Em anúncio nessa sexta-feira (1º), o Google comunicou que irá excluir de imediato o histórico de localização de pessoas que visitam clínicas de aborto e outras unidades médicas nos Estados Unidos, após a derrubada da Suprema Corte no caso Roe v. Wade, na semana passada. A preocupação é de que dados pessoais poderiam informar à normativa legal se um indivíduo interromper uma gravidez ilegalmente.
Como as leis estaduais que limitam o aborto foram estabelecidas pelo Judiciário, o procedimento não é mais garantido pela Constituição. Assim, a iniciativa do Google é válida para dados envolvendo não apenas clínicas de aborto, mas também de cirurgia estética, de fertilidade, controle de peso e especializadas em recuperação de dependentes químicos em território estadunidense.
##RECOMENDA##"Hoje, estamos anunciando que, se nossos sistemas identificarem que alguém visitou um desses lugares, excluiremos essas entradas do Histórico de localização logo após a visita", escreveu Jen Fitzpatrick, vice-presidente sênior de sistemas e experiências principais do Google, no informativo.
Fitzpatrick observou que as visitas a lugares como centros de aconselhamento, abrigos para violência doméstica, clínicas de aborto e centros de fertilidade "podem ser particularmente pessoais". A Alphabet, controladora do Google, possui dispositivos e serviços de dados altamente populares, incluindo Android, Fitbit, Pesquisa e Google Maps.
A postagem do Google diz: "Usuários Fitbit que optaram por rastrear seus ciclos menstruais no aplicativo podem excluir registros de menstruação um de cada vez, e lançaremos atualizações que permitem que os usuários excluam vários registros de uma só vez".
A decisão da mais alta corte do país anulou quase 50 anos de precedente legal ao reverter sua opinião original de que as mulheres têm direito constitucional ao aborto. Durante semanas, o Google e outras empresas de tecnologia evitaram responder a perguntas da mídia e dos legisladores sobre suas práticas e armazenamento de dados, bem como sobre como cumprirão possíveis solicitações de aplicação da lei.
O Google, que enviou um e-mail aos funcionários com recursos para seus próprios funcionários em meio à decisão, também enfrentou perguntas sobre seus resultados de pesquisa, além da privacidade dos dados. Mesmo antes da decisão se tornar oficial, os legisladores pediram ao Google e à Federal Trade Commission que garantissem que os dados de consumidores on-line que procuram atendimento fossem protegidos no caso de a decisão histórica ser revogada.
Exclusão de dados foi previamente solicitada
Em maio, um grupo de 42 parlamentares democratas solicitou ao CEO do Google, Sundar Pichai, em uma carta, que a empresa parasse de coletar e manter dados de localização desnecessários ou não agregados que poderiam ser usados para identificar pessoas que buscam abortos.
O comunicado do Google não disse como responderia a possíveis solicitações das autoridades. Em vez disso, a empresa esclareceu que "continuaria a se opor a demandas excessivamente amplas ou legalmente censuráveis". A Alphabet também informou que a responsabilidade é compartilhada por muitas instituições.
“Dado que esses problemas se aplicam a provedores de saúde, empresas de telecomunicações, bancos, plataformas de tecnologia e muito mais, sabemos que as proteções de privacidade não podem depender apenas de empresas ou estados individuais agindo individualmente”, dizia o post.