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A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, disse ter elaborado em conjunto com a primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, uma "lista tríplice" com nomes de mulheres negras a serem consideradas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na escolha da pessoa para ocupar a vaga em aberto no Supremo Tribunal Federal (STF).

"Ela (Janja) tem sido uma parceira de caminhada nesse ponto", disse a ministra em café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto.

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Lula tem sido cobrado pelo movimento negro e por setores da sociedade civil organizada a nomear pela primeira vez na história uma mulher negra. No entanto, as conversas de bastidores no Palácio do Planalto indicam que o petista tem preferência pelos ministros da Justiça, Flávio Dino, e da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, na disputa pela vaga da ex-ministra Rosa Weber.

Como mostrou o Estadão, o STF pode voltar 23 anos no tempo caso Lula indique um homem para vaga da ministra Rosa Weber. A última vez que a mais alta corte do Poder Judiciário teve apenas uma mulher em sua composição foi entre 2000 e 2006, quando a representante feminina foi a ex-ministra Ellen Gracie. Lula, no entanto, já afirmou que gênero e raça não serão levados em consideração no momento de decidir. "O critério não será mais esse", disse em setembro deste ano.

"Todas as oportunidades que eu tive de tocar no assunto, porque também tem um limite do que a gente pode chegar e falar: 'E aí, presidente. Deixa eu te dar esses nomes aqui. Não é assim que funciona'. Mas a gente sempre que possível chegava e falava, por isso eu também trouxe a Janja. Se tem alguém que defende muito a pauta de gênero dentro do governo é ela", disse Anielle.

Em 132 anos de história, o STF teve 171 ministros. Só três são mulheres. Ellen Gracie, a primeira, foi indicada em 2000 por Fernando Henrique Cardoso (PSDB) para a vaga deixada por Luiz Octavio Pires e Albuquerque Gallotti. Seis anos depois, Cármen Lúcia assumiu uma cadeira na Corte pela indicação de Lula, ainda em seu primeiro mandato.

O Estadão também mostrou que Janja acumulou poderes dentro da burocracia do Planalto ao ponto de ter poder de veto em algumas questões, especialmente àquelas relacionadas a minorias políticas. A primeira-dama tem sido uma das principais pessoas que tentam influenciar Lula para além da dicotomia entre Dino e Messias na disputa pelo Supremo.

O ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta, afirmou no café da manhã que Lula ainda não bateu o martelo quanto ao próximo ministro do STF e que a disputa não está restrita aos dois candidatos que despontam como favoritos. De acordo com ele, "um terceiro nome não é completamente descartado" e "não existe uma convicção de 100% (do Lula) para nada".

Nos bastidores, discute-se também a presença do presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, na disputa.

Fontes no Palácio do Planalto relatam em conversas reservadas que o objetivo do presidente é enviar ainda este ano os nomes dos indicados ao STF e à Procuradoria-Geral da República (PGR) para serem analisados pelo Senado.

A escolha para a PGR, segundo os interlocutores de Lula, já está mais avançada e tende a ser definida ainda nesta semana. Como mostrou o Estadão, a confirmação do nome do vice-procurador-geral eleitoral Paulo Gonet ao cargo é dada como "altamente provável", segundo informações de um ministro na condição de anonimato.

Já na Suprema Corte, Lula trabalha com mais tempo e deu início às conversas com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para garantir que a votação dos indicados ocorra rapidamente após a indicação.

Abayomi Juristas Negras promove programa de amadrinhamento para mulheres negras e indígenas. A iniciativa tem o objetivo de firmar parcerias para o custeio de cursos preparatórios para para concursos públicos na área da magistratura. O apoio é possível através do fornecimento de bolsas para a turma de base da metodologia de aprendizagem abayomi - MADA.

De acordo com o grupo, o preparatório une estratégias e tecnologias ancestrais aos conhecimentos e ferramentas necessárias para aprovação em concursos públicos públicos do sistema de justiça, com foco na magistratura.

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Os interessados podem apoiar com bolsas de 100% ou parciais, valores que variam de R$ 1400 a R$ 350, através do site da inciativa. “Nos dedicamos para que a Abayomi atue como ponte para as conquistas dessas mulheres, mas precisamos de mais gente, para que juntos possamos puxar outras”, aponta Débora Gonçalves, co-fundadora da Abayomi.

O esporte oferece a seus amantes diferentes imagens para guardar na memória. Uma delas foi registrada na última edição do Mundial de Ginástica Artística, disputado no início de outubro na Antuérpia (Bélgica): um pódio formado apenas por mulheres negras na disputa do individual geral, aquela que coroa as atletas mais completas da modalidade.

A imagem da norte-americana Simone Biles (que ficou com o ouro), da brasileira Rebeca Andrade (prata) e da atleta, dos Estados Unidos, Shilese Jones (bronze) celebrando a conquista foi um sinal claro de que a modalidade vive um momento diferente, no qual mulheres negras não se destacam apenas por suas façanhas esportivas, mas passam a ser vistas como referências.

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“É muito importante [um pódio formado apenas por mulheres negras] porque sei o quanto representamos para tantas crianças, adolescentes, mulheres e homens pretos. Como já falei, a Dai [ex-ginasta brasileira Daiane dos Santos] foi muito importante para mim, pois era uma das únicas pessoas com as quais eu me identificava ali, apesar de admirar todas as meninas, e hoje cada dia mais estão chegando mais e mais pessoas para continuar inspirando e entrando nesse lugar de referência. Então um pódio desse significa demais para mim. E tenho certeza de que significa muito para as meninas também e ficamos muito felizes de dividir aquele pódio. Foi sensacional”, declarou a jovem brasileira de 24 anos.

Na opinião do cientista social Thales Vieira, que é co-diretor-executivo do Observatório da Branquitude, a imagem deste pódio “diz muito sobre a resiliência dessas estrelas do esporte, que, apesar do racismo, brilham e conduzem suas carreiras no mais alto nível [...]. Rebeca já é a maior ginasta brasileira e Biles a maior de todos os tempos”. Segundo o pesquisador, imagens como a deste pódio “quebram o ideário falseado do mérito branco e provam que, ao menor sinal de oportunidade, pessoas negras buscarão e terão excelência no que se propuserem a fazer, seja nos esportes ou qualquer outra área”.

Quando se consideram apenas as conquistas olímpicas, Simone Biles (que é a ginasta com mais medalhas na história de mundiais) é a nona atleta da história da ginástica olímpica mais laureada até o momento (com 4 ouros, 1 prata e 2 bronzes em duas edições dos Jogos). Já a brasileira (que tem duas medalhas) não aparece entre as 10 primeiras colocadas de um ranking formado quase exclusivamente por atletas relacionadas à antiga União Soviética (como a russa Larisa Latynina, que lidera a classificação com 9 ouros, 5 pratas e 4 bronzes conquistadas em 3 Olimpíadas).

Com ao menos mais uma edição de Jogos Olímpicos pela frente, Simone Biles e Rebeca Andrade ainda podem passar a ocupar uma posição de maior destaque entre as ginastas com mais medalhas conquistadas no evento. Mas uma coisa é certa, as duas são representantes de uma nova geração de atletas negras que influenciam as próximas gerações pelo simples fato de se orgulharem de quem são.

“Sou uma mulher preta e tenho muito orgulho. Eu amo minha cor de pele e sou linda, sou maravilhosa. Minha mãe me ensinou sempre a me amar, e me acha maravilhosa também. Eu nunca tive nenhum problema com isso, comigo mesma ou com outras pessoas dizendo ou falando alguma coisa sobre isso. Então sempre fui muito firme e muito confiante comigo mesma e isso é muito bom”, afirmou Rebeca após conquistar quatro medalhas nos Jogos Pan-Americanos, que estão sendo disputados em Santiago (Chile).

Apesar do maior volume que vozes como a de Rebeca podem alcançar em grandes eventos esportivos como o Pan, o cientista social Thales Vieira afirma que ainda é necessário ser feito mais, é necessário “um compromisso verdadeiro” de confederações, organizações internacionais, atletas brancos e não brancos, juízes, imprensa e público. “Sem esse compromisso o que vemos é um festival de frases prontas e acordos comerciais que se sobrepõem ao verdadeiro espírito esportivo”, conclui.

Dados dos ministérios da Saúde e da Igualdade Racial divulgados nesta segunda-feira (23) mostram que a mortalidade materna no Brasil atinge desproporcionalmente mulheres negras.

A morte materna por hipertensão, por exemplo, aumentou 5% entre mulheres pretas no período de 2010 a 2020. Nos demais grupos, houve queda na mortalidade por hipertensão – entre mulheres indígenas, os registros caíram 30%; entre mulheres brancas, 6%; e entre pardas, 1,6%.

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“É inadmissível morrer de hipertensão durante a gravidez, algo que nós temos vários medicamentos para controlar, temos como fazer o manejo. Infelizmente, tivemos queda em todas as outras categorias, mas, entre as mulheres pretas, tivemos um aumento de 5% nesse período de 2010 a 2020”, avaliou a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel.  

De acordo com o boletim epidemiológico Saúde da População Negra, a covid-19 foi um dos principais motivos de morte materna no país em 2020, representando 22% do total de óbitos maternos registrados. Os números mostram ainda que, do total de mortes maternas por covid-19 registradas no país, 63,4% foram entre mulheres pretas e pardas.    

“Toda vez que se tem um evento inesperado, aqui vou colocar a pandemia, aquelas pessoas que já são vulnerabilizadas pelas nossas políticas e pela nossa sociedade são as que mais sofrem o impacto. Então, a mortalidade materna por covid-19 foi maior entre mulheres negras – 63%. A gente precisa mudar isso.”  

Pré-natal  

O boletim indica crescimento geral na proporção de mães que relataram realizar sete ou mais consultas de pré-natal, subindo de 60,6% em 2010 para 66,5% em 2015 e mais de 71% em 2020. O maior aumento foi registrado entre mães pretas e pardas, um incremento de 22,6% e 19,5% em 2010 e 2020, respectivamente.

Entretanto, mulheres que se declaram brancas seguem com maior acesso proporcional ao pré-natal: 80,9% delas tiveram acesso a sete ou mais consultas durante a gestação, seguidas pelas amarelas (74,3%), pretas (68,7%), pardas (66,2%) e indígenas (39,4%).  

“Quando a gente coloca a proporção de sete ou mais consultas é porque esse é um indicador internacional utilizado para que a gente possa saber se as pessoas tiveram acesso, se chegaram às unidades, se fizeram pelo menos essas sete consultas durante a gravidez. E a gente observa que tivemos um crescimento entre todas as categorias, mas, infelizmente, ainda, entre as mulheres pretas, a desigualdade é enorme. Temos o menor percentual aí.”    

Recém-nascidos com baixo peso  

Outro dado relevante indica que a proporção de crianças nascidas vivas com peso menor que 2,5 quilos (kg) aumentou entre mães negras, passando de 8% em 2010 para 10,1% em 2020. O percentual também foi maior entre pardas e indígenas, ao mesmo tempo em que caiu para as amarelas e ficou estável entre as brancas.

Na média geral, o número de recém-nascidos com baixo peso permaneceu estável, de 8,4% para 8,6% no mesmo período.    De acordo com o Ministério da Saúde, o peso ao nascer é um dos indicadores de maior influência na saúde e sobrevivência infantil, uma vez que dados epidemiológicos mostram que crianças nascidas com peso abaixo de 2,5kg apresentam maior risco de mortalidade.

“Fatores como vulnerabilidade socioeconômica e falta de assistência médica estão entre os principais causadores do baixo peso e da morbimortalidade neonatal e infantil”, destacou a pasta.  

Malformações e óbitos infantis  

O boletim indica ainda que malformações congênitas — alterações estruturais ou funcionais que ocorrem durante a vida intrauterina — e prematuridade foram as principais causas de morte infantil entre 2010 e 2020. As condições responderam, respectivamente, por 21,6% e 16,3% dos óbitos registrados.    

A malformação congênita, a partir de 2015, se tornou a principal causa de mortes infantis na população preta e parda, superando a prematuridade e as infecções perinatais. Para os recém-nascidos negros, a proporção de óbitos por malformação congênita passou de 16,7% em 2010 para 19,1% em 2020, enquanto para os pardos, subiu de 16,1% para 20,3% no mesmo período.    

Em contrapartida, os óbitos por prematuridade caíram ao longo dos anos analisados. Em 2010, as proporções de óbitos por prematuridade em crianças pretas e pardas eram de 17,1% e 19,7%, caindo para 14,8% e 15,5% em 2020, respectivamente.  

HIV  

Em 2021, mais de 60% dos casos e óbitos por aids foram diagnosticados em pessoas pretas e pardas. O boletim destaca que, nos últimos dez anos, os casos de HIV entre pretos e pardos aumentou 12%, passando de 20,3% em 2011 para 62,3% em 2021. Entre menores de 14 anos, a proporção de negros infectados é superior a 70%, sendo 6,3% pretos e 64,9% pardos.    

O maior número de óbitos por aids também se concentra na população negra, que representa dois terços do total de mortes em relação a pessoas brancas. Em 2011, eram 52,6%, passando para 60,5% em 2021.

“Isso mostra de forma muito evidente como nós precisamos diminuir essa desigualdade de acesso a medicamentos e da continuidade desses medicamentos. Há várias barreiras porque os próprios medicamentos têm efeitos adversos e a gente precisa de outros especialistas durante esse manejo clínico”, destacou a secretária.  

Além disso, no Brasil, 67,7% das gestantes diagnosticadas com HIV são negras. Em 2021, houve prevalência de casos de gestantes com infecção pelo HIV autodeclaradas negras, sendo que a maior proporção está entre as gestantes de 15 a 29 anos (69,6%).

“Isso impacta na qualidade de vida dessa criança, na transmissão vertical [de mãe para filho durante a gestação ou no momento do parto] se não prestarmos atenção a esse grupo, a essa gestante, a educação em saúde”, completou Esther.  

Sífilis congênita  

Outro dado revela que mais de 70% das crianças com sífilis congênita (transmitida para a criança durante a gestação) são filhas de mães negras, apesar da proporção ter diminuído nesse grupo ao longo dos últimos anos, passando de 13,3% em 2011 para 9,5% em 2021. Já entre as mães pardas, houve aumento, no mesmo período, de 61% para 65,2%.  

“Esse é um dado inaceitável. É inaceitável que, no século 21, nós tenhamos ainda transmissão vertical de sífilis, sífilis congênita e uma concentração tão grande em filhos de mulheres negras. Mostra, de forma contundente, o caminho que nós precisamos percorrer para a diminuição dessas desigualdades”, avaliou a secretária.  

Tuberculose  

A tuberculose também é citada pela pasta como uma doença socialmente determinada – os dados mostram que em 2022, 78 mil pessoas foram diagnosticadas com a enfermidade no Brasil, sendo 49.381 casos foram entre pretos e pardos (63,3%). Além disso, o país registrou, entre 2010 e 2020, uma média de 4,5 mil óbitos por tuberculose, sendo que o percentual de pessoas negras mortas pela doença ficou em 64,4%.  

“É uma doença socialmente determinada, mas com forte recorte nessa variável raça/cor, com incidência muito maior na população negra”, lembrou Esther.  

Doença falciforme  

O ministério destacou que a doença falciforme é uma das patologias genéticas mais comuns no mundo e afeta principalmente a população preta e parda. No Brasil, estima-se que há entre 60 mil e 100 mil pessoas com a doença, sendo a Bahia o estado com maior incidência (9,46 casos para cada grupo de 100 mil habitantes), seguida por São Paulo (6,52 casos a cada 100 mil habitantes) e pelo Piauí (6,23 casos a cada 100 mil habitantes).    

Dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) mostram que, entre os anos de 2014 e 2020, a mortalidade por doença falciforme foi de 0,22 a cada 100 mil habitantes. Quando se trata de faixa etária, pessoas entre 20 e 29 anos correspondem ao maior percentual de mortes pela patologia no país. 

A Seção de São Paulo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP) criou a Medalha Tereza de Benguela para honrar advogadas negras que desempenharam um papel significativo na história da entidade, promovendo a justiça e a igualdade. Tereza de Benguela, líder do Quilombo do Quariterê no século XVIII, é amplamente reconhecida como um ícone nacional de liderança contra a colonização. Ela era originalmente uma escravizada que ascendeu ao posto de rainha.

A cerimônia de entrega das medalhas foi marcada para 25 de julho, em celebração ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A honraria foi proposta pela diretora secretária-geral adjunta da seccional paulista, Dione Almeida, quando assumiu a presidência interina da OAB-SP, sendo a primeira mulher negra a ocupar o cargo em 91 anos.

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Ana Carolina Lourenço, vice-presidente da Comissão da Mulheres Advogadas da OAB SP, destacou a relevância da medalha, afirmando: “Isso não é apenas uma medalha, mas uma demonstração concreta de nossa gratidão, respeito e comprometimento com aquelas que, por meio de sua dedicação e empenho, moldaram a advocacia em São Paulo”.

Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) aponta que, no primeiro trimestre de 2023, a remuneração média das mulheres negras era de R$ 1.948, o que equivale a 48% do que homens brancos ganham na média, 62% do que as mulheres brancas recebem e 80% do que os homens negros ganham.

Cálculos feitos pela pesquisadora Janaína Feijó mostram que 50% da distância entre a remuneração de mulheres negras e a de homens brancos está relacionada a características do trabalho referentes ao tipo de atividade e função que elas exercem. “Então, é importante perseverar em melhorias no campo da educação”, afirmou, em nota.

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Essa desigualdade permanece apesar do aumento do contingente de mulheres negras na população em idade ativa e da ampliação da escolaridade. Segundo o levantamento, entre o primeiro trimestre de 2012 e o de 2023, a população em idade para trabalhar cresceu 13,4% no Brasil; entre mulheres negras, essa expansão foi de 24,5%, próximo do registrado para homens negros (22,3%), e muito acima do percentual entre homens brancos (2,8%) e mulheres brancas (1,9%).

De acordo com a pesquisadora, a participação das mulheres negras que chegaram ao ensino superior e concluíram o curso dobrou, de 6% em 2012 para 12% em 2023. Esse avanço, entretanto, não foi suficiente para melhorar outros indicadores deste grupo no mercado de trabalho. Apenas pouco mais da metade (51%) que têm idade para trabalhar (14 anos ou mais) estavam no mercado de trabalho – ou seja, empregada ou buscando uma atividade remunerada – no primeiro trimestre de 2023.

Entre essas mulheres, o desemprego continua sendo maior. No primeiro trimestre, era de 13,1%, contra 8,8% para o total do Brasil, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Entre todas as mulheres negras em idade para trabalhar, que somaram 50 milhões no primeiro trimestre de 2023, apenas 44% (22,1 milhões) estavam empregadas. Esse nível tem permanecido estável ao longo do tempo e é o menor quando comparado com os demais grupos: para as mulheres e homens não negros, esse percentual foi de 49,3% e 67,7%, respectivamente”, disse Janaína.

As mulheres negras empregadas estão majoritariamente em funções que apresentam remunerações mais baixas e que estão mais associadas à informalidade. Janaína ressalta que mais da metade (55%) são trabalhadoras dos serviços, vendedoras ou trabalhadoras de ocupações elementares. Segundo ela, os fatores que levam a esse quadro são múltiplos, a começar por barreiras dadas por preconceitos ou falta de oportunidades para capacitação.

A informalidade também se mostra o caminho para mães que não têm uma rede de apoio financeira ou de cuidados para suas crianças pequenas, de acordo com Janaína. Levantamento anterior da pesquisadora do Ibre/FGV aponta que, entre 2012 e 2022, o número de mães solo negras saltou de 5,4 milhões para 6,9 milhões, que representa quase 90% do crescimento total observado no período. Do total de mães solo brasileiras, 72,4% vivem em domicílios monoparentais, ou seja, compostos apenas por elas e seus filhos.

O levantamento foi realizado em referência ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado em 25 de julho.

Se encerram neste sábado (15), as atividades da 4ª edição do Fórum Nordeste Mulheres Negras e Poder, promovido pelo Projeto Eu voto em Negra, pela Rede de Mulheres Negras de Pernambuco e pela ONG Casa da Mulher do Nordeste, com apoio da Open Society. O evento, que deve início no dia 13 deste mês, tem o objetivo de fortalecer candidaturas de mulheres negras do Nordeste do país.

Durante o encontro, mulheres dos nove estados da região fizeram análises sobre as últimas eleições e sobre a atual conjuntura política, bem como elaboraram planos de ações com o intuito de garantir melhores resultados para as mulheres negras nas próximas eleições.

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No primeiro dia do encontro, foram discutidas as vitórias eleitorais da deputada estadual pernambucana Dani Portela (PSOL-PE), das co-vereadoras Pretas Juntas (PSOLPE) e de Divaneide Basílio (PT/RN), deputada estadual pelo Rio Grande do Norte. No dia seguinte, foi realizada a análise de conjuntura da política brasileira, com destaque para os desafios que as mulheres enfrentaram em seus territórios, a exemplo da violência de gênero na política, da distribuição dos fundos partidários e das diversas fraudes da disputa política que acontecem com a compra de votos.

Neste sábado (15), o Fórum desenvolveu um plano de ação para as próximas candidaturas. “Estamos avaliando o processo eleitoral e celebrando as vitórias e pensando para o futuro. Nós acreditamos que não há democracia se não tem mulheres negras. Nós acreditamos que é importante, para todos os brasileiros e brasileiras, estar na ponta dessa discussão”, afirma Piedade Marques, integrante da Rede Mulheres Negras Pernambuco e coordenadora do projeto Eu voto em Negra.

A Secretaria de Educação da Prefeitura de Olinda promove, nesta sexta-feira (31), a 3ª Feira de Empreendedoras Negras do município. Com o tema “Caminhar, lutar e libertar”, o evento será das 9h às 15h, na sede da secretaria, localizada na Rua Gastão Vilarim, 109, Jardim Atlântico. A iniciativa encerra as ações do "mês da mulher". 

A realização do evento é da Divisão de Educação Étnico-racial, com colaboração da Feira das Mulheres Pretas e da Secretaria de Educação da Prefeitura de Olinda. O coletivo da feira surgiu em 2018 e é exclusivamente composto por mais de 20 empreendedoras pretas. O artesanato é o forte do projeto, que é voltado para a valorização das mulheres de origem africana.

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Da assessoria

Jovens mulheres cis e trans negras, indígenas e refugiadas, na faixa etária de 18 a 29 anos, podem se inscrever até o próximo dia 6 de março para os cursos gratuitos de audiovisual, jogos digitais e jogos de mesa, promovidos pela instituição sociocultural Cinema Nosso, por meio do projeto Empoderamento e Tecnologia: Jovens Negras no Audiovisual. As inscrições podem ser feitas por meio deste link.

As aulas dos dois cursos de cinema voltados para ficção e documentário e dos dois cursos de jogos digitais e jogos de mesa serão online e presenciais, mas somente para jovens do Rio de Janeiro. Já as do laboratório de roteiro para séries terão formato virtual e estão abertas para todo o país. Ao todo, são destinadas ao projeto 175 vagas, sendo 35 para cada uma das cinco formações oferecidas.

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O Cinema Nosso é uma das maiores escolas populares de audiovisual da América Latina, contabilizando mais de 10 mil jovens formados em seus cursos. As aulas para os cursos de cinema serão iniciadas no dia 20 de março, enquanto as dos cursos de jogos têm começo previsto para 27 de março. O encerramento dos cursos ocorrerá em 25 de novembro. A Cinema Nosso está localizada na Rua do Resende, 80, no bairro da Lapa, região central da cidade do Rio de Janeiro.

A assistente sênior de Formação Pedagógica do Cinema Nosso, Laís Muniz, informou à Agência Brasil que o projeto Empoderamento e Tecnologia: Jovens Negras no Audiovisual surgiu a partir de pesquisa feita em 2019 pela Agência Nacional do Cinema (Ancine) sobre a quantidade de mulheres negras no mercado do audiovisual. Segundo ela, "foi uma porcentagem irrisória". Isso acontece em cargos de direção, direção de fotografia, roteirista, citou Laís. “A gente está aí formando jovens negras para serem inseridas no mercado audiovisual. O projeto tem esse recorte”, destacou.

Tema

Anualmente, é escolhido um tema que prioriza o empoderamento negro, buscando trazer referências para as alunas produzirem seus projetos. Este ano, o tema escolhido foi Escrevivências e terá como inspirações obras da escritora Conceição Evaristo, trazendo o seu conceito que ganhou grande notoriedade nos últimos tempos. De acordo com Laís, a ideia é ressaltar que, por meio da escrita, “conseguimos expor as nossas experiências e vivências na sociedade enquanto mulheres negras e a cultura afro-brasileira, como uma forma de resistência, sendo ferramenta para o processo de empoderamento”.

Todas as formações contarão com mentorias de gestão de carreira, palestras e workshops. Para concluir o curso, é necessário obter 75% de presença, além da entrega do trabalho final. Laís Muniz destacou que ela própria foi uma das alunas do primeiro ano do projeto. “Fiz parte da primeira turma de cinema de ficção, em 2019, e hoje trabalho no Cinema Nosso. Outras colegas que se formaram comigo estão como diretoras de fotografia, são roteiristas. Estão encaminhadas no mercado”. Durante a formação, as alunas terão contato com vários profissionais do mercado.

Cinema Nosso

O Cinema Nosso é uma instituição sociocultural que atua alinhada ao mercado audiovisual para reduzir as desigualdades sociais e proporcionar tecnologia e experiências de inclusão para a produção de narrativas juvenis, fomentando a cadeia produtiva do audiovisual no Brasil.

A instituição foi criada em 2000, a partir da experiência do filme “Cidade de Deus”, pelos diretores e atores do filme. Hoje, o Cinema Nosso é um centro de inovação e tecnologia que oferece iniciativas para crianças e jovens, com ênfase em programas de empreendedorismo e empregabilidade.

Durante visita ao Recife, a candidata Simone Tebet (MDB) disse, nesta quarta-feira (14), que seu eventual governo será representado por diversidade, como uma forma de aproximar o povo do Executivo nacional. Ela prometeu paridade de gênero e participação de pessoas negras em seus Ministérios.

A parlamentar frisou que sua gestão vai ter 'a cara do Brasil' e, para isso, vai oferecer metade dos Ministérios para mulheres, com a inclusão de pessoas negras entre seus líderes. "A primeira medida que nós já anunciamos é que nosso ministério vai ser paritário: metade homens, metade mulheres e terá negros, porque essa é a cara do Brasil", pontuou.

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LeiaJá também: Tebet chama Bolsonaro de desumano por corte na Saúde

Embora seja a mulher mais bem avaliada na disputa, Simone está longe de alcançar o segundo turno, apontam as pesquisas. Questionada sobre seu apoio após uma eventual derrota no primeiro embate, a candidata mostrou confiança: "vou estar no segundo turno".

Para ela, o 'centro democrático' mostrou que pode ter uma candidatura própria e que a pressão pelo 'voto útil', defendido por militantes de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), representa um desrespeito ao eleitor. "Eu acho um desrespeito com o cidadão brasileiro a gente apostar no voto útil de 'o menos pior' no momento da maior crise do Brasil, de tantos retrocessos civilizatórios e ameaças a democracia", complementou.

A deputada federal Érica Malunginho, uma das poucas mulheres negras na Câmara dos Deputados. (Reprodução/Facebook)

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Às 17h desta sexta-feira (12), a faculdade Esuda, no Centro do Recife, recebe o Encontro de Mulheres Negras do Nordeste- Enegrecendo o Parlamento. O evento é uma iniciativa da Rede de Mulheres do Nordeste e da Casa da Mulher do Nordeste, por meio do projeto Mulheres Negras Rumo aos Espaços de Poder.

O Encontro contará com a participação de 36 candidaturas da região e é apoiado pela campanhau Voto em Negra, que fortalece candidaturas femininas negras desde as eleições de 2020. A entrada é gratuita e dispensa inscrição.

“Na ocasião vamos apresentar o projeto político que queremos para o futuro do país com a assinatura de uma carta compromisso! Vamos fortalecer a participação política de mulheres negras no pleito eleitoral de 2022, estratégia que entendemos como essencial para ampliar a nossa representatividade na democracia brasileira”, afirma a coordenação do evento.

Serviço:

Dia: 12 de Agosto

Hora: 17h

Local: Auditório da Faculdade de Ciências Humanas ESUDA - Rua Bispo Cardoso Ayres, s/n, Santo Amaro, Recife - PE.

 

Uma pesquisa realizada pela PageGroup e pela Dom Cabral revelou que uma em cada dez mulheres ou pessoa negra ocupa posição de CEO em empresas. O levantamento ainda explicitou que cerca de 90% dos cargos de liderança de 149 empresas respondentes da pesquisa são ocupados por homens e brancos.

“O mercado de trabalho reflete as transformações da sociedade. A falta de políticas organizacionais e de interesse no passado fez com que tivéssemos muito menos diversidade hoje. Vivemos o resultado da construção de gerações. Agora as empresas estão focadas na diversidade, dando oportunidades de desenvolvimento para isso”, comenta Ricardo Basaglia, diretor geral da Page Executive, segundo nota divulgada pela assessoria de imprensa. 

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Segundo a mesma pesquisa, 8% dos CEOs são mulheres e 89% se identificam como brancos. Além disso, a equipe na linha direta com os líderes são pequenas e pouco diversas. Cerca de 70% são com até 20 pessoas. Em 80% dos casos, menos da metade das pessoas que se reportam ao CEO são mulheres.

O levantamento ainda detalha a seguinte realidade: as mulheres representam 23% de Executives (Executivos), 29% Senior Managers (Gerentes Senior), 37% Managers (Gerentes), 42% Professionals (Profissionais) e 47% Support staff (Equipe de Suporte).

Além dos dados supracitados, a pesquisa faz ainda uma raio-X das CEOs no Brasil, que são mulheres brancas, entre 41 e 60 anos de idade, com graduação nas áreas de negocios ou engenharia, com MBA, mestrado profissinal ou outra pós-graduação lato sensu. Segundo o levantamento, elas demoraram cerca de dez anos para se tornar CEO e não teveram experiencia fora do Brasil. Nos dados coletados, suas formações são equivalentes às dos CEOs homens. Além do perfil descrito, a maior parte das mulheres em cargo de CEO estão em São Paulo e grande parte é lider da própria empresa.

Diante de todos as adversidades sofridas no dia a dia, as mulheres ainda têm jornada dupla com cuidados com filhos e casa. Quando comparados aos homens, apenas 1,5% dos CEOs executam os trabalhos domésticos.

A baixa presença de mulheres no pipeline de liderança dificulta a sucessão para a posição de CEO. Com volumes equiparados entre homens e mulheres na base da pirâmide organizacional, as mulheres avançam para os níveis de primeira gestão e a representatividade vai perdendo força nos cargos de média liderança.

Por Samuel D' Paulla

A governadora em exercício Luciana Santos coordenou, nesta quinta-feira (4), uma reunião para traçar ações voltadas para a população negra e para as mulheres. O encontro, no Palácio do Campo das Princesas, contou com a presença da prefeita do Recife em exercício, Isabella de Roldão, e dos secretários estaduais André Longo (Saúde) e Sileno Guedes (Desenvolvimento Social, Criança e Juventude), e das secretárias municipais do Recife, Luciana Albuquerque (Saúde) e Ana Rita Suassuna (Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos).

A governadora informou que o Estado aproveitará o calendário de atenção à saúde e o mês da Consciência Negra para definir metas, investimentos e iniciativas para incrementar as políticas públicas em Pernambuco.

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“Neste mês da consciência negra, discutimos iniciativas para agregar à nossa política antirracista e metas para o próximo Outubro Rosa e para o Novembro Azul. O câncer de mama é uma das principais causas de morte de mulheres quando falamos em câncer, e sabemos também da baixa adesão dos homens em relação à prevenção do câncer de próstata. Fizemos essa reunião de trabalho e anunciaremos em breve ações que agreguem às políticas de saúde e de combate ao racismo no Estado”, afirmou Luciana Santos. 

A prefeita do Recife em exercício ressaltou a importância da parceria entre Estado e município para a construção conjunta de políticas públicas. Isabella de Roldão salientou ainda o fato de duas mulheres estarem à frente do Governo do Estado e da Prefeitura da capital, discutindo pautas para a população feminina. “É muito marcante. A gente entra com essa representação feminina, somos maioria no Estado. É um momento histórico para Pernambuco e para o Brasil, a gente ter o Estado e a capital governados concomitantemente por mulheres”, concluiu.

*Da assessoria de imprensa

*Da assessoria de imprensa

As baianas Gloria Maria e Shirley Pitta sonhavam com as passarelas desde crianças, mas em um Brasil que luta para se reconhecer, essas jovens negras hesitaram em perseguir o sonho que este ano se realizou em uma São Paulo Fashion Week mais inclusiva.

"Me enxergar como uma pessoa bonita, uma pessoa existente, foi complicado, porque o que eu via na televisão era sempre coisas que eu nunca fui", conta Shirley, que aos 21 anos já ilustrou páginas da Vogue, Elle e Marie Claire.

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Shirley se define nas redes como "negra-favelada-nordestina". Sua história de Cinderela moderna ganhou as manchetes: Antes de ser descoberta em 2018, ela ajudava a mãe a vender espetos de carne na entrada do zoológico de Salvador (nordeste), sua cidade natal.

“Todos os dias, sábados, domingos e feriados. Chegava de manhã e terminava à noite”, relembrou à AFP nos intervalos da agenda do São Paulo Fashion Week.

Shirley se destaca em espaços públicos tanto por sua presença quanto por sua forte consciência racial. Cabelos curtos, maçãs do rosto salientes e olhos incisivos, ela explica que a confiança que transmite nem sempre existiu e que sua insegurança se devia à cor da pele e aos cabelos crespos.

"Quando eu era pequena colocava uma toalha na cabeça e ficava assim, parecendo uma sei-lá-o-que, sabe? Eu acho isso uma problemática gigantesca, porque as nossas crianças não vão ter cabelo liso quando crescer - e não é um problema, é algo tão belo, entende?", reflete.

55% dos quase 212 milhões de brasileiros se identificam como negros, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No entanto, o debate sobre a marginalização racial que sofrem ainda enfrenta resistências.

Este ano o São Paulo Fashion Week, que aconteceu de 4 a 8 de novembro em formato virtual em razão da pandemia de coronavírus, impôs pela primeira vez como regra que as marcas adotassem uma cota de 50% de modelos não brancos, para garantir a inclusão de negros e indígenas no elenco.

A mudança abriu as portas para Shirley e Gloria Maria Fonseca Siqueira, de 17 anos.

- "Ser diferente é único" -

Alta, magra, cabelos soltos, a adolescente diz que nunca sofreu racismo, mas apesar de receber comentários sobre seu potencial, demorou para entrar para o mundo da moda.

“Eu não entro nunca”, pensava ela aos 15 anos, enquanto via as fotos de seu portfólio na agência Ford Models, uma das mais prestigiadas do setor. “Eu não tinha confiança, não sei, não me achava bonita”, diz ela na sede da agência em São Paulo.

“Agora sei que posso explorar o mundo”, relata a jovem, que sonha em trabalhar com o conceituado fotógrafo Mario Testino.

A mais nova de sete filhos de uma família de classe média baixa, Gloria Maria admira Naomi Campbell e Adut Akech.

Para ela, o Brasil, que exportou a supermodelo Gisele Bundchen, é um país caracterizado pelas diferenças, algo que pode ser positivo, embora "às vezes as pessoas se sintam menos por serem diferentes e tentem se encaixar em um padrão. Não sabem que ser diferente é legal, é único", diz ela.

Shirley vê o momento atual como uma porta aberta: "Estamos entrando. Não vou ficar pensando no que foi ou no que não foi. Vamos em frente."

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Mães que perderam os filhos pela violência proveniente do racismo estrutural uniram-se nesta sexta-feira (9), em um ato público que homenagiou e pediu respeito à vida dos filhos. Desde às 10h na Praça do Diário, no centro do Recife, cartazes e faixas cobravam Justiça e agilidade no julgamento dos processos.

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O advogado do Gabinete Assessoria Jurídica Organizações Populares (GAJOP), Eliel Silva, lamentou que menores negros sofrem diante da negligência e, em repetidas oportunidades, são mortas por agentes públicos. "É um ato para conscientizar a população, a sociedade e o Estado, sobre a necessidade do cuidado e da proteção jurídica desses menores. A gente tá aqui para ecoar as vozes desses familiares", esclareceu.  

Mirtes Renata, mãe do pequeno Miguel Otávio, participou do protesto junto com outras mães, que tornaram-se vítimas das consequências do preconceito. “A gente tem que tá aqui firme e forte para continuar nessa luta. É o mês de outubro, mês das Crianças e, infelizmente, estamos sem nossos filhos para darmos amor, carinho, presenteando [...] hoje a gente tá aqui lutando por Justiça por eles. Pelos nossos filhos. Pelas nossas crianças, principalmente as negras, que são maiores vítimas da violência", ressaltou.

Uma pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em parceria com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostra que as mulheres negras integram o grupo empreendedor mais afetado pela pandemia de Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Foram ouvidos 6.470 donos de pequenos negócios de todos os estados do país e Distrito Federal, entre os dias 25 e 30 de junho.

Os dados apontam que as empresas chefiadas por negras têm mais dificuldades de se manter funcionando funcionando: 36% das empreendedoras negras estão com a atividade interrompida temporariamente, frente a 29% entre as empresárias brancas e 24% entre os homens brancos e 30% de homens negros. Isso se deve em grande parte ao fato de seus negócios só poderem funcionar presencialmente: essa é uma realidade para 27% das empresárias negras e 21% das brancas.

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As dificuldades também são sentidas na busca por recursos para manter as empresas funcionando durante a pandemia. De acordo com o levantamento, as empreendedoras negras são uma fatia expressiva entre donos de empreendimentos que tiveram empréstimos bancários negados devido a CPF’s negativados, representando 58% desse grupo. O percentual só é menor que o de homens negros, com 64%.

Comparadas às empreendedoras brancas, as mulheres negras também apresentaram um aumento nas dívidas em atraso: 45% delas enfrentam essa situação, frente a  36% das mulheres brancas. A informalidade nos negócios e os índices de demissão também são problemas que atingem as empreendedoras negras com mais força. São elas as com o menor percentual de funcionários registrados no regime de CLT (29%) e demitiram um número médio maior de empregados (em média 3, quem demitiu). 

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Kemla Baptista é idealizadora da iniciativa 'Caçando Estórias'. Foto: Raphael de Faria

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Ao longo da história, os saberes ancestrais da população negra, que tradicionalmente são passados de forma oral, vem ganhando novas formas de registros por meio da literatura e também nas plataformas de interações sociais na internet. Educadoras e escritoras negras de Pernambuco movimentam esses acessos, promovendo educação antirracista no cotidiano da sociedade, em especial no das crianças, adolescentes e adultos afro-brasileiros. Neste sábado (25), Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, o LeiaJá compartilha ações de educadoras que fazem a diferença entre alunos e famílias.

A caçadora de estórias 

“Eu não construí um modelo pedagógico! Eu me valho de referências pedagógicas relevantes. Com isso, a gente pensa o construtivismo, na pedagogia de Freinet; a gente pensa em educação popular, considerando aquela referência de movimento de Paulo Freire; pensamos em tantas outras referências importantes, mas nós temos que considerar que todas elas foram criadas, pensadas e experimentadas por pessoas brancas”. É a partir da fala concedida pela educadora e contadora de estórias Kemla Baptista que exploramos outras possibilidades de entender a educação e seus processos diversos que, além de ensinar o básico, tem a pretensão de conduzir “crianças ao patamar de desbravadora do universo das tradições afro-brasileiras e agente criadora de arte”.

Kemla é a idealizadora e realizadora da proposta de educação social 'Caçando Estórias', que há 12 anos compartilha saberes ancestrais por meio de ações multidisciplinares que envolvem contação de estórias, literatura, audiovisual, criação de conteúdo para a internet, teatro de objetos, música e dança sempre atravessada pelas africanidades. Para ela, “ouvir estórias é alimento para a alma e faz bem à pessoa de qualquer idade”.

Em entrevista ao LeiaJá, a psicoterapeuta com abordagem psicanalítica, Maria de Jesus Moura, analisa que é necessário que as crianças possam se ver representadas em diversos espaços e, através desse reconhecimento, fortalecer a autoestima não só de crianças negras, como também de adolescentes e adultos. “Uma atividade de contação de estórias pode ser extremamente importante, pois dá acesso às crianças a determinadas realidades positivas, saudáveis, de força, de elevação de autoestima”, enfatiza a psicoterapeuta, que também é mestra em psicologia social com estudos no campo racial e de gêneros.

Seguindo essa lógica, o Caçando Estórias, que iniciou sua trajetória nas periferias do Rio de Janeiro, dissemina em Recife a mesma dinâmica educacional. Assim como no Rio, Kemla dá seguimento às atividades - antes presenciais e agora virtual - como um processo que interrompe uma movimentação de pessoas não negras fazendo apropriação de símbolos pertencentes à diáspora negra para repassar os conhecimentos, sem a devida propriedade desses saberes.

I Caçando Estórias, que tem a oralidade como principal ferramenta de comunicação, teve início dentro dos terreiros de candomblé. Kemla afirma que há necessidade de ampliar a popularização do conhecimento ancestral, em outros espaços, sendo eles formais ou não. Nesse sentido, ela enfatiza que “prefere usar como referências quem vive e quem pertence” aos lugares de axé - nomenclatura dada às pessoas que fazem parte do candomblé - para traduzir as histórias contadas por ela. Essa atividade está ligada à educação antirracista, que vem criando espaços para promover debates e demandas de ensino acerca das filosofias e artistas que fazem parte da negritude.

Devido à necessidade de transmitir os valores e ensinamentos assimilados no terreiro, somada a algumas técnicas adquirida na academia, Kemla tornou-se voz para mediar rodas de diálogo e de contos tradicionais africanos em uma versão lúdica, pensados para facilitar a compreensão. Em 2017, motivada principalmente pela chegada da sua filha, Kemla passa a promover o seu trabalho no ambiente virtual, além das ações presenciais. Dessa forma, a iniciativa ficou mais próxima de crianças e adultos, negros e não negros, por meio de uma forma de educar que não está ligada ao capitalismo e nem ao neoliberalismo, segundo Kemla.

Foto: Raphael Faria

“São outras possibilidades de pensar um mundo de outra forma. E vai para a internet com essa bagagem de axé, para dar esse nova perspectiva de educação que quebra com a lógica dos pensamentos e ensinamentos eurocêntricos”, destaca Kemla.

Antes da pandemia, esse trabalho era feito em comunidades periféricas da capital de Pernambuco, como no Alto do Páscoal, localizado na Zona Norte de Recife. Além do Caçando Estórias, Kemla coordena outras três ações afirmativas, intituladas 'Nos Terreiros do Brasil' - contação de histórias, espetáculos e oficinas com base em técnicas de arteterapia para crianças -; 'Balaio de Leituras' - ação de mediação de leitura nas escolas públicas, particulares, bibliotecas e museus que trazem personagens negros em papéis socialmente valorizados -; e o 'Aguerézinho - evento anual que festeja os contos, tradições e vivências afro-brasileiras -.

Agora, durante o isolamento social em razão da pandemia do novo coronavírus, as atividades presenciais promovidas pela Kemla foram adaptadas para a produção de novos conteúdos nas redes sociais, com agenda de lives, por exemplo. Nos encontros virtuais, são realizadas contações de estórias e outras ações adaptadas para a plataforma, incluindo o incentivo para que as crianças e seus responsáveis pratiquem as recomendações de prevenção ao contágio do coronavírus, como lavar as mãos e usar máscara.

Com as novas rotinas na web, também surgiram novas reflexões quanto ao papel social que o Caçando Estórias tem desempenhado para com a população mais vulnerável. Diante desse dilema, outras ações foram realizadas por Kemla, como a arrecadação e entrega de cestas básicas e a produção de livro 'O Vovô Treloso Mais Treloso do Mundo', de forma gratuita e on-line para crianças periféricas. O conto infantil fala das vivências de seu avô Gentil.

Feito de forma autônoma, o projeto do livro foi abraçado pela marca de biscoito 'Treloso', da empresa Vitarella, que financia a confecção de mil exemplares. O lançamento será neste domingo (26), pelo perfil Caçando Estórias no Instagram.

Todas as produções de viés educativo e cultural de autoria da pernambucana deixam marcas positivas por onde passa, chegando a impactar mais de 25 mil pessoas, seja no recebimento dos saberes traduzidos em palavras ou pela entrega de cestas básicas, que servem de alento às famílias em situação de vulnerabilidade social.

Cores - Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os negros (pretos e pardos) representam 56% da população brasileira. Em Pernambuco, estima-se uma população de 9.557.071 pessoas, em que dessas, 60,4% são autodeclaradas pardas e 7,2% se dizem pretas. Os dados são de 2019. 

Das escrevivências 

Por meio das poesias, escritoras negras possibilitam que vivências e conhecimentos em comum na população possam ser documentados em linhas que aqui chamarei de ‘escrevivências’. Vinda de uma família humilde, a educadora e escritora Odailta Alves, que nasceu e foi criada na favela de Santo Amaro, no Recife, foi a primeira - entre os nove irmãos - a aprender a ler. Hoje, em razão da projeção a nível nacional do seu trabalho literário, Odailta lança virtualmente um novo livro chamado 'Pretos Prazeres'.

Odailta Alves é autora de cinco livros. Foto: Mayara Barbosa

A publicação conta com 75% das vendas totais pela internet. “Os livros ganharam voo e isso é também um processo de reconhecimento de trabalho que a gente vem fazendo há um tempo. Meu eu lírico é o lírico homem preto e mulher preta, principalmente mulher preta. Então, eu acho que as pessoas negras se veem representadas nessa literatura, porque a literatura sempre foi um espaço muito brancocentrado, um espaço de idealização da mulher branca e hipersexualização da mulher preta ou em lugar de serviços braçais”, enfatiza Odailta Alves, em entrevista ao LeiaJá.

A escritora também atua na Unidade de Educação para as Relações Étnicos-Raciais (Unera), que é gerenciada pela Gerência de Políticas Educacionais, Educação Inclusiva, Direitos Humanos e Cidadania (GEIDH), da Secretaria de Educação e Esportes do Estado de Pernambuco (SEE-PE). Em suas atribuições, estão as elaborações de estratégias que efetivam a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, que trata inclusão no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade do ensino da história, da cultura, da luta afro-brasileira, além da contribuição do negro na formação da sociedade nacional; bem como da Lei 11.645/2008, que inclui no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena”.

É por meio da literatura que Odailta traz a idealização da mulher negra em espaço de afetividade, retratando-a como uma mulher de força, poder e de luta, mas não a imposta pela sociedade e sim uma força que emana das raízes fincadas de um povo que historicamente é colocado à margem. Mesmo com grande público negro, a escritora explica que há pessoas brancas que consomem as suas produções. “[Pessoas não negras] que tentem ler essa pessoa negra pelo seu lugar de fala e não pela voz do colonizador como tem sido historicamente e, nesse sentido, acaba sendo sim uma literatura que ajuda a promover uma educação antirracista. Porque vai quebrar com o imaginário racista, vai denunciar um processo histórico de escravidão que não encerrou em 1988, e vai denunciar as nuances do racismo que vai se reinventando; precisamos criar estratégias com relação a esse racismo”, enfatiza.

Odailta comemora os livros lançados. Foto: Priscilla Buhr

Até então, a escritora conta com cinco livros publicados, sendo o primeiro de nome 'Clamor Negro', em 2016, seguidos de Escrevivências' e 'Cativeiro de Versos', em 2018; 'Letras Pretas, em 2019; e 'Pretos Prazeres', lançado em 2020. O 'Escrevivências' está na segunda edição pela editora independente chamada Castanha Mecânica. 

“É muito bom ver esse quantitativo de livros saindo, sabe? Sem vínculos à editora nenhuma”, comemora. Enquanto produtora de arte, a escritora pernambucana diz que recebe feedbacks positivos sobre suas produções. Indo de uma geração à outra, Odailta inspira outras mulheres pretos por todo país, sendo escritoras ou não.

Educadoras explicam que, quando há espelhos, é possível construir novas narrativas para educar. Mesmo com esse fato apontado, a psicoterapeuta Maria Jesus Moura fala que em diversos setores ainda é possível identificar o racismo como estruturador de abordagens. Ela avalia que todo esse contexto de escravização e invisibilização histórica, “incidem naturalmente na saúde mental da população negra, mais ou menos, com ou sem resposta patológica, algumas ansiedades e depressões são bem frequentes”.

Na percepção da psicoterapeuta, em primeiro momento, é necessária uma admissão do racismo na esfera educacional. “A instituição educacional é atravessada por um conjunto de invisibilidades das populações negra e indígenas. Isso acontece fortemente quando não se vê representações delas em outros lugares, a não ser em outras crianças que pertencem ao ambiente escolar”, aponta. Contudo, diante de todas as dificuldades, como a falta ou pouca internet, poucos recursos financeiros, e mesmo com os novos obstáculos impostos pela pandemia da Covid-19, educadoras negras buscam caminhos para oferecer educação.

Por fim, basta olhar ao redor, que percebemos que as palavras verbalizadas ou redigidas por mulheres negras, como Kemla Baptista e Odailta Alves, servem de referências para diversos poetas e produtores de arte, dentro e fora do Estado. É importante ressaltar que os esforços para manter a educação antirracista fluida, estendem-se aos espaços educacionais formais, por meio de atividades similares aos trazidos nesta reportagem do LeiaJá. Essas atividades alcançam os pequenos e suas famílias.

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No mês da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, a UNINABUCO - Centro Universitário Joaquim Nabuco Recife, em parceria com a coletiva Abayomi Juristas Negras, a Comissão de Igualdade Racial da Ordem do Advogados do Brasil - Seccional Pernambuco (OAB-PE) e o Festival Enquanto isso em Wakanda, promove o Congresso "Mulheres Negras: entre dororidade e multipotencialidade", nos dias 24 e 25 de julho.

Segundo a escritora Vilma Piedade, "dororidade" é a dor que une as mulheres negras. Com esse foco, a programação conta com painéis e apresentações musicais e acontecerá por transmissão on-line e gratuita, das 19h às 22h (24/07) e das 9h às 18h (25/07). "A palestra ‘Mulheres negras no sistema de Justiça’ será de grande relevância. Vamos ter a participação da juíza Karen Luise e da promotora do Ministério Público da Bahia, Lívia Sant’Anna, para falar da necessidade de dar pluralidade ao sistema de justiça", destacou a coordenadora do Núcleo de Práticas Jurídicas da UNINABUCO Recife, Manoela Alves.

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Em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, Criança e Juventude do Governo de Pernambuco, o Congresso contará com intérpretes de libras, sendo acessível à população surda. O evento também se propõe a valorizar o trabalho de artistas negras e negros com pequenas apresentações culturais ocorrendo entre as palestras. O encerramento da programação será com o Festival Enquanto Isso em Wakanda, que terá lives de diversas atrações, fechando com a cantora Sandra de Sá.

"Esse Festival busca valorizar artistas de Pernambuco e de todo o país. Para nós, é uma satisfação poder ter essas referências do cenário cultural conosco", afirmou Manoela. As pessoas interessadas em participar devem se inscrever pelo site extensao.joaquimnabuco.edu.br. O link da transmissão será enviado por email.

Da assessoria

Um projeto inspirado na atriz Taís Araújo e na vereadora Marielle Franco, morta em 2018, une mulheres de todo o Brasil na busca por visibilidade para os seus negócios. A ação, intitulada “Negras que Movem”, reúne cerca de 30 mulheres de diferentes Estados e carreiras, para divulgar seus projetos e negócios.

O movimento visa inspirar outras mulheres a compartilhar suas histórias e conhecer outras profissionais, fazendo a ponte para possíveis parcerias de negócios. A campanha pode ser acompanhada através do Instagram, que leva o mesmo nome do projeto.

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"No grupo há mulheres das mais diferentes carreiras, então é muito provável que você se identifique com alguma delas ou que necessite de algum serviço oferecido. É muito importante também mostrar essas histórias, de profissionais negras que estão fazendo sucesso pelo país, para que cada vez mais mulheres negras saibam que o local delas também é naqueles espaços”, comentou a jornalista Jaqueline Fraga, uma das responsáveis pelas ações de comunicação do grupo e autora do livro  “Negra Sou: a ascensão da mulher negra no mercado de trabalho”.

O projeto “Negras que Movem”, foi criado junto ao movimento “Julho das Pretas”, que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha neste sábado (25).

Celebrando o mês da a Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, pela luta contra o racismo e a discriminação de gênero, comemorado em julho, a Abayomi Juristas Negras e a Comissão de Igualdade Racial da OAB/PE, em parceria com a Uninabuco Recife e o Governo do Estado de Pernambuco, realizam o Congresso “Mulheres Negras: entre dororidade e multipotencialidade”.

O evento acontece nos dias 24 e 25 de julho e será transmitido online através do canal do YouTube da universidade. A programação, contará com o auxílio de intérpretes de libras para a inclusão da comunidade surda.

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O congresso, conta com a participação da escritora Vilma Piedade (RJ), autora do livro Dororidade; da Juíza Criminal Karen Luise (RS); da Promotora de Justiça Lívia Sant'Anna Vaz (BA), entre outras mulheres negras.

Além das conferências, a programação do evento ainda traz a festa “Enquanto isso em Wakanda”, com a participação de Blera Alves e Lucas dos Prazeres, e a cantora Sandra de Sá. Para participar é necessário acessar o site da Uninabuco, para realizar a inscrição.

Serviço

Julho das Pretas

Sexta (24) | 19h às 21h30

Sábado (25) | 09h às 18h

Online

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