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Iman Al Masry está esgotada. Ao seu lado, sobre um colchão velho, estão três dos quadrigêmeos que pariu em plena guerra entre Hamas e Israel, depois de uma difícil viagem do norte ao centro da Faixa de Gaza.

A mãe e seus recém-nascidos Yaser, Tia e Lynn estão abrigados na sala de uma escola de Deir el Balah, no centro da Faixa de Gaza, com outras 50 famílias.

Seu quarto filho, Mohammad, está em observação em um hospital de Nuseirat, sete quilômetros ao norte.

Assim como outros 1,9 milhão de deslocados de Gaza, segundo dados da ONU, Iman Al Masry teve de fugir dos combates entre o Exército israelense e o movimento islamista Hamas, que governa o território.

Esta mulher de 29 anos precisou abandonar às pressas sua casa de Beit Hanun, no norte, no quinto dia da guerra que começou em 7 de outubro, pensando que retornaria em breve.

"Trouxe apenas umas peças de verão para as crianças. Pensei que a gerra não duraria mais que uma semana, ou duas, e que voltaríamos para casa", disse.

- Cansaço -

Grávida de seis meses, caminhou com outros três filhos pequenos os cinco quilômetros que separam sua casa do campo de Jabaliya, onde encontrou um meio de transporte para seguir até Deir el Balah.

"A distância me cansou e afetou a gravidez. Fui ao médico e ele me disse que eu apresentava sinais de que teria um parto prematuro", conta.

Aos oito meses de gestação, os médicos decidiram fazer uma cesárea. Os quadrigêmeos nasceram em 18 de dezembro, em meio à guerra deflagrada pelo ataque surpresa do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro, que deixou cerca de 1.140 mortos segundo os últimos números oficiais.

Em resposta, Israel prometeu "aniquilar" o Hamas e iniciou uma ofensiva aérea e terrestre que, até o momento, deixou mais de 21.100 mortos em Gaza - a maioria mulheres e crianças, segundo o movimento islamista -, e uma situação humanitária desesperadora.

No tumulto da guerra, Iman Al Masry não teve tempo para se recuperar. Devido à falta de leitos, teve de sair e deixar seu filho Mohammad, que precisa de acompanhamento médico.

"O estado de saúde do quarto bebê é instável. Pesa apenas um quilo, pode não sobreviver", explica a jovem palestina. "Os outros três bebês nasceram saudáveis, louvado seja Deus".

- Escassez de fraldas -

Iman Al Masry não pôde ver Mohammad desde seu nascimento. "Estou preocupada com ele, mas o caminho é perigoso" para ir visitá-lo, explica. Para acompanhá-lo conta com um amigo de seu marido, que vive em Nuseirat.

A festa prevista para celebrar o nascimento de seus bebês também foi suspensa pelo conflito. Pensava em borrifar água de rosas nas crianças, "seguindo nosso costume". Mas, desde que nasceram há dez dias, "não conseguimos dar banho neles", lamentou.

Suas carências alimentares tampouco lhe permite amamentá-los suficientemente. Os produtos de higiene também são escassos.

"Utilizo fraldas com moderação. Em tempos normais, as trocaria a cada duas horas, mas a situação é difícil, assim troco só de manhã e à tarde".

Ante as dificuldades de sua família, seu marido, Ammar Al Masry, confessa que não sabe bem o que fazer.

"Me sinto impotente", disse este pai de 33 anos, instalado com seus seus filhos em uma sala de aula que cheira mal. "Temo pela vida de meus filhos e não sei como protegê-los", admite.

Sua filha prematura, Tia, padece de icterícia. "Necessita ser amamentada para amenizar a doença e minha mulher precisa se alimentar com proteínas. Mas não posso dar. Meus filhos precisam de leite e fraldas", enumera.

Ammar Al Masry passa seus dias tentando encontrar "qualquer coisa" para alimentar sua família e evita olhar nos olhos dos filhos para não "se sentir culpado".

Um homem foi preso em conexão a um ataque a tiros contra três estudantes universitários de ascendência palestina no estado de Vermont, informou a Polícia nesta segunda-feira (27), no que as autoridades americanas consideram ser "um crime motivado pelo ódio".

O chefe de polícia da cidade de Burlington, Jon Murad, afirmou que o suspeito se chama Jason Eaton, tem 48 anos e foi preso no domingo (26). Ele é esperado em um tribunal ainda nesta segunda-feira.

As evidências coletadas durante uma busca no apartamento de Eaton, bem como dados adicionais reunidos "deram aos investigadores e promotores motivos prováveis para acreditar que o Sr. Eaton executou o tiroteio", disse Murad em um comunicado.

Porta-vozes da polícia haviam declarado anteriormente que o autor era "um homem branco que portava uma pistola", que agiu sem dizer uma palavra e "disparou pelo menos quatro balas".

O incidente ocorreu em meio a altas tensões e episódios de violência registrados em campi de universidades e em outras partes dos Estados Unidos, simultaneamente ao conflito entre Israel e o grupo islamista palestino Hamas.

Um comunicado policial indicou que duas das vítimas estão em condição estável e a terceira sofreu "ferimentos muito mais graves". Dois são cidadãos dos Estados Unidos e outro tem residência legal no país.

Embora ainda não tenham chegado a uma conclusão sobre a motivação do atirador, foi confirmado que dois dos jovens usavam "keffiyehs", o tradicional lenço de cabeça palestino preto e branco.

"Neste momento tão tenso, ninguém pode ver este incidente e não suspeitar que pode ter sido um crime motivado pelo ódio", afirmou Murad em nota.

As três vítimas eram formadas na Ramallah Friends School, uma escola privada Quaker no território palestino da Cisjordânia, e agora frequentam diferentes universidades no nordeste dos Estados Unidos, de acordo com um comunicado de um porta-voz das famílias das vítimas.

"Como pais estamos devastados com a horrível notícia de que nossos filhos foram atacados e baleados... Fazemos um apelo às autoridades para que realizem um investigação exaustiva. Não ficaremos confortáveis até que o agressor seja levado à Justiça", sustentou a nota.

O Comitê Árabe americano contra a Discriminação se pronunciou sobre o caso afirmando ter "razões para acreditar que este tiroteio ocorreu porque as vítimas são árabes". Além disso, pediu às autoridades de Vermont que investiguem o ocorrido como um "crime de ódio".

O presidente americano, Joe Biden, foi informado sobre o incidente no domingo, segundo a Casa Branca.

Bernie Sanders, senador de Vermont e ex-candidato presidencial do Partido Democrata classificou o ataque como "impactante e profundamente decepcionante", acrescentando que "o ódio não tem lugar" nos Estados Unidos "nem em qualquer lugar do mundo".

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) permanece vocal sobre o conflito no Oriente Médio e voltou a criticar as táticas israelenses de represália aos ataques do grupo fundamentalista e terrorista Hamas. Desde o ataque do dia 7 de outubro, as forças de Israel têm orquestrado ataques e invasões à Faixa de Gaza e Cisjordânia, em um plano de ação que já matou mais de 10 mil palestinos. 

Na primeira entrevista após a recepção dos 32 repatriados de Gaza, nessa segunda-feira (13), Lula reafirmou, nesta terça (14), o papel do Brasil na busca pela paz e condenou o veto dos Estados Unidos à proposta brasileira de uma solução de dois Estados - um israelense e outro palestino. "É inadmissível que a gente não tenha uma solução para isso", disse o líder brasileiro. 

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"Produzimos uma nota que teve o apoio de 12 países e apenas um país teve o direito de vetar, e vetou, que foi os Estados Unidos. Isso é incompreensível, a ONU precisa mudar. A ONU de 1945 não vale mais nada em 2023. Por isso a gente quer mudar a quantidade de pessoas e o funcionamento, e acabar com o direito de veto", acrescentou.

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Durante o "Conversa com o Presidente" desta terça-feira (14), o mandatário disse que as ações de Israel são de teor terrorista e que há um claro interesse em esvaziar Gaza para uma nova ocupação. Esse conceito é conhecido na literatura como "limpeza étnica". 

“Essa guerra, do jeito que vai, não tem fim. Eu estou percebendo que Israel quer ocupar a Faixa de Gaza e expulsar os palestinos de lá. Isso não é correto, não é justo. Nós temos que garantir a criação do Estado Palestino para que eles possam viver em paz com o povo judeu”, disse Lula. 

O presidente evidenciou, mais uma vez, que é preciso reconhecer o ataque terrorista do Hamas em outubro, mas insiste que a resposta contra civis palestinos é desproporcional.   

“É por isso que eu disse ontem que a atitude de Israel com relação às crianças e com relação às mulheres é uma atitude igual terrorismo. Não tem como dizer outra coisa. Se eu sei que tá cheio de criança naquele lugar, pode ter um monstro lá dentro, eu não posso matar as crianças porque eu quero matar o monstro. Eu tenho que matar o monstro sem matar as crianças”, enfatizou Lula. 

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A família da cantora Oula Al-Saghir saiu da Palestina em 1948, por causa dos conflitos na região, e foi se refugiar na Síria. Por isso, apesar de ter nascido na Síria, ela tem nacionalidade palestina. 

“Lá, a gente não pega a nacionalidade de onde a gente nasce, como aqui no Brasil, a gente fica com nacionalidade do sangue de origem. Por isso, vivi toda a vida na Síria como refugiada palestina.” 

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Após uma temporada no Egito, ela veio para o Brasil em 2015, em busca de um lugar seguro e que aceitasse a documentação da família. “Com o passaporte palestino, são poucos os países que deixam entrar. Então, não procuramos para onde gostaríamos de ir,  mas sim qual o país que aceitava a nossa documentação, e o Brasil estava com as portas abertas naquela época para os sírios.”

Os irmãos, que moravam na Malásia e na Turquia, e a mãe, que estava na Palestina, também vieram para o Brasil. No início, a família garantiu o sustento fazendo comida em casa para feiras e eventos. 

Estima-se que 60 mil imigrantes e refugiados palestinos, incluindo os descendentes, vivem no país, sendo a maioria em São Paulo, de acordo com levantamento da Federação Árabe-Palestina do Brasil (Fepal). 

Música 

Na busca por um lugar em São Paulo onde pudesse ouvir música árabe e matar a saudade de casa, ela não encontrou, e foi desafiada pelo dono do centro cultural onde fazia aula de português, que falou: “por que você mesma não começa?”. A partir daí, ela começou a organizar e participar de eventos como cantora de música árabe. 

Para ela, a vida artística é uma oportunidade para corrigir a imagem da mulher árabe no Brasil. “Foi uma oportunidade de apresentar um exemplo do que existe sobre mulheres árabes, que podem trabalhar com o que quiserem, podem ser artistas, cantar, atuar, desenhar, viajar, estudar, podem escolher. Não é aquela imagem comum que a maioria conhece sobre as mulheres árabes, que estão presas em casa controladas pelos pais e maridos”, explica.  

Oula também considera que realizou o sonho do pai, que também era músico, com quem começou a cantar com 4 anos de idade. “A paixão dele passou para mim, e era o sonho dele que eu fosse cantora profissional. Mas nos países árabes precisa de mais luta para a mulher conseguir um lugar e respeito para trabalhar nessa área.”

Após sair da Palestina por causa dos conflitos, o pai faleceu aos 70 anos devido a complicações por um tiro que recebeu durante a guerra da Síria 

Orquestra

Atualmente, Oula integra a Orquestra Mundana Refugi, formada por músicos brasileiros, imigrantes e refugiados de diversas partes do mundo. Ela diz que foi a primeira participante do grupo, que começou em 2017. 

Ela conta que a aceitação do público no Brasil é incrível. “Quando a gente faz o nosso repertório, eu sinto que estou viajando, imagino o público que está assistindo. Eles podem conhecer mais sobre nossos países, sobre as causas que levaram cada um a sair de seus países”. 

A orquestra fez uma apresentação gratuita, nesta quinta-feira (9), na Catedral Metropolitana de Brasília, na Esplanada dos Ministérios. 

Guerra

Nos últimos meses, Oula tem acompanhado com apreensão as notícias do conflito entre Israel e o grupo Hamas, na Faixa de Gaza. Apesar de não ter mais familiares em Gaza, ela sente a impotência de não poder ajudar seu povo. 

“A situação está muito difícil. Não dá para fazer nada para ajudar, só ver as notícias da TV, contando as pessoas que estão morrendo todo dia. “Isso me deixa com muita raiva, ver os números aumentando todo o dia, e não são números, são vidas, são sonhos. Há alguns dias estavam dormindo na cama deles, na escola deles. Hoje não tem nem mais escola, nem professores, nem água, energia nem nada”, lamenta Oula. 

Ela também critica a falta de apoio internacional ao povo palestino. “Estão bombardeando todo dia, toda noite, toda hora. Estão perdendo tudo e não têm nenhum apoio no mundo.”

 

 

A primeira-dama Janja Lula da Silva usou o X, antigo Twitter, nesta sexta-feira (10), para afirmar que havia sido convidada pela primeira-dama da Turquia, Sra. Emine Erdoğan, para participar do manifesto “Unidos pela Paz na Palestina”, que ocorrerá no próximo dia 15 na Turquia. Janja informou que não vai comparecer ao evento, mas reforçou seu desejo “por um mundo justo e em paz, onde todas as vidas são importantes”.

“Como disse à Sra. Erdoğan, esta é uma iniciativa inspiradora que nos convoca a unir nossas vozes por Gaza e pela paz. O que estamos vivendo reforça o que tenho falado há meses sobre como as guerras vitimam e afetam gravemente crianças e mulheres. De acordo com a ONU, 70% das vítimas dos conflitos em Gaza são mulheres e crianças”, disse.

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“A crise humanitária se aprofunda e a construção de corredores humanitários e cessar-fogo se tornam ainda mais urgentes, esta é uma oportunidade para reforçarmos e apoiarmos os esforços de nossos países na ONU. Civis devem ser protegidos como exigem as leis internacionais que foram construídas a partir do aprendizado histórico que acumulamos como humanidade”, emendou.

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O Exército israelense confirmou, nesta sexta-feira (3), que bombardeou uma ambulância perto do maior hospital de Gaza e assegurou que o veículo era usado por combatentes do Hamas, apesar de funcionários de saúde do território palestino terem assegurado que transportava feridos.

"A aviação disparou contra uma ambulância usada por uma célula terrorista do Hamas, próximo de suas posições na zona de combate", indicou o Exército de Israel em um comunicado militar.

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Por sua vez, o movimento islamista palestino assegurou que o ataque deixou "dezenas de mortos e feridos".

Um repórter da AFP viu diversos corpos e várias pessoas feridas ao lado de uma ambulância, que foi atingida por esse bombardeio nas imediações do hospital Al Shifa.

Imagens de AFPTV mostram civis carregando feridos ensanguentados. Outras pessoas estão estiradas no chão, e tudo indica que foram lançadas contra os carros estacionados de um lado da estrada devido à onda de choque provocada pelo bombardeio.

O diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, escreveu na rede social X que estava "totalmente comovido com os relatos de ataques a ambulâncias que evacuavam pacientes perto do hospital Al Shifa de Gaza".

"Insistimos: os pacientes, o pessoal de saúde, as instalações e as ambulâncias devem ser protegidas a todo momento. Sempre", acrescentou.

A coordenadora de Assuntos Humanitários da ONU, Lynn Hastings, declarou-se "alarmada" por uma operação dirigida contra "pacientes que estavam sendo evacuados" para lugares seguros.

A guerra entre Israel e Hamas começou em 7 de outubro, quando células islamistas mataram mais de 1.400 pessoas, a maioria civis, no sul do território israelense, e levaram mais 240 como reféns para Gaza, segundo os informes israelenses.

Os bombardeios de represália lançados desde então por Israel, reforçados com operações terrestres que começaram há uma semana, mataram mais de 9.200 pessoas em Gaza, entre elas mais de 3.800 crianças, segundo o Hamas, que governa o território palestino de 362 km² e 2,4 milhões de habitantes desde 2007.

A Operação Voltando em Paz realizou nesta quarta-feira (1°) mais uma ação para repatriar brasileiros da zona de conflito no Oriente Médio, dessa vez da Cisjordânia. Foram resgatados 33 brasileiros de 12 famílias (12 homens, 10 mulheres e 11 crianças) que manifestaram interesse em deixar a Palestina.  

Eles foram conduzidos em vans e ônibus de 11 cidades diferentes da Cisjordânia até a cidade de Jericó. De lá, todos cruzaram a fronteira em um ônibus fretado pelo governo brasileiro até Amã, a capital da Jordânia, em um deslocamento de pouco mais de uma hora.  

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O embaixador do Brasil na Cisjordânia, Alessandro Candeas, informou que os veículos foram identificados com a bandeira do Brasil para evitar bombardeios. "Para fins de segurança, as placas, trajetos e listas de passageiros foram informados às autoridades da Palestina e de Israel", destacou.  

Os brasileiros devem embarcar no Aeroporto Internacional Queen Alia, em Amã, em uma aeronave cedida pela Presidência da República que já está no local com destino à Base Aérea de Brasília. Já no território nacional, eles seguirão para cinco capitais – São Paulo, Florianópolis, Recife, Rio de Janeiro e Curitiba –, além de Foz do Iguaçu (PR).  

Com isso, o total de brasileiros repatriados da região do conflito chega a 1.446. Foram oito voos patrocinados pelo governo brasileiro.

Outro grupo, de 34 brasileiros e familiares, ainda aguarda para deixar a Faixa de Gaza. Eles estão no Sul do enclave, nas cidades de Khan Yunis e Rafah, próximos à fronteira com o Egito.

Nesta quarta-feira (1), a fronteira foi aberta pela primeira vez desde o início do conflito para a saída de palestinos feridos e de um grupo de cerca de 450 estrangeiros.

“Novas listas serão publicadas em breve e nossos brasileiros devem estar nelas”, afirmou o embaixador Candeas.

Cisjordânia

O território da Palestina reconhecido internacionalmente é formado pela Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, e pela Cisjordânia, controlada parcialmente pela Autoridade Palestina, entidade essa que, ao contrário do Hamas, é reconhecida por Israel e pela maior parte da comunidade internacional como o legítimo representante do povo palestino. 

Desde o início das atuais hostilidades na Faixa de Gaza, há 26 dias, a violência na Cisjordânia cresceu com uma série de assassinatos e confrontos entre palestinos, forças de segurança israelenses e da Autoridade Palestina e ataques de colonos contra palestinos. Os colonos são os israelenses que vivem em assentamentos dentro da Cisjordânia.

Do dia 7 de outubro até esta terça-feira (31), foram registrados 123 assassinatos de palestinos na Cisjordânia, incluindo 34 crianças. Outros 2.206 ficaram feridos. Do lado israelense, foi registrada a morte de 1 soldado e outros 13 feridos. 

 

Ao menos três ministros israelenses consideram a possibilidade de deixar o cargo para forçar o premiê do país, Benjamin Netanyahu, a assumir suas responsabilidades pelo ataque surpresa efetuado pelo Hamas no início de outubro.

A informação foi divulgada pelo site Ynet, do jornal Yediot Ahronot, mas os nomes dos políticos supostamente envolvidos no assunto não foram mencionados.

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De acordo com uma pesquisa de opinião publicada pelo veículo de comunicação, 75% das pessoas que participaram da enquete afirmam que o primeiro-ministro israelense é o culpado pelo país ter sido alvo de um ataque surpresa do grupo fundamentalista islâmico Hamas. 

Em sua edição desta segunda-feira (23), o Yediot Ahronot acrescentou que existem tensões entre Netanyahu e as Forças Armadas de Israel. 

"Israel necessita de uma liderança mais eficaz e focada nos objetivos que precisa alcançar", diz o periódico, acrescentando que o premiê "guarda ressentimento em relação aos comandantes do Exército". 

O ex-primeiro-ministro de centro-direita Yair Lapid, principal figura da oposição de Israel, culpou Netanyahu pelo "fracasso imperdoável" de não ter conseguido evitar a ofensiva do Hamas que já matou milhares de pessoas. 

Já o renomado historiador e filósofo Yuval Noah Hararai, em uma coluna de opinião, comentou que o premiê "deve assumir imediatamente a responsabilidade".

Da Ansa

O oitavo voo de repatriação de brasileiros procedentes de Israel chegou ao Brasil na madrugada desta segunda-feira (23). A aeronave KC-30 (Airbus A330 200), da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou às 4h no Rio de Janeiro). Ao todo, 209 brasileiros que estavam em áreas de conflito, além de nove animais de estimação, deixaram Tel Aviv, capital de Israel.

De acordo com o último balanço do governo federal, desde 10 de outubro, 1.410 brasileiros, três bolivianas e mais de 50 animais domésticos foram transportados do território israelense para o Brasil. Outra aeronave, um VC-2 (Embraer 190) da Presidência da República, está no Cairo, capital do Egito, aguardando autorização para resgatar brasileiros.

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No último domingo (22), o Ministério das Relações Exteriores informou, em nota, que, tendo em conta as condições locais atuais e a operação regular do aeroporto de Ben Gurion, em Tel Aviv, não estão previstos voos adicionais para brasileiros em Israel.

Ainda segundo o Itamaraty, há um grupo de 30 brasileiros e familiares diretos que aguardam retirada da Faixa de Gaza, abrigado nas localidades de Khan Younis e Rafah, nas proximidades da fronteira com o Egito. “O governo brasileiro, por meio do Escritório de Representação do Brasil em Ramala, mantém permanente contato com eles”.

Em ato no Centro do Recife, no final da tarde desta quinta-feira (19), manifestantes pró-Palestina pediram o fim do conflito no Oriente Médio, que está no seu 13º dia consecutivo. Entre as pessoas que marcaram presença na manifestação estavam integrantes da comunidade em Pernambuco, representantes de entidades de defesa dos Direitos Humanos, parlamentares e militantes de partidos da esquerda brasileira.

Os recentes acontecimentos na Faixa de Gaza e Israel já motivaram as mortes de mais de 5.200 pessoas, entre elas crianças, mulheres e idosos. Sendo assim, desde o último dia 7 deste mês, protestos, como o que se viu hoje no Recife, foram realizados em várias cidades espalhadas pelo mundo.

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Para a cofundadora da Aliança Palestina Recife, Angélica Reis, manifestações como essas deverão continuar até que o cessar fogo aconteça. Defendendo os civis que residem na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, ela fez questão de pontuar que o conflito não pode ser chamado de guerra pois “o confronto não é entre militares”.

“O que acontece na Palestina é um genocídio. A gente não pode nunca classificar isso como uma guerra, pois não é um conflito de país contra país ou de militar contra militar. Israel está definindo o que entra e o que não entra na Faixa de Gaza. Cortaram a comida, eletricidade, combustível, e desde 2014 os palestinos só têm quatro horas de energia por dia. Mesmo com todos esses problemas, o mundo não faz nada. Não olham para as dores dessa população”, pontuou Angélica, bastante emocionada.

Em entrevista, Angélica ainda revelou que tem amigos na Faixa de Gaza, e desde que a região foi atacada por Israel, ela não consegue conversar com nenhum deles. “Desde o início desse caos, eu não consigo conversar com ninguém. Não sei se estão vivos”.

Ela ainda questionou: “Israel está se defendo de que? São eles que ocupam o território da Palestina há 75 anos. Eles roubam o território, matam palestinos, prendem moradores, destroem casas”.

Foto: Guilherme Gusmão/LeiaJá

O militante Pedro Galvão, que também participa da Aliança Palestina Recife, afirmou que o ato tem como objetivo informar as pessoas sobre os acontecimentos no Oriente Médio e os seus desdobramentos, “pois, além do que o mundo já sabe do confronto, existem civis que residem no território da Cisjordânia que também estão sendo atingidos por essas violências”.

“A Aliança convocou esse ato aqui no Recife, se juntando a outros coletivos, movimentos sociais, partidos e instituições que estão preocupadas com essa situação. A gente tem que lembrar que o conflito está acontecendo na faixa de Gaza, mas os palestinos que habitam a Cisjordânia também estão sendo mortos, perseguidos, presos e torturados. Então, nosso principal apelo é do cessar fogo e, de mais uma vez, se sentar para negociar uma solução para esse conflito”, revelou.

Outro manifestante que conversou com o LeiaJá foi Fabiano Falcão, que afirmou que Israel não está apenas enfrentando o grupo Hamas, mas também pessoas inocentes que lutam para sobreviverem diante os bombardeios.

“Eu estou aqui na manifestação porque eu acredito que o que está acontecendo com a Palestina não é uma guerra, porque uma guerra é quando existe paridade, quando as duas partes têm forças parecidas ou iguais. Então isso não é uma guerra, é um massacre, é um genocídio, são todas as palavras que embarcam nessa junção de sentimento”, pontuou.

Os pequenos corpos estão alinhados no chão do necrotério de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, todos pertencentes à mesma família, que perdeu dez membros, oito deles crianças, em um bombardeio israelense no enclave palestino.

Todos fazem parte da família Al-Bakri, de acordo com socorristas e testemunhas. No hospital europeu, os corpos das crianças foram envoltos em panos brancos, que cobrem seus rostos ensanguentados, constatou um fotógrafo da AFP.

A população está pagando um preço alto na guerra desencadeada em 7 de outubro após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas em solo israelense.

Mais de 1.400 pessoas morreram em Israel, a maioria civis, executados por comandos do Hamas. Na Faixa de Gaza, pelo menos 3.785 pessoas, incluindo mais de 1.500 crianças, morreram nos bombardeios israelenses.

O Exército israelense disse nesta quinta-feira (19) que realizou centenas de ataques a estruturas do Hamas nas últimas 24 horas.

No sul do enclave, Diyala, Ayman, Hamada, Zaher, Uday, Jamal, Nabil e Acil, com idades entre dois e cinco anos, todos de uma mesma família, "dormiam quando (os israelenses) destruíram sua casa e ela desabou sobre eles", explicou o patriarca da família Bakri, Abu Mohammad Wafi al-Bakri, de 67 anos.

Segundo testemunhas, eles estavam no térreo de uma casa de três andares, entre Khan Yunis e Rafah, no sul do enclave, e seus corpos foram encontrados uma hora após o bombardeio.

"Nenhum dos meus filhos tem ligação com organizações palestinas. Não havia homens na casa no momento do bombardeio", acrescentou.

Em Rafah, outro bombardeio tirou a vida de uma mãe, Arij Marwan al-Banna, e de suas duas filhas, Sarah e Samya, com menos de 10 anos, segundo fontes médicas palestinas. A mulher havia fugido de sua casa na cidade de Gaza, após um aviso de evacuação do Exército israelense, para se refugiar na casa de seus pais, em Rafah.

Ela estava grávida de sete meses. Os médicos do hospital induziram um parto pós-morte, mas o bebê já nasceu sem vida, de acordo com uma fonte médica.

- Sem remédios, água ou eletricidade -

O pessoal médico de Gaza afirma que não pode mais tratar os feridos devido à falta de remédios, água e combustível para os geradores.

O Ministério da Saúde do Hamas, grupo que governa Gaza, afirmou nesta quinta-feira que o hospital de Deir-al-Balah, no centro do enclave palestino onde vivem mais de dois milhões de pessoas, estava ficando sem material médico.

Uma parte da Faixa de Gaza está sob cerco total de Israel, que cortou o fornecimento de eletricidade, água e combustíveis.

Na cidade de Gaza, Ahmad al-Mulla carrega duas garrafas de plástico. Ele explica que sua mãe o enviou para um ponto de distribuição de água: "Às vezes, esperamos por duas horas para finalmente descobrir que não há mais água".

"Água é vida, nenhum ser humano pode sobreviver sem ela", conta o adolescente.

A comunidade palestina em São Paulo e apoiadores fizeram na manhã deste domingo (15) um ato na Avenida Paulista, na região central da capital. Com um pequeno carro de som, faixas e cartazes, o protesto pediu que Israel interrompa os bombardeios e ataques à Faixa de Gaza.

Salsabil Tag Eldin está há 9 anos no Brasil e trabalha como intérprete, auxiliando pessoas de língua árabe nos trâmites burocráticos de visto e refúgio. Ela saiu da Palestina “por causa da guerra, para uma vida melhor, que a gente consiga estudar e trabalhar”.

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Ela mantém contato com famílias que estão passando dificuldades em Gaza. Uma dessas amigas também mora no Brasil, mas viajou com os dois filhos para visitar a família do marido, que ainda vive na região. “Estou falando com ela todos os dias, mas ela está sem internet, sem água, sem luz, sem nada. Eu mandei uma mensagem e ela só recebeu 24 horas depois”, conta.

Os relatos e informações que recebe do país de origem a tem deixado “muito triste”. “Quando eu vejo os vídeos, principalmente de crianças lá, eu começo a chorar. É muito difícil”, conta.

Rawa Alsagheer é coordenadora dos movimentos Dignidade para as Mulheres Palestinas e Caminho Palestino Revolucionário Alternativo. Vivendo no Brasil há 8 anos, ela se vê na obrigação de contar a versão dos palestinos sobre o conflito para o mundo. “Se a gente, palestinos da diáspora, não sairmos e colocarmos a realidade, que é o que os palestinos estão passando há 75 anos, quem vai fazer isso?”, diz.

Na visão dela, muitas das informações sobre a região chegam ao Brasil de maneira distorcida. “Forma falsa e manipulada para parecer que essa ocupação está se defendendo e nós somos terroristas. Nós estamos defendendo o nosso direito à terra e à existência”, enfatiza a militante.

Brasília

Em Brasília também foi realizado neste domingo, no Eixão, um ato pró-Palestina. Os participantes debateram o conflito sob a perspectiva do sofrimento da população palestina tanto hoje como ao longo das décadas de disputa de território com Israel.

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Um jornalista da agência de notícias Reuters morreu e outros seis, dois deles da AFP, ficaram feridos nesta sexta-feira (13) no sul do Líbano, anunciaram veículos de comunicação.

O grupo de repórteres estava perto de Alma al-Shaab, na fronteira com Israel, quando foi atingido por bombardeios, relatou um dos correspondentes da AFP feridos. Pouco antes, uma fonte da segurança libanesa havia informado a AFP sobre um bombardeio israelense ocorrido após membros de uma organização palestina tentarem entrar em Israel pelo Líbano.

"Estamos profundamente tristes por saber que nosso cinegrafista Issam Abdallah foi assassinado", diz um comunicado divulgado pela Reuters.

Também estavam naquela região a fotógrafa Christina Assi e o cinegrafista Dylan Collins, ambos da AFP, que foram levados para um hospital na cidade libanesa de Tiro. Outros dois repórteres da Reuters - Thaer Al-Sudani e Maher Nazeh - “também sofreram ferimentos e buscam atendimento médico”, informou a agência.

A rede Al-Jazeera, do Catar, anunciou que dois jornalistas da sua equipe - Carmen Boukhadar e Elie Brakhia - estão entre os feridos e acusou Israel de bombardear o veículo em que eles viajavam.

“Estamos profundamente preocupados com o fato de um grupo de jornalistas claramente identificados ter sido ferido ou morrido enquanto realizava seu trabalho”, declarou o diretor de Informação da AFP, Phil Chetwynd. “Enviamos nossas mais profundas condolências aos nossos amigos da Reuters pela perda de Issam e estamos oferecendo apoio no hospital aos nossos colegas feridos”.

Pouco antes de os jornalistas terem sido atingidos, o Exército de Israel havia anunciado "uma explosão na cerca fronteiriça de Hanita”, localidade israelense situada em frente à libanesa Alma al-Shaab. As Forças Armadas responderam com fogo de artilharia contra o território libanês”, acrescentou.

O movimento xiita libanês Hezbollah informou que respondeu mirando em posições de Israel. Mais tarde, um porta-voz israelense publicou na rede social X, antigo Twitter, que um avião teleguiado do Exército atacava alvos do Hezbollah.

O Exército também destacou que “um alvo não identificado" cruzou o território de Israel a partir do Líbano e "foi interceptado com sucesso por caças de defesa aérea”.

Sem conseguir sair da Faixa de Gaza, o palestino-brasileiro Hasan Rabee, de 30 anos, conversou com a Agência Brasil nesta quinta-feira (12) e contou como tem sido viver na região sob intenso bombardeio de Israel. Ele está na cidade de Khan Younis, no Sul da Faixa de Gaza, próximo à fronteira com o Egito. Desde que os bombardeiros começaram ele tenta sair do local, mas não consegue.

O palestino-brasileiro conta que estão vivendo sem água e sem luz, que há dificuldade em encontrar comida, que a maioria da população fica trancada dentro de casa e que os bombardeiros são contínuos e diários. “Estamos em uma casa familiar de mais ou menos 20 pessoas e há bombardeio para todo lado. A gente só escuta barulho de bomba. Bastante gente no bairro foi atingido e muita gente morre sem nada”, relatou.

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Rabee é naturalizado brasileiro e trabalha como vendedor na cidade de São Paulo (SP) há 10 anos, desde que resolveu deixar a Palestina por causa dos conflitos com Israel. Há 12 dias, ele chegou à Gaza para visitar a família com as duas filhas brasileiras, de três e seis anos, e a esposa também brasileira.

“Um dia estava na casa da minha mãe e houve um bombardeiro do lado. Com isso, a gente teve que sair. Outro dia na casa da minha irmã, outro na casa do meu sobrinho. É assim que funciona. A gente está correndo de um lado para outro que nem doido”, afirmou.

Hasan Rabee também contou que não vê movimentação de militantes do Hamas e que as bombas têm caído em prédios residenciais. “Não existe movimentação do Hamas aqui. Não vejo isso. O que estou vendo é que quem está morrendo são pessoas normais, vizinhos, trabalhadores, pessoas de bem que estão morrendo”, descreveu.

A esposa de Hasan não quis falar por esta abalada pela situação. As filhas pequenas estão assustadas e eles criam desculpas para justificar os barulhos das bombas e dos aviões militares que sobrevoam a cidade.

“As crianças bem assustadas, cada bomba que cai, ou quando elas escutam o avião do bombardeio chegando, elas colocam a mão na orelha e fala ‘ó mamãe, chegou’. A gente fica tentando enganar elas, dizendo que é um time de futebol ganhou, que são festas, que são raios e que vai chover, cada hora é uma mentira diferente”, revelou o Hasan Rabee.

Saída

A família brasileira tentou sair da Faixa de Gaza pela fronteira de Rafah, que separa a Palestina do Egito, mas o local foi destruído pelo bombardeio de Israel. “A fronteira está fechada, por isso vai ser muito difícil para a gente sair. O governo brasileiro está fazendo a maior força para a gente sair, mas até agora nada”, afirmou.

Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, há 30 brasileiros em gaza que querem deixar a região. O governo tenta negociar uma forma de retirá-los por terra.

"Por que? Não fizemos nada!", grita um homem, observando os socorristas levarem o corpo de um familiar. Eles acabavam de retirá-lo dos escombros em um bairro residencial da Faixa de Gaza, bombardeada sem cessar pelos israelenses, em resposta à ofensiva do Hamas.

Um pouco mais distante, em Shati, maior campo de refugiados do enclave, devastado pelas guerras e pela pobreza, alguém grita: "Venham! Ainda está vivo!".

Um socorrista se aproxima, segura a mão que emerge sob os escombros e, ajudado por vários colegas e vizinhos, consegue retirar um homem, preso em meio ao entulho. Sua cabeça está ensanguentada.

Dezenas de voluntários foram ajudar as equipes de resgate nesta área, para encontrar os corpos e eventuais feridos em meio aos escombros deixados pelo mais recente bombardeio israelense na Faixa de Gaza, submetida a um "cerco total", sem água, energia elétrica ou combustível.

- "Onde estão a mamãe e meus irmãos?" -

Desde que o movimento islamita Hamas, que governa Gaza, lançou, no sábado, um ataque em solo israelense, matando mais de 1.200 pessoas, o enclave palestino vive sob bombardeios.

Dia e noite, o barulho de explosões, drones e outras deflagrações é incessante. Ninguém dorme, tanto por causa do ruído quanto pelo medo de saber que qualquer casa está potencialmente ameaçada.

Israel quer "liquidar" o movimento islamita e, desde que a operação teve início, ordenada após a ofensiva do sábado - a mais mortal desde a criação do Estado de Israel, há 75 anos -, mais de 1.300 palestinos morreram em Gaza.

Em Shati, aviões de combate efetuaram dezenas de bombardeios em apenas meia hora na manhã desta quinta-feira.

Um homem tira o filho de quatro anos dos escombros. "Papai, onde estão a mamãe e meus irmãos?", pergunta o menino, com o corpo coberto de poeira e sangue.

Jamal al Masri mal compreende o que acaba de acontecer.

"Estávamos dormindo e, de repente, todo o bairro ficou sob as bombas do ocupante. Destruíram a minha casa", relata à AFP.

"A do meu irmão, a dos meus pais, as casas de vários vizinhos também...", acrescenta, ainda emocionado.

"Todo mundo foi afetado, há fragmentos de corpos, cadáveres, os dos meus filhos e os dos filhos de outros", explica.

"O que aconteceu, papai? Isto realmente está acontecendo conosco?", o interrompe sua filha. "Tudo vai ficar bem", responde. "Vamos ficar aqui, não vamos embora de Gaza", assegura, apesar de, ao seu redor, nada parecer funcionar.

- "Talvez não esteja morto" -

Em muitos bairros, os que não foram reduzidos a ruínas fumegantes, não há eletricidade.

A única central elétrica que abastece o enclave, onde vivem 2,3 milhões de palestinos (metade, crianças) está parada, e por isso não há internet, nem água. As redes de telefonia tampouco funcionam.

No hospital al Shifa, o maior de Gaza, reina o caos.

Entre as idas e vindas de ambulâncias, vizinhos se amontoavam para perguntar sobre seus entes queridos. Os feridos vão e vêm e também há crianças sentadas no chão, paralisadas, em silêncio.

Um enfermeiro deixa um dos menores aos cuidados de um médico e pergunta, aos gritos: "Alguém conhece este menino?".

Em seguida, corre para atender as dezenas de feridos que, deitados em colchões finos de espuma, esperam atendimento.

Do necrotério ouvem-se soluços, gritos, lamentos.

O local está cheio e há, inclusive, dezenas de corpos enrolados em lençóis no chão.

Um jovem sai dali, tremendo. "Talvez não esteja morto. Seu corpo não está ali", diz.

"Vamos ver no serviço de emergência, certamente está sendo operado", repete, como que tentando convencer a si próprio.

O sentimento é de alívio ao pisar em solo brasileiro após 14 horas de viagem deixando para trás a insegurança de uma zona de guerra. Esse é o relato geral dos brasileiros que desembarcaram nesta quarta-feira (11) na Base Aérea de Brasília, vindos de Tel Aviv, Israel, em voo da Força Aérea Brasileira (FAB).

Wanderlúcia Rosário Carneiro, de 59 anos, abraçou longamente as filhas que a aguardavam ansiosas no saguão do aeroporto. Emocionada, ela contou que, inicialmente, foram informados que a situação seria passageira, mas que ficou mais sério do que os próprios israelenses imaginavam.  “A notícia nos pegou no meio da estrada”, disse ela, que estava em um grupo de fiéis em visitação à região.

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O governo federal mobilizou a repatriação dos brasileiros devido ao confronto iniciado no último fim de semana entre Israel e o grupo Hamas, no Oriente Médio. Segundo os relatos, há tumulto no aeroporto, com estrangeiros tentando sair do país, mas sem voos e resgate para todos.

A orientação das autoridades israelense foi para que as pessoas ficassem dentro das casas e hotéis, para evitar exposição. Sobre os dias trancados no hotel em Jerusalém, Wanderlúcia falou da tensão de correr para o bunker (abrigo construído para proteger pessoas em situações de guerra) a cada toque de sirene. “Precisamos ir para o bunker duas vezes. É uma sensação de muita insegurança e não víamos a hora de regressar”, explicou.

Entre os 211 passageiros que chegaram hoje está a produtora de vídeo Darleide Alves. Ela contou sobre a falta de identificação com o toque das sirenes e como isso já é comum para os israelenses. No apartamento em que ela estava, havia um bunker, que serviu de refúgio. 

“De sexta para sábado, por causa do fuso horário, eu não consegui dormir. Então, nas primeiras horas, eu estava na janela olhando pra rua vendo o sol nascer, quando a primeira sirene tocou e vi a correria na rua. Ali, diante da minha janela, tinha uma sinagoga e eu vi todos saindo de dentro e correndo para se esconder num lugar mais próximo. Naquele momento, confesso que eu não entendia do que se tratava. Eu não esperava que fosse alguma coisa assim, que o significado daquela sirene fosse o aviso de que tinha mísseis em direção a Jerusalém, o ataque sobre Israel”, disse.

Ela estava em Jerusalém para a gravação de um documentário e tentou sair do país em voos para a Europa, sem sucesso. “Depois recebemos uma ligação de confirmação de que nós estaríamos nesse primeiro voo da FAB e aqui chegamos felizes, agradecidos, mas com o coração também que fica em Israel com as milhares de outras pessoas que não conseguem sair dali”, disse. “Nós temos os israelenses e os palestinos e as pessoas no meio de conflito. A gente se alegra por sobrevivência, mas a gente se entristece por aqueles que não tem o que fazer para mudar de realidade”, acrescentou.

Gratidão

Valdir Alves Reis, de Ipatinga (MG), estava em um grupo de 62 pessoas e passou um dia inteiro viajando em meio aos ataques até chegar a Jerusalém. “Foi assustador, foi pânico. Estávamos em uma região que poderia ser a próxima a ser atacada e foi muito tenso”, disse. “Mas desde quando recebemos a notícia da FAB, tivemos um alívio no coração. O que eu quero reforçar aqui não é a guerra, é uma benção do senhor na nossa nação e a forma que fomos resgatados pela FAB”, acrescentou.

Ele vai todos os anos para Israel, onde mora sua filha e já esteve em uma situação de conflito. “Foi mais simples, conseguimos sair pela Jordânia. Não foi a primeira vez, mas espero que seja a última”, disse.

A educadora Eliane Mota, de 56 anos, liderava um grupo de 11 pessoas, a maioria idosos, que visitava locais religiosos na região. “Meu maior desejo era tirá-los de lá”, disse, contando que estiveram em uma situação crítica durante o segundo bombardeio do Hamas, quando estavam em um bairro sem locais de proteção. “Tínhamos que nos jogar no chão e ir para as paredes. Foi apavorante”, relatou.

A gratidão pelo trabalho do governo federal e da Força Aérea Brasileira (FAB) também foi constante nos relatos dos brasileiros repatriados. “A FAB tem que continuar, tem mais brasileiros lá, mais de 2 mil brasileiros pedindo para sair de Israel”, disse Eliane.

O escritor Fabricio Ramon Lopes disse que passou por cinco ataques em Jerusalém e parabenizou a FAB. “Saímos de Tel Aviv debaixo de mísseis, chegamos aqui com aplausos. A nossa esperança é de chegar aqui, olhar para o céu e não ter medo que cairão mais bombas. Que Deus abençoe Israel, mas primeiro que Deus abençoe nossa nação.”

A brasileira Cristina Balbi falou sobre a tensão que seu grupo viveu e pediu orações pela população da região. “Foram vários sustos, mas o primeiro foi ouvir o Domo de Ferro [sistema de defesa de Israel que intercepta mísseis] explodir há poucos quilômetros da onde a gente estava. A sirene soou e a gente não conseguiu, rapidamente, chegar no hotel de volta. Um pouco mais tarde, nós olhamos para cima e, com o céu claro, os mísseis foram abatidos sobre a nossa cabeça e tivemos que correr novamente.”

“Na hora que nós saímos de Tel Aviv, a minha irmã viu, quando nós levantamos voo, os bombardeios ainda lá embaixo. Então você imagina, nós saindo de lá. E aquele povo que ali ficou? Então, orem pela paz, orem muito porque é um povo muito sofrido”, acrescentou Cristina.

O produtor de vídeo Gleike Max, de 40 anos, disse que se surpreendeu com a agilidade do governo brasileiro e da FAB na repatriação dos brasileiros. “Se não fosse isso a gente não tinha uma outra solução. Ficamos extremamente aliviados e muito felizes”, disse. “A satisfação é tremenda e feliz porque eu acredito que Deus operou em larga escala, mas feliz também porque homens, do governo, da FAB, o mistério, todo mundo também cooperou para que os brasileiros estivessem de volta em paz e segurança. O voo foi perfeito, a equipe ali sensacional, não tem como descrever. Dá orgulho de ser brasileiro”, afirmou.

Voltando em paz

O comandante do voo, Marcos Olivieri, contou sua satisfação em fazer parte do primeiro voo de repatriação. “A gente já estava feliz por poder fazer parte disso, vamos continuar fazendo até quando for necessário, mas a recompensa que a gente tem é a felicidade latente no rosto, no sorriso de cada passageiro que a gente trouxe.”

Ele destacou que o tempo de reação foi bastante curto, após o início do conflito, mas que o governo conseguiu fazer todo o planejamento minucioso para poder entrar em uma zona de guerra.  “O voo, tanto de ida quanto de volta, correu sem intercorrência, apesar da gente ter ouvido algumas explosões quando a gente estava no solo lá em Tel Aviv, ao redor do aeroporto. A gente ficou um pouco receoso, mas tudo correu bem sem intercorrências.”

A logística começou a ser organizada já no último sábado (7) pelo governo federal, assim que teve início o conflito. Olivieri e a tripulação farão uma pausa para o descanso e, no fim do dia, voltam para Israel, para mais um voo de resgate de brasileiros.

No total, serão cinco voos até domingo (15) na chamada Operação Voltando em Paz, coordenada pelos ministérios da Defesa e das Relações Exteriores. Neste primeiro momento, a estimativa é retirar 900 brasileiros que estão em Israel e na Palestina.

O Itamaraty já colheu os dados de pelo menos 2,7 mil brasileiros interessados em deixar a região e voltar ao Brasil. A maioria é turistas que estavam hospedados em Tel Aviv e Jerusalém quando, no último sábado (7), o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, deflagrou um ataque contra o território israelense. Seguiu-se, então, forte reação militar de Israel, que passou a bombardear a Faixa de Gaza.

Neste primeiro momento, o Itamaraty priorizou o traslado de cidadãos que residem no Brasil e visitavam a região do conflito sem ter passagem de volta. Uma segunda etapa da operação está sendo planejada, após a conclusão desses primeiros cinco voos. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, em torno de 14 mil brasileiros vivem em Israel e 6 mil na Palestina.

Orientações

A Embaixada do Brasil em Tel Aviv está recebendo, por meio de formulário em seu site, a inscrição de interessados em repatriação.

Os plantões consulares da embaixada em Tel Aviv (+972 (54) 803 5858) e do Escritório de Representação em Ramala (+972 (59) 205 5510), com whatsapp, permanecem em funcionamento para atender pessoas em situação de emergência. O plantão consular geral do Itamaraty, em Brasília, também pode ser contatado pelo telefone +55 (61) 98260-0610.

O Escritório de Representação em Ramala, na Cisjordânia, segue em contato com os cerca de 50 brasileiros que vivem na Faixa de Gaza e prepara a retirada daqueles que desejam deixar a região, em coordenação com a Embaixada do Brasil no Cairo, no Egito, país fronteiriço. A FAB está estudando os aeroportos no Norte e Nordeste egípcio para realizar a operação de resgate.

O Itamaraty reforça a orientação de que todos os brasileiros que estão na região e que tenham passagens aéreas, ou condições de adquiri-las, embarquem em voos comerciais a partir do Aeroporto Internacional Ben Gurion, em Tel Aviv, que continua a operar, ainda que com restrições.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez, nesta quarta-feira (11), um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional para que atuem em prol da proteção de crianças palestinas e israelenses.

"É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra", diz uma mensagem publicada por Lula nas redes sociais.

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Essa é a primeira vez desde o início do atual conflito que o mandatário brasileiro cita nominalmente o grupo fundamentalista Hamas, que controla Gaza.

"É urgente uma intervenção humanitária internacional. É urgente um cessar-fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas. O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo", ressaltou o presidente.

Segundo Lula, é preciso "pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio". "Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar", disse. 

Veja o apelo na íntegra:

Apelo do Presidente Lula em defesa das crianças palestinas e israelenses

Quero fazer um apelo ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à comunidade internacional para que, juntos e com urgência, lancemos mão de todos os recursos para pôr fim à mais grave violação aos direitos humanos no conflito no Oriente Médio.

Crianças jamais poderiam ser feitas de reféns, não importa em que lugar do mundo.

É preciso que o Hamas liberte as crianças israelenses que foram sequestradas de suas famílias. É preciso que Israel cesse o bombardeio para que as crianças palestinas e suas mães deixem a Faixa de Gaza através da fronteira com o Egito. É preciso que haja um mínimo de humanidade na insanidade da guerra. É urgente uma intervenção humanitária internacional.

É urgente um cessar fogo em defesa das crianças israelenses e palestinas.

O Brasil, na presidência provisória do Conselho de Segurança da ONU, se juntará aos esforços para que cesse de imediato e em definitivo o conflito. E continuará trabalhando pela promoção da paz e em defesa dos direitos humanos no mundo.

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente do Brasil

*Da Ansa

Na Faixa de Gaza, bombardeada por Israel após a ofensiva de sábado do Hamas, o hospital Al-Shifa está lotado de feridos. Famílias inteiras não param de chegar e sobrecarregam as equipes. Autoridades alertam que a situação é catastrófica.

Akram Al-Haddad, de 25 anos, está ao lado do leito de seu sobrinho de 1 ano, ferido em um bombardeio que matou seu irmão de 4 anos e outras 16 pessoas.

O bebê e seus pais ficaram feridos no ataque, que destruiu a casa da família, no sudeste de Gaza, conta Akram. A criança "precisa de uma cirurgia urgente, devido a um ferimento na cabeça", informa um médico, mas não há vaga no centro cirúrgico.

"Trabalhamos em circunstâncias excepcionais e temos que garantir um fornecimento de energia contínuo e a disponibilidade do material necessário antes de realizar qualquer cirurgia", explica o médico, que pediu para ser identificado como Abdallah.

Segundo um balanço provisório, 765 pessoas morreram e 4 mil ficaram feridas no lado palestino desde o último sábado, de acordo com autoridades locais.

No hospital, alguns morrem antes de serem atendidos, lamenta Abdallah. “Tratamos muitos feridos, a maioria mulheres e crianças que chegam ao mesmo tempo", descreve o médico Mohammad Ghoneim, que é interrompido pela chegada de mais feridos: três mulheres, duas crianças, um idoso e dois jovens.

“A capacidade limitada agrava o número de vítimas”, ressalta o médico, que lamenta a falta de material, energia elétrica, água e oxigênio. O ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, anunciou ontem um "bloqueio completo" à Faixa de Gaza: "Nem eletricidade, nem comida, nem água."

- Sem ter para onde ir -

Um Rama al-Hassasna está rodeada em um leito por seus quatro filhos, de 3 a 6 anos, todos feridos em um bombardeio que atingiu uma casa no norte de Gaza. “Fomos trazidos para cá, esperamos ser tratados”, diz.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza alertou que a falta de material médico levará a uma catástrofe no território palestino, habitado por 2,3 milhões de pessoas. Oito hospitais “não são suficientes para responder às necessidades dos cidadãos”, ressaltou.

Os bombardeios de Israel danificaram o hospital Beit Hanoun, no norte, e o serviço de medicina neonatal do hospital Al-Shifa.

Salameh Maarouf, diretor da assessoria de imprensa do governo dirigido pelo Hamas, lamentou que, “levando em conta o grande número de feridos”, Gaza necessite “de medicamentos, material médico, scanners e aparelhos de radiografia.

Maarouf acusou “a ocupação israelense" de criar "deliberadamente uma situação humanitária miserável, por meio de restrições ou agressões".

Muitas famílias que ficaram desabrigadas encontraram refúgio nos corredores do hospital Al-Shifa e em seus jardins. Após serem atendidas, não têm para onde ir.

“Minha casa foi totalmente destruída, assim como todas aqui", diz Abu Ashour Sukayk, de 39 anos. "Foi uma noite sombria para mim, para a minha mulher e para as minhas crianças".

O primeiro avião da Força Aérea Brasileira (FAB) decolou, nesta terça-feira (10), de Tel Aviv, capital de Israel, com 211 brasileiros que pediram repatriação do país. Ainda nesta terça-feira deverá sair mais uma aeronave da capital israelense, e uma terceira está pousada em Roma, na Itália, e segue para outra lotação. Outros cinco voos estão previstos para acontecer até o próximo domingo (15). A primeira aeronave deve pousar em Brasília na madrugada desta quarta-feira (11), por volta das 4h da manhã. 

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O presidente Lula (PT) publicou nas redes sociais que o governo federal vai investir esforços para resgatar todos os brasileiros que solicitarem saída de Israel, “bem como para fazer todo o possível para o processo de paz na região”.  

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O Ministério das Relações Exteriores reafirmou a orientação para que todos os brasileiros que já tenham passagens compradas, ou que tenham condições para comprar, retornem ao Brasil por meio de voo comercial, do aeroporto Ben-Gurion, que segue operando. A pasta ainda reforça a recomendação “de se evitar quaisquer deslocamentos não essenciais para a região”. 

Os brasileiros interessados em se retirar de Israel podem solicitar a repatriação por meio do formulário disponibilizado no portal da Embaixada do Brasil em Tel Aviv

Israel foi acometido, no último sábado (7) por ataques violentos do grupo extremista palestino Hamas, resultando em mais de 1000 mortos e 2700 feridos. Entre os óbitos registrados, dois brasileiros estão na conta, Bruna Valeanu e Ranani Glazer.  

São estimados 14 mil brasileiros residentes em Israel e 6 mil brasileiros na Palestina, a grande maioria dos quais fora da área afetada pelos ataques. 

 

Em 2021, dez deputados do PT assinaram uma nota contra a designação de "grupo terrorista" ao Hamas. O comunicado menciona que a "resistência não é terrorismo" e foi uma resposta à declaração do governo britânico feita na época.

O texto datado de 23 de novembro de 2021 menciona a luta por direitos e legitima a atuação do Movimento de Resistência Islâmico (Hamas) baseado no Direito Internacional e Humanitário, na Carta das Nações Unidas e por resolução da Organização das Nações Unidas (ONU).

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Assinaram o documento os deputados:

Zeca Dirceu (PR), atual líder da bancada do PT na Câmara;

Paulo Pimenta (RS), atual chefe da Secretaria de Comunicação Social do governo federal;

Alexandre Padilha (SP), atual secretário de Relações Institucionais da Presidência;

Érika Kokay (DF);

Professora Rosa Neide (MT);

Enio Verri (PR);

Helder Salomão (ES);

Nilto Tatto (SP);

Padre João (MG);

Paulão (AL).

Confira na íntegra:

“Resistência não é terrorismo!

Todo apoio ao povo palestino na luta por legítimos direitos. Os parlamentares, entidades e lideranças brasileiras que subscrevem este documento, expressam o seu profundo descontentamento à declaração da secretária do Interior da Inglaterra, Priti Patel, que atribuiu ao Movimento de Resistência Islâmico – Hamas, a designação de “organização terrorista”, alegando falsamente que o Movimento palestino seria “fundamentalmente e radicalmente antissemita”. Este posicionamento representa uma extensão da política colonial britânica, em desacordo com a posição da maioria do povo da Inglaterra, que se opõe à ocupação israelense e aos seus crimes. Seu objetivo é claro: atingir a legítima resistência palestina contra a ocupação e o apartheid israelense, numa clara posição tendenciosa em favor de Israel e tornando-se cúmplice das constantes agressões aos palestinos e aos seus direitos legítimos. O direito à resistência assegurados pelo Direito Internacional e Humanitário, pela Carta das Nações Unidas e por diversas Resoluções da ONU, entre elas as de nº 2.649/1970, 2.787/1971 e 3103/1974, reiterando o direito de todos os povos sob dominação colonial e opressão estrangeira de resistir ao ocupante usurpador e se defender. A resistência é um legítimo direito dos palestinos contra a ocupação e as reiteradas violações dos direitos humanos, bem como os crimes de guerra. Direito que os palestinos não abrem mão e para o qual, contam com o nosso apoio e solidariedade à sua causa de libertação e pelo seu Estado nacional palestino."

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