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Um casal polonês e os seus sete filhos, assassinados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial por esconderem judeus perseguidos, foram beatificados neste domingo (10), um marco, já que é a primeira vez que uma família inteira recebe este alto reconhecimento da Igreja Católica.

A beatificação decidida pelo papa Francisco foi celebrada em Markowa, cidade natal dos novos beatos, para onde viajou o emissário do Vaticano, cardeal Marcello Semeraro.

"Espero que esta família polonesa, que foi um raio de luz nas trevas da Segunda Guerra Mundial, seja para todos um modelo a seguir do impulso para o bem, para o serviço dos necessitados", disse Francisco neste domingo.

Milhares de pessoas participaram da cerimônia, incluindo o presidente e o primeiro-ministro da Polônia, além de padres, do grande rabino do país e de uma delegação israelense.

A tragédia ocorreu em 24 de março de 1944 nesta cidade no sudeste da Polônia, quando a polícia alemã assassinou Jozef Ulma e sua esposa Wiktoria, que estava grávida de sete meses e deu à luz durante o massacre.

Os seus outros filhos, Stanislawa, Barbara, Wladyslav, Franciszek, Antoni e Maria, com idades entre os dois e os oito anos, também foram executados, junto com oito judeus que a família escondeu no sótão da casa.

Os judeus perseguidos eram Shaul Goldman e seus cinco filhos, sua neta de cinco anos e Golda Grünfeld.

Os nazistas atiraram do andar inferior para o sótão e o sangue das vítimas escorreu do teto e caiu sobre a fotografia de duas mulheres judias que estava sobre uma mesa.

Atualmente esta imagem é "uma relíquia" do martírio, segundo o Vaticano.

- Batismo de sangue -

O massacre encerrou "uma história de amor e amizade", explicou a jornalista italiana Manuella Tulli, que escreveu um livro sobre a família com o historiador e padre polonês Pawel Rytel-Andrianik.

"Quando os judeus pediram ajuda, eles abriram as portas. Viveram juntos durante um ano e meio, cozinhando e comendo juntos", disse Tulli à AFP.

Além de agricultor, Jozef Ulma gostava de fotografia. Algumas de suas fotos sobreviveram ao massacre e revelam a vida familiar através de cenas cotidianas.

"Vemos as crianças correndo descalças na grama, fazendo a lição de casa, a mãe pendurando as roupas", disse Tulli.

As famílias foram denunciadas por um policial polonês. Após a execução, outros 24 judeus em Markowa foram assassinados por seus vizinhos.

Esta é a primeira vez que a Igreja de Roma beatifica uma família inteira. Em um gesto inusitado, foi incluído o bebê de Ulma, que não foi batizado, condição para receber esta distinção.

A criança pode ser beatificada através do conceito de "batismo de sangue" por ter nascido "no momento do martírio da mãe", segundo o departamento de canonização do Vaticano.

A Igreja Católica exige que para beatificar um fiel, ele ou ela deve ter realizado um milagre, mas os mártires estão isentos.

Jozef e Wiktoria Ulma foram reconhecidos em 1995 por Israel como membros dos “Justos entre as Nações”, uma honra para os gentios que ajudaram a salvar os judeus do extermínio nazista.

Em Markowa existe um museu dedicado à família. Desde 2018, a Polônia decretou o dia 24 de março, data do massacre, como dia de homenagem aos poloneses que resgataram judeus durante a ocupação alemã.

Centenas de joias pertencentes à falecida milionária austríaca Heidi Horten foram a leilão este mês em uma venda organizada pela Christie's, a qual várias organizações pedem que seja suspensa, devido aos laços de seu marido com os nazistas.

ONG conhecida por rastrear criminosos de guerra nazistas foragidos, o Centro Simon Wiesenthal se opõe à venda, porque o marido de Heidi, Helmut Horten, construiu sua fortuna na Alemanha durante o regime nazista, do qual era simpatizante.

A receita da venda desta coleção, avaliada entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões (R$ 745,3 milhões e R$ 993,8 milhões, na cotação atual), será destinada à caridade.

Uma das principais atrações deste leilão de 700 joias que pertenceram a Heidi Horten, falecida em 2022, é um anel Cartier com um valioso rubi "sangue de pombo" de 25,59 quilates.

O preço desta aliança é estimado entre 15 milhões e 20 milhões de dólares (74,5 milhões e 99,3 milhões de reais), explicou o diretor internacional de joias da Christie's, Rahul Kadakia, na apresentação desta segunda-feira.

Do total da coleção, 300 lotes são propostos online até 15 de maio. Menos de 100 serão leiloados na Christie's de Genebra na quarta-feira, dia 10, e outras 150 peças, na sexta-feira. As demais peças serão vendidas online em novembro.

Segundo o ranking anual das pessoas mais ricas do mundo elaborado pela revista Forbes, a fortuna de Heidi Horten totalizava 2,9 bilhões de dólares (14,4 bilhões de reais). A origem do dinheiro de Horten, que já foi dona de uma das grandes redes de lojas de departamentos da Alemanha, atrai críticas.

O Centro Simon Wiesenthal e o American Jewish Committee (AJC) pediram à Christie's que suspendesse a venda. A casa de leilões disse que concordou em sediar o leilão "já que todos os lucros da venda irão para a caridade".

Insatisfeitos com o resultado das eleições, um grupo de alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, da unidade de Valinhos (SP), criou no último domingo, 31, um grupo no WhatsApp chamado "Fundação Anti Petismo". Com cerca de 30 adolescentes, o grupo teve compartilhamento de mensagens de ódio contra petistas, negros, nordestinos e mulheres, além de apologias ao nazismo, principalmente com o envio de "stickers" de Adolf Hitler.

Um dos integrantes chegou a defender uma "Fundação Pró Reescravização do Nordeste" enquanto marcavam uma manifestação que aconteceu presencialmente no colégio na segunda-feira, 31.

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Ao se indignar com o conteúdo, um dos alunos adicionados no grupo, um garoto negro de 15 anos, se manifestou chamando os integrantes de "neonazistas do Porto" e dizendo que denunciaria o grupo. Ele foi confrontado por outro aluno, que disse que não eram neonazistas, mas sim "antipetistas".

O garoto negro reforçou, então, que o compartilhamento de "stickers" de Hitler dizia o contrário. Em seguida, ele foi excluído do grupo e recebeu um ataque racista de um dos estudantes em conversa privada. "Espero que você morra fdp negro", dizia a mensagem.

A advogada Thais Cremasco, mãe do adolescente vítima de racismo, disse que ficou sabendo imediatamente do ocorrido. No dia seguinte, 31, ela registrou um boletim de ocorrência contra os alunos do colégio que participavam do grupo. A denúncia, junto às provas (prints dos grupos e de posts no Instagram e no Twitter), foi enviada ao Ministério Público, que tem a responsabilidade de investigar o caso.

Em um post na sua conta do Instagram, Cremasco compartilhou algumas das mensagens enviadas no grupo e lembrou que "racismo é crime". "Apologia ao nazismo é crime. Xenofobia é crime".

Em entrevista ao Estadão, ela disse que o colégio não puniu os alunos que cometeram o crime contra seu filho. "Fui para a escola com o boletim de ocorrência e o diretor falou para mim que nada poderia fazer porque os crimes não aconteceram dentro da escola. Um dos alunos foi suspenso, mas isso aconteceu porque ele ofendeu uma coordenadora ao ser chamado para esclarecer o caso e não pelo que ele fez contra o meu filho", disse.

Xenofobia e ódio

Reproduzindo discursos de ódio contra nordestinos, os alunos enviaram entre si mensagens xenófobas. Além de defenderem a "reescravização do Nordeste", um dos alunos disse desejar que os nordestinos "morram de sede".

"Não encontro um petista comemorando, acho que é porque eles não têm celular ainda", disse um dos participantes. "Se ele fez isso com os judeus, posso fazer isso com os petistas", disse outro, ao compartilhar uma foto de Hitler. Além disso, foram compartilhadas mensagens e "stickers" misóginos e racistas.

Na segunda-feira, 31, alguns alunos fizeram uma manifestação na escola usando bandeiras do Brasil e gritando mensagens contra Lula e seus eleitores. Em oposição, o filho de Cremasco falou aos alunos utilizando um microfone e foi apoiado por parte dos estudantes da escola.

Colégio diz repudiar comentários e atos

Em nota, o Colégio Visconde de Porto Seguro disse que "repudia qualquer ação e ou comentários racistas contra quaisquer pessoas" e que "os atos de injúria racial não são justificados em nenhum contexto".

A escola reforçou que considera que a construção de uma sociedade livre, justa e igualitária pressupõe o respeito à diversidade e as liberdades e disse que "o colégio não admite nenhum tipo de hostilização, perseguição, preconceito e discriminação".

O colégio também enviou uma mensagem aos pais e mães de todos os alunos explicando o ocorrido e dizendo que "imediatamente, após cientificada, a escola acolheu os alunos que se sentiram ofendidos bem como seus familiares, comprometendo-se a contribuir para a devida averiguação".

A instituição se posicionou novamente contra preconceitos e ataques de ódio e pediu para que os responsáveis pelos adolescentes os monitorassem nas redes sociais.

Para Cremasco, a atitude da escola não é suficiente. "Os meus filhos estão lá há oito anos. Todos os racismos que haviam ocorridos na escola até então foram direcionados a minha filha, porque ela tem muito mais traços negros (...) A escola nunca tomou uma atitude. Eles dizem 'nós vamos fazer palestra', 'nós vamos chamar a família', só isso que nunca adiantou", diz.

Segundo a advogada, fazer palestras e conversar com a família dos alunos racistas não é a conduta correta a se tomar mediante um crime. "Eles precisam começar a punir as crianças que cometem esse tipo de violência porque racismo é crime. Eu bato nessa tecla com eles: 'Se vocês aceitam crianças que cometem esse crime aqui, quais outros crimes podem ser cometidos? Se uma criança estuprar uma outra criança, ela vai poder continuar estudando aqui?"

O que dizem os ex-alunos?

Creamasco relata que, após a postagem e denúncia que fez sobre o caso envolvendo seu filho, ela passou a receber diversos relatos de ex-alunos que sofreram preconceito por estudantes do Colégio Porto Seguro por serem negros, transgêneros, judeus. Alguns deles dizem que deixaram a escola após sofrerem as ofensas e que lidam com danos psicológicos até hoje.

Na terça-feira, 1°, ex-alunos do colégio fizeram uma carta aberta cobrando providências concretas da instituição e se posicionando contra o ocorrido. "Casos de racismo continuam pipocando nos corredores do Porto Seguro - no entanto, a instituição parece ainda não ter entendido que a solução só se torna real e um caminho a ser seguido quando o problema é reconhecido e conjuntamente enfrentado", diz o texto.

Os ex-alunos pediram que o colégio reconheça publicamente os casos de racismo ocorridos na instituição, preste a devida assistência às vítimas e tome medidas de cunho antirracista para evitar novos episódios como esse. Entre as propostas, está a criação de um coletivo antirracista, associado ao grêmio estudantil e liderado por alunos e alunas negras, "para que eles possam ter um espaço de pertencimento e voz em uma ação contínua quando da implementação de políticas de diversidade no colégio".

A França autorizou nesta terça-feira a restituição de 15 obras de arte, entre elas quadros de Gustav Klimt e Marc Chagall, aos herdeiros de famílias judaicas roubadas pelos nazistas, uma decisão apresentada como histórica.

"É um primeiro passo (...). Nas coleções públicas, ainda são conservadas obras de arte e livros roubados, que nunca deveriam estar ali", disse a ministra da Cultura, Roselyne Bachelot.

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Nesta terça-feira à noite, o Senado aprovou esse projeto de lei, que já havia passado por unanimidade pela Assembleia Nacional (câmara baixa) em 25 de janeiro, sob o olhar atento das famílias e de seus representantes nas tribunas.

Pela primeira vez em 70 anos, "um governo toma medidas para permitir a devolução de obras de coleções públicas roubadas durante a Segunda Guerra Mundial ou adquiridas de forma problemática durante a Ocupação, devido à perseguição antissemita", destaca Bachelot.

A lei terá "um importante alcance do ponto de vista do reconhecimento e da reparação" do Holocausto, apontou a relatora do Senado, Béatrice Gosselin, para quem esses roubos fazem parte "da política de aniquilação dos judeus da Europa".

"Sem ser o instigador, o governo de Vichy também colaborou com esses crimes ativamente", acrescentou a senadora, sobre o governo colaboracionista com os nazistas que o marechal Philippe Pétain instaurou em parte do território francês e em suas colônias.

Entre as 15 obras afetadas pelo projeto de lei está "Roseiras sob as árvores" de Gustav Klimt, conservado no museu de Orsay e única obra do pintor austríaco nas coleções da França. Este quadro foi comprado pelo Estado francês de um vendedor em 1980.

No entanto, as investigações permitiram estabelecer que o quadro pertencia à austríaca Eleonore Stiasny, que se viu forçada a vendê-lo em Viena em 1938, quando a Alemanha nazista se anexou à Áustria, antes de ser deportada e assassinada.

A França é alvo de críticas há muito tempo por estar atrasada na comparação com os vizinhos europeus em temas de reparação. O ministério da Cultura criou há dois anos uma missão de investigação e devolução dos bens roubados entre 1933 e 1945.

Cerca de 100.000 obras de arte foram confiscadas na França durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), segundo o ministério da Cultura, das quais 60.000 foram encontradas na Alemanha e repatriadas. Destas, 45.000 foram rapidamente devolvidas aos seus proprietários.

Uma "lei marco" poderia facilitar as devoluções na França no futuro, sem precisar de uma autorização do poder legislativo caso por caso, como acontece hoje.

O Ministério alemão de Relações Exteriores anunciou, neste sábado, que devolverá ao Palazzo Pitti, de Florença, um quadro de um pintor holandês roubado pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial.

"O quadro 'Vaso di Fiori' ("Vaso de flores") do pintor holandês Jan van Huysum foi devolvido à galeria de arte do Palazzo Pitti em Florença", informou a pasta em comunicado.

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Este quadro, atualmente avaliado em milhões de dólares, é um óleo sobre tela de 47 cm x 35 cm assinado por Jan van Huysum (1682-1749), pintor de renome especialista em naturezas mortas, que pertence desde 1824 à coleção do Palacio Pitti.

O "Vaso di Fiori" foi roubado em 1944 durante a ocupação nazista. Desde então, estava nas mãos de um dos herdeiros de um soldado da Wehrmacht alemã.

O alemão Eike Schmidt, diretor do Museu dos Ofícios, ao qual o Palazzo Pitti pertence, revelou em janeiro este quadro, mostrando uma cópia em preto e branco na galeria com a palavra "roubado".

"Devemos falar das sistemáticas razias da Wehrmacht. Várias ações, em especial nos últimos meses da ocupação alemã na Itália, eram destinadas a deslocar a maior quantidade de coisas possível para o norte", disse Schmidt em uma entrevista ao Die Zeit em fevereiro.

A data da restituição ainda não foi oficializada.

Quando Georges Keller começou a doar quadros de grandes mestres, como Henri Matisse e Salvador Dalí, para o museu Kunstmuseum, de Berna, na Suíça, ninguém questionava sua reputação.

Este cidadão franco-suíço-brasileiro era um marchand de arte respeitado que doou 116 obras ao museu entre os anos 1950 e 1981.

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Contudo, há alguns meses, o diretor do Kunstmuseum encarregado de verificar a procedência das obras de arte se deparou com um documento que relaciona Keller a Etienne Bignou - um francês considerado um marchand de arte "escandaloso", que negociou com os alemães durante a ocupação de Paris.

Não é a primeira vez que o nome do museu de Berna é associado a obras de arte que teriam sido roubadas pelos nazistas.

O Kuntsmuseum herdou centenas de obras de Cornelius Gurlitt, morto em 2014, cujo pai, Hilderbrand, foi encarregado pelos nazistas de vender obras de arte roubadas de judeus ou confiscadas por "decadência".

O caso provocou grande comoção e ainda está sendo investigado para tentar encontrar os proprietários legítimos do patrimônio de Gurlitt.

Ainda assim, ele reabriu o debate sobre a neutralidade da Suíça na Segunda Guerra Mundial.

"Vejo claramente um antes e um depois do caso Gurlitt", afirmou à AFP a diretora do museu, Nina Zimmer.

"A atmosfera mudou, o tom mudou, as perguntas mudaram, e acho que todo mundo concorda em reconhecer que uma das tarefas do museu é tentar saber de onde vêm as coleções e oferecer respostas", acrescentou.

- Quem era Georges Keller? -

Keller e Bignou trabalharam em Paris na galeria de Georges Petit, especializada nos pintores impressionistas, até seu fechamento, em 1933, segundo arquivos da Frick Collection Reference Library.

Etienne Bignou abriu, mais tarde, sua própria galeria na capital francesa, associado com Keller. Este último abriu, em seguida, a sucursal da Galeria Bignou em Nova York, segundo os arquivos.

De acordo com Amelie Ebbinghaus, pesquisadora do banco de dados Art Loss Register, existem documentos do Estado francês e das Potências Aliadas indicando que Bignou negociava com compradores alemães em Paris e era considerado, à época, um "colaborador" dos nazistas.

"Isso, é claro, não quer dizer que as obras são provenientes de fontes duvidosas, mas não podemos descartar isso", avaliou.

Zimmer admitiu que ela já tinha dúvidas sobre Keller antes de as revelações sobre Bignou virem à tona, pois nenhuma de suas doações a vários museus suíços acompanhava documentação.

"Sempre me deixou curioso", admitiu. "Não temos praticamente nenhuma prova sobre a procedência dessas obras até o momento em que ele nos doa".

Desde que o vínculo entre Keller e Bignou foi confirmado, tornou-se evidente "imediatamente que deveríamos saber mais sobre essas obras", acrescentou.

- Mudança de atitude -

O museu de Berna solicitou verbas públicas para executar uma investigação profunda sobre as doações de Georges Keller, e o governo decidiu investir nisso. Isso denota uma mudança de atitude em um país outrora ambíguo acerca de obras roubadas pelos nazistas.

"A Suíça tinha por posição que era um país neutro, livre, e que qualquer atividade comercial entre 1933 e 1945 em seu território não tinha nada a ver com os nazistas", explicou Ebbinghaus.

Mas outros países não compartilham essa opinião sobre o papel exato da Suíça no comércio de obras de arte nesta época - particularmente quando judeus, desesperados para deixar o Terceiro Reich, vendiam tesouros por pouquíssimo dinheiro, lembrou.

Identificar o proprietário de uma obra roubada, ou encontrar seus herdeiros, é muito complicado, como ilustra o processo que opõe uma americana, descendente de vítimas do Holocausto, e o museu austríaco de Belvedere por quadros de Gustav Klimt - que virou um filme em 2015, "A Dama Dourada".

Os caçadores de nazistas mais famosos da França, Serge Klarsfeld e sua mulher, Beate, receberam nesta segunda-feira, em Paris, duas das condecorações de maior prestígio no país, em cerimônia liderada pelo presidente Emmanuel Macron.

O presidente concedeu a Serge Klarsfeld, 83 anos, a Grã-cruz da Legião de Honra, a máxima condecoração da França.

Beate, 79 anos, que já havia obtido a Legião de Honra em 2014, no grau de Grande Oficial, recebeu a Ordem Nacional do Mérito, outra condecoração.

Serge, nascido em 17 de setembro de 1935 em Bucareste, escapou por milagre da Gestapo em 1943 em Nice, no sul da França, onde seus pais estavam refugiados.

Após obter a nacionalidade francesa, em 1950, estudou história e ciências políticas em Paris e em 1963 se casou com Beate Kunzel, jovem alemã protestante que se negava a esquecer os responsáveis pelo Holocausto.

Durante mais de meio século, Serge Klarsfeld fez campanha com Beate para que o Holocausto fosse reconhecido e para levar os criminosos nazistas e seus cúmplices franceses à Justiça.

O casal localizou a maioria dos chefes da polícia nazista na França, como Kurt Lischka, ex-comandante da Gestapo em Paris, e Klaus Barbie, oficial da polícia secreta alemã conhecido como o "carniceiro de Lyon".

Três britânicos, dois deles soldados, foram formalmente acusados de pertencer à organização neonazista Ação Nacional, anunciou a Polícia britânica nesta segunda-feira.

Os três foram acusados de pertencer à organização e dois deles de portar de documentos para fins terroristas.

Os suspeitos foram detidos na terça-feira passada na região de West Midlands, no centro da Inglaterra, suspeitos de "estar envolvidos na comissão, preparação e investigação de atentados terroristas", anunciou a Polícia em um comunicado.

A Ação Nacional se tornou em dezembro de 2016 a primeira organização de ultradireita proibida no Reino Unido por seu caráter "terrorista".

No último ano e meio, o Reino Unido sofreu dois atentados de extrema direita: o assassinato da deputada trabalhista Jo Cox em junho de 2016, e o atropelamento com uma van de um grupo de muçulmanos que saía de uma mesquita de Londres, no qual morreu um homem e várias pessoas ficaram feridas.

A Ação Nacional enalteceu na época o assassinato de Cox. Em sua conta no Twitter, o grupo defendeu "o sacrifício" feito por Thomas Mair, o homem que assassinou a deputada a tiros e facadas em 16 de junho, uma semana antes do referendo britânico sobre a saída do Reino Unido da União Europeia ('Brexit'), e que foi condenado à prisão perpétua pelo crime.

Um busto de Adolf Hitler e uma águia imperial do Terceiro Reich foram achados entre muitas outras peças de arte nazistas durante uma operação de busca e apreensão na periferia norte de Buenos Aires, segundo o ministério argentino de Segurança.

Inúmeros objetos esculpidos e artesanais, muitos deles de origem alemã, foram confiscados em operações realizadas em dois pontos comerciais e uma residência, mas ninguém foi detido, de acordo com o relatório oficial.

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"Essa investigação é uma verdadeira contribuição à missão institucional de lutar contra o antissemitismo e todas as formas de discriminação, trabalhando diariamente por uma sociedade inclusiva e plural, na qual o ódio não seja tolerado", disse em um comunicado a Delegação de Associações Israelitas Argentinas (DAIA), entidade política da comunidade judaico-argentina, que conta com mais de 300.000 membros.

A Argentina foi um santuário de criminosos nazistas após a Segunda Guerra Mundial. O caso mais chocante foi o do responsável pela intitulada "solução final" e extermínio de judeus, o tenente-coronel Adolf Eichmann.

Eichmann foi sequestrado por um comando israelense em 1960, em um subúrbio de Buenos Aires, e julgado em Jerusalém, onde foi condenado a morrer na forca por crimes contra a humanidade.

Outros altos funcionários nazistas que viveram na Argentina foram Alois Brunner, Joseph Mengele, Josef Schwammberger, Walter Kutschmann, Eric Priebke e Eduard Roschmann.

Todas as peças de arte serão levadas ao Museu do Holocausto em Buenos Aires, de acordo com as autoridades.

Durante as operações, foram encontradas também antiguidades de origem japonesa, chinesa e egípcia, incluindo peças da "Lista Vermelha de Objetos Culturais Chineses" emitida pela Unesco.

A Unesco ordenou a proteção dos objetos que constam nessa Lista Vermelha devido ao interesse internacional e ao seu valor histórico.

O ministério informou que "foram recuperados também objetos paleontológicos como amonites polidos, âmbar, animais mumificados e fragmentos de uma carapaça de um gliptodonte, junto com vasilhas e utensílios típicos da pré-história".

"O material, de origem ilegal, estava escondido atrás de uma parede falsa", em um dos locais inspecionados, ressalta o comunicado oficial.

Três supostos ex-guardas do campo de concentração nazista de Auschwitz foram detidos na Alemanha, informou a procuradoria nesta quinta-feira. Os três homens, detidos na quarta-feira, têm 88, 92 e 94 anos de idade e moram em Baden-Wurtemberg, segundo a procuradoria de Stuttgart, a capital deste estado alemão.

A justiça suspeita que os três participaram em assassinatos no campo de Auschwitz, construído pelos nazistas na Polônia ocupada durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

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Mais de 6.000 pessoas trabalharam em Auschwitz, onde 1,1 milhão de judes, ciganos, homossexuais e opositores políticos morreram em câmaras de gás, de exaustão por trabalhos forçados ou de doenças.

Os três suspeitos detidos na quarta-feira foram submetidos a exames médicos e apresentados a um juiz, que confirmou que tinham condições de permanecer detidos em um hospital de uma penitenciária. Vários documentos do período nazista foram apreendidos e estão sendo examinados, segundo a procuradoria.

Durante mais de 60 anos, os tribunais da Alemanha julgaram apenas os acusados contra os quais existiam provas ou testemunhos diretos. Mas a condenação do apátrida de origem ucraniana John Demjanjuk em Munique em maio de 2011 estabeleceu jurisprudência.

Demjanjuk foi considerado culpado de participação no assassinato de 28.000 judeus, pois o tribunal estabeleceu que ele era guarda no campo de Sobibor, mesmo sem provar o envolvimento direto nos crimes.

Em setembro do ano passado, o serviço alemão que investiga os crimes nazistas anunciou a transferência para a justiça dos casos de 30 supostos ex-guardas de Auschwitz para um julgamento por cumplicidade de homicídio.

O magnata americano do Vale do Silício Tom Perkins provocou uma polêmica nas mídias sociais na segunda-feira ao comparar as manifestações contra os ricos com as perseguições dos nazistas aos judeus.

A declaração de Perkins levou a empresa de investimentos que leva seu nome, Kleiner Perkins Caufield and Byers, a afirmar que não se expressava em seu nome.

"Tom Perkins não está envolvido com a KPCB há anos", afirmou no Twitter a empresa que Perkins ajudou a criar.

Por sua vez, Perkins afirmou na segunda-feira que confirmava o que havia escrito em uma carta publicada pelo Wall Street Journal e que desencadeou a controvérsia no fim de semana.

"Escrevendo desde o epicentro do pensamento progressista, San Francisco, quero destacar o paralelo da fascista Alemanha nazista e sua guerra contra seu 'um por cento', sobretudo seus judeus, com a dos progressistas contra o um por cento americano, ou seja, os ricos", afirmou Perkins no início da carta.

Perkins apontou as ações realizadas pelo movimento Occupy Wall Street em San Francisco, sobretudo contra o Google.

Em um tuíte, o movimento Occupy Wall Street afirmou que as declarações do multimilionário eram dementes.

O cantor americano Bob Dylan foi denunciado em novembro em Paris por "injúria" e "incitação ao ódio" em relação aos croatas, depois de tê-los comparado aos nazistas - revelou uma fonte judicial nesta segunda-feira (2). Bob Dylan foi interrogado e denunciado em meados de novembro durante uma estada em Paris, quando deu vários shows e recebeu do governo francês a condecoração da Legião de Honra.

A Justiça francesa interveio depois de uma denúncia do Conselho Representativo da Comunidade e das Instituições Croatas da França (CRICCF), em represália às declarações de Dylan à edição francesa da revista "Rolling Stone".

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"Se você tem Ku Klux Klan no sangue, os negros podem sentir isso, inclusive agora. Da mesma forma que os judeus podem sentir o sangue nazista, e os sérvios, o sangue croata", disse Dylan nessa entrevista, ao ser questionado sobre sua militância no movimento dos direitos civis dos negros nos Estados Unidos. O caso será julgado por um tribunal de Paris especializado nos crimes de imprensa.

A Alemanha publicará na internet fotos de 590 obras de arte que podem ter sido confiscadas pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial e integram a relação de 1.406 quadros encontrados em Munique na semana passada, anunciou o ministério da Cultura.

A promotoria de Augsburg vai exibir as 590 obras que podem ter sido confiscadas pelos nazistas no site lostart.de, administrado pela agência de coordenação federal dedicada às obras artísticas desaparecidas durante a Segunda Guerra Mundial.

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"A publicação começará na próxima semana", destacou o ministério.

Desde a descoberta de 1.406 quadros na residência do octogenário alemão Cornelius Gurlitt, o governo recebeu críticas pela lentidão na busca da origem das obras.

De acordo com o jornal Süddeutsche Zeitung, Winfried Bausback, ministro da Justiça do estado regional da Baviera (sul), onde foram encontrados os quadros, espera que Gurlitt coopere na devolução dos quadros.

"Acredito que seria conveniente para todos chegar a uma solução amistosa", disse Bausback.

Gurlitt, que estava presente quando a polícia revistou sua residência, foi interrogado e deixado em liberdade sob controle judicial.

Ao que parece, Gurlitt viveu durante anos sem trabalhar e sem estar registrado em nenhum município alemão.

O idoso teria herdado do pai a impressionante coleção de arte. Às vezes vendia quadros para poder subsistir.

Os herdeiros de um marchand judeu alemão, espoliado durante o regime nazista, obtiveram nesta terça-feira a restituição de um de seus quadros graças a uma casa de leilões alemã, informou uma universidade canadense.

"Nunca havíamos tido uma resposta tão voluntária do mercado de arte na Alemanha ante um pedido vinculado a uma obra espoliada", afirmou à AFP Clarence Epstein, diretor do projeto de restituição das obras que pertenceram a Max Stern, à Universidade Concordia de Montreal.

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Há 10 anos, Epstein, um historiador de arte, luta por justiça para Max Stern, um judeu alemão obrigado em 1937 a fechar sua galeria de arte em Dusseldorf e a vender a preços muito baixos mais de 400 quadros para poder viajar à Inglaterra e ao Canadá.

A obra recuperada nesta terça-feira pela Universidade de Concordia, beneficiária do legado de Stern, assim como a Universidade McGill e a Universidade Hebraica de Jerusalém, é do pintor alemão Andreas Achenbach (1815-1910), considerado o pai da escola paisagística alemã do século XIX.

A obra estava entre os quadros que Stern precisou leiloar com a casa Lempertz de Colônia em 1937.

O quadro seria leiloado novamente em maio passado, desta vez na casa Van Ham, quando os pesquisadores de uma organização alemã especializada em arte roubada a reconheceram como uma obra de Stern.

O dono do quadro, um colecionador particular, aceitou entregá-lo à Universidade de Concordia.

Outras duas obras de Stern também foram retiradas do leilão, "mas os colecionadores se negaram a nos entregá-las, apesar dos esforços da Van Ham para nos ajudar", disse Epstein. Na Alemanha, estes quadros não podem ser apreendidos pela polícia porque seus proprietários continuam sendo seus donos legais, disse Epstein.

Esta é a 11ª obra recuperada pelos herdeiros de Stern, que foi entregue a eles durante uma cerimônia na embaixada do Canadá em Berlim.

Epstein lembrou que o projeto Stern ainda vigia de perto 40 quadros com a esperança de poder recuperá-los.

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