abolição.

Poeira e barulho são alguns dos problemas causados pela obra, mas não são os principais. A entrada central do equipamento cultural foi bloqueado em decorrência da construção do túnel. Logo, o acesso de veículos grandes ao estacionamento do museu foi inviabilizada. Segundo a direção do Museu da Abolição, desde o início das obras do túnel, a visitação ao local caiu em mais de 50%. 

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“Desde a interdição da via para a construção do túnel, a entrada principal do museu morreu. Isso inibe o acesso dos ônibus escolares, que não têm como estacionar porque a saída está inviabilizada. Agora, os transportes escolares precisam estacionar no meio da rua, arriscando a vida das crianças. Esse é um dos principais motivos que está fazendo com que o número de visitantes caia bruscamente, chegando a menos da metade”, explica Fabiana Sales, vice-diretora do museu.

O projeto polêmico esbarrou em alguns impasses e chegou a ser embargado no início das obras, sob a alegação de que a construção resultaria na demolição de casarios históricos, dentre outras irregularidades. Mas a obra conquistou a aprovação do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pôde ser retomada. A construção começou em 2013, mas antes disso a Secretaria das Cidades de Pernambuco assumiu alguns compromissos para não impactar na rotina de visitação do Museu da Abolição. No entanto, a diretora do museu, Elisabete Arruda, afirma que nenhuma das promessas foram cumpridas. 

Segundo a diretora, a Secretaria das Cidades garantiu que o equipamento Cultural ganharia um novo acesso. Além disso, seria instalado no museu um portão eletrônico e uma nova guarita, pois a existente não tem mais serventia, já que a entrada principal está inutilizada. O órgão também seria responsável pelos ajustes na Praça João Alfredo, localizada em frente ao Museu da Abolição, para viabilizar a manobra dos ônibus e caminhões que precisam descarregar obras de arte. Todas as alterações deveriam ter sido realizadas ainda no início da obra, que já está em fase de conclusão, com entrega prevista para maio.

“Quando o projeto nos foi apresentado,  a Secretaria das Cidades afirmou que o Museu da Abolição não sofreria com a execução da obra, que iria até melhorar a visibilidade do museu. Mas para que os transtornos não interferissem na rotina do equipamento, algumas modificações deveriam ter sido realizadas imediatamente. Os compromissos assumidos pela Secretaria não foram cumpridos.  O acesso dos ônibus ao museu, por exemplo, foi inviabilizado, porque o processo de saída dos veículos grandes não foi pensado no projeto. Para piorar a situação, o acesso de pessoas portadoras de necessidades especiais foi comprometido, pois as obras do túnel levantou um degrau, o que dificulta a mobilidade”,  pontuou. 

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Elisabete ainda ressaltou que os representantes do museu e do IPHAN têm tentado contato com a Secretaria das Cidades para obter um posicionamento, porém não obteve êxito. A diretora adiantou que o último ofício foi entregue ao órgão no início do ano, mas a nova gestão também não se pronunciou sobre o assunto.  “O secretário André de Paula veio fazer uma visita técnica às obras do túnel no dia 5 de fevereiro, mas se quer nos procurou. Todos estão cientes dos ajustes que deveriam ser realizados no museu. Mas os executores da obra afirmam que no projeto não existe nada além da construção do túnel.  Logo, não está a cargo deles as intervenções no museu que foram acordadas pela Secretaria”, ponderou. 

Os transtornos causados ao Museu da Abolição também é sentido pela sociedade. A professora Keyse Stephanie esteve no museu ao lado dos alunos no início de fevereiro e se deparou com as dificuldades do acesso. “Além dos ônibus escolares não poderem entrar no estacionamento do  museu, os coletivos de linha estão tendo que parar no meio da rua para embarque e desembarque de passageiros. Isso acaba dificultando o acesso e desestimulando as frequentes visitas ao local”.

Para intervir nesse impasse entre a Secretária das Cidades e o Museu da Abolição, a vereadora Isabella de Roldão protocolou um projeto na Câmara que propõe a realização de uma audiência pública para ouvir todos os envolvidos. “ Esse projeto foi extremamente danoso ao museu, que acabou sendo relegado. Pensou-se em melhorar a mobilidade, mas esqueceram de preservar os equipamentos culturais. Por isso decidimos chamar uma audiência pública para ouvir o governo, a prefeitura, o museu e a sociedade”, pontuou a vereadora, ressaltando que a audiência pública deve acontecer entre os meses de março e abril.   

Vereadora denuncia descaso com Museu da Abolição

O secretário das Cidades,  André de Paula fez uma nova visita técnica ao Túnel da Abolição, na última quarta-feira (25), acompanhado de técnicos da Secretaria das Cidades (Secid), da construtora responsável pela obra do túnel (Consórcio Mendes Júnior/Servix) e da gerenciadora dos serviços (Maia Melo Engenharia). Em nota, o secretário ressaltou que os trabalhos estão prestes a ser finalizado. 

“As obras caminham para a fase final, contribuindo para que a liberação do tráfego aconteça no dia 15 de março, conforme foi anunciado pelo governador Paulo Câmara. Os trabalhos se concentram em atividades de pavimentação asfáltica, impermeabilização das paredes e acabamento”, explicou André de Paula.

Em nome da Secretaria das Cidades, o gerente de projetos especiais Gustavo Gurgel afirmou que o secretário está ciente sobre a necessidade de abertura de um novo portão de acesso ao Museu da Abolição e que a equipe tem mantido diálogo com representantes do equipamento cultural. “Durante a vistita de hoje, mostramos ao secretário a necessidade de abertura do novo portão. Ele imediatamente sinalizou para que a obra fosse tocada. Já estamos negociando com a construtora do túnel um aditivo no contrato, para que eles também sejam responsáveis por essa obra. Caso esse acordo não venha a se concretizar, a gente vai em busca de uma nova empresa para fazer esse serviço.  Mas a expectativa é que a gente consiga pelo menos com a construtora do túnel a obra do acesso, com a implantação do portão que é mais urgente. Tem outras obras menos urgentes de adequação que a gente tá negociando com ele também”, reforçou Gurgel. 

A data da liberação do trafego está mantida, 15 de março. Mas período previsto para concluso da obra deve ser no mês de maio, quando o contrato com a construtora Mendes Junior deve ser encerrado. Até lá as obras no Museu da Abolição deve ser concluída ou o caso pode parar na Justiça. “Fomos orientados pela Procuradoria Federal a recorrer ao Ministério Público para impetrar um processo. Essa será a última instância, pois estamos tentando solucionar o problema de forma amigável”, alertou a diretora do Museu da Abolição.

A vereadora do Recife, Isabella de Roldão (PDT), afirmou que a Prefeitura e o Governo do Estado se preocupam pouco com a educação e a cultura. Isto porque, segundo ela, as obras do Túnel da Abolição, que devem ser concluídas em março, estão prejudicando a visita da população ao Museu da Abolição, no bairro da Madalena. De acordo com dados levantados pela pedetista, a visitação ao local reduziu em 60%.  

"É triste encontrar uma ferramenta de ensino, aprendizagem e elevação de cultura totalmente entregue e excluída por causa de um processo de modernização. De fato, Recife e Pernambuco pouco se preocupam com a Educação e Cultura", disparou. A vereadora denunciou ainda que "pensaram em praticamente tudo menos na acessibilidade dos pedestres, dos cadeirantes, dos ônibus escolares que não possuem mais acesso ao local, e muito menos na importância histórica cultural que o espaço possui".

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Na tentativa de esclarecer a redução das visitas e a falta de acessibilidade ao Museu da Abolição, a vereadora fez um requerimento solicitando informações à secretaria das Cidades para saber como será o acesso dos transportes escolares, das crianças e dos visitantes, com essa nova estrutura após a finalização da obra do túnel.

 

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