Tópicos | parentes

O brasileiro Hassan Rabee, de 30 anos, recebeu a informação nesta sexta-feira (2) de que o primo, a esposa, e filhos e netos do casal foram mortos em um bombardeio no norte da Faixa de Gaza durante na noite desta quinta-feira.  

Hasan é palestino naturalizado brasileiro que vive em São Paulo desde 2014. Ele foi à Faixa de Gaza visitar a família poucos dias antes do início das hostilidades entre Israel e Hamas. Ele está com a esposa e duas filhas pequenas também brasileiras.  

##RECOMENDA##

Em vídeo enviado à imprensa, Rabee conta que os bombardeios destruíram o prédio onde o primo dele vivia com a família, na cidade de Jabalia.   

“Ele estava no norte da Faixa de Gaza, teve ataque bombardeio na noite passada perto da casa dele, o prédio dele foi destruído em cima dos cidadãos palestinos. A notícia que recebemos é de que mais de 60 pessoas moravam nesse prédio. Muito triste, um cara cidadão do bem, trabalhador, não tem nada a ver com isso”, lamentou.  

Ontem, uma bomba caiu próximo à casa onde Hassan se abriga com a família à espera da abertura da fronteira com o Egito. Até o momento, não há previsão para abertura da fronteira para saída de palestinos ou estrangeiros, segundo informa o Itamaraty.   

A família tem sido atendida com água, alimentos e suporte psicológico oferecido pelo escritório de Representação de Brasil em Ramala, capital da Cisjordânia, na Palestina. Ao todo, 30 brasileiros na Faixa de Gaza estão esperando para deixar a zona de guerra.   

 

O PSB ingressou no Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira, 9, com uma ação que visa impedir prática corriqueira na administração pública em quase todo o País - a indicação e nomeação de parentes de políticos em cargos de liderança na Câmara, no Senado, nos Legislativos estaduais e municipais e em órgãos do Executivo. A ministra Cármen Lúcia é a relatora.

A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 1089) mira familiares de até segundo grau a fim de impossibilitar 'a ocupação de forma simultânea em cargos de um mesmo estado ou cidade'. Na prática, o pedido de autoria do advogado do PSB, Rafael Carneiro, proibiria que parentes de governadores e prefeitos integrem as Assembleias Legislativas e as Câmaras de Vereadores, alcançando também o Senado e a Câmara dos Deputados.

##RECOMENDA##

A legenda pede a concessão de cautelar para impedir essa rotina já a partir do mandato das Mesas Diretoras do biênio 2025/2026, 'preservando-se mandatos já iniciados em âmbito municipal e estadual em biênios anteriores'. No mérito, pleiteia que o STF defina tese na mesma linha.

"Cuida-se de interpretação constitucional necessária para se evitar que, por exemplo, o presidente de determinada Câmara Municipal seja filho do respectivo Prefeito; ou que o presidente de determinada Assembleia Legislativa estadual seja filho ou cônjuge do Governador; e, ainda, que a presidência da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal seja ocupada por filho ou parente até segundo grau do Presidente da República", argumenta o partido.

A ação pontua que a 'oligarquização do poder político' é inconstitucional e a inelegibilidade por parentesco é respaldada pela Constituição.

Segundo o partido, o domínio de uma mesma família em cargos de influência "compromete a moralidade e a impessoalidade da administração pública". "É inimaginável que o filho aceitaria um pedido de impeachment contra o próprio pai."

Ainda de acordo com a ação, tem se tornado cada vez mais comum que pai e filho ocupem, ao mesmo tempo, a presidência da Casa Legislativa e a prefeitura ou governo estadual. Tal dinâmica, afirma, "afeta a fiscalização das ações e das contas do Executivo".

"Eu e papai comíamos salsichas", diz Karina, de sete anos, que se lembra bem de sua vida antes da ofensiva russa. Depois de perder os pais enquanto fugia da guerra, Karina vive agora com sua tia, em Kiev.

Após 17 meses de conflito, a quantidade de órfãos na Ucrânia transbordou o sistema de adoção - que necessitava de uma grande reforma mesmo antes da guerra.

De acordo com os serviços sociais ucranianos, mais de 9 mil crianças ficaram órfãs devido ao conflito.

O pai e a mãe de Karina morreram quando a família tentava fugir da atacada região de Chernihiv, no norte do país, logo após o início da ofensiva em 2022.

O carro explodiu possivelmente por uma mina ou projétil e apenas Karina sobreviveu, apesar de ter sido arremessada pela janela do veículo e ter tido uma concussão, segundo sua tia, Ruslana Nosenko.

"Nas costas (...) ela tinha queimaduras roxas. Não cicatrizaram totalmente", acrescentou a mulher de 22 anos que cuida de Karina desde que ela deixou o hospital.

"Fisicamente, acho que ela teve muita sorte, mas psicologicamente sofreu muito", acrescentou ela.

- Acordar chorando -

Antes da invasão, mais de 100.000 crianças já viviam em orfanatos na Ucrânia. É o maior número do continente europeu, atrás apenas da Rússia, outro país onde essa questão se tornou um problema social.

Atualmente, as autoridades ucranianas tentam colocar crianças órfãs em abrigos e com famílias, em troca de uma compensação financeira para quem aceitar cuidar delas. Eles também tentam facilitar o processo de adoção.

Apesar de todas essas medidas, a adoção continua impossível para a tia de Karina. "Precisa declarar renda, o que não é o meu caso. Não posso adotá-la porque ainda sou estudante", explica Ruslana, mãe de uma criança.

Na ausência de adoção, a tia atua como tutora de Karina e a hospeda em seu apartamento em Kiev, onde a menina aprende a tocar piano.

Ruslana conta que foi ela quem teve que anunciar a morte do pai e da mãe para a menina, um mês depois do ocorrido.

"Estava muito nervosa e chorava muito" disse a tia, que lembra das noites que Karina acordava em prantos no meio da noite.

A primeira-dama ucraniana, Olena Zelenska, disse recentemente que proteger as crianças das consequências psicológicas da guerra é um desafio para a Ucrânia. Ela se mostrou preocupada com o "grande número de crianças que, como os adultos, sofrem de transtornos de ansiedade".

Policiais da pequena cidade italiana de Bojano, localizada na região sul da Itália, libertaram uma mulher que foi escrava da família por 22 anos, anunciaram as autoridades da província de Campobasso nesta segunda-feira (12).

Em entrevista à ANSA, o comandante da polícia local, Edgard Pica, informou que a mulher - que tem 67 anos atualmente - foi libertada na última semana e que, desde então, telefona diariamente para os agentes para agradecer por ter sido retirada da residência.

##RECOMENDA##

"Ela falou só quando entendeu que nós não a levaríamos mais de volta àquela casa. Se sentiu livre e, naquele momento, contou tudo que sofreu nesses anos e também assinou o processo legal", disse o comandante.

Conforme os relatos, tudo começou em 1995 quando a mulher ficou viúva e, para não viver sozinha, aceitou o convite de um irmão para morar com ele na casa que era dos pais. O homem morava no local com sua esposa. No início, ela ficou no quarto dos genitores e viveu em tranquilidade, mas pouco a pouco, a situação foi se deteriorando.

Pouco tempo depois, a mulher foi obrigada a ir para um quarto construído para ela ao lado de um galpão, que não tinha sistema de aquecimento. A construção tinha apenas como ser trancada pelo lado de fora e, assim, ela era impedida de deixar o local se os parentes não estivessem na residência.

Por anos, não recebeu cuidados médicos e ia esporadicamente a uma cabeleireira sob supervisão da cunhada. No mais, ela não podia sequer ir ao cemitério visitar o túmulo do marido ou conversar com os vizinhos.

Durante esse período, foi vítima de agressões físicas e psicológicas e contou que só podia tomar banho em um tanque no galpão uma vez ao mês. Ela ainda não podia usar o banheiro da residência.

No entanto, há alguns meses, uma denúncia chegou à polícia local, que começou a investigar o caso. Os agentes inclusive usaram um sobrevoo na área da residência para verificar se havia alguém morando ao lado da casa. Na última semana, a mulher foi levada para a delegacia, onde foi acompanhada por um consultor jurídico indicado pela Procuradoria de Campobasso.

"A resiliência da mulher agora idosa foi colocada à prova por muitos anos, mas ela conseguiu suportar as gravíssimas violações sofridas, como a perda da liberdade pessoal, de falar e de autocuidar, mostrando um desejo de viver tal e de sair dessa situação que a fez buscar todas as chances de pedir ajuda, com tentativas que ficaram tempo demais sem serem escutadas", acrescentou o chefe da polícia.

O irmão e a cunhada vão responder em liberdade pelos crimes de maus-tratos e de sequestro. O casal tem filhos que não moram no local e que, no momento, são considerados estranhos ao caso.

Da Ansa

"Menina, você viu como seu rosto está cheio de espinhas?", pergunta a trabalhadora autônoma Janaina Xavier, de 43 anos, passando a mão no rosto da filha, Aline Xavier, de 26. "Será que é por causa da droga?". "Pode ser", responde a moça, que fuma crack desde a adolescência. A moldura deste quadro, na Avenida Rio Branco, no centro de São Paulo, é a influência da dependência química nas relações familiares. Ex-usuária de cocaína, a mãe quer tirar a filha da Cracolândia, região onde ela própria viveu décadas atrás.

A mãe usou cocaína dos 19 aos 25, mas diz que está "limpa" há uns 15 anos. Mas o consumo deixou sequelas na família, em sua opinião. "Não tive aquele pulso de mãe para educá-la. Se eu fosse uma mãe mais presente, que não olhasse tanto para a droga e para o álcool, ela não estaria nessa situação", diz Janaína. "Era a mãe drogada de um lado e a filha drogada de outro", confessa.

##RECOMENDA##

A filha usa drogas desde os 13. Hoje, mais de uma década depois, ela acompanha o fluxo, concentração de usuários e traficantes de drogas na região central. De vez em quando, Aline passa na casa da mãe para tomar banho e ver os outros oito irmãos. Por isso, aquele carinho no rosto é fugaz.

O Estadão corre atrás antes que ela desapareça para voltar sabe-se-lá-quando. "Você pensa em parar de usar crack?". "Penso, mas quero que seja como foi com a minha mãe: com a ajuda de Deus". Com um batom vermelho que esconde os poucos dentes que sobraram, Aline responde a mais uma pergunta, já descendo a escada. "Eu uso crack por causa da brisa", diz, toda pilhada.

A "brisa" faz parte dos efeitos desejados pelo usuário de drogas, como a sensação de energia, hiperatividade, bem-estar, elevação do estado de alerta. Mas também existem os indesejados, como elevação dos batimentos cardíacos, da pressão sanguínea e até alucinações, depressão, pânico e paranoia.

Havia cumplicidade na pergunta da mãe sobre as espinhas. Uma sabe o que a outra sente. "Sair do vício depende mais dela do que de mim. Ela não quer estar nessa situação, mas não tem força para sair. Vou matar minha filha? Faço tudo para ela sair, mas não vou jogar pedra nem discriminar", conta Janaína. Esse acolhimento permite até dinheiro para a droga. Se a filha pedir R$ 5, a mãe dá. Os irmãos, também. "Se eu não der, ela vai tentar arrumar o dinheiro de outro jeito".

Levantamento da Unidade de Pesquisas de Álcool e Drogas (Uniad), vinculado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), de 2019, aponta que 80% dos usuários da Cracolândia saíram de suas casas. Especialistas apontam que os conflitos familiares são a principal razão para levar o usuário à região, onde o padrão de uso é normatizado e a droga está disponível. "Muitas vezes, a família interpreta que apenas o usuário é o problema e prefere não tratar a dinâmica familiar. Com isso, ela os mantém à distância, com visitas esporádicas", diz Maria Angélica Comis, coordenadora do centro de convivência É de Lei.

Os vínculos familiares se esgarçam, mas não se rompem totalmente na Cracolândia. Mães que visitam os filhos são cenas comuns presenciadas pelas equipes de assistência social. Uma funcionária do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT) da rua Helvétia, unidade emergencial criada no novo endereço da Cracolândia, conta que ajudou uma mãe chamada Maria de Fátima que tinha viajado do Paraná para tentar encontrar o filho na Praça Princesa Isabel. Foram dois dias de buscas incertas - parentes têm permissão dos traficantes para transitar pelo fluxo. No terceiro dia, Maria descobriu que o filho havia sido preso por tráfico de drogas.

Faltou mencionar como Janaína parou de usar drogas. São vários motivos. O primeiro foi espiritual, com o apoio de igrejas evangélicas, religião que ela adotou. Janaina também pensou nos outros filhos - nenhum dependente químico. Mas houve também um estalo. Foi quando a mãe tentou livrar a filha, então adolescente, da prisão por causa da posse de duas pedras de crack. Não conseguiu.

Enquanto fala, a mãe amamenta a filha caçula, Valentina, sem constrangimento, e tenta acordar a adolescente para a foto da matéria. Na sala, um colchão de casal está encostado na parede. Durante o dia, ele não tem espaço para ficar no chão. Circula por ali a cadela Ravenna. E Janaína confessa recaídas. "Fiquei mal. Cheirei e bebi. Você precisa passar pelas recaídas para entender que não é aquilo que você quer para sua vida".

Papéis invertidos

Não houve abraço nos 32 minutos de conversa entre Jailson Oliveira, de 52 anos, mais da metade deles na Cracolândia, e o filho Wellington Batista da Silva. Tensão. Mágoa. Lavação de roupa suja. Quando o filho se mudou para o centro de São Paulo, quatro anos atrás, ele ficou mais perto de Jailson. Naquela época, o pai tinha se reabilitado.

Foram cinco anos "limpos", nos quais trabalhou em um hotel com carteira registrada e até comprou um carro. O fim do casamento, no entanto, foi o gatilho para uma recaída da qual não se levantou. Jailson alterna os dias entre a Cracolândia e um quarto mantido pelo projeto Teto, Trampo e Tratamento. "É uma relação conturbada até hoje. Cada dia, ele tem uma personalidade diferente. Aprendi a lidar, mas sai faísca", diz o promotor de vendas de 24 anos.

As faíscas aparecem quando o pai precisa de dinheiro para consumir crack e o filho não dá. "Quando quero usar, não quero saber de mais nada. Só da droga", admite o pai. "Nessa hora, ele esquece da relação entre pai e filho. Ele que deveria estar me ajudando, mas os papéis são invertidos", lamenta Wellington.

Diálogo áspero, discussão mesmo. Jailson abandona a mesa duas vezes, mas volta. Gritos. Ele reclama de falta de apoio quando o filho diz que não acredita mais nele. A briga só termina com a intervenção do psiquiatra Flávio Falconi, que atua no programa de atendimento a dependentes químicos da Unifesp. Flávio tenta a internação de Jailson em uma comunidade terapêutica, como ele deseja.

No mês passado, Jailson se internou no programa Redenção, da Prefeitura de São Paulo, dirigido aos indivíduos que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas. Por conta da abstinência, ele ficou apenas dois dias. Não suportou e voltou a usar crack. Antes de encerrar a conversa com o Estadão, ele pede ajuda para um tratamento dentário. Ao entrar em contato direto com a boca, a fumaça do crack danifica o esmalte dos dentes, a gengiva e os nervos. Jailson diz que não consegue dormir por causa das dores.

Mães são as últimas a desistir

Pais e mães têm comportamentos diferentes na relação com os filhos que fazem uso abusivo de substâncias químicas. Enquanto os pais se afastam com mais facilidade, as mães não desistem, fazem visitas e procuram retomar os vínculos nos primeiros momentos do tratamento quando são usuárias. Essa diferenciação é feita pelo psiquiatra Flávio Falconi, que atua na região há dez anos com a redução de danos, estratégia baseada na inclusão social e cidadania ao usuário sem necessariamente interromper completamente o uso da substância.

"A grande maioria dos homens traz histórias de abandono da figura paterna. Quando são usuários, eles reproduzem o ciclo de distanciamento", diz Falconi. "A mãe é a última a desistir", completa o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, diretor-presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM) e uma das maiores autoridades no País de tratamento de dependentes químicos.

Levantamento da Unidade de Pesquisas de Álcool e Drogas (Uniad), vinculada à Unifesp, realizado em 2019, aponta que a população da Cracolândia é, em sua maioria, composta por homens (68.7%), solteiros (77.6%), com idade média de 35 anos. A maioria (76.6%) declarou ter pele de cor preta ou parda.

Maria Angélica Comis, coordenadora do centro de convivência É de Lei, que atua na região central desde 1998, acrescenta que os homens reproduzem a maneira como agem em outros contextos sociais. "Normalmente, as mães permanecem mais tempo em contato. Na nossa sociedade, é mais comum os pais se afastarem dos filhos quando há uma separação conjugal, por exemplo. Na dependência química, isso não é diferente", completa.

Quinze anos após o Supremo Tribunal Federal (STF) proibir a prática de nepotismo, nessa terça-feira (5), a Câmara dos Deputados abriu uma brecha para permitir nomeações e indicações de parentes de gestores a cargos públicos através do texto do Projeto de Lei (PL) 2505/21. A proposta de punir apenas casos de comprovada intenção de irregularidade foi defendida pela maioria da bancada pernambucana presente nessa terça.

Encaminhado ao Senado, o ponto sobre nepotismo incluído no PL que altera a Lei da Improbidade voltou à Câmara com a emenda para que a contratação de parentes permanecesse configurada como infração administrativa. Contudo, fosse excluída a necessidade de comprovar o dolo por parte do gestor, como indica o texto dos deputados.

##RECOMENDA##

Todo o pacote de modificações é considerado um afrouxamento das regras de combate à corrupção e também limita a atividades de procuradorias locais, bem como amplia para dois anos o período de investigação de suspeita de improbidade administrativa.

O trecho que configura nepotismo como improbidade, mas com a exigência de dolo foi aprovado por 253 votos contra 162. A continuidade da votação do PL 2505/21 foi transferida para esta quarta-feira (6), em sessão marcada para as 13h55. 

Os deputados pernambucanos se dividiram para votar o mérito da intenção de finalidade ilícita no crime de nepotismo. Unidos entre partidos de esquerda e direita, oito seguiram a intenção do Senado de excluir a necessidade de dolo. Foram eles:

André Ferreira (PSC);

Daniel Coelho (Cidadania); 

Danilo Cabral (PSB);

Felipe Carreras (PSB);

Gonzaga Patriota (PSB);

Wolney Queiroz (PDT);

Túlio Gadêlha (PDT);

Tadeu Alencar (PSB).

Em contrapartida, a maioria dos presentes defendeu a importância de comprovar a intenção de cometer crime ao nomear parentes para repercutir em uma punição. Foram eles: 

André de Paula (PSD);

Augusto Coutinho (Solidariedade);

Carlos Veras (PT);

Eduardo da Fonte (PP);

Fernando Coelho (DEM);

Fernando Monteiro (PP);

Fernando Rodolfo (PL);

Marília Arraes (PT);

Ossesio Silva (Republicanos);

Raul Henry (MDB);

Renildo Calheiros (PCdoB);

Sebastião Oliveira (Avante).

A bancada de Pernambuco na Câmara é composta por 25 deputados. Desses, cinco não registraram votos: 

Luciano Bivar (PSL);

Milton Coelho (PSB);

Pastor Eurico (Patriota);

Silvio Costa Filho (Republicanos) ;

Ricardo Teolbado (Podemos).

Após perder a guarda da filha adotiva nessa quinta-feira (25), a família de Vivi, de apenas nove anos, conseguiu um habeas corpus e permanece com a criança até novo julgamento no Supremo Tribunal de Justiça (STJ). Após aguardar anos na fila e cumprir os trâmites de adoção, a família a retirou de um abrigo, o qual ela havia sido acomodada por sofrer maus-tratos dos parentes biológicos.

A desembargadora Maria das Graças Silva Albergaria dos Santos Costa, da Vara de Infância e Juventude do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), retomou a guarda de Vivi para a avó paterna. Ela mora com o pai biológico da garota, que cumpre prisão domiciliar devido à Covid-19, por envolvimento no assassinato do próprio pai, avô da criança. A mãe fugiu após o crime.

##RECOMENDA##

A determinação de reinserir a criança na família biológica após seis anos foi duramente criticada por juristas, organizações de apoio à adoção e, inclusive, pela própria ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves.

Com duas decisões negativas no TJMG, a batalha judicial foi elevada ao STJ e a família propõe que, caso não consiga a guarda definitiva na instância, vai levar o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF). Eles alegam que a legislação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) foi desrespeitada e o bem da criança está sendo negligenciado.

Os pais Carolina e Manuel advertem que a postura da Justiça enfraquece o processo de adoção no Brasil. Para mobilizar a população em apoio à causa, eles levantaram um abaixo-assinado virtual com objetivo de recolher 500 mil assinaturas. Até o momento, mais de 351.500 mil pessoas já se cadastraram.

LeiaJá também:

---> #FicaVivi: família luta para permanecer com filha adotiva

---> FicaVivi: após revés, pais vão ao STJ pela guarda da filha

---> #FicaVivi: pais por adoção perdem guarda da criança

[@#galeria#@]

Do lado de fora da Universidade Católica de Pernambuco, localizada na área central do Recife, quem fica na expectativa são os parentes dos estudantes que estão fazendo o segundo dia de provas impressas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020. Neste domingo (24), os candidatos enfrentam quesitos de matemática e Ciências da Natureza.

##RECOMENDA##

Vinda de Camaragibe, na Região Metropolitana do Recife, a doméstica Maria do Carmo da Silva, 45 anos, chegou na Unicap às 11h30, horário que os portões se abriram. A sua filha, Antoniele Ruth, 20 anos, faz o exame pelo segundo ano consecutivo e quer cursar odontologia. "Ela estudou muito, se preparou para fazer a prova e veio muito feliz. Acredito que ela vai ter um bom resultado", disse Docarmo.

Para a mãe, esse momento de pandemia não atrapalhou os estudos de sua filha, que aproveitou o isolamento para reforçar a preparação para o Enem deste ano. Mesmo assim, Maria revela que estava com medo de Antoniele fazer o exame por conta da Covid-19. "A gente ficou com muito medo, mas eu disse que ela vinha, sim. Coloca a máscara, pega o álcool em gel, faz tudo o que tiver de ser feito e vamos 'simbora'", garantiu.

A professora Patrícia Cássia, 48 anos, acha muito importante ficar esperando a sua filha Ana Tereza, de 21 anos, que quer cursar pedagogia, para conseguir emanar boas vibrações e mostrar que ela não está sozinha. Este é o terceiro ano que a jovem faz o exame e todas as vezes a mãe faz questão de ficar do lado de fora do local de aplicação da prova.

Cássia fala que não foi fácil a preparação de Ana Tereza por conta desse momento de pandemia, o que limitou as possibilidades de estudos. "Para o aluno, o melhor é presencial. Mas como a pandemia não deixou, ela precisou recorrer a aplicativos onde conseguia tirar as dúvidas. Além disso, eu também ajudei ela como pude", reforçou.

A aposentada Euflavia Bento da Silva, 71 anos fez questão de ficar do lado de fora da Unicap esperando a sua neta Cristiane Bento, 17 anos, que sonha em cursar direito. 

Para Euflavia, este é um momento único e é importante mostrar para a sua neta que ela não está sozinha e que os meses de estudo não foram em vão. "O que eu puder fazer por ela eu faço. Eu sinto que ela está segura e feliz, o único problema foi porque ela sentiu muita falta do colégio para se preparar, já que não tinha aula presencial por conta dessa pandemia", explicou a aposentada. 

Euflavia aponta que a ajuda dos professores, mesmo de forma online, foi muito importante para que sua neta tirasse as dúvidas e viesse fazer o Enem confiante que vai conseguir fazer entrar no curso que sempre sonhou desde pequena. "Foram dez meses de estudo. Ela só sentia falta dos amigo, que são importantes nesse momento de preparação", pontuou.

Cerca de 312 mil candidatos fazem a prova em Pernambuco. De acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pela organização do Enem, quase 5,8 milhões de candidatos se inscreveram no exame neste ano, cujo resultado está programado para o mês de março. No primeiro dia de prova, em 17 de janeiro, mais da metade dos candidatos faltou.

A grande polêmica em torno da família da cantora Mariah Carey continua e, dessa vez, a própria artista resolveu contar detalhes de sua vida familiar na biografia que está lançando. 

Em um trecho, Mariah revela que sua irmã mais velha, Alisson, lhe deu drogas e tentou vendê-la para um cafetão aos 12 anos. 

##RECOMENDA##

"Quando eu tinha 12 anos, minha irmã me drogou com valium, me ofereceu uma unha cheia de cocaína, me fez queimaduras de terceiro grau e tentou me vender para um cafetão", revelou ela.

No livro "'The Meaning of Mariah Carey'", a estrela pop descreve a irmã Alisson como uma pessoa perturbada e sua outra irmã Morgan como uma pessoa violenta. De acordo com Mariah, as irmãs sempre a viram como um meio de enriquecimento rápido. 

Sobre a sua mãe, a artista diz: “Eu diria que a negligência foi em vários níveis. Sempre me senti suja, não me sentia bem e ela acabou me deixando com pessoas que não eram confiáveis".

A maioria das famílias de pessoas presas no estado de São Paulo está sem notícias durante a pandemia do novo coronavírus, mostra pesquisa divulgada nesta quinta-feira (16) pelo Núcleo de Estudos da Burocracia da Fundação Getulio Vargas. A partir das respostas de 1.283 parentes de detentos, o estudo revelou que 69,6% estão sem informações ou contato nesse período em que as visitas foram restringidas como medida para reduzir a disseminação da doença.

Entre as famílias que conseguiram manter algum contato com os parentes encarcerados, a maior parte dessa comunicação foi feita por cartas ou advogados particulares. “Ainda assim, os relatos dos familiares demonstram que as cartas têm demorado para chegar e, muitas vezes, não chegam”, diz o estudo.

##RECOMENDA##

Menos da metade (48%) das famílias conta com um advogado particular. Para 41,4% dos que contratam esses serviços, o custo se justifica porque é o único meio de receber e enviar notícias ao preso. Contam apenas com a Defensoria Pública, 39,8%, e 11,6% dizem não ter nenhum defensor envolvido no caso. A grande maioria (74,5%) das famílias acredita que ter um defensor não ajuda a trazer proteção ao encarcerado neste momento.

Perfil

Quase todas (99%) das pessoas que responderam à pesquisa são mulheres. Dessas, 44,9% são pardas, 12,7% pretas e 39,9% brancas. São pessoas que também sofreram os impactos da pandemia. Entre essas famílias, 33,1% dizem que perderam muita renda com a pandemia e 26,5% ficaram sem nenhum rendimento. A renda média mensal desses núcleos familiares é de R$ 1.097, com rendimento médio de R$ 371 por pessoa.

Recomendações

A partir do cenário observado, o estudo faz algumas recomendações, como a necessidade de reavaliar as prisões provisórias que deveriam ser mantidas apenas em condições excepcionais, conforme resolução do Conselho Nacional de Justiça.

Os pesquisadores mostram ainda a importância da transparência nos dados sobre casos de covid-19 e mortes dentro das prisões. Além disso, é destacada a necessidade de meios de contato entre as famílias e os parentes encarcerados, como tablets ou telefones públicos.

Secretaria

A Secretaria da Administração Penitenciária informou que as visitas nas unidades prisionais estão suspensas desde o dia 20 de março “para evitar a propagação do contágio de covid-19”. A pasta disse que “como medida alternativa à manutenção dos laços sociais” é permitido o envio e recebimento de correspondências. Entretanto, o material deve passar um período de “quarentena” antes de ser distribuído.

A secretaria destaca ainda que já implantou em 176 unidades prisionais um sistema de correspondência eletrônica, para facilitar o contato entre os internos e as famílias.

Nos casos de morte, a secretaria afirma que “família é imediatamente avisada pela assistência social da unidade onde o preso se encontrava” e as causas do falecimento da pessoa presa são especificadas pelos órgãos de saúde, “com irrestrito acesso de informações aos familiares”.

Sem previsão legal e por conta própria, o governo federal não concedeu o auxílio emergencial de R$ 600 para parentes dos presos. Em ofício encaminhado ao Ministério Público Federal pelo Ministério da Cidadania, ao qual o jornal O Estado de S. Paulo teve acesso, a Dataprev, empresa que faz o processamento para a concessão do auxílio, admite que restringiu o acesso às famílias dos detentos.

Questionada pela reportagem, a Dataprev informou que mais de 39 mil pedidos apresentados por detentos ou familiares vão passar por um "processamento adicional".

##RECOMENDA##

No texto enviado ao Ministério Público Federal, a Dataprev afirma que o Ministério da Cidadania estabeleceu "ainda que de forma não definitiva, a restrição da concessão do auxílio emergencial a requerente ou membro de grupo familiar" constante na base do Departamento Nacional do Sistema Penitenciário (Depen), do Ministério da Justiça, e do regime fechado de São Paulo.

Para o procurador do MPF, Júlio Araújo, um dos autores do pedido de informação ao governo, os fatos são graves, pois a lei não estabelece nenhuma restrição. "Embora o secretário executivo do Ministério da Cidadania tenha afirmado que não houve restrição a parentes de pessoas presas que preencham os requisitos do benefício, a resposta da Dataprev aponta informação em outro sentido", diz.

Segundo ele, os familiares ficam com o pedido parado em razão de um critério não previsto em lei. Além disso, os sistemas que embasam essa consulta podem estar defasados, atingindo famílias de pessoas tidas como presas mas que já podem estar em liberdade.

"O governo federal pode estar negando o benefício a pessoas que acabaram de sair do cárcere - que é o momento que mais precisa de apoio do Estado e emprego - por estarmos usando uma base de dados defasada", afirma a deputada Tabata Amaral (PDT-SP). Ela também critica a negativa do benefício a familiares de detentos. "Isso é um desrespeito com os milhões de brasileiros aglomerados em filas da Caixa, sem a certeza se receberão o auxílio. A falta de dados não pode ser desculpa para o governo negar auxílio a quem de fato precisa", diz.

Para o presidente da Rede Brasileira de Renda Básica, Leandro Ferreira, a restrição do acesso aos familiares de detentos, além de irregular, é discriminatória. "É um absurdo. Foi introduzido um critério pela experiência dele de implantação que não só não está previsto na lei como é um critério duro em relação ao estigma que essas pessoas sofrem", avalia. "Só porque tem um parente preso não poder receber um auxílio que as pessoas têm direito a receber? É muito grave", critica Ferreira, à frente do grupo que reúne técnicos e pesquisadores em defesa da renda básica para a população de baixa renda.

Auxílio-reclusão

Pelas regras do auxílio emergencial, não é possível acumular os R$ 600 com outro benefício pago pelo governo federal, com exceção do Bolsa Família. Isso significa que não seria possível acumular o benefício com o auxílio-reclusão. Mas, de acordo com Ferreira, poucos familiares de presos recebem o auxílio-reclusão, repassado apenas quando o preso contribuía para a Previdência, o que, geralmente, ocorre com trabalhadores formais. O auxílio-reclusão recuou para o atendimento de 31,7 mil famílias no ano passado, menor cobertura desde 2010 (29,5 mil benefícios).

Procurada, a Dataprev diz que não negou auxílio para parentes dos detentos. Segundo a empresa, os requerimentos estão retidos para processamento adicional. A estatal ressalta que o trabalho da empresa consiste em dar o suporte tecnológico para o Ministério da Cidadania. "Com isso, são realizados cruzamentos de informações dos solicitantes conforme as regras definidas pelo órgão gestor do auxílio emergencial", informa a empresa.

Dos 98 milhões de requerimentos processados pela empresa, foi identificado 1,5 milhão de CPFs com "complexidade de cenários". Deste total, 39.251 requerimentos foram apresentados por detentos ou contém detentos na sua composição familiar. Segundo a Dataprev, as equipes seguem trabalhando com urgência para finalizar a regra desse processamento adicional. "O processo de concessão tem sido aperfeiçoado constantemente para assegurar o benefício à população."

O Ministério da Cidadania respondeu que não há retenção do auxílio emergencial em função de ser familiar de detento.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A decisão do primeiro-ministro da Itália, Giuseppe Conte, de autorizar visitas a parentes a partir do dia 4 de maio, como parte da chamada "fase dois" do combate ao novo coronavírus (Sars-CoV-2), tem gerado polêmica no país, principalmente entre a população LGBTI.

O decreto informa que o governo permitirá visita a parentes próximos - que geralmente são pais, avós, netos, tios e primos - desde que seja respeitada as distâncias e medidas de proteção, como o uso de máscaras.

##RECOMENDA##

A polêmica está relacionada à palavra usada, já que, segundo a lei, são considerados parentes quem tem um vínculo legal ou de sangue. Isso inclui membros da família, cônjuges, coabitantes, noivos e afetos estáveis. No entanto, no novo decreto, o governo não havia fornecido uma definição clara de quem é "parente", o que supostamente excluí o direito do encontro entre namorados e pessoas do mesmo sexo que se relacionam.

Com essa indefinição, o documento foi alvo de diversas críticas, entre elas da Arcigay, organização gay da Itália, que protesta em prol de "direitos iguais, autodeterminação, superação de estereótipos e preconceitos e contra todas as formas de discriminação".

"O fato de a flexibilização das restrições às relações sociais se limitar à definição de 'parentes', que em nossos códigos se refere inequivocamente à dimensão formal de parentesco, sangue ou adquirido, representa uma situação inédita e inaceitável", disse Gabriele Piazzoni, secretário-geral da Arcigay.

Em comunicado, a senadora do Partido Democrático (PD), Monica Cirinnà, por sua vez, afirmou não concordar "com a opção de limitar as visitas com segurança apenas a parentes, porque isso não leva em conta a pluralidade de experiências e afetos".

"Existem relacionamentos significativos que vão além dos laços legais e de sangue, e relacionamentos que atravessam as fronteiras das regiões. Penso antes de tudo na situação de algumas famílias separadas, na condição de casais que não coabitam ou em famílias LGBTI não reconhecidas, mas também em muitos laços de afeto entre pessoas solitárias, que são ignorados pelo decreto", ressaltou.

Para a associação Centro Gay, o decreto de "Conte mais uma vez discrimina pessoas lésbicas, gays, bissexuais e transexuais". Segundo o porta-voz da instituição, Fabrizio Marrazzo, muitas pessoas dessa comunidade "costumam estar isoladas de suas famílias e parentes e construíram suas vidas em uma rede de amizades que muitas vezes substituem e compensam a falta de afeto de suas famílias".

Em meio à polêmica, o ex-primeiro-ministro da Itália Matteo Renzi anunciou que conversará com Conte na próxima quinta-feira (30) no Senado, mas questionou: "Quem é o Estado para decidir se a pessoa vai procurar um primo e não sua noiva?".

No domingo (26), o premier italiano apresentou os detalhes da nova fase na luta contra o novo coronavírus e disse que irá afrouxar as regras de isolamento social a partir do dia 4 de maio. 

Da Ansa

Em meio à lotação da rede de saúde privada Prevent Sênior, onde cinco pessoas já morreram pelo novo coronavírus, a família de um engenheiro aposentado, de 77 anos, que teve a morte confirmada por covid-19, ficou um dia inteiro sem saber a causa do óbito, pois não foi avisada pelo hospital. Ele morreu às 22h da segunda-feira  (16) e, só na visita da terça-feira, quando os parentes já estavam com a máscara para ver o familiar no horário de visita, é que souberam do seu falecimento.

"Não sei se isso está abalando todo mundo, se as pessoas já não pensam mais. Mas não pode ser assim. Tem de ser uma coisa humana", disse a viúva do aposentado, também idosa, que terá o nome mantido sob anonimato.

##RECOMENDA##

O engenheiro aposentado já tinha problemas respiratórios passados. Estava internado desde a semana passada e, no dia 15, foi transferido para o Hospital Sancta Maggiore, da Avenida Maestro Cardin, na Bela Vista.

"Pediram para eu transferir para o Sancta Maggiore da Maestro Cardin, que eles tinham separado o quarto e o quinto andar para doenças de pulmão", afirmou a viúva.

Na unidade, havia regras restritas de visita. Era só um horário por dia, à noite, e limitado a apenas uma pessoa. "Fui com minha enteada, e disse para ela 'você sobe e vai ver seu pai'. Ela subiu. Ele estava entubado e sedado. Ela desceu lá pelas 20h30. E fomos embora", recorda.

"No dia 17, fui com o filho dele, chegamos às sete e pouco. Disse para ele 'agora você sobe. Ontem foi sua irmã'. Quando fomos fazer a ficha (para subir), e o nome dele já não constava no sistema."

Após uma conversa com funcionários, viúva e filho do aposentado, um advogado, subiram ao andar onde o paciente estava. Fizeram todo o procedimento para a visita, sem saber de nada.

"Lá, vestimos máscara, luva, avental. Esperamos. Demorou. Então chegaram dois médicos, se desculparam pela demora, que tinham pegado o plantão às 19h, e começaram a ler o prontuário. No meio, falaram do óbito", disse a viúva, que chora ao relatar a história. "Eu falei: 'Mas ele morreu?' E ele (um dos médicos) respondeu: 'Morreu'."

O aposentado havia morrido pouco depois do horário de visita do dia anterior. "Se tivessem falado, teríamos voltado", lamenta a viúva, ainda chorando. O choque foi tamanho que ela afirmou não saber o que foi feito com o corpo, que ficou a noite e o dia seguintes ao óbito no hospital, sozinho.

"Meu telefone não tinha nenhum registro de ligação. Tinha dito para me procurarem", contou a viúva. No próprio hospital, funcionários deram os papéis necessários para o enterro e a emissão do atestado de óbito. O documento cita a suspeita de infecção pelo coronavírus. Ninguém da família foi orientado a cumprir quarentena. O corpo foi levado para o interior do Estado, onde foi enterrado na quarta-feira.

Resposta

Em nota, a Prevent Sênior informou que a empresa "mantém o atendimento aos seus pacientes de acordo com a sua cultura de acolher e cuidar bem das pessoas e com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde e Organização Mundial da Saúde (OMS)". Ainda conforme a operadora, "os óbitos atingiram pacientes de alto risco". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Familiares da primeira vítima do coronavírus no Brasil reclamam da falta de acompanhamento do governo e da rede privada. Parentes que tiveram contato com o porteiro aposentado de 62 anos que morreu na segunda-feira (16) informam que não fizeram testes sobre a contaminação pelo novo coronavírus.

Na casa no bairro do Paraíso, zona sul de São Paulo, onde morava o porteiro, viviam seis pessoas: pai, mãe e quatro irmãos. A vítima era um dos irmãos. Hoje, estão internados o pai, de 83 anos, e dois irmãos, uma mulher de 60 e um homem de 61. Os três apresentaram problemas respiratórios, como tosse, febre e falta de ar.

##RECOMENDA##

O patriarca está no Hospital Sancta Maggiori, da rede Prevent Senior, na região do Itaim. Seu estado é grave em função da idade, diabete e problemas renais. Os irmãos estão em UTIs do Hospital do Servidor Público Municipal. Os resultados dos testes dos três que estão internados devem sair hoje.

Existe uma preocupação adicional da família com os familiares que não foram internados. A mãe, de 82 anos, chegou a ser hospitalizada na rede privada, mas foi liberada no mesmo dia após uma tomografia não detectar os sintomas da doença. Hoje, ela está em casa, em quarentena, sem apresentar sintomas, tomando analgésicos. Está desolada com parte da família no hospital e diz para todo mundo ficar em casa e se prevenir.

A família afirma que não há acompanhamento da mãe e, além disso, os outros dois irmãos não fizeram testes para identificar a presença do vírus. Todos tiveram contato com a vítima. "A mãe e os dois irmãos não estão tendo acompanhamento nenhum. Não há o menor suporte. São os próprios familiares que estão cuidando deles", diz o advogado Roberto Domingues Junior.

A Secretaria Municipal de Saúde se defende afirmando que o Hospital Sancta Maggiore não fez a notificação oficial do caso e que, por isso, o órgão não teria como fazer o acompanhamento. Em nota, informa que determinou "uma investigação rigorosa para esclarecer por que o Hospital Sancta Maggiore não cumpriu os protocolos do Ministério da Saúde de notificação compulsória dos casos suspeitos de covid-19".

A Prevent Senior rebate. "A empresa mantém o atendimento aos seus pacientes de acordo com os critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde e da Organização Mundial da Saúde como se pôde constatar na inspeção de hoje. Todas as informações relativas à pandemia são diariamente repassadas às autoridades competentes", diz nota da empresa.

De acordo com os familiares, o porteiro começou a apresentar mal-estar no dia 10 e procurou um dos hospitais da rede. Ele sentia dores nas pernas, mas não tossia. Sem realizar exames para a covid-19, foi orientado a voltar para casa. Quatro dias depois, sem melhoras, ele procurou o Hospital Sancta Maggiore no Paraíso. Chegou à unidade com dificuldade para respirar e febre. Foi internado imediatamente. O quadro piorou. No dia seguinte, os médicos indicaram o comprometimento dos pulmões e o risco de morte. Na segunda-feira, ele morreu. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Famílias que desistem de ir ao funeral de seus entes queridos, multas por ter participado de uma procissão fúnebre, enterros em vídeo... diante do coronavírus, muitos europeus confinados não podem mais prestar uma última homenagem ao falecido.

"Relutantemente, desisti com minha irmã de ao ir ao funeral", explica Emmanuelle Caradec, que vive em Paris e cuja avó morreu em Nantes, 400 quilômetros a oeste.

Porque, além das restrições de viagem, a França limita a 20 o número de pessoas que acompanham o falecido no cemitério ou crematório.

"O que vou dizer é terrível de ouvir (...) precisamos limitar os deslocamentos o máximo possível e, mesmo sob essa circunstância, não devemos nos desviar da regra", disse o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe.

Bênçãos rápidas ainda podem ser dadas no cemitério ou no crematório, privados de um registro de condolências pelas mesmas razões sanitárias, sem mencionar que os participantes não podem se confortar com beijos ou abraços.

Também não há exceções para as "estrelas": a família da cineasta Tonie Marshall, recentemente falecida, teve que desistir de organizar uma missa, assim como a da atriz Suzy Delair. Todas as religiões estão envolvidas, como o Islã, que tem milhões de seguidores na França.

O Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) convida, por exemplo, a limitar "a 5 o número de pessoas presentes" nos velórios. A Itália, o primeiro país europeu a confinar sua população, foi ainda mais longe suspendendo cerimônias religiosas, "incluindo enterros".

Quarta-feira, em Bergamo, uma cidade italiana particularmente afetada pelo vírus, os carros funerários aguardavam em fila, em frente aos portões fechados do cemitério Monumental.

"Fechamos o cemitério para que as pessoas não usem o ônibus entre a cidade e o cemitério para uma despedida final de seus entes queridos", disse Giorgio Gori, prefeito da cidade. "Mas reabrimos a câmara funerária e a capela para guardar os muitos caixões", continua ele.

Somente uma bênção rápida é dada ao falecido. Na Sicília, 48 pessoas foram multadas por terem participado de uma procissão fúnebre.

Para atenuar a dor, empresas como a francesa Advitam, oferecem "serviço gratuito de transmissão de vídeo das cerimônias fúnebres para todas as famílias".

Mas essa situação atrapalha inevitavelmente o trabalho essencial do luto.

"Não nego de forma alguma os méritos das medidas, nem a urgência delas, mas não sem consequências humanas", destaca Christian de Cacqueray, funcionário francês do Serviço Funerário Católico. "O trauma de certas famílias para quem o evento será estragado será terrível".

Denis Malvy, especialista em doenças infecciosas e consultor do ministro da Saúde da França, acredita que "serão tomadas medidas para apoiar o luto e as lágrimas, é obrigatório".

"Para um familiar ou amigo, não poder acompanhar o falecido até o final pode representar um choque duradouro", confirma a psicóloga Marie-Frédérique Bacqué, professora de psicopatologia da Universidade de Estrasburgo e autora de livros de referência sobre o luto.

"A única solução é fazer uma substituição em pensamento. Acender uma vela é o símbolo mais simples e sugestivo, pensar na pessoa que amamos, instalar fotos ou flores. É o melhor enquanto aguarda para visitar o túmulo mais tarde".

A operação de busca e apreensão realizada pelo Ministério Público do Rio, na manhã desta quarta-feira (18), atingiu o ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (sem partido-RJ), Fabrício Queiroz, e a ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Também tiveram os endereços visitados pelos agentes nove parentes de Ana Cristina, a mulher e a enteada de Queiroz.

Todos estiveram lotados no gabinete de Flávio em diferentes momentos de seu mandato na Assembleia Legislativa do Rio, entre 2003 e 2018, e estão entre os que tiveram os sigilos bancário e fiscal quebrados pela Justiça Rio, a pedido do Ministério Público, em maio deste ano.

##RECOMENDA##

A operação se dá no âmbito da investigação que apura suposto esquema de lavagem de dinheiro e peculato no gabinete de Flávio na Alerj quando ele era deputado estadual.

Veja quem são os atingidos pela ação:

Ana Cristina Siqueira Valle: casada com Bolsonaro por dez anos, entre 1998 e 2008, tem nove parentes investigados no inquérito do MP que apura um suposto esquema de repasse de salários de servidores a deputados da Assembleia Legislativa do Rio.

Fabrício Queiroz: ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Alerj, pivô da investigação ao ter uma movimentação financeira suspeita detectada pelo Coaf.

Marcia Aguiar, mulher de Queiroz: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Evelyn Mayara, enteada de Queiroz: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

José Procópio Valle, pai de Ana Cristina e ex-sogro de Bolsonaro: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj e no de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados.

Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, ex-cunhada de Bolsonaro: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj e no de Bolsonaro na Câmara.

Francisco Diniz, primo de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Juliana Vargas, prima de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj e no de Bolsonaro na Câmara.

Daniela Gomes, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Guilherme dos Santos Hudson, tio de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Ana Maria Siqueira Hudson, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Maria José de Siqueira e Silva, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Marina Siqueira Diniz, tia de Ana Cristina: trabalhou no gabinete de Flávio na Alerj.

Defesas

A defesa de Fabrício Queiroz se disse surpresa com a medida de busca e apreensão. Em nota, o advogado Paulo Klein, que representa Queiroz, afirmou que está tranquilo. O espaço está aberto para as manifestações de defesa dos outros citados.

O presidente Jair Bolsonaro reclamou na quarta-feira, 14, da Receita Federal e afirmou que a instituição fez uma "devassa" na vida financeira de seus familiares que vivem no Vale da Ribeira (SP). Bolsonaro citou especificamente seus quatro irmãos, que possuem comércio na cidade.

"Foi feita uma devassa. No ano passado, quase todo dia a Receita entrava na minha vida financeira para saber se tinha alguma coisa esquisita ali para tentar me derrubar na campanha, não acharam nada, e não vão achar mesmo. E estão fazendo com a minha família... Não é de hoje nessas questões aí", afirmou Bolsonaro.

##RECOMENDA##

Ao chegar ao Palácio da Alvorada, o presidente respondeu a perguntas sobre uma suposta insatisfação que teria com o secretário especial da Receita, Marcos Cintra, por causa de uma possível "perseguição" aos negócios de seus irmãos.

O presidente também admitiu dificuldades no Senado para viabilizar a indicação do filho, deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para a embaixada do País em Washington. "Essa vantagem apertada (no Senado) não nos dá garantia", declarou.

Bolsonaro afirmou que não pode correr o risco de uma derrota porque "pega mal".

Bolsonaro disse ainda que deve adiar, mais uma vez, a escolha do procurador-geral da República, que estava prevista para amanhã. Ele voltou a dizer que busca um nome "alinhado" ao governo. "A gente precisa de um chefe do MP (Ministério Público) que esteja alinhado com as bandeiras nossas, não ser xiita na área ambiental."

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Polícia Civil de Alagoas, por meio da 3ª Delegacia Regional de Batalha (3ª DRP), esclareceu nesta sexta-feira (19) que a morte da técnica de enfermagem Adilma Evangelista de Souza, de 30 anos, ocorrida no dia 30 de abril deste ano, foi motivada por briga de família.

Adilma foi assassinada a tiros, por dois homens, que estavam em uma motocicleta, quando caminhava pela localidade conhecida como Aguapé, na zona rural daquela cidade do Sertão alagoano.

##RECOMENDA##

Além de levantar os motivos do crime, policiais civis da Delegacia Regional prenderam na quinta-feira (18) Maria Saraiva dos Santos e Alessandra Saraiva de Souza, que tiveram a prisão preventiva decretava pela juíza da Comarca local, Amine Mafra Conrado.

De acordo com o delegado regional Rômulo Monteiro, ouvido ´por meio de carta precatória, o pai da vítima, José Cícero Saraiva de Souza, revelou que já perdeu dois filhos assassinados, e que Adilma tinha recebido ameaças de morte por parte de suas tias – irmãs dele – Maria Saraiva e Alessandra Saraiva.

Segundo ele, as duas irmãs e uma terceira, identificada como Solange Saraiva de Souza, teriam sido as autoras intelectuais do crime. Solange ainda está foragida.

O delegado explicou que vários integrantes da família já foram assassinados. Na morte de Alex Evangelista da Souza, irmão de Adilma, também em Batalha, ocorreu uma desavença na família, porque antes desse crime, um tio de Alex, Gilvan Saraiva de Souza, foi morto do Estado do Ceará.

“A família achou que Alex tinha envolvimento na morte do tio, e as irmãs o ameaçaram e fizeram ameaças também contra Adilma”, disse o delegado.

Rômulo Monteiro informou que a polícia está diligenciando no sentido de prender Solange Saraiva.

A 57 quilômetros de Belo Horizonte, Brumadinho se tornou referência na região por causa da empresa Vale e da proximidade com o Museu do Inhotim, mas desde o desastre há uma semana, quando a barragem da Mina Córrego do Feijão se rompeu, a cidade vive em clima de luto e tristeza. As pessoas caminham sem sorrir nem conversar em voz alta, há enterros todos os dias, parte do comércio fechou as portas e até bares e restaurantes se impuseram luto.

Com pouco mais de 36 mil moradores, Brumadinho é a típica cidade do interior de Minas Gerais: praça onde todos se reúnem, bares com música ao vivo e a igreja, ponto de encontro da maioria. Com a tragédia que matou 110 pessoas e deixou 238 desaparecidas, de acordo com o último balanço, todos têm um parente ou amigo entre as vítimas.

##RECOMENDA##

A esperança que dominou as pessoas, nos primeiros dias de resgate, cedeu lugar à angústia e ao desânimo. É comum encontrar pessoas que afirmam que querem apenas dar um sepultamento digno para uma vítima ainda desaparecida. No desespero, há quem se aventure pela lama e na mata em busca do parente ou amigo desaparecido, o que é condenado pela Defesa Civil e pelos bombeiros.

Heróis invisíveis   

Nas ruas, o único assunto desde o dia 25 é o desastre. Em meio à tristeza que predomina na cidade, surgem heróis invisíveis que estão em todos os lugares. Mulheres de várias idades se uniram e montaram uma lavanderia coletiva. Nela, lavam as roupas dos bombeiros que estão acampados no município para ajudar nas operações de resgate.

Em outro local, voluntários se revezam para tomar conta e brincar com crianças cujos pais estão envolvidos nas buscas ou entre os desaparecidos. Também há grupos de apoio aos militares e civis que atuam diretamente nas ações.

Preocupações

A preocupação da maioria dos moradores se concentra no bairro rural Córrego do Feijão, próximo à barragem. Lá, a comunidade é dependente da Vale e foi duramente atingida pela tragédia. Com a lama por todos os lados, a imagem é desoladora.

Nas pousadas da região, chegam curiosos todos os dias. Pessoas que querem ver de perto a área do desastre e acompanhar os trabalhos de buscas. O movimento ocorre na contramão da economia local, que dependia basicamente da empresa Vale e dos seus impactos.  

As águas do rio que passa perto da casa de Helton ficaram marrons no sábado (26). Alguns peixes começaram a morrer, trazendo até a sua porta o rastro de uma tragédia que já o atingira duramente no dia anterior.

Sua mulher e sua irmã trabalhavam no refeitório dos funcionários da Vale na mina de Córrego do Feijão, sepultado na sexta-feira passada pela maré de barro que arrasou a pequena cidade mineira.

Desde então, o tempo parou na humilde casa às margens do Paraopeba, cujas águas marrom-avermelhadas lembram o tempo todo de uma tragédia que deixou, por ora, 84 mortos e 276 desaparecidos.

"Dizem que as buscas estão frequentes, mas o ponto de acesso onde elas estavam é muito crítico. São 15 metros de profundidade de barro", explica, abatido, esse operador de cargas de 28 anos, que ainda não sabe como dizer a seu filho de 8 anos onde está sua mãe.

Seus olhos inchados observam o rio passando, bem diante de sua casa, em uma ponte suspensa que conecta a estrada regional com uma exuberante mata atlântica.

Há apenas cinco dias, essa água era cristalina, como mostram as fotos no celular de Helton Adriano, e onde se pode ver seu filho brincar com o Paraopeba ao fundo.

Pouco depois do meio-dia de sexta-feira, a cerca de 20 quilômetros dali, a barreira I do Córrego do Feijão arrebentou. Expeliu 12,7 milhões de metros cúbicos de resíduos tóxicos sobre a área administrativa da mina, onde muitos dos funcionários da Vale almoçavam, e prosseguiu com sua onda de destruição.

Servindo a comida, como todos os dias, estavam Carla - a irmã 35 anos de Helton - e Samara, sua esposa, de 28. Com um fio de voz, Helton recorda de quando lhes dizia para arranjar outro emprego, porque ouvia rumores sobre os perigos da represa. 

Mas não é fácil arrumar trabalho nesta região em que a economia depende principalmente das minas da Vale. "Eu pedi para elas saírem, e elas falavam: não, porque precisamos do emprego".

Cercado por inúmeras barreiras que ninguém sabe exatamente em que condição estão, muitos sempre ouviram rumores sobre os riscos das represas que armazenam os rejeitos da mina do Córrego do Feijão. Mas ninguém fazia nada.

"Eles sabiam que ia arrebentar. Sabiam. Os meninos que trabalham lá tinham medo de denunciar (as mineradoras) e serem mandados embora", lamenta Vanderlei Alves, um caminhoneiro de 52 anos, que perdeu vários amigos.

- Até o São Francisco -

A camada superficial da água arrasta sedimentos leves, enquanto o barro vai se acumulando na parte inferior. Chuvas fortes poderão aumentar o potencial nocivo que ainda está sendo avaliado, mas já salta aos olhos.

Segundo o Fundo Mundial para a Natureza (WWF-Brasil), foram perdidos aproximadamente 125 hectares de matas, o equivalente a 125 campos de futebol, e a maré avança a 1 km/h.

A Agência Nacional de Águas (ANA) avalia que a onda de resíduos e barro chegará entre 5 e 10 de fevereiro até a hidroelétrica Retiro Baixo, a 300 km do Córrego do Feijão.

O temor é que alcance o São Francisco, 30 km abaixo de Retiro Baixo.

- Peixes mortos -

A poucos metros da casa de Helton, uma equipe de especialistas ambientais toma notas e quebra o silêncio apenas para perguntar a um menino se viu peixes mortos. "Muitos!", responde o garoto.

O nível do desastre ainda tem de ser determinado, mas os moradores locais temem pelo pior. "A maioria das pessoas aqui são muito rurais, ribeirinhos. Então usamos o rio Parapeba como alimento, pela pesca, e para canalizar a água e regar a horta, e agora não se pode mais fazer isso", lamenta Leda de Oliveira, uma cuidadora de idosos de 31 anos.

A família de Helton também será afetada, apesar de, no momento, ele não estar pensando nisso. "Dizem que é perigoso, que há um alto risco de contaminação. Mas a gente não está tão preocupado com a questão dos peixes, porque a gente está com o foco nas buscas", completa ele, conformado em continuar olhando as águas marrons do rio.

Páginas

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando